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I CONGRESSO REABILITA

Reabilitação Ambiental Sustentável Arquitetônica e Urbanística

PPG-FAU UnB | Brasília


13, 14 e 15 de dezembro de 2018

AVALIAÇÃO DOS PRINCÍPIOS SUSTENTÁVEIS E NOVAS DIRETRIZES


PROJETUAIS DE EMPREENDIMENTO COM USO MISTO:
ESTUDO DE CASO EM TERESINA-PI.

Jadiane Beilfuss (1); Gustavo de Luna Sales (2)


(1) Bacharel, Engenheira Civil, jadi.beilfuss@outlook.com, Centro Universitário Uninovafapi
(2) Doutor, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, gustavoluna@unb.br, Universidade de Brasília

RESUMO
A Agenda 21, para a construção sustentável em países em desenvolvimento, apontou como aspectos
para atendimento aos objetivos ambientais, o estabelecimento de metas para o desempenho ambiental das
edificações, as mudanças nas práticas de gestão do processo de projeto e construção, e a implantação de uma
nova cultura dentro do setor da construção civil para valorizar e minimizar o uso de recursos naturais e
considerar as possibilidades de reciclagem e de reuso dos materiais. Além disso, com o acirramento do
debate sobre sustentabilidade na década de 90, diversos produtos, serviços e empreendimentos, tem se
denominado sustentáveis, promovendo sua publicidade. Nesse contexto, a presente pesquisa tem como
intuito a análise criteriosa do projeto arquitetônico do empreendimento de uso misto sustentável denominado
Viverá, localizado em Teresina-PI, com o objetivo de identificar possíveis lacunas projetuais e analisar a
viabilidade de implantação de estratégias mais sustentáveis para o contexto local. Para o desenvolvimento do
trabalho será realizado levantamento bibliográfico pertinente ao tema e o estudo do desempenho térmico,
luminíco e acústico do projeto arquitetônico tendo em vista as premissas da NBR 15.575. Como resultados,
espera-se identificar possíveis correções dos problemas encontrados e indicar estratégias de projeto mais
adequadas à realidade climática de Teresina tendo em vista a sustentabilidade ambiental, possibilitando
assim traçar diretrizes para execução de construções efetivamente sustentáveis.
Palavras-chave: Construções sustentáveis, edifícios de uso misto, diretrizes sustentáveis, NBR
15.575.

ABSTRACT
Agenda 21, for sustainable construction in developing countries, pointed to aspects related to
meeting environmental objectives, setting targets for the environmental performance of buildings, changes in
management practices in the design and construction process, and the implementation of a new culture
within the civil construction sector to value and minimize the use of natural resources and consider the
possibilities of recycling and reuse of materials. In addition, with the intensification of the sustainability
debate in the 1990s, several products, services and enterprises have been called sustainable, promoting their
publicity. In this context, the present research aims at the careful analysis of the architectural design of the
sustainable mixed use project called Viverá, located in Teresina-PI, with the objective of identifying possible
design gaps and analyzing the feasibility of implementing more sustainable strategies for the local context.
For the development of the work will be carried out a bibliographical survey pertinent to the theme and the
study of the thermal, luminous and acoustic performance of the architectural project taking into account the
premises of NBR 15.575. As results, it is hoped to identify possible corrections of the problems encountered
and to indicate design strategies that are more appropriate to Teresina's climatic reality in view of
environmental sustainability, thus making it possible to draw up guidelines for the execution of effectively
sustainable constructions.
Keywords: Sustainable buildings, mixed-use buildings, sustainable guidelines, NBR 15.575.
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1. INTRODUÇÃO
A relação da sociedade com a natureza, sempre presente na história da humanidade, baseou-se
inicialmente na adequação do homem aos condicionantes naturais como forma de sobrevivência e
contemplação social. Posteriormente, com a chegada da revolução industrial, os recursos naturais passaram a
servir como ferramenta para suprir os interesses e exigências do modo de vida urbano, estando sujeitos à
exploração constante. No contexto atual estão presentes dois cenários que definem a nova relação tomada
pelo urbano e o natural: o primeiro, o modo de consumo capitalista que se sobrepõe ao natural através da
superioridade do dinheiro, e o segundo, a sustentabilidade, buscando inovar com propostas integradores e
desafiadoras apesar dos desafios quanto a sua fragilidade teórica (ABREU, 2004).
O conceito sustentabilidade está em constante construção, inicialmente estava ligado apenas ao
campo ambiental, e atualmente tem abrangido questões econômicas, sociais e políticas (SILVA e SHIMBO,
2001), devendo-se garantir uma inter-relação equilibrada dessas dimensões. Foi adotado nesta pesquisa,
como conceito de desenvolvimento sustentável, o processo capaz de atender às necessidades das atuais
gerações sem comprometer os direitos das gerações futuras (BRUNDTLAND, 1987, p. 16, tradução dos
outros).
No que tange à construção civil, a Agenda 21 para a construção sustentável em países em
desenvolvimento (INTERNATIONAL..., 2002), apontou como aspectos a serem considerados no
atendimento aos objetivos ambientais, o estabelecimento de metas para o desempenho ambiental das
edificações, as mudanças nas práticas de gestão do processo de projeto e construção, e a implantação de uma
nova cultura dentro do setor da construção civil, onde todos passariam a valorizar e minimizar o uso de
recursos naturais e considerar as possibilidades de reciclagem e de reuso dos materiais.
Com o acirramento do debate sobre sustentabilidade urbana na década de 90, o discurso “ecológico”
foi incorporado pelos empreendedores imobiliários que passaram a adotar iniciativas como coleta seletiva,
sistema de água mais eficientes, economia de energia, tratamento de esgoto, com o intuito de suprir a
demanda dos consumidores por edifícios verdes1. Assim, devido à disputa mercadológica diversos produtos,
serviços e empreendimentos, tem se denominado sustentáveis, promovendo a publicidade de seus
empreendimentos (GUERRA, 2012).
Nesse sentido, este trabalho possui como objetivo geral, identificar possíveis lacunas projetuais e
analisar a viabilidade de implantação de estratégias mais sustentáveis para o contexto local no futuro
empreendimento de uso misto sustentável denominado Viverá. A metodologia utilizada baseia-se em amplo
levantamento bibliográfico, consulta de legislações e de profissionais que trabalham e/ou realizam estudos de
construções sustentáveis. A partir dessas etapas, serão realizados estudos do desempenho térmico, acústico e
limínico do projeto arquitetônico tendo em vista as premissas da NBR 15.575.

IMPORTÂNCIA / CONTEXTULIZAÇÃO
O processo de urbanização da cidade se intensificou a partir da revolução industrial, consolidando-o
como opção para organização da sociedade. A população urbana global ultrapassou a população rural, assim,
mais da metade da humanidade passou a viver em cidades. No Brasil, 84,4% da população reside em áreas
urbanas, cerca de 161 milhões de habitantes, enquanto apenas 15,6% da população permanecem em zonas
rurais. Na cidade de Teresina-PI, a diferença torna-se ainda maior pois 94,3% da população mora na zona
urbana e apenas 5,75% mora na zona rural (IBGE, 2010). Neste contexto, a construção civil tornou-se
responsável pela oferta de infraestrutura e verticalização das moradias para a população das cidades, sendo
assim, grande responsável pelo crescimento econômico do país.

1
Segundo Bauer (2009), edifícios verdes ou edifícios de alta performance, são ambientalmente responsáveis e
preservam a eficiência da utilização dos recursos no seu ciclo de vida, isto é, durante as fases de projeto, construção,
operação, manutenção, reabilitação e demolição.
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Em contrapartida, a execução de obras consome mundialmente a cada ano mais de 50% dos recursos
naturais utilizados (PACHECO-TORGAL; JALALI, 2012; MATEUS; BRAGANÇA, 2011). Estima-se que
os resíduos da construção e demolição variam no mundo de 163 a 3658 kg por capita, com valores típicos de
400 kg por capita, que são valores característicos de resíduo doméstico sólido (JOHN, 2000). É necessário
adicionar a este total todos os resíduos gerados durante a produção de materiais de construção.
A construção civil também consome uma quantidade significativa de energia. De acordo com Adam
(2001), a Construção Civil consome 50% de toda a energia produzida no planeta, impactando assim,
significativamente o meio ambiente. Segundo Pessarello (2008) para a confecção de um metro cúbico de
concreto, se gasta em média 160 a 200 litros de água, e ainda na compactação de um metro cúbico de aterro
podem ser consumidos até 300 litros de água. Percebe-se assim, que o setor é responsável pelo consumo de
grande parte de energia, água, insumos e geradora de resíduos.
Ao considerar o desempenho das edificações é relevante observar sua vida útil, os quais tendem a
durar mais de cinquenta anos e as infraestruturas viárias e ferroviárias até mais de cem anos. A construção de
edificações duráveis pode significar menor necessidade de investimento com sua recuperação com o passar
dos anos assim como uma elevada vida útil, evitando o uso dos recursos naturais destinados ao processo de
demolição e reconstrução de uma dada edificação ao final do seu tempo de serviço (MEDEIROS et al.,
2011).
Além disso, Olgyay (2006) destaca que a edificação deve proporcionar conforto ao usuário associado
com baixo custo de manutenção, reduzindo a necessidade de condicionamento mecânico através do
aproveitamento dos recursos naturais.
A cidade de Teresina, conhecida pelas altas temperaturas, principalmente entre os meses de setembro
a novembro, chega a 40°C nos horários mais quentes do dia, além de possuir 14 UIV, ou seja, o maior índice
de Ultravioleta existente, podendo causar danos a pele da população (CLIMATEMPO, 2016). Outras
problemáticas existentes são a pouca eficiência da drenagem urbana na Zona Leste da cidade, a legislação
falha perante a preservação da vegetação existente na zona urbana da cidade, além de a relevante quantidade
de entulho gerado nas obras e descartados de forma irregular no meio ambiente.
O fato é que, a importância da redução do impacto ambiental das construções é uma tendência
mundial, impulsionada pelas exigências governamentais o até por estratégias de mercado. Constata-se então,
que o planejamento e desenvolvimento de diretrizes projetuais adequadas as condições climáticas de
Teresina, será de grande relevância não só para o bem-estar da moradores e empresários instalados no
edifício, como também, um exemplo de como podem ser realizadas mudanças nas técnicas projetuais e
construtivas das novas construções da cidade de Teresina através de investimentos públicos e/ou privados.

2. OBJETIVO
GERAL:
Identificar possíveis lacunas projetuais através do estudo da NBR 15.575 e analisar a viabilidade de
implantação de estratégias mais sustentáveis na cidade de Teresina-PI.
ESPECÍFICOS:
Estudo do desempenho térmico através da transmitância térmica máxima e a capacidade térmica
mínima das paredes externas, da transmitância térmica máxima da cobertura e das áreas para ventilação
mínima em ambientes de permanecia prolongada.
Os níveis mínimos de iluminação natural e artificial serão simulados para análise do desempenho
lumínico.
O desempenho acústico será analisado de acordo com o estudo das vedações externas, isolação ao
ruído aéreo entre pisos e paredes internas e o nível de impacto nos pisos e em coberturas acessíveis ao uso
coletivo.
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3. MÉTODO
Os procedimentos metodológicos estabelecidos a fim de atingir os objetivos da pesquisa são:
Amplo levantamento bibliográfico, realizado no decorrer de todo o processo, que consiste na
pesquisa em livros, periódicos, dissertações e teses, jornais, revistas, artigos científicos, abordando conceitos
sobre aspectos relacionados a construção sustentável e desenvolvimento sustentável;
Consulta frequente de profissionais que trabalham e/ou realizam estudos de construções sustentáveis
para orientação durante a realização do estudo;
Levantamento das legislações (Municipal, Estadual e Federal) existentes, relacionadas ao tema
abordado, para subsidiar a análise do Planejamento de edifícios sustentáveis;
Análise da escolha do terreno e seu entorno, das legislações (municipal, estadual e federal), do
projeto desenvolvido, além do memorial descritivo e justificativo. Os estudos realizados serão referentes ao
desempenho térmico, luminíco e acústico do projeto arquitetônico tendo em vista as premissas da NBR
15.575.
Indicar alternativas para possíveis correções dos problemas encontrados e indicar estratégias de
projeto mais adequadas à realidade climática de Teresina tendo em vista a sustentabilidade ambiental,
possibilitando assim traçar diretrizes para execução de construções efetivamente sustentáveis.

4. RESULTADOS

5. CONCLUSÕES
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, J. L. N. Sociedade Urbana e conflitos sociais na Idade Média. Mneme – Revista Virtual de
Humanidades, n. 11, v. 5, jul./set.2004. ISSN 1518-3394.

ADAM, R. S. Princípios do Ecoedifício: interação entre ecologia, consciência e edifício. São Paulo:
BBBBJriana, 2001. 128p.

BRUNDTLAND, G. H. Report of the World Commission on Environment and Development: our common
future Oslo. Report, 20 mar. 1987. Tradução dos outros. Disponível em:
<http://upload.wikimedia.org/wikisource/en/d/d7/ Our-common-future.pdf>. Acesso em: 10 set. 2016.

CLIMATEMPO. Novo Recorde de Calor em Teresina. 27 Mar. 2016. Disponível em:


<https://www.climatempo.com.br/noticia/2016/11/27/novo-recorde-de-calor-em-teresina-399>. Acesso em: 20 set.
2017.

GUERRA, M. O conceito de desenvolvimento urbano sustentável e sua apropriação ideológica pelo


mercado imobiliário. In: CA de Geografia e Ciências da Terra – CACT. VIII Semana de Geografia da Unicamp.
Anais... Campinas: UNICAMP, 2012. p. 216-220.

IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:< http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-


o-brasil/nosso-povo/caracteristicas-da-populacao.html>. Acesso em: 10 ago. 2017.

INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH AND INNOVATION IN BUILDING AND


CONSTRUCTION. Agenda 21 for Sustainable Construction in Developing Countries: a discussion document.
CSIR Building and Construction Technology, Pretoria, 2002.

JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos na construção civil – contribuição a metodologia de pesquisa e


desenvolvimento. 2000. 102 f. Tese (Livre-docência) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo,
2000.

MEDEIROS, M. H. F., ANDRADE, J. J. O., HELENE, P. Durabilidade e Vida Útil das Estruturas de
Concreto. In: Geraldo C. Isaia. (Org.). Concreto: Ciência e Tecnologia. 1ed.São Paulo: IBRACON, 2011, v. I, p. 773-
808.

OLGYAY, V. Arquitectura y clima: manual de diseño bioclimático para arquitectos e urbanistas. Barcelona:
Gustavo Gili, 2006.

PACHECO-TORGAL, F.; JALALI, S. Earth Construction: lessons from the past for future eco-efficient
construction. ConstructionandBuildingMaterials, v. 29, abr. 2012, p. 512-519.

PESSARELLO, R. G. Estudo exploratório quanto ao consumo de água na produção de obras de edifícios:


avaliação e fatores influenciadores. 2008. 111 f. Monografia (MBA em Tecnologia e Gestão na Produção de Edifícios) -
Curso de Engenharia Civil, Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2008.

SILVA, S.R.M.; SHIMBO, I. Proposição Básica para Princípios de Sustentabilidade. In: ENCONTRO
NACIONAL, II e ENCONTRO LATINO AMERICANO SOBRE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES
SUSTENTÁVEIS, I, 2001, Canela-RS. Anais... São Paulo: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente
Construído, 2001. p.73-79.
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Tabela 1 – Cronograma elaboração artigo Reabilita

JULHO AGOSTO SETEMBRO


ATIVIDADE 01-15 16-31 01-15 16-31 01-15 16-30
Levantamento bibliográfico
Elaboração inicial artigo
Submissão resumo
Avaliação dos resultados
Produção do artigo
Revisão do artigo
Submissão artigo

Observando-se os projetos de apartamentos edificados depois de 2000, percebe-se, assim, uma


grande valorização de seus aspectos estéticos, enquanto as reais necessidades do usuário final deixaram de
ser discutidas: soluções espaciais padronizadas, independentemente dos perfis familiares atendidos, estão
sendo implantadas em todo o país. Desse modo, a propaganda tem exercido papel fundamental, pois faz uso
do “sonho da casa própria” para atrair investidores, incorporando imagens de inúmeros equipamentos
coletivos que visam compensar a redução dimensional dos apartamentos e que, supostamente, trarão mais
benefícios à vida do morador (VILLA; SARAMAGO, 2014).
VILLA, S. B.; SARAMAGO, R. C. P. A qualidade espacial e ambiental de edifícios de apartamentos em cidades médias.
In: Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 3., 2014, São Paulo.
Anais do III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo:
Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2014, p.1-18.

Também tem ocorrido, de maneira crescente, o emprego de estratégias projetuais que se dizem
sustentáveis como uma forma de atrair a atenção de futuros compradores e usuários (VASCONCELOS;
VASCONCELOS, 2008).
VASCONCELOS, D. L. B.; VASCONCELOS, R. L. Sustentabilidade: ferramenta de marketing ou instrumento essencial.
In: VII Seminário Internacional da LARES, 2008, São Paulo. Disponível em: <http://www.lares.org.br/2008/img/Artigo022-Batalha-
Vasconcelos_Rev_2.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2012.

Nesse cenário, empresas do ramo e incorporadoras têm crescentemente participado de processos de


certificação com o intuito de atestar os empreendimentos produzidos quanto ao seu nível de desempenho
ambiental (VASCONCELOS; VASCONCELOS, 2008). Porém, nem sempre os exemplos propagandeados
como “sustentáveis” realmente derivam de sistemas de acreditação, dificultando a diferenciação das opções
fornecidas pelo mercado por parte dos futuros usuários. Ademais, a literatura salienta a necessidade de que
os selos existentes, mesmo quando oriundos de métodos internacionais, se adaptem às condições
socioeconômicas, climáticas e culturais brasileiras antes de serem lançados no país (SILVA et al., 2003;
VIEIRA; BARROS FILHO, 2009).
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VASCONCELOS, D. L. B.; VASCONCELOS, R. L. Sustentabilidade: ferramenta de marketing ou instrumento essencial.


In: VII Seminário Internacional da LARES, 2008, São Paulo. Disponível em: <http://www.lares.org.br/2008/img/Artigo022-Batalha-
Vasconcelos_Rev_2.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2012.
SILVA, V. G.; SILVA, M. G.; AGOPYAN, V. Avaliação de edifícios no Brasil: da avaliação ambiental para avaliação de
sustentabilidade. Ambiente Construído, v.3, n.3, p.8-18, 2003.
VIEIRA, L. A.; BARROS FILHO, M. N. M. A emergência do conceito de Arquitetura Sustentável e os métodos de
avaliação do desempenho ambiental de edificações. Humanae, v.1, n.3, p. 1-26, Dez. 2009.

4. RESULTADOS
4.1 Mapeamento das estratégias de sustentabilidade A localização no território nacional dos
empreendimentos certificados analisados por esta etapa da pesquisa está ilustrada na Figura 2, em que é
possível verificar a predominância de edificações em São Paulo. A tabulação dos dados dessas fichas, por
sua vez, nos permite concluir que, mesmo nos edifícios certificados, a participação das estratégias ainda se
faz de forma incipiente: analisando o recurso água (Figura 3), por exemplo, a principal estratégia utilizada é
a adoção de 20% ou mais de áreas permeáveis (a qual aparece em 68% dos empreendimentos), ao passo que
somente 46% dos mesmos contam com sistemas de reuso de águas pluviais ou com equipamentos mais
simples (como dispositivos economizadores, a exemplo das válvulas de descarga de duplo fluxo e
restritores de vazão); 7% deles possuem sistema de reuso de águas cinzas e/ou de irrigação automatizado e
nenhum edifício fichado possui cobertura verde.
As soluções ligadas à energia também ilustram essa situação, pois os resultados mostrados com a
pesquisa foram que: o emprego de sistema de aquecimento solar (chuveiros) – tecnologia amplamente
consolidada no cenário nacional – se faz presente em apenas 50% dos empreendimentos, a utilização de
placas fotovoltaicas em 25%, aquecimento solar nas áreas comuns em 32%, o uso da medição
individualizada de gás apresentou 46,4% e a utilização de elevadores econômicos em 50% das edificações
analisadas. De forma semelhante, as estratégias relacionadas aos processos construtivos utilizados têm
participação pouco expressiva: apenas 32% dos empreendimentos contam com gestão de resíduos de
construção e demolição, enquanto somente 4% deles seguem princípios de coordenação modular.
As únicas estratégias que aparecem em maior escala (acima de 60% nos empreendimentos e nos
apartamentos) são: iluminação natural e ventilação cruzada – isto é, aquelas relacionadas a princípios
bioclimáticos de concepção projetual, que não necessariamente exigem o emprego de recursos
tecnológicos mais sofisticados. Quanto aos resíduos, também a coleta seletiva aparece com maior
expressividade (64%), porém, o tratamento de efluentes está presente em apenas 4% dos
empreendimentos e nenhum deles indicou a realização de coleta de óleo. Dessa forma, surge a hipótese de
que, para se obter uma certificação de desempenho ambiental no Brasil, nem sempre é necessário adotar
medidas sustentáveis em vários níveis.

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