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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

TERMO DE ENTREGA DE RELATÓRIO DO ESTÁGIO PROFISSIONAL

Declaro que o estudante Ivan Agostinho Folige entregou no dia ___/___/____ as 02


cópias do relatório do seu Estágio Profissional intitulado: Projecto e Execução de Pórticos
Reefer para o Porto de Nacala.

Maputo, ___ de ________ de 2021

A Chefe da Secretaria
___________________________________
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL

ESTÁGIO PROFISSIONAL

PROJECTO E EXECUÇÃO DE PÓRTICOS REEFER


PARA O PORTO DE NACALA

Ivan Agostinho Folige

Supervisor:
Prof. Eng. Sulumine Raúl (Mestrado)

Maputo, Outubro de 2021


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL

ESTÁGIO PROFISSIONAL

PROJECTO E EXECUÇÃO DE PÓRTICOS REEFER


PARA O PORTO DE NACALA

Autor: Ivan Agostinho Folige


Maputo, Outubro de 2021
Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

DEDICATÓRIAS

Aos meus pais, Agostinho Folige e Catarina Januário, que acreditaram sempre no meu
potencial e que de tudo fizeram para que eu chegasse até esta etapa da minha vida.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecer a Deus, pelas graças e bençãos proporcionadas a mim e por ter
me guiado em todos os passos da minha vida.

Aos meus Pais, Agostinho Folige e Catarina Januário, aos meus Irmãos, amigos e familiares
em geral, que se fizeram presentes como agentes participativos de forma directa e indirecta
durante o processo da minha formação.

Ao meu supervisor, Eng. Sulumine Raúl pela disponibilidade, orientação, correcções e


incentivo.

Ao director geral da Coberáfrica, Sr. Carlos Silva pela oportunidade que me concedeu, e a
toda equipa de trabalho pela hospitalidade profissional, pela disponibilidade em ajudar
sempre que necessário e pelos conhecimentos transmitidos.

Aos Arqts. Paulo Yong e Muhammad Arby pelo apoio prestado, pelos conhecimentos
transmitidos ao longo do período de estágio, especialmente na tomada de decisões e pela
disponibilidade para atender aos meus problemas assim como pelas sugestões valiosas.

Aos meus colegas do curso e a todos que directa ou indirectamente fizeram parte da minha
formação.

A todo Corpo Docente do Departamento de Engenharia Civil – Faculdade de Engenharia


da UEM que contribuiu para o êxito desta jornada académica.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

RESUMO

O presente relatório documenta o Estágio Profissional desenvolvido ao longo de 13


semanas no âmbito da culminação de estudos para obtenção de grau de Licenciatura em
Engenharia Civil pela UEM.

O estágio profissional foi realizado na empresa Coberáfrica Moçambique, com sua sede na
Estrada de Nacala-a-Velha, Bairro Locone, Nacala-Porto em Nampula. O estudante
desenvolveu suas actividades um pouco pelos Departamentos de Orçamentação e
Projectos, Desenho Técnico e Projectos e tendo acompanhado a produção da estrutura
sobre o qual versa o relatório no Departamento de Área Técnica e Produção. Foram
realizadas actividades adicionais ao tema em causa para amplificar a abrangência e
domínio no sector profissional.

A obra em causa será executada em estrutura metálica e lajes mistas e terá 4 pisos e
fundação em sapata contínua.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

ÍNDICE
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1
1.1 OBJECTIVOS........................................................................................................................................ 2
1.1.1 GERAIS ........................................................................................................................................ 2
1.1.2 ESPECÍFICOS ............................................................................................................................... 2
1.2 CONDICIONANTES E LIMITAÇÕES ...................................................................................................... 2
1.3 METODOLOGIA .................................................................................................................................. 3
1.4 ESTRUTURA DO RELATÓRIO ............................................................................................................... 4
1.5 DESCRIÇÃO DA EMPRESA................................................................................................................... 5
1.5.1 Localização ................................................................................................................................. 5
1.5.2 Equipamento de transporte e montagem ................................................................................. 6
1.5.3 Algumas obras realizadas........................................................................................................... 7
1.5.4 Organograma ............................................................................................................................. 7
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................................................. 8
2.1 REEFER ..................................................................................................................................................... 8
2.2 PLACAS DE BASE ....................................................................................................................................... 9
2.3 CHUMBADOUROS .................................................................................................................................... 9
2.4 ENRIJECEDORES ..................................................................................................................................... 11
2.5 PROCESSO DE SOLDAGEM MIG ............................................................................................................. 11
2.5.1 Equipamentos para soldadura ........................................................................................................ 12
2.6 MÉTODOS DE INSPECÇÃO DE SOLDADURA - ENSAIO VISUAL ............................................................... 13
CAPÍTULO III: PROJECTO DE REABILITAÇÃO E AMPLIAÇÃO DO PORTO DE NACALA ....................................... 13
3.1 PORTO DE NACALA: CARACTERIZAÇÃO GERAL ...................................................................................... 13
3.2. ENTIDADE E INTERVENIENTES NA EMPREITADA DE REABILITAÇÃO E AMPLIAÇÃO DO PORTO .......... 15
CAPÍTULO IV: PROJECTO E EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS EM PÓRTICOS DE REEFERS NO PORTO DE NACALA 17
4.1 DESCRIÇÃO DO PROJECTO ............................................................................................................... 17
4.2 CRONOGRAMA E PLANEAMENTO DAS ACTIVIDADES ....................................................................... 17
4.2.1 Planeamento dos trabalhos ............................................................................................................ 17
4.2.2 Unidades de tempo utilizadas......................................................................................................... 17
4.2.3 Tempos de execução das actividades ............................................................................................. 18
4.2.4 Equipa técnica de profissionais na produção e montagem ............................................................ 18
4.3 ORÇAMENTAÇÃO ................................................................................................................................... 18
4.4 ALTERAÇÕES DE PROJECTO.................................................................................................................... 19
4.5 COMPOSIÇÃO DA ESTRUTURA ............................................................................................................... 20

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

4.5.1 - Pilares............................................................................................................................................ 20
4.5.2 - Vigas .............................................................................................................................................. 20
4.5.3 Chapas colaborantes ....................................................................................................................... 21
4.5.4 Escadas metálicas............................................................................................................................ 21
4.5.5 - Guarda-corpos .............................................................................................................................. 22
4.5.6 - Guia de cabos ................................................................................................................................ 22
4.6 FUNDAÇÕES DO PÓRTICO DOS REEFERS ............................................................................................... 22
4.7 PREPARAÇÃO DA OBRA.......................................................................................................................... 27
4.7.1 Desenhos de preparação ................................................................................................................ 27
4.7.2 Aquisição do material e especificações técnicas ............................................................................ 29
4.7.3 Funcionamento da fábrica, armazenamento e manuseio dos materiais ....................................... 30
4.8 PROCESSO DE FABRICO DA ESTRUTURA ................................................................................................ 32
4.8.1 Cortes das peças ............................................................................................................................. 33
4.8.2 Furação das peças ........................................................................................................................... 34
4.8.3 Quinagem das peças ....................................................................................................................... 35
4.8.4 Chanfro das peças ........................................................................................................................... 35
4.8.5 Formação dos conjuntos e soldadura ............................................................................................. 36
4.8.6 Desbaste e rebarba ......................................................................................................................... 37
4.8.7 Inspecção de soldadura .................................................................................................................. 37
4.9 PLANO DE TRANSPORTE E MONTAGEM ................................................................................................ 39
4.9.1 Transporte da Estrutura até ao Local de Obra ................................................................................ 39
4.9.2 Montagem da Estrutura em Obra ................................................................................................... 40
4.9.3 Montagem de pilares, vigas e guarda-corpos ................................................................................. 41
4.9.4 Montagem da escada metálica e guia de cabos ............................................................................. 43
4.9.5 Ensaios de montagem ..................................................................................................................... 43
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES.............................................................................................. 44
5.1 Conclusão ............................................................................................................................................... 44
5.2 Recomendações ..................................................................................................................................... 44
CAPÍTULO VI: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................. 45
CAPÍTULO VII: ANEXOS..................................................................................................................................... 46

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Lista de símbolos e acrónimos

Ø – Diâmetro

Kg – kilograma

MPa - MegaPascais

B500B – Designação de aço segundo norma BS EN 10080 – tensão de cedência 500MPa,


nervurado.

C16/20 – Classe de resistência à compressão (resistência característica mínima em


cilindros/cubos)

XC2 - Classe de exposição ambiental (Húmido, raramente seco).

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Lista de Figuras
Figura 1 - Localização da Coberáfrica................................................................................. 5
Figura 2 – Guindaste articulado Figura 3 – Manipuladores Telescópicos (Manitou)....... 6
Figura 4 – Guindaste rodoviário e reboque ......................................................................... 6
Figura 5 - Pavilhão de desportos Figura 6 - Ponte metálica tipo militar
com 2 encontros .................................................................................................................. 7
Figura 7 - Bomba de combustível ....................................................................................... 7
Figura 8 – Organograma da empresa ................................................................................. 8
Figura 9 – Exemplo de plataforma em pórtico de Reefers (Fonte: @Portstrategy, 2018) .. 9
Figura 10 – Ligação de base de pilar rotulada (a) e encastrada (b) (Fonte: Martins, 2002) 9
Figura 11 – Chumbadouro Tipo L (Fonte: jrlaminacao@, 2021) ....................................... 10
Figura 12 – Comportamento de pilar na ligação rígida sem enrijecedor (Pfeil, W., Pfeil, M.,
2008) ................................................................................................................................. 11
Figura 13 – Ligações rígidas com enrijecedores (Pfeil, W., Pfeil, M., 2008) ..................... 11
Figura 14 – Princípios básicos do processo MIG (Fonte: IBQN, 1987) ............................. 12
Figura 15 – Equipamento básico para a soldagem MIG (MARQUES, 1991) .................... 12
Figura 16 – Localização do Porto de Nacala (Fonte: Google Earth, 2021) ...................... 14
Figura 17 – Localização da plataforma dos Reefers dentro do Porto de Nacala (Fonte:
Google Earth, 2021) .......................................................................................................... 16
Figura 18 – 3D do pórtico dos Reefers.............................................................................. 16
Figura 19 – Conjuntos de pilares ...................................................................................... 20
Figura 20 – Conjunto de vigas longitudinais e transversais .............................................. 20
Figura 21 - Chapas colaborantes ...................................................................................... 21
Figura 22 – Escadas metálicas ......................................................................................... 21
Figura 23 – Conjuntos independentes de guarda-corpos.................................................. 22
Figura 24 - Guia de cabos ................................................................................................. 22
Figura 25 - Fundação dos Reefers .................................................................................... 23
Figura 26 – Placa de inspecção Figura 27 – Processo de inspecção
da fundação ...................................................................................................................... 23
Figura 28 – Espaçadores de betão para recobrimento ..................................................... 24
Figura 29 – Posicionamento dos gabaritos Figura 30 – Ancoragens tipo L ................. 24
Figura 31 – Detalhe do zona do poço de inspecção de baixa tensão ............................... 25
Figura 32 – Aplicação de óleo descofrante na zona poço de inspecção de baixa tensão
antes da betonagem.......................................................................................................... 25
Figura 33 – Tubulação eléctrica ........................................................................................ 26
Figura 34 – Escoras e cofragem lateral............................................................................. 26
Figura 35 – Fundação executada ...................................................................................... 27
Figura 36 - Tipos de ligações no Tekla ............................................................................. 28
Figura 37 – Desenho de corte (chapa de piso de escada com 6 mm de espessura) ........ 29
Figura 38 – Visualização 3D do conjunto da escada no Tekla ......................................... 29
Figura 39 – Ponte rolante (cap. máx de 5 Ton.) Figura 40 – Manuseio de
perfis-ponte rolante ........................................................................................................... 31
Figura 41 – Manuseio de par de pilar Figura 42 – Serralharia ............................ 31
Figura 43 – Estufa de pintura Figura 44 – Zona de decapagem ................................. 32
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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Figura 45 – Zona de armazenamento de materiais Figura 46 – Perfis tubulares para


a escada metálica 32
Figura 47 - Esquema de soldadura - placa de base do pilar Figura 48 – Placa de base
soldada 33
Figura 49 – Zona de corte (corte de perfil com serrote eléctrico) ...................................... 33
Figura 50 – Corte de chapa na guilhotina Figura 51 – Corte de chapa na guilhotina 34
Figura 52 – Furação manual com equipamento Magnético .............................................. 34
Figura 53 – Furação por meio de puncionador Figura 54 – Furação por meio de
puncionador 35
Figura 55 – Quinagem de chapas na Quinadeira Figura 56 – Quinagem de
chapas na Quinadeira 35
Figura 57 – Chanfro da peça por meio manual Figura 58 - Chanfro da
peça por meio manual ....................................................................................................... 36
Figura 59 – Soldadura do conjunto de pilar....................................................................... 36
Figura 60 – Soldadura dos guarda-corpos Figura 61 – Montagem e
soldadura da escada 37
Figura 62 - Processo de desbaste e rebarba Figura 63 – Perfil tubular da escada .... 37
Figura 64 – Base do par de pilares e viga transversal inspecionadas .............................. 38
Figura 65 - Soldadura de chapas na viga longitudinal Figura 66 - Viga longitudinal com
travamentos 38
Figura 67 – Trajecto da fábrica até a obra - Porto de Nacala ............................................ 39
Figura 68 – Exemplo do carregamento do camião ............................................................ 40
Figura 69 – Organograma da equipa em obra .................................................................. 40
Figura 70 – Esquema com travamentos provisórios de pilares ......................................... 42
Figura 71 - Soldaduras em obra - pontos de ligação de guarda-corpos e cantoneiras de
guia de cabos. ................................................................................................................... 43
Figura 72 – Teste de montagem parcial da estrutura Figura 73 – Montagem parcial da
estrutura 43

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Classificação dos dispositivos de ancoragem segundo Mallèe, Eligehausen e


Silva (2006). ...................................................................................................................... 10
Tabela 2 - Entidades e empresas intervenientes no projecto ............................................ 15
Tabela 3 - Histórico de negociações ................................................................................ 19
Tabela 4 – Especificações técnicas dos materiais ............................................................ 30

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

As estruturas metálicas são muito utilizadas no nosso país em construções industriais


(naves industriais, pavilhões desportivos, bombas de combustíveis, etc) trazendo
consigo ganhos em produtividade, tempo de fabricação e de execução.

O propósito impulsionador da realização deste Estágio Profissional deve-se ao facto do


estagiário poder entrar em contacto com construções de estruturas metálicas e aumentar
os conhecimentos teóricos apreendidos na área de Engenharia Civil integrando-se com
a realidade e a dinâmica de uma empresa.

O Estágio foi realizado na Empresa Coberáfrica Moçambique, decorreu num período de


13 semanas, pretendendo-se desenvolver competências no âmbito da execução de
obras em estrutura metálica, desde a sua preparação, produção e montagem.

Incidiu principalmente em duas vertentes:

 Acompanhamento do trabalho de gabinete.


 Acompanhamento da produção, execução da fundação e montagem de pórticos
Reefers para o projecto de Reabilitação e Ampliação;
No que concerne ao acompanhamento do trabalho de gabinete, foi possível estar
diretamente envolvido nos vários processos, nomeadamente visitas de fiscalização com
os responsáveis da obra, integração do projecto em curso na fábrica dos pórticos Reefer,
elaboração de propostas para projectos e orçamentação, modelação em três dimensões
(3D).

Relativamente ao acompanhamento da produção da obra em curso foi possível ver as


diferentes etapas pelas quais uma obra passa desde a chegada dos materiais até
montagem dos conjuntos assim como algumas visitas ao local de implantação durante a
execução das fundações e quanto a montagem da estrutura metálica não foi possível
acompanhar a montagem da estrutura metálicas em causa.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

1.1 OBJECTIVOS

1.1.1 GERAIS
Acompanhar e avaliar as diferentes actividades durante a execução da
obra de uma estrutura metálica, descrevendo os seus processos inerentes.

1.1.2 ESPECÍFICOS
 Descrição do projecto de Reabilitação e Ampliação do Porto de Nacala;
 Descrição do projecto dos Pórticos Reefers;
 Descrição do trabalho de gabinete executado desde a chegada do projecto
executivo à empresa;
 Descrição do processo de produção e montagem da estrutura metálica;
 Descrição da execução da fundação da estrutura.

1.2 CONDICIONANTES E LIMITAÇÕES

1.2.1 Condicionantes
A realização deste trabalho foi condicionada por diversos factores tanto na fase da
recolha de dados quanto na fase de processamento, dentre estes, há que destacar:

- A entrada e permanência no Porto de Nacala onde decorrem várias obras de distintas


tipologias para acompanhar a tempo inteiro a execução da fundação dos Pórticos
Reefers foi condicionada pelas entidades responsáveis pela, Higiene, Saúde e
Segurança no Trabalho do Porto por questões de diversas naturezas como:
- Apresentação de uma apólice de seguro contra acidentes de trabalho da faculdade do
estudante;
- Testes regulares de Covid-19;
- Realização de induções de segurança.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Tendo o estagiário efectuado algumas visitas de campo dentro do Porto como visitante
cujo tempo e permanência eram limitadas.

1.2.2 Limitações
As principais limitações para a realização das actividades propostas do estágio, foram:

 O tempo de execução estipulado no cronograma da obra que sofreu várias


alterações;
 O tempo pré-estabelecido pela faculdade para a realização do estágio
profissional, o qual impossibilitou a inclusão neste relatório das fases de
tratamento da estrutura, transporte e montagem da estrutura no Porto de
Nacala, pois, até a data de termino estipulada pela faculdade, ainda decorriam
os trabalhos de produção na fábrica;
 Impossibilidade de contacto com os projectistas estruturais do projecto.

1.3 METODOLOGIA
Para a elaboração do presente relatório, foi aplicada a seguinte metodologia:

 Pesquisas e consultas bibliográficas de manuais, livros e estudos referentes


a estruturas metálicas;
 Pesquisas e consultas na Internet;
 Consultas ao projecto executivo (anexos A6, A8 e A9) e demais informações
fornecidas pelo cliente (Teixeira Duarte);
 Consulta aos desenhos de fabricação, mapas de controle, especificações
técnicas dos materiais, listas de materiais e acessórios.
 Consultas e discussão de ideias com os supervisores da empresa;
 Apresentação do andamento do relatório ao supervisor da faculdade;
 Uso de softwares (MS Word 2016, Excel 2019 e PowerPoint 2016).

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1.4 ESTRUTURA DO RELATÓRIO

Estruturalmente, o relatório encontra-se dividido em 6 capítulos com o desenvolvimento


que a seguir se descreve:

 Capítulo I: Introdução. Onde se descrevem os objectivos, condicionantes e


limitações, metodologia, estrutura do relatório e descrição da empresa onde o
estágio foi realizado.
 Capitulo II: Revisão da literatura. Neste capítulo são apresentados alguns
conceitos teóricos usados ao longo do desenvolvimento do estágio.
 Capítulo III: Projecto de Reabilitação e Ampliação do Porto de Nacala. Faz se a
contextualização do projecto em curso no Porto, uma caracterização geral e
específica do projecto dos Pórticos dos Reefers.
 Capítulo IV: Projecto e execução de estruturas em pórtico de Reefers no Porto de
Nacala. Apresenta-se a descrição do projecto, o cronograma da obra, o
orçamento, as alterações que o projecto sofreu, sua composição, informação
sobre as fundações, a preparação da obra e o acompanhamento do processo de
fabrico da estrutura.
 Capítulo V: Exposição das conclusões retiradas assim como algumas
recomendações.
 Capítulo VI: Anexos.

Nota: O presente relatório descreve o projecto concebido por consultores (não a


empresa em que o estagiário desenvolveu suas actividades) e acompanhamento das
actividades de produção da estrutura dos Pórticos Reefer na óptica do empreiteiro.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

1.5 DESCRIÇÃO DA EMPRESA

A Coberáfrica Moçambique é uma empresa que actua no mercado Moçambicano


desde 2011, no ramo da Metalomecânica, mais concretamente na área de estruturas
metálicas, coberturas auto-portantes e tradicionais.

Além das estruturas metálicas, presta serviços na área da manutenção industrial de torno
mecânico, fresa, quinagem, guilhotina, viradeira, decapagem e pintura.

A Coberáfrica Moçambique, iniciou o seu projecto em Moçambique, na região Norte,


mais propriamente na cidade de Nacala-Porto, província de Nampula, onde se instalou
e criou toda a estrutura necessária ao bom funcionamento da empresa, desde a nave
industrial para a produção e logística, os escritórios, e todos os equipamentos
necessários á produção, logística e montagem em obra e venda directa de materiais
fabricados à medida (Ex.: IBR, remates, cumeeiras, caleiras, etc…).

No ramo da Metálica, está capacitada para a produção de todo o tipo de estruturas


metálicas, desde estruturas de pequena dimensão ou grande dimensão, tais como
estruturas residenciais e industriais, pontes metálicas e torres de média e alta tensão.

1.5.1 Localização

Figura 1 - Localização da Coberáfrica

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

A empresa localiza-se na estrada de Nacala-a-Velha, Bairro Locone, Nacala-Porto,


Nampula, Moçambique.

Contacto: +258 84 2409 613 / E-mail: coberafricamocambique@gmail.com

1.5.2 Equipamento de transporte e montagem


A Coberáfrica Moçambique está equipada com uma grande diversidade de equipamento
próprio de forma a responder a com rapidez e qualidade ao cliente como guindaste
articulado (fig. 2), manipuladores telescópicos (fig. 3), guindastes rodoviários e reboques
(fig. 4).

Figura 2 – Guindaste articulado Figura 3 – Manipuladores Telescópicos (Manitou)

Figura 4 – Guindaste rodoviário e reboque

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

1.5.3 Algumas obras realizadas


A empresa é detentora de uma vasta carteira de obras executadas como :
 Pavilhão gimnodesportivo em Pemba, 2016 – CMC Africa Austral (fig.5);
 Ponte metálica tipo militar com 2 encontros em Chimoio, 2020 – Abilio Antunes
(fig.6);
 Canopy (bomba de combustível), em Maputo, 2017 – Petrotec, SA (fig.7).

Figura 5 - Pavilhão de desportos Figura 6 - Ponte metálica tipo militar com 2 encontros

Figura 7 - Bomba de combustível

1.5.4 Organograma
De acordo com os Estatutos Orgânicos da empresa os órgãos existentes são a
Administração (Director Geral), Departamentos Comercial, Financeiro e Recursos
Humanos, Área Técnica e Produção e Montagens (fig. 8).

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Figura 8 – Organograma da empresa

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1 REEFER
Um Reefer é um contentor isolado termicamente, comumente usado principalmente para
manter temperaturas de cargas congeladas normalmente perecíveis, no resfriamento de
certos tipos de produtos ou qualquer produto que precise de uma temperatura constante.
(GRUPOIRS,2021).

Reefers (contentores refrigerados, fig. 9) são usados para transportar produtos


perecíveis em todo o mundo. Quando estão em trânsito por estrada ou mar, a fonte de
alimentação para a unidade de refrigeração integral é fornecida pelo veículo ou navio.
No entanto, uma vez no porto a aguardar o embarque posterior, um suprimento externo
deve ser fornecido para alimentar o Reefer. Um método seguro e eficiente de fornecer
energia para vários Reefers é através pórticos Reefer (Reefer Gantry Structures)
especialmente construídos, que permitem que contentores empilhados três a quatro
sejam alimentados com segurança. Tomadas de energia permanentes são instaladas
nos pórticos, cada uma a necessitar um fornecimento individual. (BLAKLEY, 2021)

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Figura 9 – Exemplo de plataforma em pórtico de Reefers (Fonte: @Portstrategy, 2018)

2.2 PLACAS DE BASE


Para Perreira (2008), a ligação da base de pilar metálico (fig. 10) com placa de base é
um sistema mecânico composto por vários elementos cuja disposição, características
mecânicas e geométricas destinam-se, por um lado, à transferência e degradação das
cargas do conjunto estrutural ao solo de fundação e, por outro, à implantação e fixação
do referido conjunto estrutural.

Figura 10 – Ligação de base de pilar rotulada (a) e encastrada (b) (Fonte: Martins, 2002)

2.3 CHUMBADOUROS
Os chumbadouros são usados para conectar elementos estruturais e não estruturais ao
betão (Hoehler  Eligehausen, 2008).

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Segundo Mallèe, Eligehausen e Silva (2006), a conexão pode ser feita por uma variedade
de componentes diferentes: parafusos de ancoragem (também chamados de fixadores,
fig. 11), placas de aço ou reforços.

Figura 11 – Chumbadouro Tipo L (Fonte: jrlaminacao@, 2021)

Segundo Rolf Eligehausen, os dispositivos de ancoragem são divididos em dois grandes


tipos: as ancoragens mecânicas e ancoragens químicas (tab. 1).

Tabela 1 - Classificação dos dispositivos de ancoragem segundo Mallèe, Eligehausen e Silva (2006).

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2.4 ENRIJECEDORES
Segundo W. Pfeil (2009) e N. Pfeil (2009), um dos pontos críticos no projecto de ligações
rígidas entre viga e pilar está na capacidade do pilar de absorver esforços concentrados,
principalmente os provenientes dos banzos das vigas. Podem ocorrer os seguintes
efeitos ilustrados na Fig. 12: (i) em compressão a alma do pilar pode sofrer encurvadura
por bambeamento local ou escoamento; (ii) devido à força do banzo tracionado da viga,
a mesa do pilar pode apresentar excessiva deformação. Para evitar esses efeitos devem-
se prover pares de enrijecedores horizontais dos pilares nos níveis dos banzos da viga,
como ilustrado na fig 13.

Figura 12 – Comportamento de pilar na ligação rígida sem enrijecedor (Pfeil, W., Pfeil, M., 2009)

Figura 13 – Ligações rígidas com enrijecedores (Pfeil, W., Pfeil, M., 2009)

2.5 PROCESSO DE SOLDAGEM MIG


A soldagem a arco com eléctrodos fusíveis sobre protecção gasosa é conhecida pela
denominação de MIG, quando a protecção gasosa utilizada for constituída de um gás

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

inerte (fig. 14), ou seja, um gás normalmente monoatómico como Argónio ou Hélio, e que
não tem nenhuma actividade física com a poça de fusão. (MARQUES, 1991)

Figura 14 – Princípios básicos do processo MIG (Fonte: IBQN, 1987)

O processo de soldagem MIG é considerado um processo semi-automático, em que a


alimentação do arame-eléctrodo é feita mecanicamente através de um alimentador
motorizado, ficando para o soldador a responsabilidade pelo início e interrupção do arco,
além da condução da tocha durante a execução da soldadura.

O calor gerado pelo arco é usado para fundir as peças a serem unidas e o arame-
eléctrodo que é transferido para a junta como metal de adição. (IBQN, 1987)

2.5.1 Equipamentos para soldadura

Figura 15 – Equipamento básico para a soldagem MIG (MARQUES, 1991)

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

O equipamento básico para soldagem MIG (fig. 15) consiste de uma fonte de energia,
uma tocha de soldagem com um jogo de bocais, um alimentador de arame, um sistema
de controle, um par de cabos eléctricos, um jogo de válvulas redutoras para o gás de
protecção e uma garra para fixação do cabo a peça. (MARQUES, 1991)

2.6 MÉTODOS DE INSPECÇÃO DE SOLDADURA - ENSAIO VISUAL


O ensaio visual precede qualquer outro tipo de ensaio, o método é utilizado para
inspeção de superfícies externas, para determinar se a junta atende os requisitos de
qualidade exigidos. O ensaio é uma importante ferramenta para o controle da qualidade,
para o controle do processo de solda acontece em duas etapas, antes da soldagem e
após. (FBTS, 2009)

CAPÍTULO III: PROJECTO DE REABILITAÇÃO E AMPLIAÇÃO DO PORTO DE


NACALA

3.1 PORTO DE NACALA: CARACTERIZAÇÃO GERAL

O Porto de Nacala (fig. 16) é um porto internacional, de águas profundas, localizado na


Província de Nampula, no Norte de Moçambique (longitude 40º40’E e latitude 14º27’S),
no extremo Sul da Baía de Bengo, com uma vasta e abrigada baía com 60m de
profundidade e 800m de largura à entrada. O Porto de Nacala serve o interior do Norte
de Moçambique e o Malawi, a Oeste, através de uma rede ferroviária com cerca de 900
km de extensão, ligando os troços de Nampula-Cuamba-Entre/Lagos e Cuamba-
Lichinga ao Central Eastern African Railways (CEAR) no Malawi.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Figura 16 – Localização do Porto de Nacala (Fonte: Google Earth, 2021)

Devido à profundidade das suas águas, apresenta condições excepcionais de


navegabilidade, o que permite a entrada/saída de navios sem limitação de calado, 24
horas por dia, e não necessita de dragagem. Estas características conferem-lhe a
classificação de maior porto natural de águas profundas da costa oriental de África.

Durante a década de 70, cerca de 95% da exportação e importação de cargas era tratado
no Porto de Nacala.

As principais cargas manuseadas no Porto consistem em contentores, produtos


agrícolas (como arroz, trigo e castanha de caju), fertilizantes, madeira, clínker, óleos
vegetais e combustíveis. (Slides, Corredor de Nacala)

Em resposta ao aumento esperado em volume de carga e a urgente necessidade de


reparação das antigas instalações, o Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC)
lançou a primeira pedra para empreitada de reabilitação e expansão do porto de Nacala
em Fevereiro de 2014.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

3.2. ENTIDADE E INTERVENIENTES NA EMPREITADA DE REABILITAÇÃO E


AMPLIAÇÃO DO PORTO

Tabela 2 - Entidades e empresas intervenientes no projecto

Entidade Empresa
Nome do Projecto Nacala Port Development Project Phase I2
Dono da obra Ministério dos Transportes e Comunicação da República de
Moçambique
Consultores Oriental Consultant, Echo, Edgar Cardoso, Promar Consortium

Empreiteiro Consórcio PENTA-OCEAN CONSTRUCTION CO., LTD e TOA


CORPORATION
Sub-empreiteiros TEIXEIRA DUARTE ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES
(MOÇAMBIQUE), LDA E SACYR SOMAGUE ENGENHARIA E
INFRAESTRUTURAS
Período total do 36 meses
projecto
Fiscalização Edgar Cardoso Moçambique, S.A e Proman, Centro de Estudos
e Projectos, S.A

3.3. CARACTERIZAÇÃO DOS PÓRTICOS REEFERS

Os pórticos Reefers serão implantados no Porto de Nacala, na “Área B” de contentores


como ilustrado na figura 17. Serão ao todo 7 unidades de pórticos Reefer Tipo 2.

Cada pórtico terá 4 pisos (ver Anexos A4 e A5) tendo 3 deles a altura de 2,590 m e o
último 1,950 m, desenvolvendo uma altura total de 11,36 m e em planta um comprimento
de 16,628 m e uma largura de 1,50 m.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Figura 17 – Localização da plataforma dos Reefers dentro do Porto de Nacala (Fonte: Google Earth, 2021)

Cada unidade (figura 18) será composta por:

- Conjuntos de pilares com travamentos;

- Vigas longitudinais e transversais;

- Laje mista (com chapa colaborante);

- Escadas;

- Guarda-corpos;

- Cantoneiras.

Figura 18 – 3D do pórtico dos Reefers

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

CAPÍTULO IV: PROJECTO E EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS EM PÓRTICOS DE


REEFERS NO PORTO DE NACALA

4.1 DESCRIÇÃO DO PROJECTO


No âmbito do projecto de Reabilitação e Ampliação do Porto de Nacala (ver Anexos A2
e A3), a empresa Teixeira Duarte subcontratou a empresa Coberáfrica Moçambique para
o fabrico e montagem de estruturas metálicas “Reefers Gantry Structures”, no recinto do
Porto de Nacala.

A totalidade dos trabalhos rege-se conforme previsto no documento fornecido pela


contratante (Especificações Técnicas), cujo objetivo foi o estabelecimento do escopo,
normas e procedimentos que foram obedecidos e as condições gerais necessárias para
a execução dos serviços, fornecimento de bens, e especificações técnicas; Respeitando
assim boas normas de execução, as peças escritas e desenhadas, as decisões da
fiscalização, o plano de Segurança e de Qualidade, os demais documentos legislativos
em vigor no “site” do Porto de Nacala e no País.

4.2 CRONOGRAMA E PLANEAMENTO DAS ACTIVIDADES


4.2.1 Planeamento dos trabalhos
O planeamento dos trabalhos foi baseada na articulação das diversas actividades com
os respectivos tempos de execução e prazo de finalização e entrega do objecto, gerindo
diversos recursos (humanos, materiais e equipamento), como resultado da capacidade
da empresa bem como da experiência adquirida em outros trabalhos semelhantes já
executadas.

4.2.2 Unidades de tempo utilizadas


A unidade base para o planeamento dos trabalhos, planos de mão-de-obra e de
equipamento foi a semana, o que permite bastante rigor na elaboração e interpretação
do plano de trabalhos e garante a possibilidade de intervir, alterando algum procedimento
caso seja necessário.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

4.2.3 Tempos de execução das actividades


O tempo de execução das diversas actividades foi calculado com base nas tabelas de
rendimentos da própria base de dados da empresa, obtidas directamente a partir dos
trabalhos que ao longo dos anos foram executadas, tendo em consideração as
características previstas para cada trabalho e as condições de execução in situ
(cronograma das actividades – Anexo 1).

4.2.4 Equipa técnica de profissionais na produção e montagem


Para o projecto estão envolvidos técnicos profissionais com diversas formações a citar:

- Soldadura (soldadura a MIG, elétrodo revestido, etc);

- Manuseamento de equipamento/grua/Manitou, equipamentos móveis, içamento de


carga;

- Torneamento de peças, frezagem, desbaste de peças e abertura de roscas;

- Sistemas anticorrosivos – primários, intermédios e acabamento;

- Trabalhos em altura, montagem de estruturas metálicas, içamento de carga;

- Construção civil
4.3 ORÇAMENTAÇÃO
As negociações iniciaram a 19 de Abril de 2019 (Tab. 3) com o pedido de cotação por
parte da Teixeira Duarte para:

- Fabrico, fornecimento e montagem em obra das Reefer Gantry Structures a instalar


no Container Yard B (Anexo A2), incluindo todo o tipo de fixações e soldaduras, bem
como os respectivos tratamentos anti-corrosivos (pintura ou galvanização) definidos nos
desenhos de projecto e especificações técnicas;

- Realização de ensaios de soldaduras quando solicitado nos desenhos de projecto e


especificações técnicas;

- Envio de toda a documentação - fichas técnicas, certificado de materiais, acessórios e


tintas, etc.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

- Execução de todos os trabalhos de preparação associados (desenhos de cortes,


conjuntos, listas de materiais, peças e acessórios).

Fornecendo as seguintes informações para o trabalho:

- Mapa de Quantidades;

- Desenhos de Projecto;

- Especificações Técnicas;

- Planeamento.

Tabela 3 - Histórico de negociações


PR ELIM IN A R D A D OS OR ÇA M EN T A ÇÃ O
ES
ORC Opcções/ Dat a de E nt i dade Sol i ci t ant e T i po de Obr a Local i dade P r ovínci as Dat a de Saída Or çament i st a V al or em V al or em M ZN
Revi sões E nt r ada (Obr a) M ZN (Sem (I V A i ncl ui do)
IVA)

2367 19/ 04/ 2019 T ei xei r a Duar t e NDP D ‐ R e e f e r St r uc t ur e s ‐ R e que s t f or Quot a t i on Nacal a P or t o Nampul a 08/ 05/ 2019 A r by+P aul o 41, 797, 466. 46

2367 Rev1 06/ 09/ 2019 T ei xei r a Duar t e NDP D ‐ R e e f e r St r uc t ur e s ‐ R e que s t f or Quot a t i on Nacal a P or t o Nampul a 17/ 09/ 2019 P aul o Y ong 37, 855, 661. 97

2367 Rev2 21/ 11/ 2019 T ei xei r a Duar t e NDP D ‐ R e e f e r St r uc t ur e s ‐ R e que s t f or Quot a t i on Nacal a P or t o Nampul a 21/ 11/ 2019 P aul o Y ong 35, 962, 878. 87

2367 Rev1 20/ 06/ 2020 T ei xei r a Duar t e NDP D ‐ R e e f e r St r uc t ur e s ‐ R e que s t f or Quot a t i on Nacal a P or t o Nampul a 24/ 06/ 2020 P aul o Y ong 37, 073, 365. 18

2367 Rev2 29/ 09/ 2020 T ei xei r a Duar t e NDP D ‐ R e e f e r St r uc t ur e s ‐ R e que s t f or Quot a t i on Nacal a P or t o Nampul a 19/ 11/ 2020 P aul o Y ong 36,658,517.11 42, 890, 465. 02

4.4 ALTERAÇÕES DE PROJECTO


Dada a inexistência de alguns de perfis previstos no projecto executivo junto dos
fornecedores, aliado ao tempo de execução da obra, sugeriu-se alterações nos perfis
conforme a listagem abaixo:

 Pilares UB: 203x165x35.72Kg (Substituido por: UB: 254x146x37Kg);


 Vigas UB: 203x133x31,25Kg (Substituido por: UB 254x146x31.10Kg);
 Escadas metálicas: Tubo 󠄀 125x75x4.5mm (Substituido por: Tubo
140x80x5mm );
 Corrimão e Guarda Corpos Tubo Ø30x3mm (Substituido por: Tubo Ø
38x2.5mm);
 Cantoneiras L 65x50x9mm (Substituido por: L 65x50x6mm);
 Cantoneiras L 100x100x7mm (Substituido por: L 100x100x8mm);
 Chapa colaborante 0.75mm (Substituido por: chapa colaborante tipo PC
65).

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

4.5 COMPOSIÇÃO DA ESTRUTURA


Como referido em 3.3 a estrutura principal dos pórticos Reefer é formada por um conjunto
de pilares, vigas longitudinais e transversais, travamentos de topos, escadas metálicas,
guarda-corpos, guia de cabos, chapas colaborantes e acessórios de ligação.

4.5.1 - Pilares
Pilares - são constituidos por 8 pilares (fig. 19) que formam 4 conjuntos. Os conjuntos
de pilares são formados por 2 pilares, 4 vigas transversais e 4 travamentos dos topos.

Figura 19 – Conjuntos de pilares

4.5.2 - Vigas
Vigas - são constituidos por 24 toços de vigas longitudinais (fig. 20) que fazem a
interligação dos conjuntos dos pilares formando os 4 pisos. Inclui Vigas transversais de
suporte das escdas metálicas e longitudinais secundárias de contorno do poço das
escadas.

Figura 20 – Conjunto de vigas longitudinais e transversais

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

4.5.3 Chapas colaborantes

Chapas colaborantes – fazem o cobrimento do piso com excepção dos poços de escada
e guia de cabos (fig. 21), será fixada por meio de conectores nas vigas longidunais e
transversais.

Figura 21 - Chapas colaborantes

4.5.4 Escadas metálicas - são constituídos por 4 conjuntos de escadas metálicas de


ligação dos pisos (fig. 22), fixadas nas vigas tranversais por meio de aperto
(aparafusamento),

com excepção a do rés-do-chão que é fixada por meio de chumbadouros no betão.

Figura 22 – Escadas metálicas

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

4.5.5 - Guarda-corpos
Guarda-corpos: são formados por conjuntos independentes (fig.23), os elementos
verticais são fixados por meio de soldadura nas vigas longitudinais e os horizontais nos
pilares, a fixação dos guarda corpos é por meio de soldadura na estrutura.

Figura 23 – Conjuntos independentes de guarda-corpos

4.5.6 - Guia de cabos

Guia de cabos – formado por cantoneiras horizontas e verticias (fig. 24), são conjuntos
soldados as vigas longitudinais e transversais respectivamente.

Figura 24 - Guia de cabos

4.6 FUNDAÇÕES DO PÓRTICO DOS REEFERS


As fundações têm as seguintes especificações

- Aço: B500B;

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

- Betão (1ª etapa) : espessura 30 cm …. Classe C16/20;

- Betão (2ª etapa) : espessura 15 cm …. Classe C30/37 XC2.

Figura 25 - Fundação dos Reefers

Figura 26 – Placa de inspecção Figura 27 – Processo de inspecção da fundação

Junto com os empreiteiros e um topógrafo (figs. 26 e 27), foi solicitado a empresa


Coberáfrica para acompanhar e conferir a implantação dos chumbadouros uma vez que
a montagem da estrutura está condicionada a uma boa implantação dos mesmos.

De acordo com a regra geral, a fundação tem um recobrimento mínimo de 5 cm que é


garantido através do uso de espaçadores de betão simples como ilustrado na figura 28:

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Figura 28 – Espaçadores de betão para recobrimento

Figura 29 – Posicionamento dos gabaritos Figura 30 – Ancoragens tipo L

Para facilitar a correcta implantação, impedir o deslocamento dos chumbadouros de


ancoragem durante as operações de execução da fundação foram concebidos pela
Coberáfrica gabaritos (figs. 29 e 30).

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Figura 31 – Detalhe do zona do poço de inspecção de baixa tensão

Figura 32 – Aplicação de óleo descofrante na zona poço de inspecção de baixa tensão antes da betonagem

Como referido em 2.1 os contentores Reefers armazenam produtos perecíveis, esses


produtos devem ser transportados em temperaturas que variam de (-25 ºC e 25 ºC).
Quando estes contentores chegam ao porto, precisam de aguardar um certo tempo para
serem transportados por meios terrestres até ao destino final e durante esse tempo
precisam ficar conectados a uma fonte de energia eléctrica através de quadros de

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

tomadas Reefers cuja ligação é garantida por meio de cablagem subterrânea e por sua
vez possui caixas de visita para efeitos de manutenção das mesmas (figs. 31, 32 e 33).

Figura 33 – Tubulação eléctrica

Figura 34 – Escoras e cofragem lateral

Foram colocadas cofragens e travamentos laterais antes da betonagem para dar forma
e impedir qualquer deslocamento aquando da betonagem (fig. 34).
De acordo com o projecto de fundações foram executadas lajes da segunda etapa das
fundações (h = 15 cm) que estará no mesmo nível dos pavês que serão colocados sobre

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

o pavimento destinada ao tráfego e o pedestal que vai receber as bases dos pilares e
argamassa de nivelamento (fig. 35).

Figura 35 – Fundação executada

4.7 PREPARAÇÃO DA OBRA

4.7.1 Desenhos de preparação

Os desenhos de Fabrico iniciaram logo após aprovação dos shop drawings1 e


especificações técnicas dos materiais a aplicar na obra.

Os desenhos de preparação foram feitos com base no projecto executivo fornecido pelo
cliente (Teixeira Duarte), utilizando um software apropriado – TEKLA STRUCTURES.

Tekla Structures é um software de modelação 3D para qualquer tipo de estrutura, seja


metálica ou de betão. Os modelos gerados pelo programa são detalhados e precisos,
pois, é um software também muito utilizado para fabricação em série. Possui uma

1
Desenhos de aprovação submetido ao cliente

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

biblioteca enriquecida em perfis e ligações (fig. 36) de diversos tipos, o que facilita o
trabalho do operador CAD.

Figura 36 - Tipos de ligações no Tekla

Produziram-se assim os desenhos utilizados para fabricação da estrutura:

 Desenhos de corte (fig. 37), diversas peças com dimensões para corte, furação e
quinagem;
 Desenhos de conjunto, diversas peças soldadas entre si;
 Lista de materiais;
 Lista de peças de corte;
 Lista de peças por conjuntos;
 Lista de parafusos, porcas e anilhas;
 Desenhos de montagem (3D´s e esquemas de montagens).

Exemplos de desenhos de corte

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Figura 37 – Desenho de corte (chapa de piso de escada com 6 mm de espessura)

Exemplos de desenhos de conjuntos2

Ver anexos A10 e A11.

Figura 38 – Visualização 3D do conjunto da escada no Tekla

Os desenhos de preparação e as listas de peças obtidos da modelação (fig. 40) são


muito importantes para o planeamento do trabalho, a fabricação e a inspecção. Qualquer
falha que escapar a atenção provocará transtornos no andamento dos trabalhos, causará
despesas e reduzirá a produtividade da fábrica.

4.7.2 Aquisição do material e especificações técnicas

Logo após a consignação e assinatura da ordem inicial de serviço, iniciou-se com a


concepção, encomenda de todo o material e preparação da estrutura Metálica.

2
Conjuntos são formados por diversas peças metálicas (por exemplo, perfis e chapas de ligação)
soldadas entre si

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Após a preparação da Obra, obteve-se a lista de materiais (incluindo acessórios) com


indicação das quantidades, tipos de perfis, pesos e mais especificações relevantes
(tabela 4).

Tabela 4 – Especificações técnicas dos materiais

ITEM TIPO DE MATERIAL FABRICANTE NORMA CLASSE


1 CANTONEIRAS
1.1 100x100x8mm ArcelorMittal EN 10025-2/2019 S275JR
1.2 150x100x10mm AFV Beltrame Group EN 10056-2 S275JR+AR
1.3 75x75x8mm Kardemir EN 10025-2:2004 S275JR
1.4 65x50x6mm LME EN 10025 S275JR
2 CHAPAS
2.1 Chapa XADREZ 4mm U. S.Steel Kosice EN 10025/90+A1/93 S235JRG2
2.2 Chapa Preta 4mm ArcelorMittal S355JR +AR
2.3 Chapa Preta 5mm ArcelorMittal S355JR +AR
2.4 Chapa Preta 6mm ArcelorMittal S355JR +AR
EN 10025-2-04
2.5 Chapa Preta 10mm ArcelorMittal S355JR +AR
2.6 Chapa Preta 16mm ArcelorMittal S355JR +AR
2.7 Chapa Preta 20mm ArcelorMittal S355JR +AR
3 TUBOS
3.1 50x50x4mm NJR Steel Exports SANS 657 / EN10219 S355
3.2 140x80x5mm NJR Steel Exports SANS 657-1 S355
3.3 38x2.5mm NJR Steel Exports SANS 657 / EN10219 CQ / SAE 1008
4 PERFIS
4.1 UB: 254x146x31 Celsa Group EN 10025-1,2/2004 S355 JO +AR
4.2 UB: 254x146x37 Celsa Group EN 10025-1,2/2004 S355 JO +AR
5 OUTROS (ACESSÓRIOS)
5.1 Chapa colaborante h=55mm, e= 0.8mm Hierros Y transformados EN 10219 S220 GD
5.2 Conectores Ø12mm, h=80mm Tecnaria/Spit EN 10027-1 S355
Chumbadores M20mm (fixação de pilares
5.3 ISO 898-1
da estrutura principal) Irrisfast Classe 8.8
Chumbadores M20mm c/ bucha
5.4 ISO 898-1
química (fixação das escadas no piso térreo) Irrisfast Classe 8.8
Chumbadores M16mm c/ bucha
5.5 ISO 898-1
química (cantoneira dos poços) Irrisfast Classe 8.8
Parafusos, porcas e anilhas M20mm DIN 933,DIN 934,
5.6 Classe 8.8
(fixação da estrutura geral) Irrisfast ISO 7089
Parafusos, porcas e anilhas M16mm DIN 933,DIN 934,
5.7 Classe 8.8
(fixação das cantoneiras dos poços) Irrisfast ISO 7090
5.8 Bucha química Spit - -
6 PINTURA
Esquema de Pintura, especificações
6.1 Neuce
técnicas das tintas a aplicar - -

4.7.3 Funcionamento da fábrica, armazenamento e manuseio dos materiais


Os materiais, perfis e outros dentro da área fabril são manuseados por meio de uma
ponte rolante (figuras 39 e 40) com capacidade máxima de 5 toneladas, manitou e outros
equipamentos de apoio, a fim de movimentar os materiais (fig. 41) sempre em segurança.

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Figura 39 – Ponte rolante (cap. máx de 5 Ton.) Figura 40 – Manuseio de perfis-ponte rolante

Figura 41 – Manuseio de par de pilar Figura 42 – Serralharia

A fábrica encontra-se dividida em seis zonas, nomeadamente:

 Zona de aprovisionamento dos materiais (figs. 45 e 46);


 Zona de corte (fig. 49), onde os perfis são cortados com o comprimento
necessário para os diversos projetos, assim como as furações necessárias para
as devidas ligações;
 Zona de furação (figuras 52 e 53) onde são realizadas furações necessárias de
acordo com os desenhos de preparação para as devidas ligações;
 Zona de soldadura e montagem (figs. 59 e 60), local onde são realizadas as
ligações soldadas exigidas pelos projectos e a montagem de várias peças de
forma a criar um conjunto de peças, que seguidamente segue para obra para
tornar mais rápida a montagem da estrutura;

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

 Zona de decapagem (fig. 44, noutra nave industrial);


 Zona de pintura (fig. 43), local onde se dão as várias camadas de pintura
conforme o especificado em cada projecto.

Figura 43 – Estufa de pintura Figura 44 – Zona de decapagem

Estando as primeiras 4 dentro da nave industrial de serralharia e perfilagem e as duas


últimas na nave industrial de pintura e decapagem.

Figura 45 – Zona de armazenamento de materiais Figura 46 – Perfis tubulares para a escada metálica

4.8 PROCESSO DE FABRICO DA ESTRUTURA

Deu-se o início da fabricação da estrutura logo após a finalização dos desenhos


de fabrico (fig. 47) bem como aquisição de todo material que compõe a estrutura.

Foram executados todos os cortes dos materiais, seguida a furação em caso de


necessidade, passando para a formação dos conjuntos de onde foi feita a soldadura (fig.

FOLIGE, Ivan Agostinho | UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 32


Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

48) pontual para composição da estrutura. Após a aprovação por parte do Fiscal
iniciaram-se as soldaduras finais (cordões de soldadura).

Figura 47 - Esquema de soldadura - placa de base do pilar Figura 48 – Placa de base soldada

4.8.1 Cortes das peças


O corte das peças é feito conforme o tipo de material, sua dimensão, espessura,
utilizando para cada um equipamento específico:

 Perfis, tubos, cantoneiras, corte a serrote eléctrico;


 Chapas inferiores a 12mm de espessura, corte a guilhotina;
 Chapas superiores a 12mm de espessura, corte a oxicorte ou plasma.

Figura 49 – Zona de corte (corte de perfil com serrote eléctrico)

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Projecto e execução de Pórticos Reefer para o Porto de Nacala

Figura 50 – Corte de chapa na guilhotina Figura 51 – Corte de chapa na guilhotina

O corte por guilhotina (figs. 50 e 51) é considerado o mais simples e barato processo de
corte mecânico. Os cortes executados com guilhotina são limpos e praticamente sem
rebarbas, raras vezes necessitando de acabamento, considerando que as facas de corte
estejam em perfeitas condições.

4.8.2 Furação das peças


A furação das peças é feito conforme o tipo de material e sua configuração física,
utilizando para cada um equipamento específico:

 Perfis, furação manual com equipamento magnético (fig. 52);


 Chapas, maquinação – punção (figs. 53 e 54).

Figura 52 – Furação manual com equipamento Magnético

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Figura 53 – Furação por meio de puncionador Figura 54 – Furação por meio de puncionador

4.8.3 Quinagem das peças


As chapas são quinadas na quinadeira (figs. 55 e 56) conforme o ângulo desejado, a
quinadeira tem um comprimento máximo de 3.0 m e suporta chapas até 8 mm.

Figura 55 – Quinagem de chapas na Quinadeira Figura 56 – Quinagem de chapas na Quinadeira

4.8.4 Chanfro das peças


Antes da soldadura das peças é feita o chanfro (figs. 57 e 58) nas peças para dar espaço
ao cordão de solda, este método é feito manualmente através de uma rebarbadora com
um disco de rebarbar.

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Figura 57 – Chanfro da peça por meio manual Figura 58 - Chanfro da peça por meio manual

4.8.5 Formação dos conjuntos e soldadura


A soldadura é feita na formação dos conjuntos, sendo a primeira fase posicionamento da
peça (fig. 61) por meio de pontos de solda e na segunda fase soldadura final por meio
de cordão de solda (Soldadura a MIG – figs. 59 e 60).

Figura 59 – Soldadura do conjunto de pilar

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Figura 60 – Soldadura dos guarda-corpos Figura 61 – Montagem e soldadura da escada

4.8.6 Desbaste e rebarba


Após a soldadura e ou corte, é submetida ao desbaste e rebarba da peça para lhe
conferir um acabamento melhor, este processo é feito manualmente através de uma
rebardadora.

Figura 62 - Processo de desbaste e rebarba Figura 63 – Perfil tubular da escada

4.8.7 Inspecção de soldadura


A inspecção visual de soldadura por parte da Fiscalização foi de elementos estruturais
considerados relativamente importantes. Para esta inspecção foram soldados 4

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elementos (como teste para ter a aprovação da fiscalização e autorização do início da


soldadura final dos conjuntos) os seguintes elementos:

- 1 par de pilares (fig. 64)

- 1 viga longitudinal (figs. 65 e 66)

- 1 viga do poço de escadas

- 1 viga transversal que recebe a escada (fig. 66)

Nos quais foram verificados o aspecto das superfícies, continuidade das soldas, a
espessura, uniformidade, presença ou não de respingos, presença de defeitos de
soldagem (trincas, poros, etc) e uma vez aprovadas as soldaduras feitas iniciaram as
soldaduras finais.

Figura 64 – Base do par de pilares e viga transversal inspecionadas

Figura 65 - Soldadura de chapas na viga longitudinal Figura 66 - Viga longitudinal com travamentos

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A laje dos pavimentos será mista (de 11 cm de altura, com chapas colaborantes e
conectores), o que torna necessário a presença de remates (fig. 66) que serão colocados
nos contornos da laje. Durante a execução da laje mista serão soldados varões para
garantir a aderência aço-betão da laje com as chapas laterais.

A inspecção por ultra sons ficou marcada a posterior pelo que não foi possível de
acompanhar

4.9 PLANO DE TRANSPORTE E MONTAGEM


4.9.1 Transporte da Estrutura até ao Local de Obra

O trajecto da fábrica de produção até a obra tem aproximadamente 15 km (fig. 67), o


transporte da estrutura (fig. 68) será escoltado por uma viatura ligeira acompanhada da
policia trânsito, com toda sinalização necessária, incluindo sinalização da carga
excedente tanto para as laterais assim como para a parte traseira do camião, e será em
horários com menos tráfego nas vias rodoviárias.

Figura 67 – Trajecto da fábrica até a obra - Porto de Nacala

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Figura 68 – Exemplo do carregamento do camião

4.9.2 Montagem da Estrutura em Obra

Em primeiro lugar, na delimitação da zona a intervir, haverá restrição de passagem de


pessoas e veículos, isto de acordo com as indicações da Fiscalização no local e da
própria Contratante.

A equipa em obra terá a seguinte constituição:

Figura 69 – Organograma da equipa em obra

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Após chegada do material em Obra, será verificado (quanto algum dano que possa ter
sofrido durante o transporte) e dar-se-á o inicio da montagem da Estrutura conforme o
esquema de montagem e após garantidas todas as medidas de segurança.

Como referido nos capítulos anteriores, os chumbadores dos pilares da estrutura foram
fornecidos ao empreiteiro e a execução das fundações dos pórticos dos Reefers
concluida.

A montagem da estrutura irá obedecer a seguinte ordem:

1. Montagem dos 4 pares de pilares, incluindo guarda-corpos dos topos;


2. Montagem das vigas longitudinais e transversais incluindo guarda-corpos;
3. Montagem de escadas metálicas;
4. Montagem das cantoneiras dos poços do piso térreo;
5. Soldadura dos pontos de ligação dos guarda-corpos, cantoneiras de guia
de cabos;
6. Pintura dos pontos de solda, inclui preparação manual da superfície,
aplicacão de primário, intermédio e pintura final;
7. Verificação e inspecção visual da Estrutura;
8. Montagem das Chapas Colaborantes e aplicação dos conectores fixos com
prego;
9. Retoques final de pintura em caso de necessidade.
4.9.3 Montagem de pilares, vigas e guarda-corpos
A montagem de Pilares será em módulos, ou seja de dois em dois pares. Serão
montados os pilares metálicos usando uma grua e a sua estabilização enquanto não
estiver ligada a outro elemento estrutural será garantida por dois tirantes amarrados entre
o pilar e dois maciços de betão (figura 70).

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Figura 70 – Esquema com travamentos provisórios de pilares

A seguir serão montadas as vigas longitudinais e transversais por aparafusamento.

A fase seguinte envolverá soldadura em obra dos conjuntos independentes dos guarda-
corpos e cantoneiras verticais (fig. 71) nos pontos de ligação com as vigas longitudinais
e pilares.

Uma das atividades que deverá ser realizada com muita atenção será o içamento das
peças metálicas, pois pode provocar acidentes graves, caso seja feito de forma incorreta.
Para um içamento seguro há que ter em consideração dois pontos importantes: a carga
útil da peça e o centro de gravidade da peça. A definição da carga útil da peça pode ser
feita pela consulta do projecto e a lista de materiais e verificando o peso total da peça
com acessório ou pelo cálculo do peso da peça in loco a partir de cada elemento
constituinte.

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Figura 71 - Soldaduras em obra - pontos de ligação de guarda-corpos e cantoneiras de guia de cabos.

4.9.4 Montagem da escada metálica e guia de cabos


As escadas metálicas serão fixadas nas vigas transversais por meio de aparafusamento,
excepto a do rés-do-chão que é fixada por meio de buchas químicas.

Havérá também nesta fase soldadura em obra nos pontos de ligação do corrimão e o
guarda-corpos do poço de escada.

De seguida serão montadas cantoneiras de guia de cabos do piso térreo por buchas
químicas e soldadura nos topos, sendo as restantes por meio de soldaduras.

4.9.5 Ensaios de montagem

Figura 72 – Teste de montagem parcial da estrutura Figura 73 – Montagem parcial da estrutura

Foram executadas alguns ensaios de montagem para assegurar que os conjuntos


formados não tivessem defeitos que pudessem comprometer a montagem em obra
como ilustram as figuras acima (figs. 72 e 73).

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CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES


5.1 Conclusão
O presente relatório desenvolvido apresentou o acompanhamento da execução da
estrutura metálica em pórticos destinada ao Porto de Nacala desde os cortes dos perfis
à composição da estrutura.

Sendo essencial a disciplina de estágio profissional para entrar em contacto com o dia-
a-dia da vida do profissional engenheiro, foi uma actividade muito importante na
construção da experiência profissional do estagiário, pois, desenvolveu habilidades em
orçamentos de projectos, modelação de estruturas, interagiu com profissionais da área
(engenheiros fiscais e arquitectos) e aprendeu sobre a produção de estruturas metálicas
e a preparação da fundação da mesma.

Os objectivos determinados não foram todos atingidos com êxito (pelas condicionantes
e limitações mencionadas em 1.2.1 e 1.2.2) criando satisfação parcial pessoal e
profissional.

5.2 Recomendações
- Evitar ao máximo a emenda de perfis por soldadura em secções que desenvolvam
esforços importantes como o meio vão e zonas próximas aos apoios das estruturas
fabricadas.

- Adopção de métodos de inspecção não destrutivos para além da inspecção visual,


como o de líquidos penentrantes nas suas obras.

- Por forma a evitar tempos mortos na fábrica, esperando por alguns materiais como foi
o caso das cantoneiras verticais (guia de cabos), o processo de aquisição deve ser
iniciado logo que tenha sido adjudicada a obra ou a escolha de um fornecedor mais
próximo.

- Devem ser compatibilizados os cronogramas das obras com as férias dos


colaboradores de modo a não afectar o mesmo.

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CAPÍTULO VI: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Martins, M. M. (2002). Estudo de bases de pilares metálicos pelo método dos elementos
finitos. Dissertação (Mestrado). Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas
Gerais – DEES/UFMG, Minas Gerais.
Hoehler, Matthew S.; Eligehausen, Rolf (2008). Behavior and testing of anchors in
simulated seismic cracks. ACI Structural Journal. 105 (3): 348–357.

PFEIL, W., PFEIL, Michèle, Estruturas de aço: dimensionamento prático. 8a ed., Ed.
LTC, 2009
Pereira, A. L. (2008). LIGAÇÕES DE ESTRUTURAS METÁLICAS CORRENTES.

Porto: Universidade Fernando Pessoa.


MALLÈE, Rainer; ELIGEHAUSEN, Rolf; SILVA, John F (2006). Anchors In Concrete
Structures. Ernst&Shon.

FUNDAÇÃO BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM. Curso Inspetor


de Soldagem. 2ª ed. Rio de Janeiro 2013
MARQUES, P.V. Tecnologia da Soldagem. Universidade Federal de Minas Gerais. 1ª
edição. 1991
IBQN. Soldagem I- Processos de soldagem. Ficha do curso de formação de supervisores
técnicos independentes.1987

BLAKLEY.Reefer Gantry Supply Assembly. Disponível em:


https://www.blakley.co.uk/projects/reefer-gantry-supply-assembly. Acesso em: 20 de
Julho de 2021.
GRUPOIRS.Container reefer. Disponível em:
https://www.grupoirs.com.br/containers/container-reefer/. Acesso em: 25 de Julho de
2021
Cold chain growth brings terminal challenges. Disponível em:
https://www.portstrategy.com/news101/port-operations/cargo-handling/reefer-article.
Acesso em: 24 de Julho de 2021
Chumbadores Tipo J L. Disponível em:https://www.jrlaminacao.com.br/chumbadores-
tipo-j-l.php. Acesso em: 30 de Julho de 2021

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CAPÍTULO VII: ANEXOS

A1 – Cronograma de actividades

A2 – Planta baixa geral do Porto

A3 – Planta “Container Yard B”

A4 – Alçados e cortes dos Pórticos Reefers

A5 – Planta baixa - Pórticos Reefers

A6 – Desenhos de Pormenores

A7 – Vista 3D da estrutura dos Pórticos

A8 – Fundação dos pórticos Reefer, planta, cordenadas, pormenores e cortes

A9 - Fundação dos pórticos Reefer, pormenores das armaduras

A10 – Desenhos de conjunto de par de pilar

A11 – Desenhos de conjunto da escada metálica do piso térreo

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