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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
GMB
Nº 70059361543 (N° CNJ: 0128717-35.2014.8.21.7000)
2014/CRIME

HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA.


PACIENTE ADVOGADO. CONCESSÃO DE PRISÃO
DOMICILIAR DIANTE DA INEXISTÊNCIA DE SALA
DE ESTADO MAIOR NA COMARCA.
INVIABILIDADE. RECOLHIMENTO EM CELA COM
ACOMODAÇÕES CONDIGNAS E DISTINTA DOS
DEMAIS PRESOS. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE.
ORDEM DENEGADA.
Em se tratando de preso especial provisório,
inexistindo Sala de Estado Maior na Comarca,
poderá ser recolhido em cela separada, com
acomodações condignas, inexistindo
constrangimento ilegal. Não faz jus à prisão
domiciliar, o preso provisório que não se enquadra
nas hipóteses previstas no art. 318 do CPP.
Ordem denegada.

HABEAS CORPUS QUARTA CÂMARA CRIMINAL

Nº 70059361543 (N° CNJ: 0128717- COMARCA DE URUGUAIANA


35.2014.8.21.7000)

PACIFICO LUIZ SALDANHA IMPETRANTE

VAGNER BIBIANO DA SILVA PACIENTE

JUIZ DIR 1 V CRIM COM COATOR


URUGUAIANA

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Desembargadores integrantes da Quarta Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em denegar a
ordem de habeas corpus.
Custas na forma da lei.

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PODER JUDICIÁRIO
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@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
GMB
Nº 70059361543 (N° CNJ: 0128717-35.2014.8.21.7000)
2014/CRIME

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes


Senhores DES. ARISTIDES PEDROSO DE ALBUQUERQUE NETO
(PRESIDENTE) E DES. ROGÉRIO GESTA LEAL.
Porto Alegre, 15 de maio de 2014.

DES. GASPAR MARQUES BATISTA,


Relator.

RELATÓRIO
DES. GASPAR MARQUES BATISTA (RELATOR)

Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em


favor de Vagner Bibiano da Silva, em que postula a concessão de prisão
domiciliar, até o trânsito em julgado da decisão a ser proferida no processo
criminal a que responde, ou a revogação da prisão preventiva.
Sustentou o impetrante, em síntese, que o paciente é advogado
e, portanto, detentor do direito de não ser recolhido preso provisoriamente,
senão em Sala de Estado Maior, conforme previsão do artigo 7.º, inciso V, da
Lei n.º 8.906/94. Afirmou ser ilegal a decisão de 1º grau, que determinou o
encarceramento provisório do paciente no Instituto Penal de Uruguaiana
(IPU) em acomodações condignas e separado dos demais presos. Referiu ser
impossível essa separação, pois o IPU abriga presos dos regimes aberto e
semiaberto, inexistindo acomodações condignas. Ainda, argumentou que
deve ser garantido o recolhimento em local diverso da prisão comum, o que
não se verifica no caso. Por fim, requereu a concessão da ordem.
A liminar foi indeferida.
A autoridade tida como coatora prestou as informações
solicitadas.

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O Dr. Procurador de Justiça opinou pela denegação da ordem.


É o relatório.

VOTOS
DES. GASPAR MARQUES BATISTA (RELATOR)
A ordem de habeas corpus não comporta concessão.
O paciente está preso preventivamente por incurso nas
sanções do art. 272 do Código Penal, delito de natureza hedionda. A prisão
preventiva foi decretada, em decisão suficientemente fundamentada, para a
garantia da ordem pública, da aplicação da lei penal e para resguardar a
instrução criminal. Primeiramente, o paciente foi recolhido junto à
Penitenciária Modulada Estadual de Uruguaiana (PMEU), tendo sido, logo
após, por se tratar de advogado, transferido para o Instituto Penal de
Uruguaiana (IPU), em acomodações condignas e separado dos demais
presos, por determinação do juízo ad quo. É contra esta decisão que se
irresigna o impetrante, pleiteando a concessão de prisão domiciliar ou a
revogação da prisão preventiva. Sem razão, contudo.
Não se vê qualquer ilegalidade na decisão impetrada. Pelo
contrário, o magistrado apenas seguiu os ditames do art. 295, § 2º e 3º do
Código de Processo Penal. E também não há qualquer afronta ao art. 7º,
inciso V, da Lei n.º 8.906/94. Tanto a legislação processual penal quanto o
Estatuto da OAB prevêem que, diante da hipótese de inexistência de Sala de
Estado Maior, o preso especial deverá ser recolhido em cela distinta, que
atenda os requisitos de salubridade do ambiente, como aeração, insolação e
condicionamento térmico adequados à existência humana. É exatamente
neste sentido a decisão do eminente magistrado, a qual, por oportuno, vai
transcrita:

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“(...) Considerando que o preso provisório trata-se de advogado


regularmente inscrito na OAB, determino seja transferido para o Instituto Penal de
Uruguaiana em acomodações condignas e separado dos demais presos. (grifei).
“Não há, pois, razão para que lhe seja concedida a prisão domiciliar. Como
é sabido, o direito subjetivo do Advogado e, bem assim, o de qualquer outro preso especial,
nos termos do art. 295, §§ 1º e 2º, do CPP – com as modificações introduzidas pela Lei n.
10.258/01, traduz-se na garantia de recolhimento em local diverso da prisão comum.
“Neste sentido, confira-se:
‘PROCESSUAL PENAL. ADVOGADA. ESTADO MAIOR OU, NA SUA
FALTA, PRISÃO DOMICILIAR. CONSTRANGIMENTO ILEGLA. INEXISTÊNCIA.
“I - O inciso V do art. 7º da Lei n. 8.906/1994m que teve sua
constitucionalidade confirmada em julgamento realizado pelo Pretório Excelso, assegura
aos advogados provisoriamente o recolhimento em sala de Estado Maior ou, na sua falta,
em prisão domiciliar (Precedentes).
“II – No entanto, encontrando-se a paciente em cela especial individual, com
instalações e comodidade condignas, que cumpre a mesma função de sala na segregação
cautelar (Precedentes do STF e desta Corte).
Habeas Corpus denegado’ (STJ, HC 149.046/SP, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 27/05;2010, djE 30/08/2010) – grifei.
“Assim, indefiro a prisão domiciliar.
“A presente decisão dispensa expedição de ofício à casa carcerária,
valendo como tal.”

Portanto, conforme já referido, não há ilegalidade alguma na


decisão impetrada. Questão diversa, que não é objeto da presente ação, e
nem temos elementos para aferir aqui, é se está sendo cumprida, à risca,
referida decisão. Embora o impetrante afirme que não há como separar o
paciente dos demais presos, e que as acomodações do estabelecimento não
são condignas, não há confirmação disso nos autos. De outra banda, no
eventual descumprimento da decisão judicial, a questão deve ser argüida
perante o juízo ad quo.

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De referir-se que a prisão domiciliar, para presos provisórios,


só é cabível nas hipóteses previstas no art. 318 do Código de Processo
Penal, ou seja, quando o agente for maior de 80 anos; ou extremamente
debilitado por motivo de doença grave; ou for imprescindível aos cuidados
especiais de pessoa menos de 06 (seis) anos de idade ou com deficiência;
gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco.
No caso, o paciente não se enquadra em nenhuma das hipóteses.
Por tais fundamentos, voto pela denegação da ordem de
habeas corpus impetrada.

DES. ROGÉRIO GESTA LEAL - De acordo com o(a) Relator(a).


DES. ARISTIDES PEDROSO DE ALBUQUERQUE NETO (PRESIDENTE) -
De acordo com o(a) Relator(a).

DES. ARISTIDES PEDROSO DE ALBUQUERQUE NETO - Presidente -


Habeas Corpus nº 70059361543, Comarca de Uruguaiana: "À
UNANIMIDADE, DENEGARAM A ORDEM DE HABEAS CORPUS, NOS
TERMOS DOS VOTOS PROFERIDOS EM SESSÃO."

Julgador(a) de 1º Grau:

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