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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Direito
Direito dos Registos e Notariado

(sempre com base na Lei)

I Teste

Grupo I: 7 Valores

Qualifique, corrija e complete o conteúdo do assento de nascimento, indicando os princípios


registrais aplicáveis:

Conservatória do Registo Civil de Chimoio, Manica

Competência territorial violada: artigos 12 e 126 do CRC. Havia a possibilidade4 de a


Conservatória de Chimoio ser intermediária: artigo 14 CRC

Assento número dez barra dois mil e catorze.

Nome Completo: António Bernardo Fanuel Maganda Mumbissane Fabião Cunha Muianga.

Correcção: António Bernardo (nomes próprio) Munguambe (apelido). Pode se ter também a
opção de Bruna Munguambe (apelidos). Números 1 e 3 do artigo 129 CRC. Os apelidos devem
se associar à filiação e no caso vertente só temos a maternidade. Se alguém optasse em
suprir a omissão da paternidade devia explicar o mecanismo de estabelecimento da
paternidade aplicável aos dados fornecidos.

Sexo: masculino.

Dia de nascimento: dezoito de Fevereiro de mil novecentos e noventa.

Lugar de nascimento: Pemba

Residência: Pemba

Pai……………………………………………………………………………………

Mãe: Bruna Munguambe.

Avós paternos……………………………………………………………………………………

Avos maternos: Isaltino Munguambe e Parmona Munguambe.

Este assento foi lavrado com base em declaração da Elisa Munguambe, irmã da Bruna
Munguambe, residente em Chokwe que assina comigo conservador

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Legitimidade da declarante incorrecta. O nascimento ocorreu há mais de um ano aplicando-se
o número 1 do artigo 124 CRC: ele próprio por ser maior de 14 anos ou outras pessoas nos
termos ai previstos.

Chimoio, 16 de Agosto de 2014

Grupo II: 6.5 Valores

Qualifique,corrija e complete o conteúdo do assento de filiação:

Conservatória do Registo da Maxixe, Inhambane

Assento: 40/2014

No dia três de Março de dois mil e catorze, nesta conservatória, perante mim Manuel Didier
Malunga, conservador, compareceu João Pedro Malume, casado com Rita Pedro Malume e
declarou que, da sua livre vontade, reconhece como seu filho Adriano Paulo, de 9 anos, natural
de Pemba onde reside.

Apenas qualificar: Trata-se de perfilhação mas atente à irregularidade infra (abaixo).

O assento de nascimento do Adriano Pedro já havia sido lavrado em 2008 por declaração da
Josefina Matola, irmã da mãe Lúcia Matola, falecida seis meses após o nascimento do Adriano.
O Conservador do Registo Civil da Maxixe estabeleceu, na altura, a maternidade da mãe
mediante declaração da mãe constante de um requerimento feito em vida, dirigido a
Conservatória com reconhecimento presencial da assinatura perante o Notário.

Quanto à legitimidade para declarar o nascimento: número do citado artigo 124 pois em 2008
o filho tinha 6 anos. Quanto à maternidade, o documento apresentado não foi o legal pois as
regras de estabelecimento da maternidade não prevêem aquela via.

No caso vertente poderia seguir pela investigação da maternidade nos termos previstos nos
artigos 224 e seguintes da Lei da Família.

Quanto à paternidade, nota-se do assento do nascimento um averbamento feito pelo


Conservador em Dezembro de 2006, cancelando a paternidade que havia sido feita por
perfilhação pelo Honório Pires em testamento datado de Janeiro de 2006, averbado em Março
do mesmo ano após a morte do Honório. Aconteceu que em Dezembro de 2006, chegou nas
mãos do Conservador um outro testamento feito em Fevereiro de 2006 a revogar o primeiro, o
que fundamentou o cancelamento da paternidade pela dita revogação.

Temos uma perfilhação antes de registo de nascimento. Esta situação deve ser corrigida pois
a perfilhação só pode ser feita averbada após o registo de nascimento do filho. O conservador
recebeu certamente um testamento após a morte do progenitor e recebeu um outro
testamento revogatório. Este aspecto é que tem interesse pois o artigo 266 da Lei da Família
preconiza a irrevogabilidade da perfilhação mesmo quando se revogue o testamento.
Conclui-se que com a entrada do registo em 2008, estampa-se a perfilhação já feita.

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Maxixe, 3/3/14

Grupo III: 6.5 Valores

Qualifique o conteúdo e corrija o seguinte assento de casamento:

Maria Fonseca, 17 anos, nacional portuguesa e Joaquim Afonso, 19 anos, moçambicano e


angolano, têm o casamento celebrado na Conservatória de Chimoio onde residem. Do assento
consta que o conservador anexou os documentos que exigiu para a legalidade do matrimónio,
designadamente:

a) Certidões de nascimento dos dois; apenas a certidão de nascimento do Joaquim por a


ele prevalecer a nacionalidade moçambicana nos termos do artigo 33 da Constituição
da República. À cidadã estrangeira exige-se o certificado de capacidade matrimonial
previsto no artigo 201 do CRC por força do artigo 49 do Código Civil.
b) Prova de consentimento dos pais da nubente nos termos do número 2 do artigo 30 da
Lei da Família, justificando que ela casava por estar grávida; não se aplica pois ela é
estrangeira: lei pessoal
c) Escritura de convenção antenupcial na qual estipula-se o regime da comunhão de bens;
para o nacional havia que apurar se a escritura foi antecipada do consentimento dos
pais nos termos do artigo 128 da Lei da família
d) Documento da única testemunha que assinou o acto; duas testemunhas nos termos do
número 1 do artigo 189 do CRC
e) Assinaram o assento: a já referida testemunha e os nubentes foram representados pelos
seus advogados, Francisco e Saraiva. O Conservador foi substituído por Mendonça
Abreu, Procurador da República que casualmente presenciou o acto pois o Conservador
havia esquecido os óculos e o pediu para fazê-lo por ser representante do Estado. O
artigo 53 do CRC impõe que só um dos nubentes se pode fazer representar. O
Procurador é incompetente para este acto em razão da matéria.

Boa sorte

M. Setembro de 14

M. Didier Malunga

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