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Beira
2022
2022
UL TIMÓTEO ANTÓNIO DAUCE
TIMÓTEO ANTÓNIO DAUCE
ECOLÓGICOS
______________________________
Beira
2022
UNIVERSIDADE LICUNDO
Director da Faculdade
Dauce, Timóteo
Júri:
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________
__________________________________________________________________
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS .........................................................................................................................VIII
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................................... IX
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................................X
RESUMO .............................................................................................................................................. 15
ABSTRACT .......................................................................................................................................... 16
1. CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO.................................................................................................... 17
1.1. Contextualização ................................................................................................................... 17
1.2. Justificativa ........................................................................................................................... 19
1.3. Problematização .................................................................................................................... 21
1.4. Objectivos ................................................................................................................................. 22
1.4.1. Geral ............................................................................................................................. 22
1.4.2. Específicos..................................................................................................................... 22
2. CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 23
2.1. O Solo........................................................................................................................................ 23
2.1.1. Propriedades ................................................................................................................. 25
2.1.2. Características do solo para fabricação do bloco de solo-cimento.............................. 26
2.1.3. Critérios para escolha do solo ...................................................................................... 28
2.2. Cimento ..................................................................................................................................... 28
2.3. Solo-cimento ......................................................................................................................... 29
2.4.2. Estabilização do solo com cimento Portland .......................................................................... 31
2.4. Água ...................................................................................................................................... 31
2.5. Dosagem .................................................................................................................................... 32
2.6. Resíduos de construção e demolição ......................................................................................... 33
2.7. Experiências de reciclagem do Resíduo de construção e demolição......................................... 36
2.7.1. Possibilidades de Utilização do Entulho Reciclado .......................................................... 36
2.7.2. Utilização em Pavimentos ............................................................................................. 37
2.7.3. Utilização como agregado para betão .......................................................................... 37
2.7.4. Utilização como agregado em argamassas................................................................... 38
2.7.5. Utilização do RCD agregado em tijolos de solo estabilizado com cimento ................. 39
2.8. Tipos de tijolos e bloco .................................................................................................................. 40
2.8.2. Tijolo comum........................................................................................................................... 41
2.8.3. Tijolo cerâmico ....................................................................................................................... 41
2.8.4. Tijolo ecológico ....................................................................................................................... 42
3. CAPÍTULO III: MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 42
3.1. Materiais ................................................................................................................................ 43
VII
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
Eu Timóteo António Dauce, declaro por minha honra que o presente trabalho é resultado da
minha pesquisa geral e das orientações do meu supervisor (Msc.Eng°. Felisberto António
Lima) Todas as formulações e conceitos usados, quer adotados literalmente ou adaptados a
partir das suas ocorrências originais (em fontes impressas, não impressas, ou na internet), se
encontram adequadamente identificados e citados, com observância das convenções do
trabalho académico em vigor. Declaro também que o presente trabalho não foi apresentado
em nenhuma instituição para obtenção de qualquer grau académico.
_____________________________________
XII
DEDICATÓRIA
De uma forma concreta dedico a toda a minha família, especialmente ao meus pais, António
Dauce Castiano e Ana Carmerinda Timóteo , que estiveram sempre comigo nos momentos
difíceis da minha caminhada e da minha vida, e me deram esta oportunidade de poder
caminhar na vida académica.
XIII
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, а Deus, que fez com que os meus objectivos fossem alcançados,
durante todos os meus anos de estudos.
A equipe da ANE, pelo acompanhamento técnico durante os ensaios, que não seriam
possíveis sem essa ajuda e suporte.
Aos docentes que directa ou indirectamente contribuíram para a minha formação, e em
especial ao meu supervisor Msc. Felisberto Lima, pelo apoio e supervisão.
Aos meus pais António Dauce Castiano e Ana Carmelinda, e irmãos Amélia António
Dauce e Dauce da Carmen Castiano que me incentivaram nos momentos difíceis e
compreenderam a minha ausência enquanto eu me dedicava à realização deste trabalho.
Aos amigos, que sempre estiveram ao meu lado, pela amizade incondicional e pelo
apoio demonstrado ao longo de todo o período de tempo em que me dediquei a este trabalho.
As pessoas que me apoiaram na minha caminhada, estudantil: Issufo Amuzá, Nelson Keyta,
Agnelo Chico, Roberto Moiambo, Vicente Boma, Octávio Carlindo, Marcelo Guente,
Crimildo Abílio, Issufo Mugagoja, Armindo Ananias, Clinton Armando, entre outros amigos
que não foram mencionados.
A todos que participaram, directa ou indirectamente do desenvolvimento deste
trabalho de pesquisa, enriquecendo o meu processo de aprendizado.
Agradecer também aos meus colegas de curso, com quem convivi intensamente durante todos
anos do curso, pelo companheirismo e pela troca de experiências que me permitiram crescer
não só como pessoa, mas também como formando.
Epigrafe
Sandhguru
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RESUMO
A busca por um melhor abrigo e modernização na construção civil tem contribuído de
forma significativa para o aumento na geração de resíduos e no uso insustentável dos recursos
naturais que de algum modo acarretam danos para o meio ambiente. Por esta razão o
reaproveitamento dos resíduos de construção e demolição para a produção dos blocos de solo-
cimento é de extrema importância, olhando aquilo que são os novos desafios para as áreas das
construções que visam buscar novas tecnologias que possam garantir uma sustentabilidade
ambiental e económica sem que haja a perda da qualidade requerida na qual o material foi
projectado. Este trabalho tem por objectivo analisar a influência da substituição de agregados
miúdos por resíduos de construção e demolição na resistência mecânica a compreensão axial
de blocos ecológicos. O resíduo de construção e demolição foi retirado no canteiro de obra na
Cidade da Beira bairro de Matacuane, antes de utilizado foram feitas as suas caracterizações
físicas, conjuntamente com o solo no laboratório de solos da ANE com vista a fazer uma
avaliação qualitativa do mesmo. Foi utilizado um traço padrão de 1:10, tendo-se feito a
incorporação do resíduo mediante a um método de misturas sucessivas a 0%, 25%, 50% e
100%, com o objectivo de se achar um ponto óptimo para a incorporação do resíduo de
construção e demolição. Contudo, o ponto óptimo foi achado na mistura de25%e 50% de
resíduo de construção e demolição.
ABSTRACT
The search for better shelter and modernization in civil construction has contributed
significantly to the increase in waste generation and the unsustainable use of natural resources
that somehow cause damage to the environment. For this reason, the reuse of construction and
demolition waste for the production of soil-cement blocks is extremely important, looking at
what are the new challenges for the areas of construction that aim to seek new technologies
that can guarantee environmental and economic sustainability. Without losing the required
quality in which the material was designed. This work aims to analyze the influence of
replacing fine aggregates with construction and demolition waste on mechanical strength and
axial understanding of ecological blocks. The construction and demolition waste was removed
at the construction site in the City of Beira neighborhood of Matacuane, before being used, its
physical characterizations were made, together with the soil in the soil laboratory of ANE in
order to make a qualitative assessment of it. A standard ratio of 1:10 was used, and the residue
was incorporated using a method of successive mixing at 0%, 25%, 50% and 100%, with the
aim of finding an optimal point for incorporation of construction and demolition waste.
However, the optimum was found in the mixture of 25% and 50% construction and
demolition waste.
1. CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1.1.Contextualização
O conceito de desenvolvimento sustentável, afirma que devemos ser capazes de
suprirmos as necessidades de desenvolvimento actual, sem comprometermos as demandas por
recursos naturais das gerações vindouras, ou seja, desenvolvimento sustentável é o
desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Portando, para que isso seja
possível devemos reduzir a exploração de matérias-primas escassas, e reutilizar os recursos
disponíveis em abundância racionalmente.
Com sustentabilidade tornando-se mais presente, faz-se necessário a busca por novas
formas de utilizar os recursos naturais racionalmente, o que não é diferente para os materiais
empregados na construção. Dessa forma, pesquisas que indiquem materiais alternativos,
principalmente os materiais provenientes de reutilização, e optimização ganham mais
importância em todos as áreas das actividades humanas, a qualidade é o aspecto essencial na
construção, não poderia ser uma excepção (Sbrighi, 2005).
A quantidade desses resíduos gerados a cada ano vem crescendo em todo mundo e
representa um dos maiores problemas da sociedade moderna. Como consequência a um
crescente número da geração do entulho que é o resultado das sobras, dos desperdícios e dos
rejeitos de materiais de construção em uma obra, esse entulho pode ser produzido através da
demolição, pavimentação construção de um edifício entre outros meios de produção. Sendo
assim, novas tecnologias de construção estão sendo criadas, dentre elas: a reciclagem dos
resíduos gerados na construção e demolição, a reutilização e a reciclagem desses resíduos.
Uma solução cada vez mais utilizada pela indústria para o gerenciamento de seus
resíduos é a reciclagem, porque a mesma apresenta vantagens, como: alternativas à
diminuição de áreas necessárias em aterros sanitários, preservação de recursos naturais, pois
os materiais desenvolvidos a partir da reciclagem, passam a substituir outros que antes eram
obtidos através de fontes naturais, garantindo proteção ao meio ambiente e colaborando com a
economia (zordan et al., 2004)
1.2.Justificativa
Uma construção ecologicamente correcta deve considerar todo o ciclo de existência da
edificação, o que compreende desde a escolha e uso do local, os materiais utilizados, a
construção e o destino dos entulhos produzidos, dentre outros aspectos.
Segundo (Sbrighi, 2005), o esgotamento das jazidas de agregados miúdos, como areia,
principalmente próximas de grandes centros consumidores, atrelado a factores como aumento
da competitividade entre as centrais de produção de blocos e certa consciencialização da
sociedade em geral no que tange a protecção ambiental, aceleraram as pesquisas para a
substituição do agregado miúdo, tanto nos blocos quanto nas argamassas.
1.3.Problematização
O progresso tecnológico, que a cada dia traz inovações nos produtos industrializados e
optimização de sua produção, são extraídos de forma indiscriminada recursos naturais que
quase sempre resultam na geração de resíduos que não são reaproveitados pelo homem,
provocando poluição permanente e grande preocupação com o meio ambiente (Milani, 2005).
Por ser a indústria da construção civil um dos sectores mais fortes da economia e uma
grande consumidora de matérias-primas termina por provocar vários impactos ambientais.
Seja pela produção de resíduos ou outras formas de poluição (John, 2000 apud Freire De
Paula). Segundo o autor, a redução desses impactos pode vir através de acções que alguns
governos municipais podem adoptar agindo activamente na reciclagem de resíduos de
construção e demolição, alterando sua cadeia produtiva em busca do desenvolvimento
sustentável.
Na cidade da Beira tem se verificado nos canteiros de obras, entulhos resultantes das
sobras e desperdício dos materiais de construção, que muitas das vezes ficam a mercê da
população que passa ao redor, causando mau aspecto e poluindo o local como consequência
dos resíduos ai expostos.
1.4.Objectivos
1.4.1. Geral
Fazer análise da viabilidade do uso do Resíduos de Construção e Demolição na
construção civil.
1.4.2. Específicos
Caracterizar o solo e os resíduos de construção e demolição intervenientes na mistura;
Determinar as proporções dos componentes da mistura;
Fazer o ensaio da durabilidade dos blocos produzidos em corpos de provas de 7 e 28
dias de idade.
Apresentar os resultados dos ensaios laboratoriais do Bloco ecológico produzido.
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2.1.O Solo
A definição do que é solo depende em muitos casos de quem o utiliza. Os agrônomos,
por exemplo, o vêm como um material de fixação de raízes e um grande armazém de
nutrientes e água para as plantas. Para o geólogo de mineração, a capa de solo sobrejacente ao
minério é simplesmente um material de rejeito a ser escavado. Para o engenheiro civil, os
solos são um aglomerado de partículas provenientes de decomposição da rocha, que podem
ser escavados com facilidade, sem o emprego de explosivos, e que são utilizados como
material de construção ou de suporte para estruturas (Ortigão 2007, p11).
O solo é uma colecção de corpos naturais o qual possui três fases: uma sólida, uma
líquida e uma gasosa, onde forma a maior parte do manto superficial das extensões
continentais. Ele pode ser vegetado e conter matérias vivas, podendo também ser modificado
pela acção humana. (Embrapa,1999; apud Lima,2006).
A palavra solo pode ser designada de diversas formas, dependendo da ciência que
busca o seu real estudo, assim sendo, o solo é na verdade composto por três grandes camadas:
a sólida, que é composta por minerais na forma de grãos e matéria orgânica, isso quando
presente; por sua vez a líquida que é composta por água, e por fim temos a camada gasosa,
que é basicamente composta pelo ar e vapores presentes em seus poros.
de matéria bruta na massa de solo, sendo assim, o solo é o resultado da soma das acções em
conjunto dos agentes intempéricos e pedogenéticos, acrescido de detritos orgânicos (Alves,
2005; apud Lima, 2006).
De acordo com (Ferraz et al., 2000), a utilização do solo para construção civil pode ser
tanto na forma em que ele é encontrado ou, após correcção de algumas propriedades. Podem
ser empregados diversos métodos para correcção, sendo um deles a correcção granulométrica.
Segundo (Pinto, 2006; apud Lima, 2013) os solos são constituídos por um conjunto de
partículas com água (ou outro líquido) e ar nos espaços intermediários e se originam pela
decomposição de rochas que constituíam inicialmente a crosta terrestre. As partículas, de
maneira geral, encontram-se livres para deslocar entre si, sendo que o comportamento dos
solos depende da quantidade relativa de cada um dos seus componentes (sólidos, água e ar) e
do movimento dessas partículas sólidas.
2.1.1. Propriedades
As propriedades dos solos são diversas, porém para o entendimento desse trabalho e
no que diz respeito a ele, foram descritos apenas os principais aspectos: granulometria e
classificações.
Granulometria e classificações
A primeira característica que diferencia os solos, segundo (Pinto, 2006; apud Lima, 2013),
é o tamanho das partículas que o compõem. Num solo, geralmente convivem partículas de
diversos tamanhos, denominações específicas são empregadas para as diversas faixas de
tamanhos de grãos, seus limites, entretanto, variam conforme os sistemas de classificação.
Existem diversas formas de classificar os solos, como pela sua origem, pela sua evolução,
pela presença ou não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo preenchimento dos vazios.
Assim, torna-se importante estabelecer critérios múltiplos para uma adequada classificação
dos solos, levando-se em conta o diâmetro da partícula e propriedades físicas, com base no
propósito da sua utilização.
Os limites das fracções de solo pelo tamanho dos grãos indicados pela NBR 6502 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1998) são apresentados na Tabela 1.
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Tabela 1:Limites das fracções de solo pelo tamanho dos grãos. Fonte: ABNT NBR 6502
Figura 1:Esquema dos horizontes de formação do solo, Fonte:Macêdo, (2004); apud Cordeiro, et al., (2017)
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De Azambuja (1979 apud GRANDE, 2003), afirma que solos provenientes do Horizonte
A apresentam geralmente quantidade considerável de celulose, substância inerte
quimicamente, e húmus, material que age como um ácido orgânico podendo reagir com a cal
livre (CaO) liberada na hidratação do cimento, sendo assim não recomendável para produção
de solo-cimento, pois pode reduzir a resistência do produto. O Horizonte A é uma camada
superficial provida de actividade biológica e com presença de matéria orgânica.
Macêdo (2004) apud Cordeiro et al. (2017) descreve que o Horizonte B1 caracteriza-se
como uma zona de transição, onde normalmente são depositadas substâncias solúveis
transportadas para esta camada conforme a permeabilidade e profundidade do solo. Solos que
compõem o Horizonte B1 também geram dificuldades para serem usados em misturas de
solo-cimento, tendo em vista a predominância de argilas, que dificultam a pulverização do
solo e consequentemente a homogeneização do material produzido Grande (2003). Segundo
Grande (2003), solos do Horizonte B2 possuem configuração arenosa, sendo preferíveis no
preparo do solo-cimento, o que não exclui a necessidade de realizar um estudo de dosagem
antes da utilização.
De acordo com Macêdo (2004) apud Cordeiro et al. (2017) o horizonte B2 é uma camada
subjacente, na qual o solo não apresenta contaminação ou grande alteração de sua
composição. Lopes (2002) descreve que o tijolo de solo-cimento apresenta 85% de solo em
sua composição, sendo que a maioria dos tipos de solo podem ser usados para produzir este
material, apesar de que os tipos de solo que necessitam de baixos teores de cimento e
execução em grande escala facilitada sejam os viáveis economicamente, Cordeiro et al.
(2017).
De acordo com Macêdo (2004) afirma que, em casos gerais, a estabilização com cimento
pode ser aplicada a qualquer tipo de solo, desde que se verifique a relação custo benefício,
tendo em vista fatores como solos muito finos, em que pode haver necessidade de maior
quantidade de aglomerante. Ainda segundo a autora, em algumas situações, a mistura do solo
original com materiais arenosos ou granulares possibilitará a redução do teor de cimento e a
melhoria das condições de manuseio e compactação da mistura, favorecendo sua utilização
como solo-cimento, Cordeiro et al. (2017).
Segundo a ABCP (2000), para a fabricação de solo-cimento os solos mais adequados possuem
as seguintes características: passa pela peneira ABNT de 4,8mm (nº 4) em sua totalidade da
amostra, de 10% a 50% da amostra passa pela peneira ABNT de 0,075mm (nº 200), apresenta
limite de liquidez menor ou igual a 45% e índice de plasticidade menor ou igual a 18%.
Caso os solos disponíveis não atendam os critérios exigidos para ser feita a estabilização
com o cimento Portland, é possível fazer sua correcção granulométrica adicionando areia ou
outro solo (CEPED-THABA, 1984; POÇO, 1984) apud (Santos, 2009).
2.2.Cimento
O cimento é definido como ligante hidráulico por reagir na presença da água. Este
processo denominado hidratação (inicial) confere rigidez à mistura. Também é o principal
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(Grande, 2003: p.13) define o cimento como um aglomerante hidráulico obtido pela
moagem do clínquer, com adição de gesso (para regular o tempo de início de hidratação ou
tempo inicial de “pega”) e outras substâncias que determinam o tipo de cimento. O clínquer é
o resultado da mistura de calcário, argilas e, em menor proporção, minério de ferro submetido
a um processo chamado clinquerização, na qual a matéria-prima é moída, misturada em
determinadas proporções e submetida à queima em forno rotativo a elevadas temperaturas.
Conforme relata (Lima, 2013: p. 30 e 31), o engenheiro John Smeaton, por volta de 1756,
procurava um aglomerante que endurecesse mesmo em presença de água, de modo a facilitar
o trabalho de reconstrução do farol de Eddystone, na Inglaterra. Em suas tentativas, verificou
que uma mistura calcinada de calcário e argila tornava-se, depois de seca, tão resistente
quanto às pedras utilizadas nas construções. Coube, entretanto, a um pedreiro, Joseph Aspdin,
em 1824, patentear a descoberta, baptizando-a de cimento Portland, numa referência a
Portlandstone, tipo de pedra arenosa muito usada em construções na região de Portland,
Inglaterra. No pedido de patente constava que o calcário era moído com argila, em meio
húmido, até se transformar em pó impalpável. A água era evaporada pela exposição ao sol ou
por irradiação de calor através de cano com vapor. Os blocos da mistura seca eram calcinados
em fornos e depois finamente moídos.
2.3.Solo-cimento
O solo-cimento nada mais é que a terra compactada à qual se introduziu uma pequena
quantidade de cimento Portland para estabilizá-la. O efeito do cimento em uma mistura de
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terra serve para reduzir sua contração e, ao mesmo tempo, aumentar sua resistência Merril,
(1949) apud Santos, (2009).
Segundo Funtac (1999), os tijolos de solo-cimento são uma alternativa para construções,
pois após um curto período de cura apresentam resistência à compressão simples parecida à
dos tijolos maciços e blocos cerâmicos, com um custo de produção reduzido. Pode-se listar
vantagens citadas por Silva (2005) apud Santos (2009):
Milani e Freire (2006) apud SILVA (2015) relatam que com a utilização racional dos
recursos naturais, o resgate do uso do solo como material de construção tem se intensificado
ultimamente, tendo seu comportamento físico-mecânico melhorado por meio da estabilização
com aglomerantes minerais. Na estabilização do solo com o cimento, ocorrem reacções de
hidratação dos silicatos e aluminatos presentes no cimento, formando um gel que preenche
parte dos vazios da massa e une os grãos adjacentes do solo, conferindo-lhe resistência inicial;
paralelamente, ocorrem reacções iónicas que provocam a troca de catiões das estruturas
argilominerais do solo com os íons de cálcio provenientes da hidratação do cimento
adicionado (Silva, 2015: p.45).
A estabilização do solo é um processo natural e artificial, pelo qual o solo, sob efeito de
cargas aplicadas, torna-se mais resistente à deformação e ao deslocamento do que o solo
original. Esse processo consiste em modificar as características naturais do solo com a
finalidade de se obter propriedades físico-mecânicas resistentes e de longa duração (Ferreira,
et al., 2005 apud Souza 2011).
A estabilização do solo é um processo natural e artificial, pelo qual o solo, sob efeito de
cargas aplicadas, torna-se mais resistente à deformação e ao deslocamento do que o solo
original. Esse processo consiste em modificar as características naturais do solo com a
finalidade de se obter propriedades físico-mecânicas resistentes e de longa duração (Ferreira,
et al., 2005 apud Souza, 2011).
2.4.Água
Segundo Ingles & Metcalf (1972) apud Caneppele (2016), não há uma qualidade
determinada de água necessária para adição em solo-cimento, sendo a água
“potável”satisfatória. O que se deveria evitar é a utilização de águas altamente orgânicas. De
acordo com a norma ABNT NBR 10832/89 a água para a fabricação de solo-cimento deve ser
isenta de impurezas nocivas à hidratação do cimento.
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2.5.Dosagem
De acordo com Ingles & Metcalf (1972) apud Caneppele (2016), a resistência aumenta
linearmente com o teor de cimento, porém, de forma diferente em solos alternados.
Segundo Foppa (2005), a quantidade de cimento tem um grande efeito sobre a resistência à
compressão simples do solo. As adições de cimento, mesmo que pequenas, são suficientes
para resultar enormes ganhos de resistência. Em seu estudo, observou que aumentando a
quantidade de cimento de 1% para 7%, a resistência à compressão simples, em média,
aumentou cinco vezes.
Tabela 2:Quantidade de cimento a ser utilizada em diferentes tipos de solo, Fonte: Adaptado de Ingles &
Metcalf (1972) apud Canoppele (2016).
Tabela 3:Teor de cimento sugerido pela ABNT para solo-cimento, Fonte: NBR 12253:1992
A classificação dos RCC em quatro classes distintas possibilita ao gerador realizar um melhor
manejo e segregação dos resíduos. Assim, o gerador poderá identificar a melhor solução para
os resíduos gerados no seu empreendimento, atingindo dessa maneira, um menor custo de
desperdício (Freitas, 2009). Esta resolução (307/2002 – CONAMA) considerando que existe
uma grande heterogeneidade nos resíduos que são gerados em uma obra e para efeito
degerenciamento, estabeleceu uma classificação para esses RCC, conforme estão organizados
na Tabela 4.
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Tabela 4: Classificação dos RCC segundo a Resolução 307/2002 –CONAMA, Fonte: Resolução Conama nº
307/2002
Segundo (Silva et al., 2008) apud Freire De Paula, a utilização de RCD reciclado como
agregado miúdo em obras de melhoramento apresenta grande potencialidade de uso em
estacas de compactação de areia e brita. Em função da similaridade encontrada entre as
amostras de RCD e o pó de pedra. Tal uso além de contribuir para a preservação do meio
ambiente tende a provocar uma redução nos custos das obras de melhoramento do solo. O
aproveitamento desses resíduos trará grande benefício ao meio ambiente e contribuirá para
resolver um dos problemas urbanos, que é a destinação final dos RCD.
As formas de reciclagem exigiram uma menor tecnologia, o que pode baratear o custo
do processo;
Permite a utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos,
argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.) não exigindo a separação de
nenhum deles;
Economia de energia no processo de moagem do entulho, uma vez que, usando o no
betão, parte do material permanece em granulometrias graúdas;
Possibilidade de uso em maior escala de entulho, inclusive aquele proveniente de
demolições e pequenas obras que não suportam o investimento em equipamentos de
moagem/trituração;
Maior eficiência do resíduo quando adicionado aos solos saprolíticos em relação à
adição com britas (a adição de apenas 20% de entulho reciclado ao solo saprolítico
dobra o suporte deste solo ao passo que para aumentar o CBR do mesmo solo com
britas são necessárias dosagens a partir de 40%).
O entulho pode ser usado sozinho ou misturado ao solo devendo ser processado por
britador até a obtenção da granulometria desejada, A eficiência dessa prática foi comprovada
cientificamente quando utilizadas por diversas administrações municipais como São Paulo,
Belo Horizonte e Ribeirão Preto. (Zordan, 2003)
Para Angulo et al. (2002) Zordan (2003), a utilização do RCD como agregado em bases de
pavimentos não garante uma reciclagem massiva deste resíduo, devido a dificuldade do
envolvimento das empresas privadas e do consumo do mercado que só consegue consumir
50% desses resíduos.
podendo ser feito a partir da substituição dos agregados convencionais (areia e brita) pelo
entulho reciclado. A caracterização do RCD é primordial na escolha do processo de
beneficiamento (ANGULO et al., 2002). Para isso, faz-se necessárias mudanças na gestão e
no processamento do RCD como demolição selectivo, redução de contaminantes, mudança no
layout das instalações de reciclagem, homogeneização, processamento a húmido do RCD e
emprego de novos equipamentos de concentração e de britagem.
Para BRITO et al. (2001), o agregado reciclado deve estar saturado para que o concreto
que será utilizado venha apresentar resultados satisfatórios. Justifica ainda, que a resistência à
compressão de concretos com entulho é aproximadamente 20% menor que o concreto
convencional em certos traços utilizados.
Para BRITO et al. (2001), apenas 50% dos resíduos analisados poderiam ser utilizados
como agregados em concreto, mesmo assim sem função estrutural, ficando os 50% restantes
composto por uma fracção de alvenaria (cerâmicos + argamassas) maiores que 50% da massa
total o que não viabilizaria a sua utilização em grande escala.
a) Pode ser utilizado resíduo no local gerador processado por uma argamassadeira na
própria obra eliminando custo com transporte;
b) O entulho moído proporciona um efeito pozolânico;
c) Redução do consumo de cimento e da cal;
d) Aumento de resistência de compressão das argamassas.
Um trabalho realizado por GRIGOLI (2001) apud Zordan (2003), demonstra a geração de
resíduos e utilização deles no próprio canteiro de obras em argamassas para assentamento de
batentes, esquadrias e blocos cerâmicos, enchimento de rasgos na parede, degraus de escadas,
chumbamentos de tubulações elétrico-hidráulicas e caixas eléctricas, execução de
embonecamento de tubulações, remendos e emendas em alvenarias e enchimento de rebocos
internos.
Segundo Zordan (2003), este tipo de reciclagem vem sendo utilizado por várias
construtoras do país que tentam solucionar através de pesquisas, alguns inconvenientes
pertinentes a essa técnica. No entanto, as argamassas a base de entulho são porosas e não
devem ser utilizadas como impermeabilizantes Observa-se ainda uma vantagem na utilização
dos RCD reciclados oriundos da moagem de blocos cerâmicos, os mesmos apresentam
resistência à compressão e resistência à tracção em argamassa de contra piso (Turmina e
Barros, 2001)
apresente-se diferente em cada local. Foi demonstrado que a proporção adequada para a
fabricação de tijolos de solo-agregado reciclado-cimento com prensa manual está na faixa de
50 a 75% de agregado reciclado em substituição do solo saprolítico estudado, sendo que as
demais proporções não atenderam as exigências especificadas. Portanto as proporções
adequadas de RCD em relação ao solo empregado devem ser verificadas em cada caso
distinto (Neves et al., 2001).
Segundo a Revista Téchne (1998), o bloco de betão foi o primeiro a possuir uma norma
brasileira para cálculo de alvenaria estrutural. Tal bloco destaca-se por apresentar uma boa
resistência a compressão, visto que alguns fabricantes chegam a produzir blocos com mais de
16 Mpa e o mínimo exigido pelas normas é 4.5 Mpa. (Cordeiro et al., 2017).
O bloco é um dos mais tradicionais materiais usados na construção civil. Hoje graças às
novas tecnologias e formas de construção, podem ser encontrados vários tipos de tijolos e
blocos para as mais diversas modalidades de paredes. Inicialmente podemos dividir os tijolos
em três grupos, isto se considerarmos a aplicabilidade deles, são eles:
Quanto ao tipo de material em que eles são construídos há várias diferenças e tipos, entre
eles:
O tijolo cerâmico é o mais tradicional deles e encontrado hoje em diversos modelos para as
mais diversas aplicações. Algumas variações de tipos: Tijolinho ou maciço - é o modelo
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comum usado em construções de paredes; Tijolo baiano ou bloco cerâmico de 8 furos; Furado
- vários tipos de furos para as mais diversas aplicações.
Segundo Silva (2015), o tijolo de solo-cimento, conhecido como tijolo ecológico, tem se
destacado por possuir grandes vantagens ambientais, devida sua matéria-prima abundante e de
baixo custo, além de não precisar ser queimado, proporcionando economia de energia em seu
processo de fabricação.
3.1.Materiais
3.1.1. Cimento
O aglomerante utilizado para a confecção dos blocos foi o cimento Portland da marca
SUPERCEM II/A-L (L) 42.5R, obtido no armazém de vendas. O produto é de origem
nacional (Made in Mozambique) Este cimento foi utilizado porfácil disponibilidade no
mercado, pelo facto de ser o cimento mais comum no mercado nacional. Issufo (2020)
3.1.2. Solo
A areia utilizada nos traços é proveniente do da província de Sofala no município de
Dondo. Onde foram extraídos cerca de 50kg Para serem usados. Antes de utilizado o solo foi
seco ao ar, destorroado e peneirado em peneiro ABNT Nº 4 (4,8mm).
P á g i n a | 44
3.1.3. Água
Foi utilizada água potável, obtida pelo Fundo de Investimento e Património do
Abastecimento de Agua (Fipag). A água empregada encontrou-se de acordo com a norma
ABNT NBR 10832/89, segundo a qual, a água para a fabricação de solo-cimento deve ser
isenta de impurezas nocivas à hidratação do cimento.
Os RCD utilizados foram proveniente de uma demolição de residência para uma alteração
da infra-estrutura e os RCD não tinha um fim lógico.
A tabela abaixo faz menção dos equipamentos utilizados durante a pesquisa e as suas
aplicações:
Equipamento Aplicação
Pá Escavar o solo
3.2.Metodologia
O esquema metodológico desta pesquisa, esta representada no fluxograma abaixo, desde a
colecta das amostras de solo e o resíduo de construção e demolição até a análise da
viabilidade técnica.
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Matéria-prima
Durabilidade
Limite de Liquidez Processo de cura
Resistência a
Limite de Plasticidade Ensaio Tecnologico
Compreensão
Análise do Resultados
Dosagem
Conclusões finais
A primeira fase consistiu desde a extracção do solo, até a colecta dos RCD, e
caracterização física de todos os materiais utilizados.
A segunda foi relacionada à moldagem dos blocos e aos ensaios físico-mecânicos dos
mesmos; conforme o fluxograma de execução da parte experimental do trabalho
apresentado na Figura anterior.
P á g i n a | 48
A colecta do solo se deu no Município de Dondo. Com auxílio de uma pá, escavou-se
manualmente um poço com profundidade média de 1metro e coletaram-se aproximadamente
50kg de solo deformado. Estas amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Solos e
Betumes na Cidade da Beira e armazenados para posterior realização dos procedimentos de
ensaio.
RCD
a) Ensaio de granulometria
Cálculos
(Mt−𝑀𝑔)
𝑀𝑠 = x100 + Mg (1)
(100+ℎ)
Onde:
Percentagens de materiais que passam nas peneiras de 50mm, 37.5mm, 25mm, 19mm, 16mm,
13.2mm, 9.5mm, 6.7mm, 4.75mm e 2,0mm. Utiliza-se a expressão
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(Ms−Mi)
𝑄𝑔 = x100 (2)
(Ms)
Onde:
Percentagem de materiais que passam nas peneiras de 1.2, 0.6, 0.42, 0.29, 0.15 e 0.075mm.
Utiliza-se a expressão:
Mhx100+Mi(100+h)
𝑄𝑓 = xN (3)
(𝑀ℎ𝑥100)
Onde:
De seguida é calculada a percentagem de cascalho, areia grossa, areia média e areia fina.
b) Limites de Atterberg
Execução do ensaio:
Primeira etapa: preparou-se o solo de 200g que passa na peneira 0,42mm (NBR 6457/
1986);
Quarta etapa: Transferir parte da mistura para a concha, moldando-a de forma que na
parte central a espessura seja da ordem de 10 mm;
Quinta etapa: Preparou-se uma ranhura com cinzel (profundidade de solo: 1 cm);
Sexta etapa: Foram efectuados golpes (2 golpes/s) até que as bordas da ranhura se
unissem ao longo de 13mm. De seguida, foram anotados os números de golpes;
Sétima etapa: Foi tomada uma amostra para humidade (4 a 8g) na posição em que a
ranhura se uniu;
Oitava etapa: Foi amassando o solo com um pouco mais de água e repetindo o
procedimento acima;
Terceira etapa: Tomou-se cerca de 10g da amostra, onde foi rolada sobre a placa de
vidro, com pressão suficiente para formar um cilindro;
Quarta etapa: observou-se a questão da fragmentação, visto que se ela acontecer antes de
atingir 3mm, deve-se retornar ao tabuleiro, adicionar mais água e amassar por mais 3 min;
Quinta etapa: Após a amostra atingir os 3mm sem se fragmentar, transferiu-se o cilindro
para uma cápsula para obtenção da humidade;
Quinta etapa: Após a amostra atingir os 3mm sem se fragmentar, transferiu-se o cilindro
para uma cápsula para obtenção da humidade;
Sexta etapa: E por fim repetiu-se o processo, obtendo pelo menos em 3 determinações.
Quanto aos valores, só são aceitáveis se a variação for inferior a 5%.
IP = LL − LP (4)
Onde:
IP=Índice de plasticidade;
LL =Limite de liquidez;
LP = Limite de plasticidade.
A análise dos limites de liquidez e plasticidade é importante porque eles estão directamente
relacionados à trabalhabilidade dos materiais e a variação de volume e absorção de água. Os
limites de Atterberg do solo empregado nesta pesquisa foram determinados conforme as
metodologias propostas pelas normas ABNT NBR 6459/88 e NBR 7180/84. Os ensaios foram
realizados no laboratório de solos da Associação Nacional de Estradas-Beira (ANE).
P á g i n a | 53
Para as percentagens, usou-se o método de misturas sucessivas, tendo sido estudado o traço
real, 0%, 25%, 50% e 100% de resíduo de construção e demolição na mistura solo + resíduo
de construção e demolição, estabilizado com 10% de cimento Portland, conforme mostra a
Tabela abaixo.
Tabela 6:Teores de solo e resíduo de britagem na fracção “solo + resíduo de construção e demolição,
estabilizado com o cimento Portland” do traço utilizado na moldagem dos Blocos, Fonte: Autor, 2022
Composição do solo-cimento
Treal1 100 % de Solo + 0% de resíduo deconstrução e demolição) estabilizado com 10% de
cimento
Tr2 75 % de solo + 25% de resíduo de construção e demolição) estabilizado com 10% de
cimento
Tr3 50 % de solo + 50% de resíduo de construção e demolição) estabilizado com 10% de
cimento
Tr4 0 % de solo + 100% de resíduo de construção e demolição) estabilizado com 10% de
cimento
ensaio de compactação de Proctor Normal, sendo a água adicionada aos poucos até se obter
uniformidade de mistura para colocação na forma da prensa.
𝑀𝑠𝑎𝑡−𝑀𝑠𝑒𝑐𝑎
𝐴= 𝑥100 (5)
𝑀𝑠𝑒𝑐𝑎
Onde:
Os valores ideais a serem encontrados nesse cálculo são: máxima de 20% (média) e 22%
(individualmente).
4.2.Granulometria
RCD
Solo
4.3.Limites de Atterberg
A tabela 7 apresenta os resultados dos ensaios para determinação da massa específica,
limite de liquidez, limite de plasticidade e índice de plasticidade, realizados com solo
utilizado para a confecção de blocos de solo-cimento incorporado com o resíduo de
construção e demolição.
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LOPES (2002) nos ensaios de caracterização física do solo obteve os índices de 14,65% para
limite de liquidez e 11,43% para limite de plasticidade. O solo estudado foi considerado como
sendo de baixa plasticidade, característica de solos com alto teor de areia.
MILANI (2005), que realizou estudos de índices físicos em solo arenoso e argiloso,
caracterizou o solo arenoso como Não-Plástico (NP), e o solo argiloso com Limite de
Liquidez foi de 43,6%, Limite de Plasticidade de 32,2% e Índice de Plasticidade de 11,4%,
porém, solo arenoso foi considerado o mais adequado para confecção de tijolos e blocos por
possuir limite de plasticidade menor ou igual a 18% e caracterizou o solo argiloso como um
solo plástico, com elevado Índice de Plasticidade (IP). Conforme a autora, quanto maior o
índice de plasticidade do solo maior será a dificuldade de estabilização do material, o material
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Em suma, dizer que os resultados dos limites de Atterberg desta pesquisa diferem um pouco
dos outros resultados obtidos por alguns autores acima mencionados, mas os mesmos
resultados encontram-se dentro dos padrões técnicos recomendados pelas normas NBR 10832
(ABNT, 1989) e (ABCP, 1985).
Tabela 10: Resultados da resistência à compressão dos 7 e 28 dias, Fonte: Autor, 2022
De acordo com a descrição das tabelas numero 8apresentada, observa-se que o maior nível
de resistência foi o apresentado pela mistura com o traço de 50% do agregado alternativo
(resíduo de demolição e construção). Em seguida o traço de 25% apresentou um acréscimo
ligeiro com respeito aos restantes traços. Essa alta resistência está associada com a presença
dos finos, criando maiores superfícies de contactos no betão, diminuindo assim sua
porosidade, que o torna mais resistente. O betão com adição do resíduo de demolição e
construção apresentou um ganho de resistência em todos os traços como mostra na tabela
número 8.
Analisando singularmente os traços, verifica-se que para o sétimo dia o traço com 25% e
50% do resíduo de construção e demolição apresentou uma resistência de 12.6 MPa e 14.5
MPa respectivamente, enquanto o traço de referência apresentou 11.9 MPa para a mesma
idade. Já para a mistura com substituição parcial de agregado miúdo derivado da trituração do
agregado miúdo natural branco a 100%, apresenta uma resistência de 10.5 MPa, para as
misturas com o traço 100%, que ficou relativamente baixo à mistura de referência.
Entretanto, aos vinte e oito dias as análises dos traços de betão na dosagem com o traço de
25% e 50% apresentaram uma resistência de 20.6 MPa e 22.6 respectivamente em
comparação com o traço de referência que foi de 17.3 MPa para a mesma idade, respondendo
desse modo com as viabilidades técnicas de padrões mínimos admissíveis para a resistência à
compressão que é de 20.00 MPa como está prescrito na NBR 7680:1983. De acordo com o
resultado da tabela 8 pode ser apresentada a interpretação gráfica na figura à baixo.
Resistência à compressão
7 Dias 28 Dias
22,6
20,6
17,3 17,6
14,5
11,9 12,6
10,5
5.1.Conclusão
O presente trabalho buscou analisar a influência das condições de cura no desempenho em
termos de resistência mecânica do bloco-cimento com incorporação de resíduo de construção
e demolição numa substituição parcial da areia natural em teores de 25%, 50% e 100%
submetidas nos dias 7 e 28.
Solo, os resultados obtidos na análise granulométricos do solo e dos limites de atterberg assim
como no ensaio de compactação foram bastante satisfatórios para a produção dos blocos de
solo-cimento, os mesmos, encontravam-se dentro dos parâmetros estabelecidos pela norma
NBR 10832 (ABNT, 1989) e (ABCP, 1985).
Pode se concluir que os traços de 25% e 50% apresentam no vigésimo oitavo dia mais de
20MPa, pode se afirmar que os resultados da resistência à compressão axial está dentro dos
parâmetros admissíveis na NBR 7680:1983, apesar de não se denotar resultados fidedignos no
traço real por se tratar de métodos de tentativa, não se pôde obter a média de 20 MPa ao
vigésimo oitavo dia por motivos de conservação dos cubos.
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5.2.Recomendações
Para confirmar a utilização irrestrita deste material, sugere-se que este tema seja aprofundado
em novos estudos, tais como:
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas (1984) Análise Granulométrica - Solo: NBR
7181. Rio de Janeiro.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (1984) Determinação do limite de liquidez
Método de ensaio: NBR 6459. Rio de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2012). Tijolo de solo-
cimento –Análise dimensional, determinação da resistência à compressão. NBR 8492.
Rio de Janeiro: ABNT.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1984). Tijolo maciço de
solo-cimento. NBR 8491.Rio de Janeiro: ABNT.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (1992) Fabricação de tijolo maciço de
solo-cimento com a utilização de prensa manual: NBR 10832. Rio de Janeiro
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. (2000). Fabricação de
tijolosde solo-cimento com a utilização de prensas manuais. 3.ed.rev.atual. São Paulo:
ABCP.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. (1988). Procedimento
paraensaio de granulometria. NBR 7181. Rio de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. (1984). Procedimento
paradeterminação de limites de atterberg. NBR 6459. Rio de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. (1988)Procedimento
paraensaio de limite de plasticidade. NBR 7180, Rio de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. (2002). Guia básico
deutilização do cimento portland. 7.ed. São Paulo: ABCP.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2012). Tijolo de solo-
cimento Requisitos. NBR 8491. Rio de Janeiro.
Associação Brasileira de Normas Técnicas Ensaio de Resistência a compressão: NBR
10836. Rio de Janeiro
BUTTLER, A.M. (2003). Concreto com agregados graúdos reciclados: influência da
idadede reciclagem nas propriedades dos agregados e concretos reciclados.
Dissertação (Mestrado). Departamento de Engenharia Civil. Universidade de São Paulo,
USP. PB.
CANEPPELE, J.W. (2016). Estabilização de um solo residual com adição de
cimentoPortland. Monografia (bacharel). Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas do
Centro Universitário Univates. PB.
P á g i n a | 63
7. ANEXOS E APÊNDICES
7.1.Anexos
Anexo I: Característica do solo para a fabricação do solo-cimento, Fonte: (ABCP, 1985 apud SIQUEIRA) 2013
Anexo II: Valor de resistência a compressão, absorção da água para tijolos de solo-cimento, Fonte: ABN, 1994
7.2.Apêndices
Apêndices I: Trituração do resíduo de construção e demolição