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Resenha Elaborada Por Alberto Ussete, 4⁰ ano, Ciência Política - Laboral

Obra O que é Globalização? Equívocos do globalismo: respostas à globalização


Autor Ulrich Beck
Sobre o autor Ulrich Beck (1944-2015) foi um sociólogo alemão, considerado um dos principais
teóricos da sociologia contemporânea. Ele é conhecido por suas contribuições à teoria da
sociedade de risco e por seu trabalho sobre a globalização, que se tornou um tema central
em seu trabalho posterior. Beck estudou sociologia, filosofia e ciência política em
Munique e nas Universidades de Heidelberg e Paris. Ele foi professor de sociologia na
Universidade de Munique e, mais tarde, na London School of Economics. Beck escreveu
vários livros importantes, incluindo “Sociedade de Risco: Rumo a uma outra
modernidade” e “O que é Globalização? Equívocos do globalismo: respostas à
globalização”. Suas obras foram traduzidas para vários idiomas e tiveram um impacto
significativo na sociologia e em outras disciplinas sociais em todo o mundo.

Sobre a obra A obra “O que é Globalização: Origens do Globalismo” de Ulrich Beck apresenta uma
perspectiva teórica inovadora sobre o fenômeno da globalização, que é entendido como
uma transformação fundamental da sociedade moderna, que afeta todas as dimensões da
vida social.

Beck argumenta que a globalização é um processo complexo e multifacetado que envolve


mudanças na economia, na política, na cultura e na vida cotidiana. Ele destaca que a
globalização não é um fenômeno novo, mas sim um processo que se intensificou nas
últimas décadas, impulsionado pela revolução da informação e pela expansão dos
mercados globais. A globalização tem implicações profundas na forma como as pessoas
percebem a si mesmas e ao mundo ao seu redor. Ele enfatiza a emergência de uma nova
consciência global que transcende as fronteiras nacionais e que enfatiza a
interconectividade e a interdependência de todos os seres humanos.

Capítulo Segunda Parte: O que significa a globalização? Dimensões, controvérsias e definições


Ano 1999
Referência BECK, Ulrich. O que é Globalização? Equívocos do globalismo: respostas à
globalização/ Ulrich Beck; tradução de André Carone. – São Paulo: Paz e Terra, 1999.

Segunda Parte: O que significa a globalização? Dimensões, controvérsias e definições

A segunda parte da obra “O que é Globalização: Origens do Globalismo” de Ulrich Beck


aborda as dimensões, controvérsias e definições do fenômeno da globalização. O autor começa
destacando a complexidade e a inconstância do discurso e do conceito de globalização, que é
muitas vezes utilizado de forma imprecisa e ambígua.

Beck apresenta então cinco dimensões da globalização: a da comunicação técnica


(informativa), a ecológica, a económica, a da organização trabalhista, a cultural e a da
sociedade civil. Sendo complicado, por exemplo, dizer o que é a dimensão económica, mesmo
sendo a mais publicamente abusada. Isso mostra como a palavra globalização é nebulosa e mal
compreendida, e a de maior eficácia política.

Muitos falam, neste mesmo contexto, em uma internacionalização, distinta da


globalização. Eles acreditam, em uma formulação abreviada, que as relações comerciais ainda
ocorrem predominantemente entre os países altamente industrializados dentro de um conjunto que
inclui Europa, América e Oceania. Embora alguns acreditem que a globalização começou há
séculos, com o surgimento do sistema capitalista mundial ou das companhias internacionais, outros
acreditam que ela começou com a queda do bloco do Leste Europeu ou com o término do câmbio
fixo. De qualquer forma, a globalização representa a experiência cotidiana da ação sem fronteiras
nas dimensões da economia, da informação, da ecologia, da técnica, dos conflitos transculturais e
da sociedade civil.

O facto de que atribuir uma definição a globalização seja praticamente impossível, não faz
com que não exista a possibilidade de filtrar um denominador comum de todas as diversas
dimensões e controvérsias da globalização. Ela vai derrubando passo a passo uma das principais
premissas da primeira modernidade: a ideia de que se vive e se interage nos espaços fechados e
mutuamente delimitados dos Estados nacionais e de suas respectivas sociedades nacionais.

Para Beck, “globalização significa a experiência cotidiana da ação sem fronteiras nas
dimensões da economia, da informação, da ecologia, da técnica, dos conflitos transculturais
e da sociedade civil, e também o acolhimento de algo ao mesmo tempo familiar, mas que não
se traduz em um conceito, que é de difícil compreensão, mas que transforma o cotidiano com
uma violência inegável e obriga todos a se acomodarem a sua presença e a fornecer
respostas”

A globalização significa o assassinato da distância (nisso concorda Giddens) e a criação


de formas de vida transnacionais muitas vezes indesejadas e incompreensíveis. Dinheiro,
tecnologia, mercadorias, informações e venenos “ultrapassam” as fronteiras como se elas não
existissem. Em termos económicos, o globo já não é mais tão grande e vasto e não conhece países
distantes; ele é denso e pequeno graças à comunicação telecomunicativa entre os centros
mercadológicos. A globalização questiona uma premissa fundamental da primeira modernidade, a
saber, a construção lógica denominada por A.D. Smith como “nacionalismo metodológico” os
contornos da sociedade devem se sobrepor gradualmente aos contornos do Estado.

Beck fala da importância histórica da burguesia na exploração do mercado mundial, com


base no manifesto comunista. Destaca que o papel do mercado na globalização tem raízes antigas
e que o Estado nacional já era questionado em razão das políticas capitalistas industrializantes. Em
contrapartida, ele argumenta que a globalização implica em uma consequência multicultural e a
glocalização, analisando a internacionalização das classes e a proteção internacional dos direitos
humanos. Por fim, ele avalia os espaços sociais transnacionais e sua repercussão na derrocada do
Estado-nação. A característica mais perceptível destes “espaços sociais transnacionais” é a
supressão das distâncias. “Transnacional” quer dizer: surgem formas de vida e de atuação cuja
lógica interna não pode ser explicada pela riqueza das descobertas que conduziriam os homens a
erigir e sustentar mundos de convivência e relações de intercâmbio “sem distâncias”.

Há uma controvérsia fundamental que permeia a literatura a respeito da globalização. São


apresentadas duas respostas (que podem, por sua vez, subdividir-se em várias) para a questão: o
que impulsiona a globalização? O primeiro grupo de autores ressalta a existência de uma “lógica”
dominante (Capitalismo e Política), outros autores nos levam a reconhecer lógicas complexas e
multicausais da globalização. Registremos apenas que esta controvérsia teórica ultrapassa os
horizontes do significado da palavra “globalização”, pois a ela se vinculam com frequência
significados opostos - um fato que poucas vezes é lembrado.

Um dos pontos fortes da obra é a crítica de Beck à ideia de que a globalização é um


fenômeno homogêneo e unidirecional, controlado pelas forças do mercado e da tecnologia. Ele
argumenta que, ao contrário, a globalização é um processo multifacetado e dinâmico, que envolve
interações complexas e muitas vezes conflitantes entre diferentes atores e interesses. No entanto,
pode-se argumentar que a obra de Beck poderia se aprofundar ainda mais em questões relacionadas
à política global e à governança global. Embora o autor aborde esses temas em alguns trechos do
livro, eles não recebem a mesma atenção e análise crítica que outras dimensões da globalização.

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