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Nickielly Gomes do Nascimento - NUSP 11289535

Direito Tributário I - Seminário 5A

Trata-se de ação ajuizada pelo Sr. Roberto Axelrod contra a Receita Federal do Brasil,
em face da cobrança de recolhimento de imposto de importação com base na alíquota de 50%
sobre o valor pago por Roberto em leilão de Londres no qual ele adquiriu uma tábua de pedra
que contém a "Epopeia de Gilgamesh". A Receita Federal entendeu que essa tábua seria
classificada como antiguidade com mais de 250 anos, o que determinaria a incidência do
imposto. Roberto, por sua vez, entendeu que a tributação seria indevida, pois ela estaria sob a
imunidade prevista na alínea "d" do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal.
Devido ao exposto, identificam-se três problemas principais: (i) analisar se a imunidade
prevista constitucionalmente é objetiva ou subjetiva; (ii) o enquadramento das tábuas da
"Epopeia de Gilgamesh" como livro; e (iii) a conformidade com a lei da cobrança de alíquota
em 50%.
A Constituição Federal determina, no seu artigo 150, inciso VI, as hipóteses de
incidência de imunidade tributária, dentre elas, a de "livros, jornais, periódicos e o papel
destinado a sua impressão", conforme alínea D. Observa-se que a imunidade que incide sobre os
livros é objetiva, pois é a relevância social desse objeto - relacionada com o objetivo extrafiscal
de incentivo à cultura - que determina sua proteção, não havendo espaço para considerar o
agente passivo, seja sua capacidade contributiva ou outra tipificação jurídica deste, como
decorre nas imunidades subjetivas.
Em seguida, é importante determinar se as tábuas se enquadrariam como livro para
determinar a incidência ou não da sua imunidade. No RE 330.817, destaca-se a argumentação
do STF no sentido de reafirmar que o vocábulo "papel" não é elemento essencial para o conceito
desses bens finais - os livros. Nesse sentido, o que seria essencial a ele é o conteúdo dessas
obras (o corpus misticum), que no caso observado seriam as lendas compiladas na tábua.
Ressalta-se, ainda, o caráter de difusão do conhecimento pretendido pelo contribuinte, uma vez
que seu objetivo é permitir que arqueólogos e historiadores do Brasil estudem essas obras.
Por fim, ainda que as tábuas não tivessem imunidades e pudessem ser, portanto,
enquadradas como antiguidades com mais de 250 anos, ainda assim o fisco teria realizado
cobrança indevida, pois a alíquota prevista para essa hipótese é de 3,6% e não 50%, como de
fato foi cobrado, nos termos do artigo 7º da Resolução GECEX 272/2021.
Dessarte, tendo em vista os argumentos discutidos ao longo do presente voto, entende-
se que assiste razão ao contribuinte. Como consequência, resta determinado que a proteção
constitucional de imunidade tributária incide sob as tábuas de pedra adquiridas pelo Sr. Roberto
e, portanto, a não incidência do imposto de importação sob estas.

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