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FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO


Secção De Economia Agrária
Curso: Agroeconomia E Extensão Agraria
Disciplina: Segurança Alimentar E Nutricional

TEMA: Efeitos Da Mudanças Climáticas Na SAN Dos


Pequenos Produtores Em Moçambique

Discente:
Noa Mário Beca
Docentes:
Prof. Doutor. Hélder Zavale
Eng.º Bruno de Araújo (Msc)

Maputo, Novembro de 2019


Efeitos Da Mudanças Climáticas Na SAN Dos Pequenos Produtores Em Moçambique

Índic

e
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................2

1.2 OBJECTIVOS......................................................................................................................3

Objectivo geral...........................................................................................................................3

Objectivos específicos............................................................................................................3

1.3 JUSTIFICATIVA DE PROBLEMA DE ESTUDO....................................................4

2.1 A agricultura familiar.......................................................................................................5

2.2 Segurança Alimentar e Nutricional..................................................................................5

2.3 Mudanças climáticas........................................................................................................5

3. METODOLOGIA...............................................................................................................5

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................6

4.1 Caracterização da Agricultura em Moçambique..............................................................6

4.2 Caracterização das potencialidades..................................................................................7

4.3 Evolução do clima e as mudanças globais e em Moçambique.........................................9

4.3 Impactos das mudanças climáticas na SAN para agricultura familiar em Moçambique.
..............................................................................................................................................10

5. CONCLUSÃO..................................................................................................................14

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................15

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Efeitos Da Mudanças Climáticas Na SAN Dos Pequenos Produtores Em Moçambique

1. INTRODUÇÃO

O sector agrário em Moçambique tem um papel decisivo na erradicação da pobreza e da fome


uma vez que constitui a principal fonte de rendimento para cerca de 80% da população
moçambicana que vive nas zonas rurais, onde a incidência da pobreza é maior. Com mais de
3.3 milhões de unidades agrícolas familiares, o sector familiar é responsável por mais de 99%
da produção agrária em Moçambique (Novunga, 2006).

As mudanças climáticas têm sido vistas como um dos maiores desafios ambientais do século
XXI. A possibilidade de danos irreversíveis aos ecossistemas terrestres e de água, além de
reduções no potencial de produção agrícola, desafiam pesquisadores das mais diversas áreas
do conhecimento. Os efeitos das mudanças climáticas possivelmente apresentarão grande
variabilidade entre as diferentes regiões do planeta e setores econômicos. Particularmente,
haverá um impacto desproporcional sobre os pobres em áreas rurais, onde os meios de
subsistência da maioria dependem diretamente dos recursos naturais (FISCHER et al., 2002).

Há consenso entre cientistas que pequenos agricultores (e a agricultura de subsistência em


geral) enfrentarão os maiores impactos negativos. De acordo com Altieri e Koohafkan
(2008), esses produtores são particularmente susceptíveis devido à sua localização
geográfica, baixos níveis de renda, grande dependência da agricultura (de sequeiro,
principalmente) e limitada capacidade adaptativa.

Segundo Morton (2007), um quadro conceitual é necessário para compreender melhor os


impactos das mudanças climáticas sobre os pequenos produtores. Tal quadro deve,
necessariamente, considerar medidas de adaptação. Pequenos produtores são frequentemente
caracterizados por estratégias adaptativas para diminuir sua vulnerabilidade a choques
climáticos.

Como a agricultura é essencial para a segurança alimentar nacional e exerce uma forte
atuação sobre o aumento do PIB, existe uma crescente preocupação com o fato de que o setor
está cada vez mais vulnerável às variações e às mudanças climáticas.
Neste trabalho pretende-se analisar os impactos das mudanças climáticas na segurança
alimentar e nutricional para pequenos produtores em Moçambique.

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1.2 OBJECTIVOS

Objectivo geral

 Analisar os efeitos das mudanças climáticas na segurança alimentar e nutricional para


pequenos produtores em Moçambique;

Objectivos específicos
 Caracterizar agricultura familiar em Moçambique;
 Descrever a evolução das mudanças climáticas no mundo e em Moçambique;
 Avaliar os impactos das mudanças climáticas na segurança alimentar e nutricional
para pequenos produtores em Moçambique.

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1.3 JUSTIFICATIVA DE PROBLEMA DE ESTUDO


A agricultura familiar em Moçambique constitui a actividade económica que ocupa grande
parte da população, podendo alcançar mais de 75% dos cidadãos. Os sistemas de produção
“tradicionais” sofreram, ao longo de décadas, diferentes níveis de transformação em
consequência da intensidade de penetração do capital no meio rural, sobretudo o agrário e o
comercial e o da extração de recurso naturais (MOSCA, 2013).

Devido à sua localização geográfica, o País é afectado sistematicamente por calamidades


naturais (principalmente secas, cheias e ciclones), sendo por isso, importante investir em
tecnologias que visam o aproveitamento da água para irrigação, como parte duma estratégia
global de desenvolvimento do sector agrário (FAO, 2011).

São vários factores que afectam a agricultura familiar (pequenos produtores) em


Moçambique entres os quais: o baixo uso de tecnologias melhoradas, incluindo sementes
fertilizantes e pesticidas, as desigualdades no acesso e utilização da terra, a fraca
concentração de infraestruturas de rega nas zonas prioritárias, o fraco acesso aos mercados de
insumos e factores, o fraco apoio financeiro aos produtores, fraco serviço de extensão e alta
dependência de factores ambientais (SITOE, 2005)

A Segurança alimentar compreende o direito de todo indivíduo de ter acesso a alimentos de


qualidade em quantidade suficiente e permanente para o seu desenvolvimento, sem
comprometer outras necessidades básicas e a saúde das futuras gerações, de modo a preservar
a cultura de um povo, garantindo a todo indivíduo o direito à vida (FAO, 2004).
Devidos as mudanças climáticas sobretudo a falta de chuva, nos últimos dias verifica-se a
tendência da diminuição da produção agrícola no setor familiar e isso afecta os pilares de
segurança alimentar e nutricional como: acesso económico e físico e a disponibilidade de
alimentos.

Segundo Novunga (2006) a agricultura familiar é responsável por mais de 99% da produção
agrária em Moçambique, e este sector e altamente dependente as condições ambientais.
Tendo em conta a contribuição massiva dos pequenos produtores para segurança alimentar e
nutricional para as famílias moçambicanas, surgem a necessidade de analisar os impactos das
mudanças climáticas na segurança alimentar e nutricional dos pequenos produtores em
Moçambique.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A agricultura familiar


A agricultura consiste em um meio de organização das produções agrícola, florestal,
pesqueira, pastoril e aquícola que são gerenciadas e operadas por uma família e
predominantemente dependente de mão-de-obra familiar, tanto de mulheres quanto de
homens (FAO, 2014).

2.2 Segurança Alimentar e Nutricional


Consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades
essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a
diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis
(FAO, 2004).

2.3 Mudanças climáticas


A discussão sobre as mudanças climáticas tem reflexo em toda sociedade. Afirma-se que a
terra está aquecendo, que a chuva está diminuindo, que o inverno é mais intenso e que
determinados fenômenos, como vendavais, furacões, chuvas de granizo, “nunca dantes
vistos”, acontecem com maior frequência. É verdade que a capacidade do homem poluir a
atmosfera aumentou e muito, desde o início da revolução industrial nos idos de 1780. É
evidente que as florestas e outros tipos de vegetação natural têm sido derrubados num ritmo
acelerado e substituídos por áreas para prática de agricultura (EMBRAPA, 1997).
Na maioria dos casos as florestas são substituídas por pastagens ou agricultura, após a
queimada. (INPE, 2006).

3. METODOLOGIA

Este presente trabalho baseou-se numa pesquisa do tipo qualitativo, descritivo. O carácter
qualitativo deve-se essencialmente ao seu horizonte focalizado em compreender os processos
que contribuem para um fenómeno ou acontecimento mais geral (Veloso, 2007), dá-se, aqui,
o caso de analisar os efeitos das mudanças climáticas na segurança alimentar e nutricional
para pequenos produtores em Moçambique; Para realização deste trabalho recorreu-se
consulta de manuais electrónicos e livros.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização da Agricultura em Moçambique


Segundo a informação da CAP e do TIA, nas zonas rurais de Moçambique, a agricultura
familiar é constituída essencialmente por pequenas explorações (aquelas que cultivam menos
de 5ha), este sector concentra cerca de 99% das unidades agrícolas (3.090.197 unidades
familiares) e ocupa mais de 95% da área cultivada do país.

As médias explorações agropecuárias, são constituídas por 37.296 unidades, as grandes


explorações agropecuárias são 429 e apenas representam 1% do total das explorações
agropecuárias no país. O gráfico a baixo mostra as áreas ocupadas pela exploração pelo
sector familiar e a exploração das médias e grandes empresas.
Gráfico 1.

% De Areas Exploradas
Pequenas Media
O gráfico acima ilustra que o
37296;
sector familiar 1% ocupa 99% das
áreas de exploração
agrícola enquanto apenas
1% das 3090197; explorações
99%
agrícolas é ocupada pelas
médias e grandes empresas agraria. Segundo Novunga (2006) afirma que Moçambique possui
mais de 3.3 milhões de unidades agrícolas familiares, o sector familiar é responsável por mais
de 99% da produção agrária e as médias e grandes empresas exploram apenas 1%.

Dentro das diferentes actividades a produção de alimentos para o consumo constitui a base
principal da estrutura produtiva do sector familiar.
De acordo com o TIA/2002, existe uma diversidade de produtos alimentares praticados; nesta
diversidade, o milho e a mandioca ocupam posições preponderantes da área cultivada, sendo
o milho cultivado por cerca de 80% das explorações e a mandioca por 76%.
No concernente ao uso de meios de produção e serviços, apenas cerca de 11% usam rega
dentro das pequenas explorações, em termos do uso de insumos, somente 3.7% das pequenas

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explorações utilizam fertilizantes e 6.7% utilizam pesticidas, cerca de 16% das explorações
contratam mão-de-obra.
Os serviços de extensão ainda são limitados, de um total de 128 distritos no país, apenas 55
estão cobertos por serviços públicos de extensão; apesar do reforço que estes serviços
recebem da contribuição das ONGs a sua cobertura ainda é relativamente fraca. Segundo o
TIA 2002, o número total de extensionistas dos serviços públicos é 485, enquanto a rede de
extensão das ONGs é composta por 350 extensionistas.

A caracterização regional do sector agrário no País é consistente com a caracterização


nacional em vários aspectos, contudo, há aspectos que são mais marcantes e por causa disso
merecem mais atenção:
a) O TIA mostra que a área mediana cultivada per capita varia de 0.3 (Norte e Centro)
0.4 (Sul), isto é uma indicação de que a utilização regional da terra é desigual, no Sul
as famílias possuem maior área cultivada per capita, do que no Centro e Norte do país
b) A proporção de famílias que produzem milho e mandioca é dominante em todas as
regiões, enquanto a batata-doce é uma cultura importante no Centro e no Sul do país.
c) A produção de culturas de rendimento pelos AFRs é mais concentrada no Centro e no
Norte.
d) O uso de tracção animal é concentrado no Sul (41%), no Norte o uso de tracção
animal é limitado, principalmente devido a presença da mosca Tse-Tsé e condições
edafoclimáticos.
e) O uso de insumos agrícolas modernos, como sejam os fertilizantes e pesticidas é
extremamente baixo e focalizado nas culturas de algodão, tabaco e hortícolas
(principalmente nas zonas peri -urbanas).
f) A utilização de rega, é mais concentrada na região Sul com cerca de 28% de
explorações, seguida da região Centro com (10.5%) e o Norte com (3.5%).
4.2 Caracterização das potencialidades
As zonas Norte e Centro de Moçambique possuem um bom potencial agrícola e possuem
bacias hidrográficas com regimes de escoamento mais permanentes do que no Sul. Estas
zonas são, geralmente, produtoras de excedentes agrícolas, mas o desenvolvimento da
pecuária de bovinos é dificultada pela mosca tsé-tsé

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A zona Sul é caracterizada por solos arenosos pobres e por um regime de precipitação
irregular e de baixas quantidades. Estas condições não são favoráveis para agricultura de
sequeiro.
Existem vários factores que afectam o sector agrário em Moçambique, deste modo, os
elementos de dinâmica que devem ser considerados na análise do sector agrário em
Moçambique incluem:
 O baixo uso de tecnologias melhoradas, incluindo sementes fertilizantes e pesticidas;
 As desigualdades no acesso e utilização da terra;
 A fraca concentração de infra-estruturas de rega nas zonas prioritárias;
 O fraco acesso aos mercados de insumos e factores;
 O fraco apoio financeiro aos produtores;
 A dispersão geográfica das zonas de produção de acordo com as zonas agroecológica
definidas, e
 Os baixos volumes de produção por individuo, o que requer uma função de
acumulação que pode ser aproveitada através das associações de produtores
As secas extremas e cheias cíclicas afectam sobretudo algumas regiões do Sul e Centro do
País.
As zonas mais áridas (interior de Gaza, norte e interior de Inhambane e sul de Tete) são
igualmente mais propensas e mais vulneráveis às secas extremas, uma vez que a pluviosidade
normal destas zonas já está nos limites mínimos de possibilidades de produção em condições
de sequeiro.
As cheias são mais frequentes nas margens das principais bacias hidrográficas no Sul e
Centro do país, principalmente por causa das chuvas que ocorrem nos países vizinhos.
Devido à sua localização geográfica, o País é também afectado por ciclones.

Segundo estimativas baseadas no censo de 2017, as projeções da população Moçambicana


em 2005, são 27909798 habitantes, dos quais 14.506.352 mulheres e 13.348.446 homens. De
acordo com estatísticas oficiais, cerca de 80% da população economicamente activa está
ligada à produção agrária, e cerca de 70% vive em condições de extrema pobreza. A
população a nível do País está distribuída de forma heterogenia. A distribuição heterogénea
da população coloca pressões diferenciadas sobre o acesso e sustentabilidade do uso dos
recursos disponíveis, incluindo o problema do acesso a terra que é significativamente
desigual e relacionado com os níveis de pobreza e oportunidades de desenvolvimento.

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4.3 Evolução do clima e as mudanças globais e em Moçambique


Por milhares de anos a Terra tem sido submetida a substanciais variações climáticas. Mas nas
últimas décadas uma mudança significativa tem sido observada como, por exemplo, o
aquecimento global, má distribuição de chuva e um aumento dos desastres naturais (GUYOT
1997).
Os resultados de análise de calotas de gelo da Groenlândia e da Antártica, mostram que as
flutuações do clima que se produziram ao longo dos 160.000 últimos anos estão estreitamente
ligadas aos teores da atmosfera em gás, notadamente o gás carbônico e o metano.
Devido a emissão excessiva de gases como, gás carbónico, metano, nitroso, vapor de água
verifica-se o aumento da temperatura a nível global como ilustra o gráfico abaixo.
Gráfico 2.

Aumento da temperatura a nível mundial: FAO


O gráfico acima mostra que a partir dos anosSTATA (2017) industrial (1917) pode-se notar
da revolução
que em cada década a temperatura a nível global tende aumentar devido o aumento da
industrialização e outros facotes e consequente o aumento da emissão de gases de estufa.

As mudanças estão ocorrendo, as concentrações de CO2 na atmosfera aumentaram e a


contínua emissão de gases de efeito estufa tem promovido um aumento na temperatura
mínima, com forte evidência como o degelo da Groenlândia, a redução das neves eternas do
Kilimanjaro, a evidente redução das geleiras na Patagónia e as forte ondas de calor que nos
últimos anos assolaram a Europa (GUYOT 1997)
Segundo Marengo (2006) afirma com as mudanças climáticas a quantidade de chuva ficará
inalterada. Isso porque a disponibilidade de umidade no solo deve diminuir, em consequência
da elevação da temperatura média anual, o que intensifica a evapotranspiração.
Os gráficos abaixo ilustram comportamento da precipitação a nível mundial e em
Moçambique.

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Gráfico 3 Gráfico 4
Precipitação a nível mundial: FAO STATA (2017) Comportamento da Precipitação em Moçambique:
SETSAN (2015) STATA 2017

Segundo SETSAN no relatório da monitoria SAN de 2017 no gráfico 4 mostra que no


período Outubro-Novembro-Dezembro o País foi caracterizado por ocorrência de chuvas
irregulares (escassez) em quase todo o país, com maior incidência nas zonas sul e centro, que
de certo modo afectou o início da actividade agrícola e os escoamentos dos rios.

4.3 Impactos das mudanças climáticas na SAN para pequenos produtores em


Moçambique.
Existem diversas correlações entre mudanças climáticas e agricultura, que têm paralelo com
as dimensões de uso e da mudança de uso da terra, de florestas, das águas doces e salgadas,
da pesca, da interação com a biodiversidade e das interações com os sistemas produtivos
agroalimentares, resultando em impactos na segurança e na soberania alimentares
(BARBANTI, 2017).
A agricultura é altamente sensível ao clima. Ela é impactada em termos de tendências de
longo prazo nas condições médias de precipitação e temperatura, que determinam a
distribuição espacial de culturas alimentares. Impactos ocorrem também em termos inter-
anuais, pela variabilidade e ocorrência de secas, inundações, ondas de calor, geadas e outros
eventos extremos.
No entanto, parece inevitável que o aquecimento global venha a superar os 4°C acima dos
níveis pré-industriais, o que deve ocorrer por volta de 2100. Nesse cenário, diversas espécies
da fauna e da flora devem desaparecer. Haverá insegurança alimentar global e regional,
diversas atividades humanas comuns sofrerão restrições e, em alguns casos, as sociedades
não terão alternativas de adaptação.

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O aumento de temperatura, combinado com o aumento da demanda por alimentos,


representaria grandes riscos para a segurança alimentar, globalmente. Considera-se que a
população mundial em 2017 deve ser de aproximadamente 7,5 bilhões e deverá chegar a 11,2
bilhões em 2100 (BARBANTI, 2017).

Segundo JARVIS (2008) cerca de 20% dos parentes selvagens de culturas de três grandes
culturas (amendoim, feijão e batata) devem sofrer ameaça de extinção até 2050, com extinção
destas culturas, uma vez que maior parte da população nas zonas rurais em Moçambique
dependem literalmente de amendoim, feijão batata e outras culturas, este senário poderá
afectar negativamente a disponibilidade dos alimentares e consequentemente poe em risco a
SAN.
O Painel de Mudanças Climáticas considera existir alta confiança de que todos os aspectos da
segurança alimentar em todo o mundo são potencialmente afetados pelas mudanças
climáticas, incluindo a produção de alimentos, o acesso e o uso, bem como a estabilidade de
preços.

Com as mudanças climáticas os pequenos produtores terão mais dificuldades para encontrar
alternativas econômicas e tecnológicas. No caso especifico de Moçambique onde 99% da
exploração agrícola e dominado pelos pequenos produtores, este cenário podem trazer sérios
problema na segurança alimentar e nutricional no pais, porque todos pilares da segurança
alimentar e nutricional serão negativamente afectados (NOVUNGA, 2006).

A agricultura deverá ser o setor mais afetado, mesmo que a quantidade de chuva fique
inalterada. Isso porque a disponibilidade de umidade no solo deve diminuir, em consequência
da elevação da temperatura média anual, o que intensifica a evapotranspiração e afeta a
produção agrícola, especialmente onde já existe pouca água, a s culturas de milho, arroz,
feijão, algodão e mandioca deverão ser severamente afetadas (MARENGO, 2006).

De um modo geral, irão ocorrer perdas agrícolas em todo o país, quer por aumento ou
diminuição de chuvas, associadas ao aumento de temperatura. Segundo Sitoe (2005) os
pequenos produtores em Moçambique dependem literalmente das condições ambientais
(produção em condições de sequeiro) e actulamente verifica-se o desvio anormal da

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precipitação devido as mudanças climáticas e este cenário coloca em risco a produção dos
pequenos produtores

Estima-se que nos próximos anos a temperatura atinja 35ºC, o tal da temperatura deve levar
ao abortamento de flores de café e feijão, resultar na morte em frangos, abortamentos em
porcas e redução da produção de leite. Se a temperatura continuar a subir nas atuais taxas de
0,3°C por década, deve haver redução de 90% na produção e, ainda poderá afetar as culturas
de arroz, feijão, milho e trigo (MCTI, 2016).

A cultura de milho, em Moçambique e considerado o alimento base de 2.5 milhões de


agregados familiares, 1.9 milhões ou mais ¾ das famílias cultivam esta cultura essencial, é
uma cultura com grande valor nutricional (FISCHER,2011). Caso haja a redução da produção
de milho e as outras culturas mais cultivadas pelos pequenos produtores em Moçambique, a
sua disponibilidade, acesso físico e económico e estabilidade de preço será afectado
negativamente por consequente aumento da insegurança alimentar e nutricional no País para
os pequenos produtores e a população Moçambicana em geral.

O aquecimento também provoca problemas fitossanitários, deve afetar a forma como pragas,
fitopatógenos e plantas invasoras se proliferam e afeta a saúde humana (HAMADA E GHINI,
2017).
Em Moçambique um estudo feito pela ONG ESSOR 2010 preocupada com o uso excessivo
de pesticidas nas zonas verdes onde constatou que há muitos produtores que não tem
conhecimento e não respeitam as regras básicas do uso racional de pesticidas químicos. As
pragas e doenças são grandes responsáveis pelas perdas de produção e baixa produtividade do
milho em Moçambique. De modo geral o aumento das incidências de pragas e doenças
poderá afectar negativamente a produção dos pequenos produtores.

Devido às mudanças climáticas, o regime de chuvas tem sido cada vez mais imprevisível, o
que dificulta a capacidade dos camponeses de gerir os ciclos de plantio das suas culturas
agrícolas.  Nos últimos meses, Moçambique tem sido afectado por uma situação de seca
severa, o que tem contribuído para o aumento do número de famílias em insegurança
alimentar (FAO, 2019).
O painel de cientistas estima ainda que os trópicos terão uma redução das chuvas, com o
aquecimento, e um encolhimento das terras para prática da agricultura. Mesmo uma pequena

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elevação na temperatura (de 1°C a 2°C) pode reduzir a produtividade das culturas, estimou o
painel, o que aumentaria o risco de fome.

Em muitas regiões do mundo, inclusive Moçambique, o aumento da escassez da precipitação


devido às mudanças climáticas reduzirá a capacidade de produzir alimentos, com sérias
consequências para a segurança alimentar, nutrição e saúde.
São várias consequências das mudanças climáticas, de forma resumidas os impactos das
mudanças climáticas na SAN para agricultura familiar (pequenos produtores) são:
 Aumento da incidência de pragas e doenças;
 Redução da produção agrícola devido a diminuição da precipitação;
 Aumento da temperatura que afecta negativamente a produção de algumas culturas
sensíveis as altas temperaturas,
 Aumento da ocorrência de calamidades de naturais como, cheias, seca, ciclones e
entre outros eventos naturais.
 Algumas regiões de maior vulnerabilidade ambiental correm maior risco, como as
regiões rurais sensíveis à seca, aquelas de solo frágil e de declividade elevada.
 Crescente aumento da temperatura coloca em risco a extinção de algumas culturas
como, feijão, amendoim e batata que são culturas cultivadas em quase todos cantos do
País.
Este impactos podem trazer sérios problemas na segurança alimentar e nutricional da
população em Moçambique visto que atualmente 80% da população vivem numa situação
de extrema pobreza e 99% da população dependem literalmente da agriculturas, as
mudanças climáticas poderá afectar todos pilares da segurança alimentar como: acesso
físico e económico, uso, disponibilidade e flutuação de preços.

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5. CONCLUSÃO

As mudanças climáticas é um problema muito serio em todo mundo e ela traz consigo varias
consequências em todas áreas de produção e também afecta negativamente os seres humanos.
Neste trabalho abordou-se sobre os efeitos das mudanças climáticas na segurança alimentar
dos pequenos agricultores ou sector familiar em Moçambique.
Fim deste estudo pode-se constar que segundo a constituição da Republica de Moçambique, a
agricultura é a base para o desenvolvimento, onde cerca de 99% da população dependem
literalmente da agricultura. A agricultura familiar em Moçambique é fragmentado pelos
vários factores como: fraco acesso ao financiamento bancário, fraco de serviço de extensão,
baixo uso de tecnologias agrícolas, alta dependência das condições ambientais, mudanças
climácticas entre outros factores.

Quanto as mudanças climáticas, pode-se constatar que desde o início da revolução industrial
verifica-se o aumento da temperatura no mundo e também verifica-se o desvio anormal da
precipitação, ocorrências de secas, cheias, ciclones, furacões entre outros fenómenos naturais.

As mudanças climáticas afectam negativamente a produção agrícola dos pequenos produtores


em Moçambique, visto que os pequenos produtores dependem literalmente das condições
ambientais sobretudo a chuva. A redução da produção agrícola dos pequenos produtores
poderá afectar todos pilares da segurança alimentar e nutricional como: acesso físico e
económico, uso, disponibilidade e flutuação de preços.
As mudanças climáticas também estimula o aumenta das praga, doenças e plantas invasoras,
os pequenos produtores em Moçambique tem pouco conhecimento para controlo de pragas e
doenças. As mudanças reduzem a ocorrências de precipitação e a agricultura familiar
dependem literalmente da precipitação e a redução de nível de água nas bacias hidrográficas.
Agricultura é sensível ao clima, falta de chuva e outros factores poderão afectar
negativamente agricultura e a segurança alimentar e nutricional dos pequenos produtores e
sobre tudo a população moçambicana em geral visto que maior partes da população
dependem literalmente da agricultura.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. SITOE, T. A. 2005, Agricultura Familiar em Moçambique. Estratégias de


Desenvolvimento Sustentável. Maputo
2. Nuvunga, Boaventura.2006. Reforma agrária e desenvolvimento rural em
moçambique- situação actual e perspetivas.
3. Mosca, João. 2014. Agricultura familiar em moçambique: ideologias e políticas
4. FAO. Introduction to the Basic Concepts of Food Security. Roma: Food Agriculture
Organization of the United Nations (FAO), 2008. Disponível em:
http://www.fao.org/docrep/013/ al936e/al936e00.pdf
5. JARVIS, A., RAMIREZ, J., BONILLA- -FINDJI, O. and ZAPATA, E. Impacts of
climate change on crop production in Latin America. In Yadav, S. S.; Redden, R. J.;
Hatfield, J. L.; Lotze-Campen, H. e Hall, A. E. (eds.), Crop Adaptation to Climate
Change, Wiley-Blackwell, Oxford, UK, 2011.
6. JARVIS, A.; LANE, A.; HIJMANS, RJ. The effect of climate change on crop wild
relatives. Agriculture, Ecosystems & Environment. Vol. 126, no. 1-2, pp. 13-23. Jun
2008.
7. MARENGO, J.A. Mudanças climáticas globais e seus efeitos sobre a
biodiversidade: caracterização do clima atual e definição das alterações climáticas
para o território brasileiro ao longo do século XXI. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente (MMA), 2006. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/ 14_2_bio_Parte%201.pdf
8. FISCHER, G., SHAH, M. e VAN VELTHUIZEN, H. Climate change and
agricultural vulnerability. Johannesburg: International Institute for Applied Systems
Analysis to World Summit on Sustainable Development, Special Report, 2002
9. MORTON, J. F. The impact of climate change on smallholder and subsistence
agriculture. PNAS, v. 104, n. 50, p. 19697-19704, 2007.
10. ABBAS, Máriam. “Investimento”. MOSCA, João; ABBAS, Máriam; BRUNA,
Natacha. (Org.).
11. Economia de Moçambique 2001-2010. Maputo: Escolar Editora, 2013.
12. MOSCA, João. A Economia de Moçambique, Século XX”. Lisboa: Editora Piaget,
2005.

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13. MOSCA, João. Politicas Agrárias de(em) Moçambique (1975-2009). Lisboa:


Escolar Editores, 2010.

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