Você está na página 1de 21

MANUAL DO FORMANDO

Deontologia e Ética Profissional no apoio à


Comunidade

Mod.102.01
FICHA TÉCNICA

Tipologia de Recurso: Manual do Formando


Curso: Deontologia e Ética Profissional no apoio à Comunidade
ata: 2017
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................3
2. OBJETIVOS......................................................................................................................................4
3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS.........................................................................................................5
4. PRINCIPAIS REGRAS DEONTOLOGICAS NO EXERCICIO PROFISSIONAL.........................................8
5. SIGILO PROFISSIONAL..................................................................................................................10
6. ATOS ILÍCITOS E LÍCITOS..............................................................................................................12
7. DIREITOS DA PESSOA HUMANA...................................................................................................13
8. DIREITOS DAS CRIANÇAS.............................................................................................................15
9. VIDA | MORTE | LUTO.................................................................................................................16
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..............................................................................................................19

Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 1 de 22


Nota: Os conteúdos presentes no manual estão em conformidade com a
planificação programática do módulo, no entanto, poderão estar sujeitos à
integração da informação complementar obtida no decorrer das sessões.

Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 2 de 22


1. INTRODUÇÃO

O manual elaborado prende agregar todo o conhecimeno que foi desenvolvido ao londo do
curso de “Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade”, servindo como uma
ferramenta funcional dos conhecimentos explorados pelos formandos ao longo das sessões.
Tem como principal finalidade, servir como instrumento de consulta no decorrer da
atividade profissional dos formandos, sempre que for necessário aceder ao suporte bibliográfico
para o mehor desempenho das suas funções.
De um modo pragmático, com uma linguagem clara e concisa, pretende-se que os
formandos, que desenvolvem funções de apoio à comunidade, conheçam os conceitos e
metodologias, para que possam aplicar de forma eficazes no local de trabalho e obterem melhores
resultados no desempenho das suas tarefas.
A ética constitui um saber cientifico que pode ser aprendido e valorizado em contexto
profissional. Os seus conhecimentos devem ser aplicados como mecanismo de sensibilização para
a melhoria das atitudes pessoais e profissionais na resolução de problemas e no apoio à
comunidade.
A deontologia assenta numa ética baseada em direitos e deveres que permitem executar as
nossas funções em qualquer situação, seja social ou profissional, favorecendo a qualidade da
assistencia prestada e salvaguardando as nossas condutas.
As relações interpessoais devem guiar-se por padrões éticos, sejam estas com utentes,
colegas, outros profissionais e/ou entidades e devem estar em sintonia com os padrões
organizacionais, profissionais e pessoais. Com esta equidade ética podemos evitar conflitos entre
o que se entende correcto/errada nas respectivas práticas .
Desta forma, pretende-se que este manual possa ser um pequeno contributo para a
melhoria e para o bem-estar da sociedade, na lisura dos procedimentos dos seus membros, dentro
e fora das instituição de apoio à comunidade.

Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 3 de 22


2. OBJETIVOS

2.1. Gerais
 Reconhecer e aplicar os princípios fundamentais da deontologia e ética profissional no apoio à
comunidade.
 Reconhecer e respeitar os direitos da pessoa humana.

2.2. Específicos
 Dotar de competências ético-profissionais e saber reconhecer a sua importância no posto de
trabalho;
 Reconhecer e aplicar os princípios fundamentais da deontologia e ética profissional, no apoio
à comunidade.

Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 4 de 22


3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS

3.1. Comunidade
É um grupo local, de tamanho variável, integrado por pessoas que ocupam um território
geograficamente definido e estão ligados por uma herança cultural e histórica.
A comunidade é definida como uma unidade constitutiva de uma sociedade mais ampla e
varia quanto ao tamanho e organização. Todoas as comunidades apresentam qualidades comuns
tais como o habitat definido e instituições sociais suficientemente desenvolvidas para satisfazer as
necessidades da população.
Por outras palavras uma Comunidade é um agrupamento de pessoas que vivem dentro de
uma mesma área geográfica, seja rural ou urbana, com meios/serviços próprios, unidas por
interesses comuns e que participam nas activiades gerais.
O termo comunidade ainda é usado para denominar uma forma de associação muito íntima,
um grupo altamente integrado em que os membros encontram-se ligados uns aos outros por laços
de simpatia. Nesse sentido, qualquer grupo pode constituir uma comunidade, por exemplo,
comunidades que vivem sobre os mesmos valores ou ideais.
Exemplos: CPLP – Comunidade dos Paíes de Lingua Portuguesa; LGBT – Comunidade Lesbica
Gay Travestis, Transexuais e Transgêneros.

3.2. Moral
Moral é uma palavra de origem latina e que quer dizer “costume, maneira, comportamento
próprio". Trata-se de um conjunto de crenças, costumes, valores e normas que orientam o
comportamento humano, com intenção da sua integração na comunidade/sociedade. Por outras
palavras, Moral refere-se ao conjunto de regras, padrões e normas adquiridos numa sociedade por
meio da cultura, educação, quotidiano e costumes no âmbito da interação familiar e social.
As regras definidas pela moral regulam o modo de agir das pessoas. Os princípios morais
como a honestidade, a bondade, o respeito, a virtude, determinam o sentido moral de cada
indivíduo.

Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 5 de 22


Em sintese, a moral são valores universais que regem a conduta das relações humanas e
orienta o comportamento do homem diante das normas instituídas pelo grupo social, comunidade
e sociedade.
O termo moral muitas vezes é empregue como sinónimo de ética, no entanto como
poderemos verificar mais a seguir, a ética tem uma origem e definição especifica.
Exemplos: Moral Religiosa; Moral Familiar; Moral étnica.

3.3. Ética e Ética Profissional


Ética é o domínio da filosofia que tem por objectivo o juízo de apreciação que distingue o
bem e o mal, o comportamento correcto e o incorrecto. Os princípios éticos constituem-se
enquanto directrizes, pelas quais o homem rege o seu comportamento, tendo em vista uma
filosofia moral dignificante.
Quando falamos de ética, falmos da reflexão sobre os atos, o carácter e personalidade do ser
humano. Quando aceitamos a ética, como um conjunto de regras a orientar o relacionamento
humano no seio de uma determinada comunidade, podemos admitir a conceptualização de uma
ética deontológica, uma ética voltada para a orientação de uma atividade profissional.
Num sentido mais prático podemos compreender um pouco melhor este conceito
examinando o comportamento de alguns profissionais tais como um médico, jornalista e um
advogado. Para estes casos é bastante comum ouvir expressões como: ética médica, ética
jornalística, ética juridica.
A ética não envolve apenas um juízo de valor sobre o comportamento humano, mas
determina em si, uma escolha, uma direção, a obrigatoriedade de agir num determinado sentido
em sociedade.
A ética é cada vez mais uma forma de dar resposta ao mundo profissional, que se encontra
mais complexo e exigente. Como o nome indica, procura aplicar na prática os fundamentos gerais
da ética, no plano profissional. A ética não é puramente teórica: é um conjunto de princípios que
balizam as ações dos seres humanos nas sociedades em que vivem, devendo ser incorporada pelos
indivíduos, sob a forma de atitudes e comportamentos quotidianos.
Desta forma, a ética profissional consiste nos padrões de conduta a aplicar no exercício da
profissão - uns comuns a várias profissões, outros específicos da profissão em causa, mas todos

Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 6 de 22


eles ajudam os indivíduos a pertencerem a um determinado grupo e distingue esse mesmo grupo
dos demais grupos profissionais.
A ética profissional, ajuda a tomar decisões profissionais que sejam acertadas do ponto de
vista ético e a boa reputação que o grupo profissional consiga alcançar com a sua conduta ajudará
os seus membros a poder exercer as suas funções na sua área de expertise.
Exemplo: Ética Médica; Ética Jornalistica; Ética jurídica.

3.4. Deontologia e Deontologia Profissional


O termo Deontologia surge das palavras “déon, déontos” que significa dever e “lógos” que
se traduz por discurso ou tratado. Sendo assim, a deontologia seria o tratado do dever ou o
conjunto de deveres, princípios e normas adoptadas por um determinado grupo profissional.
O termo deontologia foi criado no ano de 1834, pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, para
falar sobre o uma disciplina da ética, especialmente adaptada ao exercício de uma profissão.
A deontologia é ainda conhecida como "Teoria do Dever" mas para os profissionais,
deontologia são normas estabelecidas não pela moral e sim para a correção de suas intenções,
ações, direitos, deveres e princípios.
É importante destacar que a deontologia analisa os deveres dos profissionais, ou seja, aquilo
que deve fazer ou evitar consoante dita a sua consciência. Os valores compartidos e aceites pela
ética estão compilados pelos códigos deontológicos.
Existem inúmeros códigos de deontológicos, sendo esta codificação da responsabilidade de
associações ou ordens profissionais. Regra geral, os códigos deontológicos têm por base as
grandes declarações universais e esforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso nestas,
adaptando-o, no entanto, às particularidades de cada país e de cada grupo profissional.
Para além disso, estes códigos propõem sanções, segundo princípios e procedimentos
explícitos, para os infractores do mesmo. Alguns códigos não apresentam funções normativas e
vinculativas, oferecendo apenas uma função reguladora. Aqui estão alguns exemplos de códigos
deontológicos em Portugual:
 Código Deontológico da Ordem dos Advogados;
 Código Deontológico da Ordem dos Enfermeiros;
 Código Deontológico da Ordem dos Médicos;

Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 7 de 22


 Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses;
 Código Deontoloógico dos Jornalistas;
Parece evidente que todas as profissões implicam uma ética, pois todas se relacionam direta
ou indiretamente com os outros seres humanos. Cada profissão tem como finalidade o bem
comum e o interesse público, e tem uma dimensão social, de serviço à comunidade, que se
antecipa à dimensão individual (na forma de benefício particular que se retira dela).
Em suma, a deontologia é um conjunto de comportamentos exigíveis aos profissionais,
muitas vezes não codificados em regulamentação jurídica. Ou seja, a deontologia é uma ética
profissional das obrigações práticas, baseada na livre ação da pessoa e no seu carácter moral.

4. PRINCIPAIS REGRAS DEONTOLOGICAS NO EXERCICIO PROFISSIONAL

4.1. Igualdade
Todos os cidadãos portugueses têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei -
Artigo 13º da constituição republica portuguesa. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado,
prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência,
sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução,
situação económica ou condição social.

4.2. Respeito ao próximo


Reconhecer a capacidade e os direitos de todos os indivíduos fazerem as suas próprias
escolhas e tomarem as suas próprias decisões. Este princípio está relacionado com o respeito pela
autonomia individual e determina que todo o ser humano possui reconhecida a sua dignidade e
liberdade.

4.3. Beneficência
Consiste no princípio de assistir, prestar os serviços em prol do bem-estar do outro,
independentemente do outro deseja-lo. Por outras palavras este princípio significa que o
profisional é obrigado a promover objectivamente o bem-estar e não apenas de evitar o mal. Esta

Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 8 de 22


beneficência não pode ser como uma obrigação de resultados, mas como uma obrigação de
meios.

4.4. Justiça
É o principio básico que procura manter a ordem social através da preservação dos direitos
em sua forma legal ou na sua aplicação a casos específicos. Todos os individuos devem ser
tratadas de igual forma com base em critérios definidos e não de forma arbitraria.
As pessoas que são iguais em aspectos relevantes devem ser tratados igualmente, enquanto
que os indivíduos que são diferentes em aspectos relevantes devem ser tratados na proporção das
suas diferenças.

4.5. Privacidade
É a limitação do acesso às informações de uma dada pessoa, ao acesso à própria pessoa, à
sua intimidade, anonimato, sigilo. É a liberdade de não ser observado sem autorização.

4.6. Confidencialidade
É a garantia da preservação das informações dadas em confiança e a protecção contra a sua
revelação não autorizada.

4.7. Responsabilidade
Obrigação de dar conta dos seus atos e suportar as consequências dele. Um profissional
responsável é aquele que age com conhecimento e liberdade suficiente para com os seus atos
possam ser considerados como dignos, devendo responder por eles, é ainda um indivíduo que
dentro de um grupo pode tomar decisões.

4.8. Não Julgamento


O julgamento representa a constante avaliação das coisas como certas ou erradas, boas ou
más. Quando se está sempre a avaliar, a classificar, a rotular, a analisar, cria-se uma imensa
turbulência no nosso diálogo interior. Essa turbulência impede de analisar de forma clara o
contexto em que se está inserido e limita a possibilidade de resolução de problemas.

Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 9 de 22


5. SIGILO PROFISSIONAL

Há quem pense que o sigilo profissional é um conceito exclusivo para profissionais como
médicos ou advogados mas este princípio faz parte das obrigações de todos os trabalhadores.
Qualquer profissional, independentemente da sua área de atividade ou posição deve
guardar lealdade ao seu empregador e isso implica manter confidenciais e sigilosas todas as
informações relativas à entidade empregadora (nomeadamente: informações sobre clientes,
negócios ou métodos de trabalho, por exemplo). Por outras palavras, o sigilo faz parte dos
valores éticos que devem ser seguidos por todos os profissionais.
Os fundamentos do sigilo profissional assentam no facto de haver informação e
conhecimentos pertencentes a um indivíduo, que os profissionais tomam conhecimento durante o
exercício da sua profissão.
Um indivíduo tem direito a que todas as informações que lhe pertencem sejam mantidas em
segredo, em confidencialidade, assegurando assim os seus interesses.
O segredo profissional é uma condição essencial para o relacionamento entre os
intervinentes, baseando-se no interesse moral, social e profissional, pressupondo uma base de
verdade e de mútua confiança. O silêncio exigido aos profissionais tem a finalidade de impedir a
publicidade sobre certos factos, cuja revelação traria prejuízos aos interesses morais e até
económicos dos doentes.
A privacidade de um indivíduo é, pois, uma mais-valia que consagra a defesa das liberdades
e garantias dos cidadãos e a segurança das relações privadas. A Declaração Universal dos Direitos
Humanos assegura mesmo o direito de cada pessoa ao respeito pela sua vida privada.
De acordo com os princípios doentologicos, os profissionais devem guardar segredo de
todos os factos de que tenha conhecimento em consequência da sua atividade, zelando para que
os seus colaboradores ou membros da equipa de que integra, se comportem em conformidade
com as regras do segredo profissional, cabendo-lhe esclarecer esses mesmos membros, quanto ao
carácter confidencial das informações.
Assegurar o sigilo é, ainda, medida que permite ao indivíduo resguardar suas peculiaridades
e idiossincrasias, a intimidade de seu modo de viver, escolhendo o que revelar ao julgamento do
mundo exterior ou mesmo de pessoas próximas.
É de extrema importância manter segredo das informações, nas situações adequadas, e

10 de
Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 22
preservar a privacidade, o que remete a questões de éticas, bem como aspectos
relacionados à humanização dos serviços. Deve-se considerar que em questões de privacidade,
não importa cor, sexo ou orientação sexual do individuo. É um aspecto que deve contemplar,
inclusive, a dimensão etária, estendendo-se desde os recém-nascidos até as pessoas idosas.
A decisão de quebrar o sigilo profissional deve ser pautada pela reflexão e prudência, devido
às repercussões éticas, penais e civis associadas a esse procedimento.

5.1. Quebra do sigilo profissional


Os princípios éticos não se apresentam sempre fáceis quanto à sua aplicação prática. Por
vezes existem situações com limites tão imprecisos que quase parece errado manter o segredo. O
guardar segredo pode nalguns casos ter um impacto prejudicial em terceiros, contudo a decisão
de expor a informação confidencial, não pode ser executada de ânimo leve.
O sigilo é um dever do profissional e um direito do individuo, tornando esta relação
potenciadora de transformação. É importante recordar que o individuo que expõe os seus
segredos e a sua intimidade ao profissional não o faz por escolha, mas sobretudo por necessidade,
tendo escolhido aquele momento e somente aquele profissonal para revelar os seus dados.
A quebra do sigilo poderá ser efetuada, em ultima instância e perante um destes critério:
 Quando existe o consentimento informado;
 Pela exigência do bem comum;
 Pela exigência do bem de terceiro;
 Se a revelação poupar prejuízo à pessoa interessada no segredo ou se da não
revelação do segredo decorrer prejuízo grave para o respetivo depositário.
Os profissionais devem ter consciência da grande responsabilidade que recai sobre si, em
virtude de conhecerem vários aspetos da vida das pessoas.
O sigílo profissional é um principio que deve ser mantido e salvaguardado até ao fim e só
mesmo em ultima instância deverá ser quebrado.

11 de
Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 22
6. ATOS ILÍCITOS E LÍCITOS

6.1. Ato Ilícito


Ilícito é um substantivo e adjetivo na língua portuguesa que se refere ao que não é permitido
perante a lei, ética ou moral; relativo à ilegalidade; algo que é proibido pela lei.
Um comportamento ilícito é aquele que se opõe aos princípios da moral e da ética, pré-
estabelecidos pelas normas de uma sociedade. São ações cometidas que não correspondem ao
que está determinado pela lei e boa conduta cívica.
Um ato ilícito é algo que não está de acordo com a lei, sendo caracterizado como contrário
ao direito, como uma ação criminosa, fraudulenta e que é previamente determinada pela
legislação como incorreta.
O roubo, o assalto, a negligência e outras formas de crime, baseadas na má fé, imprudência
e omissão voluntária do indivíduo, podem ser consideras exemplos de atos ilícitos.
O critério de distinção é o de conformidade com a lei, projeta-se esta distinção igualmente
no regime dos efeitos jurídicos do ato - é uma distinção privativa dos atos jurídicos.
A razão de ser desta delimitação reside na circunstância de a ilicitude envolver sempre um
elemento de natureza subjetiva que se manifesta num não acatamento, numa rebeldia à Ordem
Jurídica instituída. Envolve sempre uma violação da norma jurídica, sendo nesse sentido a atitude
adotada pela lei a repressão, desencadeando assim um efeito tipo da violação – a sanção.
A principal consequência de um ato ilícito na esfera jurídica é a obrigação de indenizar, isto
é, cumprir uma sanção pecuniária (multa) pela conduta praticada. É de ordem pública o princípio
que estabelece e atribui ao agente delituoso a obrigação de se responsabilizar pelo ato, para
tanto, deve indenizar o indivíduo que sofreu a por tal conduta.

6.2. Ato licito


O ato lícito é o termo antônimo de ilícito, ou seja, significa algo que está de acordo com as
regras e leis vigentes; aquilo que é legalmente e moralmente aceite. São princípios e as regras
estabelecidas, geradores de uma obrigação e que se encontram legalmente em conformidade com
o Código Civil. Não podemos dizer que o ato ilícito seja sempre inválido. Um ato ilícito pode ser

12 de
Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 22
válido, embora produza os seus efeitos sempre acompanhado de sanções. Da mesma feita, a
invalidade não acarreta também a ilicitude do ato.

7. DIREITOS DA PESSOA HUMANA

Direitos humanos são os direitos básicos de todos os seres humanos. Os direitos humanos
estão baseados no princípio de respeito em relação ao indivíduo. A sua suposição fundamental é
que cada pessoa é um ser moral e racional que merece ser tratado com dignidade. Estes são
chamados direitos humanos porque são universais. Enquanto as nações ou grupos especializados
usufruem dos direitos específicos que se aplicam só a eles, os direitos humanos são os direitos aos
quais todas as pessoas têm direito, não importa quem sejam ou onde morem, simplesmente
porque estão vivos.

7.1. INDEPENDÊNCIA
 Ter acesso à alimentação, à água, à habitação, ao vestuário, à saúde, a ter apoio familiar e
comunitário.
 Ter oportunidade de trabalhar ou ter acesso a outras formas de geração de rendimentos.
 Poder determinar em que momento se deve afastar do mercado de trabalho.
 Ter acesso à educação permanente e a programas de qualificação e requalificação
profissional.
 Poder viver em ambientes seguros adaptáveis à sua preferência pessoal, que sejam
passíveis de mudanças.
 Poder viver em sua casa pelo tempo que for viável.

7.2. PARTICIPAÇÃO
 Permanecer integrado na sociedade, participar ativamente na formulação e
implementação de políticas que afectam diretamente o seu bem-estar e transmitir aos
mais jovens conhecimentos e habilidades.
 Aproveitar as oportunidades para prestar serviços à comunidade, trabalhando como
voluntário, de acordo com seus interesses e capacidades.

13 de
Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 22
 Poder formar movimentos ou associações.

7.3. ASSISTÊNCIA
 Beneficiar da assistência e proteção da família e da comunidade, de acordo com os seus
valores culturais.
 Ter acesso à assistência médica para manter ou adquirir o bem-estar físico, mental e
emocional, prevenindo a incidência de doenças.
 Ter acesso a meios apropriados de atenção institucional que lhe proporcionem proteção,
reabilitação, estimulação mental e desenvolvimento social, num ambiente humano e
seguro.
 Ter acesso a serviços sociais e jurídicos que lhe assegurem melhores níveis de autonomia,
proteção e assistência.
 Desfrutar os direitos e liberdades fundamentais, quando residente em instituições que lhe
proporcionem os cuidados necessários, respeitando-o na sua dignidade, crença e
intimidade. Deve desfrutar ainda do direito de tomar decisões quanto à assistência
prestada pela instituição e à qualidade da sua vida.

7.4. AUTO-REALIZAÇÃO
 Aproveitar as oportunidades para o total desenvolvimento de suas potencialidades.
 Ter acesso aos recursos educacionais, culturais, espirituais e de lazer da sociedade.

7.5. DIGNIDADE
 Poder viver com dignidade e segurança, sem ser objecto de exploração e maus-tratos
físicos e/ou mentais.
 Ser tratado com justiça, independentemente da idade, sexo, raça, etnia, deficiências,
condições económicas ou outros factores.

14 de
Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 22
8. DIREITOS DAS CRIANÇAS

Em 20 de Novembro de 1989, as Nações Unidas adotaram por unanimidade a Convenção


sobre os Direitos da Criança (CDC), documento que enuncia um amplo conjunto de direitos
fundamentais – os direitos civis e políticos, e também os direitos económicos, sociais e culturais –
de todas as crianças, bem como as respectivas disposições para que sejam aplicados.
A CDC não é apenas uma declaração de princípios gerais; quando ratificada, representa um
vínculo jurídico para os Estados que a ela aderem, os quais devem adequar as normas de Direito
interno às da Convenção, para a promoção e proteção eficaz dos direitos e Liberdades nela
consagrados.
Este tratado internacional é um importante instrumento legal devido ao seu caráter
universal e também pelo fato de ter sido ratificado pela quase totalidade dos Estados do mundo
(192). Apenas dois países, os Estados Unidos da América e a Somália, ainda não ratificaram a
Convenção sobre os Direitos da Criança.
Portugal ratificou a Convenção em 21 de Setembro de 1990. A Convenção assenta em quatro
pilares fundamentais que estão relacionados com todos os outros direitos das crianças:
 Não discriminação - que significa que todas as crianças têm o direito de desenvolver todo
o seu potencial – todas as crianças, em todas as circunstâncias, em qualquer momento, em
qualquer parte do mundo.
 O interesse superior da criança deve ser uma consideração prioritária em todas as ações e
decisões que lhe digam respeito.
 A sobrevivência e desenvolvimento sublinha a importância vital da garantia de acesso a
serviços básicos e à igualdade de oportunidades para que as crianças possam desenvolver-
se plenamente.
 A opinião da criança que significa que a voz das crianças deve ser ouvida e tida em conta
em todos os assuntos que se relacionem com os seus direitos.

15 de
Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 22
9. VIDA | MORTE | LUTO

9.1. A vida e a morte


Todos os seres vivos, incluindo os humanos, estão sujeitos ou condenados à morte. Nascer é
começar a morrer. Todavia, embora se possa morrer em qualquer idade e sem aviso prévio, os
idosos, sabem com certeza que não lhes resta muitos anos de vida (segundo a sabedoria popular:
quem não vai de novo, de velho não escapa; hoje com saúde, amanhã no ataúde; contra a morte
não há remédio).

9.2. O que é a morte?


A morte, ainda hoje, é um tabu, a nível pessoal, embora seja exibida em altas doses nas
televisões, jornais, etc. Todo o ser humano, mais cedo ou mais tarde, confronta-se com esse
drama existencial e mais ainda à medida que a vida vai declinando, assumindo o morrer e a morte
não apenas como uma dimensão biológica (de doença e cuidados contínuos), mas também
psicológica (consciência da finitude e fragilidades da vida) e sociológica (isolamento do moribundo
e outros problemas sociais).
Em todo o caso, preparar a própria morte é uma das tarefas mais importantes, senão a mais
importante, de todo o ser vivo pensante. A morte deve ser encarada com naturalidade e não como
um fatalismo ou fracasso da medicina. Para além de que a aceitação depende com frequência, do
grau com que a pessoa continua a situar-se em relação à família, aos amigos, à sua comunidade,
assim como aos seus valores e à sua consciência de continuar a ser útil aos outros.

9.3. Medo da morte


O medo da morte relaciona-se na maior parte das vezes com o seu processo, o facto de ser
destruído, de deixar as pessoas mais significativas, medo do desconhecido, da sorte do corpo.
A morte não só bate à porta dos idosos como também dos jovens. É comum a todas as
idades, embora o jovem espere durar ainda muito tempo, enquanto tal expectativa não a pode ter
o velho, a menos que seja insensato; neste sentido, o idoso encontra-se em melhor situação por já
ter alcançado o que esperou.
Uma boa atitude face à morte leva a uma melhor vivência do tempo no presente: passam as
horas, os dias, os meses, certamente os anos; o tempo que passou já não volta e desconhecemos

16 de
Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 22
o futuro; deve cada um contentar-se com aquela porção de tempo que lhe foi dada para viver.
Mais importante que a quantidade é a qualidade do tempo: o tempo para se viver, ainda que
breve, é suficientemente longo para se viver bem e com honra.

9.4. Etapas do processo da morte e do luto:


 Negação: não quer acreditar que vai morrer e rejeita a ideia da morte.
 Revolta: indigna-se e questiona-se “porquê eu?”.
 Melancolia: período de tristeza (dita depressiva), desliga-se do seu meio e isola-se.
 Medo: depois da tristeza vem o medo ligado ao sentimento de abandono, o medo
geralmente manifesta-se por sintomas físicos, angustia ou reações agressivas.
 Negociação: aceita a morte mas dá-se conta que o tempo lhe falta, que a sua vida está a
acabar e tenta ganhar tempo negociando. Ex. “sim, eu vou morrer mas falta algum tempo”
 Aceitação: não é feliz nem infeliz é um estádio da paz e conformismo “a minha hora vai
chegar em breve e estou pronto”.
 Reajustamento da rede social: tenta encontrar outras pessoas fontes positivas de energia
para encher o seu vazio interior.
 Perdão: torna-se capaz de se desligar concretamente de alguém ou de alguma coisa e de se
desprender, o que lhe permite integrar o que vive da sua experiência pessoal.

9.5. Meios para reforçar o sentido da vida:


 Reminiscência: através de uma discussão orientada, facilitar o exame da vida passada, de
modo a resolver os conflitos latentes, realçar os êxitos/ talentos e transmitir as lições da
experiência.
 Compromisso: Incentivar a consagrar/dedicar o seu tempo e energias a uma tarefa ou a
outra pessoa.
 Optimismo: Evocar acontecimentos em perspectiva e manter a esperança de um futuro
melhor. “É olhando para o futuro que se tem melhores oportunidades de ultrapassar as
dificuldades presente.”

17 de
Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 22
 Religião: encorajar as crenças religiosas e as práticas enriquecedoras. “Quando tudo está
perdido, incluindo a saúde, a faculdade espiritual de tender para Deus continua a ser um

meio eficaz de combater o absurdo da vida e o desespero.”

18 de
Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 22
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Almeida, F. (2010). Valores humanos e responsabilidade social das empresas. Principia editora.
Banks, S., & Nohr, K. (2008). Ética prática para as profissões do trabalho social. Porto: Porto
Editora.
Barroco, M. S. (2003). Ética e serviço social: Fundamentos ontológicos. Cortez editora.
Carvalho, M. I. (2016). Ética aplicada ao serviço social: Dilemas e práticas profissionais. Lisboa:
Pactor.
Criança, I. d. (2009). Guia dos Direitos da Criança. Lisboa: Temas e Debates.
Fernandes, P. (2009). Para que servem os direitos humanos? Angelus Novus.
Gelain, I. (1998). Deontologia e enfermagem. E.P.U.
Monteiro, A. R. (2005). Deontologia das profissões da educação. Lisboa: Almedina.
Neves, M. P., & Felix, A. B. (2017). Ética aplicada: Proteção social. Lisboa: Edições 70.
Pina, J. A. (2013). Ética, deontologia e direito médico. Lidel.

19 de
Mod.102.01 Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade 22

Você também pode gostar