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FACULDADE DE DIREITO

NAMPULA

LEVES AGOSTINHO ANTÓNIO

REGIME PATRIMONIAL

NAMPULA
2023
FACULDADE DE DIREITO

NAMPULA

LEVES AGOSTINHO ANTÓNIO

REGIME PATRIMONIAL

Trabalho individual de carácter avaliativo,


da cadeira de Direito de Família,
Leccionado na Universidade Rovuma,
pela Prof. Doutor, Melquisedec Muapala,
3º Ano, Pós Laboral. Turma D 70

NAMPULA

2023
LISTA DE ABREVIATURA

Art.º – Artigo

Idem – Mesma obra

LF – Lei de Família

Ob. Cit. – Obra citada

P – Página

Pp – Páginas

S/Ed – Sem Edição


ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

1. PRELIMINARES ........................................................................................................... 2

1.1. Direito da família ........................................................................................................ 2

1.2. Património................................................................................................................... 2

1.3. Casamento................................................................................................................... 3

2. REGIME PATRIMONIAL ............................................................................................. 3

2.1. Administração e disponibilidade de bens ..................................................................... 3

2.2. Alienação de bens entre vivos ..................................................................................... 3

2.3. Aceitação de doação ou sucessão repúdio da herança ou do legado.............................. 4

1.4. Forma do consentimento conjugal e seu suprimento .................................................... 4

1.5. Disposições param depois da morte ............................................................................. 4

1.6. Anulabilidade dos actos praticados por um dos cônjuges ............................................. 5

1.7. Cessação das relações pessoais e patrimoniais entre os cônjuges ................................. 5

1.8. Partilha dos bens do casal e pagamento de dívidas ....................................................... 6

1.9. Dívidas dos cônjuges ................................................................................................... 6

1.9.1. Legitimidade para contrair dívidas ........................................................................... 6

1.9.2. Dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges ...................................................... 6

1.9.3. Dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges ...................................... 7

1.9.4. Bens que respondem pelas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges ......... 7

1.9.5. Bens que respondem por dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges 7

2. CONVENÇÃO ANTENUPCIAL ................................................................................... 8

CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 10

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 12


INTRODUÇÃO

O regime patrimonial ou de bens disciplina as relações económicas entre os


cônjuges durante o casamento. Essas relações devem se submeter a três princípios básicos,
sendo estes: a irrevogabilidade, a livre estipulação e a variedade de regimes.

Dá-se a imutabilidade e, por consequência, a irrevogabilidade para garantir o


interesse dos cônjuges e de terceiros, ou seja, evita que uma parte abuse de sua posição para
obter vantagens em seu benefício. Tal imutabilidade não é absoluta, no momento que, é
admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de
ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de
terceiros. Importante salientar que tal motivação não pode ser sustentada unilateralmente ou
por iniciativa de apenas um dos cônjuges em processo litigioso, posto que a redacção do
artigo traz a expressão de ambos.

1. OBJECTIVOS
1.1.Gerais
 Fazem menção do tema em questão num sentido mais amplo.

1.2.Específicos
 Trazer os conceitos básicos referentes ao tema;
 Falar do seu regime; e
 Falar da convenção antinupcial.

2. MÉTODO

Para elaboração do presente trabalho foi preciso fazer-se um levantamento


bibliográfico e com ajuda da legislação. Assim foi possível a elaboração do mesmo. O
presente trabalho foi elaborado respeitando os elementos pré-textuais o desenvolvimento, a
conclusão e a sua devida referência bibliográfica.

1
1. PRELIMINARES

1.1. Direito da família


A art.º 1 da LF já nos trás a noção de família, portanto, a família é o elemento
fundamental e a base de toda sociedade, factor de socialização da pessoa humana. A família,
enquanto instituição jurídica, constitui o espaço privilegiado no qual se cria, desenvolve e
consolida a personalidade dos seus membros e onde devem ser cultivados o diálogo e a
entreajuda. 1

Logo a expressão direito da família, tal como as designações paralelas de


direito das obrigações, direito das coisas e direito das sucessões, é correntemente usada pelos
tratadistas numa dupla acepção:2

 Umas vezes, como conjunto de normas reguladoras de determinadas relações da vida


privada dos indivíduos;
 Outras vezes, como capítulo da ciência jurídica que tem por objecto o estudo metódico
das soluções decorrentes das normas integradoras desse conjunto.3

Relativamente ao objecto que autonomiza o direito da família em face dos


restantes sectores do direito civil, segundo a classificação pandectisca das relações do direito
privado, esclarece que são fontes das relações jurídicas familiares o casamento, o parentesco,
a afinidade e a adopção.4

Logo o direito da família é o conjunto das normas jurídicas reguladoras das


relações entre pessoas ligadas pelos laços biológicos da procriação ou pelo vínculo legal do
casamento, da afinidade ou da adopção.5

1.2. Património
Património é o conjunto de relações jurídicas (direitos e deveres) com valor
económico, ou seja, avaliável em dinheiro, de que ee titular uma pessoa singular ou
colectiva. 6 Portanto, património é considerado um complexo de direitos e obrigações de uma

1
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da Família, in Boletim da
República, I série n.º 239
2
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado, Bestbolso, 1884, p. 18
3
VARELA, Antunes, Direito da Família, 4ª Edição, Vol. I. Edições Livraria Petrony Lda, Lisboa 1996, p. 15
4
LÔBO, Paulo, Direito Civil: Famílias, Saraiva, São Paulo, 2008, pp. 69
5
Idem, p. 69
6
CONSTANTINO, Gilberto Bogaio, Lições elementares de teoria geral do direito civil, S/Ed, Escolar Editora,
Maputo, 2021, p. 155
2
pessoa, susceptível de avaliação económica, integra a esfera patrimonial das pessoas, sejam
elas naturais ou jurídicas, negativas ou positivas. 7

1.3. Casamento
Segundo o art.º 8 da LF, o casamento é a união voluntária e singular entre um
homem e uma mulher, com o propósito de constituir família, mediante comunhão plena de
vida. 8

2. REGIME PATRIMONIAL

2.1. Administração e disponibilidade de bens

O art.º 106 da LF dispõe que, a administração dos bens do casal incumbe aos
cônjuges em igualdade de circunstâncias, devendo o casal privilegiar o diálogo e o consenso
na tomada de decisões que possam afectar o património comum ou os interesses dos filhos
menores.9

Portanto, a existência de um vínculo conjugal determina especiais regras


quanto à administração quer dos bens comuns, quer dos bens próprios de cada um dos
cônjuges. 10 Quanto aos bens próprios, os mesmos são administrados pelo respectivo
proprietário. Relativamente aos bens comuns, consoante se trate de ato de administração
ordinária, caso em que qualquer um dos cônjuges o pode praticar sem consentimento do
outro, ou de ato de administração extraordinária, em que se exige o consentimento de
ambos.11

2.2. Alienação de bens entre vivos


No que concerne a nossa legislação, o seu art.º 107 dispõe que, qualquer dos
cônjuges têm legitimidade para alienar livremente, por acto entre vivos, os móveis do casal,
próprios ou comuns; quando, porém, sem o consentimento do outro cônjuge, forem alienados
por negócio gratuito móveis comuns, é a importância dos bens assim alheados levada em

7
HORSTER, Heinrich, A parte geral do código civil português, 2ª Edição, Almedina, 2003, p. 190
8
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da Família, in Boletim da
República, I série n.º 239
9
Idem
10
MEDINA, Maria do Carmo, Direito de Familia, 2a Edicao, Escolar Editora, Angola 2013, p. 257
11
LÔBO, Paulo, Direito Civil: Famílias, Saraiva, São Paulo, 2008, pp. 293-294
3
conta na meação do cônjuge alienante, salvo tratando-se de doação remuneratória ou
conforme aos usos sociais. 12

Só podem ser alienados com o expresso consentimento de ambos os cônjuges


os móveis, próprios ou comuns, utilizados conjuntamente na vida do lar ou como instrumento
comum de trabalho.

Os imóveis, próprios ou comuns, e o estabelecimento comercial só podem ser


alienados por acto entre vivos, ou locados por prazo superior a seis anos, consentindo
expressamente ambos os cônjuges, excepto se vigorar o regime da separação de bens.

2.3. Aceitação de doação ou sucessão repúdio da herança ou do legado


A aceitação é o acto pelo qual o herdeiro anui com a transmissão dos bens do
falecido, a qual ocorre através da abertura da sucessão. Portanto, o art.º 108 LF dispõe que, os
cônjuges não necessitam do consentimento um do outro para aceitar herança ou legado. É
igualmente livre a aceitação de doações, excepto se estiverem oneradas com encargos, caso
em que a aceitação só tem lugar com o consentimento do outro cônjuge. O repúdio da herança
ou legado só pode ser feito com o consentimento de ambos os cônjuges, a menos que vigore o
regime da separação de bens.13

1.4. Forma do consentimento conjugal e seu suprimento

O consentimento conjugal, bem como a outorga de poderes para a prática dos


actos referidos nos números 2 e 3 do artigo 107 e no artigo 108 da LF, devem ser especiais
para cada um dos actos.14 O consentimento é dado presencialmente no acto de alienação ou
através de documento particular. O consentimento pode ser judicialmente suprido, havendo
injusta recusa ou impossibilidade, por qualquer causa, de o prestar.15

1.5. Disposições param depois da morte

O art.º 110 da LF dispõe que, cada um dos cônjuges tem a faculdade de dispor,
para depois da morte, dos bens próprios e da sua meação nos bens comuns, sem prejuízo das
restrições impostas por lei em favor dos herdeiros legitimários. A disposição que tenha por

12
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da Família, in Boletim da
República, I série n.º 239
13
Idem
14
MEDINA, Maria do Carmo, Direito de Familia, 2a Edicao, Escolar Editora, Angola 2013, p. 259
15
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da Família, ob. Cit.
4
objecto coisa determinada do património comum, apenas dá ao contemplado o direito de
exigir o respectivo valor em dinheiro.16

Pode, porém, ser exigida a coisa em espécie:

 Se esta, por qualquer título, se tiver tornado propriedade exclusiva do disponente à


data da sua morte;
 Se a disposição tiver sido previamente autorizada pelo outro cônjuge por documento
autêntico ou no próprio testamento;
 Se a disposição tiver sido feita por um dos cônjuges a favor do outro.17

1.6. Anulabilidade dos actos praticados por um dos cônjuges

Os actos praticados contra o disposto nos números 2 e 3 do artigo 107 e no


número 3 do artigo 108 da LF, são anuláveis a requerimento do cônjuge que não deu o
consentimento ou dos seus herdeiros. O direito de anulação caduca decorridos dois anos sobre
a data da celebração ou do conhecimento do acto.18

. À alienação de bens móveis ou imóveis próprios do outro cônjuge, feita sem


legitimidade, são aplicáveis as regras relativas à alienação de coisa alheia.

1.7. Cessação das relações pessoais e patrimoniais entre os cônjuges

As relações pessoais e patrimoniais entre os cônjuges cessam pela dissolução


ou anulação do casamento, sem prejuízo das disposições na LF relativas a alimentos, havendo
separação judicial de pessoas e bens, é aplicável o disposto no artigo 181 da LF.

A separação judicial de pessoas e bens pode ser requerida por um dos cônjuges
com fundamento em algum dos factos referidos no artigo 186 da presente Lei, ou por ambos
de comum acordo, no primeiro caso diz-se litigiosa, no segundo, por mútuo consentimento.19
A separação de pessoas e bens não dissolve o casamento. Relativamente aos bens, a separação
produz os mesmos efeitos que produz a dissolução do casamento.20

16
MAIA Júnior, Mairan, Gonçalves. Sucessão legítima: As regras da sucessão legítimas, as estruturas
familiares contemporâneas e a vontade, S/Ed, Revista dos Tribunais, São Paulo, 2018, p. 70
17
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da Família, in Boletim da
República, I série n.º 239
18
FARIAS, Cristiano, Rosenvald, Nelson, Direito das famílias, 2ª Edição, Lumens juris, Rio de Janeiro, 2010,
p. 49
19
MEDINA, Maria do Carmo, Direito de Familia, 2a Edicao, Escolar Editora, Angola 2013, p. 260
20
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da Família, ob. Cit.
5
1.8. Partilha dos bens do casal e pagamento de dívidas

Cessando as relações patrimoniais entre os cônjuges, estes ou os seus herdeiros


recebem os seus bens próprios e a sua meação no património comum, conferindo cada um
deles o que dever a este património. Havendo passivo a liquidar, são pagas em primeiro lugar
as dívidas comunicáveis até ao valor do património comum, e só depois as restantes. Os
créditos de cada um dos cônjuges sobre o outro são pagos pela meação do cônjuge devedor no
património comum, mas, não existindo bens comuns, ou sendo estes insuficientes, respondem
os bens próprios do cônjuge devedor.21

1.9. Dívidas dos cônjuges


1.9.1. Legitimidade para contrair dívidas

Qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas sem o


consentimento do outro. Para a determinação da responsabilidade dos cônjuges, as dívidas por
eles contraídas têm a data do facto que lhes deu origem (art.º 114 LF).22

1.9.2. Dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges

São da responsabilidade de ambos os cônjuges:

 As dívidas contraídas, antes ou depois da celebração do casamento, pelos dois


cônjuges, ou por um deles com o consentimento do outro;
 As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges, antes ou depois do casamento, para
ocorrerem a encargos normais da vida familiar;
 As dívidas contraídas na constância do matrimónio, em proveito comum do casal;
 As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges no exercício do comércio, salvo se
vigorar entre eles o regime da separação de bens;
 As dívidas consideradas comunicáveis nos termos do número 2 do artigo 117 da LF.

No regime da comunhão geral de bens, são ainda comunicáveis as dívidas


contraídas antes do casamento por qualquer dos cônjuges, em proveito comum do casal. O
proveito comum do casal não se presume, excepto nos casos em que a lei o declarar.23 Os
alimentos devidos aos descendentes comuns, ou de anterior matrimónio de qualquer dos
cônjuges, e aos filhos perfilhados ou reconhecidos judicialmente antes do casamento, são

21
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da Família, in Boletim da
República, I série n.º 239
22
Idem
23
MEDINA, Maria do Carmo, Direito de Familia, 2a Edicao, Escolar Editora, Angola 2013, p. 262
6
considerados encargos normais da vida familiar, ainda que o alimentado viva em economia
separada.24

1.9.3. Dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges

São da exclusiva responsabilidade do cônjuge a que respeitam: 25

 As dívidas contraídas, antes ou depois do casamento, por cada um dos cônjuges sem o
consentimento do outro, fora dos casos indicados nas alíneas b) e c) do número 1 do
artigo 115 da LF;
 As dívidas provenientes de crimes e indemnizações, restituições, custas judiciais ou
multas devidas por factos imputáveis a cada um dos cônjuges, salvo se estes factos,
implicando responsabilidade meramente civil, estiverem abrangidos pelo disposto nos
números 1 ou 2 do artigo 115 da LF;
 As dívidas alimentares não compreendidas no número 4 do artigo 115 da LF, a não ser
que o alimentado viva em comunhão de mesa e habitação com os cônjuges;
 As dívidas cuja incomunicabilidade resulta do disposto no número 2 do artigo 118 da
LF. 26
1.9.4. Bens que respondem pelas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges

Pelas dívidas que são da responsabilidade de ambos os cônjuges respondem os


bens comuns do casal e, na falta ou insuficiência deles, solidariamente, os bens próprios de
qualquer dos cônjuges. No regime de separação de bens, a responsabilidade dos cônjuges não
é solidária.

1.9.5. Bens que respondem por dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos


cônjuges

Pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges respondem os


bens próprios do cônjuge devedor e, subsidiariamente a sua meação nos bens comuns, neste
caso, o cumprimento só é exigível, depois de dissolvido ou anulado o casamento, ou depois
de decretada a separação judicial de pessoas e bens ou a simples separação judicial de bens.
Respondem, ao mesmo tempo que os bens próprios do cônjuge devedor, os bens que eram sua
exclusiva propriedade no momento em que a dívida foi contraída. Não há lugar à moratória

24
MEDINA, Maria do Carmo, Direito de Familia, 2a Edicao, Escolar Editora, Angola 2013, p. 262
25
DIAS, Maria Berenice, Manual de direito das famílias, 6ª Edição, Revista dos Tribunais, São Paulo, 2010, p.
382
26
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da Família, in Boletim da
República, I série n.º 239
7
estabelecida no número 1 do presente artigo, se a incomunicabilidade da dívida cujo
cumprimento se pretende exigir resulta do disposto na alínea b) do artigo 116 da LF.27

2. CONVENÇÃO ANTENUPCIAL

A convenção antenupcial, ou acordo pré-nupcial, é um contrato que os noivos


celebram antes do matrimónio e onde escolhem o regime de bens a vigorar no casamento,
bem como prevêem outras regras e disposições, nomeadamente de carácter patrimonial, que
lhes serão aplicadas após o casamento.28

Assim, e desde logo, é na convenção antenupcial que os futuros cônjuges


poderão renunciar à qualidade de herdeiro legitimário do outro cônjuge. Do mesmo modo,
poderão instituir terceiros ou a si próprios como herdeiros ou legatários de um ou de outro, ou
de ambos.

Poderão também estabelecer cláusulas de reversão ou fideicomissárias em


relação às liberalidades efetuadas no próprio acordo pré-nupcial. Em artigo futuro tentaremos
explicar o que são e para que servem estas cláusulas.

Os regimes de bens do casamento previstos na nossa lei são, como é sabido,


três:

 O regime da comunhão geral de bens;

 O regime da comunhão de adquiridos;

 O regime da separação de bens.

Se os noivos não escolherem, antes do casamento, um regime de bens


determinado, vigorará o regime supletivo que, no nosso País, é o da comunhão de adquiridos.
Se pretenderem escolher outro regime de bens ou convencionar outras disposições a vigorar
no âmbito do casamento, deverão outorgar uma convenção antenupcial. 29

No regime da comunhão geral, o património comum é constituído pela


generalidade dos bens dos cônjuges, quer aqueles que já tinham à data da celebração do

27
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da Família, in Boletim da
República, I série n.º 239
28
MEDINA, Maria do Carmo, Direito de Familia, 2a Edicao, Escolar Editora, Angola 2013, p. 246
29
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito de Família: Sinopses Jurídicas. Vol. II, Editora Saraiva, São Paulo,
2007, p. 112
8
casamento, quer aqueles que venham a adquirir posteriormente. É, assim, o regime em que há
maior comunicabilidade de bens do casal. 30

Na comunhão de adquiridos, os bens adquiridos durante o casamento, ou ainda


os adquiridos de forma eventual (exemplo: loteria). Também é aplicado na união estável. Os
bens adquiridos durante o casamento, considera-se que são de ambos os cônjuges, não
havendo o que se falar em esforço individual. 31

E se o regime de bens adoptado pelos esposados for o da separação, cada um


deles conserva o domínio e fruição de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor
deles livremente.32

30
MEDINA, Maria do Carmo, Direito de Familia, 2a Edicao, Escolar Editora, Angola 2013, p. 248
31
VENOSA, Sílvio de Salvo, Direito de Família. Vol. VI, Atlas São Paulo, 2006, p. 172
32
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da Família, in Boletim da
República, I série n.º 239
9
CONCLUSÃO

No presente trabalho pudemos verificar que, antes do casamento podem os


noivos escolher o regime de bens que pretendem adoptar para a sua vida de casados. O regime
de bens, legalmente instituído, consiste num conjunto de regras que, fundamentalmente,
determina a quem pertencem os bens das pessoas casadas.

A lei prevê 3 regimes de bens. Regime da Comunhão de Adquiridos - Segundo


este regime, a cada um dos cônjuges pertence apenas os bens que tinha antes de casar e os
bens que, depois do casamento e na constância deste, venham a receber por sucessão (por
morte de outra pessoa) ou por doação, ou venha a adquirir por virtude de direito próprio
anterior. A ambos os cônjuges pertencem os outros bens, ou seja, os bens adquiridos depois
do casamento sem ser por sucessão, doação, ou direito próprio anterior ao casamento. Nestes
bens está incluído o produto do trabalho dos cônjuges e os rendimentos dos bens que
pertençam apenas a cada um deles.

Ao conjunto destes bens chama-se património comum, composto por um activo


(bens) e um eventual passivo (dívidas), do qual cada um dos cônjuges participa em metade.
Segundo este regime, a cada um dos cônjuges pertence apenas os bens que tinha antes de
casar e os bens que, depois do casamento e na constância deste, venham a receber por
sucessão (por morte de outra pessoa) ou por doação, ou venha a adquirir por virtude de direito
próprio anterior. A ambos os cônjuges pertencem os outros bens, ou seja, os bens adquiridos
depois do casamento sem ser por sucessão, doação, ou direito próprio anterior ao casamento.

Nestes bens está incluído o produto do trabalho dos cônjuges e os rendimentos


dos bens que pertençam apenas a cada um deles. Ao conjunto destes bens chama-se
património comum, composto por um activo (bens) e um eventual passivo (dívidas), do qual
cada um dos cônjuges participa em metade.

Regime de Separação - De acordo com este regime, cada um dos cônjuges é


proprietário dos bens que adquiriu, por qualquer forma, antes e depois do casamento. No
entanto, pode acontecer que determinados bens hajam sido adquiridos por ambos os cônjuges.
Neste caso os dois são proprietários dos bens, não como casal mas como quaisquer outras
duas pessoas não casadas, o que se denomina por co-propriedade.

Regime da Comunhão Geral - Neste regime é regra que todos os bens, seja
qual for a sua origem e momento de aquisição, pertencem a ambos os cônjuges. No entanto, a
lei estabelece que um certo tipo de bens pertence apenas a cada um dos cônjuges,
10
designadamente, as suas roupas, a sua correspondência, e os bens doados ou deixados quando
a doador ou testador tiver determinado que não quer que os bens passem a pertencer a ambos.
Assim como, também os direitos estritamente pessoais pertencem apenas ao cônjuge que os
possui. É o caso do usufruto e do uso ou habitação. Ao conjunto destes bens chama-se
património comum, composto por um activo (bens) e um eventual passivo (dívidas), do qual
cada um dos cônjuges participa em metade.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Legislação

 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro, Lei da


Família, in Boletim da República, I série n.º 239

Doutrina

 CONSTANTINO, Gilberto Bogaio, Lições elementares de teoria geral do direito


civil, S/Ed, Escolar Editora, Maputo, 2021.
 DIAS, Maria Berenice, Manual de direito das famílias, 6ª Edição, Revista dos
Tribunais, São Paulo, 2010.
 ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado,
Bestbolso, 1884.
 FARIAS, Cristiano, Rosenvald, Nelson, Direito das famílias, 2ª Edição, Lumens
juris, Rio de Janeiro, 2010.
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito de Família: Sinopses Jurídicas. Vol.
II, Editora Saraiva, São Paulo, 2007.
 HORSTER, Heinrich, A parte geral do código civil português, 2ª Edição, Almedina,
2003.
 LÔBO, Paulo, Direito Civil: Famílias, Saraiva, São Paulo, 2008.
 MAIA Júnior, Mairan, Gonçalves. Sucessão legítima: As regras da sucessão
legítimas, as estruturas familiares contemporâneas e a vontade, S/Ed, Revista dos
Tribunais, São Paulo, 2018.
 MEDINA, Maria do Carmo, Direito de Familia, 2a Edicao, Escolar Editora, Angola
2013.
 VARELA, Antunes, Direito da Família, 4ª Edição, Vol. I. Edições Livraria Petrony
Lda, Lisboa 1996.
 VENOSA, Sílvio de Salvo, Direito de Família. Vol. VI, Atlas São Paulo, 2006.

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