Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Quelimane
2023
BIJÚ CARLOS GONÇALVES
DÉRCIO JOSÉ SALATO
REALINO OLIVEIRA MUNDEFO NHAMPA
TEQUIMO VENÁCIO EDUARDO
ZITO AUGUSTO OFINAR
(4º Grupo)
Quelimane
2023
Sumário
1 Introdução................................................................................................................................3
2 Extinção e Modificação da Relação Matrimonial....................................................................4
2.1 Breve contextualização.....................................................................................................4
2.2.Extinção da relação matrimonial......................................................................................4
2.2.1 A morte como causa da dissolução da relação matrimonial......................................5
2.2.2 O divórcio como causa da dissolução da relação matrimonial..................................6
2.2.2.1 Modalidades do divórcio.....................................................................................6
2.2.2.2 Características do direito ao divórcio.................................................................6
2.2.2.3 Divórcio não litigioso.........................................................................................7
2.2.2.4 Divórcio litigioso................................................................................................7
2.2.2.5 Conversão de separação em divórcio..................................................................8
2.2.2.6 Conteúdo da sentença.........................................................................................9
2.3 Modificação da relação matrimonial................................................................................9
2.3.1 Separação de pessoas e bens......................................................................................9
2.3.1.1 Simples separação judicial de bens...................................................................10
2.3.1.2 Separação judicial de pessoas e bens................................................................11
2.3.1.3 Separação litigiosa de pessoas e bens...............................................................13
2.3.1.4 Separação por mútuo consentimento................................................................15
3 Conclusão...............................................................................................................................16
4 Referências Bibliográficas.....................................................................................................17
3
1 Introdução
O presente trabalho de pesquisa, com o tema Extinção e Modificação da Relação
Matrimonial, busca analisar, no escopo do Direito da Família, as figuras da extinção e
modificação da relação matrimonial, sendo que a primeira irá atender, nesta pesquisa, à morte
de um dos cônjuges e ao divórcio como causas de extinção da relação matrimonial, sendo que
a segunda atendará ao regime da simples separação judicial de bens, da separação judicial de
pessoas e bens, da separação litigiosa e da separação por mútuo consentimento.
1
Ver. Coelho, F. P.; Oliveira, G. (2016). Curso de Direito da Família. Vol. I. 5.ª ed. Coimbra: Imprensa da
Universidade de Coimbra. pp. 647-806.
4
Para Pontes de Miranda2 o casamento tem como conceito a relação contratual solene,
por pessoas capazes e com diversidade de sexo, onde legalizam as relações sexuais através de
um vínculo indissolúvel, bem como estabelecem as regras ao patrimônio de acordo com a
norma vigente, como também assegura aos filhos nascidos desta união a criação e educação.
Deste modo, é cristalino que há uma vasta gama de definições para o conceito de
casamento e não há, contudo, regularização universal para sua definição, pois seu conceito
sempre sofrerá influência de factores religiosos, sociológicos, geográficos e, fortalecendo tudo
isso, no decorrer da história houve várias premissas orientadoras dos juristas, religiosos e
sociólogos que tentaram e tentam uma definição do matrimônio universal.
constituiu, podendo ser nulo ou anulado. Se a extinção por dissolução dá azo ao estado civil
de divorciado ou viúvo, quando tratar-se de extinção por invalidação regressa-se ao estado
anterior, ao estado de solteiro.
Outro instituto que importa analisar aqui é o da morte presumida. Coelho, F. P.;
Oliveira, G. (2016) admitem que a declaração de morte presumida não dissolve o casamento,
mas o cônjuge do ausente tem a faculdade de contrair novo casamento, dissolvendo-se o
primeiro pela celebração do segundo. Se o ausente regressar ou houver notícia de que era vivo
quando foram celebradas as novas núpcias, considera-se o primeiro matrimónio dissolvido
5
Ver. Coelho, F. P.; Oliveira, G. (2016). Obra citada. p. 677.
6
Moçambique. Lei n.º 23/2019, de 23 de Dezembro.
6
por divórcio à data da declaração de morte presumida, conforme se extrai do disposto nos
artigos 115 e 116, ambos do Código Civil.
7
Ver. Coelho, F. P.; Oliveira, G. (2016). Obra citada. p. 681.
7
c) Direito irrenunciável: a lei quer que o cônjuge a quem pertença esse direito tenha,
sempre, a faculdade de decidir, com inteira liberdade e em face das circunstâncias
actuais, sobre a oportunidade do divórcio.
Assim, o único pressuposto de que depende o divórcio por mútuo consentimento, para
além da vontade comum dos cônjuges, é que estes estejam de acordo sobre o exercício do
poder parental relativamente aos filhos menores, a prestação de alimentos ao cônjuge que
deles careça, o destino da casa de morada da família e a relação dos bens do casal, com
indicação do seu valor, efectivamente partilhados ou a serem submetidos à partilha, nos
precisos termos do disposto no n.º 1 do artigo 201 da Lei da Família.
O divórcio não litigioso tem a forma de processo administrativo, e não sendo possível
a reconciliação, caberá ao Conservador do Registo Civil verificar se os acordos reflectem a
vontade livre e consciente de ambos os cônjuges e se protegem os interesses dos filhos,
podendo sugerir as alterações necessárias e sem os quais o divórcio não pode ser decretado,
nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 201 da Lei da Família.
o divórcio por mútuo consentimento pode ser judicial ou administrativo, enquanto o divórcio
“litigioso” é sempre judicial.
De qualquer modo, existem limites ao divórcio litigioso, como seja o facto do marido
não podere requerer durante a gravides da mulher e até um ano depois do parto, salvo se o
requerimento fundar-se na atribuição da gravidez ao adultério, nos termos do artigo 204 da
Lei da Família.
pessoas e bens, quer seja litigiosa ou por mutuo consentimento, para que qualquer deles
requeira que a separação seja convertida em divórcio, nos termos do n.º 1 do artigo 203 da Lei
da Família.
Código Civil. A relação matrimonial só se modifica quanto aos bens, na medida em que se
procede a uma separação de bens, nos termos que vamos precisar adiante.
Só tem legitimidade para requerer a acção, nos termos do artigo 176 da Lei da Família,
o cônjuge lesado, ou:
a) O seu representante, em caso de interdição, ouvido o Conselho de Família;
b) Parentes na linha recta ou até ao terceiro grau da linha colateral, se o representante
legal acima descrito for o cônjuge administrador; e
c) Em caso de inabilitação, pelo próprio cônjuge lesado, ou pelo curador com autorização
judicial.
Em termos gerais, pode dizer-se que a simples separação de bens opera uma
modificação do regime de bens do casamento e, portanto, uma modificação, no plano dos
bens, do estado de casado, ficando os cônjuges, embora casados, no “estado de separados de
bens”, podendo essa partilha ser feita extrajudicialmente ou por inventário judicial, nos
termos do disposto no artigo 177 da Lei da Família.
Nota importante é que estes efeitos são irrevogáveis. não sendo permitido restabelecer
o regime de comunhão anterior à separação judicial de bens, nem por convenção nem por
nova decisão judicial (artigo 178 da Lei da Família).
próprias pessoas dos cônjuges, sendo, pois, muito mais extensa e profunda, em relação à que
se opera na simples separação judicial de bens, a modificação que se verifica na relação
matrimonial. Dir-se-ia que as malhas do vínculo, agora, se relaxam ou distendem tanto que
quase se partem.
A separação de pessoas e bens pode revestir duas modalidades, nos termos do artigo
180 da Lei da Família, a saber: separação de pessoas e bens sem consentimento de um dos
cônjuges e separação de pessoas e bens por mútuo consentimento. A primeira supõe um
litígio; é, portanto, pedida por um dos cônjuges contra o outro e funda-se numa determinada
causa, que a lei faz prever no artigo 186 da Lei da Família. A segunda não implica litígio
algum, sendo requerida pelos dois cônjuges de comum acordo e sem indicação da causa por
que é pedida.
Quanto aos efeitos da separação judicial de pessoas e bens, é necessário ter em conta
que a separação se destina a solucionar uma crise da vida matrimonial e que, portanto, é
preciso que o vínculo conjugal se relaxe o suficiente para que a crise seja resolvida através da
separação. Mas não pode esquecer-se também que a separação não é o divórcio e, portanto,
não pode autorizar os cônjuges a exercer antecipadamente direitos dependentes da dissolução
do matrimónio. Daí que o artigo 181 da Lei da Família acautele nesse sentido, ao explicitar
que a separação de pessoas e bens não dissolve o casamento, apesar de, relativamente aos
bens, produzir os mesmos efeitos que produz a dissolução do casamento.
Quanto ao seu termo, a separação judicial de pessoas e bens termina pela reconciliação
dos cônjuges ou pela dissolução do casamento (artigo 183 da Lei da Família). Contudo, fica
12
claro que a lei encoraja e protege a reconciliação dos cônjuges separados, termos em que a
mesma presume ter havido reconciliação dos cônjuges se não tiver sido requerida no prazo
legal a conversão da separação judicial de pessoas e bens em divórcio (n.º 1 do artigo 184 da
Lei da Família).
Quanto ao regime de bens que fica a vigorar entre os cônjuges depois da reconciliação,
o legislador foi preciso ao dispor no n.º 2 da norma supra mencionada que a partir da
reconciliação os cônjuges se consideravam casados “segundo o regime da separação de bens”,
restabelecendo a vida em comum e o exercício pleno dos direitos e deveres conjugais. Os
efeitos da reconciliação verificam-se a partir da homologação judicial, nos termos do n.º 4 do
artigo 184 da Lei da Família.
Dispõe o artigo 97 da Lei da Família que os deveres (pessoais) dos cônjuges são os
seguintes: o respeito, a fidelidade, a coabitação, a assistência e a confiança. A doutrina de
Hélder Martins Leitão12 sustenta que, respeitar o outro cônjuge é não lesar a sua integridade
física ou moral, os seus direitos individuais, conjugais e familiares. Já de acordo com Coelho,
F. P.; Oliveira, G. (2016), o dever de fidelidade apresenta uma dupla vertente: fidelidade
física e fidelidade moral (ou seja, a mera ligação sentimental e platónica). Os mesmos autores
12
Leitão, H. M. (2004). Da acção de divórcio e da separação judicial de pessoas e bens. 7.ª edição, rev. e act.
Porto: Almeida & Leitão, Lda. p. 38.
13
entendem que o dever de coabitação pressupõe a comunhão de leito, mesa e habitação, regime
explicitado mo artigo 100 da Lei da Família.
Só tem legitimidade para requerer a acção, nos termos do artigo 189 da Lei da Família,
o cônjuge ofendido, ou:
d) O seu representante legal, em caso de interdição, se for autorizado pelo Conselho de
Família;
e) Parentes na linha recta ou até ao terceiro grau da linha colateral, se o representante
legal acima descrito for o outro cônjuge, mediante autorização do Conselho de
Família.
O direito á separação caduca no prazo de três anos a contar da data em que o cônjuge
ofendido ou seu representante tomou conhecimento do facto susceptivel de fundamento para o
pedido (n.º 1 do artigo 190 da Lei da Família).
Caberá ao tribunal, na sua sentença, nos termos do artigo 191 da Lei da Família,
declarar se ambos cônjuges são culpados ou apenas um deles, ou havendo culpa de ambos,
declarar aquele que tenha culpa consideravelmente superior à do outro, sendo excluída a
declaração de culpa nas circunstâncias previstas no n.º 2 do artigo 186 da mesma lei.
A declaração de culpa não impede o direito à meação, pelo qual os cônjuges têm
direito à metade ideal do património comum do casal, adquiridos na constância do casamento,
de conformidade com o artigo 192 da Lei da Família.
3 Conclusão
Nesta pesquisa procurou-se, a primeira vista, conceber as modalidades de modificação
e extinção da relação matrimonial, tendo como suporte fundamental a Lei da Família em vigor
e os escritos de Francisco Pereira Coelho e Guilherme de Oliveira (2016), entre outros
instrumentos legais aprovados e doutrinas relacionadas com a matéria.
Por seu turno, a extinção da relação matrimonial faz cessar todos os direitos e deveres
dos cônjuges que vigoravam na constância do casamento, com algumas excepções previstas
na lei, tais são os casos de prestação de alimentos, podendo assumir as modalidades de morte
de um dos cônjuges ou por divórcio (litigioso ou por mútuo consentimento).
17
4 Referências Bibliográficas
Coelho, F. P.; Oliveira, G. (2016). Curso de Direito da Família. Vol. I. 5.ª ed. Coimbra:
Imprensa da Universidade de Coimbra.
Leitão, H. M. (2004). Da acção de divórcio e da separação judicial de pessoas e bens. 7.ª
edição, rev. e act. Porto: Almeida & Leitão, Lda.
Lima, M. C. (1997). A Engenharia da Produção Acadêmica. São Paulo: Unidas.
Monteiro, W. B. (2004). Curso de Direito Civil. Direito de Família, Vol. 2. 37ª ed. São Paulo:
Ed. Saraiva.
Pontes de Miranda, F. C. (2001). Tratado de Direito de Família. 3º ed., Vol. I. São Paulo:
Max Limonad Editor.
Legislação:
República de Moçambique. Lei n.º 22/2019, de 11 de Dezembro – Lei da Família. Maputo:
Imprensa Nacional de Moçambique.
República de Moçambique. Lei n.º 23/2019, de 23 de Dezembro – Lei das Sucessões.
Maputo: Imprensa Nacional de Moçambique.