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Dedicação

para a juventude Preta da Década de Sessenta por iniciar a Segunda Grande


Emancipação – a Libertação de nossas mentes e assim mudando o curso da
história.

Prefácio

Embora este livro seja ainda um resumo de pesquisa mais detalhada, parecia
necessário amplificar certas perguntas e as respostas para elas. O generalizado
interesse e estudo do livro é muito apreciado e gratificante para o autor, e as
cartas das prisões têm sido mais emocionantes e reveladoras.
Como observado em outros lugares, estou perfeitamente consciente de muitas
repetições ao longo do trabalho, inevitáveis por causa de métodos comparativos
utilizados, e outras para ênfases – o que pode ter acabado por parecer
superenfatizado [overemphasis]

Conteúdo

PREFÁCIO
MAPAS E ILUSTRAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

PARTE I

A PRÉ-VISUALIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Origem e Desenvolvimento do Estudo ………………………..……………… 18


Origem e Etapas no Estudo ……………………………………………………… 20
Escopo do Estudo ………………………………………………………………….. 21
Os Árabes Brancos ………………………………………………………………… 23
A Jornada Européia ………………………………………………………………. 24
Os Estudos de Campo …………………………………………………………….. 27
A Estrutura Teorética ……………………………………………………………. 35
A Guerra sobre os Pretos dos Estudiosos………………………………….. 37
A Nova Abordagem ……………………………………………………………….. 41

CAPÍTULO I

A VISÃO GERAL ……………………………………………………………………46

A Natureza Se Junta ao Ataque …………………………………………………51


Pré-condições para o Progresso ……………………………………………... 56
A Conquista dos Pretos pela Religião………………………………………….58

CAPÍTULO II
A FILHA MAIS VELHA DA ETIÓPIA: EGITO……………………………62

A Grande Depressão ………………………………………………………………. 62


O Mito de “Influência Externa”………………………………………………….68
O Problema do Mulato …………………………………………………………….. 76
“Egito Preto tornando-se Marrom e Branco” ………………………………83
“A Cidade de uma Centena de Portões” …………………………………….. 91
“Tebas e o Papel da Religião …………………………………………………… 94

CAPÍTULO III

EGITO: A ASCENÇÃO E QUEDA DA CIVILIZAÇÃO PRET……………. 101

O “Ocultamento“ na Avaliação ……………………………………………….. 103


Sul da Etiópia ……………………………………………………………………….. 109
O Terceiro Período de Grandes Regentes ………………………………….. 112
A Etiópia Recaptura o Egito ……………………………………………………. 121
PARTE I

“O que aconteceu com o Povo Preto da Suméria?” o viajante


perguntou ao velho, “pois registros antigos mostram que o povo da
Suméria era Preto. O que aconteceu com eles?” “Ah,” o velho
suspirou. “Eles perderam a sua história, então eles morreram. . . .”

– UMA LENDA SUMÉRIA

A Destruição da Civilização Preta –


– por Chancellor Williams –

A Pré-Visualização

ESTE TRABALHO É UM RESUMO DOS 16 ANOS DE PESQUISAS e estudos de


campo os quais eram destinados a uma história do povo Africano em dois
volumes. O plano de escrita para os dois volumes poderia ter requerido ao menos
outros cinco anos, mesmo se o sério impedimento de minha visão não houvesse
ocorrido. Entretanto, neste meio tempo havia se desenvolvido uma necessidade
urgente pelos resultados da minha pesquisa, a qual se concentrava em áreas
cruciais na história dos Pretos que haviam sido ou desconhecidas, ou conhecidas
e mal interpretadas, ou conhecidas, mas deliberadamente ignoradas.

Minhas próprias aulas de história eram apenas uma parte da rebelião contra o
único tipo de livros didáticos disponíveis. Era uma rebelião geral contra a sutil
mensagem, até mesmo da maioria dos autores brancos “liberais” (e seus
discípulos negros): “Vocês pertencem a uma raça de Ninguéns. Vocês não têm
nenhuma história que valha a pena apontar com orgulho.”
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A Destruição da Civilização Preta, portanto, não poderia esperar mais cinco


anos apenas para ser mais detalhada, impressionante, ou maciça no âmbito de
aplicação; pois uma reinterpretação da história da raça Africana poderia ser
compactada em um trabalho menor para leitura de fundo, e assim escrita para
que o Preto John Doe, motorista de táxi ou trabalhador, e Jane Doe, empregada
doméstica ou garçonete, possam ler e entender a mensagem de seus antepassados
e antepassadas, bem como estudantes universitários e professores.
ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

Em uma pequena cidade rodeada por campos de algodão na Carolina do Sul, um


pequeno menino Preto na 5ª série começou a assediar professores, pregadores,
pais e avós com perguntas que ninguém parecia capaz de responder:

Como é que os brancos têm tudo e não temos nada?


Escravidão? Como e por que nos tornamos seus escravos, em primeiro lugar? As
crianças Brancas vão para finas escolas de tijolos, pedra, mármore, por nove
meses por ano, enquanto nós vamos a um edifício velho em ruínas parecendo um
celeiro por apenas cinco meses e meio – e depois, para os campos de algodão. Por
quê?

Na sexta série, um de nossos professores, Senhorita Alice Crossland, me ajudou


a tornar-me um agente de vendas para os Jornais a Crise e Norfolk jornal e Guia
[the Crisis and the Norfolk Journal and Guide], Isto foi como acender as luzes do
céu; pois os livros sobre a nossa raça, listados nas páginas de trás do jornal a Crise
[the Crisis], me iniciaram nessa incessante pesquisa, mas levantaram mais
questões, como eu progredia através da escola – surgiram questões mais
intrigantes do que eram respondidas.
Pois, depois de ler tudo sobre a raça Africana que eu pude ter em minhas mãos,
eu soube, antes mesmo de sair do ensino médio, que

(1) A Terra dos Pretos [The Land of The Blacks] foi não apenas o “berço da
Civilização” em si, mas, que os Pretos foram, uma vez, as principais pessoas na
Terra;
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(2) que o Egito foi, uma vez, não apenas totalmente Preto, mas o próprio nome
“Egito” foi derivado dos Pretos;

(3) e que os Pretos foram os pioneiros nas ciências, medicina, arquitetura, escrita,
e foram os primeiros construtores em pedra, etc.

A grande pergunta sem resposta, então, era O QUE ACONTECEU?


Como foi esta altamente avançada Civilização Preta tão completamente destruída
que o seu povo, em nossos tempos, e por alguns séculos passados, encontrou-se
não apenas atrás dos outros povos do mundo, mas até mesmo a cor da sua pele
sendo considerada um sinal de inferioridade, má sorte, e o emblema do escravo,
seja preso ou liberto?

E, desde que eu tinha aprendido que os brancos já foram escravizados geralmente


assim como qualquer outra raça, como é que se explica que a escravidão foi
finalmente concentrada na África, apenas para os Pretos?

Em suma, nenhum livro ou outros estudos nas escolas e faculdades respondiam


ou davam pistas para responder aos problemas que mais me intrigavam. Pois não
importa quais dados factuais fossem, todos os livros escritos sobre os Pretos por
seus conquistadores refletiam pontos de vista dos conquistadores. Nada além
deveria ser esperado. E, considerando-se como que consumada foi a captura das
mentes dos Pretos também, não é realmente surpreendente que tantos estudiosos
Pretos ainda seguem fielmente os passos de seus senhores brancos.

Eu estava convencido de que o que me incomodava e que eu queria saber, era o


que perturbava as massas Pretas e o que eles queriam saber. Queríamos saber
toda a verdade, a boa e a má. Pois seria uma degradação contínua do povo
Africano se nós simplesmente destruíssemos o sistema atual de mentiras raciais
embutidos na literatura mundial somente para substituí-lo com uma ficção
glorificada baseada mais em ávido pensamento do que nos trabalhos de pesquisa
histórica.

A minha pergunta, portanto, era concernida com a Civilização Preta sozinha – o


que os Pretos, por si mesmos alcançaram, independentemente da Europa ou da
Ásia, Esta era uma abordagem totalmente nova para o estudo da história dos
Pretos. Isso significava, antes de tudo, segregar instituições tradicionais Africanas
daquelas posteriores influenciadas pela Ásia Islâmica e Europa Cristã. Desta
forma, e em vez de apenas falar sobre “identidade”, nós, finalmente,
conheceremos precisamente quais puramente Africanos corpo de princípios,
sistemas de valores ou filosofia de vida – evoluíram lentamente por nossos
próprios antepassados ao longo de incontáveis eras – a partir do que podemos
desenvolver uma ideologia Africana para guiar-nos para frente.

Em outras palavras, não pode haver verdadeira identidade com a nossa herança
até nós sabermos o que o nossa herança é realmente. Ela está toda escondida em
nossa história, mas nós somos ignorantes daquela história. Por isso, nós temos
estado flutuando, aquecendo-nos alegremente sob a herança ensolarada de
outros povos!

Minha pesquisa foi uma busca por algumas respostas específicas para questões
muito específicas. Algumas delas foram:

(1) Como é que o Egito “Todo-Preto” tornou-se o Egito “Todo-Branco”? (Note


neste ponto que os mulatos foram classificados como “Brancos” no Egito, em todo
o Norte da África e no Oriente Médio – um fato que ainda confunde os Pretos nos
Estados Unidos, onde foi adotada a política completamente oposta).

(2) Quais foram alguns dos detalhes específicos no processo de tão completo
apagamento das realizações da raça Africana dos anais da história – apenas como
pode isso ser feito em uma escala tão universal?

(3) Como e em que circunstâncias puderam os Africanos, entre as primeiras


pessoas a inventar escrita, perder esta arte quase completamente?

(4) Existe uma única raça Africana, um Povo Africano?


(5) Se uma raça ou um povo, como você explica as numerosas línguas, variedades
culturais e grupos tribais?
(6) Desde que, como me parece que há muito mais desunião, auto-ódio e
antagonismos recíprocos entre os Pretos do que entre qualquer outro povo, há
uma explicação histórica para isso?

(7) E como, em intrigante contraste, é explicado o amor eterno de Pretos por seus
conquistadores e escravizadores Europeus e Asiáticos?

Estas questões, juntamente com as indicadas anteriormente, constituiram o


principal problema para 16 anos de estudo. E, enquanto o resultado não se
concretizou no trabalho mais detalhado como planejado, eu penso que Eu tive
sucesso em resumir os destaques mais significativos das minhas descobertas nos
capítulos que se seguem a esta pré-visualização.

ORIGEM E ETAPAS NO ESTUDO

1. Revisão da história do mundo. Acreditando que a história da raça não pode ser
compreendida se estudada isoladamente, comecei uma lenta – e deliberadamente
sem pressa – revisão da história da Europa, antiga e moderna, e a história dos
árabes e do Islã. Digo “avaliação”, porque em 1950 eu já tinha estudado e
ensinado nos três campos da história Americana, Européia e Árabe – uma
circunstância mais afortunada para a tarefa adiante.
,
2. Iniciar o estudo formal da Africa, na Europa, não na África. Eu não sabia o quão
sábio isso foi quando a decisão foi tomada. Pois eu não sabia até então que a
Europa e a Ásia haviam estado transportando para fora da África ao longo dos
séculos apenas todos os materiais históricos que eu precisava ver e estudar logo
no início, e que, naturalmente, não poderiam ser encontrados na África,
Certamente, Eu sabia a partir de ler tudo sobre o “Estupro de África”, mas para
saber a escala em que isso foi feito alguém deve ver pelo menos uma parte dele
na Europa, com seus próprios olhos – e ser surpreendido. Os museus em várias
cidades das potências coloniais Européias são os repositórios de muita história
Africana.
,
3. Fontes documentais. Estas informações estão disponíveis na Europa e na
América. Relatos de Administradores Coloniais em África, debates
Parlamentares, relatórios e cartas de geógrafos, exploradores, capitães de navios
negreiros, e – especialmente gratificantes – os relatórios e cartas de missionários
para os escritórios domésticos de suas respectivas sociedades. Pois os primeiros
registros sobre a África antiga nas fontes Européias, Gregas e Romanas foram os
mais úteis (Ver Nota Bibliográfica).
,
4. Estudos de Campo. Os estudos de campo cobriram dois anos de trabalho na
África. Armado com um fundo bastante sólido em documentários escritos, a
principal preocupação agora se voltou para a história oral e os métodos de
desenvolvimento da crítica histórica que lhe são aplicáveis. (Vários capítulos
serão necessários apenas para detalhar os métodos e procedimentos neste
relativamente novo e gratificante campo da tradição oral). Cada região da África
Preta foi coberta: 26 países no Leste, Oeste, Centro e Sul da África, e 105 grupos
lingüísticos.

ESCOPO DO ESTUDO

Começamos nas terras que fazem fronteira com o Mediterrâneo no Norte e


que se estendem para o sul em ambos os lados do Nilo abaixo do 10º paralelo,
incluindo assim Axum e reinos vizinhos. Este vasto território foi o antigo império
Etíope, uma federação de reinos autônomos e semi-autônomos. O estudo
começou aqui, primeiramente, porque este foi o coração da raça Africana, onde
evidência daquela primeira civilização Preta ainda se encontra, apesar de todos
os séculos de esforços para destruí-la.
Do ponto de vista do pesquisador, a parte mais importante da investigação foi o
início da tarefa de destacar e claramente estabelecer a natureza precisa da própria
civilização desenvolvida de forma independente Africana.
Um estudo das leis consuetudinárias tradicionais dos Pretos, em todo o
continente, por exemplo, nos permitiu aprender pela primeira vez que um único
sistema constitucional prevaleceu ao longo de toda a África Preta, como se toda a
raça, independentemente das inúmeras diferenças de idioma e outros padrões
culturais determinadas localmente, viveram sob um único governo.

Um semelhante estudo de sistemas sociais e econômicos Africanos, em todo o


continente, através dos milênios revelam o mesmo padrão geral de unidade e
igualdade de todas as instituições fundamentais. Que existe uma base histórica e
fundamental para a verdadeira fraternidade e unidade da raça Preta não poderia
ter escapado a notificação de todos aqueles Europeus que têm estado
investigando e escrevendo sobre a África ao longo dos anos. Mas eles são astutos.

Maciça unidade Preta seria massivo Poder Preto – o que, naturalmente, reduziria
o poder branco e seu domínio de toda a terra. Assim, escritores brancos
“Africanistas” sempre se concentram nas “diferenças étnicas” entre os Africanos,
antagonismos tribais, “intransponíveis” barreiras lingüísticas, as variedades
culturais etc. Eles até mesmo fazem um grupo “étnico” separado de sua própria
prole mulata de mulheres Pretas classificando-os como “brancos” em algumas
áreas e “mestiços” [colored] em outras.

Assim, um sistema de pensamento e práticas foram desenvolvidas e sobrepostas


a uma raça já dividida para mantê-los permanentemente divididos. Ninguém
pode negar que, nisto, também, os Brancos têm sido mais bem sucedidos.

Nós temos apresentado no Capítulo VI bastante da Constituição Africana


tradicional e os direitos fundamentais do povo Africano a serem pontos iniciais
específicos para a identidade e a descoberta do patrimônio/herança do qual
falamos sem qualquer quadro definitivo de referência.

O Capítulo VII visualiza as prolongadas migrações de como movimentos em todo


o continente que ajudam a explicar muitos dos fatores mais importantes para a
destruição da civilização Preta. Pois as migrações ajudam a responder à pergunta:
O que aconteceu com o povo Africano? Ou, o que os fez descer do lugar mais alto
para o mais baixo entre os povos do mundo?

Mesmo tendo sido o trabalho radicalmente abreviado, uma inovação na pesquisa


histórica foi introduzida, indo além da simples documentação das fontes, a fim
de validar, além de todas as questões de dúvida, os principais pontos de vista do
trabalho. Este foi o método de estudo de caso em que foi estudado um número
representativo de estados de todas as regiões do continente – Norte, Leste, Oeste,
Central e África Austral.

Em a “Vista da Ponte” e os capítulos finais, Eu faço uma pausa mais definida a


partir da “antiga linha” de estudiosos e historiadores. Para ser objetivo e
científico, esta escola insiste, que o acadêmico de pesquisa deve fazer mais do que
apresentar os resultados completos e totalmente documentados de suas
investigações. Não deve haver comentários “subjetivos”, nem editorialização.
Basta apresentar os dados fatuais e deixar o trabalho para os leitores
interpretarem ou avaliarem como eles escolherem.

Isto pode ser não apenas o ponto de vista correto, mas é até bonito para os
historiadores que representam as pessoas já chegadas que controlam o mundo.
Eles podem muito bem darem-se ao luxo de conhecimento histórico para o fim
do conhecimento – a grande satisfação que vem de apenas saber como as coisas
vieram a ser.

Mas o historiador Preto, membro de uma raça sob cerco perpétuo e lutando uma
guerra quase invisível para a sobrevivência, não se atreve a seguir nestes passos
do mestre. Muito pelo contrário, após fielmente pesquisando e reunindo o
fragmentado registro da história da raça, a tarefa da análise e interpretação crítica
deve começar. O que eram nossas forças no passado? Em que aspectos estávamos
mais vulneráveis? Onde foi que nós erramos? E tudo isso, como o estudo da
história em si, deve ser para o propósito expresso de determinar O QUE FAZER
AGORA.

Em suma, o historiador Preto; se ele quer servir a sua geração, não deve hesitar
em declarar o que ele pensa que os resultados de seus estudos dizem. Porque,
quando a nossa história nos mostra onde temos sido fracos, ela está também
mostrando-nos como, através de nossos próprios esforços, podemos nos tornar
fortes novamente.
OS ÁRABES BRANCOS

Os implacáveis holofotes da história foram transformados sobre os papéis


desempenhados pelo uso de ambos, o Islamismo e o Cristianismo na subjugação
dos Pretos.

Isto confundiu muitos e ultrajou aqueles que não fazem uma pausa para
distinguir homens maus que usam a religião para disfarçar os seus verdadeiros
objetivos da própria religião.

Assim, o Muçulmano ou Cristão irrefletido, é provável que pense que a sua


religião está sendo atacada, ao invés de os conquistadores e escravisadores que a
desonram em cobrindo sua movimentação por riqueza e dominação do mundo.

Os Pretos nos Estados Unidos parecem ser mais misturados e confusos sobre a
busca da identidade racial do que em qualquer outro lugar. Daí, muitos estão
abandonando os nomes dos seus “senhores de escravos Brancos Ocidentais” e
adotando – não Africanos – mas os nomes de seus “senhores de escravos Árabes
e Berberes”!

Pois os próprios árabes são um povo branco, a divisão Semítica de Caucasianos e,


portanto, irmãos de sangue dos judeus contra os quais eles estão agora dispostos
para a guerra.

A confusão continuará, no entanto, desde que o fato de que milhões de mulatos


nos países Árabes são considerados “brancos” é ignorado, juntamente com o
outro fato de que inúmeros, não misturados, banhados-pelo-sol Árabes
moradores do deserto não são apenas marrom, mas alguns são de cor muito
escura – todo este escurecimento da pele, apesar de sua tradição de eras de idade
do pano grosso que cobre o rosto do sol escaldante. Na verdade, não somente os
mulatos se consideram 100% Árabes, mas os Pretos Africanos, cujos
antepassados estavam na Arábia por gerações, falam árabe e chamam a si
mesmos de árabes – assim como os Pretos Americanos falam Inglês e chamam a
si mesmos de “Americanos”.

Em ambos os casos, nem o Preto Árabe, nem o Preto Americano {*} pensa que ele
é “branco”.

[ {*} O termo “Preto” foi dado a um renascimento pela revolta da Juventude Preta.
Como renascido, ele não se refere à cor característica de qualquer pessoa em
particular, mas à atitude de orgulho e devoção à raça cuja terra natal desde os
tempos imemoriais foi chamada de “A Terra dos Pretos”. Quase de imediato os
nossos jovens tornaram “Preto” Co-igual com “Branco” em respeitabilidade, e
desafiaram os Negros anti-Pretos para decidir de que lado eles estavam. Este não
era um problema para muitos que eram claros ou mesmo próximos do branco na
pele, pois que eles mesmos estavam entre os primeiros a proclamar com orgulho,
“me chame de Preto!” Aqueles que odeiam o termo, mas detêm a maioria das
posições de liderança, se sentem compelidos a usá-lo para proteger os seus papéis
de liderança.]

Em ambos os casos, nem o Preto Árabe, nem o Preto Americano {*} pensa que ele
é “branco”. Para repetir, então, Pretos estão na Arábia precisamente pelas
mesmas razões que Pretos estão nos Estados Unidos, América do Sul e as Ilhas
do Caribe – captura e escravização.

Ao estudar a registros reais na história da raça, portanto, o papel dos Árabes


Brancos não deve ser obscurecido, quer por sua religião islâmica ou pela presença
dos Africanos e Afro-Árabes entre eles, mais do que deveríamos permitir a
Europeus Brancos e Americanos Brancos usarem o Cristianismo para cobrir a sua
movimentação por poder e controle sobre as vidas de outros povos.

A JORNADA EUROPÉIA

Eu cheguei à Inglaterra, no outono de 1953 para iniciar os estudos formais na


Universidade de Oxford, principalmente por meio do Instituto de Estudos
Coloniais e na ‘Casa Rhodes’ [Rhodes House] (que pode ser mais
apropriadamente chamada de ‘Casa Africa’).

Além do estudo de fontes documentais sobre a África, eu tinha outros objetivos:

(1) Eu queria uma mais direta, vista de perto, visão da mente Européia, a sua
verdadeira atitude para com o mundo Preto.

(2) A extensão em que a riqueza e o poder Europeus foram derivados diretamente


da África.

(3) A natureza e filosofia da educação Européia que estava moldando e


determinando a mentalidade dos Africanos.
Pois eu já estava plenamente consciente dos efeitos desastrosos do sistema de
ensino Branco Americano sobre Pretos Americanos que, não tendo qualquer
outro quadro de referência, tiveram que adotar as ideologias e pontos de vista dos
Brancos para sobreviver absolutamente, mesmo quando esses pontos de vista são
contra si mesmos. Isto significava visitar várias salas de aula em escolas primárias
e secundárias, institutos de formação de professores e salas de aula de palestras
e professores em um número selecionado de faculdades em Universidades. Estas
não eram visitas de “ir-olhar-e-sair”, mas dias inteiros de estudos nas escolas
visitadas, permanecendo durante todo o período em salas de aula, e conversando
com os alunos, professores e diretores depois. Em tal estudo, aprende-se muito
rapidamente que os livros e outras obras que descrevendo ‘educação’ não contam
a mesma história como as escolas em ação contam.

(4) Finalmente, eu queria saber – e, novamente, a partir de estudo direto –


exatamente o que fazia de Oxford, provavelmente, a maior universidade do
mundo. Quais são os elementos específicos daquela grandeza? Era o ótimo ensino
um fator, e, em caso afirmativo, quais eram oss grandes professores, natureza do
ensino ou, em suma, o que os fazia grandes mestres?

A partir dos objetivos expostos do estudo, deve ser óbvio que eu estava ainda
examinando vários aspectos das prováveis razões por que os brancos se tornaram
os donos do mundo.

Em ambas, na França e na Inglaterra, descobri que o sistema de educação


promoveu um novo tipo de aristocracia – uma aristocracia dos “educados”.

Os graduados da faculdade constituíram as novas classes superiores.

O filho de um carpinteiro ou condutor de estrada de ferro tornava-se afastado de


sua família e antigos amigos, ao receber o diploma universitário.

Um caso em questão era J.L., um jovem Inglês na minha faculdade em Oxford


(Lincoln), e que foi um dos meus amigos mais próximos lá. Ele se recusava a ir
para casa durante uma das longas pausas de férias, porque, para citá-lo: “Eu já
não posso associar-me com a minha família e velhos amigos. Não saberia como
falar com eles. Nós não temos nada em comum agora, você sabe. . . .”

Esta Britânica (Européia) filosofia da educação ajustava-se idealmente com


aqueles Africanos do continente e em outros lugares, que, ao contrário de J.L.,
vinham para a Europa a partir da classe privilegiada em casa. Alguns daqueles
estudando na Inglaterra tornaram-se mais Britânicos do que os Britânicos, assim
como muitos do que era a ‘África Ocidental Francesa’ tornaram-se mais
“Franceses” do que os Franceses.

A primeira tragédia a se notar sobre os efeitos dessa educação de classe sobre


Pretos é que ela reforça ainda mais a política do colonialismo de perpétua
desunião na África e em outros lugares.

A linha que divide essas classes de Pretos “superiores” e “médios” das massas
Pretas e suas aspirações básicas é mais rigidamente desenhada. E esta
mentalidade de classe superior, tornando-se ainda mais cristalizada desde a
independência, é uma quase certa garantia de uma maior revolta em uma escala
nunca vista.

A segunda grande tragédia está na natureza do que é chamado de “educação”.


É principalmente aprendizagem mecânica, a capacidade de memorizar frases,
conceitos e outros dados necessários. Pensar não é necessário nem esperado.
Análise crítica e avaliação do assunto não são necessárias. Mas a capacidade de
absorver e recordar é necessária. O estudante brilhante, então, é aquele que pode
prontamente citar autoridades e lembrar bem suas fontes bibliográficas.

Assim, nós temos uma geração de estudiosos Pretos que continuam a surpreender
os estudantes por declamar as doutrinas e pontos de vista dos seus professores
Brancos – como tantos robôs sem vontade própria. [without minds of their own.]

Ainda assim, estudar com mestres e professores Brancos deve ser mais
gratificante, e pode ser, se você não entrar em instituições Brancas com uma
cabeça como jarro vazio indo a uma fonte para ser preenchido. Eu estava seguro
e muito bem recompensado durante meus estudos em universidades brancas
unicamente porque acontecia que Eu não era tão ingênuo a ponto de esperar que
os pontos de vista dos conquistadores fossem os mesmos que os do conquistado
em assuntos relacionados com o nosso lugar no mundo.

Em outro lugar tenho enfatizado, pela repetição, que algumas das fontes mais
fecundas para o estudo veio involuntariamente de estudiosos Brancos.

Um caso em questão estava em Oxford. O curso era “A História do Colonialismo


na África”. A presença de dois ou três Pretos na classe, enquanto que obviamente
desconfortável para alguns, era geralmente ignorada. Pois Estudos Africanos
estavam, de longa data, como parte integrante do sistema imperial. Eles não
foram planejados para os Africanos absolutamente, mas para os futuros
administradores do Império na África. Então, o professor Madden estava
apontando em sua palestra o quão difícil – e até mesmo impossível – era para
governar Africanos, tendo em vista seu “sistema selvagem e mais primitivo de
democracia”. Pois, assim como tão rápido quanto Reis e Chefes Africanos
comprometessem-se a carregar as leis Britânicas que desagradavam o povo, “o
povo iria exonerá-los”, portanto, esta “democracia Africana primitiva tinha que
ser destruída” antes que o sistema Britânico de governo indireto pudesse ser
eficaz.

O ponto aqui é que estas observações de zombaria por um eminente historiador


Britânico revelou-me um campo totalmente novo de pesquisa. Esta palestra me
levou para o estudo de um dos desenvolvimentos mais significativos em toda a
história da raça Preta: um antigo sistema de democracia (existente antes da
Grécia) evoluiu a partir de uma constituição em todo o continente que regeu todo
o povo da África como uma única raça. Esta importantíssima descoberta foi
estabelecida por estudos comparativos de leis consuetudinárias Africanas em
todas as regiões do continente.

Os europeus foram confrontados com uma verdadeira democracia social que


existia muito antes dos termos “socialismo” e “democracia” porque as pessoas
eram os verdadeiros governantes de fato, e não apenas na teoria.
OS ESTUDOS DE CAMPO

Na medida em que o estudo da história Africana é concernido, Eu considero a


investigação direta no campo – e na África – como da maior importância.

Este trabalho de campo deve ser realizado somente após profunda pesquisa em
fontes documentais escritas e outras. O estudo das fontes disponíveis por escrito,
a sua avaliação, e os montantes registros arqueológicos são todos a primeira
grande fase de pesquisa Africana e, eu diria, um pré-requisito para o trabalho de
campo.

O trabalho de campo foi principalmente concernido com a história oral. Eu havia


notado em meu estudo de fontes de historiadores notáveis que muitos que
desacreditavam a tradição oral como “não confiável” nunca deixaram de usá-la
eles próprios, para suplementar ou dar validade adicionada a suas obras. O fato é
que registros escritos e não escritos não devem ser aceitos como verdadeiros sem
verificação.

Apesar de que dois anos foram dedicados ao trabalho de campo, a área coberta só
foi possível por causa de cuidadoso planejamento e agendamento prévio de áreas
e grupos em cada país, meses antes da minha chegada. Isto tinha que ser no
interior, ou “País Selva” [“Bush Country”], geralmente longe dos centros urbanos
Ocidentalizados.

Pois a nossa missão não era pela longa tradição do Islã ou do Cristianismo na
África, mas pela mais antiga tradição da própria África.

Tão vasta e inexplorada é a história real da raça Africana que eu mesmo apenas
arranhei a superfície do que ainda está para ser feito.

Algumas das áreas a serem exploradas por futuros historiadores estão


estabelecidas nas páginas que se seguem neste capítulo.

Um grande projeto de pesquisa não deve ser realizado por um único indivíduo.
Este foi o meu erro – daí, os 16 anos de trabalho que uma equipe de pesquisa de
oito ou dez pessoas poderia concluir em três ou quatro.

O tipo de equipas de investigação bem organizadas necessários para estudos em


profundidade pode ser difícil para a promoção por causa de nosso lamentável
individualismo de “ir-sozinho” [ pitiful “go-it-alone” individualism].

Um projeto de pesquisa como o meu deveria ter uma equipe de especialistas


altamente treinados nas áreas de história, arqueologia, antropologia, medicina,
lingüística, agricultura tropical, ciência política, etc.
O escopo amplamente variando do estudo menos uma equipe só foi possível por
causa do interesse e apoio ativo de certos governos Africanos e a ajuda
inesquecível das pessoas em cada região e país. Para todos os tipos de ajuda que
foram necessários.

Como indicado acima, muita coisa havia sido pré-arranjada. O Departamento de


Estado dos Estados Unidos tinha notificado a embaixada Americana em cada país
que eu estava chegando, solicitando nossos embaixadores para dar toda a
assistência solicitada.

Excetuando-se o Sudão, onde funcionários da embaixada pareciam estar sob


algum tipo de medo, as embaixadas tiveram o trabalho muito importante de fazer
os arranjos prévios para viagens para o interior através dos ministérios
competentes em cada país. Estes, por sua vez, tinham de entrar em contato com
os vários governadores provinciais ou comissários distritais que tinham de fazer
arranjos de vida e de conferência com chefes de aldeia, anciões, os guardiões das
tradições orais e outros grupos especificados. A quantidade de tempo que todo
este trabalho prévio salvou para o estudo em si é óbvia.

Mas o trabalho voluntário dos nossos irmãos Africanos que me acompanharam


no campo foi o que me referi acima como “inesquecível”. Alguns destes eram
professores que, como no caso do meu trabalho de campo anterior (1956-1957),
tiveram licença garantida para o fim, sem nenhum problema absolutamente. Na
verdade, até mesmo as pessoas que chamamos de “analfabetas” tinham aquele
armazém de sabedoria que tornava fácil para eles entender que eu estava
trabalhando, não por mim mesmo, mas por eles – por toda a raça Preta.

Estou tentando deixar claro aqui que, embora eu não tivesse o tipo de equipe de
pesquisa acima referida, muitas pessoas – 128 em número – participaram neste
trabalho e tornaram o resultado possível.

Assim, quando em vários lugares que eu digo “nós” não é o “nós” editorial ou
régio, referência é feita a indivíduos e grupos que realmente trabalharam em
várias partes do estudo.

No entanto, eu tive que recusar os serviços de muitos Africanos altamente


recomendados por causa de suas atitudes de “classe alta” em relação às pessoas
comuns. Pois que eu tinha aprendido muito cedo que as pessoas no interior
podem identificar o Africano arrogante e “superior” tão facilmente quanto eles
reconhecem o arrogante e “superior” investigador Branco. Eles irão dar respostas
à perguntas rápido o suficiente, mas não as respostas certas. Por isso, Eu
selecionei apenas aqueles cujos batimentos cardíacos pareciam estar
sintonizados com os batimentos cardíacos das grandes pessoas comuns de quem
todos nós viemos.

[I therefore selected only those whose heartbeats seemed to be tuned to the


heartbeats of the great common people from whom all of us came]
Os intérpretes eram geralmente assistentes que falavam duas ou três das línguas
oficiais do país.

Um tipo totalmente novo de assistente era o intérprete de verificação [the


verifying interpreter]. (Isto é para verificar todos os intérpretes, pois às vezes eles
não transmitem a sua pergunta com precisão ou devolvem a resposta exata).

Havia sessões de treinamento, antes e durante o trabalho de campo. Nesses casos


afortunados onde tivemos quatro ou cinco assistentes competentes, um dos
intérpretes permanecia comigo, enquanto os outros trabalhavam em missões
especiais em lugares diferentes na área.

A pesquisa documental precedendo a tudo isso nos Estados Unidos não foi feita
inteiramente sozinho. Algumas das áreas mais importantes do meu estudo de
fontes antigas foram checadas em estudos independentes por um seleto grupo de
estudantes de pós-graduação em história. Sua assistência em reavaliar essas
fontes primitivas como Manetho, Heródoto, Josefo, Estrabão, Abu Salih, et al foi
inestimável. Os primeiros dentre estes estavam foram Reverendo Carleton J.
Hayden e o Sr. Donald W. Kiehefner.
Concluindo minhas observações sobre os estudos de campo em África, alguns
comentários sobre quatro dos países visitados estão em ordem.

No Sudão, as autoridades não queriam que eu trabalhasse ou nem mesmo


visitasse as províncias Todo-Pretas [all-black]do sul. Seus quinze anos de rebelião
contra o Norte “Árabe” levou toda aquela vasta área a ser oficialmente
“suscetível”, e, portanto, barrada para forasteiros. A sugestão era que eu limitasse
meus estudos para o Norte do Sudão. Isto eu recusei porque eu havia sido
previamente assegurado de que a rebelião tinha sido “completamente esmagada”,
e que “paz e tranqüilidade” prevaleciam em todos os lugares. Além disso, no Norte
eu só poderia encontrar instituições Islâmicas – instituições que eu já tinha pleno
conhecimento por anos de especial estudo e ensino.

Como indicado acima, a embaixada Americana em Cartum não fez nenhum dos
trabalhos preparatórios sobre os quais eu dei às embaixadas dos EUA na África
tantos elogios, apesar de ter tido aviso seis meses antes da minha chegada. E eles
mantiveram uma política de estritamente de não-intervenção depois da minha
chegada. Eu, portanto, me preparei para sair de uma vez, mas anunciei que eu
não imploro para estudar em nenhum lugar, e que o mundo iria saber que este
era o único estado “Africano”, onde um estudioso Africano era barrado. O
Ministério do Interior reagiu rapidamente. Não apenas foi a permissão para fazer
trabalho de campo no Sul rapidamente concedida, mas todas as providências
necessárias foram feitas com prontidão.

O simples fato era que, enquanto eles estavam bastante familiarizados com
pesquisadores Europeus circulando livremente em todo o país, um Preto fazendo
estudos de campo no Sudão é, de fato, um fenômeno.
Etiópia (o novo nome para a Abissínia), como a República do Sudão, também é
governada por pessoas de sangue misto, os quais não apenas não se consideram
Africanos por raça, mas que mantêm uma sociedade de classe privilegiada com
base na cor. Para eles, todos Africanos de pele preta são “Bantu”. Quanto a estes,
eles sentem-se superiores em razão de “sangue branco”, e suas práticas
discriminatórias são tão sutis e reais como aquelas dos Brancos. E, embora a
escravização de Africanos de pele preta continua em ambos os países, mesmo em
nossos tempos, ambos o Sudão e a nova Etiópia adotaram a “Frente da
Irmandade” [the “Brotherhood Front”] desde o surgimento repentino de tantos
estados Africanos independentes – O Sudão para servir de “ponte” entre o mundo
Árabe e os novos estados Pretos, e, assim, controlar ou influenciar as suas
políticas internacionais através das Nações Unidas; e a Etiópia para controlar
mais diretamente ou influenciar a África Preta através de apoio ocidental no
estabelecimento da sede da Organização da Unidade Africana em Adis Abeba e
empurrando Haile Selassie no papel fundamental da ampla liderança
continental, bloqueando, assim, a “perigosa” influência de Kwame Nkrumah. (É
por causa da minha firme recusa em pular ou encobrir estes aspectos do registro
histórico que sou criticado por muitos Negros – e eu sei exatamente quando usar
esse termo!) {*}

[{*} Uma das ilusões fatais entre os Pretos é achar que o mundo branco não sabe
sobre os muitos pontos fracos na raça, os quais são a base de seu poder e controle
sobre eles. Quando chegarmos ao ponto onde começamos a procurar e virar o
holofote sobre as coisas que dividem e nos mantém pra trás – neste ponto os
opressores brancos terão motivo para tremer. O homem branco se mantém em
estado de alerta, mantendo uma afiada vigia para detectar quaisquer sinais de
força e desenvolvimento entre os Pretos. prospectar por verdadeiros obstáculos à
unidade seria um sinal preocupante de crescente força.]

E agora, ao Sul, para as terras totalmente regidas por brancos, onde hostilidade à
uma face preta era totalmente esperada: Rodésia e África do Sul.

Muito antes de chegar à África do Sul foi-me dito que eu poderia pular a Rodésia,
e que, mesmo se admitido na África do Sul eu não estaria autorizado a trabalhar.
Mas a Rodésia – para a surpresa de quase todo mundo – tirou todos os
impedimentos, como se tivesse resolvida a derrotar todos os estados Pretos em
comodidades e vários tipos de assistência para além de todas as expectativas e
necessidades. Houve a usual conferência de imprensa, seguido de cobertura de
manchete de primeira página sobre minha missão.

A outra surpresa foi o convite para transmissões de Rádio e TV para a nação.


Nossos amigos do Zimbábue estavam um pouco desconfiados dos motivos por
trás de todo este ‘tratamento de tapete vermelho’ de um Preto-Americano,
especialmente quando ele continuou após minhas respostas inflexíveis a
perguntas em uma sessão de painel de transmissão de TV. O Ministério do
Interior teve um intérprete voando 300 milhas para se juntar a mim quando eu
visitei seu grupo de linguagem particular, o Ndebele.

Os únicos incidentes desagradáveis foram quando, em duas ocasiões diferentes,


em lugares diferentes, dois oficiais do Distrito queriam assistir meus encontros
com chefes e o Conselho de Anciãos, Eu objetei, e o assunto estava encerrado.
Finalmente, a África do Sul. A situação no país é tão ridícula que, longe de
permitir-me a ser incensado com raiva, eu achei curioso. A brutalidade incessante
destes brancos contra os Pretos os deixa em um estado de medo permanente. Eles
parecem considerar cada homem Preto, não um potencial, mas uma ameaça real.
E o que eles são preocupados com a cada hora é inacreditável até que você esteja
realmente na África do Sul.

Meu passaporte era um “engano cometido em algum lugar”. Eu, é claro, não tinha
a intenção de fazer o trabalho de campo na África do Sul, mas tive que passar por
ela para alcançar os países ao redor então sob o domínio Britânico.

Ninguém, absolutamente, deveria ser impedido de passagem para e a partir


desses países. Mas ela requer a ação do embaixador dos Estados Unidos em
Pretória e um irritado Cônsul Geral Americano em Johanesburgo, para me
libertar da sala de aeroporto, de onde eu era mantido e verificado em cada trinta
minutos. Mesmo quando o Cônsul-Geral chegou em pessoa as autoridades
insistiram que eu não devia entrar na cidade, mas ser levado sob escolta para o
trem para Suazilândia. O Sr. Riley (o Cônsul Geral), então, decidiu desafiar a
África do Sul, não apenas me guiando calmamente através de Johanesburgo, mas
200 milhas ao redor do país, parando em diferentes cidades e, finalmente, para a
Suazilândia [Suíça].

O que me referi acima como curioso foram incidentes como excitados policiais
correndo para acenar para o grande Cadilac, porque eles podiam tão rapidamente
identificar um rosto preto antes de verem o selo dos Estados Unidos estampado
nas laterais do carro ou o vôo da bandeira Americana do capô.

Um Africano é um membro da raça Preta, e desde os tempos imemoriais, ele foi


conhecido como tal por todos os povos do mundo. Ao longo deste trabalho, o
termo refere-se a Pretos somente. Deve-se notar também que eu escrevo sobre
o povo Africano – e não povos Africanos, como escritores Ocidentais fazem. Eu
Estou lidando aqui com essencialmente um povo, uma “raça”, se assim a entender
– a raça Africana.
Nos tempos antigos, os termos “Africano” e “Etíope” eram usados como
sinônimos, pois ambos significavam a mesma coisa: um Preto. Isto, é claro, foi
antes dos Caucasianos começarem a reordenar a terra para atender a si mesmos
e acharem necessário estacar o seu direito de primogenitura sobre a Terra dos
Pretos também. Em consonância com isto, alguns historiadores Ocidentais têm
recentemente se perguntado de onde os Africanos vieram!

As razões apontadas para iniciar os estudos formais de África em Oxford


implicaram muito mais do que foi afirmado. Referência foi feita a estudar a
“mente Caucasiana”, pois nela podem ser encontradas muitas pistas que levem a
uma melhor compreensão da história dos Pretos e como o sistemático
obscurecimento de porções significativas daquela história ocorreu.

É por isto que Eu exorto aos alunos que pretenderem assumir o grande desafio
de pesquisa básica nesta disciplina, a entrar em “território inimigo”, ficar lá,
estudar e analisar criticamente as suas palestras e seus escritos “acadêmicos”,
pois são algumas das fontes mais gratificantes para a história Africana –
precisamente porque em astutamente tentar excluir, disfarçar ou diminuir o
papel dos Pretos na história do mundo, eles muitas vezes revelam o oposto do que
se pretendia. Eles são frutíferas fontes de evidência inconsciente – fornecendo a
própria evidência que eles pensaram em suprimir ou registrando fatos, o
significado dos quais, eles eram totalmente ignorantes.

Um verdadeiro bom exemplo é o relato escrito de um explorador Europeu na


África Oriental. Ele ficou indignado porque ele e os seus tiveram que esperar duas
semanas para apresentar o pedido para explorar o país ao Rei Africano. ‘O
autocrata Preto’, o relato prossegue, ‘teve a presunção de manter homens
brancos esperando (itálico meu), a fim de mostrar a seu povo como alto e
poderoso ele era. Os brancos foram negados até mesmo uma breve audiência,
enquanto o Rei receberia rapidamente qualquer preto velho que viesse da zona
rural. ’
Agora, o explorador, sem saber, estava, na verdade, relatando como a democracia
Africana funcionava, e como ela tinha estado a funcionar antes que houvesse uma
Atenas ou Grécia (onde os ocidentais pensam a democracia nasceu). O explorador
teria ficado surpreso ao saber que:

(1) que “Rei” na África significava algo totalmente diferente do que significava na
Europa e na Ásia;

(2) que este Rei Preto, longe de “fazer pose”, não tem o direito de recebê-los,
mesmo socialmente, sem a presença de pelo menos três Anciãos seniores;

(3) que, para atender a um pedido para realizar explorações no país, o inteiro
Conselho de Estado teve de ser chamado, e que isso não poderia ser feito pelo Rei
sem o conselho do Primeiro Ministro (que aconteceu de estar em viajem quando
os exploradores chegaram à capital);

(4) e que os “Pretos velhos” que viram “perambulando do campo” e sendo


rapidamente recebidos, eram os conselheiros que haviam sido convocados –
alguns de províncias distantes – para transmitir o seu pedido para explorar. Eles
eram os representantes diretos do povo. A voz do Rei era, de fato, a voz do povo,
sem o qual ele não poderia agir, absolutamente, sobre qualquer assunto de
importância, ou até mesmo falar a sós com estranhos.

Deve ficar claro, portanto, que as nossas orientações para a investigação devem
conduzir a uma análise crítica de todas as fontes, sejam originais, secundárias ou
orais.
Em particular, devemos procurar àqueles trabalhos que têm a ‘missão especial de
“provar” a superioridade dos brancos’ por “provar” a inferioridade dos Pretos –
tudo em linguagem tão sutil, acadêmica e científica que para a mente acrítica,
suas “verdades” são auto-evidentes.

Mas também é digno de nota que, enquanto os escritores racistas mais hostis
geralmente provam exatamente o oposto do que pretendiam, suas obras contêm
inevitavelmente úteis, dados factuais que devem ser aceitos. Na verdade, é
duvidoso que qualquer pessoa, mesmo um diabo, poderia escrever um livro
completamente destituído da verdade.

Pesquisa na história Africana é mais tediosa, trabalhosa, e demorada do que é


verdade para outros campos não suprimidos. Pois em desenvolver a história
“subdesenvolvida” dos Pretos, é preciso explorar as fontes mais improváveis por
um fragmento aqui e um fragmento lá, e em obras de modo algum
concernidas com a história Africana, e com a mesma freqüência, com nenhum
tipo de história. Às vezes é um parágrafo ou dois no relato de um explorador; em
outros momentos, itens significativos podem ser encontrados nos inúmeros
relatos de missionários para seus escritórios em casa, explicando as tarefas da
missão, mas também as instituições nativas a serem superadas. Todas essas
podem ser fontes valiosas e mais válidas precisamente porque não tinham a
intenção de ser tal, absolutamente. Os escritores estavam detalhando maiores
interesses Europeus. Todas as referências a Africanos eram meramente
acidentais para propósitos maiores. Apenas montar todos esses fragmentos
juntos pode ser um campo de pesquisa por si só.

Em meu trabalho em história Européia e Americana Eu não passei por nenhum


desses problemas e as tarefas de investigação foram mais fáceis.

Na história do Egito, para dar um exemplo final de bloqueios Caucasianos a serem


superados, deve-se ter o demorado trabalho extra de identificar os inúmeros
gigantes pretos da história que foram classificados e efetivamente disfarçados de
Caucasianos ao longo dos séculos.

Primeiro de tudo, é preciso conhecer os vários nomes que se referiam aos Pretos
exclusivamente e pelos quais eram conhecidos em todo o mundo antigo. Para
além dos mais amplamente utilizados “Africano” e “Etíope “, eles foram também
conhecidos como Tebanos [Thebans], Líbios [Lybians], Tinitas [Thinites],
Núnios [Nubians], Kushitas [Cushites], Menfitas [Memphites], Númidas
[Numidians], etc. Mesmo antes de Asiáticos brancos ganharem a ascendência em
qualquer uma dessas áreas, a sua presença em um número relativamente
pequeno foi suficiente para identificá-los como os líderes e empreendedores do
que quer que atraia a atenção do mundo.

Outro truque – o oposto da lei e prática Americana – foi classificar os Africanos


com “sangue Caucasiano”, como Caucasianos. Se qualquer um deles assim
classificados acabassem se tornando personagens notórios, pró-Africanos ou
Anti-Brancos, eles eram proclamados em alta voz e desdenhosamente chamados
de “híbridos/mestiços” [“half-breeds”].

Os milhões de primeiros Pretos que foram forçados, seja por circunstâncias ou


conveniência a substituir seus próprios nomes com nomes Asiáticos e Europeus
somente contribuíram para os problemas de identificação histórica.

Longe de tornar-se perplexo e desanimado pela mais meticulosa pesquisa básica


necessária, o estudante de história Africana deve aceitar o desafio como um
mandato do século XX, que é essencial para a salvação da raça, no sentido mais
literal. Eles precisarão do apoio ativo dos governos Pretos e instituições de
aprendizagem predominantemente Pretas. Estas devem estar patrocinando
ativamente

(1) abrangentes programas de pesquisa básica;

(2) equipes de pesquisa para estudos de campo – especialmente em história e


arqueologia;

(3) e um completo programa de formação de professores para história e outras


disciplinas relacionadas.

O que, na verdade, as instituições Pretas de aprendizagem estão esperando?

Os jovens para mostrar o caminho?

A simples verdade é que o que é necessário em primeiro lugar é ativas iniciativas


pioneiras. A assistência financeira poderia então, estar vindo, até mesmo a partir
de fontes inesperadas. A inércia Preta é o principal problema.

Ainda existe muita dependência de estudiosos brancos para fazer o nosso


trabalho para nós. Certa vez escrevi que, enquanto contamos com historiadores
brancos para escrever a história Preta para nós, devemos manter silêncio sobre o
que produzem. Eles escrevem do ponto de vista Europeu, e nós somos ingênuos
de fato se esperamos que eles o façam de outra maneira – todo o sensacionalismo
sobre sua “objetividade científica” ao contrário, não obstante.

A ESTRUTURA TEORÉTICA

Ao longo dos anos estudando a história Africana certas proposições e teorias


evoluíram muito naturalmente como faróis orientadores nas explorações.
Algumas delas são apresentadas aqui, algumas anteriormente declaradas ou
implícitas:

1. Que a África – toda a África – é a terra natal dos Pretos *; {nota * Um


importante fato que deve ser conhecido é que todos os Africanos não-
misturados não são Preto Azeviche [Jet Black]. Pois enquanto a grande maioria
é de pele preta, incontáveis milhares de pessoas que viveram por séculos em áreas
frias têm a pele mais clara -. E nenhum “sangue Caucasiano” absolutamente. *} e
que os povos Asiáticos que ocuparam o Norte e Leste da África, mesmo que eles
possam ter estado ali há séculos, eles não são mais Africanos nativos do que o são
os Holandeses e Ingleses que também ocuparam e controlaram as regiões do sul
do continente. As perguntas sobre onde são as terras natais de onde todos esses
invasores vieram não é discutível;
2. Que os Pretos estavam entre os primeiros construtores de uma grande
civilização neste planeta, incluindo o desenvolvimento da escrita, ciências,
engenharia, medicina, arquitetura, religião e artes plásticas;
3. Que a história de como uma civilização tão avançada foi perdida é uma das
maiores e mais trágicas na história da humanidade e deve ser o principal foco de
estudos de pesquisa em história Africana;

4. Que o imperialismo Asiático embora raramente mencionado, foi, e ainda é mais


devastador para os povos Africanos do que o de Europa ou América; e que o
complexo de superioridade branca dos Árabes não é nada menos branco do que
o da Europa ou América, embora sua estratégia de “fraternidade” engane Pretos
ingênuos.

5. Que as forças por trás da contínua fragmentação de grupos já pequenos e até


mesmo o quebra de reinos e impérios, seguidos pelas migrações igualmente
intermináveis, incluindo o aumento constante da morte do solo e o avanço dos
desertos; a seca de rios e lagos, junto com a mudança do clima e sempre certa
contenda interna – tudo combinado com invasões e fome para tornar-se um
modo de vida;

6. Que a força e grandeza do povo Africano podem ser medidas pela forma como,
em face do que, por vezes, pareceu serem todas as forças do inferno, eles lutaram
para sobreviver através de tudo isso e, reconstruíram reinos e impérios alguns
das quais suportaram mil anos.

7. Que, dentro do âmbito de mesmo os menores estados sobreviventes, eles


aderiram e mantiveram vivos os princípios básicos da Constituição tradicional
Africana e mantiveram, através de todos os séculos passando, os elementos
fundamentais dos seus antigos sistemas democráticos, sociais, políticos e
econômicos sobre todo o continente;

8. Que a África foi o berço de uma civilização religiosa baseada na concepção de


um Deus Supremo, Criador do Universo; e que esta crença em um Ser Supremo
antecede aquela dos Judeus por vários milhares de anos antes de Abraão, e que o
papel das inúmeras sub-divindades sobre as quais os escritores Ocidentais
permanecem, era exatamente o mesmo que o dos Santos padroeiros no mundo
Cristão; Eu avanço ainda mais a teoria de que os primeiros errantes Hebreus, tão
numerosas na África, receberam muitas de suas idéias lá, pois foi para lá que
peregrinou Abraão, Moisés nasceu, José viveu, e alguns dos primeiros anos de
Jesus Cristo foram gastos. Não há dúvida de que, mesmo séculos após, quando os
Mulatos e os Asiáticos surgiram como os únicos Egípcios, eles continuavam a
considerar a África Preta, como fonte principal do espiritual – “A Terra dos
Deuses” ou “A Terra dos Espíritos”;

9. Não obstante a notável civilização que eles desenvolveram mesmo milênios


antes de Cristo, e a incrível reconstrução de impérios, apesar das grandes
dispersões – Não obstante tudo isso, povos Africanos caíram para trás na marcha
para a frente do resto da humanidade, porque, além das forças destrutivas da
natureza no continente e as forças hostis de fora, eles, os povos Africanos, eles
mesmos algemaram-se ainda mais com suas próprias mãos através de certos
aspectos das suas instituições sociais e crenças que se posicionaram como
obstáculos para o progresso, mesmo quando as condições eram favoráveis.
A Guerra dos Estudiosos sobre os Pretos
[The Scholar’s War on the Blacks]

Este trabalho começa onde a história dos Pretos começou, no Egito (Etiópia do
Norte) e Sudão (Etiópia do Sul), Assim, logo de início, eu colido de frente com a
versão branca da história Africana.

Meu foco, então, é sobre os grandes temas da história dos Pretos que emergem
dessa confrontação com a escolástica branca; pois enquanto eu cobri a maior
parte do mesmo terreno explorado por estudiosos antes de mim, eu geralmente
cheguei a conclusões diferentes daquelas deles, e a partir do mesmo conjunto de
fatos.

Vamos fazer uma pausa por um momento neste ponto. Eu fiz uma acusação de
acobertamento pela escolástica Ocidental branca na África. Se ela não pudesse
ser sustentada, ela nunca seria feita. Eles são trazidos sob fogo em vários pontos
através deste trabalho – o tipo de trabalho, como eu também disse, deve ser
absolutamente desnecessário nos anos finais do século 20.

O caso contra “Africanistas” Ocidentais é plenamente estabelecido no trabalho


em si, mas pode ser descrito aqui como se segue:

1. Em primeiro lugar, eles não são ignorantes sobre a verdadeira história dos
Pretos, incluindo as suas realizações como construtores de uma das primeiras
grandes civilizações na Terra (escritores antigos dizem que foi a primeira); e eles,
os estudiosos Ocidentais, sabem tudo sobre as autênticas fontes primitivas e
modernas. Eles simplesmente ignoram e recusam-se a publicar os fatos da
história Africana que perturbam ou mesmo que tendam a perturbar a sua filosofia
racial que repousa tão solidamente nas instalações santificadas pelo tempo que
nem precisa mais ser proclamada abertamente.

2. Eles estão, sem querer, promovendo a firme marcha em direção a um conflito


mundial entre as raças. No entanto, eles estão fazendo o que acham que devem
fazer, em obediência fiel à sua cultura Caucasiana, o padrão racial de que emergiu
no século 17. A constante conquista e escravização de um povo inteiro tornou
imperativo criar tanto uma doutrina religiosa quanto uma “científica” para aliviar
a consciência branca.

Seu sucesso fenomenal no mundo industrial, ao mesmo tempo, apóia e justifica a


sua filosofia, a supremacia do mais forte. O perigo agora surge a partir de um
desenvolvimento completamente novo e inesperado: Um Dormente e submisso
mundo não-branco , enquanto todo esse poder branco estava sendo acumulado,
agora já não está mais dormindo ou submisso.

3. Mesmo a revolta Africana contra o colonialismo e o desafio mundial para


escrever a dominação de toda a terra – mesmo estes sinais de mudança não
perturbam esses estudiosos do imperialismo. Eles representam os senhores da
terra, controlando todos os níveis da educação, da ciência e da pesquisa. Eles
controlam a educação dos Pretos em todo o mundo. Portanto, eles não vêem
necessidade, mesmo na década de 1970, para ter um novo olhar sobre a história
dos Pretos desde o seu início e começar o trabalho de restauração das páginas que
eles apagaram ou ignoraram.

Eles estão fazendo exatamente o oposto. Suas histórias e outros estudos


“científicos” dos Pretos são apresentados assim como têm sido por trezentos
anos. Com o surgimento e propagação de estados Africanos independentes e a
Revolução Preta nos Estados Unidos, esses representantes acadêmicos da
supremacia branca rapidamente reformaram suas técnicas de controle da mente:
Eles montaram na Europa e América altamente financiadas associações de
estudos Africanos, sociedades, institutos, jornais de história e periódicos
“Africanos” de vários tipos – tudo sob completo controle e direção branco.

Seus programas de estudos africanos foram empurrados nas faculdades e


universidades muito à frente da demanda geral pelos jovens Pretos por Estudos
Pretos. [Black Studies]

Como as últimas exigências desenvolveram-se, a juventude Preta descobriu que


os professores brancos não apenas tinham o campo ocupado, mas ainda estavam
ensinando o seu ponto de vista tradicional sobre a “raça”. Na contínua cruzada
para controlar as mentes dos Pretos através da natureza de sua educação, os
estudiosos Americanos e Britânicos lideram. Eles são tão cruéis e agressivos em
suas atividades acadêmicas sobre raças como seus parceiros na apreensão e
controle de riqueza e povos de outras terras. Tendo estabelecido fortes
associações nacionais e internacionais “Africanas” e revistas que ainda tentam
controlar as atividades de pesquisa sobre a África, eles passaram a inundar o
mundo com, apressadamente jogadas juntas, “histórias”, panfletos e publicações
Africanas sobre praticamente todos os assuntos que poderiam sustentar um título
de “Preto”.
4. A partir de sua todo-poderosa “posição de força” eles continuam a organizar e
reorganizar o mundo como os agrada, nomeando e classificando os povos, lugares
e coisas como eles desejam: Nos Estados Unidos, brancos conhecidos por ter
qualquer quantidade de “sangue Negro”- não importa quão pequena – são
classificados como Negros; na África, Africa do Norte, em particular, eles fazem
exatamente o oposto. Pretos com qualquer quantidade de “sangue Caucasiano”
são classificados como “Brancos”. Este esquema foi rigorosamente aplicado na
história do Egito, por exemplo, onde mesmo faraós Pretos ainda não misturados
tornaram-se “brancos” e a população originalmente Preta nunca foi referida
como Egípcios absolutamente! Os Reis Pretos que fundaram e governaram a
partir da Primeira Dinastia são disfarçados como tal, enquanto os reis Saítas
(brancos) das pequenas áreas de Baixo Egito são apresentados como os faraós do
Egito, mesmo quando todos os faraós Africanos estavam no trono do Alto Egito.

Obscurecer os Pretos para fora da história incluiu a substituição de nomes


Africanos de pessoas, lugares e coisas com nomes Árabes e Europeus. Apenas
uma onda da varinha mágica dos mestres, e os Hamitas Pretos e até mesmo os
Etíopes, assim como seus irmãos Egípcios Primitivos, não são mais os Africanos!
5. A periodização da história Africana é cuidadosamente disposta de tal maneira
que a história torna-se a história de Árabes e Europeus em África, e não a história
dos Africanos. Em História Africana [African History], uma publicação recente
da American Historical Association como um guia para o ensino, a sua finalidade
se torna clara no próprio arranjo:
O Primeiro período é a partir da queda do Império Romano até 700 (D.C.)
(invasões Árabes); O Segundo Período da história Africana é o Período da
civilização “Islâmica”, 700 (D.C.) até a chegada dos Europeus, em 1500; O
Período Europeu de 1500 até 1960 é subdividido em 1880 para marcar o período
de colonialismo. Não há nenhum Período de Civilização Preta na África Preta.
Tal é o ponto de vista Europeu – quase uma religião.
O Seu próprio Primeiro Período elimina 4.000 anos de Civilização Preta e os
maiores períodos de realizações Africanas; Seu Segundo Período é dedicado aos
Árabes e Berberes na África; e no Terceiro Período, o foco está na civilização
Européia. E tudo é feito sob o título da história Africana.
Onde se era impossível negar realizações dos Pretos, iguais e muitas vezes acima
dos brancos, tais realizações eram atribuídas a algum tipo de influência
Caucasiana, mesmo que imaginária. Ainda assim, a publicação AHA Número
Cinqüenta e seis usa a mesma estratégia que torna a escolástica Ocidental tão
triunfante: As principais crenças de suas pressuposições racistas são, para os
incautos, completamente escondidas por materiais factuais muito bem-vindos.

Mas o que é certo por desarmar quase todos são os ataques francos do racismo
sobre racismo em toda a publicação.
Eu Suponho que ninguém é esperado para perceber a incapacidade implícita de
historiadores Pretos para lidar com a história Africana objetivamente. (Eles não
são referidos como historiadores, é claro), eles são “… Alguns intelectuais
Africanos modernos que tentaram mostrar grandes civilizações no passado, mais
grandiosas do que qualquer coisa que já existiu.”

Como um resultado direto desta continuada escravização universal através da


educação, a juventude Preta está em revolta. Esta revolta se tornará cada vez mais
perigosa, como eles cada vez mais percebem o quão completamente eles são
impedidos de auto-realização nas próprias instituições que deveriam promovê-
la; o quão difícil é encontrar livros didáticos sobre história Preta ou mesmo
professores “Negros”, que não se limitam aos pontos de vista dos senhores
brancos que os treinaram.

As frustrações se tornam mais intolerável como os jovens encontram-se entre


dois fogos: os racistas brancos que determinam a natureza de sua educação e
educadores Negros que também vêem o mundo através dos olhos azuis dos
Saxões. Em suma, eles são forçados a recorrer de seus próprios dispositivos,
porque eles encontram muitos de sua própria raça, que deveriam estar
trabalhando com eles, nos campos do “inimigo”.

Na medida em que a periodização está em causa, ninguém deve ser tão ingênuo a
ponto de esperar uma divisão adequada da história Africana, enquanto o campo
é quase completamente preenchido pelos inimigos daquela história.
A divisão adequada tenderia a incentivar uma pesquisa mais toda – inclusiva e
uma interpretação menos tendenciosa dos resultados. Nem tampouco acontecerá
até que uma nova geração de pesquisadores acadêmicos e historiadores Pretos
levem para o campo, tornando-se as maiores autoridades em seu próprio direito
– historiadores Pretos, nem um único dos quais irão cair na categoria de
Professor Philip D. Curtin de intelectuais Pretos que tentam “mostrar grandes
civilizações do passado, mais grandiosas do que qualquer coisa que já existiu.” Os
novos esforços de pesquisa chamam por especialistas Pretos não só no campo da
história, mas também nas áreas afins a partir das quais a história Africana deve
fortemente traçar – arqueologia, antropologia, lingüística, etc.

A NOVA ABORDAGEM

O primeiro período deveria começar com “pré-história”, principalmente porque


Nowe, uma das cidades mais antigas da Terra, foi iniciada pelos Pretos antes da
história registrada.

Outra razão importante é que os Canaaneus [Canaanites] e outros Asiáticos


brancos invadiram o Delta do Nilo e estabeleceram um reduto no Baixo Egito
(então Nordeste da Etiópia ou Chem), em tempos pré-históricos.

Esta inicial concentração dos brancos ao longo do litoral da Terra dos Pretos é
uma circunstância de importância crucial na história Preta porque foi exatamente
a partir deste desenvolvimento que as conquistas dos Pretos foram ofuscadas
pelos posteriores escritores ou apagadas completamente.

A chamada é por especialistas Pretos para um período em uma área. O que, por
exemplo, foi a influência real dos brancos Asiáticos – rigidamente retidos por
séculos no mais baixo um quarto do país – sobre os Pretos que ocupavam os Três
Quartos que veio a ser conhecido como Alto Egito?
São necessários revisão e estudos aprofundados deste período. O historiador
geral está fora. As melhores histórias gerais, região por região, podem ser escritas
somente depois que o trabalho dos especialistas é feito.

O segundo período pode muito bem ser a partir da conquista do Baixo Egito pelo
líder Etíope, Menes, em 3100 a.C. {*} [Nota {*} datas anteriores, como 4500 a.C.,
também são dadas e aceitas por muitas autoridades; pois datas conflitantes
aparecem nos registros antigos. Eu não debaterei este ponto] – 3100 a.C. até o
fim da Sexta Dinastia, 2191 – também o fim do Império Antigo. Este foi o período
que deu à luz ao Egito – e antes do qual não havia Egito. Foi o período em que
Reis Pretos uniram as “Duas Terras”, iniciaram o sistema Dinástico (Linhagem),
e começaram a construção da maior civilização. A mais aprofundada revisão e
concentração de pesquisa devem ser voltadas para este segundo período. Ele foi,
de fato, a Idade de Ouro na história dos Pretos, a idade em que atingiram o auge
da glória tão deslumbrante em realizações que escritores Ocidentais e Árabes se
sentiram compelidos a apagá-lo pela força de sua posição e começar a história
Preta mais de 3.000 anos mais tarde, limitando tanto quanto fosse permitido
para “África ao Sul do Sahara.”
O Terceiro Período da história Preta no Egito deve começar com a Sétima
Dinastia, 2.181 (A.C.) e ser subdividido nos trágicos períodos de turbulência
interna e invasões brancas. A primeira subdivisão seria a partir de 2181 a.C. até
2040 (a.C.) – A Sétima, Oitava, Nona e Décima Dinastias.. Depois disso,
cronologia estrita deve ser ignorada, a fim de se concentrar em uma única
questão: O papel das invasões e conquistas na destruição da civilização Preta, com
a resultante transformação étnica do Egito de Preto para marrom (Afro-Asiático
e Afro-Europeu), para branco.

Isto significa que a segunda subdivisão pularia o período de Restauração das


grandes 11ª e 12ª Dinastias para o próximo período de invasão e conquista – a
Hebraica (Hicsos), 1645-1567 (a.C.). Mais uma vez, ignorando o Novo Império,
as outras subdivisões estudariam os períodos das invasões Assíria, Persa, Grega,
Romana e Árabes e o impacto de suas conquistas e e governo sobre os Pretos.

A Quarta Divisão principal começaria com as anteriormente puladas 11º e 12º


dinastias, 1786 – 1233 (a.C.), a grande 18ª, 1.567 – 1.320 (a.C.), e, então,
continuar a partir da Era de Ramsés até o final da Vigésima Quarta Dinastia, 1330
– 730. (a.C.)

O Quinto Período deve ser a partir dos últimos faraós Pretos para a destruição da
restante divisão sul do Império Etíope abaixo da primeira catarata, 730 (a.C.) até
o Quinto Século (d.C.).

O Sexto Período: A partir do ressurgimento de sucessores estados Preto no


Quinto Século (d.C.) até a sua destruição final pelos árabes no Décimo – Terceiro
Século.

O Sétimo Período, assim como o Segundo, não deve ser uma divisão de tempo de
seqüências cronológicas próximas e em grande parte irrelevantes. Ele é um
estudo das migrações dos Pretos que cobriram muitos séculos, mas que se
tornaram mais difundidas e desesperadas depois da conquista Árabe do centro
original da civilização Preta no Sudão. Os longos períodos de peregrinação por
todo o continente, muitas vezes sem rumo, era a grande corrida histórica dos
Pretos para a sobrevivência – uma raça que tentava ultrapassar a fome, a doença,
a escravidão e a morte. O período que se deve ter um intenso aprofundamento e
análise crítica se estende do Décimo – Terceiro Século até o colonialismo no
Décimo – Quinto (Séc. XV d.C.).

Em outro lugar eu coloquei a pergunta mais intrigante: se os Pretos estavam entre


os primeiros construtores da civilização e sua terra, o berço da civilização, o que
aconteceu com eles, uma vez que os deixou na parte inferior da sociedade mundial
– precisamente o que aconteceu?

A resposta Caucasiana é simples e bem conhecida: Os Pretos sempre estiveram


na parte inferior. Esta resposta é clara, mesmo nas histórias e outros materiais
educativos com que eles tanto se ocupam em preparar para os próprios Pretos.
Quase todas as verdadeiras respostas serão encontradas no estudo das causas das
migrações e os trágicos resultados decorrentes diretamente desses movimentos
aparentemente intermináveis de povos fragmentados.

Como a arte da escrita foi perdida por um dos primeiros povos a inventá-la? . .
. Estude as migrações.

Como e por que um, uma vez grande povo, com uma origem comum lascou-se em
inúmeras pequenas sociedades e chefiados independentes a partir dos quais
2.000 línguas e dialetos diferentes desenvolveram-se? . . . Estude as migrações.

O que causou as mortíferas guerras irmão – contra – irmão, ódios, escravidão e


desconfiança mútua entre as várias sociedades Pretas? . . . Mais uma vez, estude
as migrações!

Deve haver várias subdivisões de grande importância. A escravidão e o tráfico de


escravos, por exemplo, incluiria a África, Ásia e Américas. Este seria o fundo para
Períodos posteriores, cobrindo a história Preta nos Estados Unidos, América do
Sul e as áreas do Caribe.

A oitava divisão é o ressurgimento de reinos e impérios Africanos, por regiões,


entre o Décimo e Décimo – Nono Séculos (entre os Séculos X e XIX d.C.).

Este foi o período em que houve tentativas em cada região da África para
restaurar a glória que era a da Etiópia. É duvidoso se qualquer um desses estados
Pretos percebeu que estavam sendo lentamente, mas firmemente cercados e
cercados por todas as direções por invasores das costas e através do Sahara. A
queda definitiva dos estados Pretos, primeiramente sob assaltos Islâmicos e, em
seguida, sob assaltos Cristãos Europeus, fechou este período com o triunfo do
colonialismo.

O Período Final é a Revolução Preta, que encerrou o colonialismo político com o


surgimento dos estados politicamente independentes.
Isso nos levaria a partir de 1950 até o presente, e devem ser subdivididos para
desenvolvimentos na América Preta, América do Sul e as “Ilhas dos Mares”.

A partir da nova abordagem e plano para estudo de pesquisa e


desenvolvimento da história Africana apresentada acima da
“periodização”, enquanto reconhecida como muito importante, não é permitida
por isso a fragmentar um grande movimento de desenvolvimento que
abrangendo diversos períodos e milênios que a sua significância real seja perdida.
Exemplo disso é a transformação étnica do Egito de Preto para Marrom para
Branco, e os longos séculos de grandes migrações. Estes desafiam a periodização
em qualquer sentido.
Eu somente fiz uma breve referência no trabalho para os Pretos espalhados fora
da África no mundo inteiro – não a partir do comércio de escravos, mas
dispersões que começaram na pré-história. Este fato por si só indica as grandes
tarefas da futura escolástica sobre a história real da raça.
Nós estamos, na verdade, apenas na porta de entrada [threshold], recolhendo
alguns importantes fragmentos perdidos. Os maiores trabalhos ainda estão por
vir.

A China Antiga e o Extremo Oriente, por exemplo, deve ser uma área especial da
pesquisa Africana. Como explicar uma tão grande população de Pretos no sul da
China – poderosa o suficiente para formar um reino de si própria?
Ou com os Pretos de Formosa, na Austrália, a península Malaia, Indo-China, as
dos Andaman e várias outras ilhas?

A grande concentração de Africanos, na Índia, e as provas de que os primeiros


chefes Arianos eram Pretos (o que fará Hitler subir da sepultura) ainda abre outro
campo interessante para a pesquisa.

Mesmo as descobertas de “Negróides” na Primitiva Europa parecem não ser tão


desafiadoras quanto os centros de população preta na Ásia. Pois, mais uma vez,
não é feita referência a pequenos grupos que podem ter vagado em qualquer lugar
sobre a terra; em vez disso, a nossa preocupação é com as grandes e dominantes
populações.
Estes são os Pretos que têm intrigado tanto os estudiosos Ocidentais que alguns
teorizam que a Ásia ou a Europa pode ser a terra natal dos Africanos depois de
tudo. As populações Africanas na Palestina, Arábia e Mesopotâmia são mais
conhecidas, embora os muitos séculos de domínio Preto sobre a Palestina, Arábia
do Sul, e na Mesopotâmia devem ser estudados e elaborados mais
detalhadamente, tudo isso exigirá um novo tipo de escolástica, uma escolástica
sem qualquer missão que não seja a descoberta da verdade, e que não vai tremer
de medo quando essa verdade é ao contrário do que prefere acreditar.

Nada é mais claro do que o fato trágico de que a África, como o resto do mundo
Preto, tem apenas a ilusão de ser livre e independente. Ela é apenas cerca de um
terço livre. Ela ainda está economicamente algemada como sempre foi – em
alguns aspectos, até mais.

O estudo deste Período e as condições que ele apresenta confrontará os Pretos do


mundo com o desafio final. A resposta para esse desafio será o teste do gênio da
raça.

O resultado e, na verdade, o inteiro futuro da raça depende da medida em que nos


tornamos intelectualmente emancipados e descaucasianizados
[decaucasianized] o suficiente para ser pioneiros no pensamento original.
Aqueles que se tornarão livres de fato, já não mais agarrarão prontamente as
ideologias e sistemas do homem branco, sejam o Capitalismo, a versão Ocidental
de democracia, ou o Comunismo -, sem uma crítica revisão e análise para
determinar se seu sistema tradicional de África, quando atualizado, pode ser
verdadeiramente superior e melhor equipado para satisfazer as aspirações do
mundo Preto.

Este último Período, então, é a hora das grandes decisões, ele pode muito bem ser
a última chance da raça Preta para um renascimento e salvação.
A divisão proposta acima para uma nova abordagem na pesquisa, ensino e estudo
de história Africana irá indignar a maioria dos Estudiosos Ocidentais e Árabes –
junto com os seus seguidores Negros subservientes – porque Eu mudei o foco
principal da ‘história de Árabes e Europeus na África’ para os ‘próprios Africanos’
– uma história dos Pretos que é uma história dos Pretos. Eles estarão
voltando – o centro do palco – em sua própria história, finalmente. Mas para quê
fim?
Será que vai ser apenas para a satisfação intelectual de conhecer a nossa
verdadeira história? Conhecê-la, sim – mas e daí?
A resposta é nada – a não ser que a partir da história, aprendamos o que os
nossos pontos fortes eram e, especialmente, em que aspecto particular estávamos
fracos e vulneráveis. Nossa história pode, então, tornar-se ao mesmo tempo o
fundamento e a luz guia para os esforços unidos em um planejar seriamente o que
deve ser sobre agora.

CAPÍTULO I

A Visão Geral

A TERRA DOS PRETOS ERA UMA TERRA VASTA – UM GRANDE MUNDO


dentro de si mesmo cobrindo 12 milhões de milhas quadradas [cerca de
19,312,128 Km²]. Do seu ponto mais setentrional no que hoje é a Tunísia até o
Cabo das Agulhas são cerca de 5000 milhas [8,046,72 km], e na sua mais ampla
extensão de leste a oeste é 4.600 milhas [7402,9824 km]. Todo este segundo
maior continente foi uma vez ‘Bilad as Sudão’, “A Terra dos Pretos” – e não
apenas a região Sul para a qual eles têm sido constantemente empurrados do
norte. Depois das ocupações Asiáticas, Gregas e Romanas, o termo “Sudão” veio
a indicar as áreas ainda não retiradas dos Pretos e era co-extensivo com o império
Etíope.
Pois o império Etíope estendia-se, uma vez, para o Mediterrâneo ao norte e para
a fonte do Nilo para o Sul no país (Abissínia), que recentemente voltou a ser o
antigo nome do império Etíope que em épocas anteriores formava suas províncias
do sudeste. Até o fim dos tempos de Menes, 3.100 a.C., a Etiópia ainda incluía
três quartos do Egito – ou até vinte e nove graus no paralelo Norte. Os Asiáticos
se apossaram da região do Delta – daí “As Duas Terras”, bem conhecidas por
todos os historiadores, mas nunca totalmente explicadas. (Pois explicar as “Duas
Terras”, é claro, explodiria o mito sobre os construtores da civilização Egípcia).

Foi apontado que o estudo dos Pretos deve começar no Egito, porque as maiorias
de seus monumentos indestrutíveis estão lá; e, ainda, porque muitos dos artefatos
que os arqueólogos têm descoberto durante os últimos 75 anos como “Egípcios”
são, na verdade “Africanos”. No entanto, a própria “Terra-Coração da Raça”
[“Heartland of the Race”] e o berço da civilização eram na verdade ainda mais
para o sul, abaixo da primeira catarata, centrada em torno das cidades capitais de
Napata e Meroe. De lá a civilização preta se espalhou para o norte, atingindo suas
realizações mais espetaculares no que ficou conhecido como “civilização Egípcia”.

As condições gerais de vastas extensões de terra sobre o continente – desabitadas


e inabitáveis, parecia apoiar a tese Ocidental de que os Africanos nunca
desenvolveram qualquer civilização considerável, não tinham nenhum passado
histórico notável e, o mais caridoso poderia ainda acrescentar, que, na própria
natureza da sua situação, não poderia ser de outra forma. Samuel Baker foi muito
além, na sua promoção da idéia de inferioridade inata do Africano, mesmo que
para fazê-lo, tivesse de usar a área mais proibitiva na África, – os terríveis
pântanos do Sudd, uma área ao sul de Cartum que, em toda sua extensão é tão
grande quanto a Inglaterra. Ninguém poderia clamar que qualquer tipo de
sociedade, civilizada ou selvagem, poderia existir no Pantanal do Sudd,
provavelmente o maior do mundo. Para ele não era nem todo terra, nem água,
mas uma massa aparentemente interminável de vegetação apodrecida, tipos de
árvores como videiras entrelaçadas, calor fumegante, fervilhando de mosquitos
que podem matar [man-killing mosquitoes], crocodilos, hipopótamos e outras
formas desconhecidas de vida tropical. A conclusão da Baker e outros era que eles
estavam em uma terra onde o tempo tivesse parado desde o seu começo, onde a
vida nunca avançou e as espécies humanas haviam simplesmente rodado em
ciclos sem rumo, assim como a vida animal no Sudd.

Até o final dos anos 1840 e 50, estes exploradores, até mesmo os mais ignorantes,
deveriam saber que no mesmo vasto continente de terrenos baldios, florestas
tropicais e pântanos, também havia áreas de terras aráveis e Estados civilizados.
Mas eles escreveram sobre o que eles mais viram: grandes extensões de terreno
baldio e grupos isolados de pessoas “estranhas”.

Mas, como veremos, alguns dos construtores de grandes reinos e impérios na


África não parecem ter conhecido o significado de fracasso ou ter alguma idéia
sobre se render ao destino. Ejetados aqui, eles levavam as pessoas para ali – e
começavam a construir de novo.

Onde quer que os espalhados grupos de refugiados encontraram um lugar onde


o solo parecia favorável para o cultivo, e a terra desocupada pelos migrantes
anteriores, eles se estabeleceram e começaram a construir vilas novamente.
A sensação de segurança relativa era um elemento necessário para tomar a
decisão de começar um novo assentamento. Uma questão crucial era ‘quantas
milhas eles tinham que colocar entre os caçadores de escravos e si próprios?’ Pois
o tipo de casas e edifícios da comunidade que eles ergueriam dependia
diretamente da probabilidade de assentamento permanente ou de fuga súbita
novamente. Em suma, a possibilidade de construir grandes, robustas e atraentes
lares compostos e templos de adoração ou cabanas de fácil demolição.

Foi por razões de segurança que muitos destes grupos – mais tarde chamados de
tribos ou sociedades – procuraram as áreas mais escondidas e isoladas que
puderam encontrar. Esta separação permanente de seus parentes em outros
grupos era geralmente bastante contrária aos desejos dos seus corações. A
fragmentação e separação inicial eram, muitas vezes, sob lágrimas. Mas a quebra
em unidades menores parecia ser o único caminho para a sobrevivência em uma
situação de crise permanente – aparentemente permanente, uma vez que o
movimento de pessoas por todo o continente vinha acontecendo a tanto tempo
além da memória de cada geração que migrações e assentamentos temporários
estavam entre os fatos mais significativos da tradição oral de cada sociedade.

A fragmentação e isolamento tiveramduas conseqüências cruciais. A primeira foi


a de que o isolamento de vários grupos levou ao desenvolvimento de mais de dois
mil dialetos e idiomas diferentes. O segundo resultado fatídico foi que o aumento
de todas estas línguas alargou o abismo entre os pretos que as distâncias
territoriais já haviam conseguido.

Deve-se fazer uma pausa aqui para reflexão, se há qualquer tentativa séria para
realmente entender o que aconteceu com o povo Africano e por quê.

Pois, mesmo sem a ajuda de escritores Ocidentais enfatizando as diferenças de


linguagem e as variações culturais e tentando mostrar quão não-relacionados os
pretos são, eles próprios vieram com o tempo a se considerar como únicos e, cada
sociedade, não apenas independente da outra, mas a sua inimiga, senão apenas
potencialmente. A desunião e desconfiança mútuas tornaram-se um meio de vida
Africano. Pequenas tribos surgiram em toda parte, muitas vezes não mais do que
uma única aldeia de uma a duas centenas de pessoas. A África, portanto,
apresentou-se para a Ásia e Europa como a terra ideal para a exploração,
escravização e conquista.

A história é complexa e tem muitos lados, e já seria assim se nós estivéssemos


discutindo sobre apenas uma nação e não um continente inteiro. É por isso que o
nosso foco deve ser sobre as principais linhas de desenvolvimento, os aspectos
amplamente-Africanos, e a inconfundível origem comum e ampla semelhança-
continental de instituições básicas que estes aspectos universais refletem.

Have, então, resultados diferentes para sociedades diferentes. Algumas


pereceram até o último membro de doença, fome ou guerra. Outros, desesperados
de nunca mais serem capazes de ter uma residência fixa, tornaram-se nômades.
Alguns, embora isolados tanto tempo que eles tivessem desenvolvido diferentes
linguagens e costumes, tinham, no entanto, decidido que a salvação requeria uma
união com outros grupos. Estas foram as tribos que se fundiram com outras
tribos, que perderam sua identidade e idiomas separados; e que evoluíram, a
partir deste processo, uma única língua comum, maiores e maiores chefias,
reinos, e finalmente impérios que começaram o renascimento de sua civilização
perdida há muito tempo.

Os mais ferozes guerras entre os pretos ocorreu na fundação e expansão de novos


reinos e impérios. Pois enquanto os grupos – núcleo eram confederações
voluntárias, a expansão do império necessitava a conquista de estados vizinhos,
geralmente pequenas chefias, independentes, que preferiam manter sua
soberania absoluta. As repercussões desta unidade forçada por conquistas estava
para sacudir o continente de ponta a ponta séculos mais tarde, quando a regência
da política Européia terminasse.

Os modernos Africanos e estudantes da África tendem a enfatizar o impacto


destrutivo do imperialismo Europeu na África, ignorando o desenvolvimento
mais prejudicial do impacto Árabe antes da geral tomada de poder Européia no
último quarto do século XIX [1875’s] – um período relativamente recente.

Este ponto é importante. Pois um dos capítulos mais notáveis na história dos
Pretos é aquele lidando com esses líderes destemidos e povos que, tendo perdido
um estado após o outro, juntamente com três quartos de seus parentes, no
entanto, ultrapassavam todas as forças da destruição e morte e começavam a
construir – sempre mais uma vez – ainda outro estado.

Desde os primeiros tempos a eliminação desses estados como soberanias


Africanas independentes tinha sido um objetivo Asiático intensificado por
ataques muçulmanos após o século VII d.C.. Assim, os re-estabelecidos estados
pretos ainda estavam a ser conquistados e islamizados quando os Europeus
começaram a chegar em maior número para impor seu domínio sobre ambos
Asiáticos e Africanos.

A grande coisa que aconteceu aqui, para repetir, é geralmente encoberta,


ignorada ou esquecida. A última sendo uma pretensão, desde que uma evolução
histórica dessa magnitude dificilmente poderia ser esquecida por escritores sérios
sobre a África. Pois o que aconteceu de forma muito simples foi que o
imperialismo Europeu na África verificou e substituído o imperialismo Árabe. Os
gritos Árabes contra o imperialismo Ocidental são os gritos de indignação contra
os Caucasianos Ocidentais, por enquadrar e subjugar Caucasianos Orientais no
próprio meio dos pretos que eles haviam conquistado.

Ainda há milhares de pretos que são ingênuos o suficiente para acreditar que o
implacável ataque dos Árabes sobre o colonialismo Ocidental mostra sua causa
comum com a África Preta.

***

Tão longe quanto àqueles que tiveram a sorte de encontrar áreas promissoras
para assentamento estão concernidos, o quadro era geralmente um de construção
de estado e restauração das instituições básicas Africanas que, embora não
esquecidas, não podiam ser nem mantidas nem desenvolvidas por qualquer povo
em constante movimento.

Mas o que dizer das inúmeras sociedades, fugindo antes das hordas
conquistadoras e escravizadoras, bem como da fome e mortes que eram seus
companheiros diários, – o que acontece com aqueles que não encontraram Terra
Prometida em lugar algum? Pois completamente ao contrário das sociedades que
eu mencionei que puderam se estabelecer e tiveram a oportunidade de iniciar e
desenvolver civilizações comparáveis com nenhuma outra em nenhum outro
lugar no mundo daquele tempo, este povo, não pode nem se estabelecer e nem
desenvolver uma civilização. O que eles sofreram de ano para ano enquanto
vagavam sobre o continente é quase além tanto de descrição quanto de crença.
De fato, enquanto a estória é bem conhecida, poucos escritores gostariam de
entrar em seus detalhes horríveis. Basta dizer que, aqui, neste ponto, estavam
numerosas sociedades de Africanos que foram praticamente condenados à morte
por inanição ou escravização pelos Árabes (eu ainda estou no período pré-
Europeu) ou barbárie e selvageria e, em muitos casos, até mesmo canibalismo.

Sob tais condições, gostaria de defender não somente o retrocesso dessas pessoas
à barbárie, mas ao canibalismo em si mesmo. A defesa deste último é fácil, uma
vez que já está bem estabelecido que os outros homens supostamente altamente
civilizados voltariam a selvageria e canibalismo em condições prolongadas de
fome e sede extremas, quando a própria sobrevivência é a única questão que
domina a mente enlouquecida pela fome. Este fenômeno de reverter a um estado
de selvageria e até mesmo canibalismo em condições extremas de fome é
conhecido por ocorrer universalmente entre vários povos – brancos, pretos,
marrons, vermelhos, ou amarelos.

Os fatos que temos, então, mostram que depois de terem perdido o Egito e o
Sudão Oriental, alguns Africanos, derrogando todas as condições adversas,
agruparam-se para formar nações e desenvolveram uma elevada ordem de
civilização independente de quaisquer influências. Outros, nunca se
estabeleceram em lugar nenhum o tempo suficiente para desenvolver qualquer
coisa notável, mas perecem ter permanecido em um estado de letargia ou
suspendida animação.

Eles desceram a um estado de semi-barbárie. “Desceram”, porque a maioria


destas sociedades tinha conhecido melhores tempos e uma ordem superior de
vida. Alguns, em circunstâncias mais favoráveis, no entanto, não conseguiram
avançar. Outros ainda estavam na classe discutida em conexão com o canibalismo
– a fome – as pessoas enlouquecidas pela fome que tinham afundado nos níveis
mais baixos de existência de ‘cão-come-cão’ [“dog-eat-dog existence].

Estas últimas são as pessoas sobre as quais autores Europeus e Norte-Americanos


adoram escrever. Nenhum desenho animado é tão mais conhecido do que aqueles
que mostram um homem branco suando (geralmente um explorador ou
missionário) sendo cozinhado em uma enorme panela preta, enquanto selvagens
pretos dançam em torno com ossos humanos decorando suas cabeças ou presos
através de narizes furados. A idéia que esses “especialistas” sobre África têm
plantado nas mentes dos povos do mundo – e ainda estão ativamente plantando
– é que “Esta é a África, e estes são os selvagens que agora estão clamando por
independência!”

A NATUREZA SE UNE AO ATAQUE

A questão de fisiologia, vegetação, clima, água e solo são todas mais cruciais na
história dos Pretos do que o são no caso de qualquer outro povo. Pois aqui todo
um continente está envolvido, e sobre este continente um povo que em um
período do tempo estava entre as pessoas mais avançadas [foremost] na Terra, e
em um período posterior os mais atrasados.

A própria Natureza estabeleceu um estágio ambiental de uma forma e em


condições que parecem ter sido projetadas para testar ao máximo a moral, os
poderes intelectuais e físicos de uma só raça para ultrapassar todos os obstáculos
para a sobrevivência.

A lenta, mas, inexoravelmente constante retirada [withdrawal] de terra habitável


ao longo dos séculos, eventualmente, deixou a África uma terra de desolação, um
terreno baldio, a maior parte da qual era deserto e pastagem sem árvores, com
apenas uma parte fracionária, cerca de dez por cento, com as muito necessárias
florestas e matas.

Até mesmo a configuração de terra continental foi contra seus habitantes nativos.
Como um vasto plano inclinado, as terras altas, começando na África Central a
3000 metros acima do nível do mar, levantaram-se para o sul para níveis cada
vez mais elevados, atingindo o mais alto nível de 15 mil pés, nas províncias do
sudeste do antigo império Etíope. Isto causou à África a inclinação para o norte e
seus principais rios – o Nilo em particular – a fluir na mesma direção.

Esta única circunstância levou os Pretos a perderem os mais antigos centros da


sua civilização e a Terra-Coração [Heartland] da raça – o Egito e a área ao sul que
mais tarde foi chamada de Sudão (ou Terra dos Pretos, assim como o próprio
Egito era também “Terra dos Pretos”). Pois o maior de seus rios, o Nilo, ainda
jogou outra piada trágica sobre o seu povo. Este Rio, o mais longo do mundo, flui
4127 milhas em toda a África do Lago Nyanza até o Mediterrâneo. No entanto,
não é até que ele atinja Assuão (Aswan) e começa seu último trecho de 750 milhas
para o mar que ele transborda para enriquecer ainda mais 13.500 quilômetros
quadrados de solo já fértil no Egito!

Pois as suas 3.377 milhas através do coração da África Preta, o Nilo se afunda ao
cortar gargantas profundas em seu piso de pedra calcária macia, deixando falésias
em locais de algumas centenas a milhares de metros de altura. O que isto significa
é que, por cerca de 3.000 milhas através do lado oriental do continente o Nilo
estava coletando o solo rico carregado a ele pelas fortes chuvas e milhares de
córregos afluentes. Estes fluem para a “Mãe dos Rios” e adicionam para o
enriquecimento das suas águas fluindo para o norte, “guardados” por todo o
caminho por seus canais profundos até atingir o fundo de arenito duro acima de
Assuão e depois começa seu estouro periódico transbordamento o resto do
caminho para o mar! Aqui um fenômeno natural enganou os Africanos em uma
grande maneira que

iria ter conseqüências terríveis.

Não haveria nenhuma Preta “Filha do Nilo” [“Daughter of Nile”], observou


Parsons em seu Streams of History [‘Córregos da História’]. Pois o Nilo, na
tomada da Alta Etiópia (Egito) tão rica em produção de alimentos que se tornou
mundialmente famosa não só como o “Celeiro do Mundo”, mas também por sua
civilização altamente avançada, agitou a inveja da Ásia e da Europa – a partir dos
continentes quais migrantes começaram a se estabelecer.
Mesmo nisto, a geografia física da África foi favorável aos colonos “pacíficos”, que
mais tarde se tornariam seus conquistadores e governantes; pois o litoral é de
planície 500 milhas para o interior. A Ocupação Asiática e Européia das costas do
mar do Norte de África e na África Oriental foi, portanto, relativamente fácil, e
provavelmente até mesmo bem-vinda à princípio pelos Pretos como co-parceiros
no comércio mundial. Mas os nômades pobres e famintos de vastas áreas
desérticas do Oriente Médio verteram para as áreas mais férteis e de fácil acesso
desta outra terra de desertos que é o Norte de África. Houve várias conseqüências
da maior importância histórica que geralmente não são suficientemente
salientadas.

A primeira foi que tanto a transformação Subsaariana e a constante incursão dos


Asiáticos pressionaram mais e mais Pretos de volta para o interior para se
concentrar nas já limitadas áreas de sobrevivência, onde apenas para subsistir era
uma luta diária. O segundo resultado importante foi a incorporação generalizada
das Raças. Pois os mais fracos, os Pretos mais submissos permaneceram em
território ocupado-Asiático para se tornarem trabalhadores escravos e soldados
escravos, e assistirem a um tráfego sexual implacável em mulheres Pretas que
deram origem a uma nova geração de Afro-Asiáticos. Estes foram classificados
como Caucasianos ou Asiáticos. Eles próprios opuseram-se amargamente a ser
identificados com a Raça de suas Mães – Africanas.
Quando estes mais tarde ficaram conhecidos como Egípcios no Egito, Mouros no
Marrocos e Mauritanianos ou Cartagineses em Cartago (Tunis) foi tomado muito
cuidado para distingui-los dos Africanos no trato diário, em pinturas e na
literatura documentária.

Esta “Nova Geração” [“New Breed”], meio-Africana, estava para se juntar com
seus pais e parentes Asiáticos nas guerras e ataques escravisadores contra os
Pretos que prosseguiram século após século até que todo o Norte de África foi
finalmente tomado.

Ainda outro fator geográfico fatídico que favoreceu os invasores foi implicado ou
parcialmente indicado nas observações precedentes. Além da ocupação fácil das
terras baixas do litoral e da gradual tomada das ricas terras do Vale do Nilo e sua
antiga civilização, ambos os Asiáticos e os Europeus encontraram as terras altas
da África Austral e Oriental “mais agradáveis e saudáveis para o estabelecimento
Caucasiano”. Isso significou que, mesmo depois de a natureza já ter condenado
três – quartos da massa de terra do continente como impossível para sustentar a
vida humana, os Asiáticos e os Europeus vieram para tomar e manter o melhor
do um – quarto que fora deixado.

Os Pretos encontraram-se cortados de todas as costas litorais que então


importavam, cercados de todas as direções, e confinados dentro de limites mais
e mais estreitos. Assim, eles se tornaram um povo errante, sempre migrando em
sua própria vasta pátria, fragmentando-se a partir de grandes nações unidas em
incontáveis pequenas sociedades dissidentes, tornando-se tão isoladas umas das
outras que cada uma formou uma nova linguagem própria, e considerou a si
mesma bastante diferente de seus irmãos originais – agora considerados como
estranhos e inimigos nas infindáveis guerras tribais que se seguiram sobre a terra
habitável.

A terra sobre a qual essas lutas se seguiram variou em diferentes regiões. O


mesmo aconteceu com o clima que tão grandemente afetava-a; as pessoas e até
mesmo algumas de suas instituições variaram sob influências ambientais.

A massa de terra nas regiões do leste, por exemplo, tem vindo a sofrer um
movimento vertical de elevação e afundamento junto com um processo de
nivelamento ocasionado pela atmosfera e intempéries desde os tempos do
Mioceno.

Os Geólogos traçam a elevação das montanhas da região – mesmo o Kilimanjaro


– e a falha e fraturamento que criaram o Grande Rift, a precoce atividade
vulcânica.

Nas regiões áridas e semi-áridas, existem vastas extensões de terra desolada, que
não foram feitas pela natureza somente. Pois, como o próprio Sahara, muito dela
já foi floresta onde a vida animal floresceu e córregos fluíram.
O homem desempenhou o papel principal em sua destruição pelo fogo em seus
métodos agrícolas cambiantes. Animais ajudram no processo. A relação da grama
verde e floresta para o clima e do clima para a precipitação parece não ter sido
conhecida ou totalmente apreciada. Em áreas sem árvores e sem grama as chuvas
periódicas evaporam na terra que não segura água. Alguém pode viajar centenas
de quilômetros sobre regiões deste tipo, sem encontrar um único fluxo.
Todos os rios e córregos desapareceram como as gotas de chuva na areia. Por
causa das mesmas características físicas da terra discutidas anteriormente, a
irrigação era extremamente difícil e na maioria dos lugares impossível, fora do
Egito.

Temos falado muito sobre desertos Africanos de areia e rochas que alguém
poderia se enganar ao pensar que era esse tipo de terra somente que não poderia
suportar uma população. Mas havia vastas áreas não desérticas de duro solo
vermelho ou vermelho-marrom que tinham sido arrastados por chuvas fortes,
roubado dos seus elementos essenciais para a vegetação (como cálcio e fósforo),
e, claro, o seu uma vez rico húmus de topo – de – solo. Este desgaste contínuo foi
obviamente destrutivo. O problema do solo foi ainda mais agravado por ter
embaixo pisos de rígida laterita – assim como se houvesse um plano mestre para
garantir que este solo não iria segurar qualquer água. Portanto, o problema
envolvia muito mais do que restaurar o topo- de – solo e um programa de
conservação da terra para prevenir erosão, porque este duro piso debaixo drena
as chuvas embora tão rápido quanto ele chegasse a esse nível.

“Nenhum canto ou pedaço de terra na África escapou da fome”, diz Josué de


Castro em sua Geografia da Fome.
“Este é um continente da fome, todo ele. E, na fome e desnutrição crônica pode
ser encontrada uma das razões mais decisivas para o atraso de África, para a
relativa estagnação e lassidão da maior parte de seu povo.”
Mas as áreas “Jardim do Éden” não devem ser negligenciadas quando estamos
considerando o geral, as condições gerais. Estas são áreas que, embora não
comparáveis com as ricas planícies de inundação do Vale e Delta do Nilo, têm solo
infertilizado que, no entanto, produzem um surpreendentemente rápido
crescimento de vegetação abundante e uma grande concentração de vida animal
e de aves. Estas são as áreas onde as frutas e nozes de muitas variedades crescem
em abundância, sem o auxílio do homem. Sem estas áreas de salvação aqui e ali
sobre o Continente, junto com pastagens pastorais, os Pretos, como uma Raça
teriam, sem dúvida, desaparecido da Terra.

Eles quase o fizeram. A tendência uma vez parecia estar definitivamente na


direção de extinção. Mesmo se desconsiderarmos relatos de extermínio em massa
planejados por seus inimigos como “não confiáveis”, muitas outras ameaças à
sobrevivência mantiveram-se a escurecer cada raio de esperança. A Doença era
em toda parte a descendência de angústia, privação, fome e desnutrição. Ela
Espalhou-se sobre a terra como batedores para a morte. Mais da metade dos
bebês da África ou nasciam mortos ou morriam logo após o nascimento. A idade
avançada era entre quarenta e cinqüenta anos. Três quartos das pessoas – mesmo
hoje em nosso próprio tempo – são ainda enfraquecidas pela desnutrição e água
de malária, e uma série de doenças que são em grande parte devido a essas duas
causas – beribéri, pelagra, escorbuto e até mesmo hanseníase. O flagelo da
infância é Kwaskiokor, ou desnutrição maligna.

Este despovoamento acelerado dos países dos homens Pretos resultante da


natureza do solo e do clima, escravização em massa, mortes em resistência à
escravidão, guerras de conquista, conflitos intertribais, esgotamento por
intermináveis fugas e migrações e sempre presente doença – tudo isso reduziu a
população Preta por três quartos!

Sob razoáveis condições favoráveis, a população Africana hoje seria de quatro


vezes o seu número atual. E quando é apontado que três quartos das pessoas hoje
ainda são enfraquecidas pela malária e desnutrição, é feita referência ao um
quarto do povo que sobreviveu, apesar de tudo.

Como, então, foram os Pretos capazes de lutar contra os inimigos invasores de


um extremo do continente ao outro por vários milhares de anos? É verdade, eles
foram superados no fim, mas, o que os sustentou através de todos esses Séculos
de luta em tantas frentes diferentes e contra tantos tipos diferentes de inimigos?
Enfraquecidos de modo tão geral, por ambas, doença e o que se tornou perpétua
fome, de onde veio sua força e coragem para continuar?

Pode muito bem ser que a resposta esteja nas Pirâmides desafiadoras da morte
que eles construíram no Egito quando a terra era sua.

Deve haver uma série de pré-condições sem as quais o gênio de quaisquer pessoas
para pensar, inventar, descobrir e construir será inibido e pode até morrer em
circunstâncias extremas.

PRÉ-CONDIÇÕES PARA O PROGRESSO

Algumas dessas pré-condições para o progresso são:

(1) O povo deve se tornar livre da fome, e ser capaz de acabar com a sua perene
perambulação de um lugar para outro em busca de comida e água, e se
estabelecer.

(2) Tendo encontrado território adequado, os líderes devem proceder, através de


negociações com outras sociedades vizinhas e grupos fragmentados, para
a construção da nação.
(3) Deve ser desenvolvida – e este é um pré-requisito fundamental – um senso de
comunidade nacional entre os vários grupos lingüísticos que compõem o país.
Isso é tão importante que não pode ser deixado ao pensamento positivo ou acaso.
Deve ser programado de tal maneira que um senso de lealdade e de ser uma parte
importante de uma grande irmandade unida, que é a própria nação, irá
desenvolver-se naturalmente.

(4) Um forte exército para a defesa.

(5) O reino da lei e justiça, aplicando-se igualmente a todas as classes da


sociedade. As pessoas devem se sentir absolutamente seguras como indivíduos, e
que em seu país há justiça igual para todos.
Em suma, certas condições em um país podem levar àquela paz interna,
estabilidade e confiança que liberta a mente. Há, agora, tempo para pensar. Não
mais migração com pés sangrando por centenas de quilômetros através de
desertos rochosos. Não mais ver seus parentes cair e acolher a morte ao longo do
caminho. Um lar afinal, melhores fazendas, abundância de alimentos. E, agora.
. . tempo para pensar.
Não há nada de místico sobre as razões pelas quais um grupo de pessoas pode
facilmente tornar-se física e mentalmente forte, enquanto outro se torna
fisicamente fraco e menos alerta mentalmente.

Uma abundância de alimentos nutritivos e de pura água potável pode significar a


diferença entre o avanço e a decadência. O número de doenças mortais em
desenvolvimento a partir da desnutrição sozinha é alarmante. Mas o que deve ser
salientado acima de tudo é que milhões de bebês podem tornar-se física e
mentalmente retardados por doenças, enquanto no ventre de sua mãe – que é
outra maneira de dizer que um povo totalmente ignorante ou indiferente à saúde
básica pode tornar-se, si mesmo, inferior, de fato.

Mas mesmo este fato central, quando plenamente realizado, ainda permanecerá
no campo da mera discussão até que Pretos em todos os lugares comecem
organização de massas para a educação em massa das massas.

O sistema é tão estruturado – em todo-o-mundo – que os Pretos são forçados em


condições que podem levar a inferioridade mesmo geneticamente.

Deve haver uma ruptura ou extinção gradual. Esta é a pré-condição final para a
sobrevivência e o progresso.

A sua atenção é chamada novamente para o mapa da África, pois é muito


significante, onde os primeiros invasores entraram e se estabeleceram
definitivamente.

Eles ocuparam as áreas do comércio e contatos fáceis com a sua pátria e as outras
nações do mundo – um ponto que simplesmente não pode ser super enfatizado,
ao considerar a situação dos povos Africanos.

No Norte eles se estabeleceram em torno do Mediterrâneo, mantendo assim o


contato com a Europa e Ásia.

No Nordeste, Leste e Sul, eles se estabeleceram ao longo do Mar Vermelho e do


Oceano Índico, mantendo-se assim em contato com sua pátria e o comércio com
países mais longe.

A África Preta foi, assim, cercada e efetivamente cortada comercialmente e de


outra forma do resto do mundo.

As técnicas de penetração e dominação foram variadas. Alguns vieram como


comerciantes pacíficos e, sem dúvida, o comércio era tudo o que era pretendido
por muitos.
Os Africanos sempre foram ardentes comerciantes. A principal atração de
comerciantes estrangeiros era que eles traziam muitos novos tipos de
mercadorias. Estes comerciantes tiveram pouca ou nenhuma dificuldade em
ganhar pontos de apoio costeiros como entrepostos comerciais. A terra não era
vendida, mas alugada. No entanto, os Pretos tinham o que o mundo mais queria:
Ouro, diamantes, marfim, cobre, minério de ferro e, eles mesmos.

Os “postos de comércio” [“trading posts”] logo se tornaram fortes fortificações


em torno das quais vilas e cidades surgiram como colonos da Ásia baldearam e
forças armadas se tornaram organizadas.
Os Africanos assistiram esta evolução com aumento da apreensão, pois os
“mercadores” [“traders”] estavam muitas vezes armados com tipos diferentes e
superiores de armas de guerra e passavam muito tempo treinamento recrutas,
incluindo Africanos. De fato, em algumas áreas, um padrão definitivo surgiu: um
exército todo-Africano sob oficiais Asiáticos (um padrão a ser seguido mais tarde
pelos Europeus).

Isto foi bastante fácil para os Árabes. Eles possuíram os Africanos capturados que
compunham as suas forças de combate. Os Africanos podem culpar apenas a si
próprios por isso. Aqui, como em algumas outras coisas, eles ainda estavam
envolvidos em práticas que, embora uma vez universais, há muito haviam estado
morrendo ou geralmente sendo abandonadas pelo resto do mundo. Esta era a
escravização de prisioneiros de guerra capturados.

Quando os chefes e reis Africanos começaram a vender aqueles para os Árabes


famintos-por-escravos, eles colocaram em movimento uma cadeia de eventos que
iria minar as civilizações das sociedades mais avançadas no continente, ademais
controlando o seu progresso e degradando toda a sua raça por outros dois mil
anos.

Quando a venda de seus companheiros se tornou a principal fonte de riqueza,


líderes Africanos tornaram-se cada vez mais distantes da melhor coisa na vida
Africana, o senso de comunidade e de parentesco com todos quem deviam ser
amigos. Quando a cobiça cortou os tradicionais laços de fraternidade, o
movimento gradual dos invasores a partir das áreas costeiras para o interior se
tornou relativamente fácil.

Pretos contra pretos com aumento da desconfiança e ódio podem ser rastreados
para os assaltos por escravos pelos próprios Africanos. Os assaltos no interior por
escravos eram resistidos por alguns chefes e os assaltantes foram atacados. Mas
essa oposição nem sempre se deveu a qualquer oposição à escravidão, mas a este
tipo de ação direta que ignorava os chefes e, assim, eliminou os seus lucros. *

[Nota * – Houve, no entanto, numerosos chefes que não apenas se opuseram a


escravidão, mas lutaram contra ela até a morte – literalmente. Alguns foram
cercados e com seus povos inteiros morreram lutando contra o escravocrata até
o fim.]

A Conquista dos Pretos pela Religião

Outros invasores encontraram fácil penetração sob as bandeiras de religião. Total


vantagem foi tirada do fato de que os Africanos são um povo muito religioso. *

[ * – As igrejas Cristãs da África do 4ª século eram independentes do


imperialismo Ocidental. Elas, portanto, não podiam ser usadas como bases.]
Primeiro veio a bandeira do Crescente do Profeta. O avanço Islâmico era em três
frentes: missões de proselitismo que clamando uma fraternidade; generalizada
miscigenação e concubinato com a mulher Africana, devido ao sistema
Muçulmano de poligamia; e conversões forçadas à ponta da espada. A cruz de
Jesus Cristo sucedeu o Crescente Muçulmano. O manto do Cristianismo era um
esconderijo mais conveniente para aqueles que tinham outros desígnios. Daí a
condução para converter. Conversão aqui significava muito mais do que a
conversão ao Cristianismo. Como no caso do Islã, isso significava mudar para a
imagem do homem branco, suas idéias e sistema de valores. O objeto real da
adoração acabava por ser nem Jesus Cristo, nem seu Pai, Deus, mas o homem
Ocidental e a civilização Ocidental. Fraternidade Cristã? Bem, eh, sim! Em
Teoria. Ou, para ser prático, ‘você negros podem ter toda a fraternidade Cristã
que desejem’ – entre vocês mesmos. Apartheid era em toda a Africa sob o
colonialismo e não uma peculiaridade do sistema Sul Africano como muitos são
levados a pensar. *
[* – O padrão de comunidades segregadas em todo o continente pode ser visto
ainda hoje em estados Africanos independentes.]

Mas o que aconteceu no processo de conversão dos pretos para o Islamismo e o


Cristianismo foi o triunfo supremo do mundo branco sobre o preto. Milhões de
Africanos se tornaram não-Africanos [non-Africans]. Africanos que não eram
nem Muçulmanos nem Cristãos foram classificados como “pagãos” e, portanto,
forçados a repudiar toda a sua cultura e a considerar praticamente todas as
instituições Africanas como “atrasadas” ou selvagens.
Os pretos, em seu direito próprio, tornaram-se não-pessoas – membros de uma
raça de desconhecidos, e tão sem esperança que a auto-realização como
personalidades, mesmo em um estado de subordinação, só poderia ser
conseguida por se tornando Muçulmanos ou Cristãos. Na verdade, a fim de
destruir completamente não só o seu patrimônio Africano, mas também a sua
própria identidade Africana psicologicamente, eles foram forçados a mudar seus
nomes para nomes Arábicos ou Cristãos. Doravante, se esses pretos Emils, Johns,
Muhammads, Samuels, e Abdullahs acontecessem de alcançar grandeza em
algum campo, a hipótese seria a de que era uma realização Caucasiana, a menos
que um esforço especial fosse feito para identificar a raça das pessoas em questão.
Pretos em casa na África e Pretos espalhados pelo mundo ganharam os nomes de
seus escravizadores e opressores – o cúmulo em auto-supressão que
promoveu um auto-ódio que mina o orgulho na raça. O fato de que esses grilhões
psicológicos ainda prejudicam não só o renascimento de estados Africanos
modernos, mas também os pretos em todos os lugares, deve ser óbvio para todos.

Finalmente, houve os invasores que aparentemente desprezavam o manto da


fraude e vieram em combate. Eles não tiveram problemas. Eles souberam de
antemão que eles iriam encontrar os Africanos quase em toda parte
despreparados para se defenderem contra um bem organizado, bem treinado
corpo de homens, independente do quão pequeno fosse. Esta situação
desenvolveu-se à medida que fragmentares, pequenos estados independentes
tornaram-se mais e mais numerosos. O uso de agentes secretos parece ser tão
antigo quanto os estados organizados; pois a prática de enviar espiões para um
país a ser invadido vai muito longe na antiguidade. Aqueles enviados para a África
a partir de várias terras poderiam informar que:
1. Os Africanos eram em grande parte um povo pacífico envolvidos em
agricultura, comércio de mineração, pesca, as artes, artesanatos de vários tipos e
na fabricação de coisas como cerâmica, móveis, materiais de construção, barcos,
armas de guerra, etc.

2. Que esses estados estabelecidos e seus altamente desenvolvidos sistemas


sociais e políticos em geral indicam a sua civilização avançada.

3. Mas que eles estão mal preparados para a guerra, a não ser contra os seus
vizinhos, que também usam o tipo de lanças, arcos e flechas que nós
abandonamos há muito tempo.

4. De um modo geral, eles não têm soldados montados de rápido movimento.


Cem dos nossos arrojados cavaleiros com poder de fogo poderiam colocar 10.000
deles em fuga.

5. Eles são um povo de segredos [secretive people]. Pois enquanto eles são
plenamente conscientes da grande riqueza mineral do continente, eles usam-na
de uma forma muito limitada, principalmente para adorno pessoal, e não têm
desejo de abrirem-se aos estrangeiros para o comércio mundial que iria beneficiá-
los muito. Eles rigidamente de acordo limitam as suas atividades comerciais, mas,
principalmente, porque os Asiáticos controlam todas as suas costas e os têm
cortado do mundo e seu comércio.

6. Finalmente, toda a África poderia, com algumas exceções, ser


progressivamente tomada simplesmente através de ir tomando um pequeno
estado após o outro. Pois o padrão-geral do continente é um de inúmeros
pequenos grupos inependentes, cada um por si só. Não há unidade entre eles,
mesmo para uma defesa comum. Uma vez que é o dever de cada chefe proteger o
seu povo, todos parecem ter orgulho de buscar a unidade com outros chefes,
pensando que isso pode indicar um sinal de fraqueza e o próprio convite ao
ataque.

Assim, poderia ter sido verdadeiramente relatado para ambas Ásia ou Europa,
em qualquer momento durante os últimos mil anos, que a generalizada
segmentação e frequente desunião entre os Africanos torna-os fácil para se
conquistar e dominar.

Alguns destes seis itens hipotéticos seriam válidos como conclusões sobre uma
situação geral somente após o colapso generalizado de fortes estados Africanos,
quando pequenos estados fragmentares espalhados pelo continente como uma
epidemia. Mas, como veremos, a resistência unida dos pretos às invasões branco
Asiáticas vinha acontecendo desde antes da história registrada começar; e,
apesar de todas as segmentações e infindáveis invasões do Norte, Sul, Leste e
Oeste, houve nações pretas que mantiveram a resistência de cinco mil anos até
este século 20. Nós vamos rever algumas dessas em capítulos que se seguem.

CAPÍTULO II
A Filha Mais Velha Da Etiópia: Egito
A GRANDE DECEPÇÃO

O EGITO, COMO APONTADO ANTERIORMENTE, ERA A REGIÃO NORDESTE


da Etiópia antiga. As seis Cataratas do Nilo eram as grandes marcas de água
[watermarks] na Terra-coração dos Pretos [the great watermarks in the heartland
of the Blacks] de onde a cultura Africana se espalhou pelo continente, mas em
nenhum lugar foi ela tão pronunciada como no Egito. Este setor norte do império
Etíope tinha sido o objeto de atenção do mundo desde os primeiros tempos. O
fato é que ele estava no centro da encruzilhada de todas as direções levando para
a África a partir da Ásia e da Europa. Isso também explica como os Asiáticos
passaram a ocupar e controlar um quarto do Egito (Baixo Egito) antes da
unificação das “Duas Terras” [“Two Lands”] no terceiro milênio a.C.. Com a
implacável expansão do deserto e a presente escassez de terras aráveis houve uma
concentração mais pesada de Africanos no Delta e Vale do Nilo – as áreas com o
solo mais rico do império. O grande sistema agrícola que foi desenvolvido ao
longo do transbordante Nilo era uma das fontes de riqueza para apoiar os grandes
avanços culturais. A outra eram as minas de ouro abaixo da Primeira Catarata.
Este foi também o ímã que atraiu povos Caucasianos de muitas terras. À medida
que esses aumentaram em número e variedade, o enfraquecimento do poder
Preto foi acelerado.

A fusão das raças começou em torno do perímetro norte. O resultado final foi
sempre o mesmo: Os Pretos foram empurrados para o fundo da escada social,
econômica e política sempre e onde quer que os Asiáticos e seus descendentes
mulatos ganharam o controle.
Este esquema de enfraquecer os Pretos através de voltar seus irmãos meio-
brancos contra eles não pode ser subestimado [overemphasized] porque ele
começou no início dos tempos, tornou-se a prática universal dos brancos, e ainda
é uma das pedras angulares do edifício do Poder Branco.

Os Asiáticos brancos eram geralmente muito orgulhosos de seus filhos por


mulheres Pretas. Mas essas mães Pretas permaneciam escravas, enquanto os seus
filhos mulatos e filhas nasciam livres e, além disso, eram classificadas como
“brancos”. Como tal, eles formaram uma classe social que, embora nunca
reconhecida como iguais aos “brancos reais”, tinha todos os outros privilégios de
homens livres.

O quadro foi geralmente o mesmo a partir de cerca de 4.000 * A.C. em diante,


[Note-se que ao longo deste trabalho Refiro-me a intervalos de tempo de 6000
anos, 5000 anos, 4000 anos, 3000 etc. As variações dependem do intervalo de
tempo do desenvolvimento em discussão.]
Nas áreas mantidas pelos Asiáticos no norte do país, os Pretos tinham escolhas
difíceis a fazer. Como em outras partes do continente, eles tinham a escolha de
permanecer em sua terra natal e ser reduzidos à condição de servos e escravos;
ou se eles fossem afortunados membros das categorias profissionais, arquitetos,
engenheiros ou artesãos qualificados, eles poderiam permanecer, tornar-se
integrados na sociedade Asiática, ser classificados como “brancos” e até mesmo
ocupar cargos elevados; ou, finalmente, eles poderiam rejeitar integração na
cultura Asiática e migrar para o sul. Isto a grande maioria fez. Portanto, não é sem
importância que ainda hoje uma série de tribos Africanas a quatro mil milhas ao
sul do Egito ainda o clamam como sua pátria ancestral.

Houve pretos que nem fugiram ante o avanço Asiático e nem se submeteram à
escravidão. Estes, também rejeitaram a fusão como o processo de transformar a
raça, se mantiveram firmes combatendo e foram geralmente dizimados. Em
suma, os Africanos mantiveram o Alto Egito (Sul), enquanto os Asiáticos
mantiveram o Baixo Egito (Norte).

Kurt Sethe, na tentativa de reconstruir a pré-história do Egito, concluiu que a


divisão do país entre Africanos no Sul e Asiáticos no norte foi devida
principalmente a uma cisão sobre religião. De acordo com este ponto de vista, os
Africanos se recusaram a aceitar o culto de Horus que dominou delta do Nilo.
Eles, portanto, formaram uma “segunda nação”, no Alto Egito [Upper Egypt] e
estabeleceram seus santuários religiosos nacionais em Omnos, Tebas, Thines e
Napata.
Outros estudiosos insistem que as “Duas Terras” significavam que os Africanos
tinham simplesmente se separado dos Asiáticos. Estes, ao contrário de Sethe, não
questionam sobre as razões. O que realmente aconteceu em tempos pré-
históricos, no entanto, foi em tal grande escala durante longos períodos de tempo,
que padrões mesmo da história não escrita [unwritten history] tornam-se claros
e compreensíveis: Os Asiáticos e Europeus foram entrando em números
crescentes e empurrando os Africanos cada vez mais longe do Mediterrâneo,
empurrando-os cada vez mais longe para o que se tornou “África ao Sul do
Sahara” [“Africa South of the Sahara”]; mas os Africanos tinham tomado sua
primeira posição firme dentro do seu Egito, tornando-o “Duas Terras” –
exatamente como o Sudão é “Duas Terras” hoje, com os Árabes e Árabes-de-cor
[colored Arabs] no Norte e os Africanos no Sul. E também por exatamente a
mesma razão: Para escapar da opressão branca. E os Pretos Sudaneses
concentrados no Sul, pelo mesmo antigo motivo: Para escapar da opressão branca
e preta [white and colored oppression].
Estamos no período da história antiga; os registros dos tempos são
inconfundíveis e a evidência é clara somente quando os arqueólogos têm feito
bem o seu trabalho. Em nenhum lugar do mundo têm eles sido mais bem
sucedidos do que no Egito. Foi a ciência da arqueologia, juntamente com antigos
registros históricos, que confirmam o meu ponto de vista de que os Africanos,
enquanto estando a ser ou subjugados ou empurrados para o sul, combateram em
uma longa série de guerras para recuperar a sua antiga terra natal ao longo do
Mediterrâneo. Tão cedo quanto o final do quarto milênio a.C., e mesmo antes da
Primeira Dinastia do Egito, há registros de uma grande vitória Africana sobre os
Asiáticos no norte.*

[* – Referência é feita às paletas e porretes encontrados em Hierakonopolis.]

Os pretos tinham estabelecido a sua capital Egípcia em Nekheb. O palácio real era
logo do outro lado do rio em Nekheb. Tebas e Napata continuaram a ser os centros
culturais do mundo preto.

À medida que o período histórico foi inaugurado no Egito, parece que os


Africanos estavam retomando a totalidade do seu país. A Pedra de Palermo
registra vitória após vitória sobre os Asiáticos. Finalmente, o grande triunfo veio
quando o rei Africano Menes, derrotou os Asiáticos decisivamente, uniu
novamente todo o Egito sob o governo Africano, e assim começou a Primeira
Dinastia histórica. *

[* – De fato, não houve “Egito” antes de Menes construído Memphis.]

Historiadores do antigo Egito fariam bem em fazer uma pausa e refletir mais
sobre a questão das “Duas Terras”. Aqueles que estão interessados na verdade
sobre a história do homem preto serão obrigados a fazê-lo. Pois a mais
significativa parte da história do preto Africano desenvolveu-se no Egito, e a
divisão do país em “Duas Terras” – uma predominantemente Asiática e a outra
Africana – marcou a primeira grande etapa das intermináveis pressões que
constantemente forçaram os pretos das áreas do norte. Mas durante incontáveis
séculos, a maior região foi mantida pelos pretos. Esta era a região do sul chamada
“Alto Egito” [“Upper Egypt”].

Parece bastante claro que este conflito gangorra [see-saw conflict] entre
Africanos e Asiáticos cobriu séculos remontando à pré-história, assim como ele
estava para continuar intermitentemente durante quase cinco mil anos depois de
Menes. De fato, a Revolução de Zanzibar e o conflito puramente racial no Sudão
são simplesmente uma continuidade atual da antiga luta entre os invasores e os
invadidos.

Depois que o Norte dos Asiáticos foi subjugado, a capital Africana foi transferida
de Nekheb no Sul para o Norte, onde as “Duas Terras” se encontravam. Aqui
montado o que tinha sido o limite, a “Cidade Eterna” de Memphis foi construída,
nomeada para o rei, e, como Tebas, tornou-se o ponto focal do poder Preto e um
dos principais centros da civilização Africana. Ao completar a construção de
Memphis, o sobrinho de Menes aparentemente acreditava que ele estava fazendo
a resolução definitiva do problema com os Asiáticos, e que esta capital
permaneceria para sempre. O massivo sistema de fortificação construído para
controlar os Asiáticos permaneceu por séculos. A crença literal do Africano na
imortalidade se refletiu em suas construções e arranjos de sepultamento. As
primeiras mastabas de tijolo, de três-câmaras, prenunciaram as posteriores
pirâmides que estavam para cercar a cidade como vigias e formar uma linha de
marcha de lá para o deserto Gizé.

Durante um dos reinados mais longos da história, Menes trouxe o tipo de


estabilidade e inovações em administração que não só forneceram uma base
sólida para uma Primeira Dinastia, mas também as condições econômicas e
sociais necessárias para a maior expansão uniforme da religião, as artes,
artesanato e as ciências matemáticas. Aqui, também, é o lugar
onde Mesopotâmia, Palestina e Grécia, embora não tão avançadas, podem ter
feito contribuições culturais para os Africanos e recebido muito deles em troca.

O MITO DA INFLUÊNCIA EXTERNA

A contribuição Grega foi a maior. Ela foi acidental – um daqueles acidentes da


história que acabam por ser altamente importantes. Neste caso, os Gregos
involuntariamente aplicaram o segundo nome da cidade de Menes (Memphis),
“Aigyptos” para todo o país. Pois Memphis, também era chamada Hikuptah, ou a
“Mansão da alma de Ptah” [Mansão do Ka de Ptah], o deus protetor da cidade. A
partir do Grego “Aigyptos” Memphis se tornou Egito, e Egito se tornou o nome
das “Duas Terras”, estendendo-se do Mediterrâneo até a Primeira Catarata.

Não houve nenhum “Egito” antes do rei preto cujo nome este foi indiretamente
derivado. Antes aquele país era chamado de Chem ou Chemi – outro nome
indicando seus habitantes pretos, e não a cor do solo, como alguns escritores têm
desnecessariamente se esticado em afirmar.

De fato, a forte predileção de ambos Europeus e Asiáticos brancos para


substituir os nomes de outros povos e lugares com suas próprias terminologias
foi ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição na história dos pretos. Não
conhecendo a virada racista que a história moderna viria a tomar, aqueles
historiadores, geógrafos e primeiros viajantes relataram o que eles encontraram
e descreveram os povos em seus próprios termos de discurso. Ao fazer isso, eles
estabeleceram fora de dúvida que os pretos eram os primeiros Egípcios e os
construtores daquela antiga civilização.

Pois foram esses primeiros escritores, e não os pretos, que deixaram claro que,
embora os invasores Euro-Asiáticos haviam se estabelecido firmemente em cerca
de um quarto do Norte da Etiópia (Baixo Egito), tão cedo quanto no quarto
milênio A.C., os Pretos com igual firmeza mantiveram todo o resto do vigésimo –
nono paralelo norte ao décimo sul. Foram os brancos, e não os pretos, que
chamaram a África de “Terra dos Pretos” [“Land of the Blacks”] até as invasões
Asiáticas e Européias tornarem oportuno mudar isto para significar “Países
Africanos ainda não tomadas pelos Caucasianos”; e, mais tarde, para “África ao
Sul do Sahara”. Mesmo isto tem que ser qualificado agora como áreas Sul
Africanas Dominadas pelos brancos ou áreas mantidas pelos Portugueses.
Os primeiros brancos – mais uma vez, e não os pretos – não só definiram todo o
Alto Egito como preto para distingui-lo do predominantemente branco Baixo
Egito, mas eles estabeleceram o problema para a posteridade chamando de Alto
Egito a Tebaida [Thebald] e os pretos de Tebanos [Thebans] porque Tebas
(Nowe) era o maior e mais antigo centro da civilização preta.

A “maldição” acima referida diz respeito ao sucesso surpreendente de escritores


modernos em tal apagar, obscurecer ou reinterpretar os primeiros escritores
sobre África, que o real papel dos pretos na sua própria terra foi praticamente
apagado da memória. A sua estratégia de silêncio funcionou – e deve ter
funcionado com mais sucesso do que eles poderiam ter sonhado. O Grande
Silêncio caiu mesmo sobre o fato monumental de que se os pretos iniciaram o
inteiro Sistema Dinástico no Egito em cerca de 3100 A.C., e que a proclamação de
grande civilização do mundo se desenvolveu após estes regimes pretos
começarem. Os Nomes Gregos e Árabes e as características “Caucasóides” aceitas
no estilo convencional de retratos reais todos favoreceram o grande engano [the
great deception].
Houve também a influência externa sobre a inicial fala e escrita Africanas no
Egito. À medida que mais e mais os Asiáticos se moveram para o Alto Egito após
a unificação das “Duas Terras”, a mistura dos dois povos não só produziu uma
nova raça de Egípcios, mas também um sistema de linguagem e escrita cada vez
mais Afro-Asiática que difere marcadamente da original escrita Africana como
ela foi desenvolvida abaixo da Primeira Catarata.

Os desenvolvimentos na Ásia e na Europa um e dois mil anos depois da “idade de


ouro” da civilização Preta ajudaram a obscurecer esta civilização ou pintá-la como
uma realização inteiramente Euro-Asiática.

Nossa tarefa é começar a remoção dessa falsa incrustação, endurecida como está
por dois mil anos de crescimento sem contestação. O tempo contínuo na história
dos pretos é altamente importante em referência ao estado da civilização nas
terras de onde os grupos invasores vieram durante os primeiros mil anos de
ascendência Preta no Egito e Etiópia do sul (o Sudão). acentuadamente a partir
do Africano escrita original como foi desenvolvida abaixo do primeiro catarata.

O registro é bastante claro de que os grupos incursivos eram na maioria nômades


moradores-de-tendas. Eles não tinham nenhuma tradição de grandes cidades
com imponentes templos, pirâmides, obeliscos ou, na verdade, nenhuma
alvenaria de pedra absolutamente.

Em particular, deve-se observar o número de séculos depois de Tebas e Memphis


antes de suas antigas cidades serem fundadas:

Nowe (Tebas) Pré-História

Memphis 3100

Roma (Vila) 1000 aC

Roma (cidade) 250 aC

Atenas (Vila) 1200 A.C.

Atenas (Cidade) 360 A.C.

Antioquia 400 A.C.

Jerusalem 1.400 A.C.

Babilônia 2100 B.C.


Em suma, que grande contribuição esses nômades perambulantes tem a fazer
para uma civilização preta já altamente desenvolvida? Uma vez que mesmo
Jerusalém não existia, qual povo no Baixo Egito veio de um país com uma cidade
tão grande como Tebas ou Memphis?

. . .

Foi o início de uma nova era na história dos pretos quando um Rei Etíope mudou
o curso do rio Nilo através da construção de uma grande barragem na fronteira
entre o Alto e o Baixo Egito para o local da nova capital que levaria o seu nome.

Por gerações Memphis foi quase inteiramente uma cidade todo-Africana, com
aldeias de Asiáticos brancos lentamente crescendo em torno da periferia. Pois os
Asiáticos são um povo uito inteligente e muito astuto. Uma vez conquistados, eles
fingiam completa e humilde aceitação da regra Africana. Longe de mostrar o
menor sinal de qualquer sentimento de superioridade racial, eles eram tais
mestres da arte da dissimulação que eles poderiam enganar os Africanos, muitas
vezes sob o disfarce de fraternidade, capitalizando sobre sua, muitas vezes,
compleição escura, instituições semelhantes, casamentos inter-raciais, e mistura
com a população preta em geral, tanto quanto possível. Que tudo isso era a rota
direta para a repetida ascendência Asiática no continente poucos Africanos
pareciam ver. Pois eles são, como uma raça, sempre prontos a perdoar e esquecer
males passados cometidos por estrangeiros; Considerando que, por outro lado,
uma tribo Africana companheira pode facilmente tornar-se um “inimigo
tradicional” e continuar como tal por tantas gerações que ninguém se lembre
sobre o que a briga original era!

Então, os pretos estavam aparentemente despreocupados com as aldeias


Asiáticas surgindo logo fora de Memphis, nem sobre a aquela maior que foi mais
rapidamente desenvolvida do outro lado do rio, na margem direita. Esta
comunidade se tornaria a cidade Asiática de Fostat que desafiou a supremacia da
capital e, eventualmente, ajudou a mudar seu caráter Africano e causar sua
destruição final.
Contudo, o que acabo de afirmar tão brevemente ocorreu somente depois de
quase três mil anos de história gloriosa. Ela manteve-se a Capital e uma das
maiores cidades do Egito e do mundo desde a Primeira até a Vigésima Dinastia,
quando passou a Tebas de novo, mas ainda era uma cidade grande, quando
Alexandre o Grande chegou em 332 a.C.. Sua sentença de morte foi soada apenas
quando tribos Árabes invadiram a terra e Cairo surgiu para ofuscá-la.

A segunda e Terceira Dinastias também foram Africanas; a maioria dos escritores


não irá categoricamente afirmar isso. Eles geralmente designam essas Dinastias
como “Tinitas” [“Thinite”], “Menfitas” [“Memphite”] ou “Seguidores de Seth”
[“Followers of Seth”]. Deve-se saber que a Primeira Dinastia era Africana e
“Memphita” ou “Tinita” [“Thinite”], assim chamada após o nome de sua cidade
sagrada Tinis [“Thinis”], e que os cultos de Seth e Amon eram Africanos. Que a
Quarta Dinastia era indígena é igualmente claro. Estes foram os principais
construtores das pirâmides, a Grande Pirâmide sendo o maior e mais alto edifício
na terra até os tempos modernos. Foi construído durante o reinado de Khufu,
2590-67 A.C..

Seu sobrinho, Khafre, continuou, e construiu a segunda Grande Pirâmide. Mas


ele foi mais longe. Ele construiu a Grande Esfinge e, como se ele tivesse a intenção
de resolver a questão sobre sua identidade racial para todas as idades por vir, ele
teve suas feições Africanas tão audaciosamente e claramente esculpidas em uma
estátua de retrato que nem mesmo um tolo poderia duvidar seriamente de que
esse poderoso monarca era um “Negro”.
Ele foi, portanto, um dos primeiros a romper com os estereótipos Caucasóides
clássicos em retratos Egípcios.

Tendo determinado quais os períodos que os Africanos foram referidos como


“Tinitas” [“Thinites”], “Menfitas” [“Memphites”], Tebanos [Thebans], Cushitas,
Líbios, Etíopes, Núbios, etc., um grave problema na história Africana estava
próximo da solução. Algumas das máscaras de dissimulação foram assim
removidas. Mas muito ainda restava a ser feito no desenvolvimento de diretrizes
para a identificação porque o trabalho de apagar o papel do homem preto na
história do mundo foi feito tão completamente ao longo de tantos séculos de que
é incrível como tão universalmente um consenso foi alcançado por escritores
Caucasianos em quase todas as idades.

Ainda assim deve ter ocorrido a alguns que, uma vez que eles próprios sabiam
muito bem quem os construtores da civilização preta eram, uma meticulosa
investigação viria a revelar tudo o que eles tentaram esconder.
Eu saliento repetidamente também que alguns dos vieses não são deliberados,
mas muitas vezes tão profundamente enraizados que o estudioso branco é
totalmente inconsciente deles. Um deles, por exemplo, foi Sir Flinders W.M.
Petrie, um dos maiores Arqueólogo-Historiadores sobre o Egito. Ele se esforçava
tanto para ser cientificamente “objetivo”. No entanto, quando ele desenterrava
um famoso rei ou rainha que era inconfundivelmente “Negro”, ele parecia estar
bastante confuso. Mas, como a maioria de seus colegas investigadores, alguns de
seus melhores pensamentos eram movidos para uma explicação “racional”. Desta
forma, o achado de Mertitefs, a rainha preta de Sneferu, indicou que a “mulher
real podia ser de uma raça inferior e não do ‘tipo elevado’.”

Mas as diretrizes que eu considerei úteis na identificação de “quem foi quem” são,

(1) Conhecer os termos usados para se referir aos primeiros Africanos;

(2) notar os governantes a quem os escritores admitem ser Africanos ou


“pessoas com marcadas características ‘Negróides’” e traçar esta linhagem para
dinastias sucessoras, ou seja, 2ª, 3ª, 4ª, etc.!

(3) notar quais reis ou rainhas em dinastias posteriores reivindicaram um


governante Africano de um período anterior como o seu antepassado, e,
consequentemente, veneraram e “adoraram”;

(4) Da mesma forma, quais reis e rainhas levaram o nome de antigos


governantes pretos e construíram templos e monumentos para perpetuar a sua
memória;

(5) a evidência em pedra, inscrições em monumentos e estelas de vários tipos;

(6) A qual raça os governantes invasores “a partir do Sul” pertenciam, e sobre


qual tipo de pessoas eles governavam abaixo da Primeira Catarata;

(7) e, finalmente, as desenterradas estátuas e retratos de reis e rainhas do Egito


que eram “puros” Africanos – a menos que os antropólogos físicos agora
desejem mudar seus critérios de determinação da “raça”.

Existem algumas diretrizes para os primeiros Egípcios como primeiros pretos


Africanos.

O fato de governantes pretos, no entanto, não é tão importante quanto o fato de


uma população preta indígena a partir da qual eles surgiram. Pois esses primeiros
pretos foram eles próprios um grande povo, destacando em muitas frentes a
partir de uma linhagem de construtores tão distante no passado que ela parece
ter se estendido para as idades de pedra.

Era uma sociedade de cientistas, estudiosos, religiões organizadas com


sacerdócios organizados, matemáticos, escribas, arquitetos, engenheiros,
generais e exércitos permanentes, pedreiros em pedra e tijolos [stone and brick
masons], carpinteiros, pintores, escultores, fabricantes de roupas, escravos,
fazendeiros, professores, ferreiros de ouro e prata [gold and silver smiths],
ferreiros [black-smiths], e assim por diante, sobre o mais vasto espectro de uma
sociedade avançada.

África como o “Berço da Civilização” significava exatamente isso. Estes pretos


desenvolveram uma das mais antigas linguagens escritas. A linguagem Egípcia
era uma língua Africana com posterior influência Asiática semelhante à
influência do Árabe na língua Africana conhecida como Suaíli [Swahili]. E ela foi
como que totalmente destruída e substituída por uma língua não-indígena como
o foram outras criações Africanas. Nada marcou melhor a crescente clivagem
entre os pretos e os seus “meio-irmãos” além das cataratas do que este
nacionalismo lingüístico – a recusa dos pretos retirantes em usar a língua Egípcia
Asiátizada.

O PROBLEMA DO MULATO

O recente renascimento do “Black is beautiful” [“Negro é Lindo”] é não mais do


que isso – um renascimento. [a revival.]
A grande maioria dos Pretos antigos tinha muito orgulho de sua cor; e a sua
resistência à amalgamação pode ser assim interpretada.
Pois uma coisa que eles tinham observado no Egito foi que uma dinastia que,
começando como todo-preta [all-black], poderia permanecer intacta ao longo de
gerações e, ainda assim, no final, se tornar quase-branca na cor, com nenhum
rosto Preto na linhagem real.

Este processo de duas-vias [two-way process] de entrelaçamento e agressão


direta significava vitória para os Asiáticos brancos no final. Eles já estavam dentro
do país como “Egípcios” quando as hordas conquistadoras de suas várias pátrias
chegaram. Muitos eram nacionalistas Egípcios e, como tal, lutaram contra os
invasores, juntamente com os Africanos; outros, embora também nascidos no
Egito, eram leais aos países de origem de seus pais e ficaram do lado de seus
exércitos.

Uma vez que os primeiros a serem chamados exclusivamente de Egípcios eram


meio-Africanos e meio-Asiáticos, sua hostilidade geral para com a raça de sua
mãe foi um fenômeno social que não deve ser passado por alto, mesmo embora
este desenvolvimento tenha seguido um padrão universal e, portanto, não era
peculiar para os Egípcios. Sua natureza é essencialmente oportunista, uma busca
por segurança, reconhecimento e avanço através de identificação com e
tornando-se uma parte da nova elite de poder dos conquistadores. Os
conquistadores invasores não apenas capturam e controlam todo o poder político
e econômico através de poder militar, mas, mesmo que eles possam ser bárbaros
nômades, eles geralmente afirmam ser de uma civilização superior e, portanto,
reforçam o mito de ser superior de fato, e não apenas por causa de conquistas
militares.

Mesmo se nenhuma tal afirmação for feita, as novas classes dominantes e todos
os membros de sua raça são superiores perante os povos indígenas ou
conquistados. Conveniência e a própria sobrevivência ditou lealdade e serviço fiel
aos mestres Asiáticos nas regiões sobre as quais eles tinham ganhado o controle,
primeiro no norte do Egito. Isso significava que, mesmo no início, “aliar-se com
os Asiáticos” não foi unicamente determinado pelo fato de se alguém era um
mestiço ou um puro-sangue Africano. Os Pretos que não optaram por fugir para
o sul, mas permaneceram sob o domínio Asiático, mesmo escravizados,
trabalhavam mais duro para ganhar reconhecimento e aceitação do que qualquer
outro grupo. De fato, tão ansiosos estavam alguns desses primeiros Pretos para
“integração” com os Asiáticos que eles mesmos fizeram muito da criação da nova
geração de Egípcios que viriam a se tornar seus inimigos mortais. Pois em um
esforço total para satisfazer os invasores, eles livremente deram as suas filhas e
outras mulheres desejáveis como presentes para se tornarem concubinas,
acelerando assim o processo de reprodução em escala cada vez maior. Isso
também não diminuiu a captura indiscriminada de mulheres em ataques à
aldeias Africanas para o mesmo propósito e para exportação para a Ásia.

Referência foi feita à “raça dos Egípcios” de suas mães. Pois no Egito, como em
outros lugares, foi um processo sexual de via-única. A “raça superior” [“master
race”] sempre manteve as suas próprias mulheres “sagradas” e isoladas por trás
das paredes de suas casas. Elas não eram autorizadas a ir para fora, exceto sob
guarda. Mulheres Africanas não tinham tais restrições ou proteção. Elas eram um
alvo fácil para os homens de todas as raças, e para eles era sempre temporada
aberta. Muitas mulheres Pretas preferiram a morte por suicídio. Sobre estas,
também, a história não canta.

A “raça superior”, [“master race”] então, embora proclamando uma estranha


doutrina de “pureza racial” por si só, tem sido a líder mundial em abastardar
outros povos. Assim tem sido em grande escala nos Estados Unidos, na América
do Sul, na África do Leste e do Sul – e assim foi no Egito.

A evolução dos Egípcios como um grupo de nacionalidade é tão interessante


quanto sua atitude anti-Africana, embora este não diferir nem um pouco daquelas
muitas raças misturadas com sangue Africano em outros lugares. Tem sido
afirmado que os Egípcios originais eram Pretos, meio-Africanos e meio-Asiáticos.
Este padrão racial geral mudou, no entanto, conforme os séculos passaram e mais
e mais conquistadores seus seguidores e os outros brancos foram atraídos para o
“Celeiro do Nilo” [“Bread Basket of the Nile”] – Cananeus, Judeus, Sírios, Hititas,
Persas, Babilônios, Assírios, Gregos, Turcos, Árabes, Romanos, et al.
Miscigenação [Intermarriages] entre vencedores e vencidos continuou
juntamente com concubinato como uma instituição nacional. O resultado direto
foi que mais e mais Egípcios se tornaram mais claros e quase-brancos na
compleição. Em suma, eles tornaram-se, de fato, mais Asiáticos no sangue do que
Africanos. No entanto, esta classe regente superior de quase-brancos não foi em
nenhum momento mais do que um quarto da população; pois até a “inundação”
Islâmica, que começou em meados do sétimo século d.C., a grande maioria dos
Egípcios era o que os estudiosos modernos gostam de caracterizar como
“Negróide” *
[* – Os Pretos não-misturados no Egito Eu ainda estou designando como
Africanos. Os Mulatos [Mulattoes], então como agora, em geral se opuseram a ser
chamados de Africanos.]

Mas o que tem sido referido como um “fenômeno social” foi na verdade um
desenvolvimento entre os mestiços [half-breeds] em todos os lugares que correu
contrário ao que seria normalmente esperado, se não contrário à própria
natureza. Este foi a simples rejeição da mãe e seu povo e uma clivagem para o pai
e seu povo. Embora eu não saiba se o imenso amor que os Africanos geralmente
têm por suas mães é algo maior do que entre outros povos, este é certamente tão
marcante que tem sido uma questão de comentário por muitos escritores.
Algumas das principais razões pelas quais os mestiços se voltaram contra os
Pretos e buscaram integração com os Asiáticos foram apontadas. Estas aplicam-
se aos Pretos, bem como à nova geração [new breed]. Todos procuraram
segurança, promoção e prestígio social através da integração de si mesmos com
as classes dominantes atuais. Mas os mestiços [halfbreeds] tinham a posição
inicial e todas as vantagens.

Primeiro de tudo, eles eram principalmente os filhos e filhas de pais brancos e


Europeu-Asiáticos. Estes pais os reconheciam como tal e, em geral, com orgulho.
E uma vez que eles clamavam superioridade sobre os Africanos, os seus
descendentes meio-Africanos se consideravam uma raça superior também. Estes
descendentes Afro-Asiáticos receberam tratamento preferencial, posições de
autoridade, riqueza de acordo com o status de sua família patrilinear, e uma
educação que poderia recorrer à cultura Asiática, bem como à civilização Africana
altamente avançada no Alto Egito [Upper Egypt] e ao sul para a “Terra dos
Deuses” [Land of the Gods”].

Outra situação que foi um fator muito potente na atitude dos mestiços
[halfbreeds] para com a raça de suas mães foi que, na maioria das vezes, as mães
eram escravas concubinárias.

Isto significava que o mestiço [half-breed] era introduzido no mais baixo nível de
vida Africana mesmo desde o nascimento. O concubinato [concumbinage] era tão
geral que ofuscou o número menor de mulheres Africanas que foram as esposas
legítimas dos Asiáticos. Estas mulheres Africanas foram a exceção, geralmente
vindo como elas vinham a partir de poderosas classes superiores, as famílias
nobres ou reais. Em tais casos, parece não importar absolutamente o quão Pretas
elas eram. Mas, uma vez que a maioria dos “novos Egípcios” eram originalmente
filhos e filhas de mães escravas e pais de “classe alta”, eles tendiam a ter vergonha
de suas mães e procurar auto-realização no lado de seus pais. Além disso, a mãe
escrava não tinha nenhum direito sobre os filhos que ela concebia. Eles
pertenciam ao pai Asiático que podia e, geralmente considerava-os como
nascidos-livres [free-born] devido ao seu sangue Asiático.

Para provar o quão verdadeiramente Asiáticos eram, os Egípcios mestiços fizeram


do ódio aos Africanos um ritual, e tentaram superar os brancos em incursões
[raiding] por escravos nas áreas todo-Africanas [all-African areas]. Vários Afro-
Eurasianos que se tornaram reis Egípcios declararam “guerra eterna” contra os
Pretos e prometeram escravizar a raça inteira. Esperança nesta conexão pode ter
se desenvolvido a partir do fato de que enquanto muitas raças foram
representadas entre os escravos capturados, os Africanos constituíam o maior
número.

Confiando plenamente no conceito emergente de superioridade inata de


Europeus e Asiáticos, essas pessoas em todos os lugares criaram um sistema de
classes que tornava seus descendentes bastardos superiores a todos os Pretos, e
no status seguinte logo abaixo de si mesmos.
O sistema operou no século vinte, da mesma forma que o fez em épocas
anteriores. Os “Mestiços” [“Coloureds”] Afro-Holandeses da África do Sul
ilustram totalmente a maioria dos pontos feitos sobre os Egípcios. O ódio dos
“Mestiços” [“Coloureds”] aos Africanos parece ser ainda mais profundo do que
aquele dos brancos na África do Sul. Por causa de seu sangue Holandês, a eles
também foi dado privilégios especiais, um status social e econômico mais elevado
do que os Pretos, e uma sociedade completamente separada. A Educação e os
direitos civis negados aos Pretos eram deles; os melhores empregos disponíveis
para os não-brancos eram deles. Mas acima de tudo, eles tinham a mágica da pele
meio-branca [half-white skin] que, por si só, colocava-os automaticamente acima
dos Pretos. Alguns desses “Mestiços” [“Coloureds”] tornavam-se histéricos se
lembrados de seu sangue Bantu ou “Kaffir”. Os mais claros [lightest ones]
simplesmente negavam ter qualquer sangue Africano.

No entanto, por vezes, a própria natureza, como se desgostosa com essas


pretensões ridículas, prega uma piada sobre alguns dos maridos e esposas muito
mais claros, presenteando-os com um bebê preto, um regresso [thrownback] de
ancestrais pretos.

A coisa mais caridosa que pode ser dita sobre o racismo dos Boeres Holandeses e
suas proles mestiças do Cabo é que eles desconheciam até mesmo os nomes de
grandes líderes Africanos, para não mencionar a grande civilização que eles
tinham construído ao bem ao norte de onde os Holandeses desembarcaram pela
primeira vez.

Mas os Assírios, Hebreus, Gregos e Romanos não poderiam fazer nenhuma tal
afirmação para apoiar o mito da superioridade branca. Pois nada parece mais
claro a partir de registros antigos do que aquilo que todo o inteiro mundo antigo
não conheceu nada mais antigo do que a civilização do homem Preto.

O verdadeiro desafio estava lá permanente em monumentos de pedra, que os


Pretos tinham construído em uma escala que tinha resistido a todas as idades
passageiras.

Para enfrentar este desafio os Asiáticos e seus descendentes Afro-Asiáticos


começaram a fazer três coisas principais: (1) destruir tudo [everything] deixado
pelos Africanos que indicasse superioridade Africana; (2) mas onde os templos,
monumentos, etc., eram de tal beleza e durabilidade que a destruição era menos
desejável do que a reivindicação das realizações como sua própria – nestes casos
inscrições Africanas foram sistematicamente apagadas e substituídas com
inscrições Asiáticas e novo-Egípcias [new Egyptian] que deram para si próprios o
crédito por quaisquer realizações que havia. Às vezes, as inscrições estavam tão
profundamente gravadas que a obliteração era impossível; de modo que os
trabalhadores teriam que esconder estas através da construção de carcaças de
pedra [stone casings] em torno delas.

Os remotos construtores Africanos haviam sido o mais exasperantes. Deixando


suas estátuas por toda parte – narizes achatados, lábios grossos e tudo. Centenas
de Estatuetas foram esculpidas em várias dinastias. Estes poderiam ser jogadas
fora. Mas o que fazer com as imensas estátuas monumentais que estavam
alinhadas fora dos templos mais famosos? O problema foi resolvido por “passar”
[“passing”] aqueles governantes Egípcios que tinham apenas características
“Negróides”. Muitos daqueles com caras todo-Africanas simplesmente tiveram
suas cabeças derrubadas. Tudo sem sucesso duradouro. Os fatos da história não
poderiam ser completamente alterados.

Um fato perturbador era que a maioria dos maiores reis e rainhas do Egito foram
Africanos Pretos – tão grandes, na verdade, que seus nomes foram de bom grado
[gladly], propagados por páginas que glorificam o passado Egípcio – seus nomes,
mas não a sua identidade Africana. Na história esses Pretos são simplesmente
Egípcios, e não Cushitas, Etíopes, ou Núbios. Isto é ainda uma outra técnica para
deliberadamente “perder o rastro” da história Africana. Mas as espátulas [spades]
dos arqueólogos continuavam apenas trazendo à tona estatuetas e alguns retratos
notáveis que frustravam alguns estudiosos, enquanto outros se sentiam
desafiados a replicar com uma artilharia pesada de palavras e frases enganosas
[misleading].

Independentemente do que os pesquisadores de campo encontraram, o principal


trabalho de reconstrução da história Africana no século XX está ainda nas mãos
daqueles que a degradaram – mãos brancas que ainda têm o poder de moldá-la
[a história Africana] como eles querem; (3) Finalmente, a grande revolta de
escravos brancos (Mamelucos) em 1250 D.C., e seus ataques assassinos contra
seus senhores Turcos e Árabes acabaram para sempre com a escravização geral
de brancos, e, posteriormente, levou a uma concentração na escravização dos
Pretos somente. Isto mudou o curso da história e veio a fazer o mito de
superioridade-inferioridade racial parecer como sendo uma realidade visível:
Senhor [Master] e escravo – poderia haver qualquer dúvida sobre isso? Mesmo
os escravos podiam perceber que sua situação presente era uma de inferioridade.

E após séculos de escravidão [bondage], os escravos geralmente passaram a


acreditar que eles eram de fato seres inferiores e que seus senhores, pelos
próprios arranjos da vida, eram superiores. Para quer seja na Ásia, Europa,
América do Sul, nos Estados Unidos ou nas Índias Ocidentais, a história foi a
mesma: As ligações essenciais com seu passado foram quebradas. Todo
conhecimento da antiga grandeza foi perdido. Mesmo seu parentesco e as
relações familiares foram destruídas junto com seus verdadeiros nomes. Eles não
eram considerados como seres humanos. Eles se tornaram uma raça de exilados
[outcasts] odiando a si mesmos por sê-lo. O triunfo Caucasiano foi completo.
No decorrer do tempo, os Egípcios se tornaram mais e mais conscientes de sua
separada e não-Asiática identidade nacional como Egípcios. O termo “Asiático”,
é claro, cobre numerosas nacionalidades e grupos étnicos brancos. “Sangue
Asiático” não tinha qualquer significado específico. Podia ser Hebraico, Mongol,
Árabe, Persa, Indiano etc. O nacionalismo Egípcio com seu senso de
independência poderia evoluir ainda mais facilmente por causa desta falta de
identidade exclusiva com qualquer uma de suas nacionalidades afins.
Um outro fator importante foi os Asiáticos relativamente não misturados (e uma
pitada de Europeus) que tinham vivido no país por tantas gerações que eles
consideravam a si mesmos como Egípcios, prestando nenhuma lealdade a seus
países de origem, e prontos para lutar como Egípcios quando o Egito era atacado
ou quando Ele próprio ia para a guerra. Aqui, novamente, vemos razões
adicionais para o por que de os Egípcios se sentirem mais Asiáticos do que
Africanos. Eles tornam-se ainda mais claros se tivermos em mente que, durante
todos os séculos da evolução Egípcia para uma separada identidade e
nacionalidade, implacável guerra com os Africanos continuou. Enquanto os
Africanos pareciam resolvidos a retomar o Egito, nenhum faraó poderia
descansar facilmente. A partir do registro, que se estende por vários milhares de
anos, parece que os Pretos tinham a intenção de reconquistar o Egito como Menes
tinha feito ou lutar para sempre. Eles parecia tomar suas derrotas mais
devastadores como meros retrocessos temporários, e sempre invadiram ou
tentaram invadir o Egito novamente e novamente (e novamente, observe a muito
diferente versão ocidental).

Será que é esta uma das principais razões porque os Egípcios os odiavam tanto?
Terá sido a escravização em massa de Africanos uma parte de um esquema para
quebrar o poder e acabar com a ameaça eterna da “Terra dos Pretos” hoje o sul?

Eu estou, naturalmente, plenamente consciente de que os mesmos registros


antigos podem ser lidos e interpretados de tal maneira que se poderia pensar que
a maioria das invasões foram via-única do Egito para os países todo-pretos abaixo
da Primeira Catarata, e que , de fato, os Africanos não eram páreos para os
poderosos exércitos Egípcios, mas geralmente viraram as costas e fugiram. Neste
e em uma centena de outras instâncias eu simplesmente leio os registros de forma
diferente. A grande série de fortificações que os Egípcios construíram encarando
o sul na Primeira Catarata quase foram forçosamente construídas para impedir a
si mesmos de invadir o império preto.

Tão tarde quanto os registros da décima-segunda dinastia ainda se referem a


guerras contra os “invasores Asiáticos” e a medidas de defesa, tais como a
construção de muros na fronteira oriental. Eles tinham sido “expulsos em massa”
da rica região do delta em 2040 a.C. *
[* – Esta é a visão geralmente aceita. Eu faço notar em outros lugares que esta
não foi uma expulsão em massa de Asiáticos.]

Mas eles sempre voltavam, se não como guerreiros conquistadores, então, como
os comerciantes pacíficos ou migrantes amigáveis que procurando um lar.

Também deve ser lembrado que o Egito não era sempre o objeto inocente de
agressão, mas foi muitas vezes o agressor invasor na Ásia. Ele também escravizou
muitos Asiáticos e os fez marchar de volta para o Egito – homens, mulheres e
crianças. Pode-se dizer com certeza, portanto, que algumas das muitas invasões
do Egito foram convidadas ou provocadas pelas próprias aventuras imperialistas
do Egito. No entanto, elas podem muito bem ter sido contra-movimentos para
verificar as constantes invasões destas regiões.

As massas Africanas os detectaram de todas as direções, conforme seus próprios


líderes progressivamente tornavam-se “Caucasianos” Hamitas e Semitas, e
conforme muitos que eram inequivocamente Africanos puro-sangue [full blooded
Africans] tornavam-se tão predatórios quanto eram seus inimigos conhecidos.*
[* – Uma lição da história é bastante clara: Os próprios líderes de alguém podem
ser tão injustos, desumanos e tão brutais quanto os estrangeiros, às vezes até
mais.]

Parece que desde tempos imemoriais a ganância resoulta, o desejo de riqueza,


têm substituído todas as considerações humanas. A ganância tem servido como
uma espécie de anestesia, amortecendo sentimentos humanas e quebrando os
laços de afeto que relacionam homem para homem. A ganância foi triunfante no
Egito desde os tempos antigos até chegando em nosso século. Foi o principal
centro de troca de escravos na África. Núbia (Sudão do Norte) era não só a
principal fonte de abastecimento de escravos, que eram marchados até a Segunda
Catarata, mas era também a principal fonte de ouro, marfim, penas de avestruz,
pedras preciosas de muitos tipos, ébano e peles de animais. Estes enriqueceram
o Egito em sua expansão do comércio internacional. Um Egito hostil permanecia
agora entre o mundo Preto e o comércio internacional.

Mas tudo não estava indo bem na terra. Houve guerras civis, divisão do país
novamente, reunificação novamente, descentralização, um rompimento em
nomarcas autônomas [autonomous nomarchies] e volta à unificação mais uma
vez. Esses altos e baixos parecem estar de acordo com a força ou a fraqueza da
liderança em qualquer período determinado, ou com o papel desempenhado
pelos conquistadores na unificação ou no fracasso para unificar o país.

“O EGITO PRETO TORNANDO-SE MARROM E BRANCO”

A longa longa extensão dos séculos em milênios tornou fácil para eliminar alguns
dos desenvolvimentos mais significativos naquelas eras precoces no Egito. O
surgimento de grandes líderes e longos períodos de realizações notáveis foram
seguidos por líderes fracos e longos períodos de desorganização e caos nacionais
em ciclos tão incríveis que parece que alguma lei sócio-política implacável estava
operando na terra. O governo centralizado, primeiro instituído por Menes,
sempre desmoronou conforme guerra civil se espalhava sobre as províncias e
reinos constituintes. Um dos piores e mais fatídicos períodos de crise foi durante
a Sétima, Oitavo, Nona e Décimo Dinastias, 2181-2040 A.C.

O que aconteceu durante esse período de anarquia política é típico dos processos
não-proclamados que lenta mas firmemente mudaram ambos o caráter político e
étnico do Egito e, no final, aqueles do todo-preto Sudão também.
Durante este período, como em muitos outros, os Pretos desempenharam um
papel de liderança na agilização de sua própria queda – um fato tão importante
em sua história quanto qualquer outra coisa. No Egito havia uma luta de poder
quase infinita tanto dentro das linhagens reais nos níveis nacional e provincial
quanto entre as várias províncias. A guerra civil tornou-se mais intensa e amarga
conforme as maiores e mais fortes províncias, como Tebas, tentaram forçar as
outras de volta a um estado de unidade nacional. O problema era que muitos
Nomarcas (Chefes) estavam tentando fazer a mesma coisa, cada um sendo
ambicioso para se tornar o Faraó de todo o Egito, no mínimo, e de toda a Etiópia
(Egito e Sudão) se possível.

Inferno no centro do império (Alto Egito) por 141 anos. Cento e quarenta e um
anos de retrocesso e destruição. Ambas as extremidades do império romperam
com o centro. O extremo norte, Baixo Egito branco, tornou-se independente
novamente e mais e mais brancos se espalharam para o Alto Egito, aproveitando
ao máximo a agitação geral, e promovendo-a através da formação de alianças com
vários chefes provinciais na guerra contra os outros. Uma vez que o Baixo Egito
também tinha luta interna entre suas províncias agora independentes, chefes do
Delta não hesitaram em aceitar os convites dos príncipes Pretos para formar
alianças e levar tropas para o Alto Egito. Os Asiáticos também marcharam através
do deserto da Líbia, onde eles também haviam substituído os Pretos indígenas e
agora eram a população dominante.

A transformação constante do preto para marrom para branco torna-se ainda


mais clara se for lembrado que após a unificação das Duas Terras, os brancos do
Baixo Egito tiveram todo o direito legal para viajar e se estabelecer no preto Alto
Egito. E embora houvesse sempre uma oposição geral, houve uma infiltração
constante desde o início. Eles, como seus irmãos Líbios, sempre vieram de uma
maneira que nunca causava alarme imediato: números pequenos se espalhando,
e, em seguida, gradualmente formando comunidades separadas ao lado da aldeia,
vila, ou cidade Africana. Eles tornaram-se parte integrante da vida nas províncias,
tornaram-se os apoiantes ativos dos chefes locais (Nomarcas), se casaram com
suas famílias e, ao fazê-lo, com o tempo tornou-se a si mesmos chefes legítimos.
A base de poder Asiática foi, assim, firmemente estabelecida nas províncias, e
estabelecida tão lentamente sem alarde que ele parecia ser um desenvolvimento
imperceptível. As mesmas mudanças vinham ocorrendo em nível nacional em
algumas das famílias reais.

Mas as maiores mudanças no caráter racial do Egito sempre ocorreram durante


os períodos de crise de descentralização política e desordem civil, quando os
brancos vieram em hordas e espalharam-se pelo país. As comunidades Asiáticas
já estabelecidas serviram como ímãs, mas o excesso de colonos causou a
construção de várias novas comunidades. Eles agora podiam se movimentar
incontestados. Eles vieram não só do Delta e da Líbia, mas também da Ásia. Estas
não foram invasões militares, mas colonos invasores [invading settlers]. Eles
eram, como João Batista, os precursores. Eles prepararam o caminho e o
tornaram fácil para todos os exércitos invasores que vieram depois da Ásia e da
Europa. Estes podiam agora contar com a cooperação e as boas-vindas da
população branca já no Egito.

Um século e meio disso. Uma pausa e reflexão são necessárias aqui para que o
significado total do que foi exposto acima seja aproveitado. No entanto, a imagem
não precisa ser tão confusa como muitos escritores a têm feito pelo simples
expediente de omitir fatos salientes. Entre estes estão os seguintes: (1) O colapso
da autoridade centralizada a partir de Memphis não só permitiu ao Baixo Egito
tornar-se independente novamente, mas também significou que esta região
predominantemente Asiática estava no mesmo estado de perturbação como o
resto do país. (2) Reis no Baixo Egito, governando de Avaris ou Sais, muitas vezes
afirmaram ser reis ou faraós de todo o Egito, sem ter ganhado o controle de todo
o país, assim como reis no Alto Egito, governando de Tebas ou Memphis, fizeram
afirmações semelhantes durante o mesmo período sem ter adquirido o controle
sobre todo o país ou mesmo sobre a totalidade do Alto Egito.

Este ponto é muito importante; pois o que isso significa é que houve períodos em
que ambos os aspirantes, brancos e pretos, alegaram ser faraós do Egito ao
mesmo tempo em que nenhum deles tinha realmente nenhum controle efetivo
sobre a nação. (3) Escritores, sabendo isso bem o suficiente, no entanto, têm
geralmente apresentado os brancos e Afro-Asiáticos (classificados como
“brancos”) como os faraós Egípcios, enquanto ignorando os faraós Africanos
completamente. Sua defesa, quando pressionados, é que os faraós Africanos são
indicados como Tebanos, Memphitas etc., – satisfeitos, como indicado
anteriormente, que o uso desses termos é uma parte do “apagão” [“blackout”] da
história preta. (4) Os períodos durante os quais as incursões Asiáticos foram
maiores, como 2181-2040 A.C., devem ser enfatizados porque estas pressões
populacionais causaram uma retirada constante de pretos não-integracionistas
para o sul abaixo da Primeira Catarata.

(5) ignorar este inicial movimento separatista entre os pretos é negligenciar uma
das chaves mais importantes para a compreensão mais completa da história
Egípcia preta.
Mas, assim como os Pretos tinham se retirado em grande número do Baixo Egito
conforme este se tornou mais e mais branco e começou a se estabelecer além do
que se tornou a fronteira entre o Baixo e Alto Egito, então agora eles estavam
movendo-se de um lugar para outro no Alto Egito em um esforço inútil para
escapar dos sempre prementes brancos. Estes foram os Pretos que finalmente se
juntaram a outros no Sul (Núbia).

A Núbia, portanto, se revoltou e se tornou independente durante o mesmo


período do colapso geral no centro. Mas as razões imperiosas, como indicado em
outros lugares, parecem ter sido resistência, não só ao aumento do poder Asiático
no Alto Egito, mas também aos faraós Africanos e Afro-Asiáticos cujas políticas
de integração promoviam a propagação desta potência estrangeira sobre o que
tinha sido uma importante região de sua terra natal. Foi separatismo e racialismo
preto, sem desculpas. Foi ainda algo mais do que um movimento de resistência
contra a dominação política de estrangeiros e a degradação social dos pretos que
sempre se seguia, mas foi uma obstinada resistência à extinção da própria raça
através de amalgamação. Estes foram os primeiros da raça para quem negro era
de fato bonito, e não apenas uma frase de efeito do dia [these were the first of the
race for whom black was in fact beautiful, and not just a catching slogan of the
day].

A expansão do “poder branco” a partir do Delta para o Alto Egito vinha


acontecendo lentamente muito antes da “era dos reis fracos.” Eles tinham sido
nomeados como ministros, funcionários da côrte de vários tipos, comissários
comerciais, oficiais do exército e soldados. O reinado de 90 anos de Pepi II, o mais
longo da história, foi em seu favor. Pois embora Pepi tinha sido um líder forte e
um rei poderoso durante os primeiros cinquenta anos de seu reinado, a agitação
geral começou quando ele tinha se tornado demasiado velho para governar ou
mesmo para saber o que estava acontecendo no país. Este longo reinado inédito
fez da Sexta Dinastia a introdução para a era de caos. Este foi o período das
dinastias simultâneas de faraós Asiáticos, Líbios, e Tebanos, e várias capitais
diferentes. Houveram tantos reis durante a Oito, Nona e Décima Dinastias com
“reinados” muito curtos que muitos dos seus nomes são desconhecidos.

Finalmente, a linha de reis Africanos governando a partir de Tebas superou pela


primeira vez a outra poderosa dinastia Asiática no Alto Egito que estava centrada
em Heracleopolis e prosseguiu com a terrível tarefa de unir o império novamente.
Governantes fortes tinham começado a surgir novamente em 2133 [A.C.]. Então
a Décima-Primeira Dinastia dos grandes Mentuhoteps começou 93 anos antes da
Décima Dinastia terminar – mais uma ilustração dos pontos previamente feitos.

Mentuhotep II foi provavelmente o maior dos reis da Décima-Primeira Dinastia.


Foi ele quem se comprometeu a resolver o problema Asiático branco para sempre,
invertendo a política de integração e expulsando-os do Baixo Egito. Os
historiadores do período de escrevem que ele fez “expulsar os Asiáticos” do Delta
em 2040 a.C. Isto, também, é enganoso [misleading]. Pois embora ele tenha de
fato reconquistado o Baixo Egito novamente, e provavelmente acreditava que a
reunificação com o Sul preto seria mais fácil se ele primeiro expulsasse os
Asiáticos, ele estava agora 1000 anos atrasado para tal tarefa. Os Asiáticos não
poderiam ser expulsos em massa por nenhum modo, pois todo o Baixo Egito era
esmagadoramente uma população Asiática e tinha sido assim há séculos além de
registro. Ninguém sabe em que momento eles se tornaram os povos dominantes
lá. O que Mentuhotep fez foi expulsar o governo, juntamente com o seu exército
e outros apoiantes conhecidos. Além disso, os Asiáticos estavam agora dispersos
através de todas as províncias do Alto Egito.
A razão imperativa para a reconquista do Delta foi sempre econômica. De fato,
“raça” em si era um fator econômico. Quando Asiáticos controlaram, houve um
bloqueio comercial dos Pretos para o comércio mundial direto e relações
internacionais em geral. Portanto, a segunda reunificação em 2040 [a.C.] marcou
o início de uma outra “idade de ouro” da história Preta. Navios Africanos de
comércio navegaram os mares outra vez, a reconstrução de toda a nação foi
impulsionada e o renascimento de aprendizagem, ciência, das artes e ofícios,
marcaram as dinastias XI e XII. A lição mais importante que o mundo Preto pode
aprender com sua história é a de que havia uma base de desenvolvimento
econômico para todo e cada avanço.

Enquanto isso, os Pretos concentrados no Sul haviam fixado firmemente a linha


divisória na entre si próprios e seus irmãos no Alto Egito na Primeira Catarata.
Isso também significava guerra, porque o Sul era a região mais rica em recursos
minerais. A longa guerra contra a Núbia começou durante a Décima Primeira
dinastia e continuou ano após ano, sem sucesso. Um problema muito real agora
era a atitude das tropas Pretas de Tebas em relação à uma guerra contra seus
irmãos no Sul. Em qualquer caso nenhum progresso em superar o Sul foi feito
absolutamente até que o centro do poder em Tebas foi transferido para Al Fayyum
na Décima Primeira dinastia. Mesmo assim, a guerra se arrastou por mais de
cinquenta anos antes que a região na fronteira com o Egito (chamada de Baixa
Núbia [Lower Nubia]) fosse trazida sob controle.

Daí em diante, o país a partir da Primeira Catarata para o Mediterrâneo foi


definitivamente chamado Egito e o país a partir da Primeira Catarata para o sul
foi definitivamente chamado Etiópia, Núbia, Cush, etc.

O fim da Décima Segunda dinastia em 1786 [a.C.] encerrou quase três séculos e
meio de grandes líderes e, portanto, um grande progresso. No entanto, mais uma
vez, o ciclo de desastre voltou com a Décima Terceira dinastia. Pigmeus mentais
sentaram-se nos tronos antes ocupados por gigantes. Quase dois séculos de lutas
internas e decadência se seguiram. O Baixo Egito, é claro, tinha rapidamente
tornado-se independente novamente pela terceira vez. Isto significou um
aumentado e irrestrito fluxo de Asiáticos para o país. Um período de turbulência
era também o momento oportuno para grandes invasões armadas.

Entre estes invasores estavam os Hicsos [Hyksos], os “Filhos de Israel” [“Children


of Israel”], de acordo com o historiador Josefo. Esta invasão do Egito em 1720
a.C. foi cruel e destinada a nada menos do que o extermínio do povo Egípcio e sua
substituição pelos Israelitas. Eles não conseguiram isso, mas se estabeleceram
para governar o país como a Décimo Terceira e e Décima Sexta dinastias e
permaneceram como uma poderosa influência por mais de 400 anos. *

[* – Alguns escritores dizem que eles eram Árabes e que seu governo durou cerca
de 250 anos.]

O ponto importante aqui é que Semitas verteram sobre o Egito após a sua
conquista por companheiros de tribo [fellow-tribesmen], e que isto avançou
ainda mais o caráter Asiático dos Egípcios. O poder Hicso foi quebrado durante a
18ª dinastia e muitos foram expulsos em massa. Eles voltaram para a Palestina e
fundaram Jerusalém. Enquanto isso, o Egito estava se desenvolvendo no
“Império Novo” [“The New Empire”] e, durante a mesma dinastia em que os
Hicsos foram expulsos, ele revidou conquistando a terra natal dos Hicsos e a Síria
e estendendo conquistas até o Eufrates. Deve ser notado aqui que a maior invasão
Hebraica do Egito ocorreu cerca de 600 anos antes de Moisés e do Cativeiro.
. . .
Uma razão pela qual as grandes questões da história Africana devem ser tanto
revisadas quanto ampliadas, é que qualquer um que se atreva a desafiar os pontos
de vista predominantes e amplamente difundidos está em uma posição muito
mais precária do que aquela do pequeno Davi enfrentando o imponente e
poderosamente armado Golias. Aqui um exército quase universal de gigantes,
permanecendo firmes na defesa das ideologias “Africanistas” que eles têm
desenvolvido, devem ser combatidos. Para este fim eu revi posições já afirmadas,
a fim de ser absolutamente claro, e eu expandi introduzindo fatos adicionais sobre
o mesmo assunto.

Na verdade, eu poderia ser devidamente acusado de superenfatizar um ponto


sobre o qual a maioria dos estudiosos já estão de acordo: a grande antiguidade da
civilização Africana. Mas a maior de todas as questões está bem aqui no consenso
geral de que no período mais antigo conhecido para a humanidade, uma
civilização Africana nas áreas mais tarde chamadas de Sudão e Egito estava
totalmente desenvolvida, com “todas as artes da vida civilizada já amadurecidas,”
o seu início sendo colocado tão longe no início da história do mundo que está
além do alcance do homem . . . Uma vez que a evidência mais convincente forçou
os estudiosos a estas conclusões nos últimos tempos, as prevalecentes teorias
racistas da história criaram um dilema muito real: Como, tendo em vista o início
da civilização na Terra dos Pretos, explicar o papel deles na história do mundo?
Tendo com sucesso degradado a raça preta em todo o mundo e apoiado esta
degradação com a sua “ciência” e religião, como agora explicar que esta mesma
raça preta foram os primeiros construtores da própria civilização da qual os
Caucasianos eles próprios são herdeiros?

A Academia branca resolve tais problemas muito nitidamente – e sem um piscar


de olhos. Neste caso, eles muito simplesmente colocam o homem branco na
África antes de o homem preto! E, aparentemente, não se sentindo seguros o
suficiente com isso, eles passam por cima da própria geografia e “tiram o Egito
para fora da África”, fazendo deste uma parte do Oriente Médio Asiático! Risos e
tragédia [Laughter and tragedy]. Pois, obviamente, um racismo tão extremo que
se torna ridículo também se torna divertido, mesmo que seja ao mesmo tempo a
tragédia de um inabalável assalto do século XX sobre os Pretos.
A descoberta de que a mais antiga civilização e, portanto, a nação mais avançada
estava na África levou os estudiosos brancos a fazer uma rápida reviravolta, indo
muito além de transformar os povos indígenas em brancos: Eles agora fazem da
África o berço de toda a raça humana e, para agradar a Deus, recorrem aos filhos
de Noé novamente para uma teoria das origens e dispersões raciais – mas agora
a partir da África – sobre a terra. Estudiosos Ocidentais na ausência de fatos
sólidos, não hesitam em usar mitos e lendas se estes servirem a seus propósitos.
Assim, para além da lenda de como as diferentes raças vieram a ser e migraram,
temos também citado a lenda Egípcia de como o deus, Tum, atribuiu cores para
os diversos grupos.

Sir Gardiner Wilkinson em seus três volumes sobre o antigo Egito segue a mesma
linha bem conhecida sobre os Egípcios como Caucasianos. Nisso, ele está
bastante em sintonia com a maioria dos escritores Ocidentais e Asiáticos sobre o
assunto. Na verdade, para além da “evidência” citada acima, ele se apoia também
sobre características Caucasianas em certos monumentos Egípcios, retratos etc.
As esculturas de cabeça, imagens e outras representações de pessoas são bem
verdadeiras, dependendo do período em que o trabalho foi feito. Foi este feito
durante a longa era de representações clássicas quando todos os retratos eram de
uma forma padronizada? O sujeito era idealizado em uma tentativa artística para
fazê-lo parecer bem diferente do que ele realmente era. Na verdade uma
representação verdadeira do indivíduo era considerada vulgar. A pergunta
complementar é, foram as pinturas murais e representações semelhantes feitas
durante estes períodos de ascendência Européia (Asiática e Afro-Asiática)? Pois
durante esses períodos as classes altas e regentes de ambos Africanos e Afro-
Asiáticos foram classificadas como Caucasianas ou Asiáticas e uma nítida
distinção foi feita entre eles e os Pretos não-integracionistas [non-integrating
Blacks]. As pinturas estilizadas também mostram os Pretos nos mesmos padrões
invariáveis. A primeira revolta conhecida contra este antigo sistema de arte
clássica veio durante as reformas religiosas de Iknaton [Akhenaton], no século
XV a.C.

[ * – Khafre realmente quebrou a tradição na Quarta dinastia. Mas as feições


“Negróides” da Esfinge não alteraram o estilo clássico.]

Qualquer um examinando estas primeiras pinturas irá prontamente ver porque a


história Africana é tão confundida e tão frequentemente enganosa [misleading].
Um exemplo é uma pintura mural em uma tumba em Tebas – a mais antiga
cidade dos Pretos. A imagem mostra “negros apresentando tributo. . . . ” para o
ministro-chefe de Tuthmose III. Se a pessoa não souber que todos os Thutmoses
eram de uma linhagem Africana, ela vai naturalmente concluir que a civilização
Egípcia era na verdade uma civilização branca, e os Pretos, onde eles aparecem
na cena absolutamente, estavam em um papel nitidamente inferior. Não foram
as pinturas evidência conclusiva disso? Olhe para o escasso, quase bárbaro
vestuário deles!

“A CIDADE DE CEM DE PORTÕES” “THE CITY OF A HUNDRED


GATES”

Referências têm sido feitas à Tebas (Thebes), e estas podem ter parecido ser quase
referências passageiras. No entanto, Tebas foi a cidade mais importante em toda
a história do povo Preto. A inteira série de palestras poderia ser devidamente
baseada em Tebas. A história da África negra poderia muito bem começar em
Tebas. Para esta foi realmente a “Cidade Eterna dos Pretos” [“Eternal City of the
Blacks”] que apresentou a evidência mais convincente de que eles foram os
construtores da civilização mais antiga em Chem, mais tarde chamado Egito, bem
como da grande civilização no Sul. A fundação de Tebas, como o estado preto do
qual ela era o centro, vai tão longe remotando na pré-história que nem mesmo
um período de idade da pedra geral pode ser sugerido.

Esta cidade é outro exemplo do foi entendido quando eu sugeri anteriormente


que os pesquisadores não devem evitar as autoridades “inimigas” porque elas
próprias inevitavelmente apresentam dados factuais que contrariam as posições
tomadas anteriormente. Não estou falando sobre aqueles estudiosos que
apresentam as diversas teorias e pontos de vista conflitantes das diferentes
escolas de pensamento. Deveria ser desnecessário dizer que isto é desejável, ou
que a referência não é feita a esses escritores. Mas a referência foi feita à aqueles
historiadores que desposaram doutrinas tais como a de uma sociedade Africana
de indígenas brancos antes da chegada dos pretos na África e, em seguida, mais
tarde, eles próprios, involuntariamente demonstrando que tal não poderia ter
sido o caso.

Assim, quase todos são forçados pela evidência a reconhecer em um lugar ou


outro, e muitas vezes em uma linguagem muito cuidadosa ou ambígua, que: (1)
os pretos eram chamados de Tebanos [Thebans] porque (2) todo o Alto Egito
[Upper Egypt] foi durante séculos chamado de a Thebald a partir do nome de sua
maior cidade, Tebas [Thebes], e seu povo – os Tebanos pretos; (3) que “Thebald”
também se referia à própria cidade como o centro intelectual da África preta – a
sede principal da aprendizagem, da ciência, religião, engenharia e das artes.
“Thebald”, portanto, pode significar todo o Egito Preto ou a “Cidade
Universitária” [“University City”], dependendo da inflexão da voz; (4) que os
brancos Asiáticos foram mantidos mais firmemente na região do Delta que eles
ocuparam no Baixo Egito [Lower Egypt] até a unificação das Duas Terras [Two
Land] sob Menes; (5) e que as muito proclamadas “dinastias Egípcias” foram
Africano-fundadas e eram nada mais e nada menos que o sistema tradicional de
linhagem Africano, matrilinear em caráter, exceto quando ele foi feito patrilinear
após conquistas Asiáticas ou a grande transformação Egípcia.

Eu disse que a confusão na história Africana não se desenvolveu acidentalmente


ou por causa de uma longa série de circunstâncias infelizes. A confusão parece ter
sido deliberadamente inventada. Todos os especialistas em Egito antigo cujas
obras examinamos estavam bastante familiarizados com todos os fatos aqui
apresentados. Eu não apresento aqui nada que seria novo para eles, pois muito
disso são as próprias conclusões deles [their own findings].
Considere quanta confusão e erros de interpretação [misinterpretations] teriam
sido evitados se eles tivessem declarado o fato bem estabelecido de que o império
Etíope ainda incluía a maior parte do Egito, mesmo após a ocupação Asiática do
Delta, que este se estendia para o sul sobre o norte da Abissínia (atual Etiópia) ,
e que estados como Wawat, Núbia, Etiópia, etc. eram, assim como o Egito,
divisões menores desse vasto império. Mesmo nas obras onde isso é apresentado
em vários e diversos modos, você não vai encontrar nem um único mapa
mostrando a extensão do império Etíope.

Pois apresentar mapas da Etiópia Antiga, é claro, teria derrotado todos os


principais esforços para destruir ou disfarçar os aspectos mais significativos da
história Africana. Todas as honras devem ir para os antigos historiadores Gregos
e Romanos que não parecem saber o que o racismo é – certamente não como este
se desenvolveu na civilização branca moderna. Eles, ao lidar com a África,
simplesmente “disseram como esta era” [‘told it like it was”] – Plínio, Heródoto,
Diodoro, Erastosthenes, Plutarco, et al., junto com a Bíblia – todos refutam as
interpretações da história Africana dos Caucasianos modernos. Eles
[Caucasianos modernos] avidamente citam os historiadores antigos como
autoridades de primeira linha, mas atacam-los quando e onde seus registros
perturbam as premissas sobre as quais o racismo moderno é construído. Nesses
casos, o acadêmico Ocidental se sente tão absoluto e infalível em seu poder
centrado-na-riqueza e controle sobre a ciência e educação que nesses pontos que
ele escolher aceitar, ele irá julgar o “Pai da História”, com ‘Aqui Heródoto deve
ser lido com cuidado. Ele é conhecido por ter erros. Ele não viajou muito na
África. . . .” ou “. . . é muito provável que Diodoro estava confiando na tradição
oral aqui. . . “ou” . . . Eles podem ter confundido o Grego “Etiópia”, que significa
‘A Terra Preta’’com Chem (Egito), que também significa ‘A Terra Preta’, pois
Plínio sugere que, no caso do Egito, ‘preto’ ‘refere-se ao solo, ao invés do povo. .
. .” E assim vai.
Ao longo do estudo da história do homem Preto podemos encontrar a nós
mesmos constantemente enganados ou intrigados se nos esquecemos de que
praticamente todos os nomes e termos em uso não são nomes e termos Africanos,
mas sim Gregos, Romanos, Árabe, Anglo-Saxões, etc. Alguns dos nomes pré-
Europeus e pré-Asiático-Africanos mais recentes, no entanto, tem sido
redescobertos. Um desses nomes anteriores para Tebas era No, a Na-Amun da
Bíblia e dos antigos escritores Hebreus. Mas o nome Africano era Wo’se e, assim
como o Grego Thebald, se refere a todo o Alta Etiópia ou Alto Egito [Upper
Ethiopia or Upper Egypt]. Os Pretos também fizeram a distinção entre Wo’se, a
Thebald e Nowe (Tebas), a Cidade Universitária [University City]. Outro ponto
da maior importância aqui é que o nome Africano de Tebas não apenas vem do
Sul, como Nims aponta, mas o próprio nome é o nome do cetro imperial da
Etiópia – uma vara de ouro guarnecida com penas de avestruz no topo. Aqui agora
está um único nome que, por si só sozinho, dá profundos insights sobre a história
dos Pretos. E é por isso que Eu tenho instado que no topo da lista de campos de
pesquisa ainda a serem explorados, deve haver um dedicado à redescoberta de
nomes Africanos e seus significados. Porque, obviamente, muito do passado
Africano foi bastante efetivamente apagado ao se apagar nomes Africanos,
juntamente com outros indicadores para realizações Pretas.
A determinação de antigos nomes Africanos e seu significado vai liderar uma
verdadeira revolução Preta, porque esta vai levar diretamente à emancipação das
nossas mentes ainda escravizadas. Será o grande despertar intelectual de um
povo cuja visão-de-mundo através de olhos Caucasianos tem sido turvada. Eu não
posso agora, por exemplo, mudar para o uso de nomes Africanos que eu conheço
nesta discussão. Devo continuar a dizer Tebas [Thebes], e não Wo’se ou Nowe. Os
motivos são óbvios. Mas se o tipo de pesquisa sugerida for feita, a próxima
geração de escritores Pretos estará utilizando termos Africanos livremente e
compreensívelmente, e com mapas redesenhados mostrando lugares com seus
próprios nomes originais.

Mas nunca esqueçamos o fato central acerca de Tebas – nem mesmo por um
momento. Pois ainda que os Pretos nunca tivessem deixado um registro escrito
único de sua grandeza passada, esse registro ainda estaria, desafiando o tempo,
nas pedras imortais de Tebas, de suas colunas caídas de templos, monumentos e
suas pirâmides – uma cidade mais eterna do que Roma porque a sua fundação foi
colocada antes do alvorecer da história, e sua planta foi aquela copiada por outras
cidades do mundo. Se os Pretos de hoje querem medir a distância até as alturas
de onde eles caíram, eles não precisam de ir mais longe do que Nowe (Tebas).

TEBAS E O PAPEL DA RELIGIÃO

A “Mãe das Cidades” [“Mother of Cities”], como era chamada, foi um dos
principais centros da religião em África. Os Pretos eram um povo muito religioso
e tinham um grande número de cidades religiosas, cada uma sob a protção
especial de um deus, deusa ou qualquer número de divindades. Os deuses e
deusas de Tebas estavam entre os mais importantes porque a cidade era de tal
modo importante. Porque a religião para os Africanos era muito mais do que
rituais refletindo crenças, mas uma realidade refletida em sua forma real de vida,
a religião desde os primeiros tempos tornou-se a força dinâmica no
desenvolvimento de todos os principais aspectos da civilização Preta.

A crença na imortalidade era uma simples questão de conduta, e além do âmbito


do debate.

Essa crença na vida após a morte foi a grande inspiração para a construção em
tão grande escala, tentando erguer estruturas que ficariam para sempre. A
Necessidade, portanto, deu à luz às ciências matemáticas necessárias para a
construção das maravilhosas pirâmides e os projetos de arquitetura para o mais
elaborado sistema de construção de templos que o mundo já conheceu. Como
cidade de Amon, o rei dos deuses, e de sua esposa, a grande deusa, Mut, os
templos e monumentos para eles sozinhos tinham que ser em uma escala maciça.
Havia também o deus da guerra de Tebas, a fonte do poder dos mais poderosos
exércitos, os guerreiros mais orgulhosos e mais destemidos. A partir deste centro
do império sozinho, 20.000 carros de guerra poderiam ser colocados em campo.
A hierarquia de deidades não só incluia numerosos deuses e deusas menores, mas
também uma longa linhagem de venerados antigos reis, rainhas e ancestrais.
Tudo isso não só inspirou a interminável construção de templos em Tebas, mas
também uma concentração em atingir os mais elevados padrões de excelência.
Isto, por sua vez convidou ao aprofundamento da reflexão, invenção e descoberta.
Muitos dos templos eram o que chamaríamos de faculdades [colégios], como as
diferentes áreas de estudo eram centradas no templo. Aqui estudiosos de terras
estrangeiras vieram para estudar, e a partir daqui idéias religiosas e projetos
arquitetônicos foram difundidos. Os primeiros Gregos e Romanos avidamente
copiaram de ambos, remodelaram-los e fizeram-lhes partes integrantes de uma
cultura Ocidental “original”. Durante os períodos de declínio ou conquistas, A
Europa e a Ásia capturaram e transportaram da África tanto dos artefatos de sua
civilização quanto puderam. Cambyses, por exemplo, tão cedo quanto o século VI
a.C., roubou mais de $ 100.000.000 de materiais históricos preciosos de Tebas
apenas. Cambyses foi apenas um das incontáveis milhares de pessoas que
invadiram os túmulos repositórios [Museus] da história Preta durante cada um
dos períodos de invasão estrangeira e governo estrangeiro. Pois estas tumbas
continham não apenas muitos valiosos registros históricos em diferentes formas,
mas também grandes tesouros em ouro e pedras preciosas. Nestes casos, os
registros históricos foram geralmente destruídos incidentalmente, e não
deliberadamente. Os saques em sepulturas e grandes túmulos eram em busca dos
grandes tesouros a serem encontrados lá. Mas o ouro e outros tesouros roubados
não tinham nenhuma importância quando comparados com a massa de materiais
históricos de valor inestimável que estão espalhados pela Europa e Ásia, alguns
em museus, alguns destruídos ou jogados fora – tudo a partir do coração da
civilização Preta. Hoje os descendentes dos ladrões ainda presunçosamente
declaram, “Os Pretos nunca tiveram qualquer história que valha a pena; se
tiveram, onde estão seus registros?”
O fato ainda interessante sobre Tebas é que muitos de seus antigos grandes
templos eram ruínas pré-históricas mesmo há cinco mil anos atrás. O templo
mais antigo em Karnak, por exemplo, no que foi o centro de Nowe [Tebas],
remonta além do alcance dos registros do homem. Nenhuma outra cidade na
Terra jamais teve tantos templos, e ainda hoje existem mais ruínas de templos lá
do que em qualquer lugar do mundo. Por causa do esplendor de seus projetos
arquitetônicos e do tamanho colossal das estruturas, eles, assim como as
pirâmides, tornaram-se maravilhas do mundo. A religião foi não só a ocasião
imediata para o desenvolvimento da arte e da arquitetura, mas também inspirou
o movimento por grandeza, o grande projeto em uma escala tão grande quanto a
inteligência e esforço humanos pudesse alcançar. Nada menos foi condizente com
os deuses.

Os guardiões dos templos de Tebas e em outros lugares se tornaram um poderoso


sacerdócio, reduzindo assim indiretamente o poder e a influência dos chefes e reis
que, na África tradicional, derivavam seus poderes reais como os intermediários
oficiais entre os deuses, ancestrais sagrados [sainted ancestors] e as pessoas. Se
um rei ou chefe Africano tinha qualquer poder político real, este era adquirido,
quer por força das suas funções religiosas ou por causa do prestígio de ser um
grande general e vitorioso guerreiro. De outro modo, o Conselho era o centro
constitucional do poder.

Além disso, a religião se tornou a base do poder político em um sentido sutil e


muito mais abrangente. Pois por trás das cortinas impenetráveis do tempo, os
líderes astutos viram o mistério primordial da religião como uma força
controladora na vida dos homens. Parece que em quase todas as sociedades a
religião foi reconhecida não só como o principal meio de controle social, mas
igualmente certa fonte de riqueza econômica e autoridade política. A partir do
papel do chefe de oferecer orações e sacrifícios aos deuses os passos para a sua
própria reivindicação de parentesco com as divindades eram fáceis o suficiente.
Pois, quem pode negar aquele que está em comunicação exclusiva com o Todo-
Poderoso? Apesar de parentesco divino nunca ter sido difundido sobre todo o
continente, parece ser verdade que as idéias e práticas dos déspotas divinos do
Oriente conseguiram penetrar e influenciar uma série de reinos Africanos.

O ponto de tudo isso é que a religião fez o povo obediente, submisso – e tanto
mais se seu governante tivesse um papel sobre-humano e até mesmo parentesco
com os deuses e os ancestrais protetores. Pois não significava isso então que os
governantes detinham todas as chaves para o Céu?

Na verdade, os chefes e reis tinham evoluído para os próprios instrumentos de


salvação dos povos.

A renda do Estado a partir da religião originou-se da exigência de ofertas de


sacrifício do povo. Este podia ser de dez a cinqüenta por cento do que cada
indivíduo produzia ou obtia. Mas onde a lei constitucional tradicional dos Pretos
predominava, as pessoas contribuíam de seus meios de bom grado por uma razão
realmente não-religiosa: A tesouraria central pertencia ao povo e era mantida
para o bem-estar das pessoas; e não somente para projetos públicos, mas para o
alívio de todos e cada indivíduo em sofrimento, cujas necessidades não pudessem
ser satisfeitas por sua família ou clã. No entanto, o direito constitucional Africano
recebeu os primeiros golpes no Egito, na sequência de numerosas invasões e
domínio estrangeiro, seguidos mais tarde por sua destruição quase completa
pelas conquistas Muçulmana e Européia.

A antiga religião que deu origem à ciência e educação, arte, engenharia,


arquitetura, os recursos para uma economia nacional e controlo político – esta
mesma religião foi a mãe da história, da escrita, da música, da arte de curar, do
canto e da dança.

Os primeiros historiadores foram os contadores de histórias e cantores-de-


viagens [travel-singers] profissionais. Ambos relatavam os atos de líderes,
eventos importantes, tais como guerras e migrações, e como e por quem a
sociedade ou o estado foi fundado. Poesia e música eram as criações do povo em
geral, e, como a dança, vieram tão facilmente que pareceram ser o patrimônio
natural de todos. A dança também registrava uma mensagem, assim como os
vários instrumentos musicais e cantos contam uma história, dirigia-se para a
ajuda espiritual de Deus e dos ancestrais, expressava alegria por bem sucedidas
colheitas, caça, vitórias em guerra ou as formas de oração para afastar os maus
espíritos que sempre procuram superar o bem. A doença é um desses males. Daí
a associação da medicina com as forças espirituais para o bem. O ritual para
recorrer ao Poder além do homem é chamado de “Magia” [“Magic”] pelos
Ocidentais, isto é, se eles estiverem discutindo África. Exatamente a mesma
crença e prática são chamados de “cura divina” na Cristandade [Christiandom].

A grande civilização dos Pretos que por incontáveis eras foi centrada em torno de
Nowe (Tebas) não surgiu por acaso. O progresso não acontece automaticamente.
Cada passo em frente feito por esses primeiros Pretos foi feito – você pode até
dizer forçado – pelos imperativos do que tinha de ser feito para sobreviver. Tenha
em mente que a sobrevivência espiritual era mais importante do que a física – um
conceito que não se espera que o mundo moderno compreenda de todo.
O desenvolvimento da escrita não é explicado pela simples declaração de uma
“necessidade de se comunicar.” A idéia de permanência pareceu motivar o
desenho de imagens e símbolos que foram o primeiro passo do homem para a
arte de escrever. Significativamente, os escribas originaram-se nos templos
sagrados. E é por isso que tantas inscrições de importância histórica foram
encontradas lá – em paredes, altares e nas colunatas. A Cidade mais antiga do
mundo, que não só tinha o maior número de templos, mas também os mais
antigos, deve ter sido o lugar onde a maior massa de dados históricos teria sido
encontrada, se os saqueadores de diferentes países não tivessem destruído,
roubado, e levado embora tanto dela. Aqui não precisamos nos preocupar tanto
com mais um testemunho, como o de Diodoro afirmando que os Tebanos foram
os mais antigos (primeiros) homens na Terra, de acordo com a sua tradição, e que
eles também originaram os sistemas de filosofia e astrologia – não precisamos
nos preocupar tanto com a sua antiguidade, a qual já está bem estabelecida, como
quanto à perda de grande parte da evidência adicional sobre o desenvolvimento
da filosofia e o início da ciência espacial da astrologia.

Estudiosos Gregos antigos, através de Heródoto, referem-se à conclusão de sua


educação na Etiópia com orgulho e, ao que parece, como uma questão obrigatória
[matter of course]. Tanto tem sido construído contra a raça Preta desde aqueles
longínquos tempos que será difícil para muitas pessoas de hoje perceber que os
brancos do mundo antigo não parecem considerara questão da Etiópia como o
principal centro de aprendizagem como mesmo discutível [era um fato, acima de
discussão.] Mas, temos que nos lembrar constantemente que, racismo como o
conhecemos hoje era praticamente-inexistente. Quando um povo antigo
vangloriava-se de sua superioridade sobre outro grupo de nacionalidade, os
termos da referência eram conquista, dominação política, e algum tipo de mito
para legitimar essa regra. Quando as fortunas da guerra capacitaram uma nação
branca para escravizar toda a população de outro estado branco, ninguém
acreditava que os povos conquistados eram realmente, isto é, por natureza,
inferiores aos conquistadores. Nem os brancos Asiáticos relativamente atrasados
que invadiram o Egito se consideram superiores aos Pretos construtores da
civilização que eles encontraram lá.

A ênfase tem sido sobre a Thebald como todo Alto Egito, o Alto Egito [upper
Egypt] como Alta Etiópia, e Tebas (Nowe) como sua cidade mais antiga e uma dos
verdadeiros primeiros centros da civilização Preta. E nós temos dito que os
brancos antigos assim a consideraram. O historiador Grego, Erasthosthenes,
refere-se a Menes como “O Tebano” [“The Theban”] e primeiro rei de Tebas
(significando a Thebald ou Alto Egito, quando unificado o com Baixo Egito, e o
início da Primeira Dinastia 3100 a.C.). O mesmo historiador observou que o
reinado de sessenta e dois anos de Menes foi um dos mais longos na história, e
que o de seu sobrinho, Atothones, correu próximo em segundo lugar, cinquenta
e nove anos.

Durante este período inicial – e antes de Memphis ser fundada – “A Cidade dos
Cem Portões” espalhava-se por seis milhas quadradas ao longo de ambos os lados
do Nilo. Ela era também a “Cidade Bela” [“City Beautiful”], sendo chamada por
mais nomes glorificantes diferentes do que qualquer cidade conhecida do mundo
antigo. Suas mais amplas avenidas, pautadas com esfinges, templos, palácios e
monumentos poderiam acomodar a variedade de carros coloridos, vinte lado a
lado [twenty abreast]. Ela era também “As Duas Cidades” [“The Two Cities”], ou
“A Cidade dos Vivos” e “A Cidade dos Mortos” [“The City of the Living” and “The
City of the Dead”]. Uma ficava no lado leste do rio e a outra ficava do lado oeste.
Cada uma competia com a outra em uma corrida pela magnificência. Palácios e
mansões estavam em grande parte concentrados na margem leste. Templos,
estando por toda parte, eram tão numerosos na “Cidade dos Vivos”, quanto na
“Cidade dos Mortos” sobre a Margem Oeste, onde os templos mortuários de reis
e rainhas estavam localizados, juntamente com os vários cultos religiosos e casas
de sacerdotes, artesãos, soldados e as massas. A Margem Oeste [West Bank] era
uma tal colméia de atividades industriais, comerciais e religiosos, que “Cidade
dos Mortos”, mesmo que se refira a seus famosos locais de sepultamento, no
entanto, é um nome muito enganoso [misleading]. O status de Tebas como a
cidade capital e centro de atividades imperiais aumentou e diminuiu, com poucas
exceções, de acordo com a raça ou nacionalidade da dinastia reinante naquele
momento. Sendo o centro do poder preto, era um alvo principal para destruição
por invasores não-Africanos e, depois de terem alcançado o controle, eles
estabeleceram novas capitais em outros lugares.

A importância da cidade que tinha sido a inveja do mundo foi ignorada, e muitas
de suas atividades culturais foram tranferidas para outros lugares. Nenhum faraó
branco podia sentir-se nem confortável nem seguro no centro de uma das mais
densamente populadas áreas dos Pretos do império. Os Egípcios de cor
geralmente sentiam-se da mesma maneira. Tebas também foi eclipsada por
vezes, pelos programas de construção de reis Pretos em seu esforço para avançar
do muito antigo para o muito novo, e também com a finalidade de garantir uma
administração centralizada mais eficaz. A construção de Memphis foi para este
propósito. Por outro lado, Piankhi e seus sucessores na Vigésima Quinta Dinastia,
aparentemente, preferiram a cidade capital de Napata no profundo Sul do que
ambas Tebas e Memphis. Será isso porque a Cidade Santa de Napata era como
Meroe, a única grande cidade todo-Preta que nunca havia sido contaminada pelas
mãos dos conquistadores? Podemos assim especular. É claro, porém, que Tebas
refletia as mudanças no poder mais diretamente quer se as mudanças fossem
ocasionadas por forças internas ou externas. Ela declinou conforme Memphis
ergueu-se durante as dinastias I, II, III, IV e V. (3100-2345 a.C.) Estas foram as
primeiras cinco linhagens Africanas a reinar após a reunificação. Houve uma
posterior queda de Tebas depois da Quinta Dinastia, e novamente por razões
internas de natureza bem diferente. É suficiente dizer que, após o período durante
o qual houve uma política ativa de integração de Africanos e Asiáticos através da
capital de Memphis em sua linha divisória (a fronteira entre o Alto e o Baixo
Egito), reis nativos geralmente procuraram restaurar à sua glória antiga a cidade
tão querida ao coração dos Pretos.
CAPÍTULO III

Egito: A Ascensão e Queda da Civilização Preta

PODEMOS AGORA REVER E RESUMIR ESTE LONGO PERÍODO, começando


com um esboço de alguns desenvolvimentos importantes que destacam fatores
na ascensão e queda dos Pretos e uma discussão mais aprofundada desses fatores.
Comecemos, pois, no início, onde alguns dos erros de interpretação
[misisterpretations] foram simplesmente devido à ignorância.

Isso nos leva de volta ao período pré-dinástico de cerca de 4500 a.C. –


Certamente não o começo, mas longe o suficiente. Muitos escritores referem-se
aos períodos “sem rei” [“kingless” periods] antes dos estados centralizados como
o governo dos nobres, oligarquias ou hierarquias, etc. Desde o início, portanto, os
Ocidentais aplicaram conceito Ocidental para instituições Africanas bem
diferentes. Mais tarde, eles descreveram o mesmo tipo de sociedades como “sem
chefes” [“chiefless”] ou, pior, “apátrida” (“sem estado”) [“stateless”]. Eles não
entenderam o sistema constitucional Africano de verdadeiro auto-governo pelo
povo através de seus representantes, o Conselho de Anciãos [Council of Elders].
Tampouco eles parecem entender que o Ancião Chefe [Chief Elder], ou Chefe,
também era o Sumo Sacerdote ou que os outros anciãos também têm funções
religiosas em conexão com seus respectivos clãs. Durante o período pré-dinástico
em discussão eles não eram nem oligarquias nem hierarquias como esses termos
são entendidos no Ocidente. Na verdade, a concepção Ocidental de reinado
[kingship] propriamente dito, era estranho à África tradicional. O que o Ocidente
chamou de “rei” era, na África, o mesmo ancião sênior que presidia o Conselho
de Anciãos, tinha de ser eleito, e só então se ele tivesse a honra de pertencer a
uma família cujos ancestrais ou fundaram o estado ou foram os mais destacados
na promoção do bem-estar de todo o povo.
À essa família, os Africanos deram status de liderança permanente desde que
candidatos descendentes se qualificassem para isso. Os Ocidentais chamaram
isso de “família real”. Mas, novamente, o conceito de “família real” era
desconhecido para a África tradicional, onde o chefe ou “rei” era o representante-
chefe do povo diante de Deus e do homem e era ao mesmo tempo as
personificações da dignidade do povo e o instrumento para realizar a sua vontade.
Muita confusão e problemas se desenvolveram e ainda existem em todo o
continente porque os Africanos geralmente aceitaram expressões Ocidentais e
Asiáticas sem aceitar suas idéias subjacentes. Daí um rei Africano que tentasse
ser um monarca absoluto ou um “ditador oriental” geralmente se encontrava em
apuros com bastante rapidez.

O “BLACKOUT” EM REVISÃO

A conversão de nomes no Egito foi em uma escala tão universal que sua origem e
caráter Africanos foram tão alterados quanto foi humanamente possível fazer.
Pequenas unidades políticas ou estados, que os Europeus denominam como
chefias [chiefdoms] em outras partes da África, tornam-se nomarquias no Egito.

Como os Asiáticos e alguns Europeus estavam fortemente concentrados no Baixo


Egito, tornou-se relativamente fácil para eles se apropriarem exclusivamente não
só do nome “Egípcio”, mas também de todas as realizações dos Pretos no Alto
Egito e no resto do império Etíope. Detendo as costas marítimas e bloqueando
assim o contato Africano com o resto do mundo, esses “Egípcios brancos”
conseguiram perpetuar o mito com tanto sucesso que, até hoje, muitas realizações
notáveis de Pretos em outros lugares do continente são atribuídas à “influência
Egípcia”. Há algo interessante aqui também. Pois, quando se referem à
“influência Egípcia” sobre instituições Africanas, eles estão de fato apontando
para a influência Preta sobre as instituições Pretas em toda a África. Ninguém, a
não ser um tolo, negaria a influência Asiática e Européia no Egito e em outras
partes da África. Este é um fato que é óbvio, mas não mais óbvio do que a natureza
dessa influência como foi discutido em parte anteriormente. Esta pode ser
destacada e separada das instituições básicas dos Pretos tão facilmente quanto
podemos separar o Islã e o Cristianismo da religião tradicional Africana.

Outra situação predinástica a ter em mente diz respeito ao governo nas Duas
Terras. Todos os Asiáticos tiveram seus reis no Baixo Egito e os Pretos tiveram
seus reis no Alto Egito. As longas guerras entre as duas raças foram sobre a
unificação e controle das Duas Terras. Estas lutas aparentemente estavam
acontecendo desde que as incursões Asiáticas começaram nos tempos pré-
históricos. E não era apenas o controle de todo o Egito até a Primeira Catarata
que estava envolvido, mas a unificação e o governo de todo o império Etíope desde
o Mar Mediterrâneo até a própria fonte do Nilo. Este grande projeto e objetivo
devorador ao longo da história da África deve ser entendido se, por exemplo, se
entender por que até mesmo os faraós Pretos do Egito levaram as guerras para o
meio de sua própria raça, tentando subjugar uma Núbia, Wawat, ou Cush
rebeldes. Os movimentos separatistas sulistas e as rebeliões se espalharam à
medida que a influência e a integração Asiáticas se espalhavam pelo Norte.

Vendo o resultado a partir da longa perspectiva da história, a grande vitória de


Menes sobre os Asiáticos, a união das terras brancas e Pretas, e a subseqüente
política de tentar promover a fraternidade através da integração – tudo isso
acabou não sendo uma vitória para os Pretos, mas o começo de sua derradeira
queda e degradação quase permanente como um povo. Foi assinalado que até o
momento da vitória de Menes sobre eles, os Asiáticos eram bem firmemente
contidos arás de uma linha de fronteira ao longo do paralelo 29º. Poucos
[estrangeiros] eram permitidos nas regiões Pretas do Alto Egito. Com a unificação
a situação mudou radicalmente na medida em que as portas para o Sul estavam
agora abertas às pessoas que já possuíam um quarto do país. As massas Pretas
estavam, portanto, apreensivas com as novas políticas de unificação e a
hostilidade geral contra os Asiáticos restringia quaisquer infiltrações imediatas e
generalizadas para o sul. Mas o tempo estava do lado dos brancos, cujos atributos
mais louváveis são a persistência tática quando a ação aberta e agressiva é ainda
inexperiente, e seu planejamento cuidadoso para suas gerações futuras com o que
parece ser mais interesse no futuro bem-estar de seus descendentes do que nos
então vivos. No Baixo Egito eles poderiam esperar seu tempo e superar os
triunfantes Pretos de muitas maneiras. Os reis Asiáticos no Baixo Egito, agora
destronados, ainda tinham um poder direto sobre o Pretos através da “Nova
Fraternidade” de integração e amalgação. O sistema matrilinear Africano tornou
fácil aos Asiáticos o caminho para o trono Africano, quando comparado com o
sistema geralmente patrilinear dos brancos. O que todos os reis Asiáticos tinham
que fazer – seja no Baixo Egito ou no continente Asiático – era promover o
casamento de homens reais com as irmãs mais velhas dos reis Africanos. O
primeiro homem nascido em tal casamento, embora Afro-Asiático, seria o
candidato número um para o trono.

O outro evento a ser aguardado com paciência foi a passagem de tantos grandes
líderes Africanos e a chegada dos mais fracos. Esta era uma certeza histórica caso
ciclos de desenvolvimentos passados não fossem mais.

Mas o tempo parecia mais lento e mais longo durante as primeiras cinco
dinastias, cada uma das quais foi caracterizada por grandes líderes – um período
de setecentos e cinquenta e cinco anos. A lista traz nomes que ainda ressoam
pelos corredores do tempo: Menes, Athothes, Peribsem, Khasekhem, Imhotep,
Zoser, Sneferu, Khufu, Khafre, Userkaf, Neferefre, e outros que restabeleceram o
poder Etíope – um império unido – e o mantiveram sem um desafio sério por
quase mil anos.

Durante esse período, ativo comércio exterior e contatos ampliados com outros
países eram agora possíveis. A estabilidade interna foi alcançada através do
processo de maior centralização do poder em Memphis e da perfeição da
burocracia da vasta administração imperial. O Estado tornou-se o principal
promotor e inspirador do progresso em todas as frentes: Agricultura,
desenvolvimento industrial, ciência, artes, engenharia, programas de construção
maciça, mineração e construção naval. A rápida ascensão e expansão de
numerosos ofícios, cada um uma sociedade secreta organizada, estimulou o
notável desenvolvimento industrial e de construção. A paz e a estabilidade
internas proporcionaram a oportunidade para o desabrochar de um gênio nativo
até então dormente, e a religião foi a principal fonte motivadora. Cada ofício-
sociedade tinha seu próprio sub-deus padroeiro (não confundir com o Deus
Supremo). Foi durante esse mesmo período que a pedra foi usada pela primeira
vez na construção, a escrita hieroglífica foi inventada pela primeira vez, as
grandes pirâmides foram construídas, a extração de pedreiras foi aperfeiçoada e
expandida e Imhotep tornou-se o maior arquiteto do mundo e o “Pai da Medicina
Científica”. Foram sete séculos e meio das páginas mais gloriosas da história do
mundo preto.

Houve uma concentração de alguns dos maiores líderes na Quarta Dinastia, 2613-
2494 a.C. Posteriormente, cada vez menos dos grandes reis pareciam deter a
desorganização que estava claramente se desenvolvendo perto do final da Sexta
Dinastia. A realização mais notável foi sem dúvida a compilação dos Anais da
Pedra de Palermo [Palermo Stone Annals] – uma obra de grande importância
histórica.

O Império Antigo [Old Kingdom] terminou com esta dinastia. A grande riqueza
da nação, o comércio internacional continuado e o progresso interno ofuscaram
a desintegração acelerada no país. Conflitos entre os cultos religiosos lutando por
mais e mais poder político se expandiram. Também se espalharam as rebeliões
de vários chefes, buscando independência de governantes cada vez mais fracos
em Memphis. A descentralização tornou-se a ordem do dia — o dia pelo qual os
Asiáticos esperaram pacientemente por tanto tempo. Sob pequenas áreas
independentes (nomarquias), a penetração e a expansão Asiática na “Terra Preta”
se tornaram a cena normal.

Mais cedo, referi-me ao fracasso Africano em empregar os fundamentos de uma


verdadeira construção nacional, e propus alguns critérios que geralmente eles
não utilizam. Quando isso é feito, nossos estudantes Pretos muitas vezes
protestam que “o mesmo também é verdade para muitos povos não-Africanos.”
Eles gostariam de ter conforto neste fato — pois é um fato — e esquecer todo o
assunto. Mas agora não estou lidando com esses “outros povos.” Estou
preocupado aqui apenas com a vida e a história Africanas. As falhas de um povo
devem servir como um aviso do que evitar, e não como uma justificação para
falhas semelhantes por outros. A fraqueza evidente na unificação do império
Europeu foi a ausência de qualquer programa nacional para o desenvolvimento
de uma solidariedade nacional e um senso de comunidade e pertença nacional
visando a superação das maiores lealdades locais ou tribais.

Para começar, havia muitos estados tributários dentro do império. Sua própria
razão para ser uma parte do império era principalmente o tributo, suas
contribuições regulares ao tesouro imperial. Tais estados não [sentiam-se] e, de
fato, não poderiam sentir-se parte integrante do império. Cegados pela riqueza
que estava sendo derramada no tesouro nacional, os construtores do império
foram incapazes de ver ou entender as exigências do coração e espírito humano
para a formação de atitudes de amor e devoção a uma cidadania nacional. Nós
estaremos discutindo a constituição Africana tradicional mais tarde porque cada
reino e império em expansão na África já teve as diretrizes à grandeza e à
permanência, mas diretrizes que os líderes ou pensaram que se aplicassem
somente aos estados pequenos ou sentiam-se tão ricos e poderosos que as
tradicionais salvaguardas constitucionais poderiam ser ignoradas com
segurança. Nos estados menores ou nas sociedades tribais, o sistema
constitucional Africano operava para promover a igualdade de justiça, o bem-
estar individual e coletivo ou a segurança social e a lealdade ininterrupta ao
grupo. O próprio esquema da organização social assegura tudo isso. A
solidariedade de grupo se tornou um desenvolvimento natural. Um espírito de
fraternidade quase feroz prevaleceu em todos os estados tribais. O trabalho de
expandir esse espírito à medida que a nação se expandia raramente era
empreendido.

Como não havia tal programa na melhor das épocas, a mentalidade de “cada
província-por-si” era palha diante das tempestades das invasões. Os invasores
tinham achado fácil estabelecer outra capital Asiática mesmo em Heracleopolis.
Esse movimento, tendo em vista a tendência geral em toda a Etiópia, devia ser
tomado no momento mais propício — o tempo em que o império estava caindo
aos pedaços e ninguém estava no comando. Mas a pretensão Asiática do poder
imperial e o estabelecimento de sua capital no centro do mundo Preto
despertaram o povo desorganizado e sem líderes para a ira. E os Asiáticos,
aparentemente, não tinham levado em consideração Tebas — Tebas, a sede do
deus da guerra dos Pretos e o lugar de onde sempre vinham os mais poderosos
exércitos Africanos. É claro que, mesmo com esse conhecimento, nem os
Asiáticos nem ninguém esperaria qualquer ameaça de Tebas no estado atual de
caos nacional. Mas os Pretos sempre olharam para Tebas em tempos de crise,
líderes ou sem líderes. Eles o fizeram agora. Os líderes Tebanos emergiram, e
com eles homens de combate levantaram-se para lutar contra os Asiáticos
novamente. Heracleópolis caiu aos Pretos; Mas os reis Asiáticos foram capazes de
manter o Baixo Egito novamente e restabelecer dinastias lá sob Kheti I e seus
sucessores. Os historiadores Ocidentais referem-se a este período como o
Primeiro Período Intermediário, 2181-2040 a.C., e confundem ainda mais uma
situação já muito confusa, misturando os governantes Asiáticos do Baixo Egito
com os governantes Africanos do Alto Egito, e então listando todas as dinastias
sequencialmente para que de tal arranjo não se possa distinguir as dinastias, reis,
ou faraós Asiáticos brancos dos Pretos. Assim, os onze reis Asiáticos do Baixo
Egito que seguiram Kheti, aparecem como “Reis do Egito.”

Devemos fazer uma pausa no início do Império Médio [Middle Kingdom], em


2133 a.C., porque durante os longos 1500 anos cobertos pelo meu breve resumo,
ocorreu um dos fenômenos sociopolíticos mais incomuns. Já foi referido muitas
vezes antes em termos de seu desenvolvimento, mas agora o inesperado
aconteceu, neste momento passamos quinze séculos de fusão Africano-Asiática,
primeiramente, em grande parte no Baixo Egito, mas depois, mais e mais no Alto
Egito Preto. Os descendentes Afro-Asiáticos foram chamados de “Nova Raça”
[“New breed”], cujas características distintivas eram a devoção aos Asiáticos e o
ódio dos Africanos. A menos que este ponto seja compreendido, podemos deixar
de lado o estudo da história Africana no que diz respeito à plena compreensão dos
problemas internos dessa raça.

Em primeiro lugar, os Afro-Asiáticos, ou “Coloridos” [“Coloureds”], tinham


superado em muito os Asiáticos na população do norte durante os últimos 1500
anos. Em segundo lugar, os Coloridos tinham-se tornado conscientes de que
estavam suspensos entre dois mundos, o preto e o branco, e que não eram
plenamente aceitos em ambos. Em nenhum lugar seus pais Asiáticos e outros
parentes brancos consideravam-los ou aceitavam-los como iguais, enquanto que
os Pretos tinham chegado a odiá-los tanto quanto eles odiavam os Pretos. Em
terceiro lugar, desta situação desenvolveu-se um nacionalismo Egípcio
apaixonado e desafiador que restringia o termo “Egípcio” apenas aos Mulatos.
Doravante, nem os Asiáticos nem os Africanos deveriam mais ser chamados
Egípcios. Na verdade, a Nova Raça começou a tratar os Asiáticos como estranhos
e já não os acolhia em massa, mesmo no Baixo Egito. Aparentemente, os Afro-
Asiáticos tinham resolvido que, uma vez que não podiam pertencer à raça preta
ou branca, seriam uma raça por si mesmos, e por direito próprio — a raça Egípcia.
Funcionou. Os Asiáticos, se não misturados, eram agora chamados asiáticos, e os
Africanos, se não misturados, eram chamados Africanos ou Etíopes. Só eles [os
Mulatos] seriam chamados de Egípcios, e os escritores do mundo seguiram essa
classificação do tempo de Homero até o dia de hoje. Vou usar os termos da mesma
maneira em todas as referências subsequentes. No período mais antigo, “Egípcio”
significaria os Pretos; Mais tarde, teria significado Pretos e Afro-Asiáticos. Os
Brancos Asiáticos nunca foram chamados Egípcios, mesmo quando eles
governaram todo o Egito (mesmo os atuais governantes da terra [do Egito] são
descontentes com o termo e muitos preferem ser chamados o que são: Árabes —
Daí, a mudança do nome oficial do país, de Egito para República Árabe Unida
[United Arab republic]).
No entanto, a hostilidade crescente para com os Asiáticos foi devida ao
ressentimento de seus descendentes sobre serem rejeitados como iguais e terem
um status inferior na sociedade sempre que Asiáticos brancos estiveram no
controle. Sua hostilidade aos Africanos tinha sido nutrida desde o nascimento e
permaneceu a mesma. No entanto, eles nunca deixaram de buscar alianças com
os Pretos quando estas se adequavam aos seus propósitos (exatamente como
fazem hoje através da OUA), ou de se casarem com famílias Africanas dominantes
para melhorar e perpetuar seu governo.

A Décima-Primeira Dinastia foi iniciada com governantes pretos mais fortes,


começando com Mentuhotep e seguido por três reis do mesmo nome. Sua
governo foi novamente limitado ao Alto Egito, uma vez que os Asiáticos tinham
restabelecido o seu governo no Baixo Egito durante o período de turbulência e
rebeliões em todo o país. Mentuhotep II, depois de restaurar a ordem no Alto
Egito e promover um programa econômico rápido, tinha voltado-se para o norte
para repetir o grande feito de Menes de conquistar novamente o Baixo Egito.

SUL DA ETIÓPIA

Mas a Etiópia, abaixo da Primeira Catarata, não voltou à união imperial reunida
no Norte. Como vimos, os reinos do sul não pretendiam voltar. Suas defecções
haviam acontecido, uma após a outra, muito antes da desorganização e rebeliões
gerais durante a Sexta e Sétima Dinastias. A hostilidade às invasões Asiáticas foi
sempre maior nas regiões do sul. Muitos dos povos reivindicaram as áreas
mantidas por Asiáticos como seu lar ancestral. Eles queriam o Baixo Egito
conquistado e os Asiáticos expulsos. Menes tinha conseguido a grande vitória,
mas as políticas de integração que se seguiram foram consideradas como uma
traição dos Pretos. Eles haviam perdido a fé na decisão dos reis Pretos de
Memphis, que não só favoreceram a integração mas a promoveram. O movimento
constante dos brancos do Delta para o Alto Egito era prova suficiente para os
Pretos do sul de que o objetivo Asiático era nada menos que o controle final de
toda a Etiópia. Assim como a presença e a influência Asiáticas se espalharam no
Alto Egito, a retirada dos reinos do sul pareceu acompanhar o ritmo.

Mas por que os Pretos que viviam mais longe da ameaça Asiática estavam tanto
mais preocupados — ou pareciam estar — do que aqueles que ainda viviam ao
lado do inimigo no Alto Egito? Mesmo o maior número de refugiados do Baixo
Egito deve ter se estabelecido no Alto Egito, porque a maior concentração de
Pretos estava lá. Esta teria sido a situação em torno de 2400 a.C. A resposta pode
ser que, uma vez que Napata era considerada como a capital imutável e centro do
mundo Preto — e não Nowe (Tebas) de memória gloriosa — qualquer ameaça a
esta área sagrada (Terra dos Deuses) era uma ameaça à sobrevivência da raça em
si.

A primeira grande divisão do sul do império Etíope foi o reino de Wawat, e abaixo
desse estava o reino muito maior de Núbia que, como muitas outras áreas vastas,
enquanto nominalmente uma parte do império, eram em várias ocasiões
independentes. O velho sonho de todos os grandes reis — sejam pretos, brancos
ou mistos — era a consolidação das regiões Norte e Sul. Daí, as constantes guerras
contra o Baixo Egito e, novamente agora, a guerra de Mentuhotep contra a Núbia.
Em ambos os casos — o dos Asiáticos no extremo Norte e dos Pretos no extremo
Sul — a economia foi a força motriz. O controle sobre as costas marítimas não
apenas bloqueou os Africanos do comércio mundial, mas esse fato permitiu que
os Asiáticos e os Coloridos também controlassem indiretamente a economia
doméstica. O registro mostra que, toda vez que este estrangulamento Asiático foi
quebrado, o comércio exterior Africano floresceu novamente e a prosperidade
nacional começou a aumentar. Por outro lado, o Sul da Etiópia (Núbia ou Cush e
Abissínia) precisava estar mais firmemente integrado com o Norte, por mais
pretos que fossem os faraó da época — e também por razões econômicas. Pois o
Sul realmente tinha todo o Egito à sua mercê. O Sul era a verdadeira fonte da
riqueza do Egito assim como tinha sido [a fonte] da civilização Egípcia. As minas
de ouro estavam lá, e também era onde a vasta mineração de pedra, cobre, e
estanho eram realizadas. Aqui a maioria das plantas de papiro a partir das quais
os Pretos inventaram o papel e construíram os primeiros e melhores barcos das
mesmas folhas resistentes. Aqui no Sul estava todo o marfim e a única fonte das
então altamente valorizadas penas de avestruz, etc. Em resumo, o comércio
exterior Egípcio dependia quase inteiramente do Sul da Etiópia. Somado a esses
imperativos econômicos, havia um perigo ainda maior no Norte. Este era o
controle do Nilo, a maior parte do qual — mais de 3.000 milhas — fluíam através
da Etiópia do Sul.

O Alto Egito Preto, estando no meio, foi forçado pelas circunstâncias a


desempenhar o papel principal nas guerras pela unificação em ambas as direções
e, considerando os muitos séculos sobre os quais eles foram intermitentemente
travados, eles pareciam destinados a continuar para sempre. É digno de nota que
todos esses longos esforços de unificação de um império sob um governo
centralizado foram confinados às regiões econômicas diretamente indispensáveis
que eram contíguas umas às outras.

Outros “membros” do império, mesmo aqueles que haviam há muito tempo


deixado de prestar tributo, não foram perturbados. De fato, como eu tenho
indicado, o “Império Etíope” era muitas vezes apenas uma expressão geográfica
no que diz respeito ao governo efetivo sobre todas as suas supostas partes. Para
manter a imagem tão clara quanto possível, devemos continuar lembrando que
em vários períodos da Antiguidade, a “Terra dos Pretos” [“Land of the Blacks”]
significava toda a Etiópia, toda a Etiópia significava toda a África, e todos os
Pretos eram Africanos ou Etíopes ou Tebanos, etc. Havia numerosos estados
independentes na Terra Ocidental dos Pretos (Sudão Ocidental) que podem ter
reivindicado uma aliança de associação com o Império Etíope como uma
expressão de orgulho e nada mais — um gesto simbólico para o grande Estado
que era a “Mãe da raça” e carregava o nome da raça — Etíope. *
[ * — É bem sabido, naturalmente, que “Etíope” (“Ethiopian”) é a representação
Grega do Preto ou o “povo queimado-de-sol” (sun-burnt people).

Em todo o caso, a extensão do território reivindicado, por vezes, para o Império


era tão vasta que, mesmo se houvesse esforços para consolidar outros Estados
que não os diretamente no Norte e no Sul, teria sido impossível na ausência de
sistemas administrativos e de comunicação para a tarefa.

A guerra para trazer a Núbia sob controle começou perto do final da Décima-
Primeira dinastia, continuou por mais de quatrocentos anos, terminando em
derrota para os Pretos do Sul na dinastia seguinte, 1991-1786 a.C. Este período
foi notável para a expansão do comércio exterior, especialmente na Palestina,
Síria, e Punt, a “Idade de Ouro” das artes e ofícios, um vasto programa de
recuperação de terras e melhorias notáveis na irrigação.

Por repetição, uma das maiores das “Grandes Questões” se destaca. Com cada
invasão em massa dos brancos, as características físicas do povo Egípcio
mudavam cada vez mais, tornavam-se cada vez mais “Caucasóides” à medida que
mais e mais Pretos tendiam a se mover para o Sul. Quando as dinastias brancas
continuaram por vários séculos, como no caso dos “Filhos de Israel”, a
Caucasianização Semítica foi acelerada em uma escala cada vez maior. Uma das
mudanças étnicas significativas foi que as únicas pessoas então reconhecidas
como Egípcias (os Afro-Asiáticos) tornaram-se cada vez mais brancas Asiáticas,
tanto em cor, quanto em língua e cultura. O Alto Egito estava se tornando cada
vez menos no Egito Preto. Tebas sob o governo branco estava se tornando um
centro de museus para colecionadores Europeus e Asiáticos. Assim, quando
Heródoto e outros historiadores Gregos chegaram, a Etiópia, como um império,
estendia-se apenas até a Primeira Catarata.

O TERCEIRO PERÍODO DE GRANDES GOVERNANTES

Mas esse tempo ainda estava longe quando Kamose, o último rei de Tebas na
Décima-Sétima Dinastia (1645-1567), iniciou uma Guerra de Libertação em
grande escala contra os Hebreus e a maior das dinastias desde a Quarta [Dinastia]
havia chegado. Esta foi a notável Décima-Oitava Dinastia com uma linha de reis
e rainhas que se tornaram imortais: Ahmose I, Nefertari, Amenhotep II,
Thutmose I, Thutmose II, Rainha Hatshepsut a Grande, Amenhotep III,
Ikhnaton, o “Grande Reformador,” e Tutankhamen. Ela chamada de “Novo
Império”, e assim era, de fato. As massas de Hicsos estavam espalhadas pelo país
e permanentemente estabelecidas como “Egípcios.” Eles tornaram-se integrados
na sociedade Egípcia, estavam contribuindo para seu desenvolvimento em todas
as frentes, e assim não foram perturbados quando seus líderes foram expulsos.
Houve o habitual renascimento da indústria doméstica, agricultura e comércio
exterior, juntamente com a expansão do domínio imperial na Palestina e na Síria
até o Eufrates na Mesopotâmia. Esta expansão do império e sua promessa de
grande riqueza a partir da acompanhante expansão do comércio significava
renovação das guerras contra seus irmãos Pretos detentores do economicamente
indispensável Sul. Desta vez, o novo e mais poderoso governo central foi capaz de
estender seu governo mais para o sul do que nunca; Isto é, até à Quarta Catarata
— quase até à própria Cidade Santa de Napata.

Para os escritores Ocidentais afirmarem a verdade óbvia de que os governantes


Pretos do Egito não hesitaram em travar guerras contra os governantes Pretos do
Sul da Etiópia — afirmar isso teria destruído seu maior mito: de que os Egípcios
(brancos Asiáticos ou Coloridos) sempre foram os heróis conquistadores sobre os
Pretos no Sul. Em suma, como foi dito anteriormente, essas guerras nem sempre
seguiam um padrão racial.

Como seria de esperar sob governantes Pretos, Tebas foi novamente reorganizada
sob a Décima-Oitava Dinastia e grande parte de sua antiga grandeza restaurada.
A construção de templos no grande estilo foi retomada. A Décima-Oitava, como
algumas das dinastias Africanas anteriores, estava bem integrada com “Asiáticos
leais.” Pois havia — não é preciso dizer — milhares incontáveis de Asiáticos que
se dedicaram de todo o coração aos Pretos, assim como havia milhares de Afro-
Asiáticos (Egípcios) tão leais à raça Preta quanto qualquer Preto poderia ser.
Portanto, quando um quadro geral é apresentado, como na minha discussão
sobre as atitudes dos Asiáticos, Afro-Asiáticos e Africanos uns para com os outros,
deve-se manter as grandes excepções sempre em mente. Nada é sempre todo
branco, todo preto e, neste caso, todo meio-branco também. No caso dos meio-
brancos, o registro transborda com aqueles que, contrariamente à regra, odiavam
o fato de seu sangue branco e aderiam aos Pretos e sua causa com mais
tenacidade. Esses são os tipos de resultados que refletem as complexidades e
variações da mente humana, e que tornam a generalização de um povo tão
ridícula.

A “Grande 18ª” tinha começado sob as circunstâncias mais favoráveis, pois uma
das grandes rainhas Pretas do Egito, Nefertari, e seu marido igualmente famoso,
Ahmose I, inauguraram a dinastia. Como era costume, ela [Nefertari] tinha sido
nomeada em referência à algumas das rainhas ilustres do mesmo nome que a
precederam. Nenhuma rainha do mesmo nome antes dela, entretanto,
classificou-se perto da Nefertari da 18ª em participação ativa e liderança em
assuntos nacionais. Ela ajudou seu filho, Amenhotep, no grande trabalho de
reconstrução nacional. Se ela não alcançou as alturas da maior rainha Preta do
Egito, Hatshepsut, foi porque esta última foi uma rainha absoluta, governando
sozinha como um rei (para enfatizar o ponto, ela vestia-se frequentemente em
trajes masculinos reais, incluindo a barba falsa e peruca).
Mas a comparação não é justa, porque cada uma foi grande em seu campo de
trabalho, e esse trabalho era em grande parte predeterminado, e o papel a ser
desempenhado por cada uma era claro. E foi por isso que, no final, Nefertari e
Amenhotep I foram deificados como os fundadores de uma das maiores linhagens
do mundo de governantes e alguns dos melhores monumentos foram erigidos à
sua memória. Teria o povo esquecido Ahmose, seu marido, que era o verdadeiro
fundador?

Rainha Hatshepsut, filha de Thutmose I, era de fato um “homem” em muitas de


suas características agressivas e inflexíveis como uma governante. Como regente
para Thutmose III, ela tendia a ser uma governante absoluta e, confiando-se
habilmente em seus encantos femininos, ela foi capaz de fazer seu próprio
caminho sem um verdadeiro controle pelo Conselho — algo que poucos reis
Africano poderiam fazer com sucesso. Mas isso não era tudo devido a “encantos
femininos” — e talvez não absolutamente. Pois Hatshepsut foi, de fato, uma das
mentes mais brilhantes que já subiram ao trono de uma nação. Seu reinado foi
em duas partes, uma como regente e outra como rainha reinante por direito
próprio. Não havia nenhuma diferença, pois Thutmose III era muito jovem para
contar. Mesmo antes de se tornar governante legal, ela estava ativamente
empreendendo as coisas mais caras para os corações de todos os grandes líderes
Africanos: expansão do comércio exterior, relações diplomáticas internacionais,
aperfeiçoamento das defesas nacionais, vastos programas de construção pública,
segurança do Sul e do Norte através da paz ou da guerra — um de seus “pequenos
projetos” — construindo uma grande marinha para o comércio e a guerra. Seu
sucesso na maioria destas frentes fez dela uma das gigantes da raça.

Enquanto isso, o próximo Thutmose esperava com crescente impaciência e


frustração para suceder uma mulher que, pelo menos para ele, parecia destinada
a viver para sempre. O fato de sua esposa ser filha da rainha não afetou o ódio
realmente mórbido por sua sogra real, a não ser que fosse para aumentá-lo.
Consequentemente, quando finalmente se tornou Rei, Thutmose III, ele próprio
fez o que os Asiáticos e os Europeus viriam a fazer em uma escala tão grande que
a história do antigo Egito como história essencialmente Preta foi quase
completamente destruída — ele se comprometeu a apagar o nome dela
[Hatshepsut] de todos os monumentos e templos que ela tinha construído, a
destruir todos os documentos com o seu nome, esmagar todas as semelhanças
esculpidas, pinturas e, de fato, qualquer coisa que pudesse indicar que
Hatshepsut tivesse alguma vez vivido. Além disso, como mais tarde os Europeus
e Asiáticos iriam fazer com todos os Pretos reconhecidos, Thutmose III teve seu
próprio nome e o de seu irmão gravado onde o de Hatshepsut tinha sido
cinzelado, assim, tomando crédito por todas as realizações dela, além das suas
próprias obras bem conhecidas. Estas foram muitas, e não precisam ser
detalhadas [aqui], já que muito delas repete o trabalho de grandes líderes já
discutidos. A Rainha Tiy também foi uma das Rainhas notáveis do Egito.
Amenhotep III e a Rainha Tiy deram um filho ao Egito que foi Amenhotep IV,
conhecido pela fama como Akhenaton [Ikhnaton]. Ele foi diferente de todos os
seus antecessores. Ele era mais pregador que rei, e foi a maior força espiritual
única a aparecer na história dos Pretos. Seu grande movimento de reforma
religiosa visava um maior foco no Deus Único e Todo Poderoso, Criador do
Universo. Os numerosos deuses menores estavam ofuscando o Todo-Poderoso,
fazendo com que o povo se envolvesse mais diretamente com eles através do
número interminável de cultos concorrentes, e um sacerdócio demasiado egoísta
promovendo os cultos. Tal posição inaudita do líder da nação significava
revolução e certa rebelião pelos poderosos sacerdócios em toda a terra. A nova
doutrina não atingiu as massas e as exigências não-espirituais de liderança em
frentes terrenas colocaram o rei numa situação infeliz. Uma delas foi o contínuo
assédio Asiático nas fronteiras orientais. Akhenaton tornou-se cada vez mais
indiferente à medida que seu movimento religioso declinava. Depois de 17 anos
de esforços heróicos, ele morreu em 1362, deixando as rédeas para Tutankhamen.
Os esforços deste enteado para levar adiante o trabalho de seu pai tiveram apenas
um sucesso limitado. As antigas religiões ainda prevaleciam. O impacto de
Akhenaton sobre a nação, no entanto, foi eterno. Suas reformas propostas tinham
mais a ver com uma mudança na ênfase do que na fé. Mas mesmo isso parece ter
sido considerado como uma ameaça direta ao poderoso sacerdócio que, por mais
que dividido em numerosos cultos, poderia unir-se em uma causa comum.

O poder do sacerdócio aumentou à medida que os reis do Egito se tornaram mais


preocupados com assuntos seculares do que seu papel religioso como sumos
sacerdotes do Altíssimo. Tem-se apontado que a influência política do governante
decorria não da constituição, mas de sua estreita relação com os deuses. Os
próprios sacerdotes haviam promovido a evolução de uma idéia do papel do
governante como sacerdote chefe e intermediário com os mortos ancestrais e os
deuses com a idéia de parentesco do governante com os deuses, tornando-se
assim divino ele mesmo, filho ou filha de um deus, e, finalmente, um deus ele
próprio.

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