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Ecologia Aplicada
Ciclos e processos
da sucessão ecológica
Edir E. Arioli
2022
0
Sumário
Cadeias e redes alimentares 2
Sucessão ecológica 8
Polinização e dispersão de sementes 14
Efeitos de borda e de clareira 21
Corredores ecológicos 26
Comunicação entre animais 31
Comunicação entre vegetais 38
1
Cadeias e redes alimentares
Fonte: planetabiologia.com
2
Fonte: sobiologia.com.br
3
Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br
Pirâmide ecológica
Fonte: todamateria.com.br
Pirâmide trófica
6
da quimiossíntese. A vida na Terra existe, portanto, porque existem
vegetais que transformam a energia solar em compostos orgânicos. Por
isto, o desmatamento é um crime ambiental grave porque elimina setores
inteiros dos ecossistemas, responsáveis pela origem da energia que sustenta
os biomas da Terra. Em última análise, se eliminarmos toda vegetação do
planeta, inviabilizaremos a sustentação da vida, inclusive a nossa.
Referências
Magalhães, L. Pirâmides ecológicas. Portal Toda Matéria, disponível em
https://www.todamateria.com.br/piramides-ecologicas, acessado em
13/04/2021.
MEC. Fotossíntese. Ficha técnica de aula. Ministério de Educação e
Cultura, Portal do Professor, disponível em
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html, acessado
em 18/04/2021.
O que é cadeia alimentar? Redação Planeta Biologia, disponível em
https://planetabiologia.com/o-que-e-cadeia-alimentar, acessado em
18/04/2021.
Teia alimentar. Portal Só Biologia, disponível em
https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/Cadeiaalimentar4.
php.
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Sucessão ecológica
Espécies colonizadoras
Desenvolvem-se sobre lajes, paredões rochosos e blocos rolados nos leitos
dos rios. Por isto, formam a vegetação chamada de rupestre, que significa
nas rochas. Estas espécies contribuem com ácidos húmicos para a
decomposição dos minerais primários em secundários, como as argilas e os
hidróxidos, que são constituintes fundamentais do solo.
8
Fonte: pt.dreamstime.com
Espécies pioneiras
Desenvolvem-se em áreas degradadas e sem sombreamento, formando
populações com poucas espécies e muitos indivíduos. Não toleram sombra,
gostam de sol.
9
Fonte: pt.wikipedia.org
10
Fonte: apremavi.org.br
11
Fonte: portalsuaescola.com.br
Bibliografia consultada
Ferronato, M. L. e colaboradores. Manual de recuperação florestal da Zona
da Mata Rondoniense. Ação Ecológica Guaporé, 2015.
12
Santos, V. S. dos. Sucessão ecológica. Biologia Net, disponível em
https://www.biologianet.com/ecologia/sucessao-ecologica.htm,
acessado em 20/06/2021.
13
Polinização e dispersão de sementes
Polinização
Fonte: iStock.com
14
A transferência de pólen pode ser feita com auxílio de seres vivos, ou por
meio de fatores ambientais. No primeiro caso, os agentes de polinização
mais importantes são os insetos (abelhas, vespas, moscas, besouros,
mariposas), aves, mamíferos (morcegos, primatas), anfíbios (rãs,
pererecas) e répteis (lagartixas). Os agentes ambientais mais comuns são o
vento e a água.
As plantas que contêm sementes expostas, sem a proteção dos frutos, são
classificadas como gimnospermas (significa sementes nuas) e as que
produzem frutos são angiospermas (significa sementes encapsuladas). As
primeiras sofrem polinização pelo vento e as outras dependem dos agentes
biológicos de polinização. Em regiões de clima tropical, 94% das plantas
são polinizadas por animais, dos quais as abelhas são os mais importantes
porque fertilizam mais de 90% das plantações, no mundo inteiro.
Relacionamos a seguir os principais polinizadores e, para reforçar a sua
importância para os ecossistemas, as espécies mais cultivadas no Brasil,
que dependem das suas visitas para a reprodução.
Abelhas: soja, café, maçã, cebola, erva-mate, melão, tomate e feijão.
Vespas: aroeira-vermelha, juazeiro, mangueira, pereira e umbuzeiro.
Besouros: açaí, babaçu, abóbora, melancia, quiabo e buriti.
Moscas: manga, pera e pimentão.
Borboletas e mariposas: pequizeiro, laranjeira, mangabeira, pereira e
abacaxizeiro-do-cerrado.
Beija-flor, periquito, sanhaçu e outros pássaros: abacaxi-do-cerrado,
bacurizeiro e maracujá-poranga.
Morcego: pequizeiro, piquiazeiro e jatobá-do-cerrado.
Vento: babaçu, coqueiro, buriti, araucária, arroz, aveia, cana-de-açúcar,
cevada, milho e trigo.
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Fonte: madeinnatural.com.br Fonte: wikipedia.org
Vespa Borboleta
16
Fonte: depositphotos.com Fonte: pinterest.com
Beija-flor Morcego
Dispersão de sementes
A semente tem a função de conservar e propagar as espécies vegetais,
germinando quando encontra condições adequadas para o crescimento
da plântula (broto) e o pleno desenvolvimento da planta. A dispersão de
sementes é o seu transporte para longe da planta de origem, dentro de um
processo de distribuição aleatória da germinação no espaço natural. O
caráter aleatório da dispersão é fundamental para a heterogeneidade das
populações vegetais, consequentemente da biodiversidade do nosso
planeta.
Sendo organismos fixos no solo, as plantas estão sujeitas às variações
ambientais e não podem evitar condições desfavoráveis por meio da
migração. Por isto, elas possuem maior tolerância às variações ambientais.
Entretanto, a polinização e a dispersão de sementes garantem o movimento
das plantas no espaço e a migração de genes entre populações.
Três hipóteses principais explicam a evolução da dispersão de sementes e
as suas vantagens para a biodiversidade: (a) evitar a mortalidade
desproporcional das sementes e plântulas próximas à planta matriz; (b)
aumentar as chances de a prole encontrar um ambiente livre
de competição; e (c) assegurar que a prole encontre um local favorável para
se estabelecer.
As diferentes maneiras como as sementes são dispersas e a frequência com
que atingem ambientes favoráveis para o estabelecimento da planta é que
determinam a riqueza e a distribuição espacial das populações de plântulas.
Os padrões de distribuição no espaço dependem de interações diretas e
indiretas com as forças seletivas bióticas e abióticas da comunidade. Assim,
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um dos processos que determinam a riqueza e distribuição das plantas é,
sem dúvida, a forma de dispersão de frutos e sementes.
Existem quatro grupos principais de formas de dispersão de sementes:
1) zoocoria, dispersão realizada por diferentes grupos de animais;
2) anemocoria, cujo principal agente dispersor é o vento;
3) autocoria, em que as sementes são dispersas pelas próprias plantas,
cujos frutos se abrem por deiscência explosiva e lançam as sementes;
4) barocoria, dispersão realizada apenas pelo peso do diásporo e por ação
da força gravitacional.
Antes de apresentar os dispersores de sementes, devemos lembrar a
importância desse processo para as espécies vegetais. As sementes são
órgãos de reprodução e, quando maduras, precisam ser liberadas da planta
matriz. Quando caem próximo à origem e germinam, a concentração local
de muitos indivíduos leva à competição por espaço e nutrientes. Por isso, as
sementes e os frutos precisam ser levados para áreas mais distantes, o que
depende dos agentes dispersantes.
Como foi mencionado acima, os animais são os principais responsáveis pelo
transporte das sementes. Diversas espécies de animais, como o mico-leão-
dourado e o lobo-guará, alimentam-se de frutos e eliminam as sementes
com as fezes em áreas distantes daquelas em que as encontraram. O mico-
leão-dourado, por exemplo, alimenta-se de aproximadamente 88 espécies
diferentes, sendo responsável por uma grande dispersão na Mata Atlântica.
Além de eliminar pelas fezes, alguns animais regurgitam as sementes dos
frutos que digeriram, o que é muito comum entre as aves.
Outros animais que realizam a dispersão de sementes são as formigas, os
répteis, os peixes, as aves, os mamíferos terrestres e voadores (morcegos).
18
Fonte: oeco.org.br
Mico-leão-dourado
Fonte: pinterest.com
Picão preto
Não é somente por servirem de alimento que os frutos são dispersos por
espécies de animais. Algumas plantas, como o picão preto, apresentam
frutos e sementes com adaptações que permitem que eles prendam-se ao
pelo de alguns mamíferos. Entre as estruturas encontradas, podemos
destacar os ganchos, farpas, espinhos e cascas adesivas. Outra forma de
dispersão é através do vento. Muitos frutos e sementes são tão leves que
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conseguem ser levados pelas correntes de ar. Alguns menos leves possuem
estruturas, como alas, que permitem que eles sejam soprados de um local
para o outro.
A água é também um agente dispersor. Alguns frutos e sementes são
capazes de flutuar, podendo ser levados a longas distâncias. O principal
exemplo de planta que tem seu fruto levado pela água é o coqueiro, sendo
que muitas ilhas recém-formadas recebem o coco através das correntes
marítimas.
Existem, ainda, frutos que liberam suas sementes de forma explosiva.
Como exemplo desse tipo de dispersão, podemos citar o fruto da mamona,
que libera suas sementes a longas distâncias após a abertura de seu fruto.
Assim como ocorreu com flores e insetos, as sementes e frutos coevoluíram
com seus agentes dispersores. Esse evento foi, sem dúvida, fundamental
para o sucesso na reprodução das espécies vegetais.
Bibliografia consultada
Embrapa. O que é polinização. Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, Unidade Meio-Norte, disponível em
https://www.embrapa.br/meio-norte/polinizacao, acesso em
12/03/2021.
Santos, V. S. dos. Dispersão de Sementes. Biologia Net, disponível
https://www.biologianet.com/botanica/dispersores-sementes.htm,
acesso em 12/04/2021.
Wolosky, M. e colaboradores. Relatório Temático Sobre Polinização,
Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil. BPBES, REBIPP,
2019.
20
Efeitos de borda e de clareira
Efeito de borda
21
afetando a vegetação remanescente, com a possibilidade de toda a área ser
extinta. No entanto, a dinâmica de um fragmento de floresta depende de
diversos fatores, tais como tipo de vizinhança, grau de isolamento e
formato da área.
A proximidade de outras manchas verdes minimiza os efeitos da
degradação, porque a polinização pode persistir, a migração de animais
pode continuar beneficiando a fertilização do solo e a semeadura natural, e
assim por diante. Quanto menor e mais isolado for um fragmento florestal,
mais sujeito ele estará ao efeito de borda. Como a degradação pode se
estender por até 500 metros dentro da mata, muitos fragmentos
comportam-se inteiramente como áreas de borda.
Além de ficarem muito mais vulneráveis às alterações, as florestas
fragmentadas acabam sendo invadidas por organismos invasores, tais como
plantas rasteiras, trepadeiras e capim, que adentram a mata e interferem no
crescimento e desenvolvimento de outras espécies. Muitas vezes, quando
atingem esse ponto, as áreas tornam-se irrecuperáveis.
As alterações que acontecem na mata que fica à borda de um fragmento
vegetal influenciam também na fauna local: com a entrada de algumas
espécies de plantas e a morte de outras, ocorrem mudanças na cadeia
alimentar. Muitos animais silvestres morrem por causa da modificação em
seu habitat, outros, afugentados, migram para áreas próximas. Entretanto,
o fragmento florestal nem sempre está destinado a sofrer os efeitos de
borda e a morte das espécies nativas. Procedimentos de manejo ambiental
podem reduzir os impactos do isolamento de uma área de vegetação nativa,
preservando parte dos seus recursos e da sua biodiversidade.
Efeito de clareira
As clareiras naturais, formadas por quedas de árvores, deslizamentos de
terra e outros acidentes ambientais, são responsáveis pela regeneração de
florestas tropicais e contribuem de forma significativa para a
biodiversidade. Estas perturbações têm um papel importante na dinâmica
ecológica, influenciando o crescimento das plantas, as estratégias de defesa
contra herbívoros e a diversidade de plantas lenhosas. Isso acontece devido
a uma grande diferença de microclima entre os ambientes de mata madura
e de clareira natural, que leva a diferenças substanciais na estrutura e
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composição da vegetação. As clareiras naturais influenciam a distribuição
espacial e temporal de plantas e, consequentemente, afetam os animais que
interagem com estes organismos.
As clareiras possuem quatro fontes de regeneração: sementes, plântulas
(brotos), rebrotamento e redistribuição de espécies.
A regeneração a partir de sementes envolve a criação de sítios favoráveis à
colonização por espécies pioneiras que compõem o banco de sementes no
solo, presentes antes da abertura da clareira. As espécies pioneiras
favorecem o estabelecimento de outras, secundárias e climácicas, pois
criam abrigo para dispersores, promovem melhoria na fertilidade do solo e
fornecem habitats adequados ao reflorestamento.
A regeneração a partir de plântulas ou jovens pré-estabelecidas ocorre
quando se desenvolvem as plântulas e plantas jovens tolerantes à sombra,
presentes no sub-bosque antes da formação da clareira. Com a exposição às
novas condições de luminosidade, umidade e temperatura, os rebentos
vegetais se desenvolvem de acordo com a sequência ecológica descrita
anteriormente.
A regeneração por rebrotamento acontece quando árvores ou arbustos no
interior da clareira, bem como lianas puxadas pelas árvores caídas,
produzem numerosos brotos clonais. Trata-se, portanto, de uma renovação
semelhante à que provocamos pela poda das árvores de jardim e pomar.
A regeneração a partir da vegetação adjacente é promovida quando lianas,
herbáceas e galhos do dossel circundantes preenchem lateralmente o
espaço aberto pela clareira. A abertura de espaço dentro da mata cerrada
pode facilitar a expansão lateral de dosséis, que normalmente se mantêm
restritos dentro do que se denomina efeito de dossel ou timidez das copas.
23
Fonte: divertudo.blog
Referências
Azevedo, J. Efeito de borda: o que é e consequências. eCycle, disponível em
https://www.ecycle.com.br/efeito-de-borda/, acessado em
15/03/2020.
25
Corredores ecológicos
26
Fonte: biologianet.com
27
corredores entre remanescentes de vegetação primária ou em estágio
avançado e médio de regeneração”.
Este decreto foi revogado pela Lei do SNUC, cujo artigo 25 determina que
“as unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva
Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de
amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos”.
28
Fonte: biologianet.com
29
Referências
O que são corredores ecológicos. OEco, Dicionário Ambiental, disponível
em https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental, acessado em
11/05/2021.
30
Comunicação entre animais
31
conhecimento científico, apenas de observação da natureza pelo ser
humano comum. De qualquer maneira, as habilidades de comunicação
visual variam muito entre as diferentes espécies animais.
As mudanças de cor podem ser desencadeadas pelo humor, contexto social
ou por fatores ambientais, tais como a temperatura e a luminosidade. O
polvo e a sépia possuem na pele células especializadas (cromatóforos) que
podem alterar a cor, a opacidade e a reflexão da luz. Além do uso deles para
camuflagem, mudanças rápidas na cor da pele são usadas durante a caça e
nos rituais de acasalamento. A sépia pode exibir simultaneamente dois
sinais completamente diferentes dos lados opostos do corpo, como quando
mostra um padrão masculino para uma fêmea e um padrão feminino para
os machos competidores. Alguns sinais de cor ocorrem em ciclos, como por
exemplo, quando uma babuína começa a ovular, sua área genital incha e
fica vermelho-brilhante, indicando aos machos que está pronta para
acasalar.
Fonte: ethosanimal.com.br
32
suas presas. Nos ambientes de terra firme, conhecemos vagalumes, vermes,
aracnídeos, larvas de insetos, fungos e bactérias luminescentes.
Fonte: oficinadeemocoes.org.br
Contato de acolhimento.
33
busca de alimentos tocando-as com suas antenas e pernas dianteiras,
levando-as às fontes enquanto mantêm contato físico. Outro exemplo disto
é a dança das abelhas melíferas.
A aglomeração física promove a troca de calor, juntamente com a
transferência de informações olfativas ou táteis. Alguns organismos vivem
em contato constante dentro das suas colônias, como os corais. Quando os
indivíduos estão bem ligados desta forma, uma colônia inteira pode reagir
aos movimentos de reação ou alarme feitos por apenas alguns indivíduos.
Em várias ninfas e larvas de insetos herbívoros, agregações onde há contato
prolongado desempenham um papel importante na coordenação grupal.
Essas agregações podem assumir a forma de uma procissão ou uma roseta.
Algumas espécies de macacos emitem alarmes distintos para predadores
diferentes e as reações dos demais membros do bando variam de acordo
com a chamada. Por exemplo, se um alarme sinaliza a presença de um
píton, os macacos escalam as árvores, ao passo que o alarme para águia faz
com que os macacos busquem esconderijos no chão. Os cães de pradaria
conseguem sinalizar o tipo, tamanho e velocidade de um predador que se
aproxima. As vocalizações das baleias contêm verdadeiros dialetos típicos
de cada região de origem.
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Nem todos os animais utilizam a vocalização como meio de comunicação
auditiva. Muitos artrópodes esfregam partes do corpo para produzir som, o
que se conhece como estridulação. Gafanhotos, crustáceos, aranhas,
escorpiões, vespas, formigas, besouros, borboletas, mariposas e centopeias
são bem conhecidos por esta forma de comunicação. As partes do corpo
percutidas em conjunto também podem produzir sinais auditivos. O
exemplo mais óbvio é a vibração da ponta da cauda de cascavéis como um
sinal de aviso.
Os sinais químicos mais comuns são os odores corporais e de secreções,
bem como os sabores indicativos de toxidez que algumas presas
transmitem aos predadores.
A urina é uma mistura complexa e nos mamíferos é produzida pelos rins,
por efeito da filtragem do sangue, que elimina dele os produtos resultantes
do metabolismo celular. O principal produto deste conjunto de reações
químicas é a ureia, que é eliminada das células para o sangue e deste para
os rins, onde é o corpo descarta na forma de urina. O odor da urina varia
entre as diferentes espécies de mamíferos e entre os diferentes indivíduos
de uma mesma espécie, devido às concentrações variáveis das substâncias
que os rins eliminam: açúcares, proteínas, aminoácidos, triglicerídeos,
ácidos graxos, colesterol, hormônios e muitos outros metabólitos. Mais de
1.000 compostos podem ser identificados na urina, cujas combinações
dependem da alimentação, hidratação, medicamentos, processos
infecciosos, idade, sexo, dentre outros.
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A comunicação sísmica é a troca de informações usando sinais de vibração
transmitidos através de um substrato, como o solo, a água, teias de aranha,
hastes de plantas ou lâminas de grama. Esta forma de comunicação tem
várias vantagens. Ela pode ser enviada independentemente dos níveis de
luz e ruído, geralmente tem um curto alcance e uma curta persistência, o
que pode reduzir o perigo de detecção por predadores. O uso da
comunicação sísmica é encontrado em muitas espécies, incluindo sapos,
ratos, toupeiras, abelhas, nematoides e outros.
Muitas cobras têm a capacidade de detectar a radiação infravermelha, o que
lhes permite obter imagens térmicas do calor emitido por predadores ou
presas. A sensibilidade deste sentido é tal que uma serpente pode
direcionar seu ataque para as partes do corpo mais vulneráveis de uma
presa.
Enquanto os fotorreceptores detectam a luz através de reações
fotoquímicas, a proteína nas fossas térmicas das cobras funciona como um
sensor iônico de temperatura. Ele detecta os sinais infravermelhos através
de um mecanismo que envolve o aquecimento do órgão da fossa, ao invés
da reação química à luz.
Os vampiros comuns, únicos mamíferos que se alimentam exclusivamente
de sangue, têm sensores de calor especializados em sua folha de nariz. Este
sentido permite que os morcegos localizem animais de sangue quente,
como bovinos e cavalos, e pode ser usada na detecção de regiões de maior
fluxo sanguíneo em presas específicas.
Por fim, também existe a autocomunicação, em que o emissor e o receptor
são o mesmo indivíduo. O emissor gera um sinal que é alterado pelo
ambiente e é recebido de volta pelo mesmo indivíduo. Existem dois tipos de
autocomunicação. A primeira é a eletrolocação ativa encontrada nos peixes
elétricos, elefante e no ornitorrinco. O segundo tipo de autocomunicação é
a ecolocalização, encontrada em morcegos. O sinal alterado fornece
informações que podem indicar alimentos, predadores, obstáculos ou
condições especiais do ambiente. Como o emissor e o receptor são o mesmo
animal, a pressão de seleção maximiza a eficácia do sinal, isto é, o grau em
que um sinal emitido é identificado corretamente por um receptor, apesar
da distorção de propagação e do ruído.
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Bibliografia consultada
Lillmans, G. Como os animais se comunicam. Perito Animal, disponível em
https://www.peritoanimal.com.br/como-os-animais-se-comunicam-
23180.html, acessado em 28/09/2020.
Nishida, S. M.; Giaquinto, P. C. Comunicação animal. Unesp, Plano de
Ensino, disponível na Internet em
https://www1.ibb.unesp.br/Home/Departamentos/Fisiologia/,
acessado em 30/09/2020.
Queiroz, J. Comunicação animal: problemas e métodos. ComCiência, Ver.
Eletr. Jornal. Científico, disponível em
https://www.comciencia.br/comciencia/handler.php, acessado em
30/09/2020.
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Comunicação entre vegetais
Fonte: scielo.br
38
por plantas e, pelo menos, 1.700 desses são voláteis. O estudo de voláteis de
plantas tem sido restrito a produtos florais, mas a lista dos que são emitidos
a partir dos tecidos vegetativos está aumentando rapidamente. O
conhecimento aprofundado desses mecanismos de defesa das plantas cria a
possibilidade de desenvolvermos tecnologias ecologicamente sustentáveis
para controle de pragas e doenças.
Fonte: hopoloja.com.br
39
cascas calosas e cutículas endurecidas. Elas podem também atrair
quimicamente parasitas e predadores dos herbívoros, como as formigas,
aumentando a concentração de açúcares, aminoácidos e compostos voláteis
no néctar extrafloral. A presença de ovos de insetos nas folhas e raízes das
plantas pode deflagrar a geração de voláteis capazes de atrair parasitas
desses ovos.
Pesquisadores da Universidade de Ciências Agronômicas da Suécia
descobriram que pés de milho, por meio da secreção de substâncias
químicas pelas raízes, mantém um sistema de comunicação por baixo da
terra. Captando esses recados químicos deixados no solo, as plantas
detectam se suas vizinhas de plantação estão invadindo seu espaço – e
começam a crescer mais rápido para disputar um lugar ao Sol.
Quando as plantas estão sob ataque, seus perfumes são transportados por
compostos orgânicos voláteis e tornam-se mais semelhantes entre si,
independente do tipo de relação existente entre plantas vizinhas. Trata-se
de uma reação semelhante à ativação do nosso sistema imunológico quando
o nosso organismo é invadido por agentes nocivos.
Os voláteis induzidos após o ataque dos herbívoros parecem preparar as
plantas vizinhas para um possível ataque futuro. A produção de néctar
extrafloral, outra defesa indireta das plantas, também é induzida em
plantas vizinhas após a exposição a compostos voláteis, o qual pode
aumentar a sobrevivência de artrópodes predadores. Estes exemplos
ilustram a enorme capacidade de defesa das plantas contra agressões
ambientais.
Os voláteis são utilizados pelas plantas como mensageiros químicos para
comunicação entre indivíduos da mesma comunidade. Cada espécie vegetal
consegue produzir vários tipos de sinalizadores, os quais variam também
em função do tipo de mensagem a ser transmitida: a origem do estresse
ambiental, a variedade de inseto herbívoro e sua fase de desenvolvimento
(ovo, larva, adulto), o período do dia (para identificar predadores diurnos e
noturnos), umidade do ar e do solo, estado fisiológico da planta emissora, e
assim por diante.
Quando uma planta é atacada por um herbívoro, todos os organismos
presentes no meio ambiente podem responder aos voláteis induzidos.
Alguns herbívoros podem ser atraídos e outros repelidos pelos voláteis
induzidos quando agridem espécies vegetais. Os estudos sugerem que tanto
40
as larvas dos lepidópteros (borboletas, mariposas) como os coleópteros
(besouros) e afídios (piolhos, pulgões) são, em geral, repelidos por plantas
infestadas.
A variedade de voláteis emitidos pelas plantas atinge a ordem de centenas
de compostos. Como diferentes espécies podem emitir os mesmos voláteis,
os especialistas supõem que a identificação precisa de cada mensagem é
feita em função da combinação de um número limitado de substâncias. O
conhecimento sobre estes processos está sendo enriquecido continuamente
desde 1983, quando eles foram detectados em testes de campo e
laboratório.
Bibliografia consultada
Pinto-Zevallos, D. M.; Martins, C. B. C.; Pellegrino, A. C.; Zarbin, P. H. G.
Compostos orgânicos voláteis na defesa induzida das plantas contra
insetos herbívoros. Química Nova, 36(9), São Paulo, 2013.
Ritter, C. Y. S. e colaboradores. Sistemas envolvidos na comunicação
vegetal. UCEFF, Agrotec: 4o Simpósio de Agronomia e Tecnologia em
Alimentos, 2017.
Taiz, L. et al. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. 6. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
41
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Sobre o Autor
Edir E. Arioli é geólogo pela UFRGS (1969), doutor em Geologia pela UFPR (2008),
especialista em Gestão Tecnológica (1990) e Engenharia da Qualidade (1991). Produz
materiais paradidáticos para uso de professores e estudantes de Ciências da
Natureza. Email: earioli@yahoo.com.br
42