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Faculdade de Direito
2. Desenvolvimento ................................................................................................................................ 4
3. Conclusão ............................................................................................................................................ 7
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
✓ Compreender a teoria contemporânea da interpretação.
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2. Desenvolvimento
2.1. Conceito de Interpretação
Segundo Maximiliano (2010) “interpretar é explicar, esclarecer, dar o significado do vocábulo,
mostrar o sentido verdadeiro de uma expressão”, daí por que incumbe, ao intérprete, “examinar o
texto em si, o seu sentido, o significado de cada vocábulo.
Faz depois obra de conjunto; compara-o com outros dispositivos da mesma lei, e com os de leis
diversas, do país ou de fora. Inquire qual o fim da inclusão da regra no texto e examina este tendo
em vista o objetivo da lei toda e do Direito em geral. Determina por esse processo o alcance da
norma jurídica e, assim, realiza, de modo completo, a obra moderna do hermeneuta” (p.23).
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do mundo. O discurso jurídico desenvolve-se no plano do dever-ser, da normatividade, e não da
empiria.
Desse modo, os realistas atacaram os formalistas, que resumiam o direito aos conceitos e regras
formulados na legislação ou na jurisprudência, com claras hipóteses de incidência e consequências
devidas (Amato, 2021).
2.2.1. Hermenêutica contemporânea em Dworkin
Ronald Dworkin tem-se destacado com um pensamento original, pois, é um dos principais
jusfilósofos que desenvolve críticas relevantes ao liberalismo utilitarista e ao positivismo jurídico
contemporâneo, principalmente na versão dada a esta teoria pelo professor Herbert Hart. Portanto,
para outros, Dworkin é responsável por criar uma terceira teoria do direito, onde a primeira e a
segunda seriam o positivismo jurídico e o jusnaturalismo.
Tanto o teórico do direito quanto o jurista prático fazem argumentos sobre o que o direito requer
nessa medida, com maior ou menor abstração, engajam-se em controvérsias valorativas, que no
fundo pressupõem a articulação de certa moralidade política. Por isso, o que caracterizaria o direito
são os “desacordos teóricos” emergentes para além do acordo sobre questões fáticas: normas
aplicáveis e circunstâncias concretas (Dworkin, 2010, p. 5).
Assim a visão de dentro, explica o direito como uma prática social normativa, um campo de
exercícios interpretativos em que não somente se considera a busca a melhor interpretação possível
(a mais forte, racional e convincente) dos textos jurídicos (legislativos e jurisprudenciais).
Dworkin (2010), argumenta que o direito é uma actividade interpretativa, abrange padrões não
institucionalizados, que não foram objeto de decisão por autoridade competente anterior, mas que
guardam coerência valorativa e adequação com o corpo de regras interpretado.
Também parece acreditar que a interpretação no sentido forte, a aplicação “interpretativa”, também
não é rotineira embora sempre esteja potencialmente contida na aplicação do direito. Os juízes nem
sempre são demandados a filosofar, mas no limite podem ter sob seu juízo questões morais
controversas que exigem um tipo de análise conceitual qualitativamente afim à prática da filosofia,
ainda que mais circunscrita (Dworkin, 2010).
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3. Conclusão
Conclui-se que a no direito moçambicano a excepcionalidade da interpretação é forte na sustentação
de uma explicação convencionalista da prática jurídica. Pois, a interpretação, surge como excepcional
e isto nos termos tradicionais. Portanto, a interpretação é excepcional, a partir do momento que não
deixa de ser importante. Assim, trata-se de um modelo conversacional que guarda maior afinidade
com a imagem positivista do direito baseado em fontes sociais, isto é, em decisões de autoridades.
Noutra senda, às versões mais cruas de interpretação baseada na intenção das autoridades, a qual
apresentaria um deficit de legitimidade ao permitir que sejam incorporados ao direito padrões que
não podem ser pensados como tendo sido desde o início criados como jurídicos ou juridicamente
vinculantes. Entretanto, a natureza do direito implicaria essa exclusão desde o princípio. Hart
reafirmava a visão pós-realista de que a interpretação jurídica também implica juízos de valor para
além daqueles pré-definidos pelo legislador em regras já formuladas e válidas. Observe-se que se o
resultado da interpretação levar à conclusão de que o dispositivo de lei tem um sentido nocivo,
contrário aos interesses que se pretendem superiores, faz-se, então, uma interpretação corretiva,
tendo em conta que a lei é um corpo harmônico e sistemático das normas, se a regra legal disse
menos, recorre-se à interpretação extensiva, para ampliar-lhe o sentido, e se a norma jurídica disse
mais, pede-se auxílio à interpretação restritiva para estreitar-lhe, reduzir-lhe o sentido.
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4. Referências Bibliográficas
Amato, L.F. (2019). Moralidade, legalidade e institucionalização. Revista de Direito da Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa, v. 11, n. 1, p. 335-360.
Geertz, C. (1997). O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Tradução de Vera
Mello Joscelyne. Petrópolis: Vozes.
Macedo Júnior, R.P. (2013). Dworkin e a teoria do direito contemporânea. São Paulo: Saraiva.
Michelon Júnior, C.F. (2004). Aceitação e objetividade: uma comparação entre as teses de Hart e do
positivismo precedente sobre a linguagem e o conhecimento do direito. São Paulo: Revista dos
Tribunais.
Santos, B.S. (2003). Conflito e transformação social: uma paisagem das justiças em Mocambique.
Porto: Afrontamento, v. 1, p. 48