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EX.

DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


MINAS GERAIS

JEAN, (qualificação completa), vem respeitosamente perante V. Exa., através de seu


advogado legalmente constituído (procuração anexa), amparado 647 do Código de Processo Penal e
art. 5º LXVIII da Constituição da República, apresentar: HABEAS CORPUS REPRESSIVO, em
favor do próprio impetrante, contra to coator proferido pelo juízo da XX Vara Criminal da Comarca
de Belo Horizonte, que negou que o paciente recorra em liberdade mesmo que estejam ausentes os
motivos para a decretação de prisão cautelar.

I- DOS FATOS

O sr. Jean, é primário e de bons antecedentes, foi processado e condenado pelo Juiz da XX
Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte/MG, à pena de dois anos de reclusão e pagamento de
cinco dias-multa, pela prática de tentativa de roubo simples, previsto no ar. 14, inciso II, c/c art 157
ambas do Código Penal, a ser cumprida em regime inicial fechado.
Atualmente ele se encontra recolhido no presídio de _____

II- DOS ARGUMENTOS CONTRÁRIOS A DECISÃO

O paciente é pessoa íntegra de bons antecedentes e jamais respondeu a qualquer processo


criminal, estando preso, mesmo estando ausentes os requisitos do art. 312 do CPP, que dispõe sobre
a prisão preventiva.
Vale ressaltar que a restrição de liberdade somente deve ser aplicada quando não for cabível
sua substituição por medida cautelar diversa da prisão prevista no artigo 319 do Código de Processo
Penal.
Este tribunal tem este exato entendimento conforme decisões descritas abaixo:

EMENTA: HABEAS CORPUS. ROUBO DE APARELHO CELULAR. RÉUS


PRIMÁRIOS. DECISÃO FUNDAMENTADA NA GRAVIDADE ABSTRATA DO
DELITO. IMPOSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DA CUSTÓDIA CAUTELAR.
ORDEM CONCEDIDA MEDIANTE IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES.
I - A decisão a indeferir pleito liberatório não se afigura pautada em quaisquer das hipóteses
do art. 312 do CPP, desservindo ao fim de acautelamento preventivo a simples menção à
gravidade do delito perpetrado mediante grave ameaça e concurso de pessoas, impondo-se
considerar a manifestação ministerial favorável à concessão da benesse. (TJMG - Habeas
Corpus Criminal 1.0000.18.044653-6/000, Relator(a): Des.(a) Matheus Chaves Jardim , 2ª
CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 12/07/2018, publicação da súmula em 23/07/2018)

E também,

EMENTA: HABEAS CORPUS - ROUBO SIMPLES - REVOGAÇÃO DA PRISÃO


PREVENTIVA - POSSIBILIDADE - RÉU PRIMÁRIO E DE BONS ANTECEDENTES -
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO - SUBSTITUIÇÃO POR
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO - ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA. A prisão de caráter cautelar, ou seja, feita antes de sentença condenatória
definitiva, é uma exceção à regra, uma vez que implica na privação da liberdade do acusado
antes da condenação final. Logo, somente deve ser aplicada quando não for cabível sua
substituição por medida cautelar diversa da prisão. Se as medidas cautelares previstas no
artigo 319 do Código de Processo Penal são suficientes para resguardar a ordem pública, é
desnecessária a segregação do paciente. (TJMG - Habeas Corpus Criminal
1.0000.17.081227-5/000, Relator(a): Des.(a) Flávio Leite , 1ª CÂMARA CRIMINAL,
julgamento em 07/11/2017, publicação da súmula em 16/11/2017)

Vale ressaltar que o sr. Juiz condenou o paciente, que é primário e de bons antecedentes, a uma pena
privativa de liberdade em regime fechado, o que é incoerente com os anos e meses de pena
aplicado. Segundo o art. 33, § 2º, alíneas a, b e c.

§ 2º. As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,


segundo o mérito do condenado, observando os seguintes critérios e ressalva na hipótese de
transferência para regime mais rigoroso:

a) O condenado a pena SUPERIOR a 8 (oito) anos deverá começar a cumprir em regime


fechado;

b) O condenado não reincidente, cuja pena seja SUPERIOR A 4 (quatro) ANOS NÃO
EXCEDA A 8 (oito), poderá, DESDE O PRINCÍPIO, cumpri-la em regime
SEMIABERTO;

c) Condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.

Neste sentido, a prisão do paciente encontra-se baseada em ilegalidade, podendo o mesmo


recorrer em liberdade.

III – CONCLUSÃO

Diante do exposto, por ausência de quaisquer requisitos do artigo 312 do CPP e por
descumprimento do artigo 33 do CPP, requer a concessão da ordem para conceder a liberdade
provisória ao paciente, expedindo o alvará de soltura.

Termos em que pede deferimento.


Belo Horizonte, data

ADVOGADO
OAB

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