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m
GUIA
MILITANTE

mandato deputada federal


fernanda melchionna
(psol/rs)

•2021•
CRÉDITOS
TEXTOS
Bernardo Corrêa, Hugo Scotte, Leonardo Nunes, Raquel Matos e Ricar-
do Souza

Revisão
Fernando Vieira e Krisley Vargas

Diagramação e ilustração
Fran Lesvitch e Paola Rodrigues

MANDATO DEPUTADA FEDERAL FERNANDA MELCHIONNA (PSOL/RS)


Email: dep.fernandamelchionna@camara.leg.br
Whatsapp: (51) 98925-0864

Gabinete | Brasília
Câmara dos Deputados - Gabinete 621 - Anexo IV - Brasília/DF
(61) 3215-5621
Escritório | Porto Alegre
Rua Lima e Silva, 264/401 - Cidade Baixa
(51) 3779-5059
ÍNDICE
1. O QUE É SER UM MILITANTE?.................................................... 7
COMO UM MILITANTE COMPREENDE A SOCIEDADE EM QUE VIVE?........ 7
Como interpretar a realidade?................................................. 8
MAS O QUE É ESSA TAL CONJUNTURA?............................................. 9
ESTRATÉGIA E TÁTICA: QUAIS AS DIFERENÇAS?................................. 10
AGITAÇÃO E PROPAGANDA. O QUE É ISSO?........................................ 12
VANGUARDA E MOVIMENTO DE MASSAS........................................... 13

2. como disputar as consciências?.......................................... 16


NINGUÉM É MELHOR QUE TODOS JUNTOS.......................................... 16
COMO TRABALHAR COM A BASE MILITANTE E COMO TRABALHAR COM O
POVO?........................................................................................ 18
COMO ORGANIZAR UMA REUNIÃO? .................................................. 19

3. estado e dominação.............................................................. 22
COMO NÓS, REVOLUCIONÁRIOS, UTILIZAMOS O PARLAMENTO?............. 24

4. internacionalismo militante................................................ 26

5. dicas de leitura................................................................... 29

6. dicas de fIlmes..................................................................... 30
#ELENÃO: Maior manifestação feminista da história do Brasil (segundo turno
das eleições presidenciais em 2018)

Fernanda melchionna - deputada federal (PSOL/RS)


Militante socialista e feminista desde muito jovem, Fernanda
começou no movimento estudantil e ali se tornou uma lideran-
ça estudantil. Foi parte da fundação do PSOL gaúcho, tornando-
-se também uma liderança política como vereadora em Porto
Alegre durante 10 anos.
Em 2018, foi a Deputada Federal mulher mais bem votada no
Rio Grande do Sul na esteira do movimento #ELENÃO. Em 2020,
foi candidata a Prefeita de Porto Alegre. Foi líder da bancada do
PSOL na Câmara dos Deputados durante os 8 primeiros meses
da pandemia do coronavírus. O mandato encarna uma luta
incansável para enfrentar a política genocida e negacionista de
Bolsonaro, garantir a vacinação, salvar vidas e direitos. Autora
da emenda que garantiu o duplo auxílio emergencial (R$ 1.200)
para as mulheres chefes de família, Fernanda Melchionna
tem se destacado por atuar no parlamento como atua uma
verdadeira militante: colocando as lutas do povo no centro da
atividade política.
Editorial Coleção de Cadernos
de Educação Política
Vivemos tempos conturbados bolo para o mundo novo. Seria re-
e de grande polarização social confortante, mas ela não existe. As
e política. Tempos como este respostas à crise que passamos (e
são também aqueles em que os estamos passando) e a construção
debates e visões de mundo, ao de uma saída necessitam de ação
confrontarem-se na prática, pre- coletiva, organizada e consciente.
cisam passar na prova da teoria. Esta Coleção de Cadernos de
A chegada da pandemia do Educação Política tem por objetivo
coronavírus trouxe tristeza, lutos ajudar no trabalho de politização e
e lições. A Covid-19 escancarou organização popular, disponibilizan-
a desigualdade social produzida do de maneira didática um conjun-
pelo capitalismo global e a cadeia to de conceitos que nos permitam
de injustiças que dela decorre. Es- compreender a realidade em que
cancarou a falên- vivemos e,
sobretudo,
cia do modo de
vida que coloca o
“A VIDA SE RESOLVE NA transformá-la.
É um desafio
lucro acima das LUTA CONCRETA, E A TEORIA grande. Tudo
vidas. Escancarou
que vivemos uma nos serve como uma que é humano
é passível ao
crise de dimen-
sões humanitárias ferramenta para ação erro, mas geral-
mente quanto
em nosso país e
no mundo.
coletiva.” mais coletivo
se é, menos se
Por tudo isso, erra. Por isso,
colocou uma pergunta na cabeça estes cadernos são produto de tra-
de milhões: se este mundo está balho coletivo. Grupos de Trabalho,
caminhando para um rumo errado, com centenas de pessoas, que de-
qual rumo se deve tomar? bateram e se dedicaram a elaborar
Se você pegou este caderno para e selecionar o conjunto de textos
ler, deve ter essa pergunta em que aqui estão.
mente. É a pergunta que marca
nossos tempos, mas ela só pode Quando dizemos que a constru-
ser respondida recorrendo aos ção de uma sociedade realmente
recursos teóricos acumulados pela justa, na qual a maioria do povo
humanidade em sua história. Des- controla a política e a economia
de já, alertamos que não apresen- necessita de ferramentas teóricas,
taremos aqui nenhuma receita de não estamos afirmando que os
7
GUIA MILITANTE

“Um povo que conhece eles tenham sido construídos em


conjunto com os diferentes movi-
sua história, que mentos sociais e com intelectuais
pensa com sua própria e militantes que se dedicam às
cabeça, que acredita lutas do nosso tempo, o que os
em suas próprias torna muito mais ricos. Agrade-
cemos muito tal disposição de
forças e que luta todas, todos e todes. É a partir da
para mudar a vida é elaboração daquelas e daqueles
invencível.” implicados na luta real pela trans-
formação social que emergem
problemas que vivemos se resol- as questões e proposições aqui
vem apenas em um terreno abs- desenvolvidas, portanto os textos
trato de “muita teoria para pouca aqui apresentados respiram lutas.
prática”, como se diz. A vida se re- Os Cadernos vêm de um lugar de
solve na luta concreta. Entretanto, lutas e para esse lugar buscam ser
se a política tem a tarefa de apre- úteis - foram pensados para serem
sentar respostas aos problemas materiais de suporte às inúmeras
práticos, a teoria tem a importân- reuniões de militantes atuantes
cia de fazer as perguntas corretas, nos movimentos sociais e políticos
que orientam as respostas políti- espalhados pelo país. Esperamos,
cas. A teoria é ainda mais que isso, com esta iniciativa, contribuir
ela permite que nos adiantemos para socializar conhecimentos e,
aos acontecimentos, pois nos especialmente, para a educação
fornece ferramentas conceituais política de nosso povo, tão ne-
para apreender as tendências reais cessária neste momento grave de
e como a realidade não é estanque nossa história. Um povo que co-
nem imutável, a teoria nos serve nhece sua história, que pensa com
como uma ferramenta para ação sua própria cabeça, que acredita
coletiva. Tal como um martelo não em suas próprias forças e que luta
pode ser usado para apertar um para mudar a vida é invencível.
parafuso, a teoria que quer con- Como dizia Freud, a razão pode
servar ou distorcer a realidade não falar baixo, mas ela nunca se cala.
serve para transformá-la. Venceremos.
Por isso, estes Cadernos são Boa leitura!
uma iniciativa de nosso mandato
e assumimos a inteira respon- Lute pelos seus direitos e
sabilidade pelo conteúdo aqui conte com nosso mandato e
publicado, embora, felizmente, com o PSOL.

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1. O QUE É SER UM MILITANTE?
Ser militante é uma opção é um profeta ilumi-
política, livre e consciente. É nado nem o seguidor
um compromisso de lutar pelos de uma fé. A fé pode
interesses dos que vivem do ser cega, a confiança
seu próprio trabalho e cons- tenta ser lúcida. Ela
se baseia em fatos,
truir uma nova sociedade.
experiências e verifi-
O militante ajuda o povo a se or- cações práticas, em-
ganizar para lutar pelo poder popu- píricas e científicas.
lar. Ele se organiza - junto com seus Não há gurus, patrões
companheiros e companheiras - em ou seres superiores que
um partido político. Os partidos so- substituam a organização coletiva.
cialistas (como o PSOL) representam
O aprendizado se dá diariamen-
os interesses históricos dos trabalha-
te testando hipóteses e construin-
dores, das mulheres, da negritude,
do coletivamente as conclusões
da comunidade LGBT, da juventude,
nas diversas reuniões, plenárias,
do movimento ecológico e lutam
debates, assembléias, piquetes,
para transformar a sociedade.
greves, panfletagens, etc. com as
O militante socialista se organi- companheiras e companheiros.
za e busca organizar o povo para
A militância não é uma bolha,
derrubar o capitalismo e iniciar a
onde se vive o fantástico mundo
construção do socialismo, onde a
dos socialistas. Somos todos parte
imensa maioria da população deci-
da sociedade. A militância reflete,
dirá democraticamente os rumos da
questiona e transforma as condi-
economia, da política e da socieda-
ções históricas, sociais, econômicas,
de. Ser militante é, portanto, um
políticas e ideológicas. Para isso, é
compromisso com a luta dos de
baixo. Contra qualquer opressão,
contra a exploração do trabalho “A militÂncia refLete,
e por um mundo onde sejamos questiona e transforma
“socialmente iguais, humanamen-
te diferentes e totalmente livres”, as condições históricas,
como dizia Rosa Luxemburgo. sociais, econômicas,
políticas e ideológicas.
COMO UM MILITANTE Para isso, é preciso um
COMPREENDE A SOCIEDADE método de análise
EM QUE VIVE? e de ação.”
Um militante revolucionário não

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guia militante

preciso um método de análise e de


ação. O marxismo nos oferece as “Analisar
ferramentas teóricas e aponta os concretamente a
caminhos práticos para isso. sociedade significa
Como interpretar a buscar aquilo que
realidade? está velado pela
situação de alienação
Marx baseia-se no materialismo e as narrativas
dialético, que parte do princípio
que a realidade não se molda à
ideologicamente
nossa vontade, mas está em cons- mentirosas que
tante mudança pela nossa ação. É perpetuam a dominação
a realidade social que determina de uma pequena
nossa consciência e nossa consci-
ência que determina nossas ações.
minoria de bilionários
As nossas ideias passam a ter
sobre a grande maioria
força à medida que conseguimos do povo.”
disseminá-las em um conjunto
cada vez maior de mulheres e e conflitos de interesses que se
homens que se disponham a agir apresentam na sociedade, de
em seu favor. Como dizia Marx, maneira mais ou menos aparente.
“É certo que a arma da crítica não Como escreveu Antonio Gramsci
pode substituir a crítica das armas, “a verdade é revolucionária”.
que o poder material tem de ser Analisar concretamente a
derrubado pelo poder material, sociedade significa buscar aquilo
mas a teoria converte-se em uma que está velado pela situação de
força material quando ganha as alienação e as narrativas ideologi-
massas”. E Lenin afirmava: “A te- camente mentirosas que perpetu-
oria é um guia para a ação”. am a dominação de uma pequena
Para isso, é fundamental minoria de bilionários sobre a
uma análise concreta da grande maioria do povo.
situação concreta e sua A tarefa do militante, entre
dinâmica, nas suas variáveis outras coisas, é denunciar os inte-
econômicas, políticas, resses mesquinhos que colocam
sociais, culturais e permanentemente o lucro de
como elas se poucos acima da vida de todos,
relacionam com mobilizar as massas em favor de
a totalidade. seus interesses e construir uma
Encontrar e direção política que seja fiel a
desvelar as tais interesses. Um corpo político
contradições que não coloque seus interesses

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particulares acima dos interesses passar do tempo. Este “filme”
gerais do povo e seja consciente e chamamos de CARACTERIZA-
determinado na luta pelo socialis- ÇÃO, quer dizer, qual a dinâmica
mo e pela liberdade. dos acontecimentos e as tarefas
Para transformar a realidade con- correspondentes da militância.
creta, entretanto, é preciso partir Nessa análise de conjuntura,
dos fatos sociais mais relevantes, muitos se contentam com o
como eles se apresentam no tempo papel de comentaristas da rea-

POLÍTICA
presente, na conjuntura política. lidade, mas para nós militantes,
toda análise está a serviço de
MAS O QUE É ESSA TAL uma intervenção e transforma-
CONJUNTURA? ção da realidade, quer dizer, ter
uma POLÍTICA.
A conjuntura é uma “fotogra- O dirigente trotskista argentino
fia” da realidade. Uma árvore Nahuel Moreno explicou o método
florida na primavera ou a mes- de intervenção dos militantes e
CONJUNTURA

ma árvore com frutos no verão. seu partido fazendo uma analogia


Nós precisamos saber o que com a medicina. “Quando vamos
está acontecendo na nossa área ao médico são feitos os exames
de atuação (conjuntura interna) dos mais variados: níveis de co-
para perceber quais são as reais lesterol, plaquetas, anticorpos, ou
necessidades do povo. seja, a análise dos vários indicado-
O trabalho de encontrar as res de saúde ou doença. Com base
principais características da nos exames, o médico propõe um
conjuntura chamamos de ANÁ- diagnóstico do paciente e, ao iden-
LISE e, para que seja efetiva, tificar as relações entre os múlti-
análise

precisamos buscar uma “foto- plos elementos, faz uma caracteri-


grafia em alta resolução”, ou zação da evolução da doença. Por
seja, com a maior quantidade fim, é receitado um tratamento,
possível de determinações re- medicamentos e providências, ou
ais: a cor das folhas, a aparên- seja, uma política para curar o pa-
cia das flores, a saúde do caule, ciente. Assim como na medicina,
a profundidade das raízes, etc. um diagnóstico errado pode não
Em seguida, precisamos saber fazer efeito, ou até matar o pa-
o que está acontecendo na ciente. Na atividade militante uma
caracterização equivocada pode
caracterização

sociedade, na floresta onde a


árvore se encontra (conjuntura levar a um erro ou a uma derrota
externa): município, estado, país política.” (MORENO, 1986)
e mundo, se possível. Também Trazendo para nossa realida-
importa observar como esta de atual, podemos tomar como
árvore cresce entre uma estação exemplo de análise a leitura crítica
e outra, como um “filme” ao das manchetes de jornais, os

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guia militante

dados do desemprego, da econo- de nosso Programa. O Programa


mia e da pandemia. Que setores é uma combinação entre as ne-
sociais sustentam o governo, cessidades imediatas da maioria
quem é oposição e que força social trabalhadora e as necessidades
têm cada um deles? históricas que condizem com
Como caracterização, podemos as diretrizes básicas e as tare-
avaliar como a elite brasileira atua fas da organização política dos
sobre o governo Bolsonaro, e trabalhadores, que se adequa às
como a própria classe trabalhado- condições da luta nos diferentes
ra lida com ele e com a pandemia, momentos históricos.
se há disposição para uma luta As Táticas são várias. São os
organizada, quais as condições meios para atingir o objetivo
desta luta e se há consciência de central, a esquerda ao longo
que a pandemia se agrava por da história usou várias, como a
uma política deliberada do gover- organização sindical, as greves,
TÁTICA
no. Respondidas estas perguntas, as manifestações (mais ou me-
podemos elaborar uma política. nos espontâneas), a disputa de
A defesa da Ampla Vacinação, do eleições, até a luta armada em
Auxílio Emergencial e, como fica insurreições revolucionárias,
evidente, o grande obstáculo para guerras civis, guerras anti-im-
isto se chama Jair Bolsonaro, por perialistas de libertação nacio-
isso a palavra de ordem “Fora nal, ou para enfrentar ofensivas
Bolsonaro!” segue sendo o centro reacionárias com a autodefesa
da intervenção do partido e armada para preservar a vida
da militância. Estas três e a organização dos militantes
etapas (análise, carac- e ativistas, muitas vezes contra
terização e política) as bandas fascistas e os esqua-
seguem duas bússolas drões da morte.
que no terreno prático Nenhuma tática é eterna. Quan-
das ações, respondem do se tem uma estratégia clara, a
a dois objetivos: a Estra- tática escolhida vai condizer com
tégia e a Tática. a conjuntura histórica e o estado
de ânimo da luta popular, sempre
ESTRATÉGIA E TÁTICA: QUAIS buscando os objetivos estratégi-
AS DIFERENÇAS? cos. Muitas vezes as estratégias
passam a ser táticas com respeito
Estratégia é o objetivo cen- a objetivos maiores.
ESTRATÉGIA

tral, permanente ou de longo Em contexto de ditaduras é


prazo. No nosso caso, é a cons- comum que as táticas sejam mé-
trução do socialismo, a demo- todos de luta clandestinos como
cratização do poder político e a sabotagem à produção, distri-
econômico, ou seja, a realização buição de panfletos em caixas de

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correios, reuniões secretas para Já em contextos de democracia
organizar a intervenção, atos re- burguesa (parlamentar), é mais co-
lâmpagos, “operações tartaruga”, mum a organização e a luta sindi-
assembleias disfarçadas de festas cal, manifestações de movimentos
de aniversário, etc. sociais, mobilizações de grêmios
estudantis, DCEs, associações
“As lutas e suas de moradores e, se possível, as
táticas formam parte atividades políticas de um partido
legalizado que, inclusive, disputa
de uma estratégia eleições em todos os níveis.
superior: a conquista Enganam-se aqueles que trans-
do poder pelos formam uma única tática em
trabalhadores e a estratégia, por exemplo os refor-
imensa maioria dos mistas que não querem questionar
as instituições e simplesmente
explorados e oprimidos aguardam a próxima eleição, ou
para expropriar às aqueles que acreditam apenas em
classes dominantes movimentos espontâneos, sem a
(a burguesia e a organização em partidos, sindica-
tos ou organizações populares. Ou,
oligarquia) e iniciar ainda, a tática da guerrilha rural
a construção da
sociedade socialista.”

#29MForaBolsonaro: manifestação nacional contra a política genocida de Bolsonaro

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guia militante

#ChileDespertó: grandes manifestações chile-


nas contra as políticas neoliberais de Piñera e
por uma nova Constituição (2019)

De forma simplificada pode


mos dizer que Agitação é uma
AGITAÇÃO

ou urbana, convertida em método mensagem direta e objetiva,


principal de enfrentamento com poucas palavras para muitas
o poder por uma minoria, quando pessoas, no sentido da ação
não estão dadas as condições de imediata. Um megafone na rua
uma verdadeira guerra popular, bradando Fora Bolsonaro!, car-
e de costas para o movimento tazes exigindo Vacina já! ou mes-
de massas, como fizeram muitas mo um Twitter são mecanismos
organizações de esquerda na que permitem resumir as tarefas
América Latina influenciadas pela postas em palavras de ordem as
Revolução Cubana. demandas imediatas do povo.
As lutas e suas táticas, formam De acordo com as diferentes
parte de uma estratégia superior: conjunturas, a agitação pode ser
a conquista do poder pelos tra- mais tática ou mais relacionada
balhadores e a imensa maioria aos objetivos estratégicos, por
dos explorados e oprimidos para exemplo, nas grandes mobiliza-
expropriar às classes dominantes (a ções do Chile, em outubro de
burguesia e a oligarquia) e iniciar a 2019, as palavras de ordem come-
construção da sociedade socialista. çaram contra o aumento da tarifa
de ônibus e metrô e, conforme o
AGITAÇÃO E PROPAGANDA. O movimento ganhou peso de mas-
QUE É ISSO? sas, passou a ser comum ouvir nas
ruas Por uma Assembleia Cons-
Para intervir na Conjuntura e tituinte! Na Revolução Russa, as
disputar consciência, nós militan- palavras de ordem transitaram de
tes temos que aprender a realizar uma exigência ao governo provi-
a agitação e a propaganda. sório como Abaixo os 10 Ministros

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Otávio Pavinato
capitalistas! passando por Paz, Pão
e Terra!, que apontava as verda-
deiras necessidades do povo, a
uma orientação para a tomada do
poder: Todo o poder aos Soviets!
Os exemplos são inúmeros na his-
tória, mas o fundamental é saber
que cada palavra de ordem corres-
ponde ao nível de consciência e
organização da classe trabalhadora
em cada período histórico. Nunca
se deve agitar uma tarefa que não
seja possível cumprir.
Já a Propaganda são muitas
ideias para poucas pessoas, é o
PROPAGANDA

detalhamento da política, um
curso de formação, este caderno,
ou um textão no Facebook, no
qual explicamos nossas ideias e
intenções com vistas a formar
novos quadros militantes. #TsunamiDaEducação: Protesto nacional dos
Na sociedade capitalista, somos estudantes contra os cortes orçamentários
nas universidades e institutos federais (Porto
levados a pensar a propaganda a Alegre, 2019)
partir de uma visão publicitária, ou
seja, para vender uma mercado- consciente e coletivamente para
ria, falar o que os outros desejam, ser realmente novo e não incorrer
induzir a adquirir uma fantasia. em erros do passado.
Mas o conceito marxista de propa-
ganda não tem nada a ver com a VANGUARDA E MOVIMENTO
venda de um produto. Trata-se da DE MASSAS
propagação de uma visão de mun-
do, a visão socialista revolucioná- A palavra vanguarda vem do
ria de interpretação e transfor- francês avant-garde e significa,
mação da realidade. Isso significa literalmente, a guarda avan-
vANGUARDA

que a propaganda não serve para çada ou a parte frontal de um


a ação? De maneira alguma. Serve exército em combate, mas
para melhorar nossa ação militan- ganhou um significado histórico
te e ganhar cada vez mais força na e cultural para além disso. São
batalha das ideias, mas também aquelas e aqueles que estão à
é fundamental para a elaboração frente das lutas sociais, cultu-
de políticas, pois um mundo novo rais e políticas e de seu tempo,
precisa também ser pensado ávidos pelo debate político,

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guia militante

pelo conhecimento, pela arte e de aplicativo no Brasil, em plena


que buscam disputar os rumos pandemia. É nosso desafio per-
do movimento por transforma- manente buscar uma linguagem
ções. As vanguardas se formam e uma pedagogia para a disputa
em tempos de ascensão das da consciência popular e também
lutas e se modificam ao longo aprender dela e com ela.
da história. Não existem van- Durante esse processo, as massas
guardas permanentes. podem criar seus próprios organis-
O que chamamos de movi- mos de participação e democracia
mento de massas é um setor direta, seus organismos de poder,
MOV. DE MASSAS

do povo que, em determinado na forma de comitês por local de


momento, toma consciência e trabalho, associações de bairro
apóia ou se une a movimentos ou de classe, organizações cam-
mais amplos. São como se fos- ponesas, assembléias populares,
sem a camada externa de uma estudantis e tantas outras. A nossa
cebola, que à medida que o militância deve intervir ativamente
movimento cresce, mais cama- em todos esses processos, levar
das se somam, e as vanguardas a política do partido e trazer para
são seu núcleo duro. nossa organização as experiências e
As vanguardas, porém com seus lições dessas formas de luta, e seus
anseios legítimos, algumas vezes melhores representantes.
se afastam demais da consciência A intervenção militante serve
média do povo, e acabam toman- como ponte entre as reivindica-
do decisões que enfraquecem as ções das massas e as propostas
lutas, ou levam a grandes derro- programáticas do partido, encade-
tas. Como dizia Lênin, o militante ando as palavras de ordem para
deve estar um passo à frente, mas desenvolver as organizações popu-
nunca dois. É muito importante lares e generalizar as mobilizações.
debater com os melhores da van- A partir da realidade concreta, do
guarda, mas nunca se isolar dos dia a dia, dos trabalhadores e do
movimentos de massa e disputar a povo, o partido reflete os interes-
consciência do conjunto do povo, ses populares e também constrói a
com paciência e determinação. sua política e seu programa.
Na luta de classes, a posição de No partido, como na vida, nem
vanguarda é temporária. Certas todo mundo pensa igual. Como já
vezes, a vanguarda é um setor so- vimos, análises diferentes levam
cial, como o movimento estudan- a políticas diferentes. Dentro
til e os profissionais de educação dos partidos que se reivindicam
no Tsunami de 2019; ou ainda o socialistas existem agrupamentos
movimento negro em 2020 nos e tendências. Elas refletem as
Estados Unidos; ou os trabalha- diferenças que existem no seio
dores da Saúde e entregadores da própria classe, suas diferentes

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Geoff Livingston
#BlackLivesMatter: protesto nos EUA contra
a morte brutal de George Floyd por policiais

Scarlet Rocha / Esquerda Online


experiências, teses e conclusões.
Sem passar na prova da realida-
de ninguém pode dizer que está
certo de antemão, por isso o parti-
do deve refletir uma heterogenei-
dade de esquerda nos marcos de
seu programa, enquanto as ten-
dências ou frações buscam maior
homogeneidade de compreensão
das tarefas e dos acontecimentos
e também elas mudam, se fundem
com outras e realizam sua autocrí- Profissionais da saúde protestam contra a
morte de trabalhadores por covid-19
tica quando necessário.
As tendências e agrupamentos
dentro do partido buscam reo- Os socialistas revolucionários
rientar a política da direção ou são o setor mais determinado e
assumir a maioria dessa direção consciente na luta contra as classes
para propor e aplicar outra polí- dominantes. Essas batalhas, em
tica. Esse processo é dinâmico e todos os níveis, têm o objetivo de
muda com as diferentes circuns- mobilizar as massas para a conquis-
tâncias e acontecimentos. ta do poder, para fazer a revolução.

17
GUIA MILITANTE

2. como disputar
as consciências?
Paulo Freire, apontava que
todo o ato educativo é um ato
político, e vice-versa. Ou seja, reaprender com as experiências
como militantes que disputamos do povo, com as trocas de sabe-
a consciência do povo devemos res e avanço das experiências.
assumir o papel de educadores O grande desafio é construir em
e educadoras, construindo uma toda parte o diálogo, a constru-
práxis, ou seja uma prática ção política. Só na prática, na
consciente, coerente com nossa tentativa e erro encontraremos
visão de mundo. a forma e o conteúdo necessário
Logo, o nosso discurso não pode para enfrentarmos os governan-
destoar da nossa prática, não po- tes e o sistema capitalistas.
demos denunciar o autoritarismo
dos capitalistas e nos portarmos NINGUÉM É MELHOR QUE
como tais, sem sermos radicalmen-
te democráticos nos diálogos e na
TODOS JUNTOS
construção. Nos cabe uma postura O militante atua sabendo que
humilde, de escuta, de trocas, ninguém é autossuficiente e nin-
porque ninguém está só no mun- guém é melhor que todos juntos.
do, nem detém o conhecimento São inúmeras as formas de organi-
de tudo, todos são ignorantes em zação coletiva. É papel do militante
algum assunto e sábios em outros. influenciar a todos e todas no seu
local de trabalho, moradia e estu-
Portanto, todos têm algo a ensinar do. Historicamente os militantes
e a escuta atenta é fundamental, se organizam nos distintos locais
pois evidentemente todos também de trabalho e realizam o enfren-
estão sempre aprendendo. tamento nas fábricas, empresas
Para conquistarmos a confiança e órgãos públicos. Constroem o
do povo temos que apresen- movimento sindical e atuam nos
tar nossas ideias construídas a sindicatos, buscando democracia
partir da percepção cotidiana do e organização por local de traba-
lho. A juventude, em especial, os
mundo, não de elevados níveis de estudantes secundaristas e univer-
abstração, buscar uma linguagem sitários, organizam-se no movimen-
que reflita a realidade concreta e to estudantil. Os bairros e comu-
como enfrentá-la com os instru- nidades populares organizam-se
mentos disponíveis e estarmos territorialmente com movimento
dispostos a ensinar e aprender e popular. Atualmente também vêm
18
FNL
Assembleia da Frente Nacional de Luta por Campo e Cidade - Por Terra, Trabalho e
Liberdade(FNL) em São Paulo

crescendo novos movimentos “o jeito de fazer


como a luta das mulheres contra o
machismo e o patriarcado, o movi- é tão importante
mento negro contra o racismo es- quanto o conteúdo que
trutural, o movimento LGBT+ pela propomos. A forma
diversidade sexual e de gênero. O
papel do partido é unificar essas revela ou esconde um
lutas em um projeto comum de conteúdo e também
luta contra a exploração capitalista
e inúmeras formas de opressão aqui a coerência é
articuladas nesse sistema. importante, pois se as
O trabalho militante é uma ideias convencem, os
prática. É um jeito de trabalhar. É exemplos arrastam.”
um método de trabalho. O povo
é a base da sociedade e o objeti- dos trabalhadores. Pois, para nós,
vo último deste trabalho. Afinal, só o povo trabalhador, consciente
são as trabalhadoras e os traba- e organizado, poderá tomar para si
lhadores que produzem tudo o as rédeas da sua própria história e
que existe. É o trabalho de base transformar a sociedade que vive-
militante, de conscientização e mos, sendo o sujeito da história.
organização das bases que se faz Agora, precisamos pensar e
nas comunidades, locais de traba- praticar “os jeitos de fazer”. Para
lho, de estudo, nos assentamentos nós, o mais importante é conscien-
urbanos e rurais, nos movimentos tizar para a auto-organização. É o
sociais que pode construir a força caminho mais difícil, mas é o mais

19
COMO DISPUTAR AS CONSCIÊNCIAS?

democrático como o socialismo


que propomos, com liberdade. COMO TRABALHAR COM A
O povo precisa descobrir que o BASE MILITANTE E COMO
militante ou dirigente passou por
um caminho que possibilitou o
TRABALHAR COM O POVO?
saber do militante ou dirigente. Só Muitas vezes nos deparamos com
assim ele se sentirá como sujeito militantes de organizações políticas
do processo, da luta, e assumirá as populares que tem dificuldade de
consequências das suas decisões fazer o trabalho de base porque
como militante e/ou dirigente. querem convencer o povo da sua
É o caminho mais lento, mas é o verdade, e não trabalhar com o
mais confiável. Como diria Zé Rai- povo na busca de uma síntese
nha, um conhecido líder camponês comum. O que buscamos é ajudar
brasileiro: “Não plantamos alface, na autodeterminação do povo, não
plantamos coco”. Nesse caminho, impor uma linha política. Em última
conscientizar significa: instância, é um processo com mui-
• Revelar todos os aspectos, tos fluxos e refluxos.
negativos e positivos, para que o Não podemos nunca fazer um
povo possa decidir o rumo que irá trabalho de base pela “cúpula”,
tomar ou o que irá fazer; pois isso afasta o militante mais
• Ajudar as pessoas a enten- avançado do povo, e ele tenderá a
derem a raiz ou a causa dos querer ditar as regras de como o
problemas, e ao mesmo tempo, povo deve agir. Passam a articular
descobrirem a necessidade de se por cima. Dessa forma, decidem
organizarem e se engajarem para sem consultar o povo e não se
transformar a sociedade; preocupam com o surgimento de
novos companheiros com capaci-
• Nosso objetivo não é de curto dade de ajudar na organização da
prazo, por isso o militante precisa luta. Por isso o nível de consciên-
ter paciência e saber que temos cia da base precisa estar sempre
objetivos intermediários a serem em evolução. Esse é um processo
cumpridos, que levam às ações vertical e horizontal ao mesmo
imediatas. O trabalho deve ser tempo. Onde a autodisciplina para
permanente e ininterrupto, não os estudos e para as ações diretas
apenas “nas horas vagas”. Dessa é muito importante. Cada militan-
forma, com todos os militantes te político que ganha formação
conscientes da sua tarefa revolu- deve ter como tarefa número um
cionária, nosso objetivo tende a formar equipes de trabalho, apro-
ser duradouro e os trabalhadores veitando o melhor de cada um; e
confiantes que só a organização e como tarefa número dois formar
a luta lhe dão ferramentas para a militantes que sejam, inclusive,
sua emancipação. melhores que ele.

20
quem for participar poder se
COMO organizar;
ORGANIZAR UMA • Garantir a participação das
REUNIÃO? companheiras, muitas vezes
organizando creches e atividades
É comum nos para seus filhos em quanto dura a
deparamos entre a reunião;
militância mais jovem e dos locais • Manter a ordem da pauta e
onde a nossa organização tem garantir as opiniões de todas/os;
poucos militantes com a pergun- • Encaminhar democraticamen-
ta: Como organizamos uma reu- te as definições com divisão de
nião? Para isso, vamos apresentar tarefas entre todas/os;
em três partes a compreensão
e organização de uma reunião • Fazer um balanço para ver no
política: o que é, como prepará-la que precisamos melhorar.
e como conduzi-la.
2. Como preparar?
1. A reunião A reunião deve ser preparada
A reunião é um com antecedência. Não basta mar-
espaço onde um car dia e horário e ficar esperando
grupo de pessoas se ela acontecer. A reunião sempre
encontra para ava- é um organismo vivo e poderá ir
liar, discutir e tomar para inúmeras direções, depen-
decisões, portanto, dendo da atuação dos participan-
uma reunião é um organismo vivo tes. Por isso é muito importante
e sua intervenção é determinante seguir alguns passos:
para os encaminhamentos políti- • Formar uma boa equipe para
cos. Para uma reunião ser provei- organizar a reunião e garantir que
tosa é preciso trabalhar bastante será bem feita;
na sua preparação. Para que uma • Definir os objetivos a serem
reunião seja eficiente precisamos: alcançados. Não podemos entrar
• Definir os objetivos da reunião em uma reunião sem termos clareza
e preparar a pauta; de onde queremos chegar – embo-
• Convocar com antecedência os ra muitas vezes
participantes; o resultado não
seja exatamente o
• Se a organização não tiver uma que esperamos. O
sede, procurar um local de fácil mais importante é
acesso e receber bem as pessoas; chegarmos a um
• Tentar prever o horário de resultado concreto
início e término da reunião, para que unifique a

21
COMO DISPUTAR AS CONSCIÊNCIAS?

nossa ação e fortaleça a organização; observar e sintonizar os sentidos


• Podemos dizer que temos em busca da unidade e da anteci-
dois objetivos concretos em uma pação do objetivo que queremos
reunião: os objetivos gerais, que são alcançar coletivamente;
amplos e respondem à linha politica • Se for uma reunião grande, o
da organização; e os objetivos es- melhor é compor uma mesa com
pecíficos, que atendem à demanda mais de uma liderança. Se for
dos presentes ou de cada pauta; uma reunião pequena basta que
• É sempre bom deixar um espa- alguém faça uma explicação rápida
ço para que os presentes possam dos objetivos do encontro;
acrescentar alguma pauta que não • Se na reunião tivermos parti-
esteja elencada na reunião e/ou cipantes que não se conhecem, é
que não possa ser adiada; importante deixar um momento
• Quanto mais distribuirmos para que todos possam dizer seus
tarefas, maior será a participação nomes, de onde vem e o que
e capacitação das pessoas fazem, para criar uma identifica-
envolvidas, ou seja, mais ção do grupo. Se os militantes já
últil será a reunião. se conhecem, é importante fazer
uma apresentação das tarefas e
3. Durante a reunião do desenvolvimento delas, para
que todos possam se apropriar do
A reunião, como informe e possam ajudar no caso
vimos, começa na preparação e di- de necessitar algum reforço. Após
vide-se em diferentes momentos. fazer essa abertura, mais ou menos
• Recepcionar cada pessoa prolongada, conforme o caráter da
que chegar na reunião, geralmen- reunião, dá-se inicio às discussões.
te elas não chegam ao mesmo • Quem irá coordenar a reunião
tempo. Dar uma atenção especial começa com a apresentação orde-
aos novos para que não fiquem nada da pauta definida. A forma
dispersos pelo motivo de não de apresentar os pontos de pauta
conhecerem bem a organização e depende da capacidade e iniciativa
as outras pessoas. A equipe que do coordenador. É muito impor-
organizou a reunião pode ficar tante que todos entendam os
com essa tarefa; pontos que serão discutidos para
• Fazer a abertura da reunião. uma boa dinâmica da reunião, e
A abertura já deve estar com o para a aprovação da pauta;
objetivo previamente organiza- • O coordenador deve organizar
do e adaptado ao número de com os participantes a divisão de
participantes. Sempre abrimos a tarefas, marcar o tempo das falas,
reunião colocando aspectos da disciplina e demais questões ine-
realidade para que todos possam rentes à reunião;

22
• O coordenador tem a tarefa de responsáveis pela tarefa.
apresentar o ponto junto com o Para encaminhar o encerramen-
objetivo que se quer alcançar com to da reunião, é necessário que o
a discussão e estabelecer a forma coordenador estabeleça a seguinte
(método) de debater; ordem para sabermos se a reunião
• Abre a discussão, orienta para valeu a pena ou não:
que as falas sejam feitas por or- • Ler as conclusões, retomando
dem de inscrição, limitando o tem- os pontos, relatar as conclusões al-
po se necessário. O coordenador cançadas e os responsáveis das ta-
deve ficar atento para ir pegando refas. A forma de aprovação pode
as propostas de encaminhamen- ser levantando a mão ou contando
tos durante as falas. os votos se houver divergências;
4. Apresentação • O coordenador deve estar
e aprovação das atento se os objetivos foram
propostas atingidos e alertando os demais
para que observem para que não
Terminado o fiquem dúvidas. O que já é uma
tempo de discus- forma de avaliação da reunião;
são de cada ponto,
• Se já existir uma sistemática de
o coordenador deve expor os
reuniões é bom já sair com a próxima
encaminhamentos das propostas
marcada. Caso não exista essa regu-
expressas na reunião. Não ha-
laridade é bom falar que serão avisa-
vendo acordo em algum ponto,
dos da data e horário da próxima.
os respectivos responsáveis de-
vem esclarecer mais ou defender Sempre deve haver o encerra-
sua proposta que, na medida mento da reunião. Por isso, a equi-
que forem sendo esclarecidas, pe ou pessoa encarregada deve as-
vão a votação. No caso de serem sumir a tarefa de encerrá-la sempre
propostas complementares, o com a preocupação de motivar os
coordenador deve organizar a participantes em suas tarefas.
síntese e encaminhar. Os resultados e conclusões
Saber distribuir as tarefas, devem ser produto da elaboração
levando em conta a capacidade coletiva. Uma reunião política não
de cada um, é muito importante é uma palestra, mas uma equipe
para que os encaminhamentos de trabalho em atividade.
sejam concretizados. Por exemplo: Em geral, as reuniões se tornam
se foi encaminhado na reunião mais agradáveis se, depois delas,
que faremos uma mobilização de houver uma confraternização
massas, significa que teremos que entre os militantes. A vida não é
organizar um plano com todos só política e os laços de compa-
os detalhes para que a atividade nheirismo sempre nos fazem mais
aconteça, tirando uma equipe de fortes para lutar.

23
GUIA MILITANTE

3. estado e dominação
Em primeiro lugar, é impor- Estado burguês o monopólio sobre
tante definirmos que o Estado a violência considerada legíti-
burguês não é algo neutro. Ele ma (ou legal). Guerras, violência
é o resultado de processos de policial e repressão são exemplos
luta que conformam Blocos no da violência estatal justificada pela
necessidade de manter esta ordem
Poder e instituições político-
injusta. Mas a dominação nunca se
-jurídicas destinadas a manter dá exclusivamente pela força, ainda
a ordem e os negócios dos que ela esteja sempre presente.
capitalistas.
Sem que haja uma mudança em “não É verdade que
sua natureza de classe, o Estado somos iguais perante
pode até fazer concessões aos
de baixo (dependendo da força à lei. O Estado é o
de suas lutas, nunca por vontade aparato de dominação
própria), com aumentos de salá- de uma classe sobre as
rios, bolsas, auxílios emergenciais, outras.”
concessão de alguns direitos, mas
serve essencialmente para manter b) O Consenso ou Convenci-
a dominação política da classe do- mento também são armas impor-
minante economicamente. Como tantes usadas pelas classes domi-
muito bem definiu Rosa Luxem- nantes para manter seu poder
burgo, a igualdade jurídica nada sobre a imensa maioria do povo.
mais é do que a falsa aparência da Como disse certa vez Simone de
desigualdade social. Em poucas Beauvoir, “o opressor não seria
palavras, não é verdade que so- tão forte se não tivesse cúmpli-
mos iguais perante à lei. O Estado ces entre os próprios oprimidos”.
é o aparato de dominação de uma Se trata de um processo incons-
classe sobre as outras. ciente no qual estruturas de re-
A dominação política, entretan- produção das ideias dominantes
to, se dá a partir da articulação de levam os de baixo a acreditarem
duas formas de ação do Estado e naquilo que os prejudica e os
constitui-se de instituições corres- mantém sob o regime da explo-
pondentes a estas ações: ração de seu trabalho.
a) O uso da força ou a Coerção, Ao longo da experiência históri-
que são formas violentas e intimi- ca, dependendo da força da luta
datórias de manutenção da ordem entre as classes, cada instituição
política e econômica, o que confe- ganha mais ou menos peso no
re ao aparato militar e policial do Estado, formando o que chamamos

24
de Regime Político.
Quando está mais
ameaçada, a classe
dominante utiliza
mais da coerção e da
violência, conferindo
mais importância
no interior do bloco
no poder às forças
militares e paramilita-
res, são as chamadas
ditaduras ou regimes
políticos autoritários.
Quando a situa-
ção de dominação
é mais confortável
para sua hegemonia,
a classe dominante
menos contesta-
da nas lutas de
massas e/ou em
um contexto de
estabilidade econô-
mica, utiliza mais
do convencimento
e suas estruturas importa é se ele representa e
de reprodução no interior dos garante os seus lucros.
dominados. O parlamento é uma As e os militantes, entretanto,
dessas instituições de construção lutam permanentemente pelas
do consentimento. Ele é destina- liberdades democráticas para
do a convencer o povo de que a garantir as melhores condições de
ditadura do capital é na verdade luta e, para isso, constroem unida-
uma democracia para todos. Mas des de ação pontual com as mais
ele também é produto da luta da diversas forças políticas, incluindo
classe trabalhadora, pois quando os partidos burgueses que estejam
olhamos para o passado vemos contra as ditaduras. No entanto,
que sequer esta aparência de- isso só pode se dar quando e onde
mocrática teria sido conquistada estiver garantida sua independên-
sem o sangue dos que ousaram cia de classe, ou seja, sua liber-
lutar e venceram. Para os capi- dade de crítica e autonomia de
talistas não importa a forma em atuação frente à classe dominan-
que se apresenta o Estado, o que te. Os socialistas revolucionários

25
George Cereça

“o terreno das grandes


mudanças são as
ruas. Não há qualquer
tática parlamentar
que possa substituir
a luta concreta entre
as classes por seus
interesses.”

COMO NÓS,
REVOLUCIONÁRIOS,
UTILIZAMOS O PARLAMENTO?
Muitas vezes, alguns militantes
se perguntam... Ora, se realmente
nos propomos a uma revolução
social e o Estado burguês está
destinado a manter a dominação
dos ricos, por que deveríamos
participar do parlamento e das
eleições? Outros já suficientemen-
te adaptados ao regime político e
à ideologia reformista, abandonam
#29MForaBolsonaro: Manifestação pelo qualquer perspectiva revolucioná-
Impeachment de Bolsonaro e por vacinas ria jogando todas suas fichas na
para todos (2021) participação parlamentar. Em nos-
sa opinião, este é um falso dilema
também constroem frentes únicas e tentaremos esclarecer como se
e acordos com os reformistas para articulam as táticas parlamentares
a defesa dos direitos dos trabalha- e a luta de classes na perspectiva
dores e oprimidos em geral, mas do marxismo revolucionário.
da mesma forma, não se iludem e O parlamento, para nós militan-
não alimentam ilusões naqueles tes, não é onde se resolvem os
que só falam em socialismo nos problemas mais importantes da
dias de festa. Nesse caso, também vida da massa trabalhadora, é ele
é importante a independência ou, também uma trincheira da luta
na fórmula de Trotsky, “golpear geral. Um mandato parlamentar
juntos, marchar separados”. militante deve servir como:
1. Caixa de ressonância das para vencer. Participar das lutas de
seu tempo, fortalecer estas lutas e
lutas sociais oferecer formas de organização (in-
Como um megafone ou um carro clusive partidária) para que a classe
de som que amplifica as palavras trabalhadora não seja um “gigante
de ordem de nossa luta, um man- com pés de barro”.
dato parlamentar como o nosso É um fato que o terreno das
serve para denunciar as negociatas grandes mudanças são as ruas. Não
das tenebrosas transações dos há qualquer tática parlamentar
podres poderes e também levar à que possa substituir a luta concreta
escala nacional lutas que às vezes entre as classes por seus interes-
são localizadas ou ajudar a unir as ses. Mas também é verdade que a
que estejam fragmentadas. construção de uma representação
2. Expressão política dos de política dos de baixo transita por
inúmeras táticas que incluem o
baixo parlamento. Vencer neste terreno
A classe dos que vivem do seu pode ajudar, desde que não nos ilu-
próprio trabalho constroem, como damos com este espaço, ou que se
já vimos, suas organizações sindi- considere que ela pode substituir a
cais, estudantis, de lutas democráti- ação independente das massas. Por
cas, por liberdade, etc. Mas também isso, também as eleições são um
constroem suas representações terreno fundamental para disputar
políticas, seus partidos e seus tribu- os rumos da luta. Em uma eleição
nos. Ser um militante que cumpre a podemos falar para milhões de
tarefa parlamentar é principalmente pessoas, fazer propaganda dos ele-
a tarefa de tribuno do povo, como mentos mais importantes de nosso
se intitulavam os jacobinos durante programa e fazer agitação das pala-
a Revolução Francesa. vras de ordem mais imediatas.
3. Organizador coletivo Nisso, é importante não acei-
Um mandato parlamentar revo- tar pressões eleitorais que nos
lucionário tem o dever de impulsio- façam esconder nossas posições
nar e ajudar a organização popular. ou mesmo sucumbir a vaidade de
Nenhum parlamentar socialista colocar os interesses particulares
deve colocar-se acima ou em um dos candidatos ou parlamentares
lugar de fora da sua classe de por sobre o trabalho coletivo ou
origem. Pelo contrário, deve usar abandonar o norte da estratégia.
todos os meios e táticas disponíveis Vencer eleições ajuda a fortalecer
para ajudar na Educação Política do as posições socialistas, mas o obje-
povo (como neste caderno). Deve tivo final de destruir o capitalismo
ainda criar canais coletivos, toman- e iniciar a construção da sociedade
do para si a tarefa de criar de baixo dos iguais vai muito além de qual-
pra cima a força que precisamos quer eleição.

27
GUIA MILITANTE

4. internacionalismo
militante
“Os proletários não tem O capitalismo é internacional,
pátria”, afirmavam os militan- mas controla os Estados nacionais.
tes e dirigentes da Primeira Isso levou à opressão de povos e
nações inteiras, e a guerras entre
Internacional (Associação
os imperialistas para repartir-se o
Internacional dos Trabalhado- mundo, considerado um mercado
res). Quando a classe operária global (caótico e selvagem como
e os trabalhadores tomavam é o próprio mercado neoliberal
consciência de sua condição de hoje) e às duas grandes massa-
social e seu papel na produção, cres da história: a Primeira Guerra
quando começaram a com- Mundial (1914 – 1918) e a Segun-
preender que eram a classe da Guerra Mundial (1939 – 1945).
produtiva a escala nacional, Mas a resistência dos povos
também entenderam que também se manifestou em guerras
seus irmãos dos outros países anti-coloniais e antiimperialistas,
formavam parte da mesma uma das mais famosas e mais
classe, que eles também so- extensas foi a Guerra de Vietnã,
friam a exploração capitalista que começou nos anos 50 do
e que tinham interesses ime- século passado contra a domina-
ção colonial francesa, que acabou
diatos e também históricos
sendo derrotada. Imediatamente
semelhantes. depois o povo vietnamita teve que
No início do século XX, o regime enfrentar a intervenção da maior
capitalista tinha-se universalizado potência imperialista da história,
(globalizado, como se diz atu- os Estados Unidos. O imperialis-
almente) e tinha mo ianque foi vergonhosamente
adquirido a for- derrotado pelo povo vietnamita
ma atual, a do e pelo movimento de massas do
imperialismo, seu próprio país, especialmente a
uma fase juventude estadunidense. Enor-
superior do mes mobilizações contra a guerra
capitalismo de Vietnã, exigindo a retirada das
(como afir- tropas e o regresso à casa dos
mava Lenin). soldados mobilizados no Sudeste
O imperialismo Asiático foram fundamentais para
é o domínio do a derrota das forças militares da
capital financeiro. maior potência mundial.

28
Greve Internacional de Mulheres em 2017 (Marcha do Dia Internacional da Mulher
em Los Angeles)

Mas também se formou uma solidariedade internacional entre


nova vanguarda de massas, surgi- os povos é tão importante. Hoje
da em maio de 1968, especialmen- vemos que cada vez mais setores
te na França, mas que também se da sociedade e organizações de
internacionalizou, se estendeu por todo o mundo, especialmente dos
todo o mundo e levantou a palavra Estados Unidos, onde o ídolo de
de ordem “Yankees go home” to- Bolsonaro, o neofascista Donald
mando partido claramente a favor Trump foi derrotado nas últimas
do povo vietnamita em sua luta eleições, mas também de Europa,
pela libertação nacional. como o Parlamento Europeu, e
Colocamos esse exemplo da países da América Latina expres-
Guerra de Vietnã porque é uma sam sua solidariedade com o
demonstração clara da necessida- povo brasileiro. Não só através de
de e também a eficácia do inter- declarações de repúdio ao genoci-
nacionalismo militante. Podería- da e ecocida Jair Bolsonaro e seu
mos citar também com um belo governo, mas também de medidas
exemplo de internacionalismo a concretas como denúncias no Tri-
Greve Internacional das Mulheres bunal Penal Internacional de Haia
ocorrida em 8 de março de 2017. e outros foros internacionais.
É por isso que afirmamos que a Por isso, também no terreno

29
Molly Adams
“o terreno internacional do termo: só terá acabado com o
é necessário construir triunfo definitivo da nova socieda-
de sobre todo o nosso planeta.”
uma ferramenta política
A tarefa principal de um militante
permanente. Essa é construir o partido revolucionário
ferramenta é uma nova no seu país, essa tarefa está indis-
Associação Internacional soluvelmente ligada à construção
de Trabalhadores, uma da nova Internacional, o partido
mundial da revolução socialista.
nova Internacional que
O militante sabe que o inimigo
ajude a educar, organizar não é essa ou aquela política do
e dirigir as lutas dos capitalismo e sim o próprio capi-
trabalhadores e o povo.” talismo. Não se trata de escolher
entre um capitalismo mais duro ou
mais ameno. “O menos ruim é o
internacional é necessário cons- mal melhorado”, já dizia Gramsci.
truir uma ferramenta política O problema é o sistema e seus
permanente. Essa ferramenta é agentes. Um sistema perverso,
uma nova Associação Internacio- que prioriza a maximização do
nal de Trabalhadores, uma nova lucro passando por cima dos
Internacional que ajude a educar, interesses da maioria do povo e da
organizar e dirigir as lutas dos vida no planeta não pode significar
trabalhadores e o povo. nenhuma esperança.
Um militante também se forma Mas o capitalismo não irá morrer
nesse terreno, no internacionalismo, de morte natural e nenhum go-
e é cidadão do mundo como afirma- verno cai de podre, pois são mais
va Che Guevara. Na carta de des- podres do que parecem. As massas
pedida para seus filhos, quando foi oprimidas precisam estar organi-
lutar na Bolívia, Guevara escreveu: zadas para derrubá-lo. Para acabar
“sejam capazes de sentir profunda- com as guerras, com a fome e com
mente qualquer injustiça cometida todas as opressões precisamos aca-
contra qualquer um em qualquer bar com o capitalismo, o que não é
parte do mundo. É a qualidade mais fácil. Entretanto, o militante precisa
bonita de um revolucionário”. ter a capacidade de atuar na vitória
Segundo León Trotsky “A revolu- e na derrota. O socialismo depen-
ção socialista começa no terreno de da organização e da ação
nacional, desenvolve-se na arena dos trabalhadores organizados
internacional e completa-se na para a tomada do poder. Nada
arena mundial. Assim, a revolução é automático neste processo
socialista torna-se permanente histórico, mas como dizia Che:
num sentido novo e mais amplo “O presente é luta, o futuro é
nosso”.
30
5. dicas de leitura
• Manifesto Comunista: https:// • Vladimir Lenin. Veja as prin-
www.marxists.org/portugues/ cipais obras em: https://www.
marx/1848/ManifestoDoPartido- marxists.org/portugues/lenin/
Comunista/index.htm index.htm
• Nahuel Moreno e Mercedes • León Trotsky. Veja as principais
Petit: Conceitos Políticos Básicos; obras em: https://www.marxists.
• Introdução ao Marxismo a org/portugues/trotsky/index.htm
partir da leitura do Manifesto Co- • Antonio Gramsci. Veja as
munista, de Israel Dutra: https:// principais obras em: https://www.
br1lib.org/book/2780627/b9b- marxists.org/portugues/gramsci/
6db?id=2780627&secret=b9b6db index.htm
• Paulo Freire: Princípios do • Ernesto Che Guevara. Veja as
Trabalho Popular; principais obras em: https://www.
• Rosa Luxemburgo. Veja as obras marxists.org/portugues/guevara/
em: https://www.marxists.org/por- index.htm
tugues/luxemburgo/index.htm • Manifesto Inaugural da Asso-
• Marx e Engels. Veja as prin- ciação Internacional dos Trabalha-
cipais obras em: https://www. dores: https://www.marxists.org/
marxists.org/portugues/marx/ portugues/marx/1864/10/27.htm

31
GUIA MILITANTE

6. dicas de filmes
• A Greve sofrimento e a insatisfação entre
- Direção: Ser- os operários. As coisas começam
gei Eisenstein a mudar quando chega à cidade o
(1925) professor Sinigaglia, um militante
O suicídio de socialista que percorre a Itália bus-
um operário cando a conscientização política e
injustamente mobilização dos trabalhadores.
acusado de roubo • A Classe Operária Vai ao
é o estopim para o Paraíso - Direção: Elio Petri (1971)
início de uma greve Adorado por seus superiores por
numa fábrica russa, ser um trabalhador extremamente
em 1912. O lento processo de dedicado e odiado pelo mesmo
negociação expõe uma série de motivo por seus colegas de traba-
ações e reações entre grevistas e lho, Lulu vive entregue aos sonhos
a polícia. de consumo da classe média, alie-
• O Sal da Terra - Direção: nado em meio aos movimentos de
Hebert J. Biberman (1954) protesto de sua classe, até que um
História de uma greve em 1951 acontecimento põe em xeque suas
feita por operários mexicanos con- opiniões e se junta ao movimento.
tra uma empresa exploradora de • O Trem de Lenin - Direção:
minério de zinco. Com inspirações Damiano Damiani (1988)
no neorrealismo italiano, alguns O filme mostra a importante
dos atores são os próprios traba- viagem, em 1917, realizada pelos
lhadores grevistas. O filme tam- Bolcheviques que estavam exila-
bém possui um aspecto feminista, dos em vários países da Europa
já que um dos conflitos do filme é (Suíça, França) e que decidiram
a recusa dos homens em deixar as retornar para a Rússia em fun-
mulheres participarem da greve. ção do contexto revolucionário
• Os Companheiros - Di- que o país vivia. O grupo
reção: Mario Monicelli de exilados incluía Lenin,
(1963) Nadia Krupskaia, Inessa
Na Revolução Indus- Armand, Karl Radek
trial italiana, os ope- e Zinoviev. Após sua
rários de uma grande chegada, um novo
fábrica têxtil são sub- ciclo revolucionário
metidos a jornadas de iniciou-se na
trabalho desuma- Rússia e
nas. Aumenta o resultou

32
no triunfo da primeira Revolução Após a morte
Socialista vitoriosa da história. de seu avô,
• ABC da Greve - Direção: uma jovem
Leon Hirszman (1990) decide vas-
culhar seus
O filme cobre os acontecimen-
documentos
tos na região do ABC paulista,
e descobre que
acompanhando a trajetória do mo-
ele era um vete-
vimento de 150 mil metalúrgicos
rano da Guerra
em luta por melhores salários e
Civil Espanhola.
condições de vida. Sem obter êxito
Durante sua ju-
em suas reivindicações, decidem-
ventude, se juntou
-se pela greve, afrontando o gover-
ao Partido Comunista e
no militar brasileiro.
logo se aliou ao POUM (Partido
• Germinal - Direção: Claude Obrero de Unificación Marxista).
Berri (1993) Ele deixou a Inglaterra para lutar
Baseado no romance homônimo contra os fascistas na Espanha
de Émile Zola. Durante o Século em 1936. O filme é baseado no
XIX, os trabalhadores franceses livro Homenagem à Catalunha de
eram explorados pela aristocracia George Orwell.
burguesa, que dava condições • Pão e Rosas - Direção: Ken
miseráveis para seus empregados. Loach (2000)
Em uma cidade francesa, os mi-
Sam é um ativista america-
neradores de uma grande minera-
no que luta pelos direitos dos
dora, decidem realizar uma greve
oprimidos. Maya e Rosa são duas
e se rebelam contra seus chefes.
imigrantes mexicanas vivendo
No filme aparece a importância
nos Estados Unidos, e que tra-
da Associação Internacional dos
balham como faxineiras em um
Trabalhadores (1ª Internacoinal).
prédio comercial. Suas vidas se
• Panteras Negras - Direção: cruzam, e Sam ajuda Rosa e Maya
Mario Van Peebles (1995) a abraçarem sua causa e lutarem
O Partido dos Panteras Negras contra os patrões.
de Autodefesa educa a comu- • Revolução em Danegham -
nidade afro-americana em se Direção: Nigel Cole (2010)
conscientizar dos seus direitos, faz
Baseado na greve de 1968 na
o que pode para tirar das ruas os
fábrica da Ford em Danegham,
traficantes de drogas e enfrenta a
protagonizada por mulheres em
polícia de Oakland (que é extrema-
busca de melhores salários e
mente racista) quando desrespeita
contra a discriminação sexual,
os direitos civis dos negros.
tendo de enfrentar, além dos pa-
• Terra e Liberdade - Ken trões, resistência dentro de suas
Loach (1995)

33
GUIA MILITANTE

próprias casas. o sufrágio feminino.


• Orgulho e • Feministas: O Que Elas Esta-
Esperança - Direção: vam Pensando? - Direção: Johan-
Matthew Warchus na Demetrakas (2018)
(2014) A partir de fotos dos anos 70
No ano de 1984, Marga- que captaram o despertar do
ret Tatcher está no poder e feminismo, o filme mergulha na
os mineiros estão em gre- vida das mulheres retratadas e
ve. Depois do orgulho gay explora a permanente necessidade
chegar em Londres, um gru- de mudança.
po de ativistas gays e lésbicas • Pelo Direito de Ser Feliz -
decide arrecadar dinheiro para Direção: Jeffrey Walker (2018)
enviar às famílias dos mineiros.
A luta pela descriminalização da
• Ela é bonita quando está homossexualidade coordenada
brava - Direção: Mary Dore pela militância LGBT na Austrá-
(2014) lia dos anos 70 se fortalece e a
O documentário explora a for- repressão é cada vez maior. O líder
mação da segunda onda feminista do movimento decide organizar
nos EUA, na década de 1960, que uma grande parada em uma das
teve como um de seus principais principais avenidas da cidade, con-
slogans “O pessoal é político”. As vocando a comunidade a partici-
grandes manifestações, os grupos par. Mesmo se tratando de um ato
organizados, as principais ban- pacífico, a força policial responde
deiras, as contradições, disputas com violência e os militantes
e conflitos dos grupos feministas precisarão de muita coragem para
naquele momento são abordados. enfrentá-la.
• As Sufragistas - Direção: • Judas e o Messias Negro -
Sarah Gavron (2015) Direção: Shaka King (2021)
No início do século XX, após Judas e o Messias Negro é a
décadas de manifestações pacífi- história da ascensão e assassina-
cas, as mulheres ainda não pos- to de Fred Hampton, militante
suem o direito de voto no Reino revolucionário negro e presidente
Unido e passam por humilhações do partido dos Panteras Negras. O
permanentes no trabalho. Um FBI com a ajuda de William O’Neal
grupo militante decide coorde- infiltrou-se nos Panteras Negras.
nar atos de insubordinação, para Hampton foi assassinado pelo go-
chamar a atenção dos políticos à verno em 1969, enquanto dormia
causa das mulheres e conquistar em sua própria casa.

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