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DIREITO TRIBUTÁRIO I

Aula 1 - Aspectos Econômicos da Tributação


(14/03/2022)
 Teoria das finanças públicas oferecem material inestimável para o estudo da
tributação. É aquele campo do conhecimento que investigará, de um lado, a
necessidade da tributação, e de, outro, seus efeitos (positivos e negativos) sobre
a economia.
 ECONOMIA COMPETITIVA: A CURVA DE OFERTA
o Segundo a curva de oferta, quanto maior o preço, maior a quantidade
ofertada pelos produtores. Relação entre preço e oferta.
o Segundo a curva de demanda, quanto maior o preço, menor a quantidade
adquirida pelos compradores
o Ponto de equilíbrio = ótimo de Pareto. Oferta e demanda se encontram
em um ponto de equilíbrio, Q0, PO é o ponto de equilíbrio ou de máxima
eficiência do sistema (Ótimo de Pareto). Se aumentar demais o preço,
não possui demanda. Mas se aumentar demais a oferta, não terá demanda
suficiente.
 Ponto p0-q0 representa o ponto máximo de eficiência do sistema
econômico
 "Para que houvesse produção superior a q0, os produtores
exigiriam um preço superior a p0; se o preço ultrapassasse a p0,
entretanto, os compradores não comprariam sequer a quantidade
q0, mas sim uma quantidade inferior; por outro lado, para que
houvesse demanda superior a q0, os compradores exigiriam que o
preço fosse inferior a p0; se tal preço inferior fosse atingido, a
consequência é que os produtores não ofereceriam sequer q0, mas
uma quantidade inferior."
o "O sistema será eficiente quando não for possível cogitar situação em
que um indivíduo possa ser colocado em situação ainda melhor sem que,
para tanto, outro indivíduo tenha sua situação prejudicada" segundo
Alfredp Pareto. Situação chamada "Ótimo de Pareto" ou "Pareto-
eficiente".
 A análise econômica parte de um sistema utópico, em que os
recursos econômicos inesgotáveis estariam à disposição de toda a
população, sempre no nível máximo almejado/desejado pelos
indivíduos. A escassez de recursos, entretanto, exige reflexão
acerca de sua distribuição. A ideia é que os recursos existentes
em determinado sistema econômico devem ser distribuídos de
modo a produzir o maior bem-estar possível, ao maior número de
pessoas. Admitindo que não será viável satisfazer a todos, surge a
questão de como deverá ser rateado o sacrifício. A solução para
esse problema passa pelo binômio eficiência/equidade.
 Eficiência: privilegia aspecto de aproveitamento de recursos (em
que circunstâncias os recursos disponíveis podem ser mais bem
aproveitados, trazendo para o conjunto da população o maior
grau de satisfação possível).
 O pareto-eficiente desenvolve-se no mercado, ambiente no qual
há uma multiplicidade de compradores e produtores de produtos
concorrentes. O choque entre essa oferta e demanda alcança um
equilíbrio - um preço de mercado para um bem (as forças de
mercado levariam a esse efeito).
o Segundo Léon Walras, para que fosse produzido mais que Q0, os
produtores exigiram preço maior que PO; mas se, o preço fosse superior
a PO, os compradores comprariam menos que 10. Para que fosse
adquirido mais que Q0, os compradores exigiriam preço menor que Po;
mas, se o preço fosse menor que PO, os produtores produziriam menos
que Q0.
 Esse é o ponto de maior eficiência possível (não consegue
melhorar a situação de um sem prejudicar o do outro). Por
exemplo, um sistema com, p.e., 100 indivíduos em que a
totalidade da riqueza está nas mãos de 1 é um sistema eficiente
(pois não se poderia melhorar a situação de um sem prejudicar a
de outro). A eficiência não é o único objetivo do sistema
econômico, precisa buscar equidade.
 Mude as condições iniciais que chegará a outro ponto de
equilíbrio. Existe possibilidade de intervir se não gosta da
eficiência para buscar uma que seja mais adequada ao meu
sentimento de equidade. É possível chegar a nova situação de
equilíbrio mudando-se as dotações inicias dos agentes. Ou seja,
se a determinada situação de equilíbrio não satisfaz a equidade,
importa alterar as condições iniciais dos agentes, para que novo
equilíbrio seja encontrado.
 Importância da intervenção do Estado: Atuação com vista
à viabilizar a alteração dessas condições. Afeta a
neutralidade do próprio sistema econômico, pois implica
em decisões que não se fazem mais exclusivamente com
base em critérios econômicos - ainda são critérios
econômicos, mas incluídos com a variável decorrente da
própria atuação estatal.
 Quando intervir?
o Risco de gerar desequilibrio no que tinha antes -
vale a pena intervir se a situação em termos de
equidade é inaceitável.
o O trade-off entre equidade e eficiência leva em
conta as curvas de utilidade marginal. Busca
equidade abrindo mão da eficiência até certo ponto
- a sociedade que decide esse limite.
o Metáfora das laranjas proposta por Stiglitz:
"Considera um sistema econômico eficiente. Toma
um sistema econômico simples com apenas dois
indivíduos, Asterix e Oberix. A situação inicial é
que Asterix tem 10 laranjas, Oberix tem 2. Sendo
claramente iníqua a situação, propõe que o
governo desenvolva um programa para transferir
quatro laranjas de Asterix para Oberix, mas no
processo se perde uma laranja. Assim, Asterix
termina com seis laranjas e Oberix 5. Com isso,
eliminou-se boa parte das desigualdades, mas no
processo diminuiu-se o número de laranjas
disponíveis. Há, assim, a escolha (trade off) entre
equidade e eficiência.
 Asterix joga uma laranja aí - " e se cair?" -
perder uma laranja quando o desequilíbrio
é muito grande não tem tanta importância,
mas quando o desequilíbrio é menor, pode
ser ruim.
 Stiglitz introduz modelo matemático para
esse dilema denominado "escolhas sociais"
- possível estimar o quanto a sociedade
está disposta a perder por conta de outros
valores.
 Funções da tributação
o Arrecadatória: o tributo é a principal fonte de financiamento do Estado
contemporâneo.
 Indutora: o tributo afeta o comportamento dos agentes
econômicos. Não é intervenção por direção (proíbe um
comportamento) e sim por indução - não se proíbe, mas estimula
um certo comportamento. Utiliza mecanismos de mercado para a
intervenção por indução, torna uma certa atividade mais cara e,
portanto, só aqueles que querem muito uma atividade a farão.
Indução pode ser criada por meio de subsídios, agravo.
 Um dos mecanismos de indução do Estado é a tributação.
Quando eu crio um tributo, tenho função arrecadatória, mas não
só isso. Também induzo comportamentos, porque influi no
comportamento dos agentes a respeito das atividades econômicas
a serem praticadas.
 Tributo que reduz a concorrência? Não é o que a Constituição
diz, esse tributo deve construir a ordem econômica do art. 170
que tem princípios, dentre outros, da concorrência.
o Alternativa a uma forma de intervenção direta - estado como agente
econômico (ex. cria uma empresa). Estado, nesse caso, intervém
INDIRETAMENTE - intervenção SOBRE o domínio econômico
(contrapõe a intervenção no domínio econômico).
o Proposta do curso: enxergar os tributos além da função arrecadatória.
 Efeitos sobre a tributação sobre a economia
o Distributivos: tirar mais de uns e aplicar mais em favor de outros
(redistribuição via despesa pública)
o Perdi
 Como mitigar o efeito da tributação sobre a eficiência econômica?
o Tributação pode mudar a situação inicial e gerar ineficiência. Como deve
ser o sistema tributário para reduzir a ineficiência que pode ser gerada?
 Alternativas: criar imposto neutro - incidência tributária
independente de situação relativa ao contribuinte (ex. tributo per
capita). Se um tributo for cobrado a valor fixo de todos os
cidadão, sua indução econômica será mínima. Independentemente
do que você faça, vai pagar o mesmo valor. Bastante eficiente,
mas injusto.
o Explicando gráfico do tributo sobre venda/compra: Se o preço sobe
acima do preço de equilíbrio, a oferta antes do tributo aumenta. Com
tributo, a pessoa paga o mesmo, mas eu recebo menos, porque uma parte
é tributo. Chega a um novo ponto de equilíbrio. Tributo sobre renda -
menos produtos oferecidos por preço mais alto ao comprador e recebidos
por preços menores pelo vendedor. Gera ineficiência, malefícios para
ambos. Sistema econômico perdeu. Esse é o "peso morto" do tributo
(dead weight loss?).
 Mercados Ideais não existem.
 A tributação pode aumentar a eficiência econômica. A tributação
pode servir de instrumento para a correção de falhas de mercado:
"duplo dividendo" da tributação
 Conduz ao mercado que quero
 Falhas de mercado: (i) falhas de origem física ou cultural; (ii)
falha de origem legal; (iii) falha de estrutura; (iv) falha de sinal e
(v) falha de incentivo.
 (i) falhas de origem física ou cultural: o reflexo na oferta a
na demanda causado pela variação do preço não é
imediato. Compradores e vendedores não estão dispostos
a mudar suas preferências com tamanha rapidez.
o Ex. plantador de eucalipto. Prazo de 7 anos para o
eucalipto atingir condições de venda. Se o preço
da pera aumenta nos 5 anos de plantação, você não
planta a pera, você espera os 2 anos faltantes para
colher o eucalipto. O plantador de eucalipto não
poderá reduzir sua produção par ao ano seguinte,
tampouco ofertar o café que nunca plantou.
 (ii) falha de origem legal: um comprador não pagará preço
maior se souber que há outro produtor oferecendo o
mesmo produto por preço menor. Porém, nem todos os
compradores tem acesso simultâneo a essa informação.
Vender no novo mercado, por exemplo - tributação menor
nesse ramo tornaria mais eficiente..
 (iii) falha de estrutura: concentração econômica vicia o
mercado ao reduzir o número de produtores ou
compradores. Quando crio estímulos para pequenas
empresas. Agentes econômicos atuam tendo em vista
apenas os custos e ganhos que eles absorvem.
 (iv) falha de sinal: Escola particular, por exemplo, gera
ganhos para a sociedade - ex. mercado de trabalho para
pais e mães jovens vai ganhar com isso, porque pai e mãe
vão escolher trabalhar perto da escola dos filhos caso haja
algum problema.
o Externalidade: custos ou ganhos da atividade
privada que são suportados ou fruídos pela
coletividade.
o Faz sentido, nesse caso, que a escola possa
oferecer uma redução na tributação -
internalização da externalidade (seu ganho é
maior). Se a pessoa ganha isenção, ela recebe mais
(ganho era difundido, não era recebido pela dona
da escola).
 (v) falha de incentivo: Bens coletivos, do ponto de vista
econômico, são bens de consumo não rival: o consumo de
um indivíduo não impede o consumo de outro (ninguém
se dispõe a pagar). Ex. exército de um país, o fato de um
cidadão sentir-se protegido não impede a mesma sensação
de outro.
o Tributação serve para arrecadar recursos para
prover bens coletivos
 Se a atuação dos tributos sobre a economia é inevitável, como deve desenhar-se
um sistema tributário?
o A contribuição de Adam Smith, a Riqueza das Nações
 Equidade
 Clareza e racionalidade
 Simplicidade
o Elementos do Adam Smith ainda são ditos como princípios da tributação
ótima
 Eficiência econômica: noção clássica. Neutralidade sobre a
economia. Não interfere sobre a alocação de recursos. Não gere
menos concorrência que antes. Se todo tributo induz
comportamento, qual a melhor forma de entender eficiência
econômica? Neutralidade da tributação em relação à libre
concorrência
 Simplicidade administrativa: o ideal de simplicidade ensejou a
busca história do imposto único - incompatível com uma
economia complexa, as diversas manifestações de riqueza
possibilitam a formulação de política tributária. Edwin Seligman
 Sistema tributário para enxergar todos os fenomenos que
existem
 Imposto sobre renda e imposto sobre consumo. Se o
legislador quiser incentivar a poupança, aliviará o imposto
sobre renda e aumentará o imposto sobre consumo. Se o
legislador quiser incentivar o consumo, tributará a renda e
diminuirá o imposto sobre consumo.
 O problema dos custos indiretos: "pagar para pagar
[imposto]". Ex. contador/tributaristas. Custo burocrático
total na indústria de transformação.
 Costume de jogar para o particular custos da
administração
o Fazer declaração trimestral e uma vez ao ano -
administração pública transfere para o particular a
responsabilidade de adquirir e/ou organizar a
informação.
 Injusto: empresas com prejuízo também
tem que pagar esse custo. administração
deveria realizar o trabalho e criar novo
imposto para cobrar de quem pode.
 Flexibilidade: um sistema tributário deve ser capaz de atender a
mudança de conjuntura. Ex. desabastecimento interno de álcool,
em razão de alta internacional do açúcar - imposto de exportação.
 Responsabilidade política: "A arte de tributar consiste em
depenar o ganso de modo a obter o maior número de penas com o
menor número possível de gritos" - Jean-Baptista Colbert.
Ministro das finanças do Luiz XIV.
 Ideal do sistema tributário é que você saiba o que paga -
grande parte das pessoas não acha que paga tributo, acha
que o estado dá favores.
 Equidade: É preciso que os agentes econômicos
 Teoria da incidência econômica: quem efetiva suporta o encargo tributário?

Noções preliminares
 Oferta perfeitamente elástica: a quantidade ofertada muda infinitamente com
qualquer alteração no preço. Tributo inteiramente suportado pelos compradores.
 Oferta perfeitamente inelástica: a quantidade ofertada não muda com alterações
no preço. Tributo inteiramente suportado pelos vendedores.

Conclusões
 Quase sempre o ônus da tributação é repartido entre vendedor e comprador (não
existe (in)elasticidade pura)
 Crítica à distinção entre tributos diretos e indiretos: o repasse do ônus
econômico depende da elasticidade de oferta e demanda.

Casos
 Não é óbvio quem tem razão

Aula 2 - Aspectos Históricos da Tributação


(15/03/2022)
Casos
Não é óbvio quem tem razão

Aula 3 - Fontes do Direito Tributário (21/03/2022)


 Fonte do Direito Tributário: fundamento da relação jurídico-tributária. Distinção
entre fonte em sentido material e fonte em sentido formal (como se introduzem
normas no sistema).
 Paulo de Barros Carvalho: "Uma coisa são os enunciados prescritivos, isto é,
usado na função pragmática de prescrever condutas; outras, as normas jurídicas,
como significações construídas a partir dos textos positivados e estruturadas
consonante a forma lógica dos juízos condicionais, compostos pela associação
de duas ou mais proposições prescritivas.
 A relação entre enunciado e norma não é biunívoca - uma só norma pode ser
extraída de mais de um enunciado.

Competências Tributárias

 Constituição Federal: nosso ordenamento foi bastante baseado na Constituição,


diversos dispositivos em matéria tributária. Por sermos uma federação, temos
competências tributárias (quem é competente para instituir tributo) - entes
federativos legislam e instituem tributos. No sistema norte-americano, os entes
federativos podem instituir os mesmos tributos (i.e. imposto de renda federal e
estadual). No nosso, as competências podem ser exclusivas de um ente
federativo.
o União, Estados e Municípios extraem sua competência da Constituição.
Não há hierarquia.
 Nossa constituição é explícita sobre os poderes de tributar. Legalidade - nenhum
tributo sem lei. Anterioridade - não pode cobrar tributo no mesmo ano. O
próprio poder constituinte definiu esses limites ao poder de tributar - essas
limitações são expressas.
 Fundamentação para a adoção de certos veículos introdutores - lei ordinária,
complementar, resoluções, etc.
 Regras esparsas - ex. vedação da cobrança de taxas para o exercício de direito de
petição e para a obtenção de determinadas certidões. Não está propriamente no
capítulo de matéria tributária, está espalhada também em outros dispositivos da
Constituição (i.e. capítulo da ordem econômica).
 Lei Complementar: art. 146, 148 e 156.
o Art. 146: as funções estruturais da lei complementar são exercidas
basicamente pelo CTN. Embora editado como lei ordinária, o CTN
vigora como lei complementar.
o Competência privativa do Congresso para decretar leis orgânicas - art. 34
da CF/1891 - para a execução da Constituição
o As constituições não tem o caráter analítico das codificações legislativas.
[...] - Ruy Barbosa
o Na constituição de 37 e 46, não houve referência, porém foi reconhecida
pela doutrina
o Até a EC nº 3/1961, as leis complementares eram leis comuns -
ganharam processo soleve mais difícil
 Contexto da loi organique francesa: mera lei ordinária até 1958.
Em 1958, dá-se a ela procedimento solene e de mais difícil
elaboração.
o EC n. 18/65: reforma do sistema tributário. A lei complementar surge em
vários dispositivos, mas sem superioridade hierárquica.
o Desde a CF/1967, a lei complementar está prevista como figura do
processo legislativo com rito e quórum específicos
o Funções: lei complementar estabelecerá normas gerais de direito
tributário, disporá sobre os conflitos de competência nessa matéria entre
a união, os estados, o distrito federal e os municípios, e regulará as
limitações constitucionais ao poder de tributa - EC. n.1/1969.
 Corrente dicotômica: a LC só teria 2 funções - toda norma geral
de direito tributário seria ou tema de limitação constitucional ao
poder de tributar ou de conflito de competência
 Corrente tricotômica: nem toda norma geral de direito tributário
seria ou tema de limitação constitucional ao poder de tributar ou
de conflito de competência
o Matérias discutidas no CTN são objeto de lei complementar, segundo art.
146
o Não é questão de hierarquia, é questão de funções diferentes
 Concepção Kelseniana aplicada ao modelo federativo brasileiro:
ordens jurídica parcial e total
o Na Federação Clássica, tem-se a União e os
Estados. Para Kelsen, há os dois, mas há uma
ordem total - ex. férias de funcionário público,
União tem lei sobre assunto e cada Estado tem a
sua sobre os seus funcionários. Nesse sentido, a lei
federal é tão parcial quanto a dos estados, pois só
se aplica aos funcionários federais. Existe uma
ordem parcial federal e uma estadual - mas há uma
total/nacional (i.e. a constituição que vale para
todos - estados e União em conjunto).
 O caráter nacional da lei complementar: garantia de harmonização
o O caso do ICMS: a competência estadual deve conciliar-se com a
unidade do mercado nacional
 Se o mercado é patrimônio nacional, ele deve ser preservado. Se
tivermos 27 sistemas tributários, eu tenho 27 mercados -
preocupação de que tenho uma harmonização suficiente para
pensar em mercado.
 Art. 155, XII, da CF
o O caso do regime único de arrecadação de tributos - art. 146. DE um
lado, não se poderia admitir que ordem jurídica parcial vinculasse as
demais.
 Art. 24, p. 3º: Se não existir lei complementar sobre o tributo, o estado fica
impedido?
o Art. 192 (Constituição do Estado do Ceará) x Art. 146 (CRFB/1988).
Constituição do Estado não é inconstitucional, pois a competência para
legislar sobre tributário é concorrente, cabendo a União estabelecer
normas gerais e os Estados suplementarem as lacunas - inexistindo lei
federal de normas gerais, os estados podem exercer a competência
legislativa plena [para atender as suas peculiaridades]. Risco de
ultrapassar suas peculiaridades e começar a invadir a dos outros.
o Competência dos estados de instituir adicional de IR - problema:
ausência de lei complementar. Potenciais conflitos de competência entre
os Estados e necessidade de harmonização nacional do tributo.
 Conflitos de competência
o Onde paga o ISS? Precisa de lei complementar para esclarecer onde deve
pagar - ex. estabelecimento prestador fica em um município, mas o local
de prestação do serviço fica em outro. LC 116/2003 diz que deve ser
pago no estabelecimento prestador.
o Tipos
 Conflitos verticais - entre estados e
o Tributação de software: serviço ou mercadoria?
 Julgamento conjunto das ADIs nº 1945/MT e 5.659/MG
 Art. 150, vi, © - vedações. Requisitos atendidos na lei - que lei é essa? Apesar
de desejarem, não é lei ordinária. Cabe a lei complementar, Código Tributário
Nacional, que estabeleceu 3 requisitos (art. 14). Lei Ordinária não pode colocar
nenhum outro requisito além desses.
o Requisitos materiais são apenas esses! Pode haver previsão de requisitos
formais
 Art. 150, I - o que é aumentar tributo? Correção da base de cálculo é aumento de
tributo? Segundo o art. 97 da CTN, não constitui.
 Regular pode ser completar no sentido estrito - i.e. estabelecer requisitos -, se a
legalidade se estende - i.e. correção da base de cálculo é aumento de tributo? - e
conflitação (legalidade ou igualdade, qual deve prevalecer), regras de
calibragem.
 Lei Complementar sem caráter nacional: mera lei federal com quórum
qualificado (Art. 148, 153 e 195).
 E se o legislador editar lei complementar para tratar de matéria que a
Constituição não reservou à lei complementar?
 Caráter exaustivo das matérias reservadas à Lei Complementar: Lei
Complementar n. 70/1991, ao instituir a COFINS, isentou (art. 6º, II) as
sociedades cíveis de prestação de serviços regulamentados. No entanto, o STF
decidiu que mera lei ordinária seria suficiente - era formalmente complementar,
materialmente ordinária. O legislador federal posteriormente revogou a isenção
por lei ordinária (art. 54 da lei 9.430/96)
 Jurisprudência recente do STF: ICMS
o ICMS - importação

Lei Ordinária
 Art. 97

Medida provisória
 Art. 62
 Medida provisória só produz efeitos se for convertida em lei. Função - entre a
instituição de um tributo e o início da cobrança, precisa-se esperar 90 dias.
Anterioridade anual e nonagesimal.

Lei delegada
 Art. 68

Decreto Legislativo
 Tratado é uma norma internacional, apesar de cumprido pela ordem interna -
tratado internacional x norma com conteúdo idêntico ao tratado internacional. Se
não denuncia internamente, continua valendo? Caso de externamente ter sido
denunciado.
 Existe antinomia entre um tratado e uma lei?
o Modelo de Klaus Vogel: o tratado como uma máscara. Tratado define
que algumas matérias não serão reguladas pelo país - país renuncia esse
direito. Se denuncia, volta a tributar - lei nunca foi revogada, teve
aplicação limitada pelo estado (instrumento de autolimitação do Estado)
 Nenhum tratado cria tributo, só a lei
 Tributação é expressão de soberania - não pode criar tributo fora da sua
jurisdição.
o Jurisdição do Estado é limitada pelas regras de Direito Internacional
o Restrição ao poder-dever dos legisladores internos para legislar sobre
questões que são objeto de tratados internacionais
o CTN está errado - tratado não revoga, apenas limita
o Art. 151. Veda união de dispor sobre isenção dos tributos sobre
competência dos estados
 Tratado não isenta, renuncia jurisdição

 Normas complementares equivalem às normas administrativas. Se observa essas


normas, não pode ser punido. Mesmo que a norma seja revogada ou alterada
posteriormente, o estado não poderá te punir.

Aula 4 - Conceito de Tributo (28/03/2022)

 Tipos de receitas do Estado


o Originárias: riquezas produzidas pelo Estado como agente econômico.
Ex. preço público.
 TAXA X PREÇO PÚBLICO: Critérios distintivos apontados pela
doutrina - (a) fundamento jurídico da compulsoriedade; (b)
vantagem econômica; (c) essencialidade do serviço; e (d)
presença do mercado.
 Se é tributo, precisa ser instituído por lei. Estado pode se
apropriar de riqueza do particular por diversos caminhos
(derivadas)
 Taxa tem por característica uma contraprestação (ideia de
equivalência), assim como o preço público.
 Compulsoriedade: tributo é compulsório, não decorre da
minha vontade (ex leges), decorre diretamente da lei - ex.
consularização de documentos oriundos do
exterior/necessidade de passaporte para viajar. Já o preço
público decorre do contrato - ex. aluguel de centro de
exposição municipal para feira. Você pode optar pela
contratação ou não, no caso, da taxa não há tal lógica:
você não escolhe comprar o passaporte porque está barato
- se você quer ir pro exterior, você precisa de um
passaporte.
o A compulsoriedade da taxa independe da
manifestação da vontade
o Estadia e pesagem de veículos de carga - terminal
alfandegário. Não faculta ao contribuinte qualquer
opção - precisa de lei!
 Vantagem econômica: no preço público - prestações
estatais com conteúdo econômico + benefício econômico
da contraparte (ex. tarifa portuária). Na taxa, prestações
estatais sem conteúdo econômico + benefício não-
econômico da contraparte (Ex. justiça no poder
judiciário).
o As atividades remuneradas por preços públicos
 Essencialidade do serviço - relação com o critério da
compulsoriedade
o Preço público é remuneração de serviço não-
essencial. Prestado não obrigatoriamente pelo
Estado e tomado não obrigatoriamente pelo
particular.
o Taxa - questão de serviço essencial. Prestado
obrigatoriamente pelo Estado e tomado
obrigatoriamente pelo particular. Pode cobrar, mas
pode impedir o direito? Prestação do Estado não
pode ser dependente do pagamento, pois estamos
diante de um serviço essencial.
 Presença do mercado
o Preço público: Receita que o estado aufere no
mercado. Estado como agente econômico
o Taxa: Receita fora do mercado. Estado como
entidade legitimidade para se apropriar de parte da
riqueza de particular.
 TAXA X PREÇO PÚBLICA (água e esgoto) -
JURISPRUDÊNCIA
o Serviço de água e esgoto (Decisão de 14.10.1963)
o Taxa cobrada mesmo se não use
 Benefício especial mensurável e interesse
público predominante
 Há precedente em contrário que afirma que
é preço público - renda industrial.
Utilização de bem e serviço instalados e
operados pelo Estado.
o Decisão final da jurisprudência (não solidificada o
bastante): preço público e, portanto, tarifa, o
quantitativo cobrado a título de água e esgoto.
Descontextualiza entendimento histórico.
 LIXO: Taxa. Compulsória utilização do serviço público.
Serviço essencial à saúde pública.
 PEDÁGIO: Art. 27, segundo Constituição de 1946 x EC
18/1965, art. 2º
o "A supressão da ressalva para a cobrança do
pedágio significou que essa exceção não era mais
conceituada...]"
o CF atual volta a tratar pedágio como tributo, ou
seja, taxa.
o Irrelevante a definição da natureza jurídica do
pedágio, a existência ou não de via alternativa
gratuita para o usuário trafegar. Para o professor,
alguns pedágios podem ser taxa, nem todos. Logo,
para ele, a existência de alternativa gratuita é
critério pertinente para aferir a
compulsoriedade.
 Demonstrar que é um direito essencial
o Derivadas: riquezas produzidas por particulares e apropriadas pelo
Estado. Ex. tributos, multas, expropriação.

Outras receitas originárias

 "Taxa" de ocupação de terreno de marinha - TRF 4 precedente.


o Embora se chame de taxa, não é taxa.
 Compensação financeira pela exploração de recursos minerais
Art. 20 da CF
 Ingressos por atividades comerciais: o caso do selo de IPI - selo exigido das
indústrias de cigarro, a ser adquirido obrigatoriamente junto à União.

Conceito de tributo

 Importância do conceito de tributo: o regime jurídico-constitucional tributário -


art. 150, 146 e 151 da CF. Várias menções!
 Delegação constitucional à lei complementar - elege fonte para dizer o que é
tributo no direito brasileiro. Art. 146, III, a. A lei complementar poderia ter
definido como bem quisesse? A constituição já contém uma noção (tipológica)
de tributo.
 CTN - art. 3º. Essa definição esgota o conceito de tributo?
o O CTN não se referiu à natureza da receita, dada a pretensão de absoluta
separação entre direito tributário e direito financeiro. Tributo é receita
derivada e esse aspecto pode ser relevante...
o Esse artigo contém tanto elementos de definição como exigências
relativas à instituição e cobrança de tributos (regime jurídico-tributário)
o Elementos de definição: tributo é prestação pecuniária compulsória.
o Regime jurídico-tributário: tributo deve ser instituído em lei, expresso
em moeda e cobrado mediante atividade administrativa.
 Prestação é objeto de obrigação: tributo pressupõe vínculo jurídico-obrigacional
 Contribuinte  Estado. Submissão política. Estado e particular estão submetidas
a mesma lei.
 Obrigação de dar dinheiro - serviço militar não é tributo, pois é obrigação de
fazer
 Compulsória (ex lege)
o Origem legal
 Instituída em lei (art. 150, CF)
Aula 5 - Espécies Tributárias (04/04)

Casos
Não é óbvio quem tem razão
Conforme o critério classificatório:
 Duas espécies: impostos e taxas
 Três espécies: impostos, taxas e contribuições
 Quatro espécies: impostos, taxas, contribuições

Competência Tributária
 Assim como a taxa, a contribuição de melhoria decorre de uma atividade estatal.
A contribuição de melhoria compete ao ente que realiza a obra pública
ensejadora da tributação.
o E no caso de obras realizadas por mais de um ente federado?
 Cada ente poderá cobrar contribuição de melhoria, desde que:
seja proporcional e limitada ao custo da respectiva participação e
a somatória das contribuições não supere...
 Por que discriminar competências tributárias?
o Trata-se de exigência do Estado Federal?
o Imposto: não ser vinculado a uma atividade do Estado. Se não é
vinculado, quem pode cobrar o imposto? Como saber se é da União ou
do Estado?
 Texto constitucional. Não há uma lógica. ´
o Histórico do sistema brasileiro: desde a primeira constituição
republicana, o Brasil adota a discriminação privativa de competências
tributárias. A diferença (substancial ou terminológica) fica por conta da
competência residual.
 Distribuição de competências tributárias no regime de 1988
o Discriminação privativa de competências tributárias
o Competência residual da União
o Art. 154
 Para cada base de cálculo, só pode haver um fato gerador. Para
cada fato gerador, pode haver mais de uma base de cálculo.
 Se o fato gerador for próprio dos impostos já discriminados, a
base de cálculo também o será.
o Caráter tipológico da técnica constitucional de distribuição de
competências
 Tipo x Conceito: formas de se referir a uma realidade. Tipo é
quando descrevo algo, características típicas de um objeto.
Conceito estabelece os elementos necessários e suficientes do
objeto descrito - é sucinto. Conceito é sim ou não. No típico,
pode ser que, mesmo não tendo uma das características, ainda
seja um se tiver as outras características elencadas.
 Se eu conheço uma realidade de tipo aplicada a um
tempo, essa realidade mudará.
 Legislador criou categorias fechadas - conceitos - ou
trazer tipos já conhecidos? Foi distribuindo realidades
completas?
 São ordens fluidas, que colhem, através da comparação, características comuns,
nem rígidas.
o O tipo evolui: novas características típicas podem agregar-se, bem como
outras podem perder a força.
 Para impostos, a União não pode cobrar imposto sobre o que ficou reservado
para o Estado. Se a União poder cobrar onde o estado cobra, risco de excesso de
tributação.
o Sistematização no Direito Tributário: caos ou sistema? Se eu partir da
premissa de que existe um princípio de igualdade, preciso ter condições
de saber a consistência na desigualdade de tratamento entre um
contribuinte e outro? Há que ter lógica para haver igualdade, não há
igualdade com casuísmo!
 A Constituição não prevê as materialidades possíveis do empréstimo
compulsório. Em todo caso, o empréstimo compulsório não pode incidir sobre
materialidades reservadas a outros entes. Permiti-lo seria contraditório com o
propósito de reservar a cada ente campos privativos de competência.

Competência tributária cumulativa


 Art. 147
 Territórios não existem
 Distrito Federal pode cobrar, além dos impostos estaduais, os municipais.

Aula 5 - Espécies Tributárias (19/04/2022)


Casos
Não é óbvio quem tem razão

Aula 6 - Categorias Técnicas (26/04/2022)


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Aula 7 - Competência Tributária (03/05/2022)
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ao Poder de Tributar (10/05/2022)
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(21/06/2022)
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