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Resenha Elaborada Por Alberto Ussete, 4⁰ ano, Ciência Política - Laboral

Livro Mudança Global: mapeando as novas fronteiras da economia mundial


Autor Peter Dicken
Ano 2010
Referência Dicken, P. (2010). Questionando a globalização; Corporações
transnacionais: principais accionadores e formadores da economia global.
In Mudança Global: mapeando as novas fronteiras da economia mundial (pp.
23-51). Porto Alegre: Bookman.

Apresentação do autor da obra: Peter Dicken é um geógrafo econômico britânico e professor emérito da
Universidade de Manchester. Ele é conhecido por suas pesquisas e publicações em economia global, geografia
econômica e redes de produção. Seu livro "Mudança Global" é uma referência na área e tem sido amplamente
utilizado em cursos de graduação e pós-graduação em todo o mundo. Dicken também é autor de outros livros e
artigos acadêmicos sobre temas relacionados à economia global e geografia econômica..

Síntese da Obra: Embora a globalização seja cada vez mais presente e importante, o seu uso é muitas vezes
equivocado e abrange tanto tendências positivas quanto negativas. As mudanças tecnológicas e a globalização
têm afetado desfavoravelmente as perspectivas de emprego em países industrializados, mas os problemas desses
países são insignificantes em comparação com aqueles enfrentados pelos países pobres do Terceiro Mundo. É
importante esclarecer que a economia global não é uma entidade isolada, mas profundamente incorporada aos
processos sociais, culturais e políticos.

O autor fala das diferentes perspectivas sobre a globalização e menciona a corrente de pensamento dos
hiperglobalistas, que acreditam que vivemos em um mundo sem fronteiras e que a globalização é a nova ordem
econômica, política e cultural. No entanto, o autor argumenta que essa visão é um mito e que não existe e
provavelmente nunca existirá. O texto também menciona os pró-globalizadores (neoliberais), que acreditam que
a globalização trará enormes benefícios para a maioria, desde que os mercados sejam livres, enquanto os
antiglobalizadores da esquerda consideram que os mercados são uma força maligna e destrutiva que geram
desigualdades e problemas ambientais massivos. Por fim, Dicken destaca a perspectiva dos internacionalistas
céticos, que acreditam que a "novidade" da situação atual foi exagerada e que a economia mundial estava mais
aberta e integrada antes da Primeira Guerra Mundial do que nos dias atuais.

O texto aborda a complexidade da nova geoeconomia e a importância de uma abordagem baseada na realidade
geográfica desigual das estruturas, processos e resultados globalizantes. Enfatiza a necessidade de pensar em
termos de redes e entrelaçamento de processos socioeconômicos, bem como a compreensão das macroestruturas
da economia global e sua relação com propriedade privada, geração de lucros, alocação de recursos e
transformação de insumos em commodities.
Além disso, o artigo discute os processos complexos e dinâmicos envolvidos na globalização e a necessidade de
mapear e analisar seus resultados, que podem ser geograficamente específicos e altamente irregulares, produzindo
tanto resultados positivos quanto negativos. Para entender essas mudanças, o autor propõe pensar em termos de
circuitos e redes de produção que cruzam e se inter-relacionam com todas as escalas geográficas.

Enquanto o conceito de uma cadeia de produção implica uma sequência linear de operações, os processos de
produção são muitas vezes indiretos e não lineares, portanto, o artigo apresenta um circuito de produção hipotético
como um modelo alternativo que leva em conta a circularidade dos processos de produção. O artigo também
destaca a importância de entender os mapas variáveis de produção, comércio e investimento e a distribuição
altamente desigual de resultados positivos e negativos, bem como a controvérsia em torno de quem são os
vencedores e perdedores da globalização.

Ressalta-se a importância das instituições globais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização
Mundial do Comércio (OMC) e o Banco Mundial, mas enfatiza que elas representam apenas uma parte da matriz
sociocultural mais abrangente de práticas, normas e convenções que determinam como o mundo funciona.

A complexidade das redes de produção, compostas por relacionamentos interempresariais e intraempresariais que
são coordenados e regulamentados por empresas, tanto transnacionais como domésticas, também é objecto da
obra. As empresas transnacionais desempenham um papel importante na coordenação dessas redes, definidas
como empresas que têm o poder de coordenar e controlar operações em mais de um país, mesmo que não sejam
de sua propriedade. A natureza do processo de coordenação depende do local em que a empresa define o limite
entre as funções internalizadas e as externalizadas. Essas redes de produção são dinâmicas e em constante fluxo,
sendo que o controle delas reflete a configuração de poder entre as empresas.

A espacialidade dessas redes de produção também é importante, já que elas são configuradas geograficamente e
estão associadas a determinados cenários políticos, institucionais e sociais. O consumo é apresentado como uma
força motriz para a produção, influenciado pelos níveis de rendimento, mas também pelos processos sociais e
culturais. Produtos "posicionais" estão se tornando cada vez mais importantes, pois disseminam mensagens
sociais definindo estilos de vida específicos, atitudes, posições sociais ou autoavaliações do consumidor.

Dicken menciona que as redes de produção orientadas pelo comprador estão ganhando importância, refletindo a
necessidade dos produtores em atender às demandas fragmentadas dos consumidores. É destacado que as
qualidades simbólicas do consumo são manipuladas pelos setores de publicidade, varejo e mídia.

Além disso, segundo o autor, a geografia influencia o processo de produção e as características específicas das
economias locais. Também é ressaltada a relação entre a economia e o meio ambiente, e como as atividades
econômicas geram efeitos externos indesejados, incluindo o uso abusivo de recursos, o superaquecimento do meio
ambiente e a destruição de ecossistemas. A produção é apresentada como um sistema de fluxos e equilíbrios de
materiais, onde o que entra precisa sair novamente, transformado, mas sem ser reduzido.

As conclusões que se podem tirar iniciam-se com a rejeição da ideia de que a globalizacao é uma força única e
uniformizadora. Em vez disso, o mundo é transformado por processos inter-relacionados e altamente irregulares
em múltiplas escalas geográficas. Os circuitos e redes de produção são as estruturas através das quais diferentes
partes do mundo estão conectadas por meio de fluxos de materiais e não materiais, criando relacionamentos de
poder diferenciados. A produção é dependente do meio ambiente natural como fonte de insumos e receptor de
resíduos. As atividades econômicas tendem a se agrupar em determinados tipos de locais, e esses agrupamentos
podem influenciar as geografias futuras.

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