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Casos práticos de Direito da Família

Caso n.º 1
António casou com Beatriz e o casal teve 3 filhos: Carlos, Daniel e Elsa.
Carlos teve uma filha, Helena, e posteriormente casou com Francisca, que, por sua vez, já tinha
também um filho, Gonçalo.
Daniel casou com Inês e o casal teve um filho, João. Mais tarde, Inês veio a adotar plenamente
Luísa, filha da sua irmã Mariana, entretanto falecida.
Elsa vive em há 10 anos em união de facto com Nuno e resolve apadrinhar civilmente Rosalina.

a) Diga se existem relações familiares entre os vários protagonistas desta hipótese. Caso
existam relações de parentesco ou de afinidade, refira as linhas e os graus respetivos.
Vínculo conjugal – A e B, F e C, D e I.
Vínculo de parentesco – (Art.º 1578 CC)
Vínculo através da afinidade- (Art.º1584 CC)
b) Existem impedimentos ao casamento entre Helena e Gonçalo? E entre João e Luísa? E entre
Nuno e Rosalina?
Helena e Gonçalo –
João e Luísa –
Nuno e Rosalina – Tendo em conta que estamos perante um apadrinhamento civil, o
vínculo de apadrinhamento civil é impedimento a celebração do casamento entre
padrinhos e afilhados. (Art.º 22/1 LAC)

Caso n.º 2
(Promessa de casamento)
Vítor propõe casamento a Fátima e esta aceita começando desde logo a preparar a cerimónia, o
banquete, o vestido e o restante enxoval, tendo também celebrado um contrato-promessa de
compra e venda de um imóvel que seria a casa de morada de família.
Considere as 3 seguintes hipóteses:
a) Instado a fazer análises pela noiva, Vítor descobre que é seropositivo e cancela o
casamento;
b) Vítor apaixona-se por Madalena e cancela o casamento;
c) Fátima descobre que Vítor mantem um relacionamento amoroso com Idalina e cancela
o casamento.

1- Em qualquer destas 3 hipóteses, poderá Fátima exigir de Vítor uma indemnização pelas
despesas já efetuadas e pelos danos morais sofridos?
2- E poderá Fátima exigir de Vítor a restituição dos donativos que lhe havia feito,
mantendo aqueles que Vítor e os demais convidados lhe haviam oferecido?

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Caso n.º 3
(Impedimentos matrimoniais)
António, casado com Maria, apaixona-se por Teresa e mata a mulher, tendo sido condenado em
setembro do ano passado pela prática do crime de homicídio doloso.
Pretendendo António casar civilmente com Teresa, existem impedimentos a este casamento?

Creio que neste caso não existe qualquer tipo de impedimento, tendo em conta que não nos
encontramos dentro dos pressupostos dos impedimentos. (art.º 1602, al. e) CC)
Art.º 30, n.º 3 – pode-se levantar a inconstitucionalidade desta norma do art.º 1602, al. e)
CC (Jorge Pinheiro)
Normas de impedimentos excecionais não se pode aplicar a analogia, apenas fazer uma
interpretação extensiva.

Caso n.º 4
(Impedimentos matrimoniais)
Pedro e Mariana casaram catolicamente em 1990.
Em 2010 divorciaram-se, mantendo, contudo, uma convivência matrimonial.
Pretendem agora casar civilmente. Podem fazê-lo?

Creio que sim, pois podem voltar a casar não existe nenhuma norma no código que proíba
qua as pessoas se casem mais do que uma vez com a mesma pessoa.
Art.º 1589, n.º 2 CC – ratio da norma (para evitar atos inúteis)
Para além de que não constitui qualquer impedimento absoluto nem relativo de acordo
com o art.º 1600 CC.

Caso n.º 5
(Impedimentos, vícios da vontade e formalidades do casamento)
Antónia e Bernardo, maiores, contraíram casamento católico em Lisboa em janeiro de 2020.
O funcionário do registo civil recusou a transcrição de tal casamento, invocando a existência de
graves perturbações mentais por parte de Antónia, facto que lhe foi comunicado, já depois da
celebração do casamento, por Duarte, médico assistente de Antónia.
Em agosto de 2020, Bernardo e Carla, de 16 anos, filha de Antónia, contraem casamento civil.
a) Existiam impedimentos ao casamento celebrado entre Antónia e Bernardo?
Sim, um casamento válido requer, segundo a lei, ausência de anomalia psíquica notória
por parte de ambos os nubentes. A anomalia psíquica notória determina, pois, a
invalidade do asamento, sendo que de acordo com o artigo 1601.º, al. B CC, este constitui
um impedimento dirimente absoluto. Neste caso em concreto, o casamento á anulável, de
acordo com o art.º 1631, al. A) CC.
E entre este e Carla?
O código permite que menores a partir dos 16 anos contraiam casamento, o que acaba por
resultar do art.º 1601, al. a) CC. No entanto, o art.º 1604, al. a) CC diz nos que é necessária
a autorização dos pais para o casamento e quando não suprida pelo conservador do
registo civil (impedimento impediente)
Impedimento dirimente relativo, pois consagra uma situação de afinidade na linha reta
(art.º 1602, al. d) CC) – caso o casamento fosse válido.
Impedimento dirimente absoluto, art.º 1601 al. c) CC, anulabilidade (1631 CC)

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b) Poderá Carla anular o seu casamento alegando que só se casou com Bernardo na medida
em que este lhe disse que, caso contrário, internava Antónia num hospital psiquiátrico?
Coação moral – art.º 1638 CC
Estamos perante um caso de coação moral (art.º 1638 CC), pois Bernardo coagiu Carla a
casar-se com ele com o fundamento que internava Antónia.
Nos termos do art.º 1631, al. b) CC, a coação é uma das causas de anulabilidade do
casamento, podendo arguir a anulabilidade do casamento.
Quando o consentimento for prestado por falta de vontade, vontade viciada, erro ou
coação e se verificarem as respetivas condições de relevância, o casamento é anulável, nos
termos do art.º 1631, al. b).
A ação de anulação só pode ser intentada pelo cônjuge enganado (art.º. º1641), dentro dos
6 meses subsequentes à cessação do vício (art.º 1645).

Formalidades do casamento:
 Formalidades prévias – processo preliminar do casamento (1610.º), publicitação da
intenção de se casar.
 Formalidades da celebração casamento – registo do casamento (forma do
casamento é solene, exige intervenção de uma autoridade publica, cerimónia
publica, tem de seguir esta fórmula.
 Formalidades subsequentes – registo do casamento é regido pelo código civil.

Caso n.º 6
(Impedimentos e formalidades do casamento)

Catarina e David, solteiros, conheceram-se em maio e, após um tórrido romance, decidiram


casar civilmente dois meses mais tarde.
Já depois de manifestado o consentimento por ambos os nubentes, mas antes de o conservador
do Registo Civil ter lavrado o assento de casamento, surge Isabel, mãe de Catarina, alegando
que não dera autorização para que a sua filha, de 15 anos, se casasse.
Em virtude da perturbação gerada, o conservador do Registo Civil resolveu suspender, de
imediato, a cerimónia.
a) Considera adequada a atitude do conservador de não registar o casamento?
b) Poderão Catarina e David invalidar este casamento? Se sim, com que fundamentos e em
que prazo?

Caso n.º 7
(Casamento urgente e vícios da vontade)
Manuel e Francisca são namorados e têm o casamento marcado para daqui a um mês.
Ao atravessarem a Av. da Liberdade, Manuel é atropelado por Pedro, que não respeitou o sinal
vermelho, e sofre traumatismos diversos.

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Perante a morte iminente de Manuel, Francisca pergunta-lhe se quer casar com ele. Como
Manuel já não conseguia falar, Francisca força-lhe a cabeça em sinal de assentimento e ameaça
Pedro de revelar que desrespeitou o sinal vermelho se este não lavrar a ata do casamento.
Milagrosamente e após ter passado 6 meses em coma, Manuel desperta e descobre não só que
tinha casado com Francisca, como ainda que esta tinha tido um filho, sendo que desconhecia em
absoluto esta gravidez.
a) Foram respeitadas as formalidades exigidas para este casamento?
Neste caso estamos perante um casamento urgente (art.º 1622 e seg. CC), uma vez que
existe um fundado receio de morte por parte de Manuel.

Normalmente há avaliação previa → casamentos civis urgentes, mas que têm que
Normalmente existe uma avaliação prévia, no entanto nos casamentos urgentes civis esse
processo preliminar é dispensado (art.º 1622 CC).
Contudo, o casamento urgente tem de preencher os pressupostos do art. º1622/1 CC e 156
CRC:
 É necessária uma proclamação oral ou escrita de que vai celebrar-se um
casamento, pelo funcionário do registo ou por alguma das pessoas presentes.
 Declaração expressa do consentimento, perante quatro testemunhas.
 Redação da ata do casamento, por documento escrito, assinada por todos os
intervenientes.
 O artigo 1623 CC diz ainda que caso não tenha ocorrido o processo preliminar, é
necessário que haja esta avaliação à posteriori e depois que a decisão seja
homologada.

Neste caso, não estão cumpridas as exigências da lei:


 Pois não existia uma declaração expressa do consentimento de Manuel uma vez
que este nada disse, acabando por ser forçado por Francisca a assentir.
 Não estavam presentes as quatro testemunhas que a lei exigia (156 CRC) –
impedimento dirimente (art.º 1601, al. b))
 Redação da ata, uma vez que Francisca coagiu moralmente Pedro a elaborar a
mesma.
Não estando preenchidos os requisitos (art.º 156 e 160 CRC), tendo como consequência a
inexistência do casamento (art.º 1628 CC)

b) Terá Manuel fundamentos, legitimidade e prazo para anulá-lo?


Consentimento foi prestado por falta de vontade (1635.º, al. a) CC e/ou c) CC) e neste caso
é anulável, nos termos do art.º 1631, al. b) CC.
A ação de anulação só pode ser intentada pelo cônjuge que foi vítima da coação, conforme
o art.º 1641 CC. Sendo que neste caso, Manuel teria legitimidade para arguir a anulação
do casamento.
Relativamente ao prazo para a anulação fundada na falta de vontade (art.º 1644 CC), a
ação pode ser instaurada num prazo de 3 anos apos a celebração do casamento (princípio
geral), pode aplicar-se o prazo dos 3 anos. (este prazo é mais favorável)

Caso n.º 8
(Consentimento e formalidades)
Bento e Júlia pretendem casar. Todavia, encontrando-se Bento em missão no estrangeiro,
telefona ao seu irmão Joaquim e pede-lhe para este o representar na cerimónia do casamento.
No dia do casamento, Júlia envia um fax a Bento onde o informa que, atendendo ao facto de
este se encontrar no estrangeiro, não tenciona cumprir o dever de fidelidade.

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Perante este fax, Bento resolve cancelar o casamento, mas, quando contacta o irmão, este
informa-o que o casamento já foi celebrado.
Terá Bento fundamentos para anular este casamento?

Casamento por procuração (art.º 1620 CC e 44 CRC)


Esta procuração deve conter poderes especiais para o ato, a designação expressa do outro
nubente e a indicação da modalidade do casamento.
Art.º 43, n.º 2 CRC e 44 – Procuração com poderes especiais, pode ser passada por
documento autenticado, instrumento público (procuração feita pelo cartório ou pelo
consulado português) e documento assinado pelo representado com reconhecimento
presencial da assinatura.
No entanto, creio que a procuração de Bento a Joaquim não se encontre válida, dando
lugar à nulidade da procuração sendo o casamento inexistente. Art. 220 CC e 1628, al. d)
CC
O art.º 1621, n.º 2 CC, diz que o constituinte pode revogar a todo o tempo a procuração,
mas é responsável pelo prejuízo que causar se, por culpa sua, o não fizer a tempo de evitar
a celebração do casamento, como é o caso uma vez que este não informou Joaquim a
tempo para cancelar o cancelamento.
Problemas: Forma da revogação da procuração

Erro que vicia a vontade (art.° 1636 Cc)

Incumprimento do dever de fidelidade (caso o casamento fosse válido)


O art.º 1672 enumera os deveres recíprocos dos cônjuges incluindo o dever de fidelidade.
É clara a inderrogabilidade dos deveres conjugais, que já decorrem do art.º 1618.
A violação dos deveres conjugais permite, a obtenção imediata do divórcio por um dos
cônjuges, sem a dependência de um prazo de separação de facto (art.º 1781, al. d) CC) e a
aplicação do instituto geral da responsabilidade civil.

Caso n.º 9
(Impedimentos e consentimento)
Bernardo, angolano, pretende casar com Celeste, portuguesa, com o único propósito de adquirir
a nacionalidade portuguesa.
Celeste aceita mas no dia do casamento arrepende-se. Perante a recusa de Celeste, Bernardo
ameaça contar aos pais dela que Celeste não é virgem, pelo que esta, receosa da reação dos pais,
ultraconservadores, acaba por casar.
Um mês mais tarde, Celeste descobre que Bernardo já era casado com Dina.

Poderá Celeste anular o seu casamento com Bernardo?

Caso n.º 10
(Casamento putativo)
Jorge e Margarida casam civilmente em 2018.

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Em 2019, por ocasião do nascimento do 1º filho do casal, Jorge doa a Margarida um luxuoso
apartamento em Lisboa.
Em abril de 2020, Jorge morre. Nessa data, Margarida descobre que Jorge havia mantido uma
vida dupla, com outra família em Moçambique, tendo casado com Laura, em 2015.
Perante tal descoberta, Margarida pretende saber:
a) Se pode anular o casamento com Jorge.
b) Se, caso a anulação venha a ocorrer, mantem o direito ao apartamento em Lisboa e se
pode exigir direitos sucessórios.

Casos práticos sobre efeitos do casamento

Caso n.º 11
António e Maria casaram em 1975 sem prévia celebração de convenção antenupcial.
Um mês após o casamento, António descobre que um bilhete da lotaria nacional que havia
adquirido antes do casamento tinha sido premiado com uma avultada quantia em dinheiro.
Com a referida quantia, António compra uma moradia no Algarve que o casal passa a utilizar
como casa de férias.
a) Em que regime de bens estão casados António e Maria? E se tivessem casado em 1963?
António e Maria estão casados com o regime da comunhão de adquiridos, pois de acordo
com o art.º 1717 CC na falta de convenção antenupcial o casamento considera-se
celebrado sob o regime da comunhão de adquiridos (regime supletivo).
Se tivessem casado em 1963 o regime de bens que prevalecia era a comunhão geral de bens
como regime supletivo de bens. (Foi alterado o regime supletivo em 1 de junho 1967
propósito do legislador – salvaguardar os interesses dos cônjuges nos casos de divórcio ou
separação judicial de pessoas e bens)
b) A casa do Algarve é um bem próprio ou comum?
Cabe também na categoria dos bens adquiridos por virtude de direito próprio anterior,
nomeadamente, os bens adquiridos depois do casamento por causa de negócios aleatórios
celebrados antes dele (como é o caso do dinheiro do boletim registado antes do casamento,
mas premiado depois) – art.º 1722/2 CC.
Analogia do art.º 1722/1, alínea c) CC – O DINHEIRO É UM BEM PRÓPRIO.
Pressupondo que ele guarda o dinheiro a casa é um bem próprio.
Nos termos do art.º 1723 CC, al. c) CC, conservam a qualidade de bens próprios os bens
adquiridos com dinheiro próprio de um dos cônjuges, desde que a proveniência do
dinheiro ou valores seja devidamente mencionada no documento de aquisição, ou em
documento equivalente, com intervenção de ambos os cônjuges.
O caso não refere nenhum documento que mencione a proveniência então partimos do
pressuposto que o a casa do algarve é um bem comum.
c) Quem administra tal bem?
Art.º 1678, n.º 1 CC
No caso de ser um bem comum, cada um dos cônjuges tem legitimidade para a prática de
atos de administração ordinária (gestão normal), já nos restantes atos de administração só
podem ser praticados com o consentimento de ambos os cônjuges (art.º 1678, n.º 3 CC)
Nos casos de ser um bem próprio, cada um dos cônjuges tem a administração dos seus
próprios bens. (art.º 1678/1 CC)

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d) Necessitando a casa de obras, António contrata um empreiteiro que faz os arranjos
necessários e apresenta uma conta de 10 000€. Quem é responsável pelo pagamento
desta dívida?
De acordo com o art.º 1678º/3/1ª parte, atos de administração ordinária (gestão normal)
são atos que, não alterando a substância da coisa, se destinam à sua frutificação ou
conservação, como é o caso da contratação de um empreiteiro para fazer os arranjos
necessários no imóvel.

Neste caso, ambos os cônjuges são responsáveis pelas dividas de acordo com o art.º 1691/1,
al. c) CC. – Bens comuns
Requisitos: divida contraída depois do casamento; pelo cônjuge administrador em
proveito comum do casal - há proveito comum pois a casa é utilizada por ambos, é do
interesse da sociedade familiar.

Art.º 1695 CC – responsabilidade solidária (mecanismo de proteção do credor, o credor


pode exigir a um dos cônjuges a totalidade da divida)
Primeiro temos de ir à procura dos bens comuns, caso não haja tem de ser ir procurar os
bens próprios.

e) Supondo que hoje António pretende vender a referida casa, pode fazê-lo sem
consentimento de Maria?
De acordo com o art.º 1682-A/1, al. a) CC, é sempre necessário o consentimento de ambos
os cônjuges para a alienação (venda) de bens imoveis.
Venda é alienação.
Oneração – bem sobre o qual recai um ónus, como é o caso de uma hipoteca, uma servidão
de passagem…
Caso ele decida vender – o ato é anulável (artigo 1687.º/1) nos seis meses subsequentes à
data em que teve conhecimento do ato (número 2), se fosse 5 anos não podia requerer a
anulabilidade (“… nunca depois de decorridos três anos sobre a sua celebração.”)
(número 2, segunda parte).
Forma do consentimento: especial para cada um dos atos – artigo 1684.º

Caso n.º 12
Bento e Laura são taxistas e casaram em 2018, sem precedência de convenção antenupcial.
Em 2019, Bento recebeu um táxi por morte de um tio, passando Bento a fazer o turno da noite e
Laura o turno do dia.
Tornando-se necessário proceder a uma grande reparação do dito táxi, Bento pretende saber:
a) Se pode mandar reparar o veículo sem autorização de Laura.
Como casaram em 2018, Bento e Laura estão casados em regime de comunhão de
adquiridos (art.º 1717/1 CC) que diz que na falta de convenção antenupcial (…) o
casamento considera-se celebrado sob o regime da comunhão de adquiridos.
O táxi é um bem próprio de Bento, uma vez que é um bem que lhe advém depois do
casamento por sucessão, de acordo com o art.º 1722/1, al. b) CC.
O bento tem a administração total dos seus bens próprios como é o caso do veículo (art.
º1678/1 CC), como tal não é necessário a autorização de Laura.
Como ambos utilizam como instrumento do trabalho, a administração continua a ser do
proprietário.
Art.º 1690/1 CC - Qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair dividas sem o
consentimento do outro.
b) Se Laura responde pela dívida resultante de tal reparação.

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Art.º 1690/1 CC – Qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair dividas sem o
consentimento do outro.
Neste caso, creio que Laura responda também pela divida da reparação pois nos termos
do art.º 1691/1, al. c) CC é da responsabilidade de ambos os cônjuges as dividas contraídas
em proveito comum do casal e nos limites dos seus poderes de administração.
c) Se pode trocar o veículo por outro sem autorização de Laura.
Art.º 1682/3, al. a) CC – carece do consentimento de ambos os cônjuges a alienação ou
oneração de móveis utilizados conjuntamente por ambos os cônjuges como instrumento
comum de trabalho, ainda que uma das partes não tenha poder de administração.
No caso da troca creio que seja necessária a autorização de Laura, apesar do veículo ser
um bem próprio de Bento.

Sanção – prevista no art.º 1687 CC, o ato era anulável.

Caso n.º 13
Aprecie a validade das seguintes convenções antenupciais, no pressuposto de que seriam
celebradas por alguém com 30 anos e sem filhos:
1. Queremos que todos os nossos bens imóveis sejam próprios e todos os nossos bens
móveis comuns.
1698.º há liberdade de estipulação, mas dentro dos limites da lei pois há certos limites para
todos os regimes.
Normalmente não dizem respeito à propriedade dos bens – artigo 1699.º/1 – se os nubentes
tivessem filhos, mesmo tendo 30 anos, não podiam convencionar isto: não pode
convencionar a comunhão geral (artigo 1699.º/2). – eles podem convencionar a comunhão
de adquiridos não podem é convencionar um regime com uma maior comunicabilidade do
que o que está disposto no regime da comunhão de adquiridos.
Se os filhos forem de ambos, este poderá vir a ser prejudicado pelo art.º 1699/2 CC
Como não têm filhos:
1699.º/1 alínea d) + 1733.º pode haver bens muito relevantes que sejam próprios, nem
todos são comuns – há alguns bens próprios que mesmo no regime da comunhão, não
podem ser comuns = SÓ SÃO COMUNS, TODOS OS QUE POSSAM SER COMUNS.
São comuns com limitação do 1733.º por força da 1699.º/1 alínea d)
regime atípico convencionado pelas partes: na comunhão geral à partida todos os bens são
comuns, na separação não há bens comuns, na comunhão de adquiridos os imoveis
adquiridos após o casamento comuns mantêm-se comuns e os próprios mantêm-se
próprios.

Diferença entre copropriedade e …

2. Queremos que todos os nossos bens, presentes e futuros, sejam próprios, à exceção
da casa de morada de família que será sempre comum.
Art.º 1698 CC – regime?
A única limitação que pode haver é que essa alteração esteja no art.º 1733 CC.
Pode existir um regime atípico, que caia sobre uma morada de família

3. Queremos que nos primeiros 5 anos do nosso casamento vigore o regime da


separação de bens, do 6.º ao 10.º, o da comunhão de adquiridos e do 11.º em diante,
o regime da comunhão geral.

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É válida a convenção antenupcial sob a termo (art.º 1713, n.º 1 CC), deste modo, é
admissível a estipulação da vigência sucessiva de regimes de bens para um mesmo
casamento, como é o caso.

Caso n.º 14
Afonso, de 70 anos e Margarida de 30, celebram uma convenção antenupcial com o seguinte
teor:
1- Queremos o regime da separação.

Art.1698.º - liberdade de convenção – os esposos podem fixar livremente, em


convenção antenupcial, o regime de bens do casamento, quer escolhendo um dos
regimes previstos neste código, quer estipulando o que a esse respeito lhes aprouver,
dentro dos limites da lei.
Art.1708.º/1 – capacidade para celebrar convenções antenupciais – têm capacidade
para celebrar convenções antenupciais aqueles que têm capacidade para contrair
casamento.

Portanto, Afonso e Margarida poderiam escolher o regime de separação de bens (art.º


1735 e seg. CC)

No entanto, seria sempre necessário optarem por este regime pois nos termos do
art.1720.º/1, al. b) – consideram-se sempre contraídos sob o regime da separação de
bens o casamento celebrado por quem tenha completado sessenta anos de idade. (este
artigo consagra o regime imperativo da separação de bens.

2- Se viermos a ter filhos em comum e o nosso casamento se dissolver por morte,


queremos que a partilha se faça de acordo com o regime da comunhão geral.

Art.1719.º/1 – partilha segundo regimes não convencionais – é permitido aos esposados


convencionar, para o caso de dissolução do casamento por morte de um dos cônjuges,
quando haja descendentes comuns, que a partilha dos bens se faça segundo o regime
da comunhão geral, seja qual for o regime adotado.
Pode aplicar-se mas não nos casos de regime imperativo, pois existem restrições no
art.º 1720 CC.

Caso n.º 15

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Daniel, casado com Teresa no regime da comunhão de adquiridos, é fabricante de calçado e
pede um empréstimo à Caixa Geral de Depósitos para renovar a maquinaria da sua fábrica,
adquirida antes do casamento, e constituindo uma hipoteca sobre a mesma.
a) Quem é responsável e que bens respondem por esta dívida?

Comunhão de adquiridos – art.1721.º e ss


Art.1722.º/1, al.a) – são considerados bens próprios dos cônjuges os bens que cada um
deles tiver ao tempo da celebração do casamento
Art.1690.º/1 – legitimidade para contrair dívidas – qualquer dos cônjuges tem
legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do outro
Art.1691.º/1, al.d) – dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges – as dívidas
contraídas por qualquer dos cônjuges no exercício do comercio, salvo se se provar que
não foram contraídas em proveito comum do casal ou se vigorar entre os cônjuges o
regime de separação de bens (há consentimento?)
Art.1692.º, al a) – dívidas da responsabilidade de um dos cônjuges – são da
responsabilidade do cônjuge a que respeitam as dívidas contraídas, antes ou depois da
celebração do casamento, por cada um dos cônjuges sem o consentimento do outro,
fora dos casos indicados nas alíneas b) e c) do n.º1 do artigo anterior.
Art.1696.º/1 – bens que respondem pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um
dos cônjuges – pelas dividas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges
respondem os bens próprios do cônjuge devedor e, subsidiariamente, a sua meação nos
bens comuns.
Art.º 1694/2 CC – aplicamos este artigo porque estamos perante uma hipoteca, existe
um bem que responde pelo pagamento da dívida. Só existe oneração porque existe
hipoteca.

b) Poderá Daniel vender a fábrica sem consentimento de Teresa?


Art.1682.º - A, n.º 1, al. a) – alienação ou oneração de imoveis e de estabelecimento
comercial – carece do consentimento de ambos os cônjuges, salvo se entre eles vigorar
o regime de separação de bens.
Caso não pedisse o consentimento, a sanção é a anulabilidade de acordo com o art.º
1687.

Caso n.º 16
Aprecie a validade das cláusulas da seguinte convenção antenupcial, celebrada por Diogo e
Vera:
a) Vera designa Diogo administrador de todos os seus bens próprios, assim como dos bens
comuns do casal;

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Art.º 1698 – liberdade de convenção – os esposos podem fixar livremente, em
convenção antenupcial, o regime de bens do casamento, quer escolhendo um dos
regimes previstos neste código, quer estipulando o que a esse respeito lhes aprouver,
dentro dos limites da lei.
Art.º 1699, al. c) – restrições ao princípio da liberdade, não podem ser objeto de
convenção antenupcial a alteração das regras sobre administração dos bens do casal.
Art.º 1730/1 – participação dos cônjuges no património comum, os cônjuges
participam por metade no ativo e no passivo da comunhão, sendo nula qualquer
estipulação em sentido diverso.

Princípio da imutabilidade das convenções, este principio não viola o principio da


liberdade.

b) Vera autoriza Diogo a alienar, por qualquer forma, todos e quaisquer bens próprios ou
comuns.

O consentimento não pode ser abstrato, tem de ser específico quanto aos bens.
Consentimento conjugal (art.º 1684 CC)
Nenhuma destas cláusulas desta convenção são válidas.

Art.º 1678/3 – “Quem não pode administrar também não pode vender”, quem não
pode o menos também não pode o mais, logo se Diogo não pode administrar os bens
também não poderá alienar os mesmos.
Art.º 1730/1 - participação dos cônjuges no património comum, os cônjuges
participam por metade no ativo e no passivo da comunhão, sendo nula qualquer
estipulação em sentido diverso.

Caso n.º 17
Carlos e Fátima casaram no regime da separação de bens, indo residir para um apartamento
propriedade de Carlos.
Em 2019, Carlos compra um valioso quadro que coloca na sala de jantar e celebra com Vasco
um contrato-promessa de compra e venda do referido apartamento.
No mês passado, Carlos vende o referido quadro a Ernesto.
a) Poderá Fátima invalidar o negócio da venda do quadro?

Regime da separação de bens (art.º 1735) – domínio da separação


1682/3, al. a) CC – maioria da doutrina defende que esta alínea também se aplicaria a este
caso; pois o conceito de utilização não se limita aquilo que é útil.
Quem administra pode alienar ou onerar.

b) E o contrato-promessa de compra e venda do apartamento?

Art.º 1682 – A/2 CC – Alienação ou oneração de imóveis e de estabelecimento comercial


Existe um contrato que visa a alienação.
A jurisprudência e a tem entendido que para o contrato-promessa não é necessário
consentimento, mas posteriormente para a venda é necessário o consentimento.

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A prof entende que devemos pensar no futuro, e exigir o consentimento do cônjuge para o
contrato-promessa.

Casos práticos sobre divórcio, filiação e adoção

Caso n.º 18
Andreia e Bruno casam civilmente em 2010, sem prévia convenção antenupcial, indo residir
para um apartamento que Bruno havia comprado antes do casamento.
Em 2012, quando Andreia termina a sua licenciatura em Gestão, Bruno oferece-lhe um valioso
colar de diamantes que havia herdado por morte da mãe.
Em 2020, Andreia, após um tratamento para a infertilidade, tem trigémeos. Quando procede ao
registo, Bruno declara que os mesmos são filhos de Andreia, mas que desconhece quem seja o
pai uma vez que é estéril.
Profundamente chocada com esta atitude de Bruno, Andreia quer saber:
a) Se se encontra estabelecida a paternidade dos seus três filhos.
Sim, por presunção visto que estes são casados (art.º 1826/1 – presume-se que o filho
nascido ou concebido na constância do matrimónio tem como pai o marido da mãe)
Art.º 1831
Art.º 1839/1

b) Se pode pedir o divórcio uma vez que Bruno não só consentiu, mas incentivou o
tratamento de infertilidade.
Divórcio sem consentimento do outro cônjuge:
Art.º 1781, al. d) – é motivo para a rutura do casamento sem consentimento de um dos
cônjuges por quaisquer outros factos que, independente da culpa dos cônjuges, mostrem a
rutura definitiva do casamento. (tem que se demonstrar que houve uma rotura no
casamento)
Neste caso existe uma violação do dever de informação, mas não parece que seja motivo
que leve á rutura do casamento.
Só se ela provar que já não consegue viver com ele é que ela conseguiria invocar esta
alínea sobre a rutura do casamento.
Mesmo que exista a violação de deveres conjugais, se eles não conseguirem provar que
houve uma rutura do casamento de nada serve a violação dos deveres.
A simples violação de um dever conjugal só por si não é fundamento para divórcio, no
entanto pode ser esta violação que irá levar a uma rutura definitiva do casamento (não
significa que a pessoa tenha de sair da casa da morada da família).

c) Se, sendo decretado o divórcio, pode continuar a residir na casa de morada de


família e conservar o colar de diamantes.
Regime do casamento - Comunhão de adquiridos

Art.º 1788 – princípio geral – o divórcio dissolve o casamento

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Art.º 1793/1 – casa da morada da família
Pergunta fundamental – Se Andreia tem capacidades financeiras ou não para mudar de
habitação (se tem necessidade de habitação ou não)

Colar de diamantes
Doação entre casados (art.º 1791 CC) – os benefícios caducam

Separação de facto não quer dizer que eles não vivam juntos, ou o propósito de não querer
continuar a vida de casal.

Caso n.º 19
Em março de 2018, Ernesto, de 15 anos, declara perante o funcionário do registo civil ter
ocorrido o nascimento de Filipa, em janeiro de 2016.
Ernesto indica como mãe de Filipa, Gabriela, solteira, ausente em parte incerta e declara-se pai
da menor.
Em 2019, Gabriela casa-se com Helder.
a) Encontra-se estabelecida a maternidade e a paternidade em relação a Filipa?
b) Será possível uma ação de averiguação oficiosa da maternidade? E da paternidade?
c) Poderá, hoje, Filipa, baseando-se numa carta de Gabriela em que esta se declara sua
mãe, obter o reconhecimento judicial da sua maternidade? Contra quem deverá ser
intentada esta ação?

Caso n.º 20
Maria casa com Ricardo em maio de 2018 mas na lua de mel conhece Pedro por quem se
apaixona e com quem começa a viver em união de facto.
Em janeiro de 2020 Maria tem um filho, Nuno, e quando faz a declaração do nascimento,
declara-se mãe mas diz que o pai não é Ricardo mas sim Pedro.
a) Pode Ricardo perfilhar Nuno?
b) Pode Nuno intentar uma ação de reconhecimento judicial da paternidade contra Pedro?

Caso n.º 21
Antónia casou civilmente com Bernardo em 2016.
Em 2017, Antónia separou-se do marido e passou a viver em união de facto com Carlos, filho
de Bernardo.
Em Maio de 2018, Antónia tem um filho, Duarte, e encarrega Carlos de registá-lo. Este procede
ao registo do nascimento de Duarte e declara perante o funcionário do registo civil ser o pai,
nada referindo quanto à mãe.
Duarte tem sido tratado por Antónia e Carlos como filho, sendo considerado como tal no meio
familiar e no círculo de amigos.
a) Poderá Antónia declarar perante o funcionário do registo civil que é a mãe?
Quando o registo de nascimento e omisso quanto a maternidade, a mãe pode fazer a todo o
tempo a declaração de maternidade e qualquer pessoa com competência para fazer a
declaração de nascimento tem a faculdade de identificar a mãe do registado. (1806.º CC)
(pág. 33 da sebenta)

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b) Será neste caso possível uma ação de averiguação oficiosa da maternidade?

Neste caso, uma vez que nada consta no assento de nascimento nada relativamente á mãe
creio que seja possível uma ação de averiguação oficiosa da maternidade.
Não pode haver uma averiguação oficiosa dada a relação entre a mãe e o afilhado.

c) Poderá Duarte intentar uma ação de reconhecimento judicial da maternidade contra


Antónia? E Bernardo?

Nao é admissível o reconhecimento judicial de maternidade em contrário da que conste no


registo de nascimento. (art.º 1815 CC)

Caso n.º 22
Irene e Paulo, ambos com 30 anos, são casados há 2 e pretendem adotar plenamente Mariana,
filha de Teresa, irmã de Irene, e de Vasco, entretanto falecidos.
Mariana tem três anos e vive com Irene e Paulo há um ano, desde a data da morte dos seus
progenitores.
a) Poderão Irene e Paulo adotar plenamente Mariana?
b) Quais as formalidades exigidas para a adoção plena?
Caso n.º 23
Henrique, de 70 anos, casa com Sofia, de 40, que vive com um filho de 16 anos, Rodrigo, cujo
pai não o vê desde o divórcio, ocorrido há 10 anos.
Henrique pretende adotar plenamente Rodrigo e pretende saber:
a) Se pode adotar Rodrigo tendo em conta a sua idade e a idade deste;
b) Se tem de obter o consentimento de Rodrigo e do seu pai;
c) Se, sendo casado com a mãe de Rodrigo, o processo de adoção é mais célere e
simplificado.

Caso 24
António vive em união de facto com Bruna e ambos iniciaram um processo de procriação
medicamente assistida de que resultou um embrião conseguido com material genético de ambos.
No dia em que se dirigiam para a clínica para Bruna receber o embrião, António e Bruna sofrem
um acidente de viação de que resulta a morte imediata de António.
Bruna pretende agora saber:
a) Se ainda é possível a implantação do embrião.

LPMA: 22º/3 Entende ser licita a transferência de embrião para o membro feminino do
casal de beneficiários originários, apos a morte do membro masculino, destinada a
“permitir a realização de um projeto parental claramente estabelecido por escrito antes do
falecimento do pai, decorrido que seja o prazo considerado ajustado a adequada
ponderação da decisão”.

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Apesar do caso não referir nada sobre um projeto parental estabelecido por escrito, creio
que como fala na vontade de António e o facto de este ter iniciado o processo com Bruna
creio que poderemos aplicar o art.º 22/3 LPMA.
E neste caso creio que seja possível a implantação do embrião.

b) Em caso afirmativo, se a criança que vier a nascer será tida como filha de António.

CC: 1578º A filiação entre a criança e o beneficiário que tiver contribuído para a PMA
com as respetivas células reprodutoras (PMA homologa), enquadra-se numa relação
familiar nominada de parentesco.
A primeira vista, a resposta deve ser negativa, pois a programação consciente da vinda de
um filho que nascera já órfão de pai representa uma secundarização do interesse da
criança relativamente ao interesse dos progenitores – interesse esse que e indevidamente
privilegiado, que tanto poderá ser o:
• Interesse do defunto (desejo de imortalidade ou vontade de resolver problemas
sucessórios)
• Interesse do membro sobrevivo do casal (tentativa de obter consolo ou evitar a
solidão)

Caso 25
Ana Silva e Bernardo de Silos e Benevides Barbuda, casados, decidiram atribuir ao seu filho o
seguinte nome: Jesus Manuel André de Silos e Benevides Barbuda da Silva. Quid iuris?

Caso 26
André e Susana casaram tendo celebrado uma convenção antenupcial com o seguinte teor: “Se
nascerem filhos do nosso casamento, André decidirá todas as questões relativas à educação das
crianças, atendendo à sua larga experiência neste campo. A Susana caberá decidir todas as
questões relativas à saúde das crianças, visto que é médica pediatra”. Quid iuris?

Art.º 1901 CC
Art.º 36 CC
Art.º 1902 CC
Ambos os pais estão obrigados ao exercício das responsabilidades parentais, pois ambos
decidem acerca de questões que envolvem as crianças.

Caso 27
Aldo tem um filho, Bruno, que nasceu em 2018 e cuja maternidade não se encontra
estabelecida. Poderá Bruno adotar os apelidos de Carla, com quem Aldo se casou em 2019 mas
que não é sua mãe?

1876.º/1 – ratio da norma (estar mais entregado na família)

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Poderia adotar os apelidos de Carla, apesar de esta não ser mãe de Bruno. (retrato uma
situação de aparência social)

Caso 28
Ana e Bento viviam em união de facto há 3 anos quando Ana dá à luz Celeste.
a) Como se estabelece a maternidade e a paternidade de Celeste?
b) A quem incumbe o exercício das responsabilidades parentais?
c) E se não vivessem em união de facto nem fossem casados?

Caso 29
Ana, casada com Bernardo, sem o consentimento do marido, submete-se a fertilização in vitro
com recurso a sémen de dador. Na sequência da aplicação desta técnica, nasce Mariana. Ana
declara o respetivo nascimento, indicando que ela própria é a mãe e está casada com Bernardo.
Ana leva a bebé para a casa de morada da família, mas Bernardo opõe-se à permanência da
criança no lar conjugal e afirma que nem sequer é o pai desta. Ana censura Bernardo, por
colocar o seu interesse acima do da criança, que, obviamente, tem de ter pai e teto. Além disso,
Ana exige que Bernardo pague metade das despesas com a procriação medicamente assistida e
com o parto, bem como de todas as que venham a ser necessárias ao sustento da criança.
Pronuncie-se sobre o problema em apreço.

Impugnação da paternidade, pode ser impugnada se for provado que não houve
consentimento (Art.º 20/4 LPMA) como é o caso. No entanto, esta impugnação recorre a
uma ação judicial.

Caso 30

Catarina e David, que viviam em união de facto há cinco anos, decidiram ter um filho mediante
técnica de procriação medicamente assistida (PMA), com recurso a sémen de dador com
quociente de inteligência (QI) muito elevado, por acharem que assim seria maior a
probabilidade de o futuro descendente vir a ter um melhor futuro. Na sequência da aplicação
desta técnica, com o consentimento de Catarina e David, nasceu António. Um mês depois, mais
precisamente no dia seguinte àquele em que se tinha separado de David, Catarina declarou o
nascimento da criança e identificou-se como sua mãe, sem ter aludido ao facto de ter havido
PMA. Após ter ouvido Catarina em declarações, o Ministério Público chamou David e disse que
este ficaria a constar imediatamente no registo como pai de António. David contestou a
afirmação, alegando que não perfilhava a criança, que não tinha qualquer ligação biológica com
esta. Pronuncie-se sobre o problema em apreço.

PMA heteróloga (Art.º 7 LPMA)


PMA ilícita
Averiguação oficiosa da paternidade

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A paternidade pode ser impugnada se não houve consentimento, como ocorreu o
consentimento não se pode impugnar a paternidade. (art.º 24 LPMA)
Neste caso prevalece o vínculo da PMA, funciona o estabelecimento do art.º 20/1 LPMA.

Caso 31
Ana, casada com Bernardo, teve uma relação extramatrimonial com Carlos, de que resultou o
nascimento de Duarte. Para se vingar, Bernardo declarou perante o funcionário do registo civil
ser o pai de Duarte e que a mãe era Elisa, sua irmã.
Encontra-se estabelecida a maternidade e a paternidade de Duarte? Se sim, por que meio?

Através de uma ação de impugnação

Caso 32
Teresa é casada com Miguel desde 1 de novembro de 2019.
No dia 10 de janeiro de 2020, Teresa tem um filho, Eduardo.
Perante o funcionário do registo civil, Teresa declara-se mãe e indica que o pai do seu filho não
é Miguel mas antes Ernesto. Não obstante, Miguel perfilha Eduardo.
Encontra-se estabelecida a maternidade e a paternidade de Eduardo? Se sim, por que meio?

Caso 33
Ivone, solteira, tem uma filha, Maria, e pede à sua irmã Joana que proceda ao registo da criança.
Joana, que é casada com Pedro, declara perante o funcionário do registo civil ser a mãe de
Maria.
Encontra-se estabelecida a maternidade e a paternidade de Maria? Se sim, por que meio?

Caso 34
João, casado com Ana, consentiu que a mulher fosse inseminada com sémen do falecido
marido da própria Ana. Na sequência da inseminação, nasceu Eva. Ana declarou o
nascimento com a indicação de que a filha não era do marido. Pronuncie-se sobre o
problema da filiação paterna de Eva.

A inseminação post mortem é ilegal (Art.º 22/1 LPMA), sendo que o artigo fixa que não é
lícito a mulher ser inseminada com sémen do falecido. No caso em questão a inseminação
com sémen do defunto não era legal.
LPMA: 23º/2 Se apos a morte do marido ou homem com quem vivia em união de facto, a
mulher for inseminada com sémen do falecido, a criança que vier a nascer nao é havida
como filha do falecido, ou seja, neste caso se a criança vier a nascer ela será filha de João.
Neste caso prevalece o vínculo da PMA, funciona o estabelecimento do art.º 20/1 LPMA,
ou seja, a mãe não pode afastar a parentalidade do cônjuge.

(Art.º 1832 CC)

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Frequência:

- PMA, ADOÇÃO, FILIAÇÃO BIOLÓGICA


- DIVÓRCIO (CASO N.º 18)
- SEPARAÇÃO DE FACTO
- CASO N.º 3 DA FREQUÊNCIA QUE A PROF. ENVIOU

a) Regime de comunhão de adquiridos


Bens adquiridos por doação (1722/1, al. b) CC)

b)alienação de bens móveis (dinheiro) – 1682.º


negócio gratuito (doação) – 1682/4 CC - pode doar esse dinheiro sem o consentimento do
cônjuge, simplesmente na altura da partilha é necessária uma compensação

c)1691/1, al. a) CC – são dividas comuns, os bens que respondem são o 1695.º
A alínea é inválida

d)1682-A CC – Carece sempre do consentimento de ambos os cônjuges a alienação ou


oneração.
Se estivéssemos perante um regime de separação, a casa de família carecia de consentimento.

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