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Garantias Jurídicas.
Quelimane
2021
DÉRCIO JOSÉ SALATO
ISABEL AFONSO AUGUSTO PICARDO
NELSON ARMANDO LEMANE
SAMBEL INÁCIO ULIRE
SÓNIA OLÍMPIO CARLOS
TEQUIMO VENÂCIO EDUARDO
Garantias Jurídicas.
Quelimane
2021
Sumário
1 Introdução (Lemane)................................................................................................................3
2 Garantias Jurídicas...................................................................................................................4
2.2 Prémios.............................................................................................................................4
3 Conclusão...............................................................................................................................12
4 Referências Bibliográficas.....................................................................................................13
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1 Introdução (Lemane)
O presente trabalho de pesquisa, com o tema Garantias Jurídicas, busca
compreender, na relação jurídica, o procedimento sancionatório, a aplicação de sanções
jurídicas, em razão da infracção dos deveres que as normas jurídicas impõem.
A pesquisa toma por base as teorias desenvolvidas por Sousa e Galvão (2000),
apoiando-se de obras de diversos outros autores para melhor fundamentar as posições
alicerçadas pelos já mencionados autores, no que respeita às garantias jurídicas, sobretudo nas
noções que nos são igualmente apresentadas pelo Prof. João Castro Mendes (2010).
2 Garantias Jurídicas
Nesta parte da pesquisa, propusemo-nos, então, a apresentar as noções de garantias
jurídicas, bem assim as suas nuances, como sejam as sanções e prémios a estas inerentes,
como forma de protecção da ordem jurídica assente.
Ainda sobre a noção de garantia jurídica, entende Mendes (2010), no mesmo esteio do
apresentado por Beviláqua (1979), que na relação jurídica deve existir um elemento que
proteja a ordem jurídica. É o elemento que possibilita, “para além das vontades humanas, se
recorrer a um sistema de coacção organizada e a susceptibilidade da intervenção da força para
proteger o interesse juridicamente tutelado” (Mendes, 2010, p.130).
Sustentam Sousa e Galvão (2000) que, falar de garantia jurídica, é falar, antes de mais,
da coercibilidade do Direito, conquanto este consiste na susceptibilidade de aplicação da
sanção perante a violação de uma regra jurídica, ou seja, ao Direito assiste-se-lhe a faculdade
de “recorrer ao uso da força para aplicar a sanção ao infractor” (p.274).
2.2 Prémios
Até aqui, no cômputo da noção das garantias jurídicas, referimo-nos das sanções
negativas a aplicar em caso de violação da ordem jurídica. No entanto, tais garantias não se
revestem unicamente em sanções negativas. Vezes há, embora muitíssimo raras, em que as
mesmas são revestidas em prémios. Assim, asseguram Sousa e Galvão (2000, p.275) que “os
prémios induzem um fortíssimo estímulo a observância do Direito, como que convidando a
comunidade a aderir à disciplina consagrada”. Seria, em nosso entendimento, uma
bonificação ao cumprimento pontual e integral da norma jurídica vigente.
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A. Sanção disciplinar
No entender de Sousa e Galvão (2000, p. 275), “há ilícito disciplinar quando um
funcionário ou agente integrado em certa organização desrespeita regras que disciplinam o
seu funcionamento interno ou a sua relação com terceiros, atendendo à óptica de salvaguarda
do interesse da organização”. Pode-se entender que esta sanção decorre da relação jurídico-
laboral, quando se verifique a violação de deveres por parte do infractor/trabalhador (como
sejam, por exemplo, os deveres previstos no artigo 58 da Lei de Trabalho, aprovada pela Lei
n.º 23/2007, de 01 de Agosto – na relação jurídico-laboral entre particulares -, ou, ainda, os
deveres ínsitos nos artigos 42 e 43, ambos do Estatuto geral dos Funcionários e Agentes do
Estado (EGFAE), aprovado pela Lei n.º 10/2017, de 01 de Agosto – na relação jurídico-
laboral com o Estado).
Nestes termos, para punir ao infractor na sua relação com a entidade que serve, é
aplicada uma sanção disciplinar, que vai desde admoestação verbal ao despedimento (ex vi do
artigo 63 da Lei do Trabalho), ou, ainda, desde a advertência à expulsão (ex vi do artigo 90 do
EGFAE). Esta sanção, entendem Sousa e Galvão (2000), só pode ser aplicada por instância
competente da organização considerada.
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B. Sanção civil
Para Sousa e Galvão (2000, p.276), “há ilícito civil quando são desrespeitadas regras
que respeitam ao relacionamento entre particulares ou entre eles e a Administração Pública,
mas actuando com se fosse um particular”.
C. Sanção administrativa
Consideram Sousa e Galvão (2000) que o ilícito administrativo ocorre sempre que haja
violação das regras que regulam as relações entre particulares e a Administração Pública ou
estabeleçam condutas cujo acatamento é ditado por interesses colectivos, isto é, pela
necessidade de viver colectivamente, embora interesses colectivos não vitais. É uma sanção
aplicada pela Administração Pública. Os autores retro mencionados indicam que esta sanção
“consiste no desrespeito de regras que pretendem proteger valores colectivos de segunda
relevância, ilícito esse que corresponde a uma sanção administrativa chamada coima.
D. Sanção criminal
Esta sanção é resultante, na acepção de Sousa e Galvão (2000), da violação de regras
que visam tutelar os valores essenciais da vida comunitária.
De qualquer modo, há que ter em conta que sobre um acto pratica podem decorrer,
simultaneamente, várias modalidades de ilícitos, correspondendo-lhe várias modalidades de
sanções, como acima visto.
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A. Sanções compulsórias
Sanções compulsórias destinam-se a forçar o infractor da regra do Direito a adoptar,
ainda que tardiamente, a conduta por aquela imposta. Houve violação da regra jurídica, mas
ainda é possível, com utilidade para o Direito, condicionar o infrator e fazer o que deveria ser
feito (Sousa e Galvão, 2000).
B. Sanções reconstitutivas
As sanções reconstrutivas assumem particular relevo num domínio do Direito Civil
chamado direito das obrigações, na parte em que regula os deveres que especificamente
surgem por força de contrato e que adstringem um cidadão a realizar uma prestação a outro ou
outros sujeitos de Direito.
C. Sanções compensatórias
A sanção compensatória típica é a indemnização específica, que não reconstitui em
espécie a situação actual hipotética, mas permite criar situação equivalente a ela (Sousa e
Galvão, 2000).
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D. Sanções preventivas
As sanções preventivas que ganham crescente expressão. A sanção preventiva segue-
se a violação de regra jurídica, mas a finalidade essencial é prevenir violações futuras,
indicadas pela infracção praticada. Sanção preventiva é a liberdade condicional de criminosos
ou interdição do exercício de certos cargos públicos ou em órgãos sociais de empresa por
quem praticar certos ilícitos disciplinares e civis, respectivamente (Sousa e Galvão, 2000).
C. Sanções punitivas
As sanções punitivas, que, ao contrário das reconstrutivas e compensatórias,
dominantes no ilícito civil, correspondem normalmente aos ilícitos criminais, administrativos
e disciplinar (Sousa e Galvão, 2000).
Exemplos de sanções punitivas são as penas criminais, que são o exemplo mais
conhecido, não sendo excepção as penas disciplinares aplicadas aos funcionários públicos, por
exemplo, que tenham praticado algum ilícito disciplinar.
De acordo com Lasarte (2006), um acto é ineficaz sempre que não produza todos ou
parte dos efeitos que a categoria a que pertence está, em abstracto, apta para produzir. Por
exemplo, um contrato de compra e venda anulado por erro é ineficaz na medida em que não
gera obrigações de entregar e pagar que são tópicas daquele contrato.
A invalidade, por seu turno, refere-se ao acto que, em abstracto, tenha aptidão para
produzir efeitos jurídicos, mas que viole valores consagrados numa norma legal imperativa
(Ascensão, 2003).
Exemplo, da conduta de Eduardo, que ameaça agredir Luís e Carlos, defendendo este
não so a sua pessoa a bens como, eventualmente, também Luís.
Exemplo: ele pode consistir em não cumprir uma ordem policial patentemente ilegal e
violadora de direito pessoal ou político dos cidadãos, ou em rechaçar pela força uma
intromissão no próprio domicílio sem mandato do tribunal para o efeito, na impossibilidade
de recorrer a força pública.
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3 Conclusão
Neste trabalho procuramos abordar em torno das garantias jurídicas, enquanto
elementos de protecção da ordem jurídica, ou seja, os meios de coacção para protecção do
interesse jurídico tutelado.
4 Referências Bibliográficas
Ascensão, J. O. (2003). Direito civil. Teoria Geral II. Acções e Factos Jurídicos. 2.ª ed.
Coimbra.
Beviláqua, C. (1979). Código Civil dos Estados Unidos do Brasil Comentado. Rio de Janeiro:
Edioção Histórica.
Lasarte, C. (2006). Contratos. 9.ª ed. Madrid, Barcelona.
Lima, M. C. (1997). A Engenharia da Produção Acadêmica. São Paulo: Unidas.
Mendes, J. C. (2010). Introdução ao Estudo do Direito. 3.ª ed. Lisboa: AAFDL.
Santos, J. M. C. (1964). Código Brasileiro Interpretado. 9. ed. São Paulo: Freitas Bastos.
Sousa, M. R. & Galvão, S. (2000). Introdução ao Estudo de Direito. 5ª ed. Lisboa: Lex.
Vasconcellos, P. P. (2008). Teoria geral do Direito Civil. 5.ª ed. Coimbra.
Legislação:
Código Civil.
Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado.
Lei do Trabalho.