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Mateus Inácio Bichali

Tema:
PROCESSO DE SEPARAÇÃO E DE DIVÓRCIO
(Licenciatura em Direito)

Universidade Rovuma, Nampula


2023
Mateus Inácio Bichali

PROCESSO DE SEPARAÇÃO E DE DIVÓRCIO

Trabalho de carácter avaliativo a ser apresentado na


cadeira de Direito da Família. Io Semestre, 3o Ano.
Leccionada pelo:

Docente: Melquisedeque Muapala

Universidade Rovuma, Nampula

2023

2II
Índice
Introdução ....................................................................................................................................... 4

Procedimentos Metodológicos aplicados no trabalho..................................................................... 4

PROCESSO DE SEPARAÇÃO E DE DIVÓRCIO ....................................................................... 5

Visão histórica ................................................................................................................................ 5

O extinto instituto da separação ...................................................................................................... 5

Separação dos Cônjuges e dos Bens ............................................................................................... 6

Simples separação judicial de bens ................................................................................................. 6

Quantos aos Efeitos......................................................................................................................... 7

Separação litigiosa e por mútuo consentimento.............................................................................. 7

Reconciliação .................................................................................................................................. 7

Conversão da separação em divórcio .............................................................................................. 8

Separação por mútuo consentimento .............................................................................................. 8

O DIVÓRCIO. MODALIDADES .................................................................................................. 9

O divórcio não litigioso .................................................................................................................. 9

O divórcio litigioso ....................................................................................................................... 10

Conclusão...................................................................................................................................... 11

Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 12

III
3
Introdução

O presente trabalho tem como o teme o processo de separação e de divórcio. A separação de


fato, como o próprio nome diz, ocorre no mundo dos fatos. É ela que rompe o casamento, ainda
que ela tenha sido determinada judicialmente. Portanto, possui efeito desconstitutivo do
casamento, ainda que não o dissolva. A separação de corpos nada mais é do que a chancela
judicial da separação de fato, portanto tem efeito meramente declaratório. Quer seja pedida por
um do par, quer consensualmente, para delimitar o fim da união. O divórcio dissolve o vínculo
conjuga. Este é o único modo de dissolver o casamento, quer consensualmente, quer por meio de
acção litigiosa. E, se os cônjuges não tiverem pontos de discordância nem filhos nascituros ou
incapazes, podem obter o divórcio sem a intervenção judicial.

Objectivo geral do trabalho

Abordar aspectos inerentes a separação e o divórcio entre os cônjuges.

Objectivos específicos:

 Conhecer as causas da separação e de divórcio numa sociedade conjugal;


 Apresentar as modalidades de separação e de divórcio.

Procedimentos Metodológicos aplicados no trabalho

Neste capítulo espelhamos os procedimentos metodológicos e técnicos aplicados no presente


trabalho. Quanto aos procedimentos técnicos:
O presente trabalho foi aplicada a pesquisa bibliográfica pelo facto de ser uma das mais comuns.
E considerada obrigatória em quase todos os moldes de trabalhos científicos. Com base neste
tipo de pesquisa, recolhemos informações a partir de textos, livros, artigos e demais materiais de
carácter científico, como se pode observar nas referências bibliográfica ao longo do nosso texto e
segundo a lista bibliográfica. Nisso, a pesquisa bibliográfica ajudou a compreender, no âmbito da
doutrina, a adequação no contexto da invalidade do facto jurídico.
Classificamos também como documental, do ponto de vista de procedimentos técnicos, visto
termos recorrido a legislação pertinente relativa a abordagem e outros documentos relevantes que
deram suporte para a concretização da presente trabalho

4
PROCESSO DE SEPARAÇÃO E DE DIVÓRCIO

Visão histórica

Para o doutrinador DIAS (2016.P.353) explica-se que, para entender a razão dos empecilhos
historicamente impostos ao fim do casamento, ‘‘é necessário atentar ao conceito de família,
valorada como um bem em si mesmo’’1. Sua manutenção era uma tentativa de consolidar as
relações sociais. Tanto era assim que a ideia de família sempre esteve ligada à de casamento.
Vínculos extramatrimoniais eram reprovados socialmente e punidos pela lei. O rompimento da
sociedade marital afigurava-se como um esfacelamento da própria família. Para a obtenção do
divórcio, eram impostos vários entraves. Primeiro as pessoas precisavam se separar. Só depois é
que podiam converter a separação em divórcio. A dissolução do vínculo conjugal era autorizada
uma única vez. Segundo DIAS (2016.p.354) o Primeiro passo que limitou o intervencionismo do
‘‘Estado foi a possibilidade de a separação e o divórcio consensual serem feitos
administrativamente por meio de escritura pública. Para isso, além de haver pleno consenso entre
os cônjuges, indispensável que não exista filhos menores ou incapazes’’2. Vivendo a sociedade
novo momento histórico, tão bem apreendido pela Constituição, sempre se questionou a
legitimidade do Estado para estabelecer restrições ao desejo de alguém de romper o casamento.
Além do mais, nada justificava a permanência de modalidades diversas para acabar com a vida
conjugal. Nunca foi aceita a opção do legislador de manter regras próprias para a separação
judicial (instituindo sistema fechado, rígido e com causas específicas, discutindo culpa, saúde
mental e falência do amor) e admitir o divórcio submetido a um único requisito objectivo: o
tempo.

O extinto instituto da separação

Como diz (PAULO LÔBO apud, DIAS,2016.P.359), perdida a razão histórica da separação,
fundada na indissolubilidade matrimonial e de obstáculo à obtenção do divórcio directo, sua
permanência vai de encontro e não ao encontro dos valores contemporâneos que se projectaram
na Constituição e no ordenamento jurídico moçambicano de autonomia e liberdade de entrar e
sair de qualquer relacionamento conjugal. Separação e divórcio são institutos que não se
1
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª. Edição revista, actualizada e ampliada. São Paulo.
2016.p.353.
2
Cfr.354.

5
confundem. Embora distintos, serviam ao mesmo propósito: pôr fim ao casamento. A diferença
entre ambos sempre causou alguma perplexidade. No entendimento do autor DIAS (2016.P.356)
diz que a sociedade conjugal termina pela3:

Morte, pela nulidade ou anulação do casamento, pelo divórcio


e pela separação, mas que somente se dissolve pela morte ou
pelo divórcio, mas a verdade é uma só: a única forma de
dissolução do casamento é o divórcio.

Separação dos Cônjuges e dos Bens

Artigo 26º do CPC, o Conceito de legitimidade constitui importante. O autor é parte legítima
quando tem interesse directo em demandar; o réu é parte legítima quando tem interesse directo
em contradizer. Observando as situações previstos nos termos dos art.17 do CPC sobre a
capacidade judiciária dos cônjuges, art.28 (A-B) acções que tem de ser propostas por ambos ou
contra ambos os cônjuges e acções nos casos de união de facto. Art.75 do CPC, para as acções de
divórcio e de separação de pessoas e bens é competente o tribunal do domicílio ou da residência
do autor. Art.1417 do CPC, trata-se aspectos inerentes a conversão da separação em divórcio,
observando também aspectos da reconciliação dos cônjuges art.1418 do CPC, separação por
mútuo consentimento art.1419 a 1424 do CPC, verificação da gravidez art.1446 a 14494.

Simples separação judicial de bens

A simples separação judicial de bens pode ser requerida por qualquer dos cônjuges quando
houver perigo de perder bens próprios ou comuns por má administração imputável ao outro
cônjuge.5 Nos termos do art.175 da lei da família (Lei n˚.22/2019 de 11 de Dezembro),
estabelece que: Carácter litigioso da separação, só pode ser decretado judicialmente em acção
intentada contra o cônjuge administrador. A lei da família no art.176, diz que, só tem
legitimidade para a acção de separação o cônjuge lesado ou, estando ele interdito, o seu
representante legal, ouvido o conselho de família. Se o representante legal for o cônjuge

3
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª. Edição revista, actualizada e ampliada. São Paulo.
2016.p.356.
4
Código de Processo Civil – aprovado pelo Decreto-Lei n.º 44 129, de 28 de Dezembro de 1961, ALTERADO POR:
Decreto-Lei n.º 1/2013, de 4 de Julho (última alteração).
5
Art.174 da Lei da Família, Lei n˚.22/2019 de 11 de Dezembro (Lei da Família e revoga a Lei n.º 10/2004, de 25 de
Agosto. (Fundamento da separação).

6
administrador, a acção pode ser intentada, em nome do outro cônjuge, por algum parente dele na
linha recta ou até ao terceiro grau da linha colateral. Se o cônjuge lesado estiver inabilitado, a
acção pode ser intentada por ele, ou pelo curador com autorização judicial.

Quantos aos Efeitos

Art.177 da lei da família, estabelece que, após o trânsito em julgado da sentença que decretar a
separação judicial de bens, o regime matrimonial, sem prejuízo do disposto em matéria de
registo, passa a ser o da separação, procedendo-se à partilha do património comum como se o
casamento tivesse sido dissolvido; a partilha pode fazer-se extrajudicialmente ou por inventário
judicial. A simples separação judicial de bens é irrevogável.

Separação litigiosa e por mútuo consentimento

A separação judicial de pessoas e bens pode ser requerida por um dos cônjuges com fundamento
em algum dos factos referidos no artigo 186 da presente Lei6: Violência doméstica; adultério do
outro cônjuge; vida e costumes desonrosos do outro cônjuge; abandono completo do lar conjugal
por parte do outro cônjuge, por tempo superior a um ano; condenação definitiva por crime doloso
que ofenda seriamente a manutenção do vínculo conjugal; qualquer outro facto que constitua
violação grave dos deveres conjugais. Constituem ainda fundamento de separação litigiosa de
pessoas e bens: a separação de facto por mais de três anos; a demência notória superveniente e
incurável, mesmo com intervalos de lucidez.

Reconciliação

Fazendo uma interpretação dos art.183 e 184 da lei da família, podemos dizer que, separação
tinha como única vantagem a possibilidade de o casal revertê-la, caso houvesse a reconciliação.
Como a separação não terminava com o vínculo matrimonial, era assegurado o direito de os
cônjuges volverem ao casamento, sem a necessidade de casar novamente. Nada mais do que a
consagração do que se pode chamar de cláusula de arrependimento. Esse benefício da separação,

6
Art.186 da Lei da Família, Lei n˚.22/2019 de 11 de Dezembro (Lei da Família e revoga a Lei n.º 10/2004, de 25 de
Agosto. A separação judicial de pessoas e bens pode ser requerida por um dos cônjuges com fundamento em algum
dos factos referidos no artigo 186 da presente Lei, ou por ambos de comum acordo, no primeiro caso diz-se litigiosa,
no segundo, por mútuo consentimento. Na apreciação da relevância dos factos invocados deve o tribunal ter em
conta a condição social dos cônjuges, o seu grau de educação e sensibilidade moral e quaisquer outras circunstâncias
atendíveis.vid.art.187.

7
porém, era deveras insignificante, até porque raras as reversões de que se tem notícia. Como a lei
fala em restabelecer, cabe atentar aos seus efeitos - quer pessoais, quer patrimoniais - durante o
período em que o casal esteve separado. Conquanto o casamento se restaure nos mesmos termos
em que foi constituído, nada impede que aproveitem os cônjuges o procedimento da reversão
para pleitear alteração do regime de bens. Reconciliado o par e não levado a juízo o pedido de
homologação do restabelecimento da sociedade conjugal, o casamento não renasce. Ainda que
durante o período da separação o vínculo conjugal tenha continuado hígido, a separação rompeu
o casamento. Voltando o casal a viver juntos, constituem uma união estável. Tal circunstância
pode ensejar a alteração do regime de bens. O estado civil continua sendo o de separados7.

Caducidade da acção

Nos termos do art.190 da lei da família, estabelece que, o direito à separação caduca no prazo de
três anos, a contar da data em que o cônjuge ofendido ou o seu representante legal teve
conhecimento do facto susceptível de fundamentar o pedido. O exercício da acção penal
relativamente a algum facto capaz de fundamentar a separação não prejudica o direito de
requerer esta com fundamento no mesmo facto.

Conversão da separação em divórcio

Decorridos três anos sobre o trânsito em julgado da sentença que tiver decretado a separação
judicial de pessoas e bens, litigiosa ou por mútuo consentimento, sem que os cônjuges se tenham
reconciliado, a qualquer deles é lícito requerer que a separação seja convertida em divórcio.
Salvo, se o outro cometer adultério depois da separação8.

Separação por mútuo consentimento. Art.194 da lei da família, estabelece os requisitos


fundamentais para que haja a separação por mútuo consentimento, na qual preconiza que9: Só
podem requerer a separação judicial de pessoas e bens por mútuo consentimento os cônjuges
casados há mais de três anos e que estejam de acordo quanto ao exercício do poder parental e à

7
Art.181 da lei da família. A separação de pessoas e bens não dissolve o casamento. Relativamente aos bens, a
separação produz os mesmos efeitos que produz a dissolução do casamento.
8
Art.203 da lei da família.
9
Art.194 da Lei da Família, Lei n˚.22/2019 de 11 de Dezembro (Lei da Família e revoga a Lei n.º 10/2004, de 25 de
Agosto. (Art.195 Desnecessidade de fundamentação. O pedido de separação por mútuo consentimento não carece de
ser fundamentado, apresenta apenas os requisitos da separação por mútuo consentimento).

8
partilha dos bens do casal. Art.196 a separação por mútuo consentimento não é homologada
definitivamente sem que decorra um ano da separação provisória. Art.197 no âmbito da
Competência para decretar a separação de pessoas e bens por mútuo consentimento é requerida
ao conservador do registo civil da área da residência dos cônjuges, juntando-se ao requerimento
o respectivo acordo sobre o exercício do poder parental e sobre a partilha dos bens do casal.

O DIVÓRCIO. MODALIDADES

O divórcio consiste na ruptura do vínculo matrimonial, que se opera por meio de uma sentença
judicial, habilitando as pessoas a contrair novas núpcias. Este ‘‘é o único modo de dissolver o
casamento, quer consensualmente, quer por meio de acção litigiosa’’10. Para doutrinador DIOGO
LEITE DE CANPOS (1997.P.284), entende-se por divórcio a dissolução do casamento decretada
pelo tribunal ainda de ambos os cônjuges, a requerimento de um deles ou dos dois autorizados
por lei11. O divórcio compreende duas modalidades: divórcio por mútuo consentimento e
divórcio litigioso. O primeiro é pedido por ambos dos cônjuges de comum acordo. O segundo é
pedido por um dos cônjuges contra o outro, com fundamento em determinada causa. O direito ao
divórcio é um direito potestativo, pois se traduz no poder de produzir determinado efeito jurídico
na esfera jurídica de outrem, a dissolução do vínculo conjugal. Embora, para produzir os seus
efeitos, tenha de ser integrado por um acto judicial. É um direito potestativo extinto e é um
direito pessoal, atribuído exclusivamente aos cônjuges. CARDIN (2012.p.84), admite-se duas
formas de divórcio12: a) o directo, que ocorria pela forma consensual; b) o indirecto, que poderia
ser consensual ou litigioso. Nos termos do art.200, a Lei da Família, Lei n˚.22/2019 de 11 de
Dezembro (Lei da Família e revoga a Lei n.º 10/2004, de 25 de Agosto, estabelece que ‘‘o
divórcio pode ser não litigioso ou litigioso’’.

O divórcio não litigioso

Nos termos do art.200 da lei da família, estabelece que, divórcio não litigioso deve ser requerido
na Conservatória do Registo Civil da área da residência dos cônjuges, por ambos e de comum

10
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª. Edição revista, actualizada e ampliada. São Paulo.
2016.p.372.
11
DE CAMPOS, Diogo Leite. Lições de direito da Família e das Sucessões. Almeida, sa. 2ª Edição revista e
actualizada.p.284.
12
CARDIN, Valéria Silva Galdino. Dano moral no direito de família. São Paulo: Saraiva, 2012.p.84.

9
acordo, se o casal estiver casado há mais de três anos e separado de facto há mais de um ano
consecutivo. Entende-se que há separação de facto quando não exista comunhão de vida material
e afectiva entre os cônjuges e exista por parte de ambos, ou de um deles o propósito de a não
restabelecer. No pedido de divórcio não litigioso os cônjuges não necessitam de mencionar as
suas causas. O divórcio não litigioso depende ainda da existência de acordo entre os cônjuges,
quanto a13: Regulação do poder parental; prestação de alimentos ao cônjuge que deles careça;
destino da casa de morada da família; relação dos bens do casal, com indicação do seu valor,
efectivamente partilhados ou a serem submetidos à partilha. Não sendo possível a reconciliação,
o conservador do registo civil verifica se os acordos reflectem a vontade livre e consciente de
ambos os cônjuges e se protegem os interesses dos filhos, podendo sugerir as alterações
necessárias e sem os quais o divórcio não pode ser decretado.

O divórcio litigioso

O divórcio litigioso é requerido no tribunal, por um dos cônjuges contra o outro, com
fundamento em algum dos factos referidos no artigo 186 da presente Lei ou mediante conversão
da separação judicial de pessoas e bens.

Limitação temporária ao divórcio

Nos termos do art.204 da lei da família, estabelece que, o marido não pode requerer o divórcio
litigioso durante a gravidez da mulher, mantendo-se a proibição até um ano depois do parto,
salvo se atribuir a gravidez ao adultério. Decisão do tribunal

O tribunal, na sentença final, pode decretar, em vez do divórcio, a separação judicial de pessoas
e bens, mesmo que esta não tenha sido pedida, se entender que as circunstâncias do caso,
designadamente a viabilidade de uma reconciliação, aconselham a não dissolução do
casamento14. Autor DIAS (2016.p.360) explica que, restabelecer significa repor, restaurar,
colocar no antigo estado, fazer existir novamente, isto é, voltar à condição de casado15.

13
Art.201 da Lei da Família, Lei n˚.22/2019 de 11 de Dezembro (Lei da Família e revoga a Lei n.º 10/2004, de 25
de Agosto.
14
ARTIGO 205.
15
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª. Edição (São Paulo.p.360).

10
Conclusão

Em jeito de conclusão do presente trabalho, entendemos que , quanto o adultério sobre o prazo
de três anos no âmbito do divórcio, os separados judicialmente ou separados de corpos, por
decisão judicial, podem pedir imediatamente a decretação do divórcio sem haver a necessidade
de aguardar o decurso de qualquer prazo. Estando em andamento o procedimento de conversão
da separação em divórcio, em vez da extinção de plano do processo, cabe ao juiz simplesmente
decretar, de ofício, o divórcio. Não é necessário sequer intimar as partes. Os factos enumerados
no artigo 186 da presente Lei, só justificam a separação quando comprometem a possibilidade de
vida em comum dos cônjuges. Na apreciação da relevância dos factos invocados deve o tribunal
ter em conta a condição social dos cônjuges, o seu grau de educação e sensibilidade moral e
quaisquer outras circunstâncias atendíveis. O cônjuge inocente pode renunciar aos referidos
benefícios por simples declaração unilateral de vontade, mas, havendo filhos, a renúncia só é
permitida a favor destes. Difícil identificar quais interesses mereceriam ser tutelados a ponto de
casamentos desfeitos não terem seu término chancelado pelo Estado. Torna se importante saber
de que a preservação dos filhos não serve de motivação. A separação dos pais não rompe a
unidade familiar, que se perpetua independentemente da relação dos genitores. Portanto, não
existe mais qualquer causa que termine a sociedade conjugal, a não ser a separação de fato e a
separação de corpos. Somente pode ocorrer sua dissolução: pela morte de um dos cônjuges;
quando do trânsito em julgado da sentença anulatória do casamento; ou com o divórcio. Mais o
direito em si, tutela ou seja protege o casamento para a produção dos efeitos jurídicos, olhando
muito mais a questão dos princípios constitucionais de direito da família. Isto quer dizer os
princípios de direito de família fortifica a relação conjugal ou seja protege o casal não olhando
apenas no sentido a amplo do conceito da família, e suas fontes, para que o processo de
separação e o divórcio ser visto como uma situação não construtiva dentro de família. Sendo que
a família é a base de toda sociedade como preconiza o próprio texto constitucional, logo, ela
deve ser protegida e valorizada, como um dos institutos jurídico de segurança social.

11
Referências Bibliográficas

Legislação

 Código de Processo Civil – aprovado pelo Decreto-Lei n.º 44 129, de 28 de Dezembro de


1961, ALTERADO POR: Decreto-Lei n.º 1/2013, de 4 de Julho (última alteração).

 Lei da Família, Lei n˚.22/2019 de 11 de Dezembro (Lei da Família e revoga a Lei n.º
10/2004, de 25 de Agosto.

Doutrina

 CARDIN, Valéria Silva Galdino. Dano moral no direito de família. São Paulo: Saraiva,
2012.

 DE CAMPOS, Diogo Leite. Lições de direito da Família e das Sucessões. Almeida, sa. 2ª
Edição revista e actualizada.1997.

 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11ª. Edição revista, actualizada
e ampliada. São Paulo. 2016.

 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direito de família. 26. ed.
Rio de Janeiro : Forense.2018.

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