Você está na página 1de 14

Economia e política em negócios

internacionais
Economia e política em negócios internacionais • 2/14

Economia e política em negócios internacionais


Conteúdo organizado por Renato Cividini Matthiesen em 2023 do livro
Internacionalização de empresas: teorias e aplicações, publicado em 2013 por
Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da Silveira, pela editora Saint Paul.

Objetivos de Aprendizagem
• Explicar e analisar os princípios do sistema monetário e integração econômica
internacional, política em negócios internacionais e planejamento estratégico
global.
Economia e política em negócios internacionais • 3/14

Introdução
Poder e riqueza, Estados e mercados, política e moeda representam termos mais
frequentemente usados para definir a Economia Política Internacional, ou EPI. Neste
contexto, o Estado identifica-se com poder e política, e o mercado identifica-se com
moeda e riqueza. Como resultado, a Economia e Política Internacional é entendida
por Gonçalves (2016, p. 2) como “a área do conhecimento cujo principal objetivo de
estudo é o impacto da economia mundial de mercado sobre as relações dos Estados
e as formas pelas quais os Estados procuram influenciar as forças de mercado para sua
própria vantagem. ”
O foco no mercado e no Estado tende a restringir a complexidade das determinações
do comportamento dos atores que formam a política. O mercado é o locus de encontro
da oferta e da demanda de bens, serviços e fatores de produção. O mercado é o
reino do homo economicus, que objetiva maximizar seus benefícios econômicos e
adota uma função que procura maximizar a dotação de fatores, tecnologia, assimetria
de informação, poder e mercado. Gonçalves (2016) reitera que o homo economicus
enxerga o mundo somente pela ótica da objetividade, mais especificamente do
interesse material.
A dinâmica do sistema econômico internacional compreende relações, processos e
estruturas. As relações significam interação. As esferas são a comercial, e produtiva-
real, a tecnológica e a monetário-financeira. Os atores nacionais e transacionais são
estatais (governo brasileiro), paraestatais (Petrobrás, por exemplo), interestatais (Itaipu
binacional, por exemplo) e não estatais (empresas privadas). A conduta desses atores
é determinada por fatores objetivos, como os interesses materiais para geração de
riqueza, e políticos, para geração de poder, e por fatores subjetivos, com destaque
para os valores e ideais.
Economia e política em negócios internacionais • 4/14

Figura 9 – Modos de entrada e empresas em mercados internacionais

Fonte: elaborado pelo autor

No sistema internacional, relações de conflito são situações de equilíbrio instável,


enquanto situações de equilíbrio, num contexto dinâmico, assentam-se em relação
de rivalidade, comenta Gonçalves (2016). O sistema internacional é, na sua essência,
um sistema dinâmico que envolve poder e, portanto, é um sistema de antagonismo
permanente e equilíbrio instável. Considere, caro leitor, que no sistema internacional
a guerra e a paz representados pela harmonia e conflito respectivamente, não são fins
em si mesmo e sim, meios de alcançar objetivos específicos nos campos econômico,
político, cultural e militar. O sistema internacional envolve então três subsistemas
básicos que são interdependentes: político, cultural e econômico.
Gonçalves (2016) reforça que os grandes temas das relações internacionais fazem parte,
de uma forma ou de outra, dos três sistemas básicos (político, cultural e econômico)
e também de outros temas como segurança, militar, ciência, técnica, conhecimento
e tecnologia, aderidos a outros temas como energia, meios de comunicação, crime
organizado, proteção ao meio ambiente, normas trabalhistas, desenvolvimento,
vulnerabilidade externa, fome, epidemias, organismos internacionais e regimes
regulatórios.
Economia e política em negócios internacionais • 5/14

No sistema internacional, Gonçalves (2016) sustenta que o poder econômico se


expressa por meio de relações, processos e estruturas específicas que compõem o
sistema econômico internacional. Esses temas fazem parte das quatro esferas da EPI
relativas ao sistema econômico internacional: comercial, produtivo-real, tecnológico e
financeiro. Veja, caro leitor, que todas as relações econômicas internacionais operam
nessas esferas.
1. Esfera comercial: envolve as relações aos processos e as estruturas que são
próprias ao sistema mundial de comércio e bens de serviço.
2. Esfera produtivo-real: refere-se ao deslocamento de produtos de bens e
serviços de um país para outro.
3. Esfera tecnológica: envolve a transferência internacional de ativos intangíveis e
conhecimento.
4. Esfera monetário-financeira: refere-se aos fluxos de capitais internacionais, na
forma de empréstimos, financiamentos e investimentos.

Saiba Mais
A EPI é um método de análise cujos eixos estruturantes são as
rivalidades interestatais que envolvem disputas entre classes e grupos
sociais. O foco da EPI é a dinâmica do sistema econômico internacional
em suas distintas esferas e dimensões. Essa dinâmica (cooperação e,
principalmente, conflito) resulta das decisões e ações de atores nacionais
e transnacionais, cujas condutas são determinadas por fatores objetivos
e subjetivos. (GONÇALVES, 2016, p. 10)
Economia e política em negócios internacionais • 6/14

Sistemas políticos e legais

Um sistema político se refere “a um conjunto de instituições formais que constituem um


governo. Abrange corpos legislativos, partidos políticos, grupos de lobby e sindicatos”,
define Cavusgil (2010, p. 128). Um sistema jurídico refere-se “a um conjunto de
interpretações e aplicações das leis”, também definição de Cavusgil (2010, p. 128). As
normas de conduta são estabelecidas por leis, regulamentos e regras. Um sistema legal
incorpora então instituições e procedimentos para assegurar a ordem e solucionar
disputas em atividades comerciais, bem como proteger a propriedade intelectual
e taxar a produção econômica. Veja, caro leitor, que os sistemas políticos e legais
são ambos dinâmicos e estão com mutação constante. Também são caracterizados
pela interdependência, as mudanças em um sempre afetarão o outro, tendo o risco-
país como um dos principais elementos que impactam as fontes de sistemas políticos
legais.
Economia e política em negócios internacionais • 7/14

Cavusgil (2010) defende que as principais funções de um sistema político constituem


em instaurar a estabilidade com base nas leis, prover proteção contra ameaças externas
e reger a alocação de recursos valiosos dentre os membros de uma sociedade. Caro
leitor, o sistema político de cada país é relativamente único, resultado de um contexto
histórico, econômico e cultural particular. A figura 10 apresenta fontes de risco-país,
que impactam diretamente as relações internacionais.
Figura 10 – fontes de risco-país

Fonte: Cavusgil (2010, p. 130)

No que se refere à regulamentação e ao controle dos negócios, principalmente


para empresas internacionalizadas, os sistemas políticos têm impacto nas relações
internacionais. Os sistemas políticos variam do controle estatal de empreendimentos
econômicos e do comércio interno à intervenção governamental mínima nas atividades
comerciais. Vejamos alguns sistemas políticos.
Totalitarismo: entre os estados totalitários bem conhecidos do passado estão China,
Alemanha, União Soviética, Espanha. Atualmente alguns estados do Orienta médio
e da África adotam elementos do totalitarismo. Neste sistema, o Estado tenta regular
a maior parte dos aspectos de conduta pública e privada e busca controlar todas as
questões econômicas, políticas e as atitudes, os valores e as crenças de seus cidadãos.
Cavusgil (2010) nos ensina que, no decorrer do tempo, a maioria dos Estados
totalitários do mundo desapareceu ou mudou seu sistema político e econômico para
a democracia e o capitalismo.
Economia e política em negócios internacionais • 8/14

Socialismo: o princípio fundamental do socialismo é que o capital e a riqueza devem


ser apropriados pelo Estado e servem basicamente como meio de produção para
uso e não visando lucro. Tem como base uma ideologia coletivista em que o bem-
estar coletivo supera o individual. Neste sistema, os capitalistas recebem uma quantia
desproporcional de riqueza de uma sociedade em relação aos trabalhadores, e, como
a remuneração dos trabalhadores não corresponde ao valor integral de seu trabalho,
o governo deve controlar os meios básicos de produção, distribuição e atividade
comercial.
Democracia: tornou-se um sistema político predominante na maioria das economias
avançadas do mundo, e caracteriza-se por dois aspectos principais: direito privado à
propriedade e governo limitado. Neste sistema, as iniciativas individuais de pessoas
e empresas podem conflitar com os princípios de igualdade e justiça. Os indivíduos
possuem diferentes níveis de recursos pessoais e financeiros e cada um deles atinge
diferentes graus de sucesso, o que leva a desigualdade social. Mas, neste regime, pode-
se perceber algumas características do socialismo também, quando na arrecadação
de impostos proporcional ao ganho pessoal ou jurídico, para melhor aplicação de
verbas em projetos e assistência social pelo Estado.
Economia e política em negócios internacionais • 9/14

Saiba Mais
“Risco-pais refere-se à exposição a uma perda em potencial ou a efeitos
adversos sobre as operações e a lucratividade de uma empresa causados
por desdobramentos no ambiente político e/ou legal de um país”, relata
Cavusgil (2010, p. 127). O risco-país representa então um dos quatro
principais tipos de risco em negócios internacionais, conforme conceitos
visitados no início de nossos estudos de estratégia na economia global.
Importante mencionar que o risco-país também pode ser referenciado
como risco político. Perceba que embora a causa imediata de um
risco-país seja um fator político ou legal, pode haver desdobramentos
econômicos, sociais ou tecnológicos envolvidos.
Figura 11 – Risco-país como um dos quatro principais tipos de risco em negócios internacionais

Fonte: Cavusgil (2010, p. 128)


Economia e política em negócios internacionais • 10/14

Influência dos sistemas políticos nos sistemas econômicos

Cada sistema político tende a ser associado a um tipo específico de sistema econômico.
O totalitarismo está associado às economias dirigidas, a democracia associada às
economias de mercado e o socialismo às economias mistas. Vejamos.
Economia dirigida: conhecida como economia de planejamento centralizado, o
Estado é responsável por tomar todas as decisões econômicas que dizem respeito a
quais bens e serviços o país deve produzir, a quantidade de produção, aos preços
de venda e à forma de distribuição. Assim, o Estado detém a posse de toda riqueza,
terras e capital de produção.
Economia de mercado: a tomada de decisão nos níveis de produção, consumo,
investimento e poupança resulta da interação entre suprimentos e demanda, ou seja,
das forças de mercado. Cavusgil (2010) nos ensina que neste sistema, as decisões
econômicas são deixadas a critério de indivíduos e empresas e a intervenção
governamental no mercado é limitada. Neste modelo, ainda podemos observar que
há uma ligação ao capitalismo, de acordo com o qual a posse e a operação dos meios
de produção são de ordem privada. Os participantes exibem uma mentalidade
orientada ao mercado e um espírito empreendedor.
Economias mistas: neste sistema, as características de economia de mercado e
de economia dirigida são consideradas. Ela combina a intervenção estatal com os
mecanismos de mercado para que se atinjam a produção e a distribuição, sendo
a maioria das indústrias pertencentes à iniciativa privada, de forma livre para os
empreendedores estabelecerem, possuírem e operarem seus negócios. Mas o
governo também controla certas funções, como os sistemas de aposentadoria, as
regulamentações trabalhistas, os níveis de salário mínimo e as leis ambientais. De
forma geral, o Estado financia a educação, a saúde e outros serviços públicos vitais.
Normalmente há empresas estatais com as operações e gestão em setores essenciais
como transportes, telecomunicações e energia.
Economia e política em negócios internacionais • 11/14

Em Resumo

Nesta aula, vimos que no sistema internacional, o poder econômico se expressa


por meio de relações, processos e estruturas específicas que compõem o sistema
econômico internacional. Esses temas fazem parte das quatro esferas da EPI relativas ao
sistema econômico internacional: comercial, produtivo-real, tecnológico e monetário
financeiro. Todas as relações econômicas internacionais operam nessas esferas:
Esfera comercial, Esfera produtivo-real, Esfera tecnológica e Esfera monetário-
financeira. Vimos também que os sistemas políticos e legais trazem impacto e atenção
para a internacionalização de empresas e são classificados como Totalitarismo, onde
o Estado tenta regular a maior parte dos aspectos de conduta pública e privada e busca
controlar todas as questões econômicas, políticas e as atitudes, os valores e as crenças
de seus cidadãos; Socialismo onde o princípio fundamental do socialismo é que o
capital e a riqueza devem ser apropriados pelo Estado e servem basicamente como
meio de produção para uso e não visando lucro e a Democracia, sistema político
predominante na maioria das economias avançadas do mundo, e caracteriza-se por
dois aspectos principais: direito privado à propriedade e governo limitado, onde as
iniciativas individuais de pessoas e empresas podem conflitar com os princípios de
igualdade e justiça. Por fim, vimos que a influência dos sistemas políticos nos sistemas
econômicos abarca uma associação da economia com seus sistemas e podem ser
classificados em: economia dirigida, economia de mercado e economia mista.
Economia e política em negócios internacionais • 12/14

Na ponta da língua
Economia e política em negócios internacionais • 13/14

Referências Bibliográficas
Cavusgil, S. T. (2010). Negócios internacionais: estratégia, gestão e novas realidades.
São Paulo: Pearson Prentice Hall.
Gonçalves, R. (2016). Economia política internacional. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2016.
Madeira, A. B.; Silveira, K. A. G. (2013). Internacionalização de empresas: teorias e
aplicações. São Paulo. BR: Saint Paul.
Economia e política em negócios internacionais • 14/14

LIVRO DE REFERÊNCIA:

Internacionalização de Empresas: Teorias e


Aplicações
Adriana Beatriz Madeira, José Augusto Giesbrecht Da
Silveira
Saint Paul, 2013

Imagens: Shutterstock

Você também pode gostar