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Metrópole Corporativa Fragmentada
UNIVÉRSIDADE DE SÃO PAULO
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Franco Maria Lajolo
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I EDITORÀ DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAIJLO
José Mindlin
Cârlos Albeno Barbosa Danlas
Adolpho José M€lR
Benjâmin Abdala Júnior
Maria Arminda do Nâscimenro Arruda
Nélio Mârco vincenzo Bizzo
Ricardo Toledo Silva
I edusP
-
Copyright @ 1978 by Família Santos
cDD 307.76
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SuuÁnro
Introdução
Bibliografia . 125
;
IvrnoluçÃo
As cidades brasileiras crescem muito rapidamente e, entre elas, São Paulo, mais
que qualquer outra. A velocidade é tão grande, a ponto de apagar, no espaço de
uma vida humana, o ambiente de uma geração anterior: os jovens não conhecem
a cidade, onde, iovens como eles, viveram os adultos. Assim, as lembranças são
mais duradouras que o cenário consrruído e não encontrem nele um aPoio e um
reforço (Maria do Carmo Bicudo Barbosa, 7987, p.8-9).
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Irancisco Morato (N.) 47
Itapevi (V.) 39
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São Paulo
1880 2 40 000
1900 200 000
1930 130 1 000 000
1950 17 5,7 16
1960 41.1,7 12
1970 742,2 11,7
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Expansão dà mânchâ urbana do município de São Pâulo (1881, 1905, 1914, 193O,1952, t962.
1972, 1983), em Manâ Doíà Gtosteín, A Ciddde Cldhdestitu, os Ritos e os Miros, jun. 1987.
Fonte: Ce SAI, 1989. Fonte básicâ: Vrllaça, 1978. \
Em Lima, segundo o mesmo âutoÍ, a superfÍcie ocupada aumentou
mais 4,5 vezes no mesmo período, passando de 108,7 km'z, em 1950,
para 142,1 km'z, em 1960, e para 254,8 km'?, em 1970. Em Santiago
do Chile a expansão Íoi mais modesta, mas, ainda assim significativa:
a área construída cresceu de 155,7 kmz para 294,5 km'z, em 1970. Em
San Juan de Porto Rico, a área ocupada foi multiplicada por cinco em
25 anos i,1975l1, enquanto a população apenas dobrou.
Se esse fenômeno é prâticâmente comum aos países subdesenvol-
vidos, mostra, todavia, como aliás é normal, uma especificidade para
cada cidade. Assim, no caso de São Paulo, combinam-se causas gerais
ligadas à história geral da urbanização no Terceiro Mundo a razões mais
particulâres, devidas à história do país, da região e do próprio lugar.
Na maior parte dos países hoje subdesenvolvidos (com exceção da
Argentina e do Uruguai), o desenvolvimento Íerroviário praticâmente
não se deu, abortado pela implantação de um modelo rodoviário, que
iria dominar tanto a configuração territorial do país como um todo
como a configuração urbana. No caso de São Paulo, as ferrovias nào
eram propriamente urbanas ou suburbanas, contrariamente ao que
ocorreu nâ Europa, no leste dos Estados Unidos, na Argentina. Por
o outro lado, a criação de subways á retârdada de praticamente um século
' massa, já que os trens apenâs veiculam uma pequena parcela de popu-
2 lação. Os tramways, rclativamente importantes nâ conformação de um
primeiro esqueleto urbâno, yeem o seu papel limitado. Quando a cidade
âtinge maiores proporções, no final da década de 1950 e início da de
1960, os bondes são eliminados da circulação e seus rrilhos retirados
ou recobertos de asfalto, de modo a permitir que se pudesse implantar
o modelo de desenvolvimento rodoviário que é hoje ainda dominante.
Isso parecia aos administradores da época e mesmo a uma boa parcela
da opinião pública como um imperativo do progresso.
Essa expansão rodoviária, combinada â fatores institucionais,
acarreta, direta ou indiretamente, duas principais consequências: a
primeira se dá quanto ao desenho urbano, com a cidade se expandin-
do ao longo de avenidas radiais mais ou menos adaptadas às linhas
de relevo; a segunda, parcialmente resultante da primeira condiçâo,
verifica-se através de um grande empurrão no processo de especulação
que iria acompanhar a evolução urbana até os nossos dias. A ten-
dência à Íormação de uma cidade espalhada, com as áreas ocupadas
intercaladas com grandes espaços vazios convidatiyos à especulaçâo,
data dos primeiros decênios do século XX (Maria do Carmo Bicudo
Barbosa, 1987). Essa tendência vai, porém, tornar-se exponencial no
último quartel desse século.
O planejamento urbano rem um papel importanre nesse processo, se-
gundo as suaspremissas. Para Nadia Somekh (1987, p. 16) a legislaçào
urbanística joga também um papel no processo. Ela utiliza o exemplo !
das cidades americanas cuja planificação prevê uma densificação e,
portanto, gabaritos mâis altos, para mostrâr que, "de acordo com a
Iegislação vigente e mantidos os atuais índices, Nova York permitiria
um volume de construção capaz de abrigar uma população de 70
milhões de habitantes, Chicago 200 milhões e São Paulo (a cidade)
apenas 20 milhões".
:
A respeito da forma como cresce a aglomeração paulistana, Miranda !
M. Magnoli, em suâ tese de 1982 (p. 78), nota que "o modelo urbano
de habitação uniÍamiliar impõe uma extensão territorial de baixa den-
sidade, para o qual é impossível a estruturação funcional da totalidade
do aglomerado, a organização das infraestruturas, a preyenção a sérios
problemas do meio físico e o controle de eÍeitos decorrentes".
O crescimento horizontal é um raço antigo da evolução paulistana,
eque iria marcar a fisionomia da cidade. Em 1920, enquanto o Rio de
Janeiro já contava com 3 016 prédios, com mais de três andares, todo
Estado de São Paulo tinha somente 625 (Manuel Lemes, 1985, p. 20).
Em 1,933, iá havia 5477 pftdios desse gabarito no Rio, enquanto Sâo
Paulo vai alcançar 4 702 somente em 1,940 (Luiz Cezat de Queiroz
Ribeiro, 1983, p. 52, e Nadia Somekh, 1987, p. 75).
Mesmo com a tendência à venicalização, que também se tornará
característica da São Paulo moderna, pois as torres se erguem tanto
no centro como em bairros residenciais, São Paulo continua, também,
uma cidade horizontal. Segundo Nadia Somekh (1986, p. 70), as resi-
dências verticais ocupariam 1,3 789 246 m2, enquanto as horizontais
tlhzaríam 235 909 498 m2.
Recentemente o ritmo de expansão da cidade vertical se deu de
modo mais rápido que o da cidade horizontal, mas as casas ainda
são a grande maioria dos domicílios, assim como é maior a parcela
correspondente da população. Entre 1981 e 1985, o número de casas
atmentou de 4,23Y" e o de seus moradores de 1,81'Á, enquanto o esto-
que de apartamentos cresceu em 9,36"Á e o dos respectivos habitantes
em 5,91 o/., consideradas as médias anuais.
2
Os Vezros U naauos
[...] surgindo como surgrram da noite para o dia, ao acaso das conveniências
ou oportunidades da especulaçâo, não são los bairros], em retra, contínuos, su-
cedendo-se ininterÍuptamente, como seria em uma cidade planejada: espalham-se
por aí à toa, fazendo de São Paulo, nestes setores mais aÍastados do centro, uma
sucessão de áreas urbanizadas, com interrupção de outras completamente ao
abandono, onde, muitas vezes, nem âo menos uma rua ou caminho transitável
Permite o acesso direto.
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Fonte: ZAN, Pedro, O Àstddo de S. Pa b,21.5.197a
A ESPECULÂÇÃo
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A especulação é velha conhecida da aglomeração paulistana- O
estudo de Caio Prado Jr. sobre a São Paulo do primeiro quartel do
século XX mostra a "[...] especulação de terrenos em'lotes e presta-
ções'(como) o maior veio de ouro que se descobriu neste São Paulo
de Piratininga do século XX. Desenvolveram-se, muitas vezes mesmo,
:
não porque o local escolhido fosse o melhor ou respondesse mais às
a
necessidades imediatas da cidade, mas simplesmente poÍque eram
yendidos com facilidades maiores de pagamento ou acompanhados
de propaganda mais intensa ou mais hábil [...1".
Langenbuch (1971, p.219) revela como a especulação imobiliála
é Íorte nos bairros mais ricos da cidade, quando Sâo Paulo ainda não
era uma metrópole corporariva, assinalando "[...] nos bairros-jardins,
Jardim Paulisra, América, Europa, Paulistano, a ocupação relativamente
lenta de loteamentos residenciais de classe alta". E explica: "lsso se
deve tânto à pressão da população relativamente pequena, inferior à
verificada nos (bairros) destinados às classes pobres, quanto à especu-
lação imobiliária, sempre mais intensa nos lugares finos".
Numa análise penetrante, Rodrigo Brotero Lefêvre (1979) busca
entender o papel dos preços de terenos em negócios imobiliários em
São Paulo, a partir do que chama de "preço geral de produção", cuja
existência, a seu ver, "pode ser explicada pela nâo importância (pelo
menos, não importância fundamental) da localização para o consumi-
dor de apartamentos em grandes cidades, atualmente".Isso se deveria
à disseminação do automóvel, à existência de vias expressas, à atração
dos serviços pela residência. Desse modo, seriam "as camadas mais
pobres e as mais ricas (não consumidoras de apartamento) que apre-
sentâriam mâiores exigências quanto à localização". Quando, porém,
as classes médias se instalam numa determinada área, criam, com os
seus hábitos de consumo, uma "ecologia" particular que participa do
processo de valorização diferencialT.
É nosso ponto de vista que, nestas condiçóes, pode-se falar na ges-
tação, assim, de um verdadeiro sítio social, cujas consequências sâo
semelhantes às do sítio narural como ingrediente do processo especu-
lativos. Âdemais, a acessibilidade depende da dotação diferencial dos
serviços públicos na cidade e é isso o que conduz à disputa das áreas
consideradas melhores entre as diversas classes sociais e de renda. Sem
; dúvida, o fenômeno é mais acentuado em uma cidade como o Rio de
Janeiro, onde as condiçôes naturais demarcam possibilidades diferentes
do que em São Paulo, mas isso não quer dizer que o fenômeno nâo
exista na metrópole paulistana.
A presença do Banco Nacional de Habitação desde 1964 é responsá-
vel por uma pressão recente das classes médias ampliadas, cujo acesso à
2
propriedade e à terra é facilitado pela sua ação. O modelo BNH tem sido
criticado sob muitos pontos de vista. Uma dessas críticas, trazida pela
arquiteta Miranda M. Magnoli, em sua tese de 1982 (p.78), refere-se
à sua total desarticulação: "As soluções por unidades plurifamiliares
são sempre estereotipadas em blocos rígidos, desarticulados entre si,
desarticulados com o entorno, desarticulados com o supone. Esquemas
repetirivos, despersonalizados, anônimos, sem qualquer justificariva
sequer de sistema construtivo".
O modelo BNH é também desaniculador da cidade como um todo.
Yista a posteriori, a escolha das terras para a edificação dos conjuntos
parece ter obedecido a um critério principal, o distanciamento do centro
figurando praticamente em todos os casos como um dado obrigatório'g.
O resultado, como em São Paulo, é o reforço de um modelo de expan-
são radial, deixando espaços vazios nos interstícios e abrindo campo à
especulação fundiária. A localização periférica dos conjuntos residenciais
serve como justificaciva à instalação de serviços públicos, ou, em todo
caso, à sua demanda. É assim que se criam nas cidades as infraesEururas
a que Manuel Lemes chama de "extensores" urbanos, como a aduçâo
de água, os esgotos, a elerricidade, o calçamento, que, ao mesmo tempo,
revalorizam diferencialmente os terrenosr0, impõem um crescimento
maior à superfÍcie urbana e, mediante o papel da especulação, assegu-
ram a permanência de espaços vazios. Como estes ficam à espera de
novas valorizações, as extensões urbanas reclamadas pela pressão da
demanda vão, mais uma vez, dar-se em áreas periÍéricastt. O mecanismo
de crescimento urbano torna-se, assim, um alimentador da especulaçâo, l
a inversão pública contribuindo para acelerar o processolz.
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Os pobres são as grandes vítimas, praticamente indefesas, desse
processo perverso. "Num primeiro momento, para as classes traba-
lhadoras, as transformaçôes revelando-se em melhoramentos, benfei-
torias proporcionadoras de melhores condições de vida, são aceitas
com euforia. Sempre há os que permanecem reticentes, preocupados
em Íace da expectativa de aumento nos impostos e taxas a serem :
pagos" (Regina Célia Braga dos Santos, 7986, p. 7lJ. Mas "qualquer
investimento realizado implica maior valorização do espaço, em geral
muito acima do que a parcela mais explorada da classe trabalhadora
pode pagar, E[a é enrão expulsa para as áreas menos valorizadas, as
quais, mais cedo ou mais tarde, também serão alcançadas pelas in-
versões capitalisras e daí nova expulsão... Assim, a cidade vai sempre
expandindo, incorporando novas áreas e sempre segregando os seus
moradores de acordo com a estratificâção social" (Regina Célia Braga
dos Santos, 1.986, p.72).
O resultado é o mesmo, diferenciação e espoliação, mas o Íenômeno
assume as mais diversas modalidades para cumprir o seu papel negativo.
Vejamos como Ariovaldo Umbelino de Oliveira (1978, pp.77-78) des-
creve a realidade dâ especulâçâo imobiliária, tomando como exemplo
o caso de São Paulo:
NoTAS
9. 'A mâior parre des glebas de terras da Cohab e dos conjuntos habirecioneis situâ-se
na zona l-este do município, em árees comcarênciâ quaseabsoluta deequipementos
coletivos, dis!ântes do centro metropolitano, dos meios de transporte e de locais de
emprego' (Aríete M. Rodrigr.res e Manuel Seab n, 1986, p. 46J.
10. "Como é óbvio, a especulação imobiliáÍiâ nâo se exprime lão-somente Pela retenção
de terrenos que se situam entre um centro e suas zonas periÍéricas. Ela se aPresentâ
tamtÉm com imenso vigor dentro daspróprias áreas centrais, quando zonas e§tâgna_
das ou decadentes recebem invesdmeÍros em servrços ou inÍraesrrururas básicas. O
surgimento de uma rodovra ou vies expressas, a canalização de um simples córrego,
enÊm, uma melhoria r:rbana de quâlqueÍ tipo, repercutem imediatamente no Preço
dos terrenos" (Lúcio Kowarick, 1980, p. 37).
12. Pablo Trrvielli i1982)chama a arenção pâre o fato de que "os inveslim€ntos públicos
sâo Íonte rmporranre de valonzâção dosterrenos numa primeira etapa e,precisamente
poÍ esse razão, estimulem a especulaFo quândo não há uma polírica compleensiva
do solo" (p. 25). É desse modo que âs inversões púbhcás "dào orientâção espacial
à especulação com os terrenos" (p. 26).
;
2
OcupaÇÃo PrRrpÉnrce r
RnlnoouçÃo oo CrwrRo
O Pnoale:r,r a DA HÂBrrÂÇÀo
Fotrre: Emplâsa, S/állio d" Ddtlos da C.dnde Sào Pdulo, 1986, rábelá v1
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a Núcleos de alé 49 hÂÍl.àcos
Fâv€las de 50 ou mais Darracos
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Font€: Emplãsa, S,urro d. Dados, 1961. Des.: OrirrST
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A população paulisrana que vive em domicílios exíguos tende a
crescer. Os números fornecidos para a Grande São Paulo pela PNAD -
Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar -, de 1985, podem ser
sujeitos à dúvida, pois mostram uma diminuição do número de do-
micílios com mais de quatro dormitórios. No entanto, é expressivo o
aumento daqueles com apenâs um ou dois dormitórios, assim como o
crescimento da população neles residente.
Meis de 5 salários mínimos t30 7712 652 420 104 07E 2 064 668
Total 217 2654 1 367 518 382 548 3 923 178
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A OCUPÂÇÃO P ERIFÉRI CA
Pelo Íato de que o preço da terra sobe nas áreas mais bem dotadas,
; perto do centro, a maior parte das pessoas termina sem poder instalar-
se em localizações centrais, devendo ir morar cada vez mais longe Em
7960,77,4"/" da população da Grande São Paulo vivia no município
de São Paulo; slao 64"/" em 1984. Em 1950, 83% da população da
a área metropolitana vivia nas partes centrais e 177" apenas na periferia;
já em 1980, as áreas centrais abrigam 72%" e a periferia, 28Y". Entre
t-
: L960 e 7970, a população cresceu em 147o no centro, 31Y" na perí-
Íeria imediata e 69"/o na periÍeria intermediária. Entre 7970 e 1980,
enquanto a Região Metropolitana como um todo via sua populaçâo
aumentâda em 54%, a municipalidade de Sào Paulo conhecia um in-
cremento de 43oÁ, Os demais municípios cresciam demograficamente
entre "100 e 4267o. Dentre os novos habitanres encontrados na Região
Metropolitana de Sâo Paulo ettre 1970 e 1980, 4OYo foram para os
municípios da periferia.
Em comparação com a Região Metropolitana, o município de Sâo
Paulo vê sua população decrescer nos últimos quarenta anos. Nela
viviam 83,8% da populaçâo metropolitana, em 1940, e, em 1984,
apenas 64,5Y":
1940 83,8
1950 8 t,1
1960 77,4
1970 72,8
1980 67,6
1984 64,5
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Isso se verifica a despeito do fato de que o incremento demográÉco
da área metropolitana de São Paulo é, em grande parte, absorvido pelo
município da Capital.
Não se deve, assim, inÍerir que a periferia urbana (no sentido
de áreas distanciadas do centro) acolha menos gente que o miolo =
[...] pode-se dizer que não exisria, até 1918, uma clara e de6nida segregação
espacial na cidade de Sâo Paulo. Estava ocorrendo, no enrânto, o início de um ô
processo segÍegâtório, que iá levava setores da classe dominante a procurarem
bairros exclusivos da elite e a rransformar o centronufita zonâ nobre, assimcomo
a discriminar os beirros que epresentavam uma carâcterístlca mais acentuedâ
de ocupação operária. Estes' no entanto, não eram habitados exclusivamente
pela população de baixa renda, mas incluíam também, por vezes' habitações de
classe média e até burguesas, além de indústrias e do coméÍcio local, como é o
caso do lpirânga e mesmo do Brás. O que nos parece Íundamental notar é que a
"solução cortiços e casas alugadas", sem incluir o fenômeno dâ periÍerização, é,
ne sua natureza, um modelo que não permrte, rrumâ cidade densa e concentÍadâ
da escala de São Paulo de entâo, a existênciâ de uma segregação espacial rnulro
acentuâda que possibilite uma distriburção totalmente desigual dos investimentos
públicos, como a que será vrável a partir do desenvolvimento do padrão periférico
de crescimento urbano.
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Domicílios
Localizaçào Yalor médio de Com água Ligados à rede Ligados à rede
terrd (1975) gerul de esgotos elétrica
Núcleo 4 993 81,6 73,9
PeriÍeria imediata 1070 80,7 33,9 94,5
Periferia 93 59,6 4 88,6
: intermediária
Um traço distinrivo - real dessâ vez - entre as cidades dos países de-
senvolvidos e as dos países subdesenvolvidos estaria na existência nestes
de extensas periferias ocupadas por Bente pobre, a quâl, seja qual for sua
localização na cidade, é geralmente desamparadâ pelo poder público,
que, além de não lhe proporcionar os serviços essenciais, Íaramente
lhe paga alocações de desemprego, quando este é o caso. O exemplo
do Brasil é o de um país onde o salário-desemprego Íoi insrituído ape-
nas em 1986, o número de beneficiários e o tempo de remuneraçâo
são mínimos e a somâ que é pagâ, ridícula em relação às necessidades
básicas, pois, em geÍal, nem âlcânça um salário mínimo.
7
Quando o imposto territorial conhece um cÍescimento mais rápido
que o do imposto predial, os pÍoprietários de terra mais abastados têm
maior oportunidade de reter seus terrenos que os mais pobres, muitos
dos quais também não podem construir. O aumento do imposto terri-
torial, tantas vezes apontado como solução à questão da especulação,
não gârante os resultados assim desejados mas, ao contrário, pode pre-
cipitar o movimento no sentido da concentração das terras disponíveis
em poucas mãos. Infelizmenre, a rendência nas cidades brasileiras é a
elevação mais rápida do imposto territorial do que a do imposto predial.
A pressão dos moradores e suas associações é, nesse particular, mais
convincente que a dos proprierários de terras, cuja causa é menos sim-
pática. Assim, no Rio deJaneiro, entre 1970 e 1980 o valor do imposto
predial passa de Cr$ 32,30 para Cr$ 11 407,40, enquanto o do imposto
territoriâl sobe de Cr$ 42,20 para CrS 31262,10, tomado o exemplo
de um morador em terreno de 400 m'1(Hélio de Araújo Evangelista,
O lmpacto da Expansão Metropolitd?td numa Área Periférica, mar.
1981). O imposto predial é multiplicado por 356, enquanto o imposto
territorial cresce 744 vezes.
O progresso técnico também dá sua contribuição ao apressamento
do processo de expulsão das favelas, porque a evoluçâo dos processos
construtivos facilita a conquisra dessas áreas por habitantes das cama-
das mais altas da sociedade urbana.
O progresso técnico certâmente não âtua isoladamente, ele nâo tem
força causal por si só. Ao mesmo tempo, colaboram as novas condições
da especulação numa sociedade crescentemente de consumo, a pressão
das novas classes médias geradas pelo sistema econômico e político e
o próprio papel do Estado, por meio das facilidades abertas às classes
médias para obterem uma casa ou apanamento próprios. Nos locais
os habitantes de favela puderam se organizar politicamente, o processo
de expulsão não se deu ou foi mais lento.
Os bairros cuja populaçâo dispõe de uma renda alta são mais bem
contemplados corn sewiços públicos do que aqueles onde a renda é mais
baixaT, Veja-se o exemplo do percentual de residências com instalação
sanitária ligada à rede geral. Há variações segundo os subdistritos, mas
essas variações são enúe níveis máximos nos subdistritos mais ricos e
entre níveis mínimos naqueles mais pobres.
Não se rrara aí de uma relação de causa e efeiro, como pode ter
sido invocado ou tende a parecer à primeira vista. A explicação deve
ser encontrada na decisão política de sâtisfâzer a certas camadas de
população em detrimento de outras, mesmo quando estão em,ogo
serviços essenciais.
O esquema centro-periferia desfavorece amplamente os habitan-
tes dos municípios periféricos, quanro à disrribuição dos serviços
de saúde. O município de São Paulo dispõe, sozinho, de 69,27" dos
hospitais, 78,6%. dos leitos hospitalares, 69,47" dos ambulatórios e
mesmo 77,47o dos pronto-socorros e 75,9Yo dos centros de saúde da
Região Metropolitana. A distribuição geográfica do número de leitos
hospitalares varia, em 1975, de I a 40, sendo a Oeste a sub-região
mais bem servida e a menos equipada a Norte. Porém, o centro reú-
ne uns 640/" do total de leitos. Quase dez anos depois, em 1984, as
disparidades se mantêm, os coeficientes variando entre um mínimo
de 0,15 e 12,66 leitos por mil habitantes, isto é, uma variação de 1
para 84. Os leitos em hospitais privados correspondem a 73,42"/"
do total, mas em quâtro subáreas chegam a 100%. No município
de São Paulo, tomado isoladamente, o esquema se reproduz, pois o
conjunto Íormado pelo centro e pelo centro expandido reúrc 57,4Y" I
dos ambulatórios, 56,2o dos pronto-socorros e 15,3% dos postos
ã
de saúde.
Mais de 787o da população escolar do ensino primário, ou seja,
1.062872 crianças, vão a pé para a respectiva escola (Primeiro Cen-
so Escolar, PreÍeitura Municipal de São Paulo, 1977). lsso Íaz com
que uma parcela considerável da população seja, para esse serviço,
dependente da área contíguâ. O faro de que essa Íunção seja largamente
exercida pela iniciativa privada mostra até que ponto o ensino pago
pesa sobre o orçamento de centenas de milhares de pessoas, empo-
brecendo-as assim.
Na Grande Sâo Paulo, a panicipação do setor privado quanto âo
número de leitos de hospitais gerais é maior que a de leitos especializa-
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Mu.icipio dc São Pâulo: disÍibuição de hospitâis e leiros, sesundo ás zonás. Fonre: Emplâsa,
§u,,1àrio de Dddos,1987. Fonte dos dádos básicôs: FIBGE, Censo Denográlico do Esrâdo de Sào
Pádo, r940, r950, 1960, 1970, 1980. \
REDE PÁRÀ-HosPrrÀLAR
DrsrRBuÇÀo DE AMBULÂTóNoS, PRoMo-SocoRRos E CENrRos Dt SAúDE
GR^NDE SÀo P^uLo I 98 1
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5000 10000 15000 25000
Fonr.i lan Thomson, "EI TraNporre UÍbano en Américã Lárine, Consideraciones Acerca de su
Ipeldad y Efcrcncia", Revista de C€páI, o. 17,aeo.1982.
\
Quanto mais gente vem para a cidade, com o consequente âumen-
to de número de pobres e devido aos mecanismos geoeconômicos já
descritos, mais o centro "cêntrico" cresce, se avoluma e se expande.
O valor relativo da terra sobe mais (no centro), dando assim um novo
impulso ao fenômeno da especulação imobiliária em toda a cidade.
A diversificaçâo de funções e a sua expansão acarretam, com a dife-
renciação consecutiva de usos da terra, uma valorização diÍerencial
e umâ competição pelo uso dos lugares. É uma nova razão para o
agravamento da especulação. A pressão das classes médias por serviços
cada vez mais diferenciados, especializados e numerosos é um dado
suplementar para uma nova diÍerenciação de valores, causa tambérn
de especulação fu ndiária.
O traçado dos metrôs mais antigos é entrecruzado, as diversas linhas
cortando-se em diversos pontos, criando-se, assim, uma diversidade
de nós privilegiados dentro da cidade. Os ponros acessíveis são, desse
modo, numerosos.
Nas cidades cujo território foi conÍormado através do traçado
rodoviário, sobretudo quando o plano urbano é originariamente radial,
como no caso de São Paulo, o centro histórico se avantaia como nó de
circulação, lugar onde a acessibilidade é relativamente muito maior que
em outros pontos, situação cuja tendência à reprodução é cumulativa.
z Ao longo da história urbana esse privilégio somente faz aumentar'0.
Pelo fato de que não se difundem regularmente na periferia, os
serviços se tornam mais caros nas áreas distantes. Porque nâo há para
eles um mercado suficientemente volumoso nessas áreas, tendem a
; crescer no centro da aglomeraçâo. Assim se reduzem as possibilidades
de criação de outros serviços na periferia, aumentando outra vez as
oportunidades no centro. Esse verdadeiro círculo vicioso reforça as
rendências estruturais.
Todavia, numa área tão extensâ quanto a Região Metropolitana
de Sâo Paulo a contradição centro-periferia tem de ser manejada corn
cuidado, ao menos por duas razões. Em primeiro lugar, o próprio
município núcleo tem o seu centro e a sua periÍeria. Em segundo lugar,
|.. os municipios não-cenrrais repetem esse mesmo modelo, na medida
em que dispõem de suas próprias burguesias e de uma segmentação
socioproÊssional que induz a uma segregação socioespacial e a uma
valorização diíerencial dos terrenos.
ANExos
=
Francisco
Moraro ro 636 149 6 945 415 0.01 0.65 0.04
Franco da
16 201 1792 12 278 2 893 0.11 0.76 0.18
Rocha
Guararema 3 487 125t 1960 1241 0.36 0.56 0.36
Guarulhos 200 446 68 444 102 543 o
52 816 0.34 0.51 0.26
Itapecerica
22 047 5 563 11503 1 0.21 0.52 0.00
da Serra
ltapevi 16 742 1667 t2 402 t759 0.10 0.74 0.10
ltaquaque-
26 011 2 672 17 647 545 0.10 0.68 0.02
cetuba z
Jendirâ 15 643 1039 8 541 1173 0.07 0.55 o.07
c
Juquitrba 3 620 554 1702 0.15 o.47
MairipoÍã 7 212 1538 3 578 L765 o.21 o.49 o.24 \
B c D
Donicílios
potti. ld- Númerc de Li7a@o de Ligaçào de B:A C:A D:A
fes penfia- ueículos água esgotos
c
Populaçào 1982 Veiculos (pot mil habirl tes) 1982
Capital 9 008 330 S. C. do Sul 272,4
Guarulhos 613 910 Capital 200,2
Sanro André 577 481 S. B. do Campo 199,0
Osasco 517 060 Sânto AndÍé 167,9
S. B. do Campo 4t4 ?98 Aruiá r30,8
N
PoPuldção 1982 Veículos (por tnil hdbitafltes) 7982
Diadema 27 5 817 Moji das Cruzes 123,3
Mauá 232 531 Ribeirão Pires 115,6
Carapicuíba 230 637 Suzano 94,8
Moji das Cruzes 209 924 Cotia 85,5
S. C. do Sul 164 325 Cuararema 83,7
Embu 128 976 Mairiporã 7 5,8
Taboão da Serra 113 685 Guarulhos 72,4
Suzano 112 012 Salesópolis e Santa Isabel 71,3
Itaquaquecetuba 85 472 Santana do Pamaíba 70,9
Beru€ri 84 852 Juquitibe 61,4
Cotia 71765 Osasco 60,1
ltapecerica da Serra 70 766 Itapecerica da Serra
Ribeirão Pires 63 3s4 Poá 57,6
Ferraz de Vasconcelos 63 L82 Biritibâ-Mirim 52,5
Irâpevi 59 750 Embu-Cuaçú 48,9
Poá 57 334 Caieiras 48,4
Franco da Rocha 53 527 Taboão da Serra 44,4
Jandrra 43 415 Franco da Rocha 42,6
Francisco Moraro 33 510 Mar,lá 40,3
Santa Isabel 31 696 Itapevr 37,0
MaiÍiporã 29 052 Baruel 35,9
Caieiras 27 1.60 Ferraz de Vasconcelos 33,0
Caiamar 25 000 Diademe 30,7
Embu-Guaçú 23 804 Itaquaqr:ecetuba 27,6
Rio Grande da Serra 23 422 Jandira 26,7
Aruiá 19 385 Caiâmâr 26,3 ;
Guararema 15 517 Rio Grande da Serra 23,0
=
Birtiba-Mirim 14 276 Embu 19,0
Juquitiba 13 710 Caraprcuiba L6,9
Santâna do Pârnaibâ 11 2tl Francisco MoÍaro L6,4
Saleúpolis 10 785 Piraporâ do Bom Jesus 8,8
Prrapora do Bom lesr.rs 5 015
\l
Coeficientes de mortalidade infantil 1982 CÍioçio ile nouos empregos 1982
Ferraz de Vasconcelos L25,52 Capital 111 389
ftepevi 101,58 S. B. do Campo 6 994
Mairiporã 98,54 Guanrlhos 5 443
Santana do Parnaíba 95,89 Diademe 3 795
Poá 94,89 Embu 3 768
Pirapora do Bom Jesus 93,02 Osasco 3 471
Itaquaquecetuba S. C. do Sul z 496
Diâdemâ 90,68 BaÍueri 1434
Embu 85,50 Cotu 1350
Itapecerica da Serra 85,19 Maú 1242
Carâpicuíbâ 84,63 Ribetão PiÍes 755
FÍancisco Morato 7 5,81 Taboão da Serra 700
Osasco 74,7 5 Itapevi 550
Arujá 73,57 Ferraz de Vasconcelos 455
Guararema BiÍiribâ-Mirim - 13
Santo André 41,E5 Arujá -16
Caiamâr 47,43 Jandrra -24
Taboão da Serra 38,05 lraquaquecetuba -41
Salesópolis 37,74 MairipoÍã 66
BarueÍi 33,28 Santa Isabel , J15
t.
Coeficientes de mortahdade infantil 1982 Criação de fiouos elfipreps 7982
S. C. do Sul 24,04 Moji das Cruzes - 635
tuujá, Salesópolis
e ltapecerica da Mauá 0,9
Serra
Rrbeirão Pires e
2,1 S. B. do Campo 0,8
Santo André
Mairiporâ e Santa
2,0 Capital 0,7
Isabel
Mauá 1,6
Cajamar e
0,6
Carapicuíba
Taboão da Serra 0,4
Itapevi 0,3
Itaquaquecetuba
0,2
e Barueri
\
NorÂs
1 DsrRrBuçÀo Dos DoMrclllos SEcuNDo RENDÁ E TlPo oE OcuP ÇÃo (EM 7o)
2. É assim que, nos últimos qurnze anos, drz Mirânde M. Magnoli (1982,p.781"t
extensão do espãço do tecido urbano se fez esp€cialmente em egÍuPamentos de
morâdias sem a menor condição de habrtabilidade"
Segundo Aríete M. Rodrigues (1981), "o espaço ocuPado Peles feveles câracte-
riza-se, no geral, pela insalubridade, topograÊa acidentada e difícil acesso: maÍgens
de c&rcBos \36,7"/"1; âreas com declividades médiâ e alta (51,8%); charcos e áreas
sujeitos a frequentes inundações \22,4"/"). Oc,upam as piores teÍÍas, as que Íào
interessam, nurn determinado momento) à expansão do casario uÍbano; âs árcas
de topograÊa mais acidentada, onde sâo frequentes os de§lizâmenlos de terra e des-
barrancamentos de barrâcos; es marBens de córregos, onde são lânçados os esgotos
e céu aberrc e que, em gerâI, exalam mau cheiro e sâo focos de doençâs, elém de
peíiodicamente soÍÍerem inundeç&s".
3. Em 1975, já se registravam na Grande São Paulo c€rce de 610 mil moredias âuto_
construidâs, entÍe es quais âproximadamenre 450 mll na periferia do município de
São Paulo e cercâ de 160 mil nos outros municípios. Segundo PedroJacobi (1982, p.
55), "mais de 50% dessa populeção tinhâ renda Íamihar entre dois e cinco sâláriôs
mínrmos". Esse mesmo âutor indica que, 'em 1977, as famíliâs âutoconstruidoÍas
já estavam em tomo dos 700 mil, localizádes, na sua trande maioria, na periferiâ
da crdade". Daí em drante o Íenômeno não pârou de ampliar-se.
8. Umâ pesquisâ de cempo empreendida em 6ns da década de 1980 pela Emplasa idemi-
6cava na Grande São Paulo, além docentro pÍincipal, quatrocentros especiâlizados:
Bom RedÍo (vesluário), avenida Pâ'rlistâ (serviços financeiros), avemda Faria Lima
(escritóÍios) e Vila Marianai quatorze centros locais polarizando áreas definiüs:
l-apa, Santana, Brás-Belenzinho, Pinheiros, Santo Amaro, Osasco, São Bernardo
do Campo, Santo André, Sâo Caetano do Sul, Saúde, Ipiranga, Penha, Guarulhos,
Moji das Cruzes; e dois centros locais em formação: Ibirapuera e Jabaquara.
:
IMosrLroÂDE, Relerne E FRecurwraçÃo
oe Mrrnópor-s. Os TneNsponres
:=
('/.)
Metrô 8,82
Trens 4,78
Ônibus 50,72
Táxi- lotação 2,30
f/")
Automóvelparticular 32,30
OutÍes modalidâdes 1,08
Fon(ei S€cretariâ Muni.ipal de Transpoú€s, r985 \Shoppiry Neús,
.I J.1987).
Ônibus/Metrô' 8 750
ÔnibuVlrem' 7 000
De0a2 7,7
Cidades (%)
Birmingham 68
Liverpool 74
Londres 84
Manchester 73
Newcasde 71
Tempo -l
Meio principal de tTansporte
uiasens ("/")
Local de residària
Dos empregados ligados Dos demais em-
à produção (%) ptegados ("/")
Cotia
69,4 43
Osasco
5,6 2,3
São Paulo
12,8 52,2 ?
São Roqr:e
72,1 2,5
Outros :
Números absolutos 7231 398
:
Fonte Âna Fâni Âle$andri Cárlos, 1986, p. 166
Transportes, sabe-se que "em Sâo Paulo, em 1965, era possível adquirir
com um salário mínimo 609 bilhetes de ônibus, em 1981 esse número
passou para 437 e, em março de 7985, para apenas 405" (Folha de
S. Pau\o,9.3.1985). Segundo o diretor do Dieese, economista §Talter \
Barelli, as seiscentas passagens de ônibus que um operário ganhando
salário mínimo podia comprar em 1965 reduzem-se para 536 em
1970, enquanto eram somente 333 em fins de maio de 1,984 lFolha de
S. Paulo, 5.5.1985).
A crise econômica repercute sobre o volume da circulação na cidade:
Viagens reelizadas 1.4 900 846 1.5 373 852 15 087 830
Passageiros tÍanspoÍados 1. 264 038 229 1 293 528 776 1 266 231 386
:
Noras
1.' À população encortiçada de São Paulo predombantemente anda a pé: quase 60%
do total das pessoas. Consrderendo-se três anéis sucessivos denüo dâ áreâ enconi-
çada, os que mais se locomovem e pé são os situados no miolo, no anel central; o
contrárro se dá quanto aos que se vâlem de ônibus para os seus deslocamentos.
Tais númeÍos podem estar em coÍÍeleção com o fato de que boe parcele dessa
populâção encontrâ emprego nas áÍeas centreis, b€m como âí realizâ suas compÍas
e e[contre os serviços de que utilize.
2. Segundo VikneÍ Periâs (1985), â pârre das viagens diáriâs que, em 1982, câbiã
âos üansportes coletivos âlcânçavâ 617" do total (11,8 mrlhões de viâgens), € âos
=
Íranspones individuâis,39% do toral (7,5 milhóes de viagens).
3. Entre 1981e 1982, o númeÍo de câÍrospâss de 7524 236 pâí^ 1 547 388. O número
de veículos praticament€ não cÍesce, se compâremos esses 23152 novos cerÍos com
o âdéscimo de 363255 eitÍe 1976 e 1980, umâ nédia ânuel de mais de 90 mil.
A frota de veículos cadastÍados conhece, pois, na Crande São Paulo, a pertiÍ de 3
1981, uma evoluçâo b€m mais lenta que nos anos anterioÍes. Tomando-se o índice
100 paÍa 1977. o dos ànos seguinres vâria assim:
1977 : 100
1978 : 114
1979 : t23
z
1980 : 132
1981 : 140
1982 : 143
1983 : 145 (âté tunho)
Foíte: E6?l^sa, Sanáno .!e Dados .1. 1983,l9E4
Essa é, porém, uma situaçã o coniu nturâ|. A estrutura da sociedade não havendo
mrldado, nem a da aglomeraçào, a rendência é que o número de auromóveis volte a
crescer Na cidade de São Paulo, a Írota de veiculos passa de 2,1 milhões, em 1983
e 1984, paÍe 2,4 milhões, em 1986 (Folha de S. Pallo, 30.7.1988).
Noras
A propósito da crrse fiscal das metrópoles brasileiras, ver dois estudos recentes de
Thompson A. Andrade, publicados pelo Imtiruro de Planeiamento Ec'onômico e
Social (Ipea), em 1987: Texto n. 114, "Endividamento Municipal: o Estado Átuel das
Dívidas das Capitais Esraduais", agosto de 1987, e Texto n. 125, "Endividamento
Munrcrpal: Análise da Situâção FiÍranceire de Quatro Capitais Estaduais: Sâo Paulo.
Rio deJaneiro, Belo Horizonte e Salvador", dezembro de 1987 (Inpes, Insrituto de
Pesquisas). Especifrcamenre sobÍe São Paulo, ver também Luiz Ablas, 1988, e Lúcio
Kowarick e Milton CampânáÍio, 1986.
2. À parre das despesas munrcipais que, na Grande Sâo Paulo, vai às infraestrururas e 2
serviços cai entre 1970 e 1977:
:
1970 1977
Munrcípio de São Paulo 63 36
Demais nove municípios
industrializados
41 i6
Demais 27 municípios 46 44
Grande São Paulo 58 36
Foúle: José Zêno Fonána,1979, Bbela XLL
:
5
Sudeste Notte
S. B. do Campb 234 Frâncisco Morato l3
S. C. do Sul r39 Franco da Rocha 13
Diâdemâ J6 CaieiÍas 49
l,este
Suzano 62 Baruefl 16
Itaquaquecetuba 26 Oeste
Ferraz deVasconcelos e Guararema l8 Jandira l8
Fonre: Eúplasa, 1975
,
Famílos com renda menor Famílias com renda maior
Municípios que à»s s,tlànos mirumos que anco sahnos mínimos
(%) fk)
Sâo Paulo 12,5L 53,29
Sanro André t0,49 56,91
S. B. do Campo r0,90 s8,62
S. C. do Sul 8,31 64,49
Fonte lndiadole' da euoluçno socoe.onôúi.d. Em 5i.€.8, Sisrem, d€ lnfomações d.s ReBics d€ Go
Juquitiba 8,3
MLnicípios da Crande São Palrlo (%)
Salesópolis 72,9
população aten'
popula@o seruido
dida por esEoto analfdbetos (1970)
por ágaa (1970) (1970)
S. B. do Campo 77 69 18
2
C. do Sul 96 95 14
S.
São Paulo 96 40 16
Santo André 74 56 16
a
GÍande São Paulo 62 37
\
FRreuÊNCIA DE VncENs DE PEssoÀs PoR ÔNltus, TRÊM E METRÔ ENTRI SÀo PAt'Lo,
SANTo ANDRÉ, SÃO BERNÂRDO DO CAMPOT SÃO CAITÀNO DO SUL, MÀUÁ E DLÀDEMA,
EM PF.RCEN'TAGEM Do TorAL DE VhcENS (A PÁRTIR DE'ssÀs LoCALIDÀDES)
NÀ RTGIÃO METRO}OiIIANA DE SÃO PAULO
Destmo
Otigem Santo do S. C. do
S. B.
Ma*i Diad.ema
São Paulo
Cdmqo S.,,'l
São Paulo 89,3 1,2 0,9 0,9 0,3 0,4
Destino
OÍigen Santo do S. C. do
S. B.
Md á Diadema
São Pa lo
An&é C,amqo Sul
São Paulo 92,6 0,6 0,9 0,4 0,1 0,2
z
Uma análise das tabelas revela a inexistência, ou quase, de relações
por via automóvel privado entre Mauá e Diadema e entre estâ últimâ
localidade maior parte dos municípios considerados. Pode-se admitir
ea
!
Municípios f/") :
Grande São Paulo 53
São Peulo 48,2
Osasco 74
Santo André
S. B. do Campo 'r00,8
S. C. do Sul 142,9
Matá 396,4
Fonrê: Plulo d. Társ Vú6lau, 1979, anexo VI. p.68.
! pobreza encontraria remédio. Se, por outro lado, os salários não fos-
É sem tào baixos, outrâ pârte desses mesmos problemas teria solução.
Noras
z
BtsrroGRerIA
ltl|llirtllrlrll||trlrtllil