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2018
Quase todas as obras de engenharia têm, de alguma forma, de transmitir as cargas sobre elas
impostas ao solo. Mesmo as embarcações, ainda durante o seu período de construção,
transmitem ao solo as cargas devidas ao seu peso próprio. Além disto, em algumas obras, o
solo é utilizado como o próprio material de construção, assim como o concreto e o aço são
utilizados na construção de pontes e edifícios.
São exemplos de obras que utilizam o solo como material de construção os aterros
rodoviários, as bases para pavimentos de aeroportos e as barragens de terra, estas últimas
podendo ser citadas como pertencentes a uma categoria de obra de engenharia a qual é
capaz de concentrar, em um só local, uma enorme quantidade de recursos, exigindo para a
sua boa construção uma gigantesca equipe de trabalho, calcada principalmente na
interdisciplinaridade de seus componentes. O estudo do comportamento do solo frente às
solicitações a ele impostas por estas obras é portanto de fundamental importância. Pode-se
dizer que, de todas as obras de engenharia, aquelas relacionadas ao ramo do conhecimento
humano definido como geotecnia (do qual a mecânica dos solos faz parte), são responsáveis
pela maior parte dos prejuízos causados à humanidade, sejam eles de natureza econômica
ou mesmo a perda de vidas humanas. No Brasil, por exemplo, devido ao seu clima tropical e
ao crescimento desordenado das metrópoles, um sem número de eventos como os
deslizamentos de encostas ocorrem, provocando enormes prejuízos e ceifando a vida de
centenas de pessoas a cada ano.
Por ser o solo um material natural, cujo processo de formação não depende de forma
direta da intervenção humana, o seu estudo e o entendimento de seu comportamento
depende de uma série de conceitos desenvolvidos em ramos afins de conhecimento. A
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
1.2.1. Fundações
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
Quando mencionamos a palavra solo já nos vem em mente uma idéia intuitiva do que
se trata. No linguajar popular a palavra solo está intimamente relacionada com a palavra
terra, a qual poderia ser definida como material solto, natural da crosta terrestre onde
habitamos, utilizado como material de construção e de fundação das obras do homem. Uma
definição precisa e teoricamente sustentada do significado da palavra solo é, contudo,
bastante difícil, de modo que o termo solo adquire diferentes conotações a depender do
ramo do conhecimento humano que o emprega. Para a agronomia, o termo solo significa o
material relativamente fofo da crosta terrestre, consistindo de rochas decompostas e
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
matéria orgânica, o qual é capaz de sustentar a vida. Desta forma, os horizontes de solo
para agricultura possuem em geral pequena espessura. Para a geologia, o termo solo
significa o material inorgânico não consolidado proveniente da decomposição das rochas, o
qual não foi transportado do seu local de formação. Na engenharia, é conveniente definir
como rocha aquilo que é impossível escavar manualmente, que necessite de explosivo para
seu desmonte. Chamamos de solo, em engenharia, a rocha já decomposta ao ponto
granular e passível de ser escavada apenas com o auxílio de pás e picaretas ou escavadeiras.
2.2. Intemperismo
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
Todo solo provém de uma rocha pré-existente, mas dada a riqueza da sua formação
não é de se esperar do solo uma estagnação a partir de um certo ponto. Como em tudo na
natureza, o solo continua suas transformações, podendo inclusive voltar a ser rocha. De
forma simplificada, será definido a seguir um esquema de transformações que vai do
magma ao solo sedimentar e volta ao magma.
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
Quando o magma não chega à superfície terrestre, mas ascende a pontos mais
próximos à superfície, com menor temperatura e pressão, ocorre um resfriamento mais
lento, o que permite a formação de estruturas cristalinas mais estáveis, e, portanto, de
rochas mais resistentes, denominadas de intrusivas ou plutônicas (diabásio, gabro e
granito).
Uma vez exposta, a rocha sofre a ação das intempéries e forma os solos residuais, os
quais podem ser transportados e depositados sobre outro solo de qualquer espécie ou
sobre uma rocha, vindo a se tornar um solo sedimentar. A contínua deposição de solos faz
aumentar a pressão e a temperatura nas camadas mais profundas, que terminam por
ligarem seus grãos e formar as rochas sedimentares, este processo chama-se litificação ou
diagênese.
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
Há diferentes maneiras de se classificar os solos, como pela origem, pela sua evolução,
pela presença ou não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo preenchimento dos vazios,
etc. Neste item apresentar-se-á uma classificação genética para os solos, ou seja, conforme
o seu processo geológico de formação.
São solos que permanecem no local de decomposição da rocha. Para que eles ocorram
é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do que a velocidade de
remoção do solo por agentes externos.
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
Como a ação das intempéries se dá, em geral, de cima para baixo, as camadas
superiores são, via de regra, mais trabalhadas que as inferiores. Este fato nos permite
visualizar todo o processo evolutivo do solo, de modo que passamos de uma condição de
rocha sã, para profundidades maiores, até uma condição de solo residual maduro, em
superfície. A figura acima ilustra um perfil típico de solo residual.
A rocha alterada caracteriza-se por uma matriz de rocha possuindo intrusões de solo,
locais onde o intemperismo atuou de forma mais eficiente.
O solo residual jovem apresenta boa quantidade de material que pode ser classificado
como pedregulho (# > 4,8 mm). Geralmente são bastante irregulares quanto a resistência
mecânica, coloração, permeabilidade e compressibilidade, já que o processo de
transformação não se dá em igual intensidade em todos os pontos, comumente existindo
blocos da rocha no seu interior. Pode-se dizer também que nos horizontes de solo jovem e
saprolítico as sondagens a percussão a serem realizadas devem ser revestidas de muito
cuidado, haja vista que a presença de material pedregulhoso pode vir a danificar os
amostradores utilizados, vindo a mascarar os resultados obtidos.
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
Os solos sedimentares ou transportados são aqueles que foram levados ao seu local
atual por algum agente de transporte e lá depositados. As características dos solos
sedimentares são função do agente de transporte.
Cada agente de transporte seleciona os grãos que transporta com maior ou menor
facilidade, além disto, durante o transporte, as partículas de solo se desgastam e/ou
quebram. Resulta daí um tipo diferente de solo para cada tipo de transporte. Esta influência
é tão marcante que a denominação dos solos sedimentares é feita em função do agente de
transporte predominante.
Os agentes naturais citados acima não devem ser encarados apenas como agentes de
transporte, pois eles têm uma participação ativa no intemperismo e, portanto, na formação
do próprio solo, o que ocorre naturalmente antes do seu transporte.
O transporte pelo vento dá origem aos depósitos eólicos de solo. Em virtude do atrito
constante entre as partículas, os grãos de solo transportados pelo vento geralmente
possuem forma arredondada. A capacidade do vento de transportar e erodir é muito maior
do que possa parecer à primeira vista. Vários são os exemplos de construções e até cidades
soterradas parcial ou totalmente pelo vento, como foram os casos de Itaúnas - ES e Tutóia -
MA; os grãos mais finos do deserto do Saara atingem em grande escala a Inglaterra,
percorrendo uma distância de mais de 3000 km. Como a capacidade de transporte do vento
depende de sua velocidade, o solo é geralmente depositado em zonas de calmaria.
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
O transporte eólico é o mais seletivo tipo de transporte das partículas do solo. Se por
um lado grãos maiores e mais pesados não podem ser transportados, os solos finos, como
as argilas, têm seus grãos unidos pela coesão, formando torrões dificilmente levados pelo
vento. Esse efeito também ocorre em areias e siltes saturados (falsa coesão) o que faz da
linha de lençol freático (definida por um valor de pressão da água intersticial igual a
atmosférica) um limite para a atuação dos ventos.
Pode-se dizer portanto que a ação do transporte do vento se restringe ao caso das
areias finas ou silte. Por conta destas características, os solos eólicos possuem grãos de
aproximadamente mesmo diâmetro, apresentando uma curva granulométrica denominada
de uniforme. São exemplos de solos eólicos:
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
São solos resultantes do transporte pela água e sua textura depende da velocidade da
água no momento da deposição, sendo frequente a ocorrência de camadas de
granulometrias distintas, devidas às diversas épocas de deposição.
• Viscosidade - por ser mais viscosa a água tem uma capacidade de transporte
maior, transportando grãos de tamanhos diversos.
• Velocidade e Direção - ao contrário do vento que em um minuto pode soprar
com forças e direções bastante diferenciadas, a água têm seu roteiro mais
estável; suas variações de velocidade tem em geral um ciclo anual e as
mudanças de direção estão condicionadas ao próprio processo de desmonte e
desgaste do relevo.
• Dimensão das Partículas - os solos aluvionares fluviais são, via de regra, mais
grossos que os eólicos, pois as partículas mais finas mantêm-se sempre em
suspensão e só se sedimentam quando existe um processo químico que as
flocule (isto é o que acontece no mar ou em alguns lagos).
• Eliminação da Coesão - vimos que o vento não pode transportar os solos
argilosos devido a coesão entre os seus grãos. A presença de água em
abundância diminui este efeito; com isso somam-se as argilas ao universo de
partículas transportadas pela água.
a) Solos Pluviais: A água das chuvas pode ser retida em vegetais ou construções, podendo
se evaporar a partir daí. Ela pode se infiltrar no solo ou escoar sobre este e, neste caso,
a vegetação rasteira funciona como elemento de fixação da parte superficial do solo
ou como um tapete impermeabilizador (para as gramíneas), sendo um importante
elemento de proteção contra a erosão. A água que se infiltra pode carrear grãos finos
através dos poros existentes nos solos grossos, mas este transporte é raro e pouco
volumoso, portanto de pouca relevância em relação à erosão superficial. De muito
maior importância é o solo que as águas das chuvas levam ao escoar de pontos mais
elevados no relevo aos vales. Os vales contêm rios ou riachos que serão alimentados
não só da água que escoa das escarpas, como também de matéria sólida.
b) Solos Fluviais: Os rios durante sua existência têm várias fases. Em áreas de formação
geológicas mais recentes, menos desgastadas, existem irregularidades topográficas
muito grandes e por isso os rios têm uma inclinação maior e conseqüentemente uma
maior velocidade. Existem vários fatores determinantes da capacidade de erosão e
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
transporte dos rios, sendo a velocidade a mais importante. Assim, os rios mais jovens
transportam mais matéria sólida do que os rios mais velhos. Sabe-se que os rios não
possuem a mesma idade em toda a sua extensão; quanto mais distantes da nascente,
menor a inclinação e a velocidade. As partículas de determinado tamanho passam a
ter peso suficiente para se decantar e permanecer naquele ponto, outras menores só
serão depositadas com velocidade também menor. O transporte fluvial pode ser
descrito sumariamente da seguinte forma:
• Os rios desgastam o relevo em sua parte mais elevada e levam os solos para
sua parte mais baixa, existindo com o tempo uma tendência a planificação
do leito. Rios mais velhos têm, portanto, menor velocidade e transportam
menos;
• Cada tamanho de grão será depositado em um determinado ponto do rio,
correspondente a uma determinada velocidade, o que leva os solos fluviais a
terem uma certa uniformidade granulométrica. Solos muito finos, como as
argilas, permanecerão em suspensão até decantar em mares ou lagos com
água em repouso.
Os detritos são depositados nas áreas de degelo. Uma ampla gama de tamanho de
partículas é transportada, levando assim a formação de solos bastante heterogêneos que
possuem desde grandes blocos de rocha até materiais de granulometria fina.
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
São solos formados pela ação da gravidade. Os solos coluvionares são dentre os solos
transportados os mais heterogêneos granulometricamente, pois a gravidade transporta
indiscriminadamente desde grandes blocos de rocha até as partículas mais finas de argila.
a) Tálus: são solos coluvionares formados pelo deslizamento de solo do topo das
encostas. A figura lustra suas formações típicas. A parte mais inclinada dos morros
corresponde à formação original, enquanto que a parte menos inclinada é composta
basicamente de solo coluvionar (tálus).
2.4.3.1. TURFAS
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Aula 1 – Tipificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
Alguns solos sofrem, em seu local de formação (ou de deposição) uma série de
transformações físico-químicas que os levam a ser classificados como solos de evolução
pedogênica. Os solos lateríticos são um tipo de solo de evolução pedogênica. O processo de
laterização é típico de regiões onde há uma nítida separação entre períodos chuvosos e
secos e é caracterizado pela lavagem da sílica coloidal dos horizontes superiores do solo,
com posterior deposição desta em horizontes mais profundos, resultando em solos
superficiais com altas concentrações de óxidos de ferro e alumínio. A importância do
processo de laterização no comportamento dos solos tropicais é discutida no item
classificação dos solos.
Baseado e adaptado de
Sandro Lemos Machado e
Miriam C. Machado. Edições
sem prejuízo de conteúdo.
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Aula 2 – Textura e Estrutura I
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
Entende-se por textura o tamanho relativo e a distribuição das partículas sólidas que formam
os solos. O estudo da textura dos solos é realizado por intermédio do ensaio de granulometria,
do qual falaremos adiante. Pela sua textura os solos podem ser classificados em dois grandes
grupos: solos grossos (areia, pedregulho, matacão) e solos finos (silte e argila). Nesta aula,
serão revistos e complementados (aprofundados) alguns conceitos da disciplina Materiais de
Construção I, que tratou do assunto em seu tópico de Agregados.
Nos solos grossos, por ser predominante a atuação de forças gravitacionais, resultando
em arranjos estruturais bastante simplificados, o comportamento mecânico e hidráulico
está principalmente condicionado a sua compacidade, que é uma medida de quão próximas
estão as partículas sólidas umas das outras, resultando em arranjos com maiores ou
menores quantidades de vazios. Os solos grossos possuem uma maior percentagem de
partículas visíveis a olho nu (φ ≥ 0,074 mm) e suas partículas têm formas arredondadas,
poliédricas e angulosas.
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Aula 2 – Textura e Estrutura I
MECÂNICA DOS SOLOS
1.1.1. Pedregulhos
São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores que
2,0 mm (DNER, MIT) ou 2,0 mm (ABNT). Os pedregulhos são encontrados em geral nas
margens dos rios, em depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios ou até
mesmo em uma massa de solo residual (horizontes correspondentes ao solo residual jovem
e ao saprolito).
1.1.2. Areias
As areias se distinguem pelo formato dos grãos que pode ser angular, subangular e
arredondado, sendo este último uma característica das areias transportadas por rios ou
pelo vento. A forma dos grãos das areias está relacionada com a quantidade de transporte
sofrido pelos mesmos até o local de deposição. O transporte das partículas dos solos tende
a arredondar as suas arestas, de modo que quanto maior a distância de transporte, mais
esféricas serão as partículas resultantes. Classificamos como areia as partículas com
dimensões entre 2,0 mm e 0,074 mm (DNER), 2,0 mm e 0,05 mm (MIT) ou ainda 2,0 mm e
0,06 mm (ABNT).
Quando as partículas que constituem o solo possuem dimensões menores que 0,074
mm (DNER), ou 0,06 mm (ABNT), o solo é considerado fino e, neste caso, será classificado
como argila ou como silte.
Nos solos formados por partículas muito pequenas, as forças que intervêm no
processo de estruturação do solo são de caráter muito mais complexo e serão estudadas no
item composição mineralógica dos solos. Os solos finos possuem partículas com formas
lamelares, fibrilares e tubulares e é o mineral que determina a forma da partícula. As
partículas de argila normalmente apresentam uma ou duas direções em que o tamanho da
partícula é bem superior àquele apresentado em uma terceira direção. O comportamento
dos solos finos é definido pelas forças de superfície (moleculares, elétricas) e pela presença
de água, a qual influi de maneira marcante nos fenômenos de superfície dos argilo-minerais.
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Aula 2 – Textura e Estrutura I
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
1.2.1. Argilas
1.2.2. Siltes
Muitas vezes em campo temos a necessidade de uma identificação prévia do solo, sem
que o uso do aparato de laboratório esteja disponível. Esta classificação primária é
extremamente importante na definição (ou escolha) de ensaios de laboratório mais
elaborados e pode ser obtida a partir de alguns testes feitos rapidamente em uma amostra
de solo. No processo de identificação tátil visual de um solo utilizam-se frequentemente os
seguintes procedimentos (vide NBR 7250):
• Tato: Esfrega-se uma porção do solo na mão. As areias são ásperas; as argilas
parecem com um pó quando secas e com sabão quando úmidas;
• Plasticidade: Moldar bolinhas ou cilindros de solo úmido. As argilas são
moldáveis enquanto as areias e siltes não são moldáveis;
• Resistência do solo seco: As argilas são resistentes à pressão dos dedos
enquanto os siltes e areias não são;
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Aula 2 – Textura e Estrutura I
MECÂNICA DOS SOLOS
• Dispersão em água: Misturar uma porção de solo seco com água em uma
proveta, agitando-a. As areias depositam-se rapidamente, enquanto que as
argilas turvam a suspensão e demoram para sedimentar;
• Impregnação: Esfregar uma pequena quantidade de solo úmido na palma de
uma das mãos. Colocar a mão embaixo de uma torneira aberta e observar a
facilidade com que a palma da mão fica limpa. Solos finos se impregnam e
não saem da mão com facilidade;
• Dilatância: O teste de dilatância permite obter uma informação sobre a
velocidade de movimentação da água dentro do solo. Para a realização do
teste deve-se preparar uma amostra de solo com cerca de 15 mm de
diâmetro e com teor de umidade que lhe garanta uma consistência mole. O
solo deve ser colocado sobre a palma de uma das mãos e distribuído
uniformemente sobre ela, de modo que não apareça uma lâmina d’água. O
teste se inicia com um movimento horizontal da mão, batendo vigorosamente
a sua lateral contra a lateral da outra mão, diversas vezes. Deve-se observar o
aparecimento de uma lâmina d’água na superfície do solo e o tempo para a
ocorrência. Em seguida, a palma da mão deve ser curvada, de forma a exercer
uma leve compressão na amostra, observando-se o que poderá ocorrer à
lâmina d’água, se existir, à superfície da amostra. O aparecimento da lâmina
d’água durante a fase de vibração, bem como o seu desaparecimento durante
a compressão e o tempo necessário para que isto aconteça deve ser
comparado aos dados da tabela, para a classificação do solo.
Após realizados estes testes, classifica-se o solo de modo apropriado, de acordo com
os resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Os solos orgânicos são
identificados em separado, em função de sua cor e odor característicos.
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Aula 2 – Textura e Estrutura I
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
3. Análise Granulométrica
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Aula 2 – Textura e Estrutura I
MECÂNICA DOS SOLOS
• Peneiramento: utilizado para a fração grossa do solo (grãos com até 0,074
mm de diâmetro equivalente), realiza-se pela passagem do solo por peneiras
padronizadas e pesagem das quantidades retidas em cada uma delas. Retira-
se 50 a 100 g da quantidade que passa na peneira de #200 e prepara-se o
material para a sedimentação;
• Sedimentação: os solos muito finos, com granulometria inferior a 0,074 mm,
são tratados de forma diferenciada, através do ensaio de sedimentação
desenvolvido por Arthur Casagrande. Este ensaio se baseia na Lei de Stokes,
segundo a qual a velocidade de queda, V, de uma partícula esférica, em um
meio viscoso infinito, é proporcional ao quadrado do diâmetro da partícula.
Sendo assim, as menores partículas se sedimentam mais lentamente que as
partículas maiores.
γS − γW
V= . D²
18 . μ
Onde:
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Aula 2 – Textura e Estrutura I
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
• As partículas de solo não são esféricas (muito menos as partículas dos argilo-
minerais que têm forma placóide).
• A coluna líquida possui tamanho definido;
• O movimento de uma partícula interfere no movimento de outra;
• As paredes do recipiente influenciam no movimento de queda das partículas;
• O peso específico das partículas do solo é um valor médio;
• O processo de leitura (inserção e retirada do densímetro) influencia no
processo de queda das partículas.
De acordo com a curva granulométrica obtida, o solo pode ser classificado como bem
graduado, caso ele possua uma distribuição contínua de diâmetros equivalentes em uma
ampla faixa de tamanho de partículas (caso da curva granulométrica “a”) ou mal graduado,
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Aula 2 – Textura e Estrutura I
MECÂNICA DOS SOLOS
caso ele possua uma curva granulométrica uniforme (curva granulométrica “c”) ou uma
curva granulométrica que apresente ausência de uma faixa de tamanhos de grãos (curva
granulométrica “b”).
D10 - Diâmetro Efetivo - Diâmetro equivalente da partícula para o qual temos 10% das
partículas passando (10% das partículas são mais finas que o diâmetro efetivo);
Coeficiente de Uniformidade:
D60
Cu =
D10
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Aula 2 – Textura e Estrutura I
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
E o Coeficiente de Curvatura:
𝐷30 2
𝐶𝑐 =
𝐷60 . 𝐷10
Resolução:
1º Passo: Encontrar D10 (ou Def – Diâmetro Efetivo), D30 e D60 da amostra.
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Aula 2 – Textura e Estrutura I
MECÂNICA DOS SOLOS
a porcentagem que passa de 10% da escala da direita. Fica a critério pois significam a
mesma coisa. Vejamos no gráfico:
Nota: é válido lembrar que o eixo “X” está em escala logarítmica, ou seja, uma
escala que usa o logaritmo da grandeza em vez da grandeza propriamente dita.
Pelo gráfico, observa-se que a curva 5 cruza os 10% (na porcentagem que passa) em
0,0035 mm, que é o D10.
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Aula 3 – Textura e Estrutura II
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
A NBR- 6502 apresenta algumas regras práticas para designar os solos de acordo com a
sua curva granulométrica. A tabela abaixo ilustra o resultado de ensaios de granulometria
realizados em três solos distintos. As regras apresentadas pela NBR-6502 serão então
empregadas para classificá-los, em caráter ilustrativo.
Quando da ocorrência de mais de 10% de areia, silte ou argila adjetiva-se o solo com as
frações obtidas, vindo em primeiro lugar as frações com maiores percentagens.
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Aula 3 – Textura e Estrutura II
MECÂNICA DOS SOLOS
• 1°) Argila;
• 2°) Areia;
• 3°) Silte.
• 1 a 5% → com vestígios;
• De 5 a 10% → com pouco.
Para o caso de pedregulho com frações superiores a 10% adjetiva-se o solo do seguinte
modo:
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Aula 3 – Textura e Estrutura II
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
Quando duas partículas de argila estão muito próximas, entre elas ocorrem forças de
atração e de repulsão. As forças de repulsão são devidas às cargas líquidas negativas que
elas possuem e que ocorrem desde que as camadas duplas estejam em contato. As forças
de atração decorrem de forças de Van der Waals e de ligações secundárias que atraem
materiais adjacentes. Da combinação das forças de atração e de repulsão entre as partículas
resulta a estrutura dos solos, que se refere à disposição das partículas na massa de solo e as
forças entre elas. Lambe (1969) identificou dois tipos básicos de estrutura do solo,
denominando-os de estrutura floculada, quando os contatos se fazem entre faces e arestas
das partículas sólidas, ainda que através da água adsorvida, e de estrutura dispersa quando
as partículas se posicionam paralelamente, face a face.
Os solos são formados a partir da desagregação de rochas por ações físicas e químicas
do intemperismo. As propriedades química e mineralógica das partículas dos solos assim
formados irão depender fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da
região. Estas propriedades, por sua vez, irão influenciar de forma marcante o
comportamento mecânico do solo.
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Aula 3 – Textura e Estrutura II
MECÂNICA DOS SOLOS
Os solos finos possuem uma estrutura mais complexa e alguns fatores, como forças de
superfície, concentração de íons, ambiente de sedimentação, etc., podem intervir no seu
comportamento. As argilas possuem uma complexa constituição química e mineralógica,
sendo formadas por sílica no estado coloidal (SiO2) e sesquióxidos metálicos (R2O3), onde R
= Al; Fe, etc.
Os feldspatos são os minerais mais atacados pela natureza, dando origem aos argilo-
minerais, que constituem a fração mais fina dos solos, geralmente com diâmetro inferior a 2
µm. Não só o reduzido tamanho, mas, principalmente, a constituição mineralógica faz com
que estas partículas tenham um comportamento extremamente diferenciado em relação ao
dos grãos de silte e areia.
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Aula 3 – Textura e Estrutura II
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
estruturais que acabam por formar novos tipos de argilo-minerais. As duas unidades
estruturais básicas dos argilo-minerais são os tetraedros de silício e os octaedros de
alumínio (figura). Os tetraedros de silício são formados por quatro átomos de oxigênio
equidistantes de um átomo de silício enquanto que os octaedros de alumínio são formados
por um átomo de alumínio no centro, envolvido por seis átomos de oxigênio ou grupos de
hidroxilas, OH-. A depender do modo como estas unidades estruturais estão unidas entre si,
podemos dividir os argilo-minerais em três grandes grupos.
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Aula 3 – Textura e Estrutura II
MECÂNICA DOS SOLOS
estável e não muito afetada pela água. É também menos expansiva que a
montmorilonita.
Como a união entre as camadas adjacentes dos argilo-minerais do tipo 1:1 (grupo da
caulinita) é bem mais forte do que aquela encontrada para os outros grupos, é de se esperar
que estes argilo-minerais resultem por alcançar tamanhos maiores do que aqueles
alcançados pelos argilo-minerais do grupo 2:1, o que ocorre na realidade: Enquanto um
mineral típico de caulinita possui dimensões em torno de 500 (espessura) x 1000 x 1000
(nm), um mineral de montmorilonita possui dimensões em torno de 3x 500 x 500 (nm).
4. As Fases do Solo
O solo é constituído de uma fase fluida (água e/ou ar) e se uma fase sólida. A fase
fluida ocupa os vazios deixados pelas partículas sólidas.
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Aula 3 – Textura e Estrutura II
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AOS SOLOS
Fase fluida composta em sua maior parte pela água, podendo conter solutos e outros
fluidos imiscíveis. Pode-se dizer que a água se apresenta de diferentes formas no solo,
sendo, contudo, extremamente difícil se isolar os estados em que a água se apresenta em
seu interior. A seguir são expressados os termos mais comumente utilizados para descrever
os estados da água no solo. É diversificada em:
Baseado e adaptado de
Sandro Lemos Machado e
Miriam C. Machado. Edições
sem prejuízo de conteúdo.
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Aula 4 – Consistência dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
1. Noções Iniciais
Quando tratamos com solos grossos (areias e pedregulhos com pequena quantidade
ou sem a presença de finos), o efeito da umidade nestes solos é frequentemente
negligenciado, na medida em que a quantidade de água presente nos mesmos tem um
efeito secundário em seu comportamento. Pode se dizer que se pode classificar os solos
grossos utilizando-se somente a sua curva granulométrica, o seu grau de compacidade e a
forma de suas partículas. Por outro lado, o comportamento dos solos finos ou coesivos irá
depender de sua composição mineralógica, da sua umidade, de sua estrutura e do seu grau
de saturação. Em particular, a umidade dos solos finos tem sido considerada como uma
importante indicação do seu comportamento desde o início da mecânica dos solos.
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Aula 4 – Consistência dos Solos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
2. Estados de Consistência
Estado Plástico - Dizemos que um solo está em um estado plástico quando podemos
moldá-lo sem que o mesmo apresente fissuras ou variações volumétricas. O limite de
plasticidade, WP, separa os estados de consistência semissólido e plástico.
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Aula 4 – Consistência dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado plástico para o estado fluido.
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Aula 4 – Consistência dos Solos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
w
LL =
(1,419 − 0,3 log n)
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado semissólido para o estado
plástico.
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Aula 4 – Consistência dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
assim como limite de plasticidade o valor médio dos teores de umidade determinados. A
figura ilustra a realização do ensaio para determinação do limite de plasticidade (vide NBR
9180).
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado sólido para o estado
semissólido.
V 1
WS = ( − ) . γW . 100
P γS
Onde:
38
Aula 4 – Consistência dos Solos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
3. Índices de Consistência
Uma vez conhecidos os limites de consistência de um solo, vários índices podem ser
definidos. A seguir, apresentaremos os mais utilizados.
IP = WL - WP ou IP = LL – LP
• IP = 0 → Não plástico;
• 1 < IP < 7 → Pouco plástico.
• 7 < IP < 15 → Plasticidade média;
• IP > 15 → Muito plástico.
WL − W
IC =
IP
39
Aula 4 – Consistência dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
4. Demais Conceitos
4.1. Amolgamento
4.2. Sensibilidade
RC
St =
R′C
Quanto maior for o St, tem-se uma menor coesão, uma maior compressibilidade e uma
menor permeabilidade do solo.
4.3. Tixotropia
40
Aula 4 – Consistência dos Solos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
IP
A=
% < 0.002mm
Baseado e adaptado de
Sandro Lemos Machado e
Miriam C. Machado. Edições
sem prejuízo de conteúdo.
41
Aula 5 – Classificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
Por serem constituídos de um material de origem natural, os depósitos de solo nunca são
estritamente homogêneos. Grandes variações nas suas propriedades e em seu
comportamento são comumente observadas. Pode-se dizer contudo, que depósitos de solo
que exibem propriedades básicas similares podem ser agrupados como classes, mediante o
uso de critérios ou índices apropriados.
Um sistema de classificação dos solos deve agrupar os solos de acordo com suas
propriedades intrínsecas básicas. Do ponto de vista da engenharia, um sistema de
classificação pode ser baseado no potencial de um determinado solo para uso em bases de
pavimentos, fundações, ou como material de construção, por exemplo. Devido à natureza
extremamente variável do solo, contudo, é inevitável que em qualquer classificação
ocorram casos onde é difícil se enquadrar o solo em uma determinada e única categoria, em
outras palavras, sempre vão existir casos em que um determinado solo poderá ser
classificado como pertencente a dois ou mais grupos. Do mesmo modo, o mesmo solo pode
mesmo ser colocado em grupos que pareçam radicalmente diferentes, em diferentes
sistemas de classificação.
Em vista disto, um sistema de classificação deve ser tomado como um guia preliminar
para a previsão do comportamento de engenharia do solo, a qual não pode ser realizada
utilizando-se somente sistemas de classificação. Testes para avaliação de importantes
características do solo devem sempre ser realizados, levando-se sempre em consideração o
uso do solo na obra, já que diferentes propriedades governam o comportamento do solo a
depender de sua finalidade. Assim, deve-se usar um sistema de classificação do solo, dentre
outras coisas, para se obter os dados necessários ao direcionamento de uma investigação
mais minuciosa, quer seja na engenharia, geoquímica, geologia ou outros ramos da ciência.
42
Aula 5 – Classificação dos Solos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
devendo ser usados como informações adicionais aos sistemas de classificação mais
elaborados. São eles:
Nesta aula serão apresentados os dois sistemas de classificação dos solos mais
difundidos no meio geotécnico, a saber, o Sistema Unificado de Classificação do Solos, SUCS
(ou “Unified Soil Classification System”, USCS) e o sistema de classificação dos solos
proposto pela AASHTO (“American Association of State Highway and Transportation
Officials”). Deve-se salientar, contudo, que estes dois sistemas de classificação foram
desenvolvidos para classificar solos de países de clima temperado, não apresentando
resultados satisfatórios quando utilizados na classificação de solos tropicais (principalmente
aqueles de natureza laterítica), cuja gênese é bastante diferenciada daquela dos solos para
os quais estas classificações foram elaboradas. Por conta disto, e devido à grande
ocorrência de solos lateríticos nas regiões Sul e Sudeste do país, recentemente foi elaborada
uma classificação especialmente destinada a classificação de solos tropicais. Esta
classificação, brasileira, denominada de Classificação MCT, começou a se desenvolver na
década de 70, sendo apresentada oficialmente em 1980 (Nogami & Vilibor, 1980).
43
Aula 5 – Classificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
As quatro maiores divisões do Sistema Unificado de Classificação dos Solos, como visto
nas aulas iniciais do curso, são as seguintes:
A única exceção para esta regra advém do grupo do silte, cuja letra representante, M,
advém do Sueco “mjäla”.
Os solos grossos são classificados como pedregulho ou areia. São classificados como
pedregulhos aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa retida na
peneira 4 (4,75 mm) e como areias aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração
grossa passando na peneira 4. Cada grupo por sua vez é dividido em quatro subgrupos a
44
Aula 5 – Classificação dos Solos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
2.1.1. Grupos GW e SW
Formados por um solo bem graduado com poucos finos. Em um solo bem graduado, os
grãos menores podem ficar nos espaços vazios deixados pelos grãos maiores, de modo que
os solos bem graduados tendem a apresentar altos valores de peso específico (ou menor
quantidade de vazios) e boas características de resistência e deformabilidade. A presença de
finos nestes grupos não deve produzir efeitos apreciáveis nas propriedades da fração
grossa, nem interferir na sua capacidade de drenagem, sendo fixada como no máximo 5%
do solo, em relação ao seu peso seco. O exame da curva granulométrica dos solos grossos
se faz por meio dos coeficientes de uniformidade (Cu) e curvatura (Cc), já apresentados
anteriormente. Para que o solo seja considerado bem graduado é necessário que seu
coeficiente de uniformidade seja maior que 4, no caso de pedregulhos, ou maior que 6, no
caso de areias, e que o seu coeficiente de curvatura esteja entre 1 e 3.
2.1.2. Grupos GP e SP
2.1.3. Grupo GM e SM
45
Aula 5 – Classificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
2.1.4. Grupo GC e SC
OBS: Os solos grossos possuindo percentagens de finos entre 5 e 12% devem possuir
nomenclaturas duplas, como GW-GM, SP-SC, etc., atribuídas de acordo com o especificado
anteriormente. De uma forma geral, sempre que um material não se encontra claramente
dentro de um grupo, devemos utilizar símbolos duplos, correspondentes a casos de
fronteira. Ex: GW-SW (material bem graduado com menos de 5% de finos e formado com
fração de grossos com iguais proporções de pedregulho e areia) ou GM-GC (solos grossos
com mais do que 12% de finos cuja representação na carta de plasticidade de Casagrande se
situa muito próxima da linha A).
46
Aula 5 – Classificação dos Solos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
Os solos finos são classificados como argila e silte. A classificação dos solos finos é
realizada tomando-se como base apenas os limites de plasticidade e liquidez do solo,
plotados na forma da carta de plasticidade de Casagrande. Em outras palavras, o
conhecimento da curva granulométrica de solos possuindo mais do que 50% de material
passando na peneira 200, pouco ou muito pouco acrescenta acerca das expectativas sobre
suas propriedades de engenharia.
OBS: Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe dentro da zona CL-ML devem ter
nomenclatura dupla.
Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha LL = 50 % devem ter
nomenclatura dupla: (MH-ML ou CH-
Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à linha A devem ter
nomenclatura dupla: (MH-CH ou CL-ML). As argilas inorgânicas de média plasticidade possuem WL
entre 30 e 50%.
47
Aula 5 – Classificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
2.2.1. Grupo CL e CH
2.2.2. Grupo ML e MH
2.2.3. Grupo OL e OH
Na maioria dos solos turfosos os limites de consistência podem ser determinados após
completo amolgamento do solo. O limite de liquidez destes solos varia entre 300 e
500%permanecendo a sua posição na carta de plasticidade notavelmente acima da linha A.
O Índice de plasticidade destes solos normalmente se situa entre 100 e 200.
48
Aula 5 – Classificação dos Solos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
A carta de plasticidade de Casagrande pode ainda nos dar uma idéia acerca do tipo de
argilo-mineral predominante na fração fina do solo. Solos possuindo argilo-minerais do tipo
1:1 (como a caulinita) tem seus pontos de representação na carta de plasticidade próximo à
linha A (parte superior à linha A), enquanto que solos possuindo argilo-minerais de alta
atividade (como a montmorilonita) tendem a ter seus pontos de representação na carta de
plasticidade próximos à linha U (parte imediatamente inferior à linha U).
Apesar dos símbolos utilizados no SUCS serem de grande valia, eles não descrevem
completamente um depósito de solo. Em todos os solos deve-se acrescentar informações
como odor, cor e homogeneidade do material à classificação. Para o caso de solos grossos,
informações como a forma dos grãos, tipo de mineral predominante, graus de
intemperismo ou compacidade, presença ou não de finos são pertinentes. Para o caso dos
solos finos, informações como a umidade natural e consistência (natural e amolgada)
devem ser sempre que possível ser fornecidas.
49
Aula 5 – Classificação dos Solos
MECÂNICA DOS SOLOS
Quando trabalhando com os grupos A-2-6 e A-2-7 o índice de grupo deve ser
determinado utilizando-se somente o índice de plasticidade.
Usar o sistema de classificação da AASHTO não é difícil. Uma vez obtidos os dados
necessários, deve-se seguir os passos indicados na figura abaixo, da esquerda para a direita,
e encontrar o grupo correto por um processo de eliminação. O primeiro grupo à esquerda
que atenda as exigências especificadas é a classificação correta da AASHTO. A classificação
completa inclui o valor do índice de grupo (arredondado para o inteiro mais próximo),
apresentado em parênteses, à direita do símbolo da AASHTO. Ex: A-2-6(3), A-6(12), A-7-
5(17), etc.
Devido a sua ligação histórica com a classificação de solos para uso rodoviário, a
classificação da AASHTO é bastante utilizada na seleção de solos para uso como base, sub-
bases e sub-leitos de pavimentos.
50
Aula 5 – Classificação dos Solos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
Baseado e adaptado de
Sandro Lemos Machado e
Miriam C. Machado. Edições
sem prejuízo de conteúdo.
51
Aula 6 – Índices Físicos
MECÂNICA DOS SOLOS
Os índices físicos desempenham um importante papel no estudo das propriedades dos solos,
uma vez que estas dependem dos seus constituintes e das proporções relativa entre eles,
assim como da interação de uma fase sobre as outras.
1. Os Índices
Onde: Va, Vw, Vs, Vv e Vt representam os volumes de ar, água, sólidos, de vazios e
total do solo, respectivamente. Ps, Pw, Pa e Pt São os pesos de sólidos, água, ar e total e Ms,
Mw, Ma e Mt são as respectivas massas de sólidos, água, ar e total.
52
Aula 6 – Índices Físicos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
Vv
n=
Vt
Os vazios do solo podem estar apenas parcialmente ocupados por água. A relação
entre o volume de água e o volume dos vazios é definida como o grau de saturação,
expresso em percentagem e com variação de 0 a 100% (solo saturado).
Vw
Sr =
Vv
O índice de vazios é definido como a relação entre o volume de vazios e o volume das
partículas sólidas, expresso em termos absolutos, podendo ser maior do que a unidade. Sua
variação é de 0 a ∞.
Vv
e=
Vs
O peso específico de um solo é a relação entre o seu peso total e o seu volume total,
incluindo-se aí o peso da água existente em seus vazios e o volume de vazios do solo. A
massa específica do solo possui definição semelhante ao peso específico, considerando-se
agora a sua massa.
Pt Mt
γ= e ρ=
Vt Vt
E ainda:
γ=ρ.g
53
Aula 6 – Índices Físicos
MECÂNICA DOS SOLOS
A umidade é definida como a relação entre o peso da água e o peso dos sólidos em
uma porção do solo, sendo expressa em percentagem.
Pw
w =
Ps
E ainda:
Pw = Pt - Ps
O peso específico das partículas sólidas é obtido dividindo-se o peso das partículas
sólidas (não se considerando o peso da água) pelo volume ocupado pelas partículas sólidas
(sem a consideração do volume ocupado pelos vazios do solo). É o maior valor de peso
específico que um solo pode ter, já que as outras duas fases que compõe o solo são menos
densas que as partículas sólidas.
Ps
γS =
Vs
Ps
γd =
Vt
É o peso específico do solo quando todos os seus vazios estão ocupados pela água. É
numericamente dado pelo peso das partículas sólidas dividido pelo volume total do solo,
quando Sr = 1.
Pt
γsat =
Vt
54
Aula 6 – Índices Físicos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
γsub = γsat - γw
4. Diagrama de Fases
As relações entre pesos ou entre volumes, por serem adimensionais, não serão
modificadas caso no lado direito da figura da página 1, os volumes de água, ar e sólidos
sejam divididos por um determinado fator, conservado constante para todas as fases. Este
fator pode ser escolhido, por exemplo, para que o volume de sólidos se torne unitário.
Deste modo, utilizando-se as relações entre volumes e entre pesos e volumes, definidas
anteriormente, temos:
Uma outra forma de organizar as relações entre volumes e entre pesos e volumes em
um diagrama de fases seria adotando um volume total igual a 1. Neste caso teríamos:
55
Aula 6 – Índices Físicos
MECÂNICA DOS SOLOS
Das relações das figuras acima e utilizando-se as definições dadas para o índice de
vazios e a porosidade tem-se:
e n
n= ou e=
1+e 1−n
Com o uso das duas figuras acima, diversas relações podem ser facilmente definidas
entre os índices físicos. As equações a seguir expressam algumas destas relações mais
usuais:
γ
γd =
1+w
γS . w = γw . Sr . e
γS + Sr . e . γw
γ=
1+ e
PW Sr . e . γw
w= =
PS γS
γS
e= −1
γd
56
Aula 6 – Índices Físicos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
Há uma variedade grande de ensaios para a determinação de emin e γdmax; todos eles
envolvem alguma forma de vibração. Para emax e γdmin, geralmente se adota a colocação do
solo secado previamente, em um recipiente, tomando-se todo cuidado para evitar qualquer
tipo de vibração. Os procedimentos para a execução de tais ensaios são padronizados em
nosso País pelas normas NBR 12004 e 12051, variando muito em diferentes partes do
Globo, não havendo ainda um consenso internacional sobre os mesmos. A densidade
relativa é um índice adotado apenas na caracterização dos SOLOS NÃO COESIVOS. A tabela
abaixo apresenta a classificação da compacidade dos solos grossos em função de sua
densidade relativa.
Onde:
Observações importantes:
57
Aula 6 – Índices Físicos
MECÂNICA DOS SOLOS
• Umidade (w);
• Peso específico do solo (γ);
• Peso específico das partículas sólidas (γs).
Em Laboratório:
58
Aula 6 – Índices Físicos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
Em Campo:
Exemplo: Uma amostra de solo tem volume de 60 cm³ e peso de 92,5 gf. Depois de
completamente seca seu peso é de 74,3 gf. O peso específico real dos grãos sólidos é 2,62
gf/cm³. Calcular sua umidade e grau de saturação. Considere a densidade da água 1,0
gf/cm³.
59
Aula 6 – Índices Físicos
MECÂNICA DOS SOLOS
Resolução:
Vt = 60 cm³
Pt = 92,5 gf
Ps = 74,3 gf
γS = 2,62 gf/cm³
Então:
Pw 18,2
w = →w= → w = 0,245 = 24,5%
Ps 74,3
E finalmente:
Vw 18,2
Sr = → Sr = → Sr = 0,575 = 57,5%
Vv 31,64
60
Aula 6 – Índices Físicos
UNIDADE 2 – PROPRIEDADES DOS SOLOS
Exemplo: Uma amostra de argila saturada possui umidade de 70% e peso específico
aparente de 2,0 gf/cm³. Determinar a porosidade, o índice de vazios e o peso específico
aparente seco. Considerar γw igual a 1 gf/cm³.
Resolução:
O enunciado nos diz que a amostra é saturada, ou seja, livre de ar. Portando, conclui-
se que Vv = Vw (Va e Pa na figura: água → water). Fica:
w = 70%
γ = 2,0 gf/cm³
Sr = 100% = 1
γw = 1 gf/cm³
Pt = 0,7Ps + Ps → Pt = 1,7 . Ps ②
61
Aula 6 – Índices Físicos
MECÂNICA DOS SOLOS
Este resultado já era sabido, pois o enunciado diz que a amostra é saturada e
consequentemente Vv = Vw. A demonstração foi apenas para relacionar Vv com Ps.
Note o aluno que na explicação da aula e na resolução dos exercícios foram utilizados
os subscritos em inglês, pois é muito comum confundir-se, na correria da resolução, os
termos de subscrito “S” com “seco” e “sólido”. Portanto, da maneira apresentada,
trocando-se as iniciais em português pelas em inglês, este erro dificilmente acontece.
Exemplo: densidade específica aparente solo seco γd (o d é de “dry”, em inglês) → se
usássemos simplesmente γS, poderia ser confundida com massa específica dos sólidos, que
é de fato a grandeza que recebe este termo (s de “solid” em inglês).
62
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
Nesta aula serão aplicados todos os conceitos das aulas anteriores para, de fato, classificar
um solo. Uma roteirização das duas principais maneiras de se classificar o solo (Unificada e
HBR) será apresentada como uma “receita” a ser executada, visto que todos os elementos a
serem levados em consideração já são conhecidos.
1. Roteiro de Trabalho
63
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
MECÂNICA DOS SOLOS
Caso isto aconteça, será um solo fino, assim, devemos proceder da seguinte maneira:
A maioria dos problemas envolvidos com classificação de solos fornece uma tabela
com a Umidade das amostras vinculadas ao Número de Golpes para a elaboração do gráfico
e a interpolação dos resultados (será demonstrada em exercício). Caso contrário, utilizar a
fórmula empírica do Federal Highway Administration. Caso isto não aconteça, deverão ser
aproveitados os demais dados deste problema para que se encontre as umidades.
Como dito acima e na aula 4, o Limite de Plasticidade é a média das umidades obtidas.
Descartar a amostra que estiver a ± 5% da média e refazê-la (e reencontrar o LP).
∑ni=1 wi
LP =
n
Com este valor determina-se o grau de plasticidade do solo (fraco, médio ou alto);
IP = LL – LP
LL − W
IC =
IP
V 1
LC = ( − ) . γW . 100
P γS
64
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
Com os valores de LL, LP e LC, poderemos determinar o estado do solo para qualquer
teor de umidade.
Caso isto aconteça, o solo será grosso, então procede-se da seguinte maneira:
65
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
MECÂNICA DOS SOLOS
Para o Sistema HBR, o sistema é análogo, lembrando que aqui o que definirá se um
solo é fino ou grosso é o percentual passante na peneira #200:
• Se a percentagem passante na peneira 200 for maior que 35, será um solo
silto-argiloso,
• Se menor, será um solo granular.
Após todos os passos apresentados no tópico 1.1.1 para o cálculo dos índices, deverá
ser adicionado o Grupo:
66
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
2. Exercícios Resolvidos
Resolução:
1º Passo: Encontrar o LL
67
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
MECÂNICA DOS SOLOS
Da matemática básica:
y2 − y1 x2 − x1
=
Y − y1 X − x1
56,7 − 51,3 36 − 16
=
LL − 51,3 25 − 16
5,4 20
=
(LL − 51,3) 9
20LL − 1026 = 48,6
20LL = 1074,6
LL = 53,73
2º Passo: Encontrar LP
68
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
+5%: 23,86%
22,73% {
−5%: 21,59%
As umidades que estiverem fora deste intervalo deverão ser eliminadas. No caso,
temos o valor de 24,2% da segunda amostra.
Exemplo: Um corpo de prova cilíndrico de um solo argiloso tem uma altura de 12,5 cm
e diâmetro de 5 cm. A massa úmida do corpo de prova é 478,25 g e após sua secagem
passou para 418,32 g. Sabendo-se que a massa específica dos sólidos é de 2,70 g/cm³,
determinar: massa específica aparente seca, teor de umidade, índice de vazios, porosidade e
o grau de saturação.
Resolução:
Vcilindro = Abase . h → Vcilindro = πr² . h → Vcilindro = 3,14 . 2,5² . 12,5 → Vcilindro = 245,43 cm³
O exercício forneceu a massa total do sistema e a massa após secagem (ms). Como os
índices podem ser dados em função da massa e do peso, podemos proceder com os
cálculos, lembrando que teremos que encontrar todas as massas e todos os volumes para
encontrar os índices.
Massa da Água:
69
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
MECÂNICA DOS SOLOS
Umidade:
ρ 1,95
ρd = → ρd = → ρd = 1,705 g/cm³
1+w 1 + 0,1432
ρS 2,7
e= −1→ e = − 1 → e = 0,58 = 58%
ρd 1,705
6º Passo: Porosidade
e 0,58
n= → n = → n = 0,37 = 37%
1+e 1 + 0,58
ρS . w 2,7 . 0,1432
ρS . w = ρw . Sr . e → Sr = → Sr = → Sr = 0,66 = 66%
ρw . e 1 . 0,58
70
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
Resolução:
a) Diâmetros Efetivos
O diâmetro efetivo de amostras corresponde ao seu D 10, que poderá ser extraído do
gráfico:
71
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
MECÂNICA DOS SOLOS
b) Coeficientes de Uniformidade
c) Coeficientes de Curvatura
72
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
d) Índices de Plasticidade
Seguiremos o seguinte critério (da figura) que teve sua parte teórica exposta nas
primeiras aulas e o roteiro descrito acima. Resume-se nesta imagem e na tabela
“Classificação de Solos SUCS”, que está nas próximas páginas.
Analisando-se os números, temos que tudo que está à esquerda do corte da peneira
#200 é partícula de dimensão menor que sua malha, ou seja, é percentual passante. O
contrário, o que está à direita da linha de corte da peneira, é partícula maior que sua malha,
portanto, não passante.
73
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
MECÂNICA DOS SOLOS
• Solo A é grosso, pois % que passa é 11, portanto, menor que 50%;
• Solo B é grosso, pois % que passa é 45, portanto, menor que 50%;
• Solo C é fino, pois % que passa é 87%, portanto, maior que 50%.
A saber, teremos caminhos distintos para a classificação dos solos, pois C é fino e terá
outro “caminho” de definição.
Temos que:
• IP = 30;
• LL = 65.
74
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
75
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
MECÂNICA DOS SOLOS
A situação fornecida é LL > 50% (à direita da “curva B”) e abaixo da linha “A”, porém, é
uma região em que não se pode afirmar se o solo é “MH” ou “OH”. Segundo o critério
técnico (visto na aula 5), nestes casos a identificação é feita pelo odor e cor da amostra, e,
ainda, se existirem dúvidas, deverá ser feito um teste de secagem. Como o exercício não
forneceu a umidade e tampouco temos contato com o solo, encerraremos a classificação na
dúvida, sabendo apenas que é um Silte ou Argila de Alta Compressibilidade.
76
Aula 7 – Roteiros Para Classificação
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
Ambos os Solos, tanto A quanto B, são areias, pois possuem percentual passante de
100% na peneira de 4,75 mm.
Solo A:
Solo B:
77
Aula 8 – Tensões no Solo I
MECÂNICA DOS SOLOS
Como em todo material utilizado na engenharia, o solo, ao sofrer solicitações, irá se deformar,
modificando o seu volume e forma iniciais. A magnitude das deformações apresentadas pelo
solo irá depender não só de suas propriedades intrínsecas de deformabilidade (elásticas e
plásticas), mas também do valor do carregamento a ele imposto. O conhecimento das tensões
atuantes em um maciço de terra, sejam elas advindas do peso próprio ou em decorrência de
carregamentos em superfície (ou até mesmo do alívio de cargas provocado por escavações) é
de vital importância no entendimento do comportamento de praticamente todas as obras da
engenharia.
Nos solos ocorrem tensões devidas ao seu peso próprio e às cargas externas aplicadas.
Assim, o estado de tensões em cada ponto do maciço depende do peso próprio do terreno,
da intensidade da força aplicada e da geometria da área carregada e a obtenção de sua
distribuição espacial é normalmente feita a partir das hipóteses formuladas pela teoria da
elasticidade, conforme será visto mais adiante. No caso de tensões induzidas pelo peso
próprio das camadas de solo (tensões geostáticas) e superfície do terreno horizontal, a
distribuição das tensões total, neutra e efetiva a uma dada profundidade é imediata,
considerando-se apenas o peso do solo sobrejacente.
F
σ=
A
78
Aula 8 – Tensões no Solo I
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
Postulado por Terzaghi, para o caso dos solos saturados, o princípio das tensões
efetivas é uma função da tensão total (soma das tensões nas fases água e partículas sólidas)
e da tensão neutra (denominada também de pressão neutra, é a pressão existente na fase
água do solo), que governa o comportamento do solo em termos de deformação e
resistência ao cisalhamento.
Mostra-se experimentalmente que, para o caso dos solos saturados, o que governa o
comportamento do solo em termos de resistência e deformabilidade é a diferença entre a
tensão total e a pressão neutra, denominada então tensão efetiva. As tensões normais
desenvolvidas em qualquer plano num maciço terroso, serão suportadas, parte pelas
partículas sólidas e parte pela água. As tensões cisalhantes somente poderão ser suportadas
pelas partículas sólidas.
No caso dos solos saturados, uma parcela da tensão normal age nos contatos inter-
partículas e a outra parcela atua na água existente nos vazios. Assim, a tensão total num
plano será a soma da tensão efetiva, resultante das forças transmitidas pelas partículas, e
da pressão neutra, dando origem a uma das relações mais importantes da Mecânica dos
Solos, proposta por Terzaghi:
σ′ = σ − μ
Devido a sua natureza de fluido, a pressão na fase água do solo não contribui para a
sua resistência, sendo assim chamada de pressão neutra. Para visualizar um pouco melhor o
efeito da água no solo imagine uma esponja colocada dentro de um recipiente com água
suficiente para encobri-la (a esponja se encontra totalmente submersa). Se o nível de água
for elevado no recipiente, a pressão total sobre a esponja aumenta, mas a esponja não se
deforma. Isto ocorre porque os acréscimos de tensão total são contrabalançados por iguais
acréscimos na tensão neutra, de modo que a tensão efetiva permanece inalterada.
79
Aula 8 – Tensões no Solo I
MECÂNICA DOS SOLOS
Para a situação descrita anteriormente, não existem tensões cisalhantes atuando nos
planos vertical e horizontal (em outras palavras, os planos vertical e horizontal são planos
principais de tensão). Portanto, a tensão vertical em qualquer profundidade é calculada
simplesmente considerando o peso de solo acima daquela profundidade. Assim, se o peso
específico do solo é constante com a profundidade, a tensão vertical total pode ser
calculada simplesmente utilizando-se a equação apresentada adiante, onde “z” representa a
distância do ponto considerado até a superfície do terreno:
σV = γ . z
Onde:
μ = γw . zw
Onde:
80
Aula 8 – Tensões no Solo I
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
O que tenhamos:
81
Aula 8 – Tensões no Solo I
MECÂNICA DOS SOLOS
σv' = γsub . z
Resolução:
σv = γ . z
σv2 = σv1 + (γ2 . z2) → σv2 = 17,0 + (18,5 . 2,0) → σv2 = 54,0 kN/m²
σv3 = σv2 + (γ3 . z3) → σv3 = 54,0 + (20,8. 1,5) → σv3 = 85,2 kN/m²
Perceba, aluno, que as tensões totais do solo consideram sempre as camadas que
estão acima dele.
μ = γw . h w
82
Aula 8 – Tensões no Solo I
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
σV’ = σV – μ
4º Passo: Gráfico
σ′H = Ko . σ′V
Segundo Jaky (1956), o coeficiente de empuxo em repouso do solo pode ser estimado
com o uso da equação, apresentada a seguir, onde φ' é o ângulo de atrito interno efetivo do
solo:
83
Aula 8 – Tensões no Solo I
MECÂNICA DOS SOLOS
Ko = 1 − sin ф′
Baseado e adaptado de
Sandro Lemos Machado e
Miriam C. Machado. Edições
sem prejuízo de conteúdo.
84
Aula 9 – Tensões no Solo II
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
A magnitude das tensões aplicadas tende a diminuir tanto com a profundidade como
lateralmente, à medida que aumenta a distância horizontal do ponto à zona de
carregamento.
85
Aula 9 – Tensões no Solo II
MECÂNICA DOS SOLOS
86
Aula 9 – Tensões no Solo II
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
A distribuição de tensões nos solos pode ser estimada de forma expedita, admitindo-
se que as tensões se propagem uniformemente através da massa de solo segundo um dado
ângulo de espraiamento (por exemplo, 30° ou 45°) ou uma dada declividade (por exemplo,
método 2:1). Essa aproximação empírica baseia-se na suposição de que a área sobre a qual
a carga atua aumenta de uma forma sistemática com a profundidade, de modo que (σv =
Q/A) decrescem com a profundidade, como mostra a figura.
𝑄
𝜎𝑉 (𝑧 = 0) =
𝑏0 . 𝑙0
Na profundidade (z), a área da sapata aumenta de z/2 (para o método 2:1) ou z . tan φo
(espraiamento), para cada lado. Assim, a tensão nesta profundidade será estimada pela
equação:
𝑄
𝜎𝑉 (𝑧) =
𝑏𝑧 . 𝑙𝑧
O ângulo de espraiamento (φo) é função do tipo de solo, com valores típicos de:
87
Aula 9 – Tensões no Solo II
MECÂNICA DOS SOLOS
distribuição real tem uma forma de sino, havendo maior concentração de tensão na região
próxima ao eixo da carga, como mostra a figura abaixo, onde um determinado
carregamento foi dividido em uma série de intervalos, para cada intervalo sendo aplicado o
método simplificado da distribuição de tensões.
As tensões dentro de uma massa de solo podem também ser estimadas empregando
as soluções obtidas a partir da teoria da elasticidade. Apesar das hipóteses adotadas nestas
formulações, seu emprego aos casos práticos é bastante frequente, dada a sua simplicidade,
quando comparadas a outros tipos de análises mais elaboradas, como o emprego de
técnicas de discretização do contínuo. Por outro lado, pode-se dizer também que estas
soluções apresentam resultados bem mais próximos do real do que aqueles obtidos com o
uso da solução simplificada, apresentada no item anterior. Existem formulações para uma
grande variedade de tipos de carregamento. Serão apresentados aqui, apenas os casos mais
frequentes, sem nos preocuparmos com o desenvolvimento matemático das equações
resultantes.
88
Aula 9 – Tensões no Solo II
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
3
𝑄 2𝜋 𝑄
𝜎𝑧 = 2 . 5/2
→ 𝜎𝑧 = 2 . 𝑁𝑏
𝑧 𝑟 2 𝑧
[ [1 + (2) ] ]
3. 𝑄
𝜎𝑧 = . 𝑐𝑜𝑠 5 ф
2 . 𝜋 . 𝑧²
Onde:
Q é a carga pontual;
z é a profundidade que vai da superfície do terreno (ponto de aplicação da carga) até a
cota onde deseja-se calcular σz;
r é a distância horizontal do ponto de aplicação da carga até onde atua σ z.
ф é o ângulo de espraiamento.
89
Aula 9 – Tensões no Solo II
MECÂNICA DOS SOLOS
As tensões induzidas no ponto (A), por uma carga uniformemente distribuída ao longo
de uma linha (Y) na superfície do semi-espaço foram obtidas por Melan e estão
apresentadas nas seguintes equações:
2𝑞 𝑧3 2𝑞 𝑥 2. 𝑧
𝜎𝑧 = . 2 𝑒 𝜎𝑥 = . 2
𝜋 (𝑥 + 𝑧 2 )² 𝜋 (𝑥 + 𝑧 2 )²
90
Aula 9 – Tensões no Solo II
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
2𝑞 𝑥 . 𝑧²
𝜏𝑥𝑦 = . 2
𝜋 (𝑥 + 𝑧 2 )²
Em se tratando de uma placa retangular em que uma das dimensões é muito maior
que a outra, como por exemplo, no caso das sapatas corridas, os esforços introduzidos na
massa de solo podem ser calculados por meio da fórmula desenvolvida por Terzaghi &
Carothers. A figura apresenta o esquema de carregamento e o ponto onde se está
calculando o acréscimo de tensões. Observar que a placa tem largura 2b e está carregada
uniformemente com q. As tensões num ponto A, situado a uma profundidade (z) e distante
91
Aula 9 – Tensões no Solo II
MECÂNICA DOS SOLOS
(x) do centro da placa sã dadas pelas subsequentes equações, com ângulo α dado em
radianos.
𝑞 𝑞
𝜎𝑧 = . (𝛼 + 𝑠𝑖𝑛 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 2𝛽) 𝑒 𝜎𝑥 = . (𝛼 − 𝑠𝑖𝑛 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 2𝛽)
𝜋 𝜋
𝑞
𝜏𝑥𝑦 = . (𝑠𝑖𝑛 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 2𝛽)
𝜋
92
Aula 9 – Tensões no Solo II
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
Onde:
σz = q . Iσ
Assim, para calcular σz, em um ponto, sob um vértice de uma área uniformemente
carregada, basta determinar x e y e os valores de m e n, e obter Iσ, usando o gráfico ou a
tabela.
93
Aula 9 – Tensões no Solo II
MECÂNICA DOS SOLOS
Muitos outros tipos de carregamentos também têm equações específicas, mas não
serão abordados no curso.
94
Aula 9 – Tensões no Solo II
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
2. Exemplos Resolvidos
Resolução:
Este é o tipo mais simples de exercício. É uma carga concentrada onde pode-se
encontrar facilmente o ângulo de espraiamento e fazer a aplicação direta da fórmula.
Vejamos:
3. Q 3 . 10
σzA = . cos 5 ф → σzA = . cos 5 00 → σzA = 0,298 tf/m²
2 . π . z² 2 . 3,1415 . 4²
3. Q 3 . 10
σzB = . cos 5 ф → σzB = . cos 5 36,870 → σzB = 0,098 tf/m²
2 . π . z² 2 . 3,1415 . 4²
Exemplo: Uma carga de 405 t é aplicada sobre uma fundação quadrada de 4,50m de
lado. Determinar:
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Aula 9 – Tensões no Solo II
MECÂNICA DOS SOLOS
Resolução:
Como se trata de uma carga distribuída, deve-se primeiro achar a carga por unidade de
área (σ0 ou q). Procede-se desta forma:
Para isto, deve-se recorrer à tabela da página 94. Não existe um valor exato para os
resultados obtidos, portanto, pegaremos a média entre a interseção dos pontos 0,40 X 0,40
(0,060) e 0,50 x 0,50 (0,084), que dá o valor de Iσ que satisfaz m e n → 0,072. Note-se que
não é a maneira mais correta de se fazer, pois a evolução de I σ não é uma reta. Porém, se
utilizarmos o gráfico da página 93, atestamos que o valore é praticamente este mesmo.
96
Aula 9 – Tensões no Solo II
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
Esta é a situação descrita para o problema. Como o ponto é fixo e não pode ser
transportado, deveremos utilizar de artifício matemático para colocar este ponto em uma
aresta. O que será feito é: Calcularemos apenas S1, que terá o ponto A numa de suas
arestas e multiplicaremos o valor encontrado por 4, que será a área total de influência.
Matematicamente fica:
Tem-se então:
Iσ = 4 . IS1
A demonstração gráfica é:
97
Aula 9 – Tensões no Solo II
MECÂNICA DOS SOLOS
2º Passo: Cálculo de m e n
Portanto:
98
Aula 9 – Tensões no Solo II
UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES
Portanto:
Portanto:
Finalmente:
99
Aula 10 – Compactação
MECÂNICA DOS SOLOS
Entende-se por compactação o processo manual ou mecânico que visa reduzir o volume de
vazios do solo, melhorando as suas características de resistência, deformabilidade e
permeabilidade. Muito útil para a disciplina de Processos e Técnicas Construtivas (unidade de
Pavimentações), esta aula fornecerá as informações necessárias para um aprendizado e
emprego das técnicas pertinentes.
1. Conceitos Envolvidos
Nesta aula será apresentado um método de estabilização e melhoria do solo por vias
mecânicas, denominado de compactação. Deve-se ressaltar que existem diversos outros
métodos de estabilização dos solos, sendo alguns destes realizados pela mistura ou injeção
de substâncias químicas (misturas solo-cimento, "jet-ground", misturas solo-cal), ou pela
incorporação no solo de elementos estruturais, os quais têm por função conferir ao mesmo
as características necessárias para a execução da obra. Ex: solo reforçado, solo envelopado,
terra armada, etc.
100
Aula 10 – Compactação
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
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Aula 10 – Compactação
MECÂNICA DOS SOLOS
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Aula 10 – Compactação
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
γw . Sr
γd = γ
w + w . Sr
γs
103
Aula 10 – Compactação
MECÂNICA DOS SOLOS
2. Energia de Compactação
P. h. N. n
E=
V
Onde:
104
Aula 10 – Compactação
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
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Aula 10 – Compactação
MECÂNICA DOS SOLOS
Pode-se fazer então a seguinte indagação: Porque os solos não são compactados em
campo em valores de umidade inferiores ao valor ótimo? A resposta a esta pergunta se
encontra na palavra estável. Não basta que o solo adquira boas propriedades de resistência
e deformação, elas devem permanecer durante todo o tempo de vida útil da obra.
106
Aula 10 – Compactação
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
Conforme se pode notar do gráfico acima, caso o solo fosse compactado no teor de
umidade w1, ele iria apresentar uma resistência bastante superior àquela obtida quando da
compactação no teor de umidade ótimo. Conforme também apresentado no gráfico,
contudo, este solo poderia vir a se saturar em campo (em virtude de um período de fortes
chuvas, por exemplo), vindo a alcançar o valor de umidade w2, para o qual o valor de
resistência apresentado pelo solo é praticamente nulo. No caso de o solo ser compactado
na umidade ótima, o valor de sua resistência cairia somente de R para r, estando o mesmo
ainda a apresentar características de resistência razoáveis.
Baseado e adaptado de
Sandro Lemos Machado e
Miriam C. Machado. Edições
sem prejuízo de conteúdo.
107
Aula 11 – Equipamentos de Compactação
MECÂNICA DOS SOLOS
1. Equipamentos de Campo
1.1. Soquetes
1.2.1. Pé-de-Carneiro
108
Aula 11 – Equipamentos de Compactação
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
arrastados por trator. É indicado na compactação de outros tipos de solo que não a areia e
promove um grande entrosamento entre as camadas compactadas.
Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou água,
a fim de que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas, em
capeamentos e são indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados
em espessuras inferiores a 15 cm.
109
Aula 11 – Equipamentos de Compactação
MECÂNICA DOS SOLOS
Pode se usar rolos com cargas elevadas obtendo-se bons resultados. Nestes casos,
muito cuidado deve ser tomado no sentido de se evitar a ruptura do solo. A figura a seguir
ilustra algum tipo de rolo pneumático existente.
110
Aula 11 – Equipamentos de Compactação
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
granulares (areias), onde os rolos pneumáticos ou Pé-de-Carneiro não atuam com eficiência.
A espessura máxima da camada é de 15cm.
2. Controle de Compactação
Para que se possa efetuar um bom controle da compactação do solo em campo, temos
que atentar para os seguintes aspectos:
• Tipo de Solo;
• Espessura da camada;
• Entrosamento entre as Camadas;
• Número de passadas;
• Tipo de Equipamentos;
• Umidade do Solo;
• Grau de compactação alcançado.
111
Aula 11 – Equipamentos de Compactação
MECÂNICA DOS SOLOS
No campo, à proporção em que o aterro for sendo executado, deve-se verificar, para
cada camada compactada, qual o teor de umidade empregado e compará-lo com a umidade
ótima determinada em laboratório. Este valor deve atender a seguinte especificação: w campo
- 2% < wot < wcampo + 2%.
Caso estas especificações não sejam atendidas, o solo terá de ser revolvido, e uma
nova compactação deverá ser efetuada.
Existem outros métodos também utilizados para determinar a umidade no campo, tais
como a queima do solo com a utilização de álcool ou de uma frigideira. Quando possível,
deve-se procurar utilizar a estufa.
112
Aula 11 – Equipamentos de Compactação
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
de areia que saiu do frasco é igual ao volume de solo escavado, de modo que o peso
específico do solo pode ser determinado.
Para a determinação do Índice de Suporte Califórnia teremos que passar por três fases
anteriores: a execução de um ensaio de compactação, na energia do Proctor Modificado, a
preparação dos corpos de prova, o ensaio de expansão e finalmente o ensaio de
determinação do Índice de Suporte Califórnia ou CBR ("California Bearing Ratio"),
propriamente dito.
113
Aula 11 – Equipamentos de Compactação
MECÂNICA DOS SOLOS
O solo a ser utilizado na compactação do corpo de prova deve passar pela malha de 19
mm (3/4") e ser moldado na umidade ótima determinada anteriormente.
São colocados também sobre o corpo de prova um contrapeso não inferior a 4,5 kgf
que simulará o peso do pavimento a ser construído sobre este solo. O conjunto desta forma
preparado é colocado num tanque d'água por um período de quatro dias. Durante este
período, são feitas leituras no extensômetro de 24 em 24 horas.
114
Aula 11 – Equipamentos de Compactação
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎
𝐶𝐵𝑅 = . 100
70
115
Aula 11 – Equipamentos de Compactação
MECÂNICA DOS SOLOS
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎
𝐶𝐵𝑅 = . 100
105
Com os valores obtidos dos três corpos de prova traça-se o gráfico apresentado
abaixo. O valor do Índice de Suporte Califórnia é determinado como sendo igual ao valor
correspondente a 95% do γdmax determinado para a energia do Proctor Modificado. O valor
de Índice de Suporte Califórnia assim obtido é utilizado para avaliar as potencialidades do
solo para uso na construção de pavimentos flexíveis. A eqação seguinte, por exemplo,
apresenta uma correlação empírica utilizada para se estimar, a partir do I.S.C., o módulo de
elasticidade do solo.
E = 65 . (ISC)0,65 (kgf/cm2)
Baseado e adaptado de
Sandro Lemos Machado e
Miriam C. Machado. Edições
sem prejuízo de conteúdo.
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Aula 12 – Investigações de Subsolo
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
Qualquer projeto de engenharia, por mais modesto que seja, requer o conhecimento
adequado das características e propriedades dos solos onde a obra irá ser implantada. As
investigações de campo e laboratório requeridas para obter os dados necessários para
responder a essas questões são chamadas de exploração do subsolo ou investigação do
subsolo. Obviamente, na disciplina de Fundações o tema também é abordado, porém, com
maior riqueza de detalhes nesta aula.
1. Introdução
117
Aula 12 – Investigações de Subsolo
MECÂNICA DOS SOLOS
118
Aula 12 – Investigações de Subsolo
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
2.1.1. Poços
2.1.2. Trincheiras
119
Aula 12 – Investigações de Subsolo
MECÂNICA DOS SOLOS
O amostrador padrão ou amostrador Terzaghi-Peck (ao lado), o único que deve ser
usado no ensaio, possui três partes, engate, corpo e sapata. É constituído de tubos
metálicos de parede grossa com corpo bipartido e ponta em forma de bisel. O engate tem
dois orifícios laterais para saída da água e ar e contém, interiormente, uma válvula
constituída por esfera de aço inoxidável.
120
Aula 12 – Investigações de Subsolo
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
Perfuração: A perfuração é iniciada com o trado cavadeira de 100 mm de diâmetro, até a profundidade de 1
metro, instalando-se o primeiro segmento do tubo de revestimento. A partir do segundo metro e até atingir o
nível d'água a perfuração deverá ser feita com trado espiral. Abaixo do NA, a abertura do furo passa a ser feita
por processo de lavagem por circulação de água, usando o trépano como ferramenta de escavação. A lama,
resultante da desagregação do solo e água injetada, retornará à superfície pelo espaço anelar formado pelo
tubo de revestimento e hastes de perfuração, sendo depositada em um reservatório próprio. Durante a
lavagem, o mestre sondador ficará observando, na saída, as amostras de lama para identificar possível
mudança de camada de solo. O processo de lavagem por circulação de água permite um rápido avanço do
furo, sendo por isso preferido pelas equipes de perfuração. Deve-se ressaltar, contudo, que esse procedimento
não deve ser usado acima do NA, pois dificulta a determinação do nível d'água e altera as características
geotécnicas dos solos. Atingida a cota de ensaio, por qualquer dos procedimentos, o furo deverá estar bem
limpo para a realização do ensaio de penetração.
Ensaio de penetração: Atingida a cota de ensaio, conecta - se o amostrador padrão às hastes de perfuração,
posicionando-o no fundo do furo de sondagem. Em seguida, a cabeça de bater é posicionada no topo da haste
e o martelo é apoiado suavemente sobre essa peça, anotando-se a eventual penetração do amostrador. A
partir de um ponto fixo qualquer, por exemplo o tubo de revestimento, marca-se na haste de perfuração um
segmento de 45cm dividido em três trechos de 15cm. O ensaio de penetração consiste na cravação do
amostrador no solo através de quedas sucessivas do martelo de 65kg, erguido até a altura de 75cm e deixado
cair em queda livre. Procede-se a cravação de 45cm do amostrador, anotando-se, separadamente, o número
de golpes necessários à cravação de cada 15cm do amostrador. O resultado do ensaio de penetração será
expresso pelo índice de resistência à penetração dinâmica (N), conhecido como SPT (“Standard Penetration
Test”). O SPT é dado pela soma do número de golpes necessários para cravar os 30cm finais do amostrador
padrão.
Amostragem: A cada metro de profundidade, são coletadas amostras pela cravação do amostrador padrão
com o objetivo de identificar o solo "in situ" e/ou, posteriormente, no laboratório para esclarecimento de
dúvidas que por ventura venha a ocorrer. As amostras obtidas são deformadas e comprimidas em função do
impacto de cravação e são adequadas apenas para caracterização e identificação táctil visual do solo.
Uma vez com a amostra colhida no amostrador e com o valor o SPT (soma dos número
de golpes para cravar os 30 cm finais do amostrador) fazem-se a identificação e classificação
do solo, de acordo com a ABNT - NBR 7250/80, utilizando testes tácteis-visuais com a
finalidade de definir as características granulométricas, de plasticidade, presença acentuada
de mica, matéria orgânica e cores predominantes. De acordo com a norma acima, o nome
dado ao solo não deverá conter mais do que duas frações e sugere as cores: branco, cinza,
preto, marrom, amarelo, vermelho, roxo, azul e verde, podendo-se usar claro e escuro, para
o máximo de duas cores e o termo variegado quando não houver duas cores
predominantes.
Com o valor do SPT obtido em cada metro, os solos são classificados, quanto a
compacidade (solos grossos) e consistência (solos finos), conforme mostram as Tabelas a
seguir. Nestas tabelas também estão apresentados os valores estimados de ângulo de
atrito, densidade relativa e resistência de ponta do cone, (qc), para os solos arenosos e
estimativa da resistência a compressão simples (Su), para os solos argilosos.
121
Aula 12 – Investigações de Subsolo
MECÂNICA DOS SOLOS
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Aula 12 – Investigações de Subsolo
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
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MECÂNICA DOS SOLOS
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UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
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Aula 12 – Investigações de Subsolo
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
2.1.7. Amostragem
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MECÂNICA DOS SOLOS
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Aula 12 – Investigações de Subsolo
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
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Aula 12 – Investigações de Subsolo
MECÂNICA DOS SOLOS
Os dados permitem obter, ainda, boas indicações das propriedades do solo, ângulo de
atrito interno de areias, e coesão e consistência das argilas. Foi Meyerhof (1956) quem
inicialmente propôs uma correlação do tipo qc = n . N, entre a resistência de ponta (qc) e N
número de golpes para cravar 30cm finais do SPT. O autor acima sugeriu para as areias um n
= 4. Com base nesta relação foi elaborado um gráfico que estabelece as características de
resistência ao cisalhamento e de deformabilidade de areias e argilas em função dos
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Aula 12 – Investigações de Subsolo
UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
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Aula 12 – Investigações de Subsolo
MECÂNICA DOS SOLOS
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UNIDADE 4 – OPERAÇÕES NO SOLO
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Aula 12 – Investigações de Subsolo
MECÂNICA DOS SOLOS
Ao passar uma corrente elétrica (I) através dos eletrodos A e B, e medir a diferença de
potencial (∆V) criada entre os eletrodos M e N, obtém-se a resistividade por uma equação
que dispensaremos que será dispensada a demonstração.
A técnica sísmica do cross-hole, ou transmissão direta entre furos, tem como principal
objetivo a medida, em profundidade, das velocidades de propagação das ondas de
compressão (p) e cisalhante (s) de um furo de sondagem equipado com um martelo, a outro
equipado com um geofone (GIACHETI, 1991).
A técnica de GPR vem sendo utilizada nos últimos anos com maior ênfase na
identificação de patologias em estruturas de concreto armado, localização de estruturas
enterradas, diagnóstico de áreas contaminadas, monitorização, levantamento de perfis
geotécnicos, etc. O ensaio consiste na emissão de um pulso de onda eletromagnética, de
forma e duração conhecidos, e do acompanhamento do retorno destes pulsos à antena
receptora. Sempre que o meio muda as suas propriedades eletromagnéticas, há reflexões e
refrações do pulso de onda emitido que indicam esta mudança. Embora o ensaio seja
pontual, a execução de uma série de ensaios com um determinado espaçamento, segundo
um determinado alinhamento, permite traçar perfis ou cortes do objeto em estudo, que se
juntos poderão a vir a formar imagens tridimensionais da área estudada. A figura ilustra um
modelo de equipamento de GPR.
Baseado e adaptado de
Sandro Lemos Machado e
Miriam C. Machado. Edições
sem prejuízo de conteúdo.
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