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INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

CURSO TÉCNICO DE EDIFICAÇOES – MÓDULO IV


ORÇAMENTO – PROJETO FINAL

Introdução à Mecânica dos Solos


(Fundamentos de Geotecnia) –
Volume I
Curso Técnico Integrado de Edificações – 1º ano

Profª Aline Dias Pinheiro

VERSÃO 1.0 – MAIO/2013


INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE
CURSO TÉCNICO INTEGRADO DE EDIFICAÇÕES – 1º ANO
FUNDAMENTOS DE GEOTECNIA

Conteúdo

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 4

CAPÍTULO 1............................................................................................................... 7

NOÇÕES DE GEOLOGIA .......................................................................................... 7


1.1 – Estrutura da Terra. ............................................................................................................... 8
1.2 – Rochas. ................................................................................................................................. 8
1.2.1 – Rochas Magmáticas ............................................................................................................. 9
1.2.2 – Rochas Sedimentares......................................................................................................... 11
1.2.3 – Rochas Metamórficas ........................................................................................................ 12
1.3 – Intemperismo. .................................................................................................................... 14
1.4 – Agentes erosivos. ............................................................................................................... 15
1.5 – Solos. .................................................................................................................................. 15

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................ 18

ÍNDICES FÍSICOS DOS SOLOS .......................................................................... 18


2.1 - Relação de fases.................................................................................................................. 20
2.1.1 - Relação entre pesos ........................................................................................................... 20
2.1.2 - Relação entre volumes ....................................................................................................... 20
2.1.3 - Relação entre pesos e volumes .......................................................................................... 22
2.2 - Fórmulas de correlação ...................................................................................................... 25
2.3 – Massas específicas ............................................................................................................. 25

CAPÍTULO 3 ............................................................................................................ 27

CARACTERÍSTICAS DAS PARTÍCULAS SÓLIDAS DOS SOLOS...................... 27


3.1 – A origem dos solos ............................................................................................................. 27
3.2 – Natureza das partículas ..................................................................................................... 27
3.3 – Peso específico e Densidade das partículas ...................................................................... 27
3.4 – Forma das partículas .......................................................................................................... 28
3.5 – Tamanho das partículas ..................................................................................................... 28
3.6 – Análise granulométrica ...................................................................................................... 30
3.6.1 – Ensaios de granulometria .................................................................................................. 30
3.6.2 – Determinação da curva granulométrica ............................................................................ 32

CAPÍTULO 4 ............................................................................................................ 36

ESTADOS DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS ..................................................... 36

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4.1 – Plasticidade e Consistência dos solos ............................................................................... 37


4.2 – Limites de Consistência dos solos ..................................................................................... 38
4.3 – Limite de Liquidez .............................................................................................................. 38
4.4 – Limite de Plasticidade ........................................................................................................ 39
4.5 – Limite de Contração ........................................................................................................... 40
4.6 – Índice de Plasticidade ........................................................................................................ 41
4.7 – Índice de Consistência ....................................................................................................... 42

CAPÍTULO 5 ............................................................................................................ 43

SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS ................................................... 43


5.1 – A importância da Classificação dos solos .......................................................................... 43
5.2 –Classificação granulométrica ou textural .......................................................................... 44
5.3 – Sistema Unificado de Classificação ................................................................................... 45
5.3.1 – Solos granulares ................................................................................................................ 46
5.3.2 – Solos de granulação fina (siltes e argilas) .......................................................................... 47
5.4 – Sistema Rodoviário de Classificação (H.R.B.) ................................................................... 49

Bibliografia Consultada ............................................................................................ 53

Aline Dias Pinheiro - pinheiroad@yahoo.com.br


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INTRODUÇÃO

A necessidade do homem trabalhar com os solos, encontra sua origem nos


tempos mais remotos, podendo-se mesmo afirmar ser tão antiga quanto a
civilização. Porém, até o século XIX, a geotecnia era praticada empiricamente,
dependendo muito da experiência do profissional. Muitos foram os acidentes devido
às concepções erradas de funcionamento da estrutura dos solos. A partir do século
XX, mais especificamente em 1925, com a publicação do famoso livro de Terzaghi, é
que a Geotecnia passou a ser estudada com bases científicas, desenvolvendo-se
muito a partir daí, e a Mecânica dos Solos passou a existir em sua concepção atual.
Sendo assim, a Mecânica dos Solos é uma ciência relativamente jovem, achando-se
ainda em pleno desenvolvimento.

Os estudos para o projeto e a execução de fundações de estruturas (edifícios,


pontes, viadutos, túneis, muros de arrimo, etc.) requerem, como é óbvio, prévias
investigações geotécnicas, tanto mais desenvolvidas quanto mais importantes seja a
obra.

Um dos maiores riscos que se pode correr no campo de Engenharia de


Construções é iniciar uma obra sem um conhecimento tão perfeito quanto possível
do terreno de fundação

A geotecnia (geologia + hidrologia + mecânica dos solos + mecânica das


rochas) tem como objetivo determinar, tanto quanto possível sob fundamentação
científica, a interação terreno-fundação-estrutura, com o fim de prever e adotar
medidas que evitem recalques prejudiciais ou ruptura do terreno, com o
consequente colapso da obra. Em outras palavras, o que se procura é alcançar a
maior estabilidade e o menor custo da obra, além da proteção de obras vizinhas,
quando for o caso. É a consideração do binômio técnica-economia.

Ainda que sempre exista um risco na execução de uma fundação, devido às


incertezas que se ocultam nos terrenos e nas hipóteses de cálculo da infraestrutura,
há que se procurar reduzi-lo a um mínimo, mesmo porque as falhas porventura
decorrentes desses riscos e hipóteses atingem três partes interessadas na
construção: o proprietário, o projetista e o construtor. Daí o necessário cuidado que
todos devem ter, pois a cada um cabe uma parcela definida de responsabilidade: ao
primeiro, para que não haja desperdícios de recursos financeiros; ao segundo,
adotando adequados métodos de cálculo, com prudentes e conservadores
coeficientes de segurança; e ao terceiro, aprimorando os seus métodos construtivos
e, no momento oportuno, alertando o projetista para ocorrências não previstas nos
estudos iniciais.

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No planejamento de um programa de investigações geotécnicas há que se


considerar não só as características do terreno – natureza, propriedades, sucessão
e disposição das camadas e presença do nível d’água – como o tipo de estrutura:
grande ou pequena, pesada ou leve, rígida ou flexível.

A modalidade, o número, a disposição e a profundidade dos reconhecimentos


geotécnicos se estabelecem em função das dimensões e forma das estruturas, das
cargas e das características dos terrenos. A locação em planta e a elevação dos
pontos de reconhecimento devem ficar perfeitamente definidas,

Nada justifica que tais estudos não sejam conduzidos no seu devido tempo e
da maneira mais criteriosa possível, pois só através deles se consegue uma solução
realmente técnica e econômica. Em outras palavras, é importante que numa
investigação geotécnica sejam atendidas duas exigências fundamentais: rapidez na
sua realização (para prever e prover a tempo contra eventuais dificuldades) e
confiança nos resultados obtidos (o que importa dizer que os estudos sejam
orientados por empresas e profissionais idôneos e com experiência).

O profissional deve ter sempre presente que está tratando com um material (o
terreno) extremamente complexo, que varia de lugar para lugar e que, em geral, não
pode ser observado em sua totalidade, mas, tão somente, através de amostras
(ainda assim suscetíveis a alterações quando de sua extração do maciço) ou de
ensaios in loco. Mais ainda, o seu comportamento é função das pressões com que é
solicitado, bem como depende do tempo e do meio físico, não possuindo uma
definida relação tensão-deformação.

Algumas vezes, o seu comportamento parece desafiar todas as leis da


natureza e todos os modelos teóricos idealizados para o seu exame.

Conclui-se, assim, que uma informação tão completa quanto possível da


natureza do subsolo é indispensável, e “sempre haverá algum risco devido a
condições desconhecidas”.

Quanto ao custo de uma investigação geotécnica, em geral ele é


negligenciável em valor, mas tal investigação é indispensável e importantíssima para
a definição do tipo de fundação mais adequado, pois qualquer insucesso nessa
definição pode representar – além de outros transtornos – custos elevadíssimos de
recuperação da obra e até mesmo o seu próprio colapso.

Para destacar a importância da Geotecnia, basta atentar para algumas


questões que devem ser respondidas:

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a) Qual a fundação mais adequada: superficial ou profunda? Estaca ou


tubulão? Que tipo de estaca: de madeira, de concreto ou metálica? Pré-
moldada ou moldada in loco? Com que carga máxima admissível? Haverá
recalques? Uniformes ou diferenciais?

b) Na execução de um aterro, que altura máxima ele poderá alcançar? Em


que condições de compactação e umidade? E as inclinações dos taludes?
E quanto à sua proteção, qual o recurso a usar?

c) Qual o tipo de pavimento para uma estrada ou um aeroporto? Rígido ou


flexível? E as espessuras das camadas que o compõem? E o grau de
compactação a se aplicar?

Sendo os problemas que se apresentam ao profissional da construção civil


tão variados e, em se tratando de solos e rochas, quase sempre estaticamente
indeterminados, as soluções requeridas na prática exigem dele, tal como do médico,
uma dose de arte e ciência, e, tal como do advogado, a necessidade de apelar para
decisões em casos precedentes semelhantes, além, evidentemente, de apreciáveis
qualidades morais e éticas.

O engenheiro de fundações, ao planejar e desenvolver seu projeto, deve


obter todas as informações possíveis atinentes ao problema, estudar as diferentes
soluções e variantes, analisar os processos executivos, prever suas repercussões,
estimar os seus custos e, aí, então, decidir sobre a viabilidade técnica e econômica
da sua execução. Só assim, fazendo a adequada engenharia, o profissional terá
uma relativa tranquilidade.

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CAPÍTULO 1
NOÇÕES DE GEOLOGIA

Todo o projeto de engenharia civil ou construção é realizado na superfície ou


na subsuperfície da Terra, interagindo diretamente com os solos e/ou rochas.
Portanto, o conhecimento básico geológico é de fundamental importância.

A geologia, no sentido amplo, é definida como o ramo da ciência que estuda a


origem, formação, história física, evolução, composição mineralógica e estrutura da
Terra, através da pesquisa e conhecimento dos minerais e das rochas que
compõem a crosta terrestre e das forças e processos que atuam sobre elas.

A terra é uma enorme esfera constituída basicamente por três camadas


distintas de materiais: a crosta terrestre, o manto terrestre e o núcleo. O núcleo
possui duas partes principais, o núcleo interior e o núcleo exterior. Os
conhecimentos que se têm sobre o interior da Terra são obtidos por meios indiretos,
através da propagação de ondas sísmicas provocadas pelos terremotos.

Você sabia? O furo mais profundo já realizado na crosta terrestre,


até os dias atuais, ocorreu na península de Kola, na
Rússia, atingindo em torno de 12 km.

A crosta é uma camada com espessura relativamente fina (≈ 40 km nos


continentes e 15 km sob os oceanos), comparada com o raio da Terra, em torno de
6.370,00 km, exemplificado pela figura 1.1.

Figura 1.1: Esquema radial da Terra

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A crosta terrestre não é estática, movimentando-se de forma lenta e contínua.


Esses movimentos são causados por forças internas (no manto) que se contrapõem
às forças externas devido à energia do sol e ciclo hidrológico.

1.1 – Estrutura da Terra.

A Terra é aproximadamente uma esfera com 6.378,00 km de raio no Equador


e raio polar de 6.357,00 km, tendo a forma de um esferoide ligeiramente achatado
nos polos. A camada “sólida” externa que compõem a Terra é denominada “crosta
terrestre” ou “litosfera”.

O interior da crosta terrestre é composto basicamente de rochas magmáticas


graníticas, ocorrendo na superfície a maior quantidade de rochas sedimentares.

No interior das camadas da crosta, ocorrem em torno de 95% de rochas


magmáticas ou metamórficas e 5% de rochas sedimentares. Já nas proximidades da
superfície, ocorrem em torno de 75% de rochas sedimentares, contra 25% de rochas
magmáticas e metamórficas (figura 1.2).

Figura 1.2: Quantidades relativas de rochas sedimentares e magmáticas na crosta e na superfície


terrestre.

A crosta é formada por uma série de placas que “flutuam” e se movimentam


lentamente sobre o manto pelo princípio da isostasia.

1.2 – Rochas.

São definidas, de modo geral, como sendo agregados naturais, compostas


por um ou mais minerais, podendo conter matéria orgânica, impossível de escavar
manualmente e que necessitam de explosivo para o seu desmonte.

Quando as rochas são formadas por um só tipo de mineral, diz-se que a


rocha é simples. Rocha composta é aquela constituída por mais de uma espécie

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de mineral. Assim, são rochas simples os quartzitos que são constituídos somente
de quartzo (SiO2), e os mármores, que são rochas usualmente formadas de cristais
de calcita (CaCO3). São exemplos de rochas compostas os granitos, constituídos
de quartzo, feldspato e mica; diabásios, formados por feldspatos, piroxênio e
magnetita.

Você sabia? Mineral é definido como sendo toda substância


inorgânica natural de composição química e estrutura
definidas.

De acordo com a gênese (origem), as rochas são classificadas em 3 grandes


grupos: magmáticas, sedimentares e metamórficas.

1.2.1 – Rochas Magmáticas

As rochas magmáticas, também denominadas de ígneas, eruptivas,


plutônicas ou vulcânicas, são formadas pelo resfriamento e consolidação do magma
originário do manto. É a primeira das três famílias de rochas, portanto, é
considerada rocha primária.

A lava é o magma que atinge a superfície em forma de derrames, podendo


ser considerada como a rocha fundida (“derretida”) em altas temperaturas,
possuindo partículas de minerais, gases dissolvidos e água. Após o resfriamento e a
consolidação, a lava dá origem à rochas magmáticas, como, por exemplo, os
basaltos utilizados como material britado na construção civil.

Você sabia? O basalto é utilizado como agregado graúdo, lastro


ferroviário, mosaico português, pavimentação urbana
(paralelepípedo), etc.

O magma é caracterizado por uma variedade de compostos, com predomínio


da sílica (SiO2), e apresenta altas temperaturas, de 1000º a 1200ºC, podendo
alcançar 1400ºC. Possui as propriedades de um líquido, incluindo a habilidade de
fluir.

A composição do magma inclui os elementos mais abundantes na Terra,


sendo: Si, Al, Fe, Ca, Mg, Na, K, H e O. Os magmas mais comuns são de três tipos:
basáltico, andesítico e riolítico.

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As rochas magmáticas, dependendo da forma de ocorrência, são


classificadas em extrusivas e intrusivas. A figura 1.3 exemplifica as diferentes
formações de rochas magmáticas.

Rochas magmáticas extrusivas: são formadas a partir do resfriamento e


consolidação da lava que escoa e se deposita na superfície da Terra (exemplo:
basalto).

As rochas magmáticas extrusivas possuem minerais microscópicos. Isto se


dá, principalmente, pelo fato de o tempo de resfriamento ser relativamente
rápido, não permitindo a cristalização dos minerais em partículas maiores.

Rochas magmáticas intrusivas ou plutônicas: são formadas a partir do


resfriamento e consolidação do magma no interior da crosta (exemplo: granito).

O magma que ascendeu por um conduto magmático, como uma falha, fratura
ou neck vulcânico, e que não atingiu a superfície, fica isolado da atmosfera, sofrendo
menor troca de calor e, portanto, tempo maior para o resfriamento e a consolidação.

Figura 1.3: Esquema de formação das rochas magmáticas intrusivas e extrusivas

Normalmente, as rochas magmáticas intrusivas, possuem minerais


macroscópicos, pelo fato de o tempo de resfriamento e de consolidação ter sido
relativamente longo, permitindo a aglomeração de minerais.

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1.2.2 – Rochas Sedimentares

As rochas sedimentares são formadas a partir da ação do intemperismo físico


e químico sobre rochas pré-existentes (magmáticas, metamórficas ou sedimentares).

A origem e a composição mineralógica dessas rochas são muito variadas,


pois são formadas por diversos materiais derivados de decomposição e
desintegração de qualquer rocha. Estes materiais são transportados, depositados e
acumulados nas regiões de topografia mais baixa (exemplo: ardósia).

Figura 1.4: Esquema de formação das rochas sedimentares

Rochas sedimentares clásticas ou detríticas (de origem mecânica): são


constituídas por elementos de outras rochas pré-existentes que foram
desagregados, decompostos, erodidos, transportados, depositados,
compactados e cimentados em depressões do terreno (exemplos: arenitos,
siltitos, argilitos).

A desagregação e a decomposição são produzidas pelo intemperismo físico


e químico e estão diretamente ligados ao clima da região. A erosão e o transporte
podem ser provocados pela ação da água, do ar ou da gravidade. A água que
transporta as partículas desagregadas normalmente é consequência da precipitação
atmosférica, formando as enxurradas. O ar transporta partículas pela ação do vento,
selecionando muito bem os diâmetros. A gravidade provoca a queda de partículas e
blocos de rocha encosta abaixo, que se depositam nos sopés das elevações.

A deposição normalmente ocorre nos pontos de topografia mais baixa,


formando bacias sedimentares, de acumulação de partículas, inicialmente fofas e
incoerentes. Com o aumento da espessura das camadas sedimentadas por

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camadas depositadas posteriormente, as camadas mais profundas passam a sofrer


tensões de confinamento, diminuindo os vazios entre as partículas e densificando-
se.

Com o passar do tempo, pela ação da água que se infiltra através dos vazios
entre as partículas, minerais dissolvidos na água precipitam-se, agindo como um
cimento natural e ligando as partículas.

Figura 1.5: Esquema de formação das rochas sedimentares clásticas.

Rochas sedimentares químicas: são formadas a partir de substâncias minerais


em solução iônica ou coloidal, através de processos variados, como químico,
físico-químico, precipitação e evaporação. (exemplos: calcário, dolomita,
limonita, sílex, ágata).

Rochas sedimentares orgânicas: são formadas a partir de conchas, crustáceos e


outros materiais orgânicos (exemplos: turfas, carvões, diatomita).

1.2.3 – Rochas Metamórficas

As rochas metamórficas sofreram mudanças em sua estrutura cristalina


devido à pressão e/ou temperatura, sem que se tenha ocorrido a fusão total dos
minerais.

Através desses dois fatores, as rochas podem sofrer dois tipos de alterações
básicas: a primeira, na sua estrutura, principalmente pela ação da pressão que irá
orientar os minerais ou pela ação da temperatura que irá cristaliza-los; a segunda,
na sua composição mineralógica pela ação conjunta da temperatura e da pressão e
de soluções químicas.

Podem originar-se de rochas magmáticas, sedimentares ou mesmo de outras


metamórficas.

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Formam-se a grandes profundidades na crosta terrestre onde a temperatura e


a pressão produzem as mudanças.

A figura 1.6 mostra o efeito da pressão e temperatura transformando uma


rocha magmática intrusiva (granito) em rocha metamórfica (gnaisse).

Figura 1.6: Rocha magmática originando rocha metamórfica.

Tabela 1.1: Rochas magmáticas originando rochas metamórficas.

Origem Rocha metamórfica


Argilitos Ardósias
Rochas calcáreas Mármores
Arenitos Quartzitos
Granitos Gnaisse

Figura 1.7: Localização dos grandes núcleos de rochas magmáticas e metamórficas e das principais
bacias sedimentares
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Figura 1.8: Esquema de formação das rochas

1.3 – Intemperismo.

O intemperismo ou meteorização das rochas faz parte da dinâmica externa da


Terra, principalmente sob a ação da água e da variação de temperatura, podendo
ocorrer rápida ou lentamente. Constitui o conjunto de processos que agem na
superfície ou próximo da superfície terrestre, ocasionando a fragmentação e a
decomposição das rochas. Os principais agentes do intemperismo são os físicos e
os químicos, que atacam os minerais, fragmentando-os e/ou decompondo-os em
novos minerais, existindo também os agentes biológicos.

Os produtos finais do intemperismo são os solos, podendo ser residuais ou


sedimentares.

O clima de cada região, em função da latitude ou da altitude, produz com


mais intensidade um ou outro tipo de intemperismo. Uma mesma rocha exposta na
superfície em um local de clima frio resulta, após determinado período de tempo, em
um produto final (solo) diferente da mesma rocha exposta em um local de clima
tropical e úmido.

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Intemperismo físico ou mecânico: Proveniente da ação mecânica desagregadora


de transporte da água, do vento e da variação de temperatura. Provocam a
fragmentação e a desagregação sem alteração química.

Os agentes do intemperismo físico são: variação de temperatura, ação da


água ao se congelar, cristalização de sais, crescimento de plantas e crescimento de
minerais por hidratação.

Intemperismo químico: Está relacionado com os vários processos químicos que


alteram, solubilizam e depositam os minerais de rocha, transformando-a em
solo. Proveniente das reações químicas entre os minerais constituintes de uma
rocha e soluções aquosas de diferentes teores.

O intemperismo químico é mais frequente em climas quente e úmidos e,


portanto, mais comum no Brasil.

O principal agente do intemperismo químico é a água na forma líquida, que


possui minerais dissolvidos (O2, CO2, ácidos orgânicos, pH, HNO3, H2SO4 e H2SO3)
que reagem quimicamente com os minerais da rocha. Além da água, tem como
agentes o ar e a ação de micro-organismos e plantas.

Principais fatores que influenciam o intemperismo: tipo de rocha e minerais,


topografia do terreno e clima.

1.4 – Agentes erosivos.

Os agentes que atuam removendo e transportando partículas das rochas são


chamados de agentes erosivos e o que os difere dos agentes de intemperismo é que
estes possuem a capacidade de transportar o material desagregado.

O principal agente erosivo é a água, quer pela ação dos rios, removendo e
transportando os materiais, quer pela ação dos oceanos e mares ao modelar as
costas dos continentes através da ação das ondas.

Os climas áridos possuem como agente erosivo principal os ventos que dão
origem à erosão eólica. Nestes climas, a desagregação inicial das rochas é obtida
através das variações de temperatura.

As geleiras também integram o grupo dos agentes erosivos.

1.5 – Solos.

Definição: Os solos são materiais provenientes da desintegração e decomposição


das rochas, mediante ação do intemperismo. Numa conceituação simplista, solo

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seria todo material que pudesse ser escavado em o emprego de técnicas especiais,
como por exemplo, explosivos.

Os solos que ocorrem na superfície da crosta terrestre são os produtos finais


dos agentes intempéricos sobre os minerais das rochas. A composição dos solos
depende das rochas e minerais que lhe deram origem.

Conforme a origem têm-se solos residuais e solos sedimentares.

Solo residual: São resultantes da fragmentação e decomposição das rochas in


loco sem ocorrer a desagregação e o transporte. Os solos residuais
permanecem no próprio local da rocha de origem, observando-se uma
transição gradual, de cima para baixo, do solo até a rocha sã e mantêm as
mesmas estruturas originais da rocha matriz, como fraturamento, estrias, etc. A
figura 1.9 representa um perfil típico de solo residual.

Figura 1.9: Esquema típico de solo residual.

Não existe um contato ou limite direto e brusco entre o solo e a rocha que o
originou. A passagem entre eles é gradativa e permite a separação de faixas
distintas. A rocha que mantém as características originais, ou seja, a rocha sã, é a

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que ocorre em profundidade. Quanto mais próximo da superfície do terreno, maior o


efeito do intemperismo. Sobre a rocha sã encontra-se a rocha alterada, em geral
muito fraturada e permitindo grande fluxo de água através das descontinuidades. A
rocha alterada é sobreposta pelo solo residual jovem, ou saprolito, que é um material
arenoso. O material mais intemperizado ocorre acima do saprolito e é denominado
solo residual maduro, o qual contém maior porcentagem de argila.

As espessuras das faixas descritas são variáveis e dependem das condições


climáticas e do tipo de rocha.

Não se deve imaginar que ocorra sempre uma decomposição contínua,


homogênea e total na faixa do solo. Isso porque em certas áreas das rochas pode
haver minerais mais resistentes à decomposição, fazendo com que essas áreas
permaneçam como blocos isolados, englobados no solo. Esses blocos, às vezes de
grandes dimensões, são conhecidos como matacões e são bastante comuns nas
áreas de granitos, gnaisses e basaltos.

Solos sedimentares ou transportados: são aqueles em que os produtos da


transformação são transportados por um agente qualquer para outro lugar.
Forma geralmente depósitos mais inconsolidados e fofos que os residuais e com
profundidade variável. A figura 1.10 representa um perfil típico de solo residual.

Os solos sedimentares apresentam uma grande variedade de tipos,


considerando-se as rochas e seus minerais de origem, o tipo de transporte e a
deposição. Podem variar desde argilas e siltes até areias e pedregulhos, ou misturas
desses materiais, possuindo as denominações de coluvionar (transportado pela
gravidade), aluvionar (transportado pela água corrente), glacial (transportado pelas
geleiras) e eólico (transportado pelo vento).

Figura 1.10: Perfil de solo sedimentar

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CAPÍTULO 2
ÍNDICES FÍSICOS DOS SOLOS

Índices físicos são valores que tentam representar as condições físicas de um


solo no estado em que ele se encontra. São de fácil determinação em laboratórios
de geotecnia e podem servir como dados valiosos para identificação e previsão do
comportamento mecânico do solo.

Você sabia? Embora existam em número considerável - alguns já em


desuso - todos os índices físicos podem ser obtidos a
partir do conhecimento de quaisquer três deles.

Numa massa de solo, podem ocorrer três fases: a fase sólida, a fase gasosa
e a fase líquida. Os índices físicos são, direta ou indiretamente, as diversas relações
de peso, massa ou volume destas três fases. A fase sólida é formada pelas
partículas minerais do solo, são os grãos propriamente ditos, ou seja, as partículas
sólidas que se diferem em relação ao tipo de solo analisado; a fase líquida é água
contida na porção de solo e a fase gasosa compreende todo o ar existente nos
espaços entre as partículas (bolsões de ar ou vapor d’água dispersos em uma
massa de solo). Portanto, o solo é um sistema trifásico onde a fase sólida é um
conjunto discreto de partículas minerais dispostas a formarem uma estrutura porosa
que conterá os elementos constituintes das fases líquida e gasosa. A Figura 2.1
apresenta um esquema de uma amostra de solo em que aparecem as três fases tal
qual na natureza e uma amostra com suas fases separadas para atender a uma
conveniência didática de definição dos índices físicos.

a) b)

Figura 2.1: Esquema de uma amostra de solo. (a) elemento de solo natural; (b) diagrama de fases.

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V = volume total W = peso total

Vs = volume de sólidos Ws = peso dos sólidos

Vv = volume de vazios W w = peso de água

Vw = volume de água Wa = peso de ar (W a = 0)

Va = volume de ar

V = Vs + Vv, onde Vv = Vw + Va W = Ws + Ww

Em outras palavras, o volume total da massa de solo (V) consiste do volume


de partículas sólidas (Vs) e do volume de vazios (Vv). O volume de vazios é
geralmente formado pelo volume de água (Vw) e pelo volume de ar (Va).

A Figura 2.1(b) mostra um diagrama de fase no qual cada uma das três fases
é apresentada separadamente. No lado esquerdo, usualmente indicamos o volume
das três fases e, no lado direito, os pesos correspondentes às fases.

Como o peso específico do ar é muito pequeno quando comparada aos pesos


específicos da água e dos sólidos, o peso da fase gasosa (W a) será sempre
desprezado no cálculo do peso do solo.

Os índices físicos são definidos como grandezas que expressam as


proporções entre pesos e volumes em que ocorrem as três fases presentes numa
estrutura de solo. Estes índices possibilitam determinar as propriedades físicas do
solo para controle de amostras a serem ensaiadas e nos cálculos de esforços
atuantes.

Os índices físicos dos solos são utilizados na caracterização de suas


condições, em um dado momento e por isto, podendo ser alterados ao longo do
tempo. Seus nomes, simbologia e unidades devem ser aprendidos e incorporados
ao vocabulário de uso diário do geotécnico.

Índices físicos, granulometria (Capítulo 3) e limites de consistência (Capítulo


4) formam as propriedades índices que são aplicadas na classificação e
identificação dos solos (Capítulo 5), uma vez que elas podem ser correlacionadas,
ainda que grosseiramente, com características mais complexas do solo, como por
exemplo, a compressibilidade e resistência.

Nos itens seguintes, serão definidos os índices físicos, separando-os em três


grupos, conforme definição anterior, bem como, apresentadas fórmulas de
correlação entre os mesmos e a maneira experimental de obter alguns deles.

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2.1 - Relação de fases

As relações apresentadas a seguir constituem uma parte essencial da


Mecânica dos Solos e são básicas para a maioria dos cálculos desta ciência.

2.1.1 - Relação entre pesos

a) Teor de umidade (w, h)

O teor de umidade de um solo é determinado como a relação entre o peso de


água (W w) e o peso das partículas sólidas (W s) em um volume de solo. De acordo
com a simbologia mostrada na Figura 2.1, tem-se:

h = (W w/W s) x 100 (%)

Podemos determinar o teor de umidade de um solo qualquer através de


vários modos distintos, dentre eles o método do álcool, método da estufa e método
Speedy.

O teor de umidade pode assumir o valor de 0% para solos secos (W w = 0) até


valores superiores a 100% em solos orgânicos. Geralmente situam-se entre 10 e
40%.

Você sabia? A umidade varia teoricamente de 0 a ∞. Os maiores


valores conhecidos no mundo são os de algumas
argilas japonesas que chegam a 1400%. Em geral os
solos brasileiros apresentam umidade natural abaixo de
50%. Se ocorrer matéria orgânica, esta umidade pode
aumentar muito, podendo chegar até a 400% em solos
turfosos.

O que vai nos dizer se um solo está mais úmido em comparação com outro
tipo de solo não é a quantidade de água contida em cada um deles e sim aquele que
possuir o mais teor de umidade.

2.1.2 - Relação entre volumes

Existem três relações volumétricas que são muito utilizadas na Engenharia


Geotécnica e podem ser determinadas diretamente do diagrama de fases da Figura
2.1.

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a) Índice de vazios (e)

É a relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume dos sólidos (Vs),


existente em igual volume de solo. Este índice tem como finalidade indicar a
variação volumétrica do solo ao longo do tempo, tem-se:

e = Vv/Vs

Se Vv=Vs → e=1; Se Vv>Vs → e>1; Se Vv<Vs → e<1

O índice de vazios será medido por um número natural e deverá ser,


obrigatoriamente, maior do que zero em seu limite inferior, enquanto não há um
limite superior bem definido, dependendo da estrutura do solo. O volume de sólidos
permanecendo constante ao longo do tempo, qualquer variação volumétrica será
medida por uma variação do índice de vazios, que assim poderá contar a história
das tensões e deformações ocorridas no solo. Exemplo de valores típicos do índice
de vazios para solos arenosos podem situar de 0,4 a 1,0; para solos argilosos,
variam de 0,3 a 1,5. Nos solos orgânicos, podemos encontrar valores superiores a
1,5.

Você sabia? Embora possa variar, teoricamente, de 0 a ∞, o menor


valor encontrado em campo para o índice de vazios é
de 0,25 (para uma areia muito compacta com finos) e o
maior de 15 (para uma argila).

b) Porosidade (η)

É a relação entre o volume dos vazios (Vv) e o volume total (V) da amostra,
tem-se:

η = (Vv/V) x 100 (%)

A porosidade é expressa em porcentagem, e o seu intervalo de variação é


entre 0 e 100%. Geralmente os valores apresentam-se entre 30 e 70%. Podemos
expressar a porosidade em função do índice de vazios e vice versa, através das
equações apresentadas abaixo:

η = e / (1 + e) ou e = η / (1 - η)

Segundo o IAEG (1979), a porosidade e o índice de vazios podem ser


classificados segundo a tabela a seguir:

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Tabela 2.1: Classificação da porosidade e do índice de vazios nos solos (IAEG, 1979)

Porosidade (%) Índice de vazios Denominação


>50 >1 Muito alta
45 – 50 0,80 – 1,00 Alta
35 – 45 0,55 – 0,80 Média
30 -35 0,43 – 0,55 Baixa
<30 <0,43 Muito baixa
c) Grau de saturação (S, Sr)

O grau de saturação indica que porcentagem do volume total de vazios


contém água. Se o solo está completamente seco, então Sr = 0%, se os poros estão
cheios de água, então o solo está saturado e Sr = 100%. Para solos não saturados,
os valores de “Sr” situam-se entre 1 e 99%.

Sr = (Vw/Vv) x 100 (%)

O grau de saturação, segundo o IAEG (1979), pode ser classificado em:

Tabela 2.2: Classificação do solo quanto ao grau de saturação (IAEG, 1979)

Grau de saturação (%) Denominação


0 – 25 Naturalmente seco
25 – 50 Úmido
50 – 80 Muito úmido
80 – 95 Saturado
95 – 100 Altamente saturado

2.1.3 - Relação entre pesos e volumes

Em Mecânica dos Solos se relaciona o peso das diferentes fases com seus
volumes correspondentes por meio de pesos específicos.
Você sabia? Massa é a quantidade de matéria, sendo uma
propriedade constante daquele corpo. Peso é uma força
com que uma massa é atraída para o centro da Terra,
ou seja, é a massa de um corpo multiplicada pela
aceleração da gravidade e, portanto, variável como
esta.

Um peso específico é sempre a relação entre um peso e um volume e o


representamos pela letra grega γ.

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a) Peso específico aparente natural ou úmido (γ, γnat , γt)

É a relação entre o peso total (W) e o volume total da amostra (V) para um
valor qualquer do grau de saturação, diferente dos extremos, e utilizando-se a
simbologia da Figura 2.1, será calculado como:

γ = W/V

A magnitude do peso específico natural dependerá da quantidade de água


nos vazios e dos grãos minerais predominantes, e é utilizado no cálculo de esforços.
O peso específico natural não varia muito entre os diferentes solos. Situa-se em
torno de 19 e 20 kN/m³ e, por isso, quando não conhecido, é estimado como igual a
20 kN/m³. Pode ser um pouco maior (21 kN/m³) ou menor (17 kN/m³). Casos
especiais, como as argilas orgânicas moles, podem apresentar pesos específicos de
14 kN/m³.

b) Peso específico aparente seco (γd)

É a relação entre o peso dos sólidos (W s) e o volume total da amostra (V),


para a condição limite do grau de saturação (limite inferior - Sr = 0%), tem-se:

γd = (W s/V)

O peso específico aparente seco é empregado para verificar o grau de


compactação de bases e sub-bases de pavimentos e barragens de terra. Não é
determinado diretamente em laboratório, mas calculado a partir do peso específico
natural e da umidade. Situa-se entre 13 e 19 kN/m³ (4 a 5 kN/m³ no caso de argilas
orgânicas moles).

c) Peso específico saturado (γsat)

É a relação entre o peso total (W) e o volume total (V), para a condição de
grau de saturação igual a 100%, tem-se:

γsat = (W sat/V)

Em nenhuma das condições extremas levou-se em consideração a variação


do volume do solo, devido a secagem ou saturação. É de pouca aplicação prática,
servindo para a programação de ensaios ou a análise de depósitos de areia que
possam vir a se saturar. É da ordem de 20 kN/m³.

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d) Peso específico real dos grãos ou sólidos (γs, δ) (NBR 6508/84)

É a relação entre o peso dos sólidos (W s) e o volume dos sólidos (Vs),


dependendo dos minerais formadores do solo, tem-se:

γs = W s/Vs

O valor do peso específico dos sólidos representa uma média dos pesos
específicos dos minerais que compõem a fase sólida. O peso específico dos grãos
dos solos varia pouco de solo para solo e, por si, não permite identificar o solo em
questão, mas é necessário para cálculos de outros índices. Os valores situam-se em
torno de 27 kN/m³, sendo este valor adotado quando não se dispõe do valor
específico para o solo em estudo. Grãos de quartzo (areia) costumam apresentar
pesos específicos de 26,5 kN/m³ e argilas, em virtude da deposição de sais de ferro,
valores até 30 kN/m³. A Tabela 2.3 apresenta o intervalo de variação do peso
específico dos sólidos de diversos tipos de minerais.

Tabela 2.3: Valores dos pesos específicos dos grãos de alguns tipos de minerais

Mineral γs (g/cm³) Mineral γs (g/cm³)


Quartzo 2,65 – 2,67 Dolomita 2,85
Feldspato K 2,54 – 2,57 Caulinita 2,61 – 2,66
Feldspato Na Ca 2,62 – 2,76 Ilita 2,60 – 2,86
Muscovita 2,70 – 3,10 Montmorilonita 2,74 – 2,78
Biotita 2,80 – 3,20 Clorita 2,60 – 2,90
Calcita 2,72 Hematita 4,90 – 5,30

e) Peso específico da água (γw)

É a razão entre o peso de água (W w) e seu respectivo volume (Vw).

γw = W w/Vw

Nos casos práticos adota-se o peso específico da água como: 1g/cm³ =


10kN/m³ = 1000kg/m³.

f) Peso específico submerso (γsub, γ‘)

Quando a camada de solo está abaixo do nível freático, define-se o peso


específico submerso, o qual é utilizado para o cálculo de tensões.

γsub = γsat – γw

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É igual ao peso específico natural menos o peso específico da água, portanto


com valores da ordem de 10 kN/m³.

g) Densidade real dos grãos ou sólidos (G)

É a razão entre o peso especifico real dos grãos (γs) e o peso específico da
água a 4°C.

G = γs/γw

2.2 - Fórmulas de correlação

As fórmulas de definição dos índices físicos não são práticas, para a


utilização em cálculos e assim, recorrem-se as fórmulas de correlação entre os
índices, como as apresentadas a seguir:

(1  h)
o peso específico natural: γ = W/V = γ S 
(1  e)

γ γ
o peso específico aparente seco: γd = W s/V = = S
1 h 1 e

γS
o índice de vazios: e = Vv/Vs = 1
γd

(h λ S )
o grau de saturação: S = Vw/Vv =
(e λ w )

o peso específico saturado: γsat = W sat / V = (1  η)  γ S  η  γ w

o peso específico submerso: γsub = γsat - γw = (γs - γw) x (1 - η)

2.3 – Massas específicas

Relações entre pesos e volumes são denominados pesos específicos, como


acima definidos, e expressos geralmente em kN/m³.

Relações entre quantidade de matéria (massa) e volume são denominadas


massas específicas, e expressas geralmente em ton/m³, kg/ dm³ ou g/cm³.

A relação entre valores numéricos que expressam as duas grandezas é


constante. Se um solo tem uma massa específica de 1,8 t/m³, seu peso específico
é o produto deste valor pela aceleração da gravidade, que varia conforme a
posição no globo terrestre e que vale em torno de 9,81 m/s² (em problemas de
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engenharia prática, adota-se, simplificadamente, 10m/s²). O peso específico é,


portanto, de 18 kN/m³.

No laboratório, determinam-se massas e as normas existentes indicam como


se obter massas específicas. Entretanto, na prática da engenharia, é mais
conveniente trabalhar com pesos específicos, razão pela qual se optou por
apresentar os índices físicos nestes termos.

Deve ser notado, por outro lado, que no Sistema Técnico de unidades, que
vem sendo paulatinamente substituído pelo Sistema Internacional, as unidades de
peso têm denominação semelhante às das unidades de massa no Sistema
Internacional. Por exemplo, um decímetro cúbico de água tem uma massa de um
quilograma (1kg) e um peso de dez Newtons (10N) no Sistema Internacional e um
peso de um quilograma força no Sistema Técnico (1kgf).

Assim, ainda é comum que se diga no meio técnico, por exemplo, que a
“tensão” admissível aplicada numa sapata é de 5 t/m² (não é correto, mas se omite
o complemento força). Na realidade, a pressão aplicada é de 50kN/m², resultante
da ação da massa de 5 toneladas por metro quadrado.

A expressão densidade se refere à massa específica e densidade relativa é a


relação entre a densidade do material e a densidade da água a 4°C. Como esta é
igual a 1 kg/dm³, resulta que a densidade relativa tem o mesmo valor que a massa
específica (expressa em g/cm³, kg/dm³ ou ton/m³), mas é adimensional. Como a
relação entre o peso específico de um material e o peso específico da água a 4°C é
igual à relação das massas específicas, é comum se estender o conceito de
densidade relativa à relação dos pesos e se adotar como peso específico a
densidade relativa do material multiplicada pelo peso específico da água.

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CAPÍTULO 3
CARACTERÍSTICAS DAS PARTÍCULAS SÓLIDAS DOS SOLOS

3.1 – A origem dos solos

Todos os solos se originam da decomposição das rochas que constituíam


inicialmente a crosta terrestre. A decomposição é decorrente de agentes físicos e
químicos. Variações de temperatura provocam trincas, nas quais penetra a água,
atacando quimicamente os minerais. O congelamento da água nas trincas, entre
outros fatores, exerce elevadas tensões, do que decorre maior fragmentação dos
blocos. A presença da fauna e flora promove o ataque químico, através de
hidratação, hidrólise, oxidação, lixiviação, troca de cátions, carbonatação, etc. O
conjunto destes processos, que são muito mais atuantes em climas quentes do que
em climas frios, leva à formação dos solos que, em consequência, são misturas de
partículas pequenas que se diferenciam pelo tamanho e pela composição química. A
maior ou menor concentração de cada tipo de partícula num solo depende da
composição química da rocha que lhe deu origem.

3.2 – Natureza das partículas

Sabemos que o solo é constituído por grãos minerais, podendo conter matéria
orgânica.
Você sabia? As frações grossas dos solos são predominantemente
de grãos silicosos, enquanto os minerais que ocorrem
nas frações argilosas pertencem a três grupos
principais: caolinita, montmorilonita e ilita.

Os solos que contém matéria orgânica podem ser identificados visualmente. A


coloração dos solos varia do cinza escuro ao claro e do marrom escuro ao claro.

3.3 – Peso específico e Densidade das partículas

O peso específico das partículas (γs) de um solo é, por definição, como vimos
anteriormente:

γs = W s/Vs

ou seja, o peso da substância sólida por unidade de volume.

Densidade relativa (δ) das partículas é a razão entre o peso da parte sólida e
o peso de igual volume de água pura a 4ºC.

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Sendo δ = γs / γa, onde γa = 1 g/cm³ é o peso específico da água a 4ºC, tem-


se que δ = γs.

Assim, δ e γs são expressos pelo mesmo número, sendo que δ é


adimensional e γs tem dimensão. Por exemplo, a densidade relativa do quartzo é
2,67 e o seu peso específico 2,67 g/cm³.

Embora o valor de δ dependa do constituinte mineralógico da partícula, para a


maioria dos solos seu valor varia entre 2,65 e 2,85; diminui para os solos que
contêm elevado teor de matéria orgânica e cresce para solos ricos em óxidos de
ferro.

Sendo o valor numérico da densidade relativa igual ao do peso específico,


sabemos que o ensaio usado para sua determinação é o método do Picnômetro.

3.4 – Forma das partículas

A forma das partículas dos solos tem grande influência sobre suas
propriedades.

Distinguem-se, principalmente, as seguintes formas:

Partículas arredondadas ou, mais exatamente, com forma poliédrica. São as


que predominam nos solos granulares como pedregulhos, areias e siltes.

Figura 3.1: Forma das partículas granulares

Partículas lamelares, isto é, semelhantes a lamelas ou escamas. São as que


encontramos nas argilas.

Partículas fibrilares, em forma de fibras, características dos solos turfosos.

3.5 – Tamanho das partículas

A primeira característica que diferencia os solos é o tamanho das partículas


que os compõem. Numa primeira aproximação, pode-se identificar que alguns solos
possuem grãos perceptíveis a olho nu, como os grãos de pedregulho ou a areia do

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mar, e que outros têm os grãos tão finos que, quando molhado, se transformam
numa pasta (barro), não podendo se visualizar as partículas individualmente.

A diversidade do tamanho dos grãos é enorme. Não se percebe isto num


primeiro contato com o material, simplesmente porque parecem todos muito
pequenos perante os materiais com os quais se está acostumado a lidar. Mas
alguns são consideravelmente menores do que outros. Existem grãos de areia com
dimensões de 1 a 2 mm, e existem partículas de argila com espessuras da origem
de 10 Å (0,000001 mm).

Você sabia? Se uma partícula de argila fosse ampliada de forma a


ficar com o tamanho de uma folha de papel, um grão de
areia ficaria com diâmetros da ordem de 100 a 200
metros, um quarteirão.

Num solo, geralmente convivem partículas de tamanhos diversos. Não é fácil


identificar o tamanho das partículas pelo simples manuseio do solo, porque grãos de
areia, por exemplo, podem estar envoltos por uma grande quantidade de partículas
argilosas, finíssimas, ficando com o mesmo aspecto de uma aglomeração formada
exclusivamente por uma grande quantidade destas partículas. Quando secas, as
duas formações são muito semelhantes. Quando úmidas, entretanto, a aglomeração
de partículas argilosas se transforma em uma pasta fina, enquanto a partícula
arenosa revestida é facilmente reconhecida pelo tato.

Denominações específicas são empregadas para as diversas faixas de


tamanhos de grãos; seus limites, entretanto, variam conforme os sistemas de
classificação. Os valores adotados pela ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas – são os indicados na Tabela 3.1.

Tabela 3.1: Limite das frações de solo pelo tamanho dos grãos

Fração Limites definidos pela Norma da ABNT


Matacão De 25 cm a 1 m
Pedra De 7,6 cm a 25 cm
Pedregulho De 4,8 cm a 7,6 cm
Areia grossa De 2,0 cm a 4,8 cm
Areia média De 0,042 mm a 2,0 cm
Areia fina De 0,05 mm a 0,042 mm
Silte De 0,005 mm a 0,05 mm
Argila Inferior a 0,005 mm

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Diferentemente desta terminologia adotada pela ABNT, a separação entre as


frações silte e areia é frequentemente tomada como 0,075 mm, correspondente à
abertura da peneira nº 200. O conjunto de silte e argila é denominado como a fração
de finos do solo, enquanto o conjunto areia e pedregulho é denominado fração
grossa ou grosseira do solo. Por outro lado, a fração argila é considerada, com
frequência, como a fração abaixo do diâmetro de 0,002 mm, que corresponde ao
tamanho mais próximo das partículas de constituição mineralógica dos minerais-
argila.

3.6 – Análise granulométrica

Como explicado anteriormente, em um solo temos partículas de diversos


tamanhos e para separar e caracterizar essas partículas utiliza-se a análise
granulométrica. A análise granulométrica expressa quantitativamente a proporção
em peso dos diversos tamanhos das partículas constituintes do solo.

3.6.1 – Ensaios de granulometria

Para o reconhecimento do tamanho dos grãos de um solo, realiza-se a


análise granulométrica, que consiste, em geral, de duas fases: peneiramento e
sedimentação. A distribuição granulométrica dos materiais granulares, areias e
pedregulhos, será obtida através do processo de peneiramento de uma amostra
seca em estufa, enquanto que, para siltes e argilas utiliza-se a sedimentação dos
sólidos no meio líquido. Para solos, que têm partículas tanto na fração grossa (areia
e pedregulho) quanto na fração fina (silte e argila) se torna necessária a análise
granulométrica conjunta.

O peso do material que passa em cada peneira, referido ao peso seco da


amostra, é considerado como a “porcentagem que passa”, e representado
graficamente em função da abertura da peneira, esta em escala logarítmica, como
se mostra na Figura 3.2. A abertura nominal da peneira é considerada como o
“diâmetro” das partículas. Trata-se, evidentemente, de um “diâmetro equivalente”,
pois as partículas não são esféricas.

A análise por peneiramento tem como limitação a abertura da malha das


peneiras, que não pode ser tão pequena quanto o diâmetro de interesse. A menor
peneira costumeiramente empregada é a de nº 200, cuja abertura é de 0,075 mm.
Existem peneiras mais finas para estudos especiais, mas são pouco resistentes e
por isso não são usadas rotineiramente. Mesmo estas, por sinal, têm aberturas
muito maiores do que as dimensões das partículas mais finas do solo.

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Figura 3.2: Exemplo de curva de distribuição granulométrica de um solo.

Quando há interesse no conhecimento da distribuição granulométrica da


porção mais fina dos solos, emprega-se a técnica da sedimentação, que se baseia
na Lei de Stokes: a velocidade de queda de partículas esféricas num fluído atinge
um valor limite que depende do peso específico do material da esfera, do peso
específico do fluído, da viscosidade do fluído, e do diâmetro da esfera.

Colocando-se certa quantidade de solo (uns 60g) em suspensão em água


(cerca de um litro), as partículas cairão com velocidades proporcionais ao quadrado
de seus diâmetros. Considere-se a Figura 3.3, na qual, à esquerda do frasco, estão
indicados grãos com quatro diâmetros diferentes igualmente representados ao longo
da altura, o que corresponde ao início do ensaio. À direita do frasco, está
representada a situação depois de decorrido certo tempo. No instante em que a
suspensão é colocada em repouso, a sua densidade é igual ao longo de toda a
profundidade. Quando as partículas maiores caem, a densidade na parte superior do
frasco diminui. Numa profundidade qualquer, em certo momento, a relação entre a
densidade existente e a densidade inicial indica a porcentagem de grãos com
diâmetro inferior ao determinado pela Lei de Stokes.

As densidades de suspensão são determinadas com um densímetro, que


também indica a profundidade correspondente. Diversas leituras do densímetro, em
diversos intervalos de tempo, determinarão igual número de pontos na curva
granulométrica, como se mostra na Figura 3.2, complementando a parte da curva
obtida por peneiramento. Novamente, neste caso, o que se determina é um diâmetro

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equivalente, pois as partículas não são as esferas às quais se refere a Lei de


Stokes. Diâmetro equivalente da partícula é o diâmetro da esfera que sedimenta
com velocidade igual à da partícula.

Figura 3.3: Esquema representativo de sedimentação.

Deve-se frisar que uma das operações mais importantes é a separação de


todas as partículas, de forma que elas possam sedimentar isoladamente. Na
situação natural, é frequente que as partículas estejam agregadas ou floculadas. Se
estas aglomerações não forem destruídas, determinar-se-ão os diâmetros dos flocos
e não os das partículas isoladas. Para esta desagregação, adiciona-se um produto
químico, com ação defloculante, deixa-se a amostra imersa em água por 24 horas e
provoca-se uma agitação mecânica padronizada. Mesmo quando se realiza só o
ensaio de peneiramento, esta preparação da amostra é necessária
(destorroamento), pois, se não for feita, ficarão retidas nas peneiras agregações de
partículas muito mais finas.

Para diversas faixas de tamanho de grãos, existem denominações


específicas, como definidas na Tabela 3.1 (item 3.5). Conhecida a distribuição
granulométrica do solo, como na Figura 3.2, pode-se determinar a porcentagem
correspondente a cada uma das frações acima especificadas. A figura 3.4 apresenta
exemplos de curvas granulométricas de alguns solos brasileiros.

3.6.2 – Determinação da curva granulométrica

A análise granulométrica, ou seja, a determinação das dimensões das


partículas do solo e das proporções relativas em que elas se encontram, é
representada, graficamente, pela curva granulométrica. Esta curva (figuras 3.2 e 3.4)
é traçada por pontos em um diagrama semi-logarítmico, no qual, sobre o eixo das
abscissas, são marcados os logaritmos das dimensões das partículas e sobre o eixo

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das ordenadas, à esquerda, a porcentagem retida acumulada, ou seja, a


porcentagem de solo em massa que é maior que determinado diâmetro. À direita da
curva tem-se a porcentagem que passa, isto é, a porcentagem do solo, em massa,
de material que tem dimensão média menor que a dimensão considerada.

Figura 3.4: Curvas granulométricas de alguns solos brasileiros

O diagrama adotado, além de representar melhor a parte do solo de


granulação fina, é tal que a forma da curva é a mesma para os solos que têm
composição granulométrica semelhante, ainda que as dimensões das partículas
difiram.

Segundo a forma da curva podemos distinguir os diferentes tipos de


granulometria. Assim, para os solos representados na figura 3.5, teremos uma
granulometria contínua ou descontínua, uniforme, bem graduada ou mal graduada,
conforme represente ou não, um predomínio das frações grossas e suficiente
porcentagem de frações finas. A figura 3.6 visualiza, esquematicamente, essas
diferentes granulometrias.

Nos solos uniformes a maioria dos grãos está muito próxima do mesmo
tamanho. A curva granulométrica é bem verticalizada.

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Nos solos mal graduados há predominância de partículas com certo diâmetro


e deficiência em determinados tamanhos. A curva granulométrica apresenta duas
seções distintas separadas por uma fração praticamente horizontal.

Figura 3.5: Exemplo de curvas granulométricas

Nos solos bem graduados existe uma extensa e uniforme distribuição de


tamanhos de partículas. Sua curva granulométrica apresenta uma concavidade
suave e para cima. A expressão “bem graduado” expressa o fato de que a existência
de grãos com diversos diâmetros confere ao solo, em geral, melhor comportamento
sob o ponto de vista de engenharia. As partículas menores ocupam os vazios
correspondentes às maiores, criando um entrosamento, do qual resulta menor
compressibilidade e maior resistência. Esta característica dos solos granulares é
expressa pelo “coeficiente de não uniformidade”.

Figura 3.6: Exemplos de diferentes tipos de granulometria

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Definem-se, na curva granulométrica, os dois seguintes parâmetros: diâmetro


efetivo e grau de uniformidade.

Diâmetro efetivo (def) é o diâmetro, tamanho da partícula, o qual 10% das


partículas têm diâmetro inferior. Corresponde ao diâmetro para a porcentagem
que passa de 10% na curva granulométrica. Esse parâmetro fornece uma
indicação sobre a permeabilidade das areias usadas para filtros.

Coeficiente de não uniformidade (CNU) é a razão entre os diâmetros


correspondentes a 60% do material que passa e 10% (diâmetro efetivo),
tomados na curva granulométrica.

CNU = d60 / def

Esta relação indica “falta de uniformidade”, pois seu valor diminui ao ser mais
uniforme o material. Consideram-se de granulometria muito uniforme os solos com
CNU < 5, de uniformidade média se 5 < CNU ≤ 15 e desuniforme quando CNU > 15.

Define-se ainda, complementarmente, o coeficiente de curvatura do solo:

Cc = (d30)² / (d60 x def); Onde d30 é o diâmetro correspondente a 30%.

Se o coeficiente de não uniformidade indica a amplitude dos tamanhos de


grãos, o coeficiente de curvatura detecta melhor o formato da curva granulométrica e
permite identificar eventuais descontinuidades ou concentração muito elevada de
grãos mais grossos no conjunto. Considera-se que o material é bem graduado
quando o CC está entre 1 e 3. Na Figura 3.7 estão representadas curvas de três
areias com CNU = 6 e com diferentes CC. Quando CC é menor que 1, a curva tende
a ser descontínua; há falta de grãos com um certo diâmetro. Quando CC é maior
que 3, a curva tende a ser muito uniforme na sua parte central. Ao contrário das
duas outras, quando o CC está entre 1 e 3, a curva granulométrica se desenvolve
suavemente. É rara a ocorrência de areias com CC fora do intervalo entre 1 e 3,
razão pela qual este coeficiente é muitas vezes ignorado, mas é justamente para
destacar os comportamentos peculiares acima apontados que ele é útil.

Figura 3.7: Curvas granulométricas com diferentes coeficientes de curvatura

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CAPÍTULO 4
ESTADOS DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS

Só a distribuição granulométrica não caracteriza bem o comportamento dos


solos sob o ponto de vista da engenharia. A fração fina dos solos tem uma
importância muito grande neste comportamento. Quanto menores as partículas,
maior a superfície específica (superfície das partículas dividida por seu peso ou por
seu volume). Um cubo com 1 cm de aresta tem 6 cm² de área e volume de 1 cm³.
Um conjunto de cubos com 0,05 mm (siltes) apresentam 125 cm² por cm³ de volume.
Já certos tipos de argilas chegam a apresentar 300 m² de área por cm³ (1 cm³ é
suficiente para cobrir uma sala de aula!).

Você sabia? Superfície específica é a soma das superfícies de todas


as partículas contidas na unidade de volume (ou peso)
do solo. Quanto mais fino for o solo maior será a sua
superfície especifica.

O comportamento de partículas com superfícies específicas tão distintas


perante a água é muito diferenciado. Por outro lado, as partículas de minerais-argila
diferem acentuadamente pela estrutura mineralógica, bem como pelos cátions
adsorvidos. Desta forma, para a mesma porcentagem de fração argila, o solo pode
ter comportamento muito diferente, dependendo das características dos minerais
presentes.

Todos estes fatores interferem no comportamento do solo, mas o estudo dos


minerais-argila é muito complexo. À procura de uma forma mais prática de identificar
a influência das partículas argilosas, a engenharia a substituiu por uma análise
indireta, baseada no comportamento do solo na presença de água. Generalizou-se,
para isto, o emprego de ensaios e índices propostos pelo engenheiro químico
Atterberg, pesquisador do comportamento dos solos sob o aspecto agronômico,
adaptados e padronizados pelo professor de Mecânica dos Solos, Arthur
Casagrande.

Os limites se baseiam na constatação de que um solo argiloso ocorre com


aspectos bem distintos conforme o seu teor de umidade. Quando muito úmido, ele
se comporta como um líquido; quando perde parte de sua água, fica plástico; e
quando mais seco, torna-se quebradiço. Este fato é bem ilustrado pelo
comportamento do mineral transportado e depositado por rio ou córrego que
transborda invadindo as ruas da cidade. Logo que o rio retorna ao seu leito, o barro
resultante se comporta como um líquido: quando um automóvel passa, o barro é

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espirrado lateralmente. No dia seguinte, tendo evaporado parte da água, os veículos


deixam moldado o desenho de seus pneus no material plástico em que se
transformou o barro. Secando um pouco mais, os pneus dos veículos já não
penetram no solo depositado, mas sua passagem provoca o desprendimento de pó.

4.1 – Plasticidade e Consistência dos solos

A plasticidade é normalmente definida como uma propriedade que os solos


finos têm de experimentar deformações rápidas, isto é de serem moldados mais ou
menos facilmente, sob certas condições de umidade, sem variação de volume
apreciável e sem ruptura. Trata-se de uma das mais importantes propriedades das
argilas.

Esta propriedade depende obviamente do teor de umidade presente no solo,


além da forma e da composição química e mineralógica das partículas.

Quando ocorrem variações na quantidade de água presente no solo, diz-se


que ele sofreu uma alteração na sua “consistência”. A plasticidade, portanto, é um
“estado de consistência” circunstancial.

Assim sendo, variando a quantidade de água no solo, podem-se obter vários


estados de consistência ou estados físicos dos solos. Os estados físicos ou de
consistência são:
ESTADO LÍQUIDO ESTADO PLASTICO

Apresenta-se como fluído denso


(escorrer)

ndo a
forma dada sem se romper

ESTADO SEMI-SÓLIDO ESTADO SÓLIDO

secar
manuseado, pois se rompe
facilmente.

volume) ao secar rapidamente

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4.2 – Limites de Consistência dos solos

Sendo a umidade de um solo muito elevada, ele se apresenta como um fluido


denso e se diz no estado líquido. À medida que evapora a água, ele se endurece e,
para certo h = LL (limite de liquidez), perde sua capacidade de fluir, porém pode ser
moldado facilmente e conservar a sua forma. O solo encontra-se, agora, no estado
plástico. A continuar a perda de umidade, o estado plástico desaparece até que,
para h = LP (limite de plasticidade), o solo se desmancha ao ser trabalhado. Este é o
estado semi-sólido. Continuando a secagem, ocorre a passagem gradual para o
estado sólido. O limite entre os dois estados é um teor de umidade h = LC (limite de
contração).

Sendo assim, os limites de consistência são as fronteiras existentes entre os


vários estados de consistência. Em outras palavras, um limite de consistência
representa um teor de umidade tal que além dele o solo passaria a ter outra
consistência, isto é, passaria para outro estado de consistência.

Dessa forma temos:

4.3 – Limite de Liquidez

O Limite de Liquidez é definido como o teor de umidade do solo com o qual


uma ranhura nele feita requer 25 golpes para se fechar numa concha, como
ilustrado na Figura 4.1.

Figura 4.1: Esquema do aparelho de Casagrande para determinação do LL

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A técnica do ensaio consiste em colocar na concha do aparelho uma pasta de


solo, que passou na #40. Faz-se com o cinzel uma ranhura e, em seguida, gira-se a
manivela, à razão de duas revoluções por segundo, fazendo com que a concha caia
em queda livre e bata contra a base do aparelho.

Conta-se o número de golpes para que a ranhura se feche, numa extensão de


12 mm e, em seguida, determina-se o teor de umidade do solo. O processo é
repetido para diferentes teores de umidade. Os valores obtidos são lançadas em um
gráfico semi-logarítmico em que nas ordenadas se têm os teores de umidade e nas
abscissas o número de golpes.

Traça-se a reta média, que passa por esses pontos, e determina-se o teor de
umidade correspondente a 25 golpes, o qual será o limite de liquidez do solo,
conforme figura 4.2.

Figura 4.2: Gráfico do número de golpes x umidade para determinação do LL

O procedimento de ensaio é padronizado no Brasil pela ABNT (Método NBR


6459).

4.4 – Limite de Plasticidade

O Limite de Plasticidade é definido como o menor teor de umidade com o qual


se consegue moldar um cilindro de solo com 3 mm de diâmetro e cerca de 10 cm de
comprimento, rolando-se o solo com a palma da mão, sem fraturar quando se tenta
moldar. O procedimento é padronizado no Brasil pelo Método NBR 7180.

Faz-se uma pasta com o solo que passa na # 40 e, em seguida, procura-se


rolar esta pasta, com o auxílio da palma da mão, sobre uma placa de vidro

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esmerilhada, a fim de formar pequenos cilindros. Quando o cilindro assim formado


atingir um diâmetro de 3 mm, e começar a apresentar fissuras, interrompe-se o
ensaio e determina-se o teor de umidade do solo formado do cilindro.

Repete-se a operação algumas vezes, para se obter um valor médio do teor


de umidade, o qual será o limite de plasticidade do solo.

A figura 4.3 esquematiza o ensaio de determinação do Limite de Plasticidade.

Figura 4.3: Determinação do LL

Deve ser notado que a passagem de um estado para outro ocorre de forma
gradual, com a variação da umidade. A definição dos limites acima descrita é
arbitrária. Isto não diminui seu valor, pois os resultados são índices comparativos. A
padronização dos ensaios é que é importante, sendo, de fato, praticamente
universal. Na Tabela 4.1, são apresentados resultados típicos de alguns solos
brasileiros.
Tabela 4.1: Índices de Atterberg para alguns solos brasileiros

4.5 – Limite de Contração

O limite de contração (LC) é o teor de umidade a partir do qual o solo não


mais se contrai embora continue perdendo peso.

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Sua determinação é feita tendo em vista que o índice de vazios da amostra é


o mesmo, quer quando ainda saturada (no momento em que seca a contração), quer
estando completamente seca.

Sua determinação pode ser obtida teoricamente, como segue:

V 1
LC = γ w   f   x100
 Wf γ s 

4.6 – Índice de Plasticidade

A partir dos limites de consistência são calculados vários índices, O mais


destacado é o índice de plasticidade por causa de sua maior utilização prática.

Denomina-se índice de plasticidade à diferença entre os limites de liquidez e


de plasticidade.

Logo: IP = LL – LP

Tal índice tenta medir a maior ou menor plasticidade do solo e, fisicamente,


representaria a quantidade de água que seria necessário acrescentar a um solo para
que ele passasse do estado plástico ou líquido.

Ele define a zona em que o terreno se acha no estado plástico e, por ser
máximo para as argilas e mínimo, ou melhor, nulo para as areias, fornece um critério
para se ajuizar do caráter argiloso de um solo; assim, quanto maior for o IP, tanto
mais plástico será o solo.

Quando um material não tem plasticidade (areia, por exemplo), considera-se


o índice de plasticidade nulo e escreve-se IP = NP (não plástico).

Uma pequena porcentagem de matéria orgânica eleva o valor do LP, sem


elevar simultaneamente o valor do LL. Tais solos apresentam, pois, baixos valores
para o IP.

As argilas são tanto mais compressíveis quanto maior for o IP.

Quanto ao índice de plasticidade, os solos classificam-se em:

o Fracamente plástico: 0% < IP ≤ 7%

o Mediamente plástico: 7% < IP ≤ 15%

o Altamente plástico: IP > 15%

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4.7 – Índice de Consistência

A consistência de um solo no seu estado natural, com teor de umidade h, é


expressa numericamente pela relação:

IC = (LL – h) / IP

Segundo o valor de IC as argilas classificam-se em:

o Muito moles (vasas): IC < 0

o Moles: 0 < IC ≤ 0,50

o Médias: 0,50 < IC ≤ 0,75

o Rijas: 0,75 < IC ≤ 1,00

o Duras: IC > 1,00

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CAPÍTULO 5
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

5.1 – A importância da Classificação dos solos

A diversidade e a enorme diferença de comportamento apresentada pelos


diversos solos perante as solicitações de interesse da engenharia levaram ao seu
natural agrupamento em conjuntos distintos, aos quais podem ser atribuídas
algumas propriedades. Desta tendência racional de organização da experiência
acumulada, surgiram os sistemas de classificação dos solos. Os objetivos da
classificação dos solos, sob o ponto de vista de engenharia, é o de poder estimar o
provável comportamento do solo ou, pelo menos, o de orientar o programa de
investigação necessário para permitir a adequada análise de um problema.

É muito discutida a validade dos sistemas de classificação. De um lado,


qualquer sistema cria grupos definidos por limites numéricos descontínuos,
enquanto solos naturais apresentam características progressivamente variáveis.
Pode ocorrer que solos com índices próximos aos limites se classifiquem em grupos
distintos, embora possam ter comportamentos mais semelhantes do que de um
mesmo grupo de classificação. A esta objeção, pode-se acrescentar que a
classificação de um solo, baseada em parâmetros físicos por ele apresentados,
jamais poderá ser uma informação mais completa do que os próprios parâmetros
que o levam a ser classificados. Entretanto, a classificação é necessária para a
transmissão de conhecimento. Mesmo aqueles que criticam os sistemas de
classificação não têm outra maneira sucinta de relatar sua experiência, senão
afirmando que, tendo aplicado um tipo de solução, obteve certo resultado, num
determinado tipo de solo. Quando um tipo de solo é citado, é necessário que a
designação seja entendida por todos, ou seja, é necessário que exista um sistema
de classificação. Conforme apontado por Terzaghi, “um sistema de classificação
sem índices numéricos para identificar os grupos é totalmente inútil”. Se, por
exemplo, a expressão areia bem graduada compacta for empregada para descrever
um solo, é importante que o significado de cada termo desta expressão possa ser
entendido da mesma maneira por todos e, se possível, ter limites bem definidos.

Outra crítica aos sistemas de classificação advém do perigo de que técnicos


menos experientes supervalorizem a informação, vindo a adotar parâmetros
inadequados para os solos. Este perigo realmente existe e é preciso sempre
enfatizar que os sistemas de classificação constituem-se num primeiro passo para a
previsão do comportamento dos solos. São tantas as peculiaridades dos diversos
solos que um sistema de classificação que permitisse um nível de conhecimento

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adequado para qualquer projeto teria de levar em conta uma grande quantidade de
índices, deixando totalmente de ter aplicação prática. Entretanto, eles ajudam a
organizar as ideias e a orientar os estudos e o planejamento das investigações para
obtenção dos parâmetros mais importantes para cada projeto.

Existem diversas formas de classificar os solos, como pela sua origem, pela
sua evolução, pela presença ou não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo
preenchimento dos vazios. Os sistemas baseados no tipo e no comportamento das
partículas que constituem os solos são os mais conhecidos na engenharia de solos.

Os sistemas de classificação que se baseiam nas características dos grãos


que constituem os solos têm como objetivo a definição de grupos que apresentam
comportamentos semelhantes sob os aspectos de interesse da engenharia civil.
Nestes sistemas, os índices empregados são geralmente a composição
granulométrica e os índices de Atterberg. Estudaremos os três sistemas mais
empregados universalmente.

5.2 –Classificação granulométrica ou textural

Nessa classificação, que se baseia na granulometria, os solos são


designados pelas frações preponderantes. O fato de nem sempre a fração
preponderante condicionar o comportamento do solo restringe a utilização dessa
classificação.

Independentemente dessa restrição, a classificação granulométrica é


universalmente empregada. Como não há consenso no meio geotécnico quanto ao
intervalo de variação dos diâmetros de cada uma das frações, existem diversas
escalas granulométricas em uso conforme indicado abaixo.

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Para a classificação do solo, segundo a textura, a partir da sua curva


granulométrica, obtida em laboratório, serão determinadas as porcentagens de cada
fração do solo, que será adjetivado pela fração imediatamente abaixo, em termos
percentuais.

Exemplo: Dado o solo residual das Minas de calcário – Caçapava do Sul, o


qual apresentou as seguintes percentagens correspondentes a cada fração,
segundo a escala da ABNT.
Fração Porcentagem (%)
Pedregulho 3,0
Grossa 3,0
Areia Média 55,0 6,0
Fina 46,0
Silte 40,0
Argila 2,0

A fração predominante é a areia, vindo a seguir a fração silte. Da observação


dos valores, nota-se que o solo possui ainda pequenas quantidades de argila, e
pedregulhos. A subdivisão da fração arenosa mostrou uma predominância da parte
fina sobre as demais. Em face dos valores obtidos e da escala adotada o solo será
classificado como: areia fina siltosa.

Se duas frações, não predominantes, se equivalerem em termos percentuais,


o nome do solo continua a ser o da fração predominante adjetivado pelas duas
outras, conforme exemplo. Se as frações silte e argila, do exemplo anterior, se
equivalessem, com leve predominância da fração silte, o solo passaria a receber o
seguinte nome: areia fina silto-argilosa.

5.3 – Sistema Unificado de Classificação

Este sistema de classificação foi elaborado originalmente pelo Prof.


Casagrande para obras de aeroportos, tendo seu emprego sido generalizado.
Atualmente, é utilizado principalmente pelos geotécnicos que trabalham em
barragens de terra.

Neste sistema, todos os solos são identificados pelo conjunto de duas letras,
como apresentados na Tabela 5.1. As cinco letras superiores indicam o tipo principal
do solo e as quatro seguintes correspondem a dados complementares dos solos.
Assim, SW corresponde a areia bem graduada e CH a argila de alta
compressibilidade.

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Tabela 5.1: Terminologia do sistema unificado
G gravel Pedregulho
S Sand Areia
M Mo (sueco) Silte
C Clay Argila
O organic Solo orgânico

W Well grade Bem graduado


P Porrly graded Mal graduado
H High Alta compressibilidade
L Low Baixa compressibilidade

Pt Peat Turfa

Para a classificação, por este sistema, o primeiro aspecto a considerar é a


porcentagem de finos presentes no solo, considerando-se finos o material que passa
na peneira nº 200 (0,075 mm). Se esta porcentagem for inferior a 50, o solo será
considerado como solo de granulação grosseira, G ou S. Se for superior a 50, o solo
será considerado de granulação fina, M, C ou O.

5.3.1 – Solos granulares

Sendo de granulação grosseira, o solo será classificado como pedregulho ou


areia, dependendo de qual destas duas frações granulométricas predominar. Por
exemplo, se o solo tem 30% de pedregulho, 40% de areia e 30% de finos, ele será
classificado como areia – S.

Identificado que um solo é areia ou pedregulho, importa conhecer sua


característica secundária. Se o material tiver poucos finos, menos de que 5%
passando na peneira nº 200, deve-se verificar como é a sua composição
granulométrica. Como já vimos, os solos granulares podem ser “bem graduados” ou
“mal graduados”.

O Sistema Unificado considera que um pedregulho é bem graduado quando


seu coeficiente de não uniformidade é superior a 4, e que uma areia é bem
graduada quando seu CNU é superior a 6. Além disto, é necessário que o
coeficiente de curvatura, CC, esteja entre 1 e 3.

Quando o solo de granulação grosseira tem mais do que 12% de finos, a


uniformidade da granulometria já não aparece como característica secundária, pois

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importa mais saber das propriedades destes finos. Então, os pedregulhos ou areias
serão identificados secundariamente como argilosos (CG ou SG) ou siltosos (GM ou
SM). O que determinará esta classificação será o posicionamento do ponto
representativo dos índices de consistência na Carta de Plasticidade, conforme se
verá adiante.

Quando o solo de graduação grosseira tem de 5 a 12% de finos, o Sistema


recomenda que se apresentem as duas características secundárias, uniformidade de
granulometria e propriedades dos finos. Assim, ter-se-ão classificações
intermediárias, como, por exemplo, SP-SC, areia mal graduada, argilosa.

5.3.2 – Solos de granulação fina (siltes e argilas)

Quando a fração fina do solo é predominante, ele será classificado como silte
(M), argila (C) ou solo orgânico (O), não em função da porcentagem das frações
granulométricas silte ou argila, pois como foi visto anteriormente, o que determina o
comportamento argiloso do solo não é só o teor de argila, mas também a sua
atividade. São os índices de consistência que melhor indicam o comportamento
argiloso.

Analisando os índices e o comportamento dos solos, Casagrande notou que


colocando o IP do solo em função do LL num gráfico, como apresentado na Figura
5.1, os solos de comportamento argiloso se faziam representar por um ponto acima
de uma reta inclinada, denominada Linha A. Solos orgânicos, ainda que argilosos, e
solos siltosos são representados por pontos localizados abaixo da Linha A; que no
seu trecho inicial, é substituía por uma faixa horizontal correspondente a IP de 4 a 7.

Para a classificação destes solos, basta a localização do ponto


correspondente ao par de valores IP e LL na Carta de Plasticidade. Os solos
orgânicos se distinguem dos siltes pelo seu aspecto visual, pois se apresentam com
uma coloração escura típica (marrom escura, cinza escuro ou preto). Como
característica complementar dos solos finos, é indicada sua compressibilidade.
Como já visto, constatou-se que os solos costumam ser tanto mais compressíveis
quanto maior seu Limite de Liquidez. Assim, o Sistema adjetiva secundariamente
como de alta compressibilidade (H) ou de baixa compressibilidade (L) os solos M, C
ou O, em função do LL ser superior ou inferior a 50, respectivamente, como se
mostra na Carta. Quando se trata de obter a característica secundária de areia e
pedregulhos, este aspecto é desconsiderado. Quando os índices indicam uma
posição muito próxima às linhas A ou B (ou sobre a faixa de IP 4 e 7), é considerado
um caso intermediário e as duas classificações são apresentadas. Exemplos: SC-
SM, CL-CH, etc.

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Linha “A”

Figura 5.1: Carta de Plasticidade

Embora a simbologia adotada só considere duas letras, correspondentes às


características principal e secundária do solo, a descrição deverá ser a mais
completa possível. Por exemplo, um solo SW pode ser descrito como areia
(predominantemente) grossa e média, bem graduada, com grãos angulares, cinza.

O Sistema considera ainda a classificação de turfa (Pt), que são os solos


muito orgânicos onde a presença de fibras vegetais em decomposição parcial é
preponderante.

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Tabela 5.2: Esquema para classificação pelo sistema unificado

% P #200 >50

5.4 – Sistema Rodoviário de Classificação (H.R.B.)

Este Sistema, muito empregado na engenharia rodoviária em todo o mundo,


foi originalmente proposto nos Estados Unidos. É também baseado na granulometria
e nos limites de Atterberg.

Neste Sistema, também se inicia a classificação pela constatação da


porcentagem de material que passa na peneira nº 200, só que são considerados
solos de graduação grosseira os que têm menos de 35% passando nesta peneira, e
não 50% como na Classificação Unificada. Estes são os solos dos grupos A-1, A-2 e
A-3. Os solos com mais de 35% passando na peneira nº 200 formam os grupos A-4,
A-5, A-6 e A-7.

Os solos grossos são subdivididos em:

A-1a – Solos grossos, com menos de 50% passando na peneira nº 10 (2,0


mm), menos de 30% passando na peneira nº 40 (0,42 mm) e menos de 15%
passando na peneira nº 200. O IP dos finos deve ser menor do que 6.
Correspondem, aproximadamente, aos pedregulhos bem graduados, GW, do
Sistema Unificado.

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A-1b – Solos grossos, com menos de 50% passando pela peneira nº 40 e


menos de 25% na peneira nº 200, também com IP menor que 6. Corresponde à
areia bem graduada, SW.

A-3 – Areias finas, com mais de 50% passando na peneira nº 40 e menos de


10% passando na peneira nº 200. São, portanto, areias finas mal graduadas, com IP
nulo. Correspondem às SP.

A-2 – São areias em que os finos presentes constituem a característica


secundária. São subdivididos em A-2-4, A-2-5, A-2-6 e A-2-7, em função dos índices
de consistência, conforme o gráfico da Figura 5.2.

Figura 5.2: Classificação dos solos finos no Sistema Rodoviário

Os solos finos, a exemplo do Sistema Unificado, são subdivididos somente


em função dos índices, de acordo com a Figura 5.2. O que distingue um solo A-4 de
um solo A-2-4 é só a porcentagem de finos.

Os solos classificados como A-1-a, A-1-b, A-3, A-2-4 e A-2-5 são


considerados de Excelente a Bom para classificação como subleito de estradas.

Já os solos A-2-6, A-2-7, A-4, A-5, A-6, A-7-5 e A-7-6 são considerados de
Regular a Mau para classificação como subleitos.

Uma modificação importante foi introduzida nesta classificação


posteriormente, que foi o chamado “índice de grupo” (IG), o qual é um número
inteiro, variando de 0 a 20, definidor da “capacidade de suporte” do terreno de
fundação de um pavimento. Os seus valores extremos representam solos ótimos
(IG=0) e solos péssimos, que devem ser evitados (IG=20). Como se verifica da
tabela anterior, os solos granulares têm índices de grupo compreendido entre 0 e 4,
os siltosos entre 1 e 12 e os argilosos entre 1 e 20.

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Tabela 5.3: Esquema para classificação pelo sistema rodoviário

IG = 0

IG = 0

IG = 0

IG < 4

IG < 4

IG < 8

IG < 12

IG < 16

IG < 20

IG < 20

A determinação desse índice baseia-se nos limites de liquidez e de


plasticidade do solo e na porcentagem de material fino que passa na # 200. Seu
valor pode ser facilmente obtido através dos gráficos da figura 5.3 (nesse caso ele
será a soma das ordenadas obtidas nos dois gráficos) ou, pela fórmula empírica:

IG = 0,2a + 0,005ac + 0,01bd

Onde:

a = porcentagem do material que passa na # 200, menos 35; se o valor de “a” for
negativo adota-se zero, e se for superior 40, adota-se este valor como limite
máximo.

a = % # 200 - 35% (0 - 40).

b = porcentagem do material que passa na # 200, menos 15; Se o valor de “b” for
negativo adota-se zero, e se for superior 40, adota-se este valor como limite
máximo.

Aline Dias Pinheiro - pinheiroad@yahoo.com.br


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b = % # 200 - 15% (0 - 40)

c = valor do LL menos 40; Se o valor de “c” for negativo adota-se zero, e se for
superior a 20, adota-se este valor como limite máximo.

c = LL - 40% (0 - 20)

d = valor do IP menos 10; Se o valor de “d” for negativo adota-se zero, e se for
superior a 20, adota-se este valor como limite máximo.

d = IP - 10% (0 - 20)

Os valores de a, b, c e d deverão ser expressos em números inteiros e


positivos, assim como o valor de IG. Usualmente, indica-se o valor do IG entre
parênteses após a classificação do solo. Exemplo: A-6 (7).

Figura 5.3: Gráficos para determinação do IG

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Bibliografia Consultada

o Caputo, Homero Pinto – Mecânica dos Solos e suas aplicações – Volume 1


– 6ª Ed – Rio de Janeiro: Editora LTC, 1988.

o Ortigão, J. A. R. – Introdução à Mecânica dos Solos dos Estados Críticos – 3ª


edição – Terratek, 2007. (disponível para download gratuito em
http://www.terratek.com.br/pt/downloads/cat_view/21-books.html)

o Pinto, Carlos de Sousa – Curso básico de mecânica dos solos em 16


aulas – São Paulo: Editora Oficina de Textos, 2000.

o Queiroz, Rudney C. – Geologia e Geotecnia Básica para a engenharia civil


– São Carlos: Editora RIMA, 2009.

o Vargas, Mílton – Introdução à mecânica dos solos – São Paulo: Editora


McGRAW-HILL do Brasil, 1977.

Aline Dias Pinheiro - pinheiroad@yahoo.com.br


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