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DA DISTINÇÃO OU SUPERAÇÃO DO ENTENDIMENTO

A lei 13.964 de 2019(pacote anticrime), implementou ao inciso VI, do parágrafo 2º


do artigo 315 do CPP o instituto do distinguishing, onde passou a preceituar que a decisão
judicial que deixar de seguir precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento, reputar-se-ia como uma decisão não fundamentada, senão
vejamos;

Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão


preventiva será sempre motivada e fundamentada.

(...)

§ 2º Não se considerada fundamentada qualquer decisão judicial,


seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:

(..)

VI- Deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou


precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

No presente caso, esta defesa entende que não há motivos idôneos para a
manutenção da prisão, pois prisão é constitui-se por ultima ratio, medida extrema, cabível
apenas em último casso. Tal excepcionalidade é prevista no § 6º do artigo 282 e inciso II do
artigo 310, ambos do Código de Processo Penal, in verbis;

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste título deverão ser


aplicadas observando-se a:

(..)

§ 6º a prisão preventiva será determinada quando não for cabível a


sua substituição por outra medida cautelar,

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá


fundamentadamente:

(...)

II- Converter a prisão em flagrante em preventiva, quando


presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se
revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares
diversas da prisão
Frente ao exposto, perceptível a intenção do legislador em determinar a liberdade
como regra neste momento crítico que temos vivido, portanto quando esgotadas todas as
circunstâncias motivadoras de liberdade (o que não o presente caso), no momento em que
o juiz não veja outra alternativa, senão a segregação da custodiada, é que a prisão preventiva
deve ser autorizada.

Deste feita, esta defesa vem invocar o julgamento a seguir, este que possui larga
semelhança ou com o presente caso, como precedente hábil se tomar como parâmetro legal
a fim de fundamentar a concessão da liberdade provisória requerida, vejamos os
julgamentos:

HABEAS CORPUS TRÁFICO DE DROGAS PLEITO


LIBERATÓRIO AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA DO DECRETO PRISIONAL ACOLHIMENTO
PRISÃO PREVENTIVA LASTRADA NA GRAVIDADE
ABSTRATA DO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS.
ORDEM CONCEDIDA. (Classe: Habeas Corpus, Número do
Processo: 0024851-98.2017.8.05.0000, Relator (a): Nilson Soares
Castelo Branco, Primeira Câmara Criminal - Segunda Turma,
Publicado em: 31/01/2018)

Neste mesmo sentido, vejamos os julgados abaixo;

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PACIENTE


PRIMÁRIO E SEM REGISTRO DE OUTROS
ENVOLVIMENTOS CRIMINAIS. CONDIÇÕES PESSOAIS
FAVORÁVEIS. PEQUENA QUANTIDADE DE DROGA (25
PEDRAS DE CRACK 2,58 GRAMAS). DESNECESSIDADE
DA PRISÃO. ORDEM CONCEDIDA. (Classe: Habeas Corpus,
Número do Processo: 0022820-42.2016.8.05.0000, Relator (a):
Mário Alberto Simões Hirs, Segunda Câmara Criminal - Segunda
Turma, Publicado em: 17/02/2017)

HABEAS CORPUS. PACIENTE PRESO EM FLAGRANTE


DELITO NO DIA 24/03/2016, EM RAZÃO DA SUPOSTA
PRÁTICA DO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33
DA LEI 11.343/06). PLEITEIA DEFENSIVAMENTE A
LIBERDADE PROVISÓRIA DECORRENTE DA AUSÊNCIA
DOS REQUISITOS LEGAIS PARA PRISÃO PREVENTIVA;
BEM COMO DA FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA
NA DECISÃO QUE DECRETOU A MEDIDA EXTREMA.
PREJUDICADO. CONCEDIDA LIBERDADE PROVISÓRIA
AO PACIENTE, IMPONDOLHE MEDIDAS CAUTELARES
PREVISTAS NO ART. 319. I - Constata-se, diante da decisão
interlocutória de fls.55-56, acostada aos autos, que o magistrado de
piso concedeu ao paciente liberdade provisória mediante o
cumprimento de cautelares diversas da prisão, nos autos do
processo original, tombado sob o nº 0308806-74.2016.8.05.0001.
De maneira que cessou os motivos que deram causa à impetração
do pedido de habeas corpus, obviamente que o presente mandamus
perde seu objeto, não havendo razão para que seja apreciado. II –
ORDEM DE HABEAS CORPUS DECLARADA
PREJUDICADA. (Classe: Habeas Corpus, Número do Processo:
0005678-25.2016.8.05.0000, Relator (a): Jefferson Alves de Assis,
Segunda Câmara Criminal - Primeira Turma, Publicado em:
04/06/2016)

Da analise do julgado retro mencionado, conclui-se que o requerente TICIO DA


SILVA possui condições favoráveis, por estarem ausentes os requisitos autorizadores da
prisão preventiva e em eventual condenação, por estar em condição favorável, muito
provavelmente gozará dos benefícios previstos no § 4º do artigo 33 da Lei 11.343/2006.

Assim, requer à Vossa Excelência que se utilize dos julgados a seguir:

Habeas Corpus, Número do Processo: 0024851-98.2017.8.05.0000, Relator (a):


Nilson Soares Castelo Branco, Primeira Câmara Criminal - Segunda Turma,
Publicado em: 31/01/2018)

Habeas Corpus, Número do Processo: 0022820-42.2016.8.05.0000, Relator (a): Mário


Alberto Simões Hirs, Segunda Câmara Criminal - Segunda Turma, Publicado em:
17/02/2017)

(TJ-BA - HC: 00056782520168050000, Relator: Jefferson Alves de Assis, Segunda


Câmara Criminal - Primeira Turma, Data de Publicação: 04/06/2016

Os julgados acima serve como base jurídica autorizadora para a concessão da


liberdade provisória da custodiado TICIO DA SILVA, na remota hipótese de não
acolhimento do pedido, que se prolate decisão fundamentada, nos termos do inciso VI, do
parágrafo 2º do artigo 315 do Código de Processo Penal, inclusive fazendo a devida
distinção(distinguishing) entre o caso do precedente jurisprudencial, invocado pela defesa e
o presente caso, sob pena de carência de fundamentação da decisão denegatória.

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