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º 1
Ana e Bento conheceram-se numa viagem de finalistas. Foi amor à primeira vista. Assim que
regressaram Bento pediu à sua mãe que lhe desse o anel de noivado da avó e pediu Ana em
casamento. Ana, emocionada, aceitou prontamente.
Combinaram casar dentro de 1 ano. Os pais de Bento ofereceram-se para pagar as despesas da
festa e sinalizaram a quinta de eventos que os nubentes escolheram. A despesa para reservar
o espaço foi de 5000 euros.
Os pais de Ana também queriam estar envolvidos e ofereçam ao futuro casal uma viagem de
“lua de mel” no valor de 3000 mil euros.
Ana, decorridos 8 meses de noivado, conhece Carlos, instrutor de dança. Ana e Bento
ensaiavam semanalmente a valsa dos noivos quando, no final de um ensaio, Bento percebeu
que haveria alguma intimidade entre Ana e Carlos. Quando confrontada, Ana confessa a Bento
que tem um envolvimento romântico com Carlos. Bento decide romper o noivado.
Desolado, Bento isola-se em casa, cancela vários compromissos profissionais e agora, já refeito
do seu desgosto, pretende que Ana o indemnize pelas despesas efetuadas com o casamento e
pelos danos morais e patrimoniais que diz ter sofrido.
Quid iuris.
RESOLUÇÃO
Neste caso, importa ter em conta que estamos perante um processo preliminar de casamento,
pelo que releva o artigo 1610º no que diz respeito à necessidade e fim do processo preliminar
do casamento. Neste sentido, segundo o artigo 1610º, a celebração do casamento é precedida
de um processo, regulado na lei do registo civil e destinado à verificação da inexistência de
impedimentos. Assim, no que diz respeito aos impedimentos, estes não se verificam pelo que é
possível existir o casamento entre Ana e Bento. Importa realçar que estamos perante uma
promessa de casamento (noivado), na medida em que a promessa de casamento é um
contrato preliminar do casamento. Isto significa que as partes ainda não celebraram o
casamento, mas pretendem celebrá-lo, neste caso, no prazo de um ano. Todavia, verifica-se
que Ana teve um envolvimento romântico com Carlos, pelo que Bento rompe o noivado. Assim,
importa ter em conta o artigo 1591º quanto à ineficácia do casamento. Assim, este preceito
refere que o contrato pelo qual, a título de esponsais, desposórios ou qualquer outro, duas
pessoas se comprometem a contrair matrimónio não dá direito a exigir a celebração do
casamento, nem a reclamar, na falta de cumprimento, outras indemnizações que não sejam as
previstas no artigo 1594º, mesmo quando resultantes da cláusula penal. Neste sentido, uma
vez que Bento quer que Ana o indemnize pelas despesas efetuadas com o casamento e pelos
danos morais e patrimoniais, importa considerar o artigo 1594º no que diz respeito às
indemnizações. O artigo 1594º, número 1 dispõe que se algum dos contraentes romper a
promessa de casamento sem justo motivo ou, por culpa sua, der lugar a que o outro se retrate,
deve indemnizar o esposado inocente, bem como os pais deste ou terceiros que tenham agido
em nome dos pais, quer das despesas feitas, quer das obrigações contraídas na previsão do
casamento. Por fim, o artigo 1594º, número 3 refere que a indemnização é fixada segundo o
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prudente arbítrio do tribunal, devendo atender-se, no seu cálculo, não só à medida em que as
despesas e obrigações se mostrem razoáveis, perante as circunstâncias do caso e a condição
dos contraentes, mas também às vantagens que, independentemente do casamento, umas e
outras partes possam ainda proporcionar.
Em suma, Ana deve indemnizar Bento pelo rompimento do noivado, assim como também deve
indemnizar os pais de Bento pelas despesas efetuadas a propósito da festa.
Acórdão do STJ
RESOLUÇÃO
Um dos fatores que ainda pode ser tido em conta são as vantagens. Se das despesas feitas
ainda podem ser tiradas vantagens, então não há obrigação de indemnizar.
ANEL – deve ser restituído nos termos do artigo 1592º, pois no caso de o casamento deixar de
celebrar-se por incapacidade ou retratação de algum dos promitentes, cada um deles é
obrigado a restituir os donativos que o outro ou terceiro lhe tenha feito em virtude da
promessa e na expectativa de casamento.
Hipótese 2
Ana e Bernardo casam civilmente em Janeiro de 2016. Dois meses mais tarde, Ana descobre
que Bernardo era marido de Graça, porquanto este ainda se mantinha casado com Graça,
apesar de o respetivo assento não ter sido lavrado no registo do estado civil. Ana pretende
invalidar o casamento. Quid juris?
RESOLUÇÃO
Neste caso, importa considerar os pressupostos da celebração do casamento. Assim, para que
seja possível celebrar o casamento existe um processo preliminar de casamento que pretende
aferir a existência ou não de impedimentos. Neste sentido, o artigo 1610º dispõe que a
celebração do casamento é precedida de um processo, regulado na lei do registo civil e
destinado à verificação da inexistência de impedimentos. Todavia, o casamento entre Ana e
Bernardo celebrou-se, existindo um impedimento dirimente absoluto. Neste sentido, o artigo
1601º dispõe na alínea c) que é impedimento dirimente, obstando ao casamento da pessoa a
quem respeitam com qualquer outra, o casamento anterior não dissolvido, católico ou civil,
ainda que o respetivo assento não tenha sido lavrado no registo do estado civil. Neste sentido,
Ana pode invalidar o casamento, visto que, segundo o artigo 1631º que trata as causas de
anulabilidade do casamento, é anulável o casamento contraído com algum impedimento
dirimente. Desta forma, tendo em conta o exposto anteriormente, é impedimento dirimente o
casamento anterior não dissolvido, pelo que Ana pode anular o seu casamento com Bernardo.
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CORREÇÃO
Casamento não dissolvido vem obstar a celebração de um segundo casamento – artigo 1601º,
alínea c. O impedimento verifica-se mesmo que não tenha sido transposto para o registo civil.
A anulação do casamento só se verifica quando sai uma ação judicial para o efeito – artigo
1632º, portanto a Ana pode intentar a ação.
Exemplo: B casou com 15 anos e 6 meses, isto aconteceu em janeiro de 2018. Em dezembro de
2020, os pais de A querem intentar uma ação para anular o casamento.
Nesta data, ainda não se havia completado 3 anos desde a celebração do casamento. Todavia,
A já tinha atingido os 18 anos, logo já não poderia ser intentada a respetiva ação, porque a
partir desse momento tem capacidade matrimonial.
Hipótese 3
Abel e Beatriz conheceram-se, no final de 2007, numas férias de neve em França, Abel tinha 32
anos e Beatriz acabara de fazer 15 anos, facto que esta sempre lhe ocultou. Findas as férias,
Beatriz regressou a Portugal e Abel continuou a acabar a seu doutoramento em França, mas
mantiveram um namoro à distância. Abel veio visitar a família a Portugal e, três meses depois
de se terem conhecido, Abel e Beatriz decidem abrir o processo preliminar de casamento na
conservatória do registo civil. A família de Abel desaprovou esta união, por considerar que os
nubentes dever-se-iam conhecer melhor porque Abel já tinha uma filha com um ano de idade.
1. Todos os bens imóveis serão comuns, os bens móveis existentes à data da celebração
do casamento passam a ser comuns, com exceção das joias de família de Beatriz; todos bens
móveis adquiridos após o casamento serão comuns; - TITULARIDADE
2. Se ao fim de cinco anos o casal não tiver filhos passará a vigorar o regime de separação
de bens; - TITULARIDADE
3. Beatriz doa a Abel uma valiosa coleção de moedas que lhe foi deixada em testamento
pelo seu avô. – CARÁTER PATRIMONIAL, MAS É UMA DOAÇÃO PARA CASAMENTO
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Seis meses após se terem conhecido Abel e Beatriz casam. A data escolhida para a casamento,
1 de junho de 2008, coincidiu com a data agendada para a discussão da tese de Abel razão por
que este constituiu como seu procurador o seu amigo Carlos para que aquele o representasse
no dia do casamento, o que efetivamente veio a acontecer.
Ao ver as fotos do casamento, Abel toma conhecimento de que Beatriz é filha de Romão, seu
irmão mais velho que há mais de 20 anos havia saído de casa dos pais sem nunca mais ter
dado notícias.
Em maio de 2014, Abel comprou um automóvel desportivo que usava aos fins-de-semana para
passear na marginal, Beatriz achou o carro “simpático” e passeava com Abel de vez em
quando. Ficou, no entanto, incomodada por Abel não a ter consultado em momento prévio à
compra do carro uma vez que, no seu entender, a prestação referente ao crédito para a
aquisição do veículo é demasiado alta. Os problemas financeiros do casal agravaram-se
quando Abel decidiu comprar uma viagem para as Maldivas para ambos em comemoração da
promoção que julgava ia receber no seu trabalho e que não veio a acontecer.
Em outubro de 2014, Abel encontrou por acaso um documento que o levou a aperceber-se da
verdadeira idade de Beatriz que, ao contrário do ele pensava, tem hoje 22 anos e não 28.
Sentindo-se enganado, Abel quer anular o casamento.
RESOLUÇÃO
Neste caso, colocam-se várias questões no que diz respeito ao casamento, nomeadamente os
pressupostos da celebração do casamento, os efeitos do casamento quanto às pessoas e aos
bens dos cônjuges e as dívidas dos cônjuges.
Primeiramente, no que diz respeito aos pressupostos da celebração do casamento, importa ter
em conta que o processo preliminar de casamento, regulado no artigo 1610º dispõe que a
celebração do casamento é precedida de um processo, regulado na lei do registo civil e
destinado à verificação de inexistência de impedimentos. Neste sentido, uma vez que o
processo preliminar de casamento foi aberto numa conservatória do registo civil, podemos
concluir que estamos perante a celebração do casamento civil, pelo que de acordo com o
artigo 1615º do Código Civil, a celebração do casamento é publicada e está sujeita, segundo a
vontade dos nubentes à forma fixada no Código e nas leis do registo civil. Adicionalmente,
estabelece o artigo 1616º que é indispensável para a celebração do casamento a presença dos
contraentes, ou de um deles e do procurador do outro, do funcionário do registo civil no caso
de se tratar de um casamento civil e de duas testemunhas, nos casos em que é exigida por lei
especial. Por outro lado, ainda nos pressupostos da celebração do casamento, o artigo 1600º
estabelece que têm capacidade para contrair casamento todos aqueles em quem não se
verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei. Neste sentido, releva o artigo
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1601º que se refere aos impedimentos dirimentes absolutos. Deste modo, de acordo com o
artigo 1601º, alínea a), são impedimentos dirimentes, obstando ao casamento da pessoa a
quem respeitam com qualquer outra, a idade inferior a dezasseis anos. Assim, verifica-se que
Beatriz não tinha capacidade de gozo aquando da celebração de casamento, visto que era
menor de dezasseis anos. Neste sentido, importa considerar o artigo 67º no que diz respeito à
capacidade jurídica, pelo que as pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas,
salvo disposição legal em contrário. Deste modo, interpretando o artigo a contrario,
concluímos que Beatriz não pode ser sujeita de uma relação jurídica, no âmbito do casamento.
Importa ainda ter em conta que 6 meses após se conhecerem Beatriz e Abel casaram-se, sendo
que Abel não pode estar presente no casamento. Desta forma, Abel constituiu como
procurador o seu amigo Carlos para representá-lo no casamento. Assim, podemos concluir que
estamos perante um casamento por procuração, pelo que releva o artigo 1620º. Neste
sentido, o artigo 1620º, número 1 dispõe que é lícito a um dos nubentes fazer-se representar
por procurador na celebração do casamento. Desta forma, nada obsta a que Carlos represente
Abel no casamento. Não obstante, o artigo 1620º, número 2 ressalva que a procuração deve
conter poderes especiais para o ato, a designação expressa do outro nubente e a indicação da
modalidade do casamento.
Mais tarde, Abel toma conhecimento de que Beatriz é filha de Romão, o seu irmão que fugiu de
casa há mais de 20 anos. Assim, podemos concluir que se verifica um impedimento dirimente
absoluto, na medida em que Abel é tio de Beatriz. Neste sentido, o artigo 1602º, alínea c),
estabelece que é impedimento dirimente o parentesco no segundo grau da linha colateral.
Desta forma, novamente é necessário ter em conta o artigo 1631º, alínea a), segundo o qual é
anulável o casamento contraído com algum impedimento dirimente, pelo que releva ainda
artigo 1639º quanto à legitimidade para intentar a ação de anulação. O artigo 1639º, número
1 dispõe que têm legitimidade para intentar a ação de anulação fundada em impedimento
dirimente, ou para prosseguir nela, os cônjuges, ou qualquer parente deles na linha reta ou até
ao quarto grau da linha colateral, bem como os herdeiros e adotantes dos cônjuges, e o
Ministério Público.
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No que diz respeito aos efeitos do casamento, importa considerar o artigo 1618º, número 1
segundo o qual a vontade de contrair casamento importa aceitação de todos os efeitos legais
do matrimónio, sem prejuízo das legítimas estipulações dos esposos em convenção
antenupcial. Desta forma, importa considerar os efeitos patrimoniais do casamento. Desta
forma, uma vez que todos os bens imóveis serão comuns, podemos concluir que os esposados
escolheram o regime da comunhão de adquiridos, visto que os bens imóveis existentes à data
da celebração de casamento passam a ser comuns, com exceção das joias da família de
Beatriz, assim como todos os bens imóveis adquiridos após o casamento serão comuns. Desta
forma, de acordo com o artigo 1722º, número 1, alínea a), são considerados bens próprios dos
cônjuges os bens que cada um deles tiver ao tempo da celebração do casamento e, de acordo
com o artigo 1722º, número 1, alínea c), os bens adquiridos na constância do matrimonio.
Todavia, se ao fim de 5 anos, o casal não tiver filhos passará a vigorar o regime de separação
de bens. Desta forma, podemos concluir que a lei prevê a possibilidade de as partes
estabelecerem regimes de partilha não convencionais. Por fim, no que diz respeito à doação de
moedas que Beatriz fez a Abel, podemos concluir que o artigo 1763º, número 1 estabelece que
a doação de coisas móveis, ainda que acompanhada da tradição de coisa, deve constar de
documento escrito. Neste sentido, o artigo 1764º, número 1 dispõe que só podem ser doados
os bens próprios do casal. Para além disso, o artigo 1764º, número 2 estabelece que os bens
doados não se comunicam, seja qual for o regime matrimonial.
No que diz respeito às dívidas dos cônjuges, cumpre analisar o facto de Beatriz ter ficado
incomodada por Abel não a ter consultado no momento prévio à compra do carro. Neste
sentido, importa considerar o artigo 1690º, número 1 segundo o qual qualquer dos cônjuges
tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do outro, pelo que não era
necessário o consentimento de Beatriz. Posteriormente, os problemas financeiros do casal
agravaram-se quando Abel decidiu comprar uma viagem para as Maldivas para ambos em
comemoração da promoção que julgava que ia receber no seu trabalho e que veio a não
acontecer. Deste modo, importa considerar o artigo 1691º, número 1, alínea a) que dispõe
que são da responsabilidade de ambos os cônjuges as dívidas contraídas, antes ou depois da
celebração do casamento, pelos dois cônjuges, ou por um deles com o consentimento do outro.
Assim, perante este agravamento dos problemas financeiros, Beatriz pretende saber se pode
salvaguardar os seus interesses sem pôr fim ao casamento com Abel. Desta forma, importa ter
em conta o regime da simples separação judicial de bens, segundo o qual, o artigo 1767º
estabelece que qualquer dos cônjuges pode requerer a simples separação judicial de bens
quando estiver em perigo de perder o que é seu pela má administração do outro cônjuge.
Adicionalmente, o artigo 1768º dispõe que a separação só pode ser decretada em ação
intentada por um dos cônjuges contra o outro. Neste sentido, importa ter em conta quem é
que tem legitimidade para intentar a ação. Assim, o artigo 1769º, número 1 refere que só tem
legitimidade para a ação da separação o cônjuge lesado ou o seu acompanhante, quando
dotado de poderes de representação e mediante autorização judicial. Tendo em conta o
exposto, conclui-se que Beatriz pode intentar a ação de separação judicial de bens, a fim de
salvaguardar os seus interesses. Por fim, no que diz respeito aos efeitos da separação judicial
de bens, o artigo 1770º, número 1 dispõe que após o trânsito em julgado da sentença que
decretar a separação judicial de bens, o regime matrimonial, sem prejuízo do disposto em
matéria de registo, passa a ser o da separação, procedendo-se à partilha do património
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comum como se o casamento tivesse sido dissolvido. Em suma, o regime de bens entre Abel e
Beatriz passa a ser o da separação de bens.
Por fim, importa ainda considerar a questão de Beatriz ter vendido o faqueiro de prata que a
mãe de Abel deixara ao mesmo em testamento. – DÚVIDAS
CORREÇÃO
Artigo 1601º - alínea a) – artigo 1631º - artigo 1639º - artigo 1643º - anulação com base em
impedimento. Passou o prazo, pelo que não pode pedir a anulação.
Em 2008, descobre que Beatriz é filha de Romão, o seu irmão. O facto de Beatriz ser sobrinha
de Abel é um impedimento impediente – artigo 1650º. Contudo, não seria causa de anulação
do casamento.
Uma vez que Abel desconhecia estas circunstâncias, podemos ter outro problema. Abel
ignorava determinados aspetos relativamente à pessoa com quem ia casar.
Podemos anular o casamento com base nos impedimentos ou com base nos vícios da vontade.
O regime que está em causa é o erro. Há um regime especial no que respeita à constituição do
vínculo matrimonial.
Artigo 1636º - erro que vicia a vontade. Este artigo prevê requisitos para que o erro possa ser
relevante. Estes requisitos são cumulativos: essencialidade, desculpabilidade e razoabilidade.
Jorge Duarte Pinheiro – o erro pode recair sobre uma condição de validade ou
existência do casamento.
Doutrina maioritária – o erro tem de ser próprio, não pode recair sobre uma condição
de validade ou existência do casamento.
O erro não pode recair sobre uma condição de validade ou existência do casamento.
A maior parte da doutrina entende que não é este o objetivo do legislador. Só aplicamos o erro
naquilo que não for concorrente com regimes de impedimento. O erro não pode recair sobre
algo que é definido pela lei como impedimento.
Ainda que estejam preenchidos os requisitos do artigo 1636º, há um quarto requisito que é o
artigo 1645º.
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Artigo 1636º
Característica essencial de outro cônjuge – tem que ter as duas perspetivas da essencialidade
(objetiva e subjetiva). Tem que ser uma qualidade essencial da pessoa.
Essencialidade objetiva
Aquilo que comumente podemos considerar que é ou não razoável que as pessoas ponderem
na sua decisão de casar.
Infertilidade – é uma condição que as pessoas devem saber sobre a outra pessoa com
quem vão casar.
Essencialidade subjetiva
Tem que ser provado que naquele caso concreto, o aspeto é essencial.
Desculpabilidade
Um terceiro colocado na posição daquele nubente também não se teria apercebido daquela
circunstância – padrão do homem médio.
Maior parte da doutrina – entende que o erro tem que ser próprio, logo não se invoca o
regime do erro – artigo 1645º.
Circunstância de Beatriz ser sobrinha de Abel – Abel e Beatriz são parentes de 3º grau na linha
colateral.
Este casamento está marcado por um impedimento impediente, por isso, não pode ser pedida
a anulabilidade do casamento.
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Desculpabilidade – saber se no momento da celebração do casamento Abel devia saber aquela
circunstância.
Não. O casamento foi por procuração, pelo que Abel não esteve presente, por isso, só viu que
o irmão era pai de Beatriz é que percebeu essa declaração. assim, qualquer outro terceiro, não
iria perceber, por isso temos a desculpabilidade preenchida.
É razoável pressupor que o casamento não teria sido celebrado se Abel estivesse no
casamento.
Este erro (parentesco no 3º grau da linha colateral) seria próprio, porque não recai numa
circunstância que seja considerada causa de anulação.
Todavia, Abel nada fez e não estaria a cumprir o prazo de 6 meses após tomar conhecimento
do vínculo – artigo 1645º, pelo que não tem causa para anular o casamento.
Se concordarmos com o Professor Jorge Duarte Pinheiro, tínhamos que considerar o artigo
1601º, alínea a).
comunhão geral
comunhão de adquiridos
separação de bens
Todavia, podem existir regimes atípicos que têm que respeitar o artigo 1699º).
1ª cláusula - Todos os bens imóveis serão comuns, os bens móveis existentes à data da
celebração do casamento passam a ser comuns, com exceção das joias de família de Beatriz;
todos bens móveis adquiridos após o casamento serão comuns.
Abel e Beatriz não podiam estabelecer esta cláusula – artigo 1699º, número 2. Se o casamento
for celebrado por quem tenha filhos, ainda que maiores ou emancipados, não poderá ser
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convencionado o regime da comunhão geral nem estipulada a comunicabilidade dos bens
referidos no nº1 do artigo 1722º.
Artigo 1699º, número 2 – interpretação restritiva por parte da doutrina. Assim, quem tem
filhos não pode escolher a comunhão geral de bens, como forma de proteger os interesses
sucessórios dos filhos.
Fora estas situações, os nubentes podem convencionar o regime de bens, menos quando
estamos perante um regime imperativo.
2ª cláusula - se ao fim de cinco anos o casal não tiver filhos passará a vigorar o regime de
separação de bens.
Na convenção nupcial podemos estipular uma alteração do regime de bens. Esta estipulação
foi feita ao momento anterior à união conjugal.
3º cláusula - Beatriz doa a Abel uma valiosa coleção de moedas que lhe foi deixada em
testamento pelo seu avô.
Artigo 1753º, número 1 – a doação para casamento é a doação feita a um dos esposados, ou a
ambos, em vista do seu casamento.
Artigo 1757º - salvo estipulação em contrário, os bens doados por um esposado ao outro
consideram-se próprios do donatário. Isto significa que esta é uma norma supletiva, podemos
estipular a comunicabilidade dos bens doados pelos esposados.
As dívidas dos cônjuges estão reguladas nos artigos 1691º (responsabilizam ambos os
cônjuges) e 1692º (responsabilizam um dos cônjuges).
Viagem – foi comprada com a intenção de gerar benefício para toda a família.
O proveito comum não se presume. O artigo 1691º prevê isso. O facto do bem ser comum não
significa que a dívida seja comum, é necessário que haja proveito comum.
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uma divida não comunicável, por isso responde os bens próprios dos cônjuges e,
subsidiariamente, a sua meação nos bens comuns.
Artigo 1696º - bens que respondem pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos
cônjuges.
Nota: as dívidas também são aplicáveis no regime da separação de bens. Só não se aplica o
regime da solidariedade, cada cônjuge responde pela metade da dívida.
Em relação à venda do faqueiro importa saber se falta legitimidade para decidir o destino dos
bens.
Artigo 1678º, número 1 – cada um dos cônjuges tem a administração dos seus bens próprios.
Beatriz está preocupada com as dívidas e interroga-se se pode salvaguardar os seus bens sem
se divorciar.
Regime de bens – à partida não pode ser alterado. É extremamente importante para acautelar
o interesses dos cônjuges.
- separação judicial de bens – não mexe com os efeitos pessoais do casamento, tem que ser
pedida judicialmente
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Artigo 1767º - qualquer dos cônjuges pode requerer a simples separação judicial de bens
quando estiver em perigo de perder o que é seu pela má administração do outro cônjuge.
Separação judicial de pessoas e bens – é quase divorcio, alguns efeitos pessoais mantêm-se,
mas não todos. Depois de uma separação judicial de pessoas e bens, dificilmente se justifica a
comunicabilidade das dívidas. Dependendo da preocupação de Beatriz, o ideal seria a
separação judicial de pessoas e bens.
Hipótese 4
Cristina e Daniel namoram desde Janeiro de 2012. Daniel, fascinado, propõe-lhe casamento,
mas Cristina recusa. Enraivecido, Daniel ameaça Cristina de que, caso ela não aceda à sua
proposta, ele, como médico cardiologista, deixaria de tratar uma tia-avó de Cristina, sua
doente desde há longos anos. O pai e o irmão de Cristina são médicos altamente
especializados em cardiologia, e que só não tratam da velha tia uma vez que esta sempre se
recusou a tal, por afirmar que "santos da casa não fazem milagres".
Assustada com a ameaça, Cristina casa com Daniel em Setembro de 2012. Daniel provinha de
uma família de epiléticos, mas conseguiu esconder esse facto de Cristina. Esta vem a saber, em
3 de Outubro de 2012, pela sua sogra, que a epilepsia era uma doença hereditária na sua
família. Ao mesmo tempo, a tia-avó de Cristina zanga-se com Daniel e passa a tratar-se com
um sobrinho-neto, irmão de Cristina, das suas palpitações cardíacas, coisa de pouca
importância que toda a família conhecia. Aliviada com esse facto, Cristina procura-o hoje, a si,
para se "desfazer do casamento”.
RESOLUÇÃO
No que diz respeito à ameaça que Daniel fez a Cristina de que não trataria a sua tia-avó, caso
Cristina não casasse com ele, podemos considerar que estamos perante a figura da coação
moral. Desta forma, o artigo 1638º, número 1 dispõe que é anulável o casamento celebrado
sob coação moral, contanto que seja grave o mal com que o nubente é ilicitamente ameaçado,
e justificado o receio da sua consumação.
Relativamente ao facto de Daniel ter escondido que era epilético, sendo que esta é uma
doença hereditária na sua família, é necessário ter em conta o artigo 1636º. Neste sentido, o
referido artigo dispõe que o erro que vicia a vontade só é relevante para efeitos de anulação
quando recaia sobre qualidades essenciais da pessoa do outro cônjuge, seja desculpável e se
mostre que sem ele, razoavelmente, o casamento não teria sido celebrado. Deste modo,
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podemos considerar que ter epilepsia é uma característica essencial de outro cônjuge.
Todavia, é necessário verificarem-se as duas perspetivas da essencialidade (objetiva e
subjetiva). No que diz respeito à essencialidade objetiva, podemos considerar que é razoável
que as pessoas ponderem na sua decisão de casar, as possíveis doenças hereditárias com o
intuito de não prejudicar os seus futuros filhos. Relativamente, à essencialidade subjetiva, esta
tem que ser provada naquele caso concreto, se o aspeto é essencial. Por sua vez, quanto à
desculpabilidade, verifica-se que é necessário que um terceiro colocado na posição daquele
nubente também não se teria apercebido daquela circunstância. Desta forma, tendo em conta
que os ataques epiléticos são esporádicos e que Cristina e Daniel namoravam há menos de um
ano, parece concebível que Cristina não tivesse presenciado um ataque epilético, pelo que
desconhecia totalmente desta condição de Daniel.
Em suma, o casamento seria anulável. Desta forma, a ação de anulação fundada em vícios da
vontade só pode ser intentada pelo cônjuge que foi vítima do erro ou da coação. Como tal,
importa ainda considerar os prazos, pelo que releva o artigo 1645º que trata do prazo para a
anulação fundada em vícios da vontade. Como tal, o referido artigo dispõe que a ação de
anulação fundada em vícios da vontade, caduca se não for instaurada dentro dos seis meses
subsequentes à cessação do vício, ou seja, uma vez que o casamento realizou-se em setembro
de 2012, Cristina tinha até março de 2013 para instaurar a anulação do seu casamento, por
isso não podia hoje anular o casamento.
CORREÇÃO
Ameaça ilícita
Receio da justificação tem que ser justificado
Mal é grave
A tia de Cristina tinha apenas umas palpitações – por isso, o facto desta deixar de ser paciente
de Daniel, não seria grave. Assim, há outros médicos e em situação de emergência poderia ser
tratada por médicos da sua família. Por isso, não pode ser considerado um mal grave. Assim,
não temos preenchidos os requisitos da coação moral, porque não se verifica o receio da sua
consumação.
Hipótese n.º 5
António emigrou para o Canadá e, 11 anos depois, não havendo notícias dele, Ilda obteve uma
decisão judicial declarando a morte presumida de António.
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Ilda não suspeitava de que, na data da celebração do casamento, João sofria de anomalia
psíquica. Só depois esta veio a perceber o problema de João, estabelecendo-se então, sem
margem para dúvidas, que a demência existia desde 2000.
Em Setembro de 2011, veio a saber-se que António estava vivo e trabalhava em Montreal.
Em 5 de Agosto de 2012, Ilda propôs contra João uma acção a pedir a anulação do casamento,
baseando-se na demência deste. João pretende evitar esta anulação.
Quid iuris?
RESOLUÇÃO
Por sua vez, no que diz respeito ao casamento entre Ilda e João a 15 de agosto de 2010,
importa considerar que Ilda, à data da celebração do casamento, não suspeitava de que João
sofria de anomalia. Neste sentido, importa considerar o artigo 1636º que diz respeito ao erro
que vicia a vontade. O artigo 1636º refere que o erro que vicia a vontade só é relevante para
efeitos de anulação quando recaia sobre qualidades essenciais da pessoa do outro cônjuge,
seja desculpável e se mostre que sem ele, razoavelmente, o casamento não teria sido
celebrado. Deste modo, podemos considerar que ter demência é uma característica essencial
de outro cônjuge. Todavia, é necessário verificarem-se as duas perspetivas da essencialidade
(objetiva e subjetiva). No que diz respeito à essencialidade objetiva, podemos considerar que é
razoável que as pessoas ponderem na sua decisão de casar as doenças que cada cônjuge
tenha, nomeadamente de foro mental. Relativamente, à essencialidade subjetiva, esta tem que
ser provada naquele caso concreto, se o aspeto é essencial. Por sua vez, quanto à
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desculpabilidade, verifica-se que é necessário que um terceiro colocado na posição daquele
nubente também não se teria apercebido daquela circunstância. Desta forma, tendo em conta
que João tinha demência desde 2000, não parece que houvesse desculpabilidade. Assim, de
acordo com o artigo 1643º, alínea a) nos casos de menoridade, de demência notória ou de
acompanhamento de maior judicialmente impeditivo,
CORREÇÃO
Se o João quisesse assegurar a sua posição e sanar aquele vício, uma vez que já está curado,
pelo que deve provar judicialmente que a doença já estava curada – confirmação do
casamento.
Prevalece o regime do impedimento sobre o erro que vicia a vontade – erro próprio.
Jorge Duarte Pinheiro – recusa a propriedade do erro como requisito autónomo e adicional.
Hipótese n.º 6
Em Junho de 2009, André conheceu Bruna no Hotel em que passava férias. Apesar da ligeira
diferença de idades (André tinha 65 anos e Bruna tinha 18 anos), foi amor à primeira vista. O
pai de Bruna opôs-se ao casamento por André “ser um velho”, embora a mãe de Bruna lhe
tenha dado todo o seu apoio. A mãe de Bruna tinha conhecimento de que esta era uma
rapariga com “olho para o negócio”. Na verdade Bruna apenas pretende casar com André uma
vez que este ganhou um avultado prémio no casino hotel onde passavam férias.
André e Bruna casaram-se em Setembro do mesmo ano. Em Agosto de 2009 André e Bruna
celebraram, por escritura pública, o seguinte acordo:
b) André doa a Bruna a sua coleção de moedas, bem que será comum;
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e) Caberá a Bruna decidir sobre questões relativas à educação das filhas do casal, enquanto
André se ocupará, em exclusivo, da educação dos filhos.
Em Setembro de 2012 Bruna descobre que André utilizou todo o dinheiro ganho no casino
para pagar antigas dívidas, vivendo actualmente da sua modesta reforma. Desolada, Bruna
pondera pedir anulação do casamento.
Quid iuris?
RESOLUÇÃO
Neste caso, importa considerar diversos aspetos que dizem respeito ao casamento.
Por sua vez, importa considerar que em Agosto de 2009, André e Bruna celebraram um acordo
por escritura pública. Neste sentido, podemos concluir que estamos perante uma convenção
antenupcial, pelo que releva o artigo 1698º do Código Civil, segundo o qual os esposos podem
fixar livremente, em convenção antenupcial o regime de bens do casamento, quer escolhendo
um dos regimes previstos neste código, quer estipulando o que a esse respeito lhes aprouver,
dentro dos limites da lei.
No que diz respeito à alínea b) da convenção antenupcial, podemos concluir que estamos
perante uma doação para casamento, pelo que releva o artigo 1753º, número 1, segundo o
qual a doação para casamento é a adoção feita a um dos esposados, ou a ambos, em vista do
seu casamento. todavia, o artigo 1757º estabelece a incomunicabilidade dos bens doados
pelos esposados, pelo que salvo estipulação em contrário, os bens doados por um esposado ao
outro consideram-se próprios do donatário, seja qual for o regime material. Neste sentido, o
artigo 1720º, número 2 define que não obsta a que os nubentes façam entre si doações.
Podem fazer antes do casamento, mas não podem fazer depois – 1762º.
Por sua vez, na alínea c), é estabelecido que as pensões de André serão um bem comum, pelo
que é necessário saber se as reformas são ou não uma substituição do salário.
Jorge Duarte Pinheiro – diz que não admite a comunicabilidade. Logo não seria um bem
comum.
Ainda na alínea d), ficou convencionado que André não ficará obrigado ao dever de fidelidade.
Todavia, o artigo 1699º trata das restrições ao princípio da liberdade, pelo que o número 1,
alínea b) dispõe que não podem ser objeto de convenção antenupcial a alteração dos direitos
ou deveres, quer paternais, quer conjugais. Assim, conclui-se que André tem que cumprir os
16
deveres dos cônjuges elencados no artigo 1672º, nomeadamente os deveres de respeito,
fidelidade, coabitação, cooperação e assistência.
No que diz respeito à última alínea, ou seja, à alínea e), foi estipulado pelas partes que caberia
a Bruna as questões relativas à educação das filhas e, por outro lado, caberia a André as
questões de educação relativas aos filhos. Todavia, esta alínea não é válida ao abrigo do
princípio da igualdade e da não discriminação que foi instituído no Código Civil a partir de
1977. Assim, a Constituição, no artigo 36º, número 3, dispõe que os cônjuges têm iguais
direitos e deveres quanto à capacidade civil e política e à manutenção e educação dos filhos.
Adicionalmente, o artigo 1699º, alínea b) define que não pode ser objeção de convenção
antenupcial a alteração dos direitos ou deveres, quer paternais, quer conjugais.
Todavia, em setembro de 2012, Bruna descobre que André utilizou todo o dinheiro ganho no
casino, pelo que agora vive apenas da sua reforma. Assim, Bruna quer a anulação do
casamento. Neste sentido, importa considerar o artigo 1636º que diz respeito ao erro que vicia
a vontade. Assim, o artigo 1636º dispõe que o erro que vicia a vontade só é relevante para
efeitos da anulação quando recaia sobre qualidades essenciais da pessoa do outro cônjuge,
seja desculpável e se mostre que sem ele, razoavelmente, o casamento não teria sido
celebrado. Contudo, podemos desde logo concluir que o erro de Bruna não preenche todos
estes requisitos, pois falta logo o pressuposto de ser uma qualidade essencial da pessoa do
outro cônjuge, pois não se trata de uma característica própria de André, pelo que Bruna não
pode pedir a anulação do casamento.
CORREÇÃO
Artigo 1720º - regime imperativo da separação de bens no caso do casamento ser celebrado
por quem tenha completado sessenta anos.
O facto de Bruna ser uma interesseira também não é motivo para anular o casamento.
Artigo 1762
Artigo 1699
Hipótese n.º 7
Alberto e Berta casam civilmente em Março de 2000, tendo celebrado uma convenção
antenupcial em que:
1. O imóvel sito em Coimbra, levado por Berta para o casamento, será um bem comum;
2. O dinheiro depositado na conta na Suíça que Alberto leva para o casamento será bem
próprio dele até terem um filho em comum, altura em que passará a ser bem comum;
3. Tendo em vista o futuro casamento, Alberto doa a Berta a sua coleção de moedas,
bem que será comum;
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4. Berta confere a Alberto mandato para administrar os seus bens próprios até ela
perfazer os 21 anos de idade;
5. Em caso de separação, nenhum dos cônjuges deverá alimentos ao outro.
Em Janeiro de 2010, aproveitando uma ausência de Alberto no estrangeiro, Berta resolve fazer
obras de beneficiação no seu apartamento de Lisboa, que fora, desde o casamento a casa de
morada de família. Todas as obras foram orçadas em 50 000 euros, valor que se encontra
ainda em dívida.
Por não condizer com a nova decoração, Berta aproveitou para trocar a mobília do séc. XVIII
que Alberto adquiriu por morte de sua mãe, substituindo-a por mobiliário moderno. A mobília
antiga foi vendida a um antiquário, por bom preço.
Alberto regressa a casa e ficou inconformado com as decisões tomadas por Berta.
Quid iuris?
RESOLUÇÃO
Neste caso, importa considerar que estamos perante diversas questões associadas ao
casamento, nomeadamente o regime de bens, as dívidas dos cônjuges e a administração de
bens.
Alberto e Berta casaram civilmente em março de 2020, pelo que releva o artigo 1615º, alínea
a) no que diz respeito à publicidade e formal, pelo que a celebração do casamento é pública e
está sujeita, segundo a vontade dos nubentes à forma fixada no Código Civil e nas leis do
registo civil. Por outro lado, importa ainda ter em conta o artigo 1616º, segundo o qual é
indispensável para a celebração do casamento a presença dos contraentes, ou de um deles e
do procurador do outro, do funcionário do registo civil ou, nos casos de casamento civil sob
forma religiosa, do ministro do culto, devidamente credenciado e de duas testemunhas, nos
casos em que é exigida por lei.
Neste sentido, Alberto e Berta celebraram uma convenção antenupcial, pelo que, segundo o
artigo 1698º, os esposos podem fixar livremente, em convenção antenupcial o regime de bens
do casamento, quer escolhendo um dos regimes previstos neste código, quer estipulando o que
a esse respeito lhes aprouver, dentro dos limites da lei (liberdade de convenção).
Artigo 1678º, número 2, alínea c – bem comum, mas administrado apenas por Berta.
Assim, concluímos que estamos perante um regime atípico. Não é possível reconduzir a
separação, porque há pelo menos um bem comum. Não é possível conduzir a comunhão de
adquiridos, porque esse bem é apenas administrado por Berta. Não é possível reconduzir à
comunhão geral devido às contas na Suíça. Logo, estamos perante um regime atípico.
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1753º, número 1, segundo o qual a doação para casamento é a doção feita a um dos
esposados, ou a ambos, em vista do seu casamento.
Por sua vez, o artigo 4º diz respeito ao mandato que Berta confere a Alberto para administrar
os seus bens próprios até ela perfazer os 21 anos de idade, pelo que é necessário considerar o
artigo 1678º, número 2, alínea g), segundo o qual cada um dos cônjuges tem a administração
dos bens próprios do outro cônjuge se este lhe conferir por mandato esse poder. Todavia, não
podemos alterar regras de administração.
Em janeiro de 2020, Berta resolve fazer obras de beneficiação no seu apartamento de Lisboa
que fora desde o casamento a casa da morada de família. Assim, todas as obras foram orçadas
em 50000€, valor que se encontra ainda em dívida. Neste sentido, importa considerar as
dívidas dos cônjuges, pelo que, segundo o artigo 1690º, número 1, qualquer dos cônjuges tem
legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do outro.
Morada de família – apartamento em Lisboa. O facto de ser a morada de família não altera a
titularidade de um bem. É a titularidade que nos permite saber quem pode administrar o bem.
Assim, uma vez que pertence a Berta, ela pode mandar fazer as obras – artigo 1678º. Não
poderá decidir vender ou arrendar a casa de família ainda que seja um bem dela. violação do
disposto no artigo 1722º, alínea a). Neste sentido, fazer obras na morada de família está
dentro dos seus poderes de administração.
Artigo 1695º - bens que respondem pelas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges.
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RENDIMENTOS – artigo 1692º - o dinheiro é um bem comum dos 2, embora administrado por
quem o aufere.
Por outro lado, Berta vendeu a mobília que Alberto adquiriu por morte da sua mãe e vendeu-a
a um antiquário por um bom preço. – Artigo 1722º, alínea b) – são considerados próprios dos
cônjuges os bens que lhes advierem depois do casamento por sucessão ou doação, logo é um
bem próprio de Alberto.
Artigo 1678º, número 1 – cada um dos cônjuges tem a administração dos seus bens próprios.
Hipótese 8
Ana e Bernardo contrariam casamento sem prévia convenção antenupcial. Pronuncie-se sobre
os seguintes atos de administração:
a) Ana, escritora, utiliza um computador que B adquiriu em solteiro para redigir os seus
romances. Pretende vendê-lo a C que lhe fez uma excelente oferta;
b) B pretende trocar o carro adquirido um ano após o casamento por um modelo mais
recente;
d) A pretende vender no olx a mobília de sala que B herdara, de sua mãe, já após o
casamento;
f) B pretende vender a casa onde reside com A que fora um presente de casamento que o
seu pai lhe dera.
Dois anos depois, A e B decidem divorciar-se. No entanto, A tem receio de ficar prejudicado no
divórcio, uma vez que um ano antes doara a B um apartamento em Lisboa e pretendia reaver
esse bem. Quid iuris? E se a doação tivesse sido efetuada na convenção antenupcial, a sua
resposta seria diferente?
RESOLUÇÃO
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No que diz respeito ao facto de Ana e Bernardo terem contraído matrimónio sem prévia
convenção antenupcial. Neste sentido, uma vez que não foi celebrada a convenção
antenupcial, então os esposos não fixaram o regime de bens, pelo que se aplica supletivamente
o regime da comunhão de adquiridos. Assim, o artigo 1717º dispõe que na falta de convenção
antenupcial, ou no caso de caducidade, invalidade ou ineficácia da convenção, o casamento
considera-se celebrado sob o regime da comunhão de adquiridos.
Alínea a) – Ana utiliza um computador que B adquiriu em solteiro e pretende vendê-lo. Assim,
importa considerar o artigo 1722º, número 1, alínea a) segundo o qual são considerados
próprios dos cônjuges os bens que cada um deles tiver ao tempo da celebração do casamento.
Desta forma, Ana não poderá vender o computador, visto que este pertence a Bernardo.
Artigo 1678º - exceção – número 2 – cada um dos cônjuges tem ainda a administração dos
bens móveis, próprios do outro cônjuge ou comuns, por ele exclusivamente utilizados como
instrumento de trabalho.
Alínea b) – Bernardo pretende trocar o carro adquirido após o casamento. Neste caso, importa
ter em conta que, segundo o artigo 1724º, alínea a), fazem parte da comunhão os bens
adquiridos pelos cônjuges na constância do matrimónio. Assim, trata-se de um bem comum.
Artigo 1678º, número 3 – refere-se aos bens comuns. Assim, cada um dos cônjuges tem
legitimidade para a prática de atos de administração ordinária relativamente aos bens comuns
do casal. Os restantes atos de administração só podem ser praticados com o consentimento de
ambos os cônjuges.
Assim, uma vez que estamos perante um ato de administração extraordinária, Bernardo não
poderia ter trocado o carro, porque era necessário o consentimento de Ana.
Alínea c) – Bernardo utilizou, sem consentimento de Ana, todos os rendimentos do seu trabalho
do mês de novembro, para comprar um quadro de arte que sabia não ser do interesse de Ana.
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Administração – artigo 1678º, número 2, alínea a) – cada um dos cônjuges tem a
administração dos proventos que receba pelo seu trabalho.
Alínea d) – Ana pretende vender a mobília da sala que B herdou da sua mãe após o casamento.
Deste modo, importa ter em conta que, segundo o artigo 1722º, número 1, alínea b), são
considerados bens próprios dos cônjuges os bens que lhes advierem depois do casamento por
sucessão ou doação. Assim, Ana não pode vender a mobília, visto que esta apenas pertence a
Bernardo. A administração é de Bernardo nos termos do artigo 1678º, número 1.
O direito foi constituído antes de casar. não é um bem comum, porque a aposta foi feita antes
– artigo 1678º, número 2, alínea c).
Artigo 1678º, número 1 – o prémio é um bem próprio de Bernardo, logo administrado por
Bernardo. Pode decidir usar aquele dinheiro para comprar o apartamento em Londres.
Estas aquisições são fonte de problemas, porque um dos cônjuges tem dinheiro e investe na
aquisição de um apartamento.
Supremo tribunal de justiça – para evitar uma injustiça, o STJ veio dizer que perante terceiros
o bem tem que ser considerado um bem comum. O regime de bens é cognoscível para
terceiros, porque quem negoceia com os cônjuges tem que identificar a massa comum. Se não
existe essa menção, não há forma de saber que o bem foi adquirido. Quando não for
observado a parte final do artigo 1723, se houver execução por dividas, é considerado um bem
comum. Mas mesmo que sido preenchido a parte final do artigo 1723, é possível provar a
proveniência dos fundos e, por isso, é considerado como um bem próprio.
Alínea f) – Bernardo pretende vender a casa onde reside com Ana que fora um presente de
casamento que o seu pai lhe dera.
Artigo 1722º - bens próprios – os bens que lhes advierem depois do casamento por sucessão
ou doação. Assim, Bernardo administra a casa segundo os termos do artigo 1678º -
administração dos bens do casal – número 1, cada um dos cônjuges tem a administração dos
seus bens próprios.
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Artigo 1682º – A, número 1, alínea a) – carece do consentimento de ambos os cônjuges, salvo
se entre eles vigorar o regime de separação de bens, a alienação, oneração, arrendamento ou
constituição de outros direitos pessoais de gozo sobre imóveis próprios ou comuns.
Os valores dos imóveis são possíveis de gerar rendimentos, estes são frutos civis – artigo
1728º, número 1 a contrario.
Artigo 1733º, número 2 – a incomunicabilidade dos bens não abrange os respetivos frutos nem
o valor das benfeitorias úteis – os frutos dos bens próprios são comuns.
Posteriormente, Ana e Bernardo pretendem divorciar-se. Todavia, Ana tem receio de ficar
prejudicada no divórcio, pois um ano antes doou a Bernardo um apartamento em Lisboa e
pretendia reaver esse bem. Assim, importa considerar as doações entre casados. Desta forma,
o artigo 1765º, número 1 refere que as doações entre casados podem a todo o tempo ser
revogadas pelo doador, sem que lhe seja lícito renunciar a este direito. Desta forma, Ana pode
revogar a doação.
Por fim, importa considerar o que se sucederia se a doação tivesse sido efetuada na convenção
antenupcial. Neste sentido, é necessário ter em conta o regime da doação para casamento,
pelo que o artigo 1753º, número 1 dispõe que a doação para casamento é a doação feita a um
dos esposados, ou a ambos, em vista do seu casamento.
Artigo 1791º, número 1 – cada cônjuge perde todos os benefícios recebidos ou que haja de
receber do outro cônjuge ou de terceiro, em vista do casamento (doações para casamento) ou
em consideração do estado de casado (doações entre casados), quer a estipulação seja
anterior quer posterior à celebração do casamento.
Hipótese 9
a) A futura casa de morada de família- que era de António - passa a ser um bem comum;
d) A dívida contraída por um dos cônjuges apenas responsabiliza quem celebrou o contrato.
Um ano depois do casamento A contraiu uma dívida para assegurar o pagamento de conta da
mercearia que já se encontra em atraso e para um frigorífico novo, uma vez que o anterior
avariara. B contraiu outra dívida, no valor de 20.000 para investir na quinta adquirida pela
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família, plantou um amendoal que infelizmente se veio a revelar um mau investimento.
Analise a convenção antenupcial e pronuncie-se sobre a comunicabilidade das dívidas.
RESOLUÇÃO
António e Bela celebraram um acordo antes do casamento. Neste sentido, podemos concluir
que foi celebrada uma convenção antenupcial, pelo que o artigo 1698º refere-se à liberdade de
convenção e dispõe que os esposos podem fixar livremente, em convenção antenupcial, o
regime de bens do casamento, quer escolhendo um dos regimes previstos neste código, quer
estipulando o que a esse respeito lhes aprouver dentro dos limites.
No que diz respeito à alínea a), os esposos fixaram que a futura casa de morada que era de
António passa a ser um bem comum. Assim, podemos concluir que é afastado o regime da
separação de bens disposto no artigo 1735º segundo o qual cada um dos cônjuges conserva o
domínio e fruição de todos os seus bens presentes e futuros, podendo dispor deles livremente.
Como tal, não se trata do regime da separação, uma vez que há pelo menos um bem comum.
Por sua vez, a alínea b) refere que são próprios os rendimentos do trabalho dos cônjuges. Não
viola nenhuma norma imperativa, por isso, pode ser estipulado. Neste sentido, concluímos que
o regime de bens escolhido pelos esposos não foi nenhum dos regimes de comunhão (geral e
adquiridos).
A alínea c) estabelece que os bens herdados serão sempre administrados por ambos os
cônjuges, pelo que concluímos que também não se trata do regime da comunhão de
adquiridos, pois neste regime, de acordo com o artigo 1722º, alínea b) são considerados bens
próprios dos cônjuges os bens que lhes advierem depois do casamento por sucessão ou
doação.
Artigo 1699º, número 1 – não se pode alterar esta restrição ao princípio da liberdade.
No que diz respeito à alínea d) que refere que a dívida contraída pelos cônjuges apenas
responsabiliza quem celebrou o contrato, conclui-se que não é possível que A e B estipulem
esta alínea na convenção antenupcial. Assim, existem dívidas que responsabilizam ambos os
cônjuges e dívidas que são da responsabilidade de um dos cônjuges.
Artigo 1699º, alínea c – alterar o regime de dívidas seria uma forma indireta de alterar o
regime de administração dos bens do casal.
Decorrido 1 ano de casamento, A contraiu uma dívida para assegurar o pagamento da conta
da mercearia e do frigorifico, logo aplica-se o artigo 1691º, número 1, alínea b), segundo o
qual são da responsabilidade de ambos os cônjuges as dívidas contraídas por qualquer dos
cônjuges, antes ou depois da celebração do casamento, para ocorrer aos encargos normais da
vida familiar.
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Por outro lado, também B contraiu uma dívida no valor de 20.000€ para investir na quinta
adquirida pela família. Assim, o artigo 1691º, número 1, alínea c) proveito comum
Hipótese 10
a) Tendo em vista o casamento, Amélia doa a Bernardo a embarcação “Pérola dos Mares”;
b) A casa de Lisboa, que Amélia recebera por sucessão em 1989, será um bem comum;
c) Os bens administrados por um cônjuge não respondem pelas dívidas contraídas pelo outro;
Em agosto de 2007, nasce Carolina, filha de Amélia e Bernardo. A vida familiar do casal é
“atribulada” do ponto de vista financeiro e Amélia adquiriu “a prestações” uma mobília de
quarto para a criança. Decorrido um ano, encontra-se por pagar o valor da mobília e Bernardo
considera que não é responsável pelo pagamento da dívida, pois não foi ele que decidiu
contraí-la.
Em todo o caso, para procurar resolver o problema, Bernardo colocou a mobília à venda e
rapidamente, no espaço de dois dias, a vendeu. Amélia que regressara de um fim-de-semana
em casa dos seus pais fica desolada ao perceber que a filha já não tem onde dormir.
Incrédula com a atitude de Bernardo, Amélia pretende divorciar-se. Bernardo não está de
acordo. Mas, caso haja divórcio, avisa Amélia que lhe exigirá uma pensão de alimentos, bem
como metade dos bens adquiridos após o casamento e ½ do valor da casa de Lisboa. Por
último, Bernardo pretende conservar no seu património a embarcação “Pérola dos Mares”.
RESOLUÇÃO
Na convenção antenupcial foi estipulado que Amélia doa a Bernardo a embarcação “Pérola
dos Mares”. Desta forma, podemos concluir que estamos perante uma doação para casamento
na alínea a), pelo que o artigo 1753º, número 1 dispõe que doação para casamento é a
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doação feita a um dos esposados, ou a ambos, em vista do seu casamento. Segundo o artigo
1756º,a forma está correta, pois o número 1 dispõe que as doações para casamento só podem
ser feitas na convenção antenupcial.
Por sua vez, a alínea c) prevê que os bens administrados por um cônjuge não respondem pelas
dívidas de outro cônjuge. Assim, conclui-se que não é possível que A e B estipulem esta alínea
na convenção antenupcial. Assim, existem dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges e
dívidas que são da responsabilidade de um dos cônjuges. Trata-se de uma forma indireta de
alterar formas de administração – artigo 1699º - restrições ao princípio da liberdade + artigo
1618º - aceitação do casamento.
No que diz respeito à alínea d) que dispõe que nenhum dos cônjuges estará obrigado a
observar o dever de fidelidade, conclui-se que esta disposição não pode ser acordada pelas
partes. Assim, o artigo 1672º dispõe que os cônjuges estão reciprocamente vinculados pelos
deveres de respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e assistência. Todavia, o artigo 1699º
trata das restrições ao princípio da liberdade da convenção antenupcial, pelo que o número 1,
alínea b) dispõe que não podem ser objeto de convenção antenupcial a alteração dos direitos
ou deveres, quer paternais, quer conjugais. Logo, ambas as partes estão obrigadas a observar
o dever de fidelidade. + artigo 1619º
Por fim, a alínea e) refere que compete a Amélia a educação dos filhos do casal, sendo
exclusivamente sua a escolha da escola. Por sua vez, Bernardo poderá livremente inscrever os
filhos do casal nas atividades desportivas que entender adequadas. As despesas escolares das
crianças serão exclusivamente suportadas por Amélia, enquanto as despesas com atividades
desportivas serão suportadas em exclusivo por Bernardo. Deste modo, importa considerar o
artigo 1699º que trata das restrições ao princípio da liberdade da convenção antenupcial, pelo
que o número 1, alínea b) dispõe que não podem ser objeto de convenção antenupcial a
alteração dos direitos ou deveres, quer paternais, quer conjugais – alteração às
responsabilidades parentais. Adicionalmente, o artigo 1671º, número 1 estabelece a igualdade
entre os cônjuges, pelo que o casamento baseia-se na igualdade dos direitos e deveres dos
cônjuges. Por fim, o artigo 1901º, número 1 dispõe que na constância do matrimónio, o
exercício das responsabilidades parentais pertence a ambos os pais.
A criança tem o direito a ter os dois pais envolvidos nas suas atividades.
Em 2007 nasce Carolina filha de Amélia e Bernardo. Assim, uma vez que estavam com
problemas financeiros, Amélia adquire a mobília para o quarto da criança em prestações. Mais
tarde, vem a verificar-se que a dívida ainda se encontra por pagar, mas Bernardo considera
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que não é responsável pelo pagamento desta, pois não foi ele que a contraiu. Assim, importa
considerar o artigo 1691º, número 1, alínea b) pelo que são da responsabilidade de ambos os
cônjuges as dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges, antes ou depois da celebração do
casamento, para ocorrer aos encargos normais da vida familiar.
Como forma de responder à dívida, Bernardo colocou a mobília à venda, o que deixou Amélia
desolada, pelo que esta pretende divorciar-se. Quanto à venda da mobília – artigo 1678º,
número 1 e 3.
Assim, Bernardo não está de acordo, pelo que este será um divórcio litigioso, uma vez que não
há consentimento de um dos cônjuges. Assim, o artigo 1779º, número 1 dispõe que no
processo de divórcio sem consentimento de um dos cônjuges haverá sempre uma tentativa de
conciliação dos cônjuges. Todavia, caso haja divórcio Bernardo exigirá uma pensão de
alimentos.
Artigo 1781º - rutura do casamento, alínea d) – podemos dizer que o casal não conduz a via
em comum, o cônjuge recusa-se a tomar decisões necessárias para o bem-estar dos filhos,
violação dos deveres, como o dever de respeito demonstra rutura. Assim, existe a convicção de
Amélia de que não quer restabelecer a relação.
NOTA: pode ser um divórcio judicial mesmo sendo um divórcio por mútuo consentimento.
Assim, importa ter em conta que o artigo 2016º, número 2 segundo o qual qualquer dos
cônjuges tem direito a alimentos, independentemente do tipo de divórcio.
A partir de 2008, cada cônjuge deve prover a sua subsistência após o divórcio.
Artigo 2016º, alínea a) – diz que o cônjuge não tem que manter o padrao de vida, mas sim o
nível de subsistência condigno.
Adicionalmente, Bernardo exigirá metade dos bens adquiridos após o casamento e metade do
valor da casa de Lisboa. No que diz respeito aos bens adquiridos -artigo 1790º. Por sua vez, em
relação ao facto de Bernardo exigir metade do valor da casa de Lisboa – artigo 1790º - antes já
era da Amélia, na partilha continua a considerar-se um bem-próprio.
Por outro lado, Bernardo pretende conservar no seu património a embarcação. Assim, importa
considerar que uma vez que se trata de uma doação para casamento, o artigo 1757º
estabelece a incomunicabilidade de bens doados pelos esposados. Desta forma, o artigo 1758º
dispõe que as doações entre esposados não são revogáveis por mútuo consentimento dos
contraentes. Contudo, o artigo 1760º refere-se à caducidade, artigo 1760º, número 1, b), logo
Amélia poderia reaver a embarcação.
Pressupostos:
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Esta norma restringe esta avaliação aos interesses dos filhos comuns do casal.
Quando um cônjuge se dedica à vida familiar e abdica da vida profissional, significa que o outro
cônjuge se dedica mais à vida profissional.
Importa saber se os rendimentos são comunicáveis para saber se há prejuízo para quem está
pedir o crédito compensatório.
Partilha
Artigo 1790º
Artigo 1791º - artigo 1760º + artigo 1766º
Artigo 1793º
Artigo 1676º
Artigo 2009º
Artigo 2016º
Artigo 2016º - A
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