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GEOMORFOLOGIA DO BRASIL

Rodolfo Lopes de Souza Oliveira


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6 GEOMORFOLOGIA: PLANEJAMENTO E ENSINO-APRENDIZAGEM

Apresentação

Chegamos ao último bloco de nossa disciplina. O que está previsto, agora, são estudos
que reúnem os conhecimentos construídos para serem aplicados, aprofundados e
problematizados.

Para isso, trabalharemos com aspectos que envolvem o uso da Geomorfologia em


dinâmicas de planejamento, com uma discussão sobre a Geomorfologia Aplicada.
Depois, faremos considerações sobre o papel do profissional que atua com
Geomorfologia – o geomorfólogo. Por fim, entraremos em assuntos ligados à atuação
profissional do professor de Geografia no trato com os estudos de relevo, explicando a
relação e o estado da arte entre ensino-aprendizagem e Geomorfologia, bem como
apresentaremos exemplos de recursos sobre a abordagem da ciência geomorfológica
para aproximar o estudante e o conhecimento.

6.1 Geomorfologia e planejamento

Para Ross (2012), a Geomorfologia possui um caráter importante no tocante aos


processos de planejamento e entendimento ambientais. O relevo ocupa uma posição
importante na paisagem, sendo mais tangível e inteligível, haja vista que está na parte
superficial da crosta, estando sujeito a dinâmicas internas e externas e, dentro destas,
sujeito às ações humanas – quem o estuda é a Geomorfologia. Isso se dá porque a
função de interpretar o relevo vai além de identificar formas e descrever o
comportamento geométrico destas, condizendo à correspondência de processos
dados no passado e no presente que são responsáveis pela morfologia atual e
estabelecendo uma análise da evolução dessas formas. É o relevo o palco onde
acontecem as atividades humanas, sendo apropriado pelas sociedades, e é daí que
deriva o papel da Geomorfologia no planejamento.

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A maior contribuição da Geomorfologia nos estudos ambientais está justamente em


prevenir impactos e problemas. Até mesmo numa questão de custo financeiro, é mais
vantajoso prevenir do que corrigir. Dessa maneira, Ross (2012) explica que é mister a
elaboração de diagnósticos ambientais, pois é mediante estes que se propõem
prognósticos em que se podem constar diretrizes de uso dos recursos naturais em
condição racional, o que minimiza danos.

De maneira geral, a contribuição da Geomorfologia em propostas de planejamento,


conforme Christofoletti (1994 apud MEDEIROS, 2016), desdobram-se em dois tipos de
planejamento: o estratégico, ligado à tomada de decisões de médio e de longo prazo
baseada em pesquisas; o operacional, relativo às tomadas de decisões de curto prazo,
mais rápidas.

Alguns exemplos de estudos que demonstram a associação entre Geomorfologia e


Planejamento podem ser:

 Planejamento e uso de terras rurais – busca de ajuste e adequação de


atividades agrícolas e de pastagem às características geomorfológicas, como
declividade, tipo de solo, atividade morfogenética, fragilidade, geometria de
vertentes, aspectos fluviais etc. Isso orienta a tomada de decisões do tipo de
cultura e outras intervenções, como terraceamento.

 Planejamento do uso de terras urbanas – orientar o processo de ocupação


sobre o relevo, para diminuir perdas humanas e materiais, em decorrência da
expansão de áreas urbanas e da densidade de ocupação presente nestas. Daí,
partem estudos sobre a existência de novas formas de relevo, depósitos
tecnogênicos, áreas sujeitas a inundações e alagamentos, voçorocas etc. As
perspectivas de risco e de vulnerabilidade são trazidas fortemente nessa
abordagem, sobretudo quanto a ocupações irregulares, terremotos e eventos
climáticos extremos.

 Planejamento em obras de engenharia – considera a morfologia para


implementar obras de engenharia que melhoram e ampliam a infraestrutura
em processos de ocupação. Isso envolve a análise das características do terreno
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para instalação de sistemas de drenagem, de encanamentos de distribuição


e/ou coleta de água e esgoto, canalização de rios, construção de vias de
transporte etc., tudo alterando o relevo original com cortes, aterros e
construções. Permite, ainda, avaliar danos e impactos ambientais que as obras
promovem direta e indiretamente.

 Planejamento ambiental – análise de impactos diretos e indiretos na


construção de empreendimentos gerais (atividade mineradora, edificações,
extração vegetal, construção de parques e resorts etc.). Esse desdobramento
considera, geralmente, as características morfológicas e fisionômicas do relevo
junto à dinâmica da drenagem de bacias hidrográficas e o impacto sobre as
biotas. É comum haver propostas de zoneamento e de medidas
compensatórias.

 Planejamento de atividades mineradoras – leva em conta as mudanças do


relevo na extração mineral. Aqui, nota-se um uso explícito de conhecimentos
geomorfológicos, desde o reconhecimento de depósitos minerais e de sua
origem até o entendimento dos processos que serão alterados (desparecendo e
instalando-se), devido às modificações sensíveis no modelado das formas de
maneira irreversível.

6.2 Geomorfologia Aplicada

Acabamos de entender que a Geomorfologia é útil e até necessária para o


desenvolvimento de propostas e políticas de planejamento. Como se pôde reconhecer,
existe uma aplicação de conhecimentos geomorfológicos a esse conjunto delineado
como “planejamento”. E é nisto em que consiste a chamada Geomorfologia Aplicada:
aplicação dos conhecimentos da Geomorfologia em propostas de planejamento
territorial e ambiental. Pode-se, inclusive, dizer que o campo do que se chama
“Geomorfologia Aplicada” é correspondente à chamada “Geomorfologia Ambiental”.

O escopo de ações da Geomorfologia Aplicada são atividades que envolvem


interpretação e adaptação da Geomorfologia em sua condição de estudo direto do
relevo, o que se costuma chamar de “Geomorfologia Pura”, por não ter em seus
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objetivos a necessidade essencial de aplicações no planejamento e no ordenamento


territorial. A divisão Aplicada da Geomorfologia estaria, assim, em um segundo nível
de conhecimento – a aplicação. Dessa maneira, os grandes produtos que se têm na
Geomorfologia Aplicada são as propostas de planejamento ambiental, a exemplo de
estudos de impacto ambiental requeridos em empreendimentos, planejamentos
urbanos, planos diretores, mapeamentos de áreas de risco, cartas e mapas geotécnicos
etc.

Entretanto, a existência de uma Geomorfologia Aplicada está vinculada à


“Geomorfologia Pura”. É importante considerar que, a despeito de especialidades de
divisões, a Geomorfologia é uma ciência que mantém seu objeto como sendo as
formas de relevo. O que varia são as formas de abordagem e as especificidades de
cada divisão. Dessa maneira, a construção de uma Geomorfologia Aplicada se
desenvolve com base nos conhecimentos e nos estudos originados na Geomorfologia
Pura. Um exemplo disso é a orientação de planejamento de ocupação de encostas,
pois, sem se conhecer as dinâmicas morfológicas de uma vertente (erosão, intensidade
de escoamento, dissecação, drenagem, declividade etc.), algo feito pela Geomorfologia
Pura, não se consegue aprofundar e refletir acerca de potenciais e limites de
ocupação, muito menos classificar a encosta mediante sua fragilidade.

Indo um pouco mais profundamente, ao se pensar numa justificativa para a


importância da existência de uma Geomorfologia Aplicada é o fato de que o relevo faz
parte do espaço geográfico, não podendo ser desconsiderado de diagnósticos e
estudos ambientais, afinal ele faz parte da dinâmica ambiental (ROSS, 2012). Então, à
medida que cresce a capacidade de intervenção humana, junto, especialmente, da
urbanização, seria difícil não cogitar a necessidade de estudos geomorfológicos
voltados a orientar a ocupação e a entender como o ser humano participa de
processos morfogenéticos.

Apesar de haver objetivos de certa forma diferentes entre Geomorfologia Pura e


Aplicada, não podemos sobrevalorizar uma em relação à outra. O que a Aplicada utiliza
em suas interpretações toma como partida e/ou tem si o que a Pura tem desenvolvido.
A interdependência entre elas existe, no sentido de que uma estimula outra quando
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novas problematizações surgem e quando é necessário aprofundar o entendimento de


casos específicos de estudo (de uma área em particular, por exemplo). Nesse sentido,
algo possível e observável é que os conhecimentos e os métodos da Geomorfologia
Pura sejam questionados, devido às novas questões emergidas que promovem a
necessidade de revisão de alguns aspectos pouco esclarecidos ou mal desenvolvidos. O
fato é que a Geomorfologia Aplicada possui em si a “Geomorfologia Pura”.

6.3 Prática profissional do geomorfólogo

O geomorfólogo é aquele que estuda e pesquisa o relevo com afinco e especialidade,


também se dedicando à Geomorfologia como área de trabalho. O geomorfólogo
propõe-se a estudar, analisar e avaliar o ambiente e os processos do espaço,
preocupando-se também em aplicar conhecimento geomorfológico no
estabelecimento da relação natureza-sociedade.

O trabalho do geomorfólogo é de caráter ambiental, trazendo a Geomorfologia para


ser aplicada – a Geomorfologia passa a ser aplicada na realidade, portanto – com o
objetivo de mitigar e resolver problemas presentes e prováveis que são resultado da
apropriação humana dos sistemas naturais. Nesse sentido, o maior foco do trabalho do
geomorfólogo reside em aplicar a Geomorfologia ao Planejamento Ambiental, algo de
extrema importância em projetos e empreendimentos econômicos, sociais e, também,
ambientais.

A atuação do geomorfólogo no planejamento faz parte de duas vertentes deste que já


mencionamos: estratégico e operacional. A importância disso consiste no fato de que é
o geomorfólogo o responsável por articular os conhecimentos sobre as dinâmicas do
modelado da superfície terrestre às decisões necessárias aos projetos que modificam
as relações de equilíbrio natural e ecológico dos sistemas do planeta.

Infelizmente, quando se vislumbra a presença efetiva de especialistas em


Geomorfologia nas equipes de planejamento e implementação, ela é pequena em face
da presença de outros profissionais (arquitetos, engenheiros etc.). O problema da
ausência do geomorfólogo é que a perspectiva biomorfoclimática (referente aos
processos atuantes na modelagem do relevo, que integram natureza e sociedade) não
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é considerada, levando a uma compreensão limitada da realidade que conflui para a


deflagração de problemas implicantes em perdas de toda espécie (GIRÃO; CORRÊA,
2004 apud MEDEIROS, 2016). A visão permitida pelo conhecimento geomorfológico é
útil para o entendimento das consequências de uso e ocupação das terras, definindo
áreas mais ou menos frágeis com a perspectiva de risco e de vulnerabilidade.

Os estudos geomorfológicos debruçam-se sobre uma gama de aspectos que abarca as


condições e características morfológicas de vertentes, o quanto estas estão aptas para
determinados usos e preveem cenários marcados pela intensidade dos diversos usos.
Isso é muito impactante em uma realidade como a brasileira, pois somos marcados
pela falta de planejamento durante a expansão urbana e no uso do espaço rural.
Assim, a Geomorfologia permite, além de planejar usos com vistas à diminuição de
impactos, corrigir problemas já estabelecidos levando em conta aspectos
socioeconômicos – evitar colocar a população em situações problemáticas, permitindo
avaliar revitalizações e recolocações.

6.4 Ensino-aprendizagem de geomorfologia

Um aspecto importante para considerar a respeito do ensino-aprendizagem de


Geomorfologia, sobretudo na Educação Básica, é o fato de que a ciência
geomorfológica estende seus braços em diversas áreas de conhecimento. É fato, no
entanto, que a Geografia é o componente curricular em que os assuntos sobre as
formas de relevo são mais abordados de maneira específica, estando presente em
diretrizes curriculares inclusive. Alguns pontos são tratados pelo componente de
Ciências, haja vista o encargo de tratamento de questões geológicas que o
componente possui frente à Geologia, mas é a Geografia a responsável por trazer a
Geomorfologia para o entendimento de estudantes da Educação Básica.

As causas para que a Geomorfologia esteja inserida na Geografia dizem respeito,


primeiro, ao fato de que a origem dessa ciência consta nos anais de Geografia do
século XIX, bem como a relação natureza-sociedade, considerando as escalas histórica
e geológica, sendo, assim, uma parte fundamental da Geografia. Conforme Medeiros
(2016), a divulgação da Geomorfologia tem estado com mais intensidade na Geografia

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do que na Geologia, tendo em vista que os cursos de graduação, em bacharelado ou


licenciatura, de Geografia costumam apresentar uma disciplina sobre Geomorfologia
em caráter obrigatório em seus currículos. Ocorre também que a Geomorfologia se
apresente inserida em outras disciplinas nos currículos de graduação, sobretudo
quando se ensina Geografia Física. Essa última possibilidade permite afirmar que ainda
é necessário que se trate a Geomorfologia mais específica e diretamente nos cursos de
Geografia, além de ter de haver uma atualização das bases de conhecimentos
geomorfológicos nos conteúdos programáticos e em livros didáticos.

Quando se analisam obras de materiais didáticos na Educação Básica e se coloca uma


visão acerca da prática didático-pedagógica no tocante ao estudo do relevo, o mais
comum é encontrar uma associação entre relevo e dinâmica geológica do planeta
Terra. Isso quer dizer que os processos geológicos são privilegiados em relação aos
geomorfológicos, confundindo-os com as dinâmicas geológicas. Em síntese, as formas
de relevo costumam ser tratadas numa abordagem geológica que minimiza os
processos geomorfológicos em si, num recorte temático focado no aspecto estrutural
das formas que menospreza a ação humana, por exemplo. Nota-se, também, uma
defasagem teórico-conceitual, pois as formas de relevo são mencionadas de acordo
com um caráter muito descritivo e pautado pelas fases de juventude, maturidade e
senilidade do modelo de William Davis. Um ponto bastante grave é a circunstância de
que a influência da evolução do clima é pouco integrada no estudo das formas da
superfície terrestre, além de poucos estudos sobre as maneiras e formas de ocupação.

Durante o estudo de nossa disciplina, trouxemos a importância da análise escalar do


relevo, com a hierarquização dos níveis de abordagem que permite verificar processos
associados à estrutura e ao modelado, e da concepção sistêmica. Essa abordagem, por
exemplo, costuma ser desconsiderada no trato com a Geomorfologia na Educação
Básica, havendo uma apresentação simplista e extremamente direta (limitadora,
portanto) de compartimentos de relevo, sem analisar a interação existente entre os
sistemas da Terra e o que ocorre de particular ou geral nos táxons, gerando confusões
e equívocos. As formas exemplificadas são, especialmente, aquelas de escalas gerais
(nível continental ou macrorregional) – contribuindo para a dúvida de haver ou não

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montanhas no Brasil, por exemplo. Seria fundamental que houvesse articulação entre
as escalas temporo-espaciais e que o relevo ocupasse uma posição de sistema (ou
subsistema) do planeta, até mesmo para construir a relação entre a forma, suas
origens e seus processos.

Ao executar propostas de ensino-aprendizagem de Geomorfologia é recomendado que


se proceda de maneira semelhante ao recomendado em todas as abordagens do
ensino de Geografia. Assim, é preciso partir da percepção e da experiência do
estudante sobre as formas de relevo, levando-o a observar sua realidade e a refletir
sobre ela. Com isso, é possível explorar a integração dos agentes estruturadores e
escultores das formas de relevo a partir das características dos tipos de rocha, de
solos, de cobertura vegetal, da hidrografia e, é claro, considerando as formas de
ocupação estabelecida.

Reconhece-se, por conseguinte, que a significância do modelado das formas da


superfície terrestre seria mais fácil de ser estimulada, havendo aproximação entre o
conteúdo científico e o empírico. Recursos que favorecem essa abordagem são os
trabalhos de campo e a Cartografia Escolar: os primeiros para estabelecer o contato
material e direto, por meio do que oportuniza visão prática e verificação; a segunda
porque se comporta como forma de estimular a abstração e de construir instrumentos
a partir dos quais a análise possa ser feita na diferenciação de formas e características,
construindo o conhecimento. Especialmente ao que diz respeito à Cartografia, os
recursos de representação bidimensional e tridimensional (maquetes, por exemplo)
tendem a aproximar as formas de relevo, a princípio abstratas, dos estudantes. Com o
uso de SIGs e de outras plataformas digitais, a abstração fica mais fácil de ser
reconstruída.

Por fim, aquilo que se espera que aconteça ao se estudar o relevo pelas propostas
metodológicas e teóricas da Geomorfologia é o que poderia ser integrado à Educação
Básica, dentro das balizas de planejamento e de contexto etário e curricular, a fim de
trabalhar a Geomorfologia em sala de aula.

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6.5 Recursos de representação do relevo

Como no item anterior explicitamos a necessidade de articular o espaço vivenciado e o


arcabouço científico de estudantes no estudo da Geomorfologia na Educação Básica,
vamos apresentar possibilidades de recursos de representação do relevo que facilitem
ou exemplifiquem possibilidades de que isso ocorra.

No contexto cotidiano da práxis pedagógica relativa ao relevo, é cabal que se


diminuam os equívocos provenientes da abstração direta. Também, com a finalidade
de manter a correção teórico-conceitual e metodológica, é necessário que não se
abandonem as ideias de conciliação de escalas temporo-espaciais e de hierarquização
do estudo das paisagens. O desafio inicial está em partir da percepção do estudante
(que pode não ter percebido nada acerca do relevo de onde ele vive!), daí o porquê de
estimular a observação e a vivência da paisagem e do espaço geográfico por meio de
recursos de representação. Esse espaço vivenciado é o início que precisa ser ampliado
para os outros contextos. Vamos aos exemplos.

 Croquis ou esboços – são desenhos feitos à mão livre. Eles são úteis quando
não se pretende representar algo com exatidão de escala cartográfica, não
possuindo uma rotina técnica para a construção de mapas (MEDEIROS, 2016).
No tocante às formas de relevo, os croquis permitem ao estudante e ao
professor, ao representar formas, identificar alguns compartimentos em
caráter inicial ou preliminar (vales, formas de vertentes, topos etc.) numa visão
plana estabelecida pelo papel.

 Blocos-diagramas – trata-se de representações tridimensionais de uma parte


do relevo da superfície terrestre. Os blocos-diagramas são úteis para estimular
a visão em perspectiva, detalhando as formas, o que facilita a compreensão da
parte estrutural da crosta e dá subsídio para discussão de processos associados
às partes das formas representadas (intensidade da erosão nas vertentes, por
exemplo, de acordo com sua forma geométrica, declividade etc.).

 Perfis topográficos – são representações bidimensionais de um corte linear


demarcado sobre o terreno que apresenta variações morfológicas e
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altimétricas. Os perfis topográficos seguem a lógica de um plano cartesiano,


explorando a escala horizontal e a escala vertical, sendo traçado
analogicamente a partir de cartas topográficas (com curvas de nível) ou
digitalmente sobre modelos numéricos de terreno. Eles favorecem o
entendimento da declividade, da hipsometria (altitude) e de outras
representações do relevo.

 Mapas e cartas geomorfológicas – representações cartográficas do espaço de


caráter temático específico do relevo. Como estudamos anteriormente, esses
documentos trazem uma síntese de estudos geomorfológicos com critérios
bem definidos acerca da origem, dos processos formadores e atuantes e das
características das formas. É importante considerar o tamanho da escala desses
documentos e a complexidade da representação, uma vez que os mapas e as
cartas geomorfológicas tendem a ser complexos, com diferentes parâmetros de
símbolos e convenções. Além de documentação cartográfica específica,
elaborada nos ditames de cartografia geomorfológica, também há a
possibilidade de uso de documentos mais simples, como cartas de hipsometria
(altitude), mapas físicos e de declividade.

 Maquetes – representações mais concretas e tridimensionais do espaço,


possuindo os compartimentos geomorfológicos em escala reduzida. Elas
podem ser de diversos materiais. As maquetes do relevo requerem uma base
topográfica (uma carta topográfica ou um mapa com curvas de nível) para
orientar sua construção o mais fidedignamente possível, respeitando distâncias
e escalas (horizontal e vertical).

 Fotografias – são recursos de captura de imagens numa visão horizontal ou


vertical, não sendo específicos da representação do relevo. As fotografias
obtidas em perspectiva horizontal exploram a visão cotidiana do espaço,
permitindo reconhecer as características das formas de relevo. Elas se
apresentam como recurso de aproximação de realidades próximas e distantes
do cotidiano dos estudantes, a servir como exemplos das características
geomorfológicas.
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Conclusão

No nosso último bloco de Geomorfologia Geral e do Brasil, trabalhamos em um nível


mais avançado de estudo, pois problematizamos questões profissionais e práticas.

Vimos que a Geomorfologia tanto subsidia propostas de planejamento como tem sua
produção de conhecimento marcada por tais propostas. O relevo é uma parte
importante da paisagem, sendo bastante tangível e visível, sobre o qual implicam
transformações provenientes de necessidades e interesses humanos. A aliança entre o
planejamento territorial e a Geomorfologia permitiu o desenvolvimento de uma
divisão que é a Geomorfologia Aplicada, mas que não se desvincula da Geomorfologia
Pura, porém apresentando-se cada vez mais como importante nos estudos ambientais,
da Geografia e para a própria evolução da Geomorfologia. O geomorfólogo é quem
trabalha diretamente com a ciência geomorfológica, cujas atribuições são essenciais
para a prática do planejamento e para o entendimento da construção do espaço
geográfico, ainda que sua presença esteja baixa nos ditames e protocolos de execução
política e de empreendimentos diversos.

Em relação ao ensino-aprendizagem, estudamos que muito é requerido para que o


estudo do relevo na Educação Básica consiga ser coerente de fato. É preciso aproximar
o objeto de estudo da Geomorfologia dos estudantes. Ademais, considerar as
evoluções de conhecimento e de método da própria Geomorfologia na elaboração de
propostas curriculares e materiais didáticos, junto de uma formação profissional mais
adequada minimizaria os problemas e o desinteresse. Finalmente, trouxemos
exemplos de recursos de abordagem em sala de aula para ensinar Geomorfologia,
muitos deles correspondentes à tecnologia e à Cartografia.

Assim chegamos ao fim de nossa disciplina. Espero que nossos estudos tenham sido
úteis e que você os empregue com eficiência e disposição ao longo de sua vida
profissional.

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REFERÊNCIAS

MEDEIROS, Paulo Cesar. Geomorfologia: fundamentos e métodos para estudo do


relevo. Curitiba: Intersaberes, 2016.

ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. Geomorfologia: ambiente e planejamento. 9. ed. São


Paulo: Contexto, 2012.

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