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Resenha Elaborada Por Alberto Ussete, 4⁰ ano, Ciência Política - Laboral

Livro Sociologia
Capítulo Um mundo em mudança
Autor Anthony Giddens
Ano 2005
Referência Giddens, Anthony. Sociologia. Traduçao Andra Regina. – 4. Ed. – Porto
Alegre: Artmed, 2005.

Apresentação do autor da obra: Anthony Giddens é um sociólogo britânico nascido em 1938, conhecido por
suas contribuições para a teoria social contemporânea e por seu papel como diretor da London School of
Economics (LSE) entre 1997 e 2003. Giddens é autor de várias obras influentes, incluindo “A Constituição da
Sociedade” (1984), “Modernidade e Identidade” (1991) e “As Consequências da Modernidade” (1990). Ele
também é coautor de “Teoria Social Hoje” (1991) e “Mundo em Descontrole” (1999), entre outros livros. Uma
contribuição importante de Giddens é sua teoria da modernidade reflexiva, que descreve a maneira como a
sociedade moderna é caracterizada por uma crescente reflexividade e autoconsciência. Ele argumenta que, na
modernidade reflexiva, a tradição e a autoridade perdem sua importância, e a vida social é cada vez mais guiada
pela reflexão individual e pela escolha. Giddens também é conhecido por suas contribuições para a teoria das
práticas sociais, que enfatiza a importância das rotinas e hábitos diários na vida social. Ele argumenta que as
práticas sociais são elementos cruciais na reprodução das estruturas sociais.

Perspectiva teórica: Giddens usa uma perspectiva teórica ampla que incorpora elementos da teoria social
clássica, como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, bem como ideias contemporâneas de outros teóricos
sociais. Ele enfatiza a importância da teoria para a compreensão da sociedade, mas também destaca a necessidade
de testar as teorias empiricamente.

Breve síntese da Obra

“Sociologia” é uma obra de Anthony Giddens, que apresenta uma introdução ampla e acessível à sociologia. Uma
das principais contribuições da obra de Giddens é sua abordagem teórica, que enfatiza a importância da dualidade
da estrutura, da modernidade reflexiva e das práticas sociais na compreensão da sociedade contemporânea. Ele
argumenta que as estruturas sociais são produzidas e reproduzidas pelas ações individuais, mas, ao mesmo tempo,
limitam e direcionam essas ações. Além disso, Giddens usa uma abordagem multidisciplinar para a sociologia,
incorporando ideias de outras áreas do conhecimento, como a psicologia e a antropologia. Ele enfatiza a
importância da teoria para a compreensão da sociedade, mas também destaca a necessidade de testar as teorias
empiricamente.

O terceiro capítulo, foco da resenha, inicia-se com o conceito de globalização, que se refere ao facto de que os
indivíduos, grupos e nações estão cada vez mais interconectados e interdependentes. Embora muitos a considerem
um fenómeno económico, ela é resultado de uma combinação de fatores económicos, políticos, sociais e culturais,
sendo seu progresso resultado do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação. Destaca os
avanços na tecnologia e infraestrutura das telecomunicações, que possibilitaram uma explosão na comunicação
global, aumentando a velocidade e o alcance das interações entre os povos do mundo inteiro. A Internet e a
telefonia móvel são exemplos de tecnologias que intensificam os processos de globalização.

Giddens apresenta as causas do aumento da globalização, realçando as mudanças políticas e fluxos de informação
como fatores relevantes. As mudanças políticas incluem o colapso do comunismo de estilo soviético na Europa
de Leste em 1989, o aumento dos mecanismos internacionais e regionais de governo, e o avanço das OIG's e
ONG's. Por sua vez, os fluxos de informação são favorecidos pela expansão da tecnologia da informação e
permitem o contacto entre pessoas de diferentes partes do mundo.

Três escolas de pensamento têm diferentes perspectivas acerca da globalização: os cépticos, os


hiperglobalizadores e os transformacionalistas. Os cépticos acreditam que o debate em torno da globalização é
exagerado, visto que a interdependência económica não é algo inédito e que a economia mundial não está
suficientemente integrada para se falar em uma economia verdadeiramente globalizada. Já os hiperglobalizadores
defendem que a globalização é um fenómeno bem real, cujas consequências podem ser sentidas em todo o mundo.
Eles acreditam que os governos nacionais estão perdendo poder para as forças do mercado, e que a globalização
está produzindo uma nova ordem global. Por fim, os transformacionalistas veem a globalização como um
processo em constante transformação e que, embora apresente desafios significativos, também traz consigo
oportunidades de mudança positiva.

Embora muitos associem a globalização a grandes sistemas, como telecomunicações, produção e comercialização,
ou mercados financeiros mundiais, os efeitos da globalização são sentidos na esfera privada, afetando a vida
pessoal e íntima das pessoas de várias maneiras. As forças globalizantes entram em nossas casas, comunidades e
contextos locais através de meios impessoais, como os media, a internet ou a cultura popular, ou através do contato
pessoal com indivíduos de outras culturas. A globalização está mudando radicalmente a natureza das experiências
diárias das pessoas.

Sob a globalização, o peso da tradição e dos valores estabelecidos enfraquece, e os quadros tradicionais de
identidade estão se dissolvendo, enquanto emergem novos padrões de identidade (novo individualismo). A
globalização está obrigando as pessoas a viver de forma mais aberta e reflexiva, respondendo constantemente ao
contexto de mudança à sua volta e ajustando-se a ele.

A globalização trouxe profundas transformações no mundo laboral, com novos padrões de comércio internacional
e uma economia de informação emergente. Como resultado, muitos aspectos de nossa existência, desde os amigos
até os objetos de lazer, são diretamente influenciados pelos padrões de trabalho. Em decorrência deste processo,
surgem riscos, é um fenómeno que afecta quase todos os aspectos do mundo social, mas suas consequências são
difíceis de prever e controlar, pois é um processo aberto e contraditório. A multiplicação dos riscos ocorre porque
muitos riscos actuais são resultados do impacto da acção humana sobre o mundo natural, em oposição aos riscos
externos que a humanidade enfrentava no passado, como secas e tempestades.

Os riscos ambientais são um dos exemplos mais claros de riscos “manufacturados”, resultado do aumento
constante da intervenção humana sobre a natureza. O desenvolvimento industrial e tecnológico acelerado levou à
urbanização, poluição, construção de represas e barragens hidroelétricas, projetos agrícolas em larga escala e
programas de energia nuclear, entre outros, gerando uma destruição ambiental generalizada cujas consequências
são difíceis de calcular.

Os riscos de saúde também estão presentes, como o risco elevado de câncer de pele associado à exposição ao sol.
Os riscos atuais são difíceis de enfrentar e remediar, pois sua origem é difusa e a magnitude da causa e do efeito
muitas vezes não são conhecidas. A acção humana tem sido um factor chave para a multiplicação desses riscos,
mas a responsabilidade para lidar com esses riscos é incerta.

A globalização é vista como um processo assimétrico, que afeta países e indivíduos de maneira diferente, e tem
como uma de suas principais consequências o aumento das desigualdades entre as sociedades. A maior parte da
riqueza mundial está concentrada nos países industrializados, enquanto os países em desenvolvimento sofrem de
pobreza, sistemas de saúde e educação precários, e altas dívidas externas. A globalização exacerba essa tendência,
ao concentrar ainda mais a renda, a riqueza e os recursos em um pequeno número de países. O comércio livre é
visto por muitas pessoas como a chave para o desenvolvimento económico e o combate à pobreza, mas a
globalização não é equilibrada e muitos dos países que mais necessitam de crescimento económico podem ser
deixados ainda mais para trás à medida que ela avança.

Giddens discute a campanha a favor da “justiça global” que questiona a eficácia do comércio livre como solução
para a pobreza e a injustiça mundial. Os manifestantes defendem que o comércio livre e a globalização económica
levam a uma acumulação maior da riqueza nas mãos de alguns, enquanto a pobreza aumenta na maioria da
população mundial. Eles pedem uma mudança nas regras de comércio para proteger os direitos humanos, o meio
ambiente, os direitos trabalhistas e as economias locais.

Opinião do resenhista: A obra de Giddens é uma apresentação simples, mas rica da Globalização, ainda que em
muitos pontos o autor não tenha sido mais incisivo, foi capaz de trazer as várias frações desse tema, o que não é
fácil, por se tratar de um processo “...em aberto e contraditório”. O que leva um céptico a ser um céptico? Quais
evidências apresentam, por exemplo, são questões que ficam em aberto. A obra, contudo, consegue chamar
atenção e instigar outras leituras complementares.

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