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Geociências
2014
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SUMÁRIO
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1. Conceitos relacionados com avaliação de áreas de risco
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Desastre natural é o acidente geológico ou ambiental que, segundo definição
do UNISDR (2009), envolve “perdas humanas, materiais, econômicas ou ambientais de
grande extensão”. Mais especificamente, o desastre natural atende a pelo menos um
dos seguintes critérios: 10 ou mais óbitos; 100 ou mais pessoas afetadas; declaração
de estado de emergência; ou pedido de auxílio internacional. Está implícito, neste
conceito, que desastre é todo acidente cujos danos são tão graves que impedem a
comunidade atingida de recuperar as suas atividades econômicas e sociais sem ajuda
externa.
Movimento gravitacional de massa, MGM ou movimento de massa, é o
deslocamento de uma massa de rocha, solo, vegetação e/ou água ao longo de uma
encosta natural ou talude escavado, por efeito da força da gravidade, devido à redução
da coesão interna e à ruptura do limite de resistência ao cisalhamento.
Predisposição é a propensão de uma encosta para gerar acidentes naturais,
dos quais nos interessam particularmente os MGM, em decorrência de suas
características geológicas, geomorfológicas e hidrogeológicas. Da mesma forma, as
características geomorfológicas e hidrológicas de uma várzea podem favorecer a
ocorrência de uma inundação ou enchente.
Suscetibilidade é a probabilidade de que um MGM ocorra em determinado
lugar, em função da predisposição do terreno e da influência de fatores locais, naturais
ou antrópicos, que potencializam esta predisposição. Ela é uma estimativa de onde os
MGM podem ocorrer, sem levar em consideração quando, com que frequência ou a
magnitude do evento esperado. Na literatura técnica brasileira, a suscetibilidade tem
sido usada como sinônimo de predisposição.
Fragilidade ambiental é o grau de suscetibilidade global de uma região,
determinada pela combinação de fatores internos e externos à crosta terrestre,
podendo ser modificada pela intervenção antrópica. Fatores internos são os processos
formadores das rochas e estruturas, que condicionam inicialmente o modelado do
relevo. Fatores externos são o clima, a flora, a fauna, a água de superfície, a alteração
química e física das rochas, entre outros, que se superpõem aos fatores internos para
produzir o modelado atual do relevo.
Perigo (hazard) ou ameaça é a probabilidade de que um evento de determinada
magnitude e reconhecido potencial destrutivo ocorra em algum lugar e em algum
período específico. É a condição geológica, ambiental ou antrópica com potencial para
causar danos ao meio ambiente, ao patrimônio ou às pessoas. Trata-se de um acidente
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natural que ainda pode acontecer. No Brasil, perigo tem sido usado como sinônimo de
ameaça genérica, conceito utilizado neste relatório, sem especificação de intensidade,
local, período ou probabilidade de ocorrência.
Vulnerabilidade é o grau de exposição de uma comunidade ou de um
patrimônio aos efeitos de um tipo específico de acidente geológico, ambiental ou
antrópico. Quando se trata de instabilidade de encostas, ela é indicada pelo dano
possível que um determinado MGM pode causar à comunidade ou ao patrimônio. O
grau de exposição depende basicamente da proximidade da zona de impacto, da
qualidade da ocupação e das estruturas civis em termos de resistência aos efeitos do
perigo identificado.
Risco é a probabilidade de que um determinado volume de perdas, traduzido
em valor monetário, afete uma comunidade, infraestrutura ou setor do meio ambiente.
Este é um conceito econômico, utilizado inclusive pelas companhias de seguro no
cálculo dos prêmios e indenizações. O risco é tradicionalmente classificado em
ambiental, social, econômico, aceitável e tolerável.
Risco ambiental relaciona-se com a possível destruição temporária ou definitiva
de parte de uma paisagem, que é um setor da superfície terrestre onde relevo, água
superficial, flora e fauna se mantêm em equilíbrio dinâmico.
Risco social refere-se às perdas que podem ocorrer pela interrupção de
determinadas atividades comunitárias, tais como transporte, prestação de serviços
públicos, eventos sociais e religiosos, entre outros.
Risco econômico refere-se ao custo financeiro das possíveis perdas ambientais
e sociais, por efeito de um acidente ou desastre natural.
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atividade econômica, bem como dos seus possíveis danos, em decorrência dos
eventos naturais caracterizados nos mapas de predisposição ou suscetibilidade.
Entretanto, a estimativa da probabilidade de ocorrência de MGM em uma determinada
região depende da existência de séries históricas de eventos ocorridos. Sem dados
acumulados, não é possível estabelecer níveis de probabilidade e sem eles, não é
possível calcular o risco de perdas.
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2. Movimentos gravitacionais de massa
2.1 Introdução
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Os tombamentos consistem na rotação em torno de um eixo da base de blocos
de rocha, por efeito da gravidade e ruptura do equilíbrio por alguma alteração na base
de sustentação. Eles diferem das quedas porque a ruptura dos blocos tombados ocorre
no pé da escarpa, onde não há face livre abaixo do bloco deslocado. Rolamentos de
matacões são incluídos nesta categoria de MGM.
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Figura 2. Deslizamento rotacional.
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Figura 3. Deslizamento translacional.
2.5 Rastejo
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2.6 Fluxos de detritos
São fluxos saturados por água em mistura homogênea com detritos variados,
em que a percentagem de materiais grossos (areias e cascalhos) é elevada, em geral
mais de 50%. Normalmente, a quantidade de materiais finos em suspensão (silte e
argila) é também elevada. Por vezes iniciam-se como deslizamentos rotacionais e
evoluem para fluxos à medida que incorporam água no percurso.
Os detritos envolvidos nestes fluxos podem ter dimensões muito variadas, desde
partículas muito pequenas, como as argilas, até blocos com vários metros de diâmetro.
É esta mistura densa que serve de suporte ao transporte de elementos maiores em
suspensão. Na localidade de Floresta, durante o desastre de 2011, foi observado o
deslocamento de matacões de tamanhos equivalentes a veículos de passeio e
pequenas edificações.
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Figura 5. Fluxo de detritos.
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As suas velocidades podem ser superiores a 1 km/h, tendo-se, em alguns casos,
estimado velocidades de deslocamento de aproximadamente 150 km/h. Na fase inicial,
os fluxos de lama muito fluidos podem atingir velocidades de 30 m/s, ou mais de 100
km/h, em apenas alguns segundos. Na fase terminal, quando atingem zonas
aplainadas e extensas, a velocidade diminui para alguns metros por dia.
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3 Fatores que predispõem à ocorrência de MGM
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acumulam água precipitada e favorecem a infiltração, aumentando a suscetibilidade
local a movimentos de massa.
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Amplitude. Combinada com a declividade, a amplitude do relevo, medida
vertical da base ao topo das elevações, contribui para o aumento do comprimento da
encosta e o acúmulo de energia e água ao longo do transporte dos materiais
instabilizados. Estes fatores - energia e teor de água - são críticos na geração das
corridas de lama e detritos, os MGM mais destrutivos e de maior alcance.
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4. Metodologia de trabalho
↓ ↓
SUSCETIBILIDADE VULNERABILIDADE
Propensão do terreno para movimentos de massa específicos Exposição ao perigo
RISCO
Probabilidade de ocorrência de perdas, medidas em valor econômico, em local e intervalo de tempo determinados
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5. Referências bibliográficas
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Sobre o Autor
Edir E. Arioli é geólogo pela UFRGS (1969), doutor em Geologia pela UFPR
(2008), especialista em Gestão Tecnológica (1990) e Engenharia da Qualidade
(1991) pela PUC/PR. Dedica-se à produção de materiais paradidáticos para
uso de professores e estudantes de Ciências da Natureza. Email:
earioli@yahoo.com.br.
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