Você está na página 1de 69

UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

TIMÓTEO ANTÓNIO DAUCE

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA DA

APLICAÇÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E

DEMOLIÇÃO EM BLOCOS ECOLÓGICOS

Beira

2022
2022
UL TIMÓTEO ANTÓNIO DAUCE
TIMÓTEO ANTÓNIO DAUCE

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA DA APLICAÇÃO DE

RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO EM BLOCOS

ECOLÓGICOS

Monografia submetida à faculdade de Ciências e


Tecnologias, a Universidade Licungo, em cumprimento
parcial dos requisitos para obtenção do grau de
licenciado em Engenharia de Construção Civil.

Orientador: Msc. Eng°. Felisberto António Lima

______________________________

Beira

2022
UNIVERSIDADE LICUNDO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

Prof. Doutor Alfiado Victorino

Director da Faculdade

Prof. Doutor Mário Silva Wacane

Director Adjunto da Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão

Prof. Doutor José Arão

Director Adjunto Para a Graduação

Prof. Doutor Lucas Simão Lucas

Chefe de repartição de Licenciatura em Engenharia de Construção Civil

Dauce, Timóteo

Análise da viabilidade técnica da aplicação de resíduos de construção e


demolição em blocos ecológicos- Beira: Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2022

Orientador: Msc. Eng°. Felisberto António Lima


TIMÓTEO ANTÓNIO DAUCE

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA DA APLICAÇÃO DE RESÍDUOS

DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO EM BLOCOS ECOLÓGICOS

Monografia apresentado (a) Departamento de Engenharia - Extensão da Beira, como


requisito para obtenção de título de Licenciado em Engenharia de Construção Civil com
Habilitações em Vias de Comunicação.

Júri:

__________________________________________________________________

Msc. Eng.° Lucas Maparagem


Departamento de Engenharias da Universidade Licungo
Presidente do Júri

_________________________________________________________________

Eng.º Ricardo Figueiredo Júnior


Departamento de Engenharias da Universidade Licungo
Arguente

__________________________________________________________________

Msc. Eng°. Felisberto António Lima


Departamento de Engenharias da Universidade Licungo
Orientador

Beira, aos 21 de Dezembro de 2022


VI

ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS .........................................................................................................................VIII
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................................... IX
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................................X
RESUMO .............................................................................................................................................. 15
ABSTRACT .......................................................................................................................................... 16
1. CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO.................................................................................................... 17
1.1. Contextualização ................................................................................................................... 17
1.2. Justificativa ........................................................................................................................... 19
1.3. Problematização .................................................................................................................... 21
1.4. Objectivos ................................................................................................................................. 22
1.4.1. Geral ............................................................................................................................. 22
1.4.2. Específicos..................................................................................................................... 22
2. CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 23
2.1. O Solo........................................................................................................................................ 23
2.1.1. Propriedades ................................................................................................................. 25
2.1.2. Características do solo para fabricação do bloco de solo-cimento.............................. 26
2.1.3. Critérios para escolha do solo ...................................................................................... 28
2.2. Cimento ..................................................................................................................................... 28
2.3. Solo-cimento ......................................................................................................................... 29
2.4.2. Estabilização do solo com cimento Portland .......................................................................... 31
2.4. Água ...................................................................................................................................... 31
2.5. Dosagem .................................................................................................................................... 32
2.6. Resíduos de construção e demolição ......................................................................................... 33
2.7. Experiências de reciclagem do Resíduo de construção e demolição......................................... 36
2.7.1. Possibilidades de Utilização do Entulho Reciclado .......................................................... 36
2.7.2. Utilização em Pavimentos ............................................................................................. 37
2.7.3. Utilização como agregado para betão .......................................................................... 37
2.7.4. Utilização como agregado em argamassas................................................................... 38
2.7.5. Utilização do RCD agregado em tijolos de solo estabilizado com cimento ................. 39
2.8. Tipos de tijolos e bloco .................................................................................................................. 40
2.8.2. Tijolo comum........................................................................................................................... 41
2.8.3. Tijolo cerâmico ....................................................................................................................... 41
2.8.4. Tijolo ecológico ....................................................................................................................... 42
3. CAPÍTULO III: MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 42
3.1. Materiais ................................................................................................................................ 43
VII

3.1.1. Cimento ......................................................................................................................... 43


3.1.2. Solo ................................................................................................................................ 43
3.1.3. Água .............................................................................................................................. 44
3.1.4. Resíduos de Construção e Demolição ........................................................................... 44
3.2. Metodologia .......................................................................................................................... 46
Primeira Fase: – Colecta da Matéria-prima ....................................................................................... 48
3.2.1. Ensaios de caracterização ............................................................................................ 48
Procedimento realizado para o ensaio de granulometria do solo ...................................................... 49
Procedimento realizado para o ensaio de granulometria do resíduo de britagem ............................. 51
Procedimento realizado para o ensaio do limite de plasticidade ....................................................... 51
3.2.2. Segunda Fase: Estudo das misturas de solo-cimento com o resíduo de construçãoe
demolição 53
Ensaio de absorção de água ............................................................................................................... 54
Procedimentos para o ensaio de absorção de água: ........................................................................... 54
Ensaio de resistência á compressão ................................................................................................... 55
4. CAPITULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 55
4.2. Granulometria ....................................................................................................................... 55
4.3. Limites de Atterberg.............................................................................................................. 56
4.4. Determinação dos componentes sólidos................................................................................ 58
5. CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................... 60
5.1. Conclusão .............................................................................................................................. 60
5.2. Recomendações ..................................................................................................................... 61
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .......................................................................................... 62
7. ANEXOS E APÊNDICES ........................................................................................................ 65
7.1. Anexos................................................................................................................................... 65
7.2. Apêndices .............................................................................................................................. 66
Apêndices IV ..................................................................................................................................... 67
Apêndices IV ..................................................................................................................................... 68
ApêndicesV ....................................................................................................................................... 69
VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1-Esquema dos horizontes de formação do solo. ............................................... 26


Figura 2-Bloco convencional ou de Betão. ................................................................... 40
Figura 3-Tijolo ecológico. ............................................................................................. 42
Figura 4-Cimento Portland SUPERCEM II/A-L (L) 42.5R .......................................... 43
Figura 5-Solo empregado na confecção dos blocos de Solo-RDC-Cimento ................ 44
Figura 6-Resíduos de construção colectados. ................................................................ 44
Figura 7-Resíduos de construção e demolição após o processo de britagem. ............... 48
Figura 8-Processo de cura dos blocos de solo-cimento incorporados com resíduos de
britagem. ......................................................................................................................... 48
Figura 9-Evolução da resistência do betão. ................................................................... 59
IX

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Limites das fracções de solo. .......................................... ................................26


Tabela 2-Quantidade de cimento .................................................................................. 32
Tabela 3-Teor de cimento sugerido pela ABNT para solo-cimento. ............................. 33
Tabela 4- Classificação dos RCC .................................................................................. 35
Tabela 5- Equipamentos utilizados no estudo. .............................................................. 45
Tabela 6-Teores de solo e resíduo de britagem na fracção “solo + resíduo de construção e
demolição ....................................................................................................................... 53
Tabela 7- Análise granulométrica por peneiramento .................................................... 55
Tabela 8- Análise granulométrica por peneiramento .................................................... 55
Tabela 9- Valores dos limite dos estados fisicos ........................................................... 57
Tabela 10- Resultados da resistência à compressão dos 7 e 28 dias. ............................ 58
X

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AASHTO American Association of State Highway Transportation Officials

ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANE Administração Nacional de Estradas

ASTM American Society for Testing and Materials

CaO Oxido de cálcio

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

FIPAG Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Agua

NBR Norma Brasileira Regulamentadora

PCA Portland Cement Association

RCC Resíduos de Construção Civil

RCD Resíduos de Construção e Demolição


XI

DECLARAÇÃO SOB COMPROMISSO DE HONRA

Eu Timóteo António Dauce, declaro por minha honra que o presente trabalho é resultado da
minha pesquisa geral e das orientações do meu supervisor (Msc.Eng°. Felisberto António
Lima) Todas as formulações e conceitos usados, quer adotados literalmente ou adaptados a
partir das suas ocorrências originais (em fontes impressas, não impressas, ou na internet), se
encontram adequadamente identificados e citados, com observância das convenções do
trabalho académico em vigor. Declaro também que o presente trabalho não foi apresentado
em nenhuma instituição para obtenção de qualquer grau académico.

Beira, aos ____ de ____________ de 2022

Timóteo António Dauce

_____________________________________
XII

DEDICATÓRIA

Este trabalho de monografia, dedico a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram


para que este trabalho se torna uma realidade, através dos conselhos colhidos em torno do
mesmo.

De uma forma concreta dedico a toda a minha família, especialmente ao meus pais, António
Dauce Castiano e Ana Carmerinda Timóteo , que estiveram sempre comigo nos momentos
difíceis da minha caminhada e da minha vida, e me deram esta oportunidade de poder
caminhar na vida académica.
XIII

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, а Deus, que fez com que os meus objectivos fossem alcançados,
durante todos os meus anos de estudos.
A equipe da ANE, pelo acompanhamento técnico durante os ensaios, que não seriam
possíveis sem essa ajuda e suporte.
Aos docentes que directa ou indirectamente contribuíram para a minha formação, e em
especial ao meu supervisor Msc. Felisberto Lima, pelo apoio e supervisão.

Aos meus pais António Dauce Castiano e Ana Carmelinda, e irmãos Amélia António
Dauce e Dauce da Carmen Castiano que me incentivaram nos momentos difíceis e
compreenderam a minha ausência enquanto eu me dedicava à realização deste trabalho.

Aos amigos, que sempre estiveram ao meu lado, pela amizade incondicional e pelo
apoio demonstrado ao longo de todo o período de tempo em que me dediquei a este trabalho.
As pessoas que me apoiaram na minha caminhada, estudantil: Issufo Amuzá, Nelson Keyta,
Agnelo Chico, Roberto Moiambo, Vicente Boma, Octávio Carlindo, Marcelo Guente,
Crimildo Abílio, Issufo Mugagoja, Armindo Ananias, Clinton Armando, entre outros amigos
que não foram mencionados.
A todos que participaram, directa ou indirectamente do desenvolvimento deste
trabalho de pesquisa, enriquecendo o meu processo de aprendizado.
Agradecer também aos meus colegas de curso, com quem convivi intensamente durante todos
anos do curso, pelo companheirismo e pela troca de experiências que me permitiram crescer
não só como pessoa, mas também como formando.

E por fim a todos colaboradores da empresa Habimoz- Engenharia e Construção, pelo


fornecimento de dados e materiais que foram fundamentais para o desenvolvimento da
pesquisa que possibilitou a realização deste trabalho.
XIV

Epigrafe

ʺA graça nunca diminui – a graça sempre está.

Basta que você se torne receptivoʺ.

Sandhguru
P á g i n a | 15

RESUMO
A busca por um melhor abrigo e modernização na construção civil tem contribuído de
forma significativa para o aumento na geração de resíduos e no uso insustentável dos recursos
naturais que de algum modo acarretam danos para o meio ambiente. Por esta razão o
reaproveitamento dos resíduos de construção e demolição para a produção dos blocos de solo-
cimento é de extrema importância, olhando aquilo que são os novos desafios para as áreas das
construções que visam buscar novas tecnologias que possam garantir uma sustentabilidade
ambiental e económica sem que haja a perda da qualidade requerida na qual o material foi
projectado. Este trabalho tem por objectivo analisar a influência da substituição de agregados
miúdos por resíduos de construção e demolição na resistência mecânica a compreensão axial
de blocos ecológicos. O resíduo de construção e demolição foi retirado no canteiro de obra na
Cidade da Beira bairro de Matacuane, antes de utilizado foram feitas as suas caracterizações
físicas, conjuntamente com o solo no laboratório de solos da ANE com vista a fazer uma
avaliação qualitativa do mesmo. Foi utilizado um traço padrão de 1:10, tendo-se feito a
incorporação do resíduo mediante a um método de misturas sucessivas a 0%, 25%, 50% e
100%, com o objectivo de se achar um ponto óptimo para a incorporação do resíduo de
construção e demolição. Contudo, o ponto óptimo foi achado na mistura de25%e 50% de
resíduo de construção e demolição.

Palavras-chave: Resíduos de construção e demolição, bloco ecológico, sustentável.


P á g i n a | 16

ABSTRACT
The search for better shelter and modernization in civil construction has contributed
significantly to the increase in waste generation and the unsustainable use of natural resources
that somehow cause damage to the environment. For this reason, the reuse of construction and
demolition waste for the production of soil-cement blocks is extremely important, looking at
what are the new challenges for the areas of construction that aim to seek new technologies
that can guarantee environmental and economic sustainability. Without losing the required
quality in which the material was designed. This work aims to analyze the influence of
replacing fine aggregates with construction and demolition waste on mechanical strength and
axial understanding of ecological blocks. The construction and demolition waste was removed
at the construction site in the City of Beira neighborhood of Matacuane, before being used, its
physical characterizations were made, together with the soil in the soil laboratory of ANE in
order to make a qualitative assessment of it. A standard ratio of 1:10 was used, and the residue
was incorporated using a method of successive mixing at 0%, 25%, 50% and 100%, with the
aim of finding an optimal point for incorporation of construction and demolition waste.
However, the optimum was found in the mixture of 25% and 50% construction and
demolition waste.

Keywords: Construction and demolition waste, ecological block, sustainable.


P á g i n a | 17

1. CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1.Contextualização
O conceito de desenvolvimento sustentável, afirma que devemos ser capazes de
suprirmos as necessidades de desenvolvimento actual, sem comprometermos as demandas por
recursos naturais das gerações vindouras, ou seja, desenvolvimento sustentável é o
desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Portando, para que isso seja
possível devemos reduzir a exploração de matérias-primas escassas, e reutilizar os recursos
disponíveis em abundância racionalmente.

Com sustentabilidade tornando-se mais presente, faz-se necessário a busca por novas
formas de utilizar os recursos naturais racionalmente, o que não é diferente para os materiais
empregados na construção. Dessa forma, pesquisas que indiquem materiais alternativos,
principalmente os materiais provenientes de reutilização, e optimização ganham mais
importância em todos as áreas das actividades humanas, a qualidade é o aspecto essencial na
construção, não poderia ser uma excepção (Sbrighi, 2005).

A quantidade desses resíduos gerados a cada ano vem crescendo em todo mundo e
representa um dos maiores problemas da sociedade moderna. Como consequência a um
crescente número da geração do entulho que é o resultado das sobras, dos desperdícios e dos
rejeitos de materiais de construção em uma obra, esse entulho pode ser produzido através da
demolição, pavimentação construção de um edifício entre outros meios de produção. Sendo
assim, novas tecnologias de construção estão sendo criadas, dentre elas: a reciclagem dos
resíduos gerados na construção e demolição, a reutilização e a reciclagem desses resíduos.

A construção civil afeta consideravelmente o meio ambiente pelo consumo de recursos


minerais e de produção de resíduos. Ela explora jazida de pedras, areias, calcário, zinco,
alumínio, ferro, etc. e é consumidora voraz de madeira e água. Vários são os impactos gerados
pela construção civil no meio ambiente, tais como: a liberação de gás carbónico na atmosfera
durante a fabricação do cimento que é um importante material utilizado no sector, a destruição
e modificação do habitat de vários seres vivos através do desflorestamento e alteração da
topografia, a disposição dos resíduos de construção e demolição gerados em aterros e o
desmatamento de grandes áreas para a obtenção de lenha utilizada no cozimento de blocos
cerâmicos (Ângelo, 2000) apud (Silva 2015).
P á g i n a | 18

Uma solução cada vez mais utilizada pela indústria para o gerenciamento de seus
resíduos é a reciclagem, porque a mesma apresenta vantagens, como: alternativas à
diminuição de áreas necessárias em aterros sanitários, preservação de recursos naturais, pois
os materiais desenvolvidos a partir da reciclagem, passam a substituir outros que antes eram
obtidos através de fontes naturais, garantindo proteção ao meio ambiente e colaborando com a
economia (zordan et al., 2004)

A norma técnica sobre desempenho de edificações habitacionais, ABNT NBR 15575-


1:2013 – Recomenda que a construção de empreendimentos ocorra mediante exploração e
consumo racionalizado dos recursos naturais, buscando a menor degradação ambiental
possível, com diminuição do consumo de água, de energia e de matérias-primas. O
documento destaca ainda a importância de se privilegiar os materiais que causem menor
impacto ambiental, desde as fases de exploração dos recursos naturais até sua utilização final,
(Cordeiro et al., 2017).

Dessa forma, o bloco de solo-cimento, conhecido como um tipo de tijolo modular ou


ecológico, surge como um elemento que busca atender à demanda de construção sustentável.
Esse tijolo é produzido a partir da prensagem de solo, cimento e água, destacando-se por
apresentar uma menor agressão ao meio ambiente na sua fabricação, quando comparado aos
tipos de blocos mais utilizados – blocos de concreto e blocos cerâmicos.

Segundo (Grande, 2003) os tijolos de solo-cimento representam uma sintonia com as


directrizes do desenvolvimento sustentável, pois requerem baixo consumo de energia na
extracção da matéria-prima, dispensam o processo de queima e reduzem a necessidade de
transporte, uma vez que, quando possível, os blocos podem ser produzidos com o solo do
próprio local da obra.
P á g i n a | 19

1.2.Justificativa
Uma construção ecologicamente correcta deve considerar todo o ciclo de existência da
edificação, o que compreende desde a escolha e uso do local, os materiais utilizados, a
construção e o destino dos entulhos produzidos, dentre outros aspectos.

Segundo (Sbrighi, 2005), o esgotamento das jazidas de agregados miúdos, como areia,
principalmente próximas de grandes centros consumidores, atrelado a factores como aumento
da competitividade entre as centrais de produção de blocos e certa consciencialização da
sociedade em geral no que tange a protecção ambiental, aceleraram as pesquisas para a
substituição do agregado miúdo, tanto nos blocos quanto nas argamassas.

A reutilização ou reciclagem do resíduo de construção e demolição é apontada também


como uma das alternativas para o baixo índice do problema gerado na construção. Não se
tratando de matéria nova, a reutilização desses resíduos teve início na Europa logo após a
segunda guerra mundial. No entanto, encontra-se, em alguns países em vias de
desenvolvimento, muito atrasada (Medeiros et al., 2013).

Em Moçambique tem-se verificado a melhoria das condições habitacionais e a crescente


demanda por materiais de construção, que estão cada vez mais escassos e distantes das zonas
de expansão, facto esse que tem-se observado na cidade da Beira, rege a historicidade da
cidade que em tempos atrás o agregado miúdo ”areia” encontrava-se em abundância na
periferia do centro urbanos, facto este que não se observa nos dias de hoje devido a intensa
exploração do mesmo recurso, actualmente percorre-se distância maiores em relação a algum
tempo atrás o que deixa a perceber que as jazidas, que circundavam o centro da cidade estão
cada vez mais escassas e faz com que envidem esforços na procura de matéria-prima
alternativa para continuar a atender a demanda habitacional. Com a possibilidade de se
empregar um produto disponível em abundância na província e próximo de centros urbanos e
zonas de expansão diminui consideravelmente o custo da distância média de transportação do
agregado miúdo “areia” e reduzir-se-á os danos ambientais

Na cidade da Beira, o descarte inadequado desses resíduos é notório nos canteiros de


obras, sendo que a reciclagem e a reutilização são alternativas que contribuirão para a redução
do uso de matéria-prima extraída da natureza e consequentemente o custo de produção será
menor. Tornando público o conhecimento sobre a substituição parcial dos resíduos de
construção e demolição na produção de blocos ecológicos garantimos qualidade á um custo
P á g i n a | 20

menor e adquirimos obras ecologicamente sustentáveis devido ao processo de fabricação,


visto que esses blocos não passam pelo processo de queima (cozedura).

O aproveitamento desses resíduos trará grande benefício ao meio ambiente e contribuirá


para resolver um dos problemas urbanos, que é a destinação final dos RCD e contribuirá para
a diminuição de construções de habitação com material precário (Silva et al., 2008). Além de
buscar minimizar os impactos ambientais, a substituição parcial dos RCD pelo solo para a
produção de tijolos ecológicos pressupõe a redução de custos na construção, devido a
abundância de sua matéria-prima. Assim, este material pode facilitar o acesso a habitações
populares pelas camadas de baixa renda, contribuindo para o desenvolvimento económico da
população (Cordeiro et al., 2017).
P á g i n a | 21

1.3.Problematização
O progresso tecnológico, que a cada dia traz inovações nos produtos industrializados e
optimização de sua produção, são extraídos de forma indiscriminada recursos naturais que
quase sempre resultam na geração de resíduos que não são reaproveitados pelo homem,
provocando poluição permanente e grande preocupação com o meio ambiente (Milani, 2005).

Por ser a indústria da construção civil um dos sectores mais fortes da economia e uma
grande consumidora de matérias-primas termina por provocar vários impactos ambientais.
Seja pela produção de resíduos ou outras formas de poluição (John, 2000 apud Freire De
Paula). Segundo o autor, a redução desses impactos pode vir através de acções que alguns
governos municipais podem adoptar agindo activamente na reciclagem de resíduos de
construção e demolição, alterando sua cadeia produtiva em busca do desenvolvimento
sustentável.

Conforme (Andrade, 2004), em África um dos grandes desafios é a gestão de resíduos


sólidos provenientes de construção e demolição, sendo assim depositados sem nenhum tipo de
tratamento adequado, causando assim a má qualidade de vida da população. A maioria dos
países africanos não tem recursos financeiros e infra-estruturas adequadas para a gestão de
RCD, aumentando consideravelmente os níveis de problemas ambientais.

Na cidade da Beira tem se verificado nos canteiros de obras, entulhos resultantes das
sobras e desperdício dos materiais de construção, que muitas das vezes ficam a mercê da
população que passa ao redor, causando mau aspecto e poluindo o local como consequência
dos resíduos ai expostos.

Diante do problema acima exposto, anuncio o seguinte problema científico:

 Qual a influência da substituição parcial de solo por resíduos de construção e


demolição na resistência mecânica a compreensão axial de blocos ecológicos?
P á g i n a | 22

1.4.Objectivos

1.4.1. Geral
 Fazer análise da viabilidade do uso do Resíduos de Construção e Demolição na
construção civil.

1.4.2. Específicos
 Caracterizar o solo e os resíduos de construção e demolição intervenientes na mistura;
 Determinar as proporções dos componentes da mistura;
 Fazer o ensaio da durabilidade dos blocos produzidos em corpos de provas de 7 e 28
dias de idade.
 Apresentar os resultados dos ensaios laboratoriais do Bloco ecológico produzido.
P á g i n a | 23

2. CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1.O Solo
A definição do que é solo depende em muitos casos de quem o utiliza. Os agrônomos,
por exemplo, o vêm como um material de fixação de raízes e um grande armazém de
nutrientes e água para as plantas. Para o geólogo de mineração, a capa de solo sobrejacente ao
minério é simplesmente um material de rejeito a ser escavado. Para o engenheiro civil, os
solos são um aglomerado de partículas provenientes de decomposição da rocha, que podem
ser escavados com facilidade, sem o emprego de explosivos, e que são utilizados como
material de construção ou de suporte para estruturas (Ortigão 2007, p11).

O solo é um aglomerado de partículas provenientes de decomposição da rocha,


chamado de processo de intemperismo. Pode ser escavado com facilidade, sem o emprego de
explosivos, o que se propicia a serem utilizados como material de construção ou de suporte
para estruturas (Ortigão, 2007).

O solo é um sistema dinâmico constituído por componentes sólidos, líquidos e gasosos


de natureza mineral e orgânica, que ocupa a maior parte das superfícies continentais do
planeta Terra. É estruturado em camadas denominadas horizontes, sujeitas a constantes
transformações entrópicas, através de processos de adição, remoção, translocação de natureza
química, física e biológica (Embrapa, 2006).

O solo é uma colecção de corpos naturais o qual possui três fases: uma sólida, uma
líquida e uma gasosa, onde forma a maior parte do manto superficial das extensões
continentais. Ele pode ser vegetado e conter matérias vivas, podendo também ser modificado
pela acção humana. (Embrapa,1999; apud Lima,2006).

A palavra solo pode ser designada de diversas formas, dependendo da ciência que
busca o seu real estudo, assim sendo, o solo é na verdade composto por três grandes camadas:
a sólida, que é composta por minerais na forma de grãos e matéria orgânica, isso quando
presente; por sua vez a líquida que é composta por água, e por fim temos a camada gasosa,
que é basicamente composta pelo ar e vapores presentes em seus poros.

O solo é a superfície inconsolada que recobre as rochas e mantém a vida animal e


vegetal da Terra, é constituído de camadas que se diferem pela natureza física, química,
mineralógica, morfológica e biológica (Lima, 2006). O seu processo de formação segue um
verdadeiro ciclo evolutivo que é constituído de fases, cada uma delas corresponde à formação
P á g i n a | 24

de matéria bruta na massa de solo, sendo assim, o solo é o resultado da soma das acções em
conjunto dos agentes intempéricos e pedogenéticos, acrescido de detritos orgânicos (Alves,
2005; apud Lima, 2006).

De acordo com (Ferraz et al., 2000), a utilização do solo para construção civil pode ser
tanto na forma em que ele é encontrado ou, após correcção de algumas propriedades. Podem
ser empregados diversos métodos para correcção, sendo um deles a correcção granulométrica.

De acordo com a ABNT NBR 6502:1995, pedregulho é um solo composto por


minerais ou partículas de rochas de maior granulometria e que, quando arredondado, é
chamado de cascalho ou seixo, e areia como um tipo de solo não coesivo e não plástico. Já o
silte se caracteriza por ter baixa ou nenhuma plasticidade e baixa resistência quando seco, e a
argila como um solo que apresenta partículas finas, de maior coesão e plasticidade.

Segundo (Pinto, 2006; apud Lima, 2013) os solos são constituídos por um conjunto de
partículas com água (ou outro líquido) e ar nos espaços intermediários e se originam pela
decomposição de rochas que constituíam inicialmente a crosta terrestre. As partículas, de
maneira geral, encontram-se livres para deslocar entre si, sendo que o comportamento dos
solos depende da quantidade relativa de cada um dos seus componentes (sólidos, água e ar) e
do movimento dessas partículas sólidas.

A decomposição das rochas é decorrente de agentes físicos e químicos. Exemplos de


agentes físicos são as trincas e tensões, causadas pelas variações de temperatura que permitem
a infiltração de água. A água ataca quimicamente os minerais e, quando congelada, permite
sua fragmentação. A presença da fauna e flora também promove o ataque químico, pela
hidratação, hidrólise, oxidação, lixiviação, carbonatação, etc. O conjunto destes processos,
que são muito mais actuantes em climas quentes do que em climas frios, leva à formação dos
solos que, em consequência, são misturas de partículas pequenas que se diferenciam pelo
tamanho e composição química. A maior ou menor concentração de cada tipo de partícula
num solo depende da composição química da rocha que lhe deu origem Segundo (Pinto,
2006; apud Lima, 2013).
P á g i n a | 25

2.1.1. Propriedades
As propriedades dos solos são diversas, porém para o entendimento desse trabalho e
no que diz respeito a ele, foram descritos apenas os principais aspectos: granulometria e
classificações.

 Granulometria e classificações

A primeira característica que diferencia os solos, segundo (Pinto, 2006; apud Lima, 2013),
é o tamanho das partículas que o compõem. Num solo, geralmente convivem partículas de
diversos tamanhos, denominações específicas são empregadas para as diversas faixas de
tamanhos de grãos, seus limites, entretanto, variam conforme os sistemas de classificação.

O objectivo da classificação dos solos, sob o ponto de vista da engenharia, é o de poder


estimar o provável comportamento do solo ou, pelo menos, o de orientar o programa de
investigação necessário para permitir adequada análise de um problema.

Existem diversas formas de classificar os solos, como pela sua origem, pela sua evolução,
pela presença ou não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo preenchimento dos vazios.
Assim, torna-se importante estabelecer critérios múltiplos para uma adequada classificação
dos solos, levando-se em conta o diâmetro da partícula e propriedades físicas, com base no
propósito da sua utilização.

O sistema da norma AASHTO, muito empregado na engenharia rodoviária, classifica o


solo em sete grupos, tendo em vista seu comportamento em estradas de rodagem. É baseado
na granulometria e nos limites de Atterberg (limites de consistência). O sistema da
Classificação Unificada tem a vantagem, segundo (Freire, 1976), de ser sistemático,
classificando o solo a partir de propriedades mais gerais, incluindo grupos e subgrupos mais
particulares. Pinto (2006) verifica que estes dois sistemas são muito semelhantes, já que
consideram a predominância dos grãos, graúdos ou miúdos, dão ênfase à curva
granulométrica só no caso dos solos graúdos com poucos finos e classificam os solos graúdos
com razoável quantidade de finos, e os próprios solos finos com base exclusivamente nos
índices de Atterberg (Lima, 2013).

Os limites das fracções de solo pelo tamanho dos grãos indicados pela NBR 6502 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1998) são apresentados na Tabela 1.
P á g i n a | 26

Tabela 1:Limites das fracções de solo pelo tamanho dos grãos. Fonte: ABNT NBR 6502

Tipo de Solo Limite definido pela


norma ABNT
Pedra De 7,6cm á 25cm
Pedregulho De 4,8mm á 7,7cm
Areia Grossa De 2,0 á 4,8mm
Areia Media De 0,42mm a 2,0mm
Areia Fina De 0,05mm á 2,0 mm
Silte De 0,005mm á 0,05mm
Argila Inferior á 0,005mm

2.1.2. Características do solo para fabricação do bloco de solo-cimento


Conhecer o perfil dos solos e seus horizontes possibilita análises importantes quanto à
utilização do solo. O tamanho das partículas dos solos é uma característica fundamental para
diferenciar seus tipos, sendo que determinações específicas são empregadas para as diversas
faixas de tamanho de grãos Grande (2003). Em relação ao perfil geotécnico do solo,
considera-se que a superfície da crosta terrestre apresenta três camadas distintas, chamadas
horizontes (Figura 2), segundo (Macêdo, 2004; apud Cordeiro et al., 2017)

Figura 1:Esquema dos horizontes de formação do solo, Fonte:Macêdo, (2004); apud Cordeiro, et al., (2017)
P á g i n a | 27

De Azambuja (1979 apud GRANDE, 2003), afirma que solos provenientes do Horizonte
A apresentam geralmente quantidade considerável de celulose, substância inerte
quimicamente, e húmus, material que age como um ácido orgânico podendo reagir com a cal
livre (CaO) liberada na hidratação do cimento, sendo assim não recomendável para produção
de solo-cimento, pois pode reduzir a resistência do produto. O Horizonte A é uma camada
superficial provida de actividade biológica e com presença de matéria orgânica.

Macêdo (2004) apud Cordeiro et al. (2017) descreve que o Horizonte B1 caracteriza-se
como uma zona de transição, onde normalmente são depositadas substâncias solúveis
transportadas para esta camada conforme a permeabilidade e profundidade do solo. Solos que
compõem o Horizonte B1 também geram dificuldades para serem usados em misturas de
solo-cimento, tendo em vista a predominância de argilas, que dificultam a pulverização do
solo e consequentemente a homogeneização do material produzido Grande (2003). Segundo
Grande (2003), solos do Horizonte B2 possuem configuração arenosa, sendo preferíveis no
preparo do solo-cimento, o que não exclui a necessidade de realizar um estudo de dosagem
antes da utilização.

De acordo com Macêdo (2004) apud Cordeiro et al. (2017) o horizonte B2 é uma camada
subjacente, na qual o solo não apresenta contaminação ou grande alteração de sua
composição. Lopes (2002) descreve que o tijolo de solo-cimento apresenta 85% de solo em
sua composição, sendo que a maioria dos tipos de solo podem ser usados para produzir este
material, apesar de que os tipos de solo que necessitam de baixos teores de cimento e
execução em grande escala facilitada sejam os viáveis economicamente, Cordeiro et al.
(2017).

De acordo com Macêdo (2004) afirma que, em casos gerais, a estabilização com cimento
pode ser aplicada a qualquer tipo de solo, desde que se verifique a relação custo benefício,
tendo em vista fatores como solos muito finos, em que pode haver necessidade de maior
quantidade de aglomerante. Ainda segundo a autora, em algumas situações, a mistura do solo
original com materiais arenosos ou granulares possibilitará a redução do teor de cimento e a
melhoria das condições de manuseio e compactação da mistura, favorecendo sua utilização
como solo-cimento, Cordeiro et al. (2017).

De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP (2000), de facto os


solos arenosos necessitam, normalmente, de menores quantidades de cimento do que os
argilosos e siltosos. Entretanto, a presença de argila na composição do solo é importante para
P á g i n a | 28

garantir coesão à mistura de solo e cimento, quando umedecida e compactada, para


desmoldagem e manuseio dos tijolos após passarem pela prensagem. Solos que contêm
matéria orgânica devem ser evitados, já que tal componente influencia na hidratação do
cimento e estabilização do solo.

Segundo a ABCP (2000), para a fabricação de solo-cimento os solos mais adequados possuem
as seguintes características: passa pela peneira ABNT de 4,8mm (nº 4) em sua totalidade da
amostra, de 10% a 50% da amostra passa pela peneira ABNT de 0,075mm (nº 200), apresenta
limite de liquidez menor ou igual a 45% e índice de plasticidade menor ou igual a 18%.

2.1.3. Critérios para escolha do solo


Segundo (NBR 10832 1989), os solos recomendados para utilização em solo-cimento
devem atender às características apresentadas a seguir:

 Passante na peneira ABNT 4,8 mm: 100%


 Passante na peneira ABNT 0,075 mm: 10% a 50%
 Limite de liquidez: <ou = 45%
 Índice de plasticidade: <ou = 18%

De acordo com (CEPED-THABA 1984), critérios baseados no teor de areia simplificam


os procedimentos de escolha dos solos mais adequados. Nesse sentido, recomendam que a
especificação do solo, com fracção passante na peneira de 4,8 mm da ABNT, para utilização
com o cimento Portland deve seguir os seguintes critérios:

 45% a 90% de teor de areia;


 10% a 55% de teor de silte + argila;
 <20% de teor de argila;
 <45% de limite de liquide.

Caso os solos disponíveis não atendam os critérios exigidos para ser feita a estabilização
com o cimento Portland, é possível fazer sua correcção granulométrica adicionando areia ou
outro solo (CEPED-THABA, 1984; POÇO, 1984) apud (Santos, 2009).

2.2.Cimento
O cimento é definido como ligante hidráulico por reagir na presença da água. Este
processo denominado hidratação (inicial) confere rigidez à mistura. Também é o principal
P á g i n a | 29

aglomerante da mistura e sua composição é derivada de uma junção de silicatos e aluminatos


de cálcio (Metha e Monteiro, 2008) apud (Inéia, 2017).

(Grande, 2003: p.13) define o cimento como um aglomerante hidráulico obtido pela
moagem do clínquer, com adição de gesso (para regular o tempo de início de hidratação ou
tempo inicial de “pega”) e outras substâncias que determinam o tipo de cimento. O clínquer é
o resultado da mistura de calcário, argilas e, em menor proporção, minério de ferro submetido
a um processo chamado clinquerização, na qual a matéria-prima é moída, misturada em
determinadas proporções e submetida à queima em forno rotativo a elevadas temperaturas.

Conforme relata (Lima, 2013: p. 30 e 31), o engenheiro John Smeaton, por volta de 1756,
procurava um aglomerante que endurecesse mesmo em presença de água, de modo a facilitar
o trabalho de reconstrução do farol de Eddystone, na Inglaterra. Em suas tentativas, verificou
que uma mistura calcinada de calcário e argila tornava-se, depois de seca, tão resistente
quanto às pedras utilizadas nas construções. Coube, entretanto, a um pedreiro, Joseph Aspdin,
em 1824, patentear a descoberta, baptizando-a de cimento Portland, numa referência a
Portlandstone, tipo de pedra arenosa muito usada em construções na região de Portland,
Inglaterra. No pedido de patente constava que o calcário era moído com argila, em meio
húmido, até se transformar em pó impalpável. A água era evaporada pela exposição ao sol ou
por irradiação de calor através de cano com vapor. Os blocos da mistura seca eram calcinados
em fornos e depois finamente moídos.

O cimento Portland é um pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes,


que endurece sob a acção da água. Depois de endurecido, mesmo que seja novamente
submetido à acção da água, o cimento Portland não se decompõe mais (ABCP, 2002) apud
(Siqueira, 2013).

O cimento Portland é obtido pela pulverização do clinker, esse constituído de silicatos


hidráulicos de cálcio, com certa proporção de sulfato de cálcio natural, podendo conter outras
adições que modificam suas propriedades ou facilitem seu emprego Bauer, (1994) apud
Evangelista (2013).

2.3.Solo-cimento

O solo-cimento nada mais é que a terra compactada à qual se introduziu uma pequena
quantidade de cimento Portland para estabilizá-la. O efeito do cimento em uma mistura de
P á g i n a | 30

terra serve para reduzir sua contração e, ao mesmo tempo, aumentar sua resistência Merril,
(1949) apud Santos, (2009).

De acordo com a ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland (1985), solo-


cimento é o material resultante da mistura homogênea, compactada e curada de solo, cimento
e água em proporções adequadas ao tipo de uso. O material resultante dessa mistura possui
boa resistência à compressão, boa durabilidade, bom índice de impermeabilidade e baixo
índice de retração volumétrica. O componente principal da mistura é o solo. O cimento
representa uma quantidade que varia entre 5 e 10% do peso do solo, sendo suficiente para
promover a estabilização e conferir as propriedades de resistência desejadas (ABCP, 1985).

2.4.1.Vantagens na utilização de solo-cimento

Segundo Funtac (1999), os tijolos de solo-cimento são uma alternativa para construções,
pois após um curto período de cura apresentam resistência à compressão simples parecida à
dos tijolos maciços e blocos cerâmicos, com um custo de produção reduzido. Pode-se listar
vantagens citadas por Silva (2005) apud Santos (2009):

a) Disponibilidade do solo no local ou próximo da obra, evitando e/ou reduzindo


gastos com transporte. Caso o solo não seja apropriado é possível fazer correcções
granulométricas; tecnologia simples e de fácil assimilação, não necessitando de
mão-de-obra especializada. Esse fato contribui também para que os trabalhos
possam ser desenvolvidos em sistemas comunitários;
b) Durabilidade elevada e manutenção reduzida por apresentar elevada resistência e
impermeabilidade;
c) Revestimentos como chapisco, emboço e reboco são dispensáveis devido ao
acabamento liso das paredes monolíticas ou da perfeição das faces prensadas.
Nesse caso é necessário apenas uma pintura simples para aumentar a
impermeabilidade das paredes;
d) Redução no consumo de energia seja na obtenção do material ou na construção.
Neste caso não há necessidade de queima do material e a prensa a ser utilizada na
produção de tijolos pode ser manual.
P á g i n a | 31

2.4.2. Estabilização do solo com cimento Portland


O emprego do solo como material de construção deve ser realizado com critério, pois
podem ocorrer alguns problemas devido às propriedades desse material, que são muito
complexas e heterogéneas" (Grande, 2003: p.25).

Milani e Freire (2006) apud SILVA (2015) relatam que com a utilização racional dos
recursos naturais, o resgate do uso do solo como material de construção tem se intensificado
ultimamente, tendo seu comportamento físico-mecânico melhorado por meio da estabilização
com aglomerantes minerais. Na estabilização do solo com o cimento, ocorrem reacções de
hidratação dos silicatos e aluminatos presentes no cimento, formando um gel que preenche
parte dos vazios da massa e une os grãos adjacentes do solo, conferindo-lhe resistência inicial;
paralelamente, ocorrem reacções iónicas que provocam a troca de catiões das estruturas
argilominerais do solo com os íons de cálcio provenientes da hidratação do cimento
adicionado (Silva, 2015: p.45).

A estabilização do solo é um processo natural e artificial, pelo qual o solo, sob efeito de
cargas aplicadas, torna-se mais resistente à deformação e ao deslocamento do que o solo
original. Esse processo consiste em modificar as características naturais do solo com a
finalidade de se obter propriedades físico-mecânicas resistentes e de longa duração (Ferreira,
et al., 2005 apud Souza 2011).

A estabilização do solo é um processo natural e artificial, pelo qual o solo, sob efeito de
cargas aplicadas, torna-se mais resistente à deformação e ao deslocamento do que o solo
original. Esse processo consiste em modificar as características naturais do solo com a
finalidade de se obter propriedades físico-mecânicas resistentes e de longa duração (Ferreira,
et al., 2005 apud Souza, 2011).

2.4.Água
Segundo Ingles & Metcalf (1972) apud Caneppele (2016), não há uma qualidade
determinada de água necessária para adição em solo-cimento, sendo a água
“potável”satisfatória. O que se deveria evitar é a utilização de águas altamente orgânicas. De
acordo com a norma ABNT NBR 10832/89 a água para a fabricação de solo-cimento deve ser
isenta de impurezas nocivas à hidratação do cimento.
P á g i n a | 32

2.5.Dosagem
De acordo com Ingles & Metcalf (1972) apud Caneppele (2016), a resistência aumenta
linearmente com o teor de cimento, porém, de forma diferente em solos alternados.

Segundo Foppa (2005), a quantidade de cimento tem um grande efeito sobre a resistência à
compressão simples do solo. As adições de cimento, mesmo que pequenas, são suficientes
para resultar enormes ganhos de resistência. Em seu estudo, observou que aumentando a
quantidade de cimento de 1% para 7%, a resistência à compressão simples, em média,
aumentou cinco vezes.

As dosagens de cimento em percentagem a serem utilizadas de acordo com o tipo de solo


também podem ser verificadas na Tabela 1. Ressalta-se que a eficiência do processo em
campo é menor do que os ensaios realizados em laboratório. Para isso, Ingles & Metcalf
(1972) apud Caneppele (2016) sugere que se aumente a quantidade de cimento em 1,66 vezes
a encontrada em laboratório para quando se for a campo.

Tabela 2:Quantidade de cimento a ser utilizada em diferentes tipos de solo, Fonte: Adaptado de Ingles &
Metcalf (1972) apud Canoppele (2016).

Solo Quantidade de Cimento


Pedra finamente britada
0,5-1%
Pedregulho arenoargiloso
bem graduado 2-4%

Areia bem graduada 2-4%


Areia mal graduada 4-6%
Argila arenosa 4-6%
Argila siltosa 6-8%
Argila 8-15%

A norma NBR 12253:1992 descreve os passos para a dosagem de solo-cimento e que se


resumem em:

 Caracterização do solo segundo a classificação HBR (ASSTM D 3282) da American


Association of State Highway Officials, somente os solos A1, A2, A3 e A4 podem ser
utilizados para execução de solo-cimento;
 Escolha do teor de cimento a ser empregado na mistura baseado na Tabela 3.
P á g i n a | 33

Tabela 3:Teor de cimento sugerido pela ABNT para solo-cimento, Fonte: NBR 12253:1992

Classificação do solo Teor de cimento


segundo a ASTM D sugerido, em massa (%)
3282
A1 – a 5
A1 – b 6
A2 7
A3 9
A4 10

2.6.Resíduos de construção e demolição


Denomina-se resíduo o conjunto de fragmentos resultante do desperdício de materiais na
construção, reformas e demolição de estruturas de edificações, como prédios, pontes e casas.
(Conama, 2002).

Segundo Buttler (2003) os resíduos de concreto no estado endurecido geralmente são


reciclados visando a sua reutilização como agregados em novas misturas ou para confeção de
sub-bases e bases de rodovias. Conforme o referido autor, devido a algumas propriedades
prejudiciais dos materiais reciclados, alguns pesquisadores propõem métodos alternativos
para a reciclagem do concreto visando melhorar as propriedades desse material.

A Resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 5 de julho de


2002, define os RCC como sendo os provenientes de construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de
terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,
resinas,colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento
asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos
de obras, caliça ou metralha. (CONAMA 2002). Em seu Artigo 3º, a Resolução Conama nº
307/2002, alterada pela Resolução Conama nº 348/2004 (Artigo 3º, inciso IV), propõe a
classificação dos RCC, que deverão seguir a seguinte divisão:

I. Classes A- são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:


a) De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
P á g i n a | 34

b) De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos


(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II. Classes B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
III. Classes C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais
como os produtos oriundos do gesso;
IV. Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como
tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações
industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham
amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

A classificação dos RCC em quatro classes distintas possibilita ao gerador realizar um melhor
manejo e segregação dos resíduos. Assim, o gerador poderá identificar a melhor solução para
os resíduos gerados no seu empreendimento, atingindo dessa maneira, um menor custo de
desperdício (Freitas, 2009). Esta resolução (307/2002 – CONAMA) considerando que existe
uma grande heterogeneidade nos resíduos que são gerados em uma obra e para efeito
degerenciamento, estabeleceu uma classificação para esses RCC, conforme estão organizados
na Tabela 4.
P á g i n a | 35

Tabela 4: Classificação dos RCC segundo a Resolução 307/2002 –CONAMA, Fonte: Resolução Conama nº
307/2002

Classe Tipo Resíduo


A Resíduos De construção, demolição, reformas e reparos
Reutilizaveis de pavimentação e de obras de infra-estrutura,
Ou Recicláveis inclusive solos provenientes de
terraplanagem.

De construção, demolição, reformas e reparos


de edificações: componentes cerâmicos
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento
etc.), argamassa e concreto.
De processo de fabricação e/ou demolição de
peças prémoldadas em concreto (blocos,
tubos, meios-fios etc.) produzidas nos
canteiros de obras.
B Resíduos recicláveis para Plásticos, papel/papelão, metais, vidros,
outras destinações. madeiras e outros.
C Resíduos para os quais Produtos oriundos do gesso
não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis
que permitam a sua
reciclagem/recuperação.
D Resíduos perigosos Tintas, solventes, óleos e outros
oriundos do processo de
construção
Resíduos contaminados Resíduos oriundos de clínicas radiológicas,
oriundos de demolições, instalações industriais e outros.
reformas e reparos.
P á g i n a | 36

2.7.Experiências de reciclagem do Resíduo de construção e demolição

O processo de reciclagem de RCD iniciou-se na Europa e chega a atingir cerca de 90% de


material reciclado, onde as fracções de material reciclado provêm de resíduos de construção.
Segundo HENDRICKS (2000) apud Freire De Paula, a certificação do produto reciclado em
alguns países já é motivo de discussão.

Segundo Corcuera & Cavalcanti (2003) apud Freire De Paula, as experiências de


reciclagem de entulho foram iniciadas após a segunda guerra mundial na Europa. Os países
em crise financeira e com escassez de matérias-primas, moem os entulhos para a utilização na
reconstrução de suas cidades e lançam mão de britadeiras utilizadas em pedreiras. Em países
como a Holanda, 70% dos RCC são reciclados e na Alemanha 30%. Copenhague na
Dinamarca recicla cerca de 25% do entulho de demolição, pois o país tem escassez de
material granulado, existindo uma sobretaxa de 10% sobre o consumo dos agregados naturais,
favorecendo a reciclagem pelas próprias mineradoras. (Tenório, Espinosa, 2004) apud Freire
De Paula (2004).

Segundo (Silva et al., 2008) apud Freire De Paula, a utilização de RCD reciclado como
agregado miúdo em obras de melhoramento apresenta grande potencialidade de uso em
estacas de compactação de areia e brita. Em função da similaridade encontrada entre as
amostras de RCD e o pó de pedra. Tal uso além de contribuir para a preservação do meio
ambiente tende a provocar uma redução nos custos das obras de melhoramento do solo. O
aproveitamento desses resíduos trará grande benefício ao meio ambiente e contribuirá para
resolver um dos problemas urbanos, que é a destinação final dos RCD.

2.7.1. Possibilidades de Utilização do Entulho Reciclado


Na construção civil, são várias as possibilidades de utilização do RCD reciclado. Apesar de
determinadas limitações especialmente estruturais, o produto oriundo de RCD reciclado
apresenta muitas vantagens (CORCUERA & CAVALCANTI, 2003) apud Freire De Paula.
Os materiais reciclados são utilizados na construção de sub-base, base asfáltica, argamassas e
concretos utilizados na construção civil, além da confecção de blocos, tubos de concretos e
lajotas com idêntica qualidade aos confeccionados com agregados naturais.
P á g i n a | 37

2.7.2. Utilização em Pavimentos


Umas das formas de utilização do RCD reciclado são na pavimentação como base, sub-
base ou pavimento primário na forma de brita corrida, ou ainda em misturas de resíduos com
solo. É na construção de estradas que vários países da Europa utilizam os resíduos reciclados.

Segundo Zordan (2003), as vantagens da utilização desses resíduos devem-se ao fato de


que:

 As formas de reciclagem exigiram uma menor tecnologia, o que pode baratear o custo
do processo;
 Permite a utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos,
argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.) não exigindo a separação de
nenhum deles;
 Economia de energia no processo de moagem do entulho, uma vez que, usando o no
betão, parte do material permanece em granulometrias graúdas;
 Possibilidade de uso em maior escala de entulho, inclusive aquele proveniente de
demolições e pequenas obras que não suportam o investimento em equipamentos de
moagem/trituração;
 Maior eficiência do resíduo quando adicionado aos solos saprolíticos em relação à
adição com britas (a adição de apenas 20% de entulho reciclado ao solo saprolítico
dobra o suporte deste solo ao passo que para aumentar o CBR do mesmo solo com
britas são necessárias dosagens a partir de 40%).

O entulho pode ser usado sozinho ou misturado ao solo devendo ser processado por
britador até a obtenção da granulometria desejada, A eficiência dessa prática foi comprovada
cientificamente quando utilizadas por diversas administrações municipais como São Paulo,
Belo Horizonte e Ribeirão Preto. (Zordan, 2003)

Para Angulo et al. (2002) Zordan (2003), a utilização do RCD como agregado em bases de
pavimentos não garante uma reciclagem massiva deste resíduo, devido a dificuldade do
envolvimento das empresas privadas e do consumo do mercado que só consegue consumir
50% desses resíduos.

2.7.3. Utilização como agregado para betão


A utilização de RCD reciclado como agregado em betão tem grande possibilidade para
uma reciclagem massiva. No entanto, sua utilização, é recomendada para betão não estrutural
P á g i n a | 38

podendo ser feito a partir da substituição dos agregados convencionais (areia e brita) pelo
entulho reciclado. A caracterização do RCD é primordial na escolha do processo de
beneficiamento (ANGULO et al., 2002). Para isso, faz-se necessárias mudanças na gestão e
no processamento do RCD como demolição selectivo, redução de contaminantes, mudança no
layout das instalações de reciclagem, homogeneização, processamento a húmido do RCD e
emprego de novos equipamentos de concentração e de britagem.

Zordan (2003) cita como vantagens dessa utilização:

I. Utilização de todos os componentes minerais do entulho sem a necessidade de


separação de nenhum dele;
II. Economia de energia no processo de moagem do entulho;
III. Possibilidade de um uso maior de entulho;
IV. Possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em relação aos agregados
convencionais, quando se utiliza baixo consumo de cimento. Como factor limitante
cita-se a presença de faces polidas em materiais cerâmicos (pisos, azulejos, etc) que
interferem negativamente na resistência à compressão do concreto produzido.

Algumas prefeituras já utilizam blocos de betão feitos com entulho. A mistura é a


tradicional, com cimento e água, devendo esta em quantidade superior em função da alta
absorção do entulho. Apesar de as pesquisas indicarem eficiência do processo, alguns
aspectos relacionados à durabilidade do betão produzido precisam de maiores estudos.
(Zordan, 2003)

Para BRITO et al. (2001), o agregado reciclado deve estar saturado para que o concreto
que será utilizado venha apresentar resultados satisfatórios. Justifica ainda, que a resistência à
compressão de concretos com entulho é aproximadamente 20% menor que o concreto
convencional em certos traços utilizados.

Para BRITO et al. (2001), apenas 50% dos resíduos analisados poderiam ser utilizados
como agregados em concreto, mesmo assim sem função estrutural, ficando os 50% restantes
composto por uma fracção de alvenaria (cerâmicos + argamassas) maiores que 50% da massa
total o que não viabilizaria a sua utilização em grande escala.

2.7.4. Utilização como agregado em argamassas


Várias são as vantagens da utilização do RCD reciclado como agregado de argamassa
usando entulho moído na granulometria da areia.
P á g i n a | 39

a) Pode ser utilizado resíduo no local gerador processado por uma argamassadeira na
própria obra eliminando custo com transporte;
b) O entulho moído proporciona um efeito pozolânico;
c) Redução do consumo de cimento e da cal;
d) Aumento de resistência de compressão das argamassas.

Estudos de desempenho da argamassa utilizando entulho demonstraram que o produto


feito de entulho chega a apresentar resistência três vezes maior que a argamassa tradicional,
tem excelente resistência ao arrancamento, 10% maior, além de apresentar um maior módulo
de elasticidade devido à retenção de água. Isto se deve a recuperação das características
originais desses materiais que viraram entulho, além da geração da pozolana que vem da
moagem de blocos cerâmicos. (André Natenzon, 2010).

Um trabalho realizado por GRIGOLI (2001) apud Zordan (2003), demonstra a geração de
resíduos e utilização deles no próprio canteiro de obras em argamassas para assentamento de
batentes, esquadrias e blocos cerâmicos, enchimento de rasgos na parede, degraus de escadas,
chumbamentos de tubulações elétrico-hidráulicas e caixas eléctricas, execução de
embonecamento de tubulações, remendos e emendas em alvenarias e enchimento de rebocos
internos.

Apenas um inconveniente se observa na argamassa de revestimento, devido à grande


quantidade de finos presentes no entulho moído pelas argamassadeiras, a argamassa apresenta
problemas de fissuração.

Segundo Zordan (2003), este tipo de reciclagem vem sendo utilizado por várias
construtoras do país que tentam solucionar através de pesquisas, alguns inconvenientes
pertinentes a essa técnica. No entanto, as argamassas a base de entulho são porosas e não
devem ser utilizadas como impermeabilizantes Observa-se ainda uma vantagem na utilização
dos RCD reciclados oriundos da moagem de blocos cerâmicos, os mesmos apresentam
resistência à compressão e resistência à tracção em argamassa de contra piso (Turmina e
Barros, 2001)

2.7.5. Utilização do RCD agregado em tijolos de solo estabilizado com


cimento
Em Salvador-BA estudos realizados demonstraram a possibilidade de utilizar o agregado
de entulho em tijolos de solo-cimento muito embora, as características do solo e do RCD
P á g i n a | 40

apresente-se diferente em cada local. Foi demonstrado que a proporção adequada para a
fabricação de tijolos de solo-agregado reciclado-cimento com prensa manual está na faixa de
50 a 75% de agregado reciclado em substituição do solo saprolítico estudado, sendo que as
demais proporções não atenderam as exigências especificadas. Portanto as proporções
adequadas de RCD em relação ao solo empregado devem ser verificadas em cada caso
distinto (Neves et al., 2001).

2.7.6. Utilização do RCD como agregado na produção de blocos

Estudos desenvolvidos por Carneiro (2005) podem comprovar a viabilidade da utilização


dos agregados provenientes da reciclagem dos RCD, na cidade de Recife. Este apesar de não
apresentarem função estrutural, torna-se viável se; produzidos com um percentual de
substituição de agregado natural por agregado reciclado em torno de 60% e submetidos a uma
vibração de 30 segundos, sobretudo pela presença de materiais cerâmicos no RCD e pela
incorporação de água na mistura quando reduzido o tempo de vibração. Segundo a autora,
desde que atendendo as exigências das normas técnicas, para a confecção dos blocos de
alvenaria

2.8. Tipos de tijolos e bloco


2.8.1. Bloco convencional ou de Betão

O bloco modular de solo - cimento e BTC (bloco de terra comprimida) é produzido a


partir da mistura de terra, cimento e água. O solo utilizado é do tipo arenoso e não deve conter
matéria orgânica e também é possível usar resíduos de construção civil em sua composição. O
solo-cimento é colocado em prensas manuais ou mecânicas para assim dar a forma do bloco e
realizar a sua compactação, oito horas depois da prensagem deve se iniciar o processo de cura
que tem por finalidade evitar a evaporação prematura da água necessária à hidratação do
cimento, os tijolos devem ser empilhados à sombra e de modo que o ar possa circular entre
eles, e regados diariamente com água durante uma semana, após a fabricação o tijolo só pode
ser utilizado depois de 28 dias, durante esse período deve ficar protegido da humidade do solo
e das intempéries (Pecoriello, Barros, 2004) apud (Lobato et al., 2017).

Figura 2: Bloco convencional ou de Betão, Fonte: Autor, 2022


P á g i n a | 41

Segundo a Revista Téchne (1998), o bloco de betão foi o primeiro a possuir uma norma
brasileira para cálculo de alvenaria estrutural. Tal bloco destaca-se por apresentar uma boa
resistência a compressão, visto que alguns fabricantes chegam a produzir blocos com mais de
16 Mpa e o mínimo exigido pelas normas é 4.5 Mpa. (Cordeiro et al., 2017).

O bloco é um dos mais tradicionais materiais usados na construção civil. Hoje graças às
novas tecnologias e formas de construção, podem ser encontrados vários tipos de tijolos e
blocos para as mais diversas modalidades de paredes. Inicialmente podemos dividir os tijolos
em três grupos, isto se considerarmos a aplicabilidade deles, são eles:

 Estruturais - usado na estrutura ou sustentação da parede;


 Fechamento - usado apenas para fechamento da parede, mas a estrutura da casa fica
apoiado em colunas de concreto;
 Decorativos - usados em locais estratégicos para iluminação, ventilação ou meramente
estética;

Quanto ao tipo de material em que eles são construídos há várias diferenças e tipos, entre
eles:

2.8.2. Tijolo comum

Fabricado em formas de ferro ou madeira, com barro queimado, em fornos de alta


temperatura, na ordem de 950 a 1100 ºC. São blocos de barro comum, moldados com arestas
vivas e rectilínea. Tem uma resistência que varia de 1,5 a 4,0 Mpa.

2.8.3. Tijolo cerâmico

O tijolo cerâmico é o mais tradicional deles e encontrado hoje em diversos modelos para as
mais diversas aplicações. Algumas variações de tipos: Tijolinho ou maciço - é o modelo
P á g i n a | 42

comum usado em construções de paredes; Tijolo baiano ou bloco cerâmico de 8 furos; Furado
- vários tipos de furos para as mais diversas aplicações.

Os principais constituintes da fabricação de tijolos de argila são: a sílica (areia) e a


alumina, mas com diferentes quantidades de giz, cal, óxido de ferro e outros constituintes de
acordo com a fonte de extracção.

2.8.4. Tijolo ecológico


O tijolo ecológico é feito de argila, assim como os demais tipos cerâmicos, mas ele é
considerado ecológico devido a diferenças no processo de fabricação, uma vez que ele não é
queimado e também por dispensar o uso de massa de cimento no assentamento.

Segundo Silva (2015), o tijolo de solo-cimento, conhecido como tijolo ecológico, tem se
destacado por possuir grandes vantagens ambientais, devida sua matéria-prima abundante e de
baixo custo, além de não precisar ser queimado, proporcionando economia de energia em seu
processo de fabricação.

Figura-3:Tijolo ecológico, Fonte: Autor, 2022

3. CAPÍTULO III: MATERIAIS E MÉTODOS


Segundo Strauss e Corbin (1998), o método de pesquisa é um conjunto de procedimentos
e técnicos utilizados para se colectar e analisar os dados. O método fornece os meios para se
alcançar o objectivo proposto. A opção metodológica da pesquisa consiste no método
experimental, trata-se de uma pesquisa exploratória, quantitativa e qualitativa, onde realizou-
se uma combinação entre a pesquisa bibliográfica e um estudo de caso.
P á g i n a | 43

3.1.Materiais

3.1.1. Cimento
O aglomerante utilizado para a confecção dos blocos foi o cimento Portland da marca
SUPERCEM II/A-L (L) 42.5R, obtido no armazém de vendas. O produto é de origem
nacional (Made in Mozambique) Este cimento foi utilizado porfácil disponibilidade no
mercado, pelo facto de ser o cimento mais comum no mercado nacional. Issufo (2020)

Figura-4:Cimento Portland SUPERCEM II/A-L (L) 42.5R, Fonte: Autor, 2022

3.1.2. Solo
A areia utilizada nos traços é proveniente do da província de Sofala no município de
Dondo. Onde foram extraídos cerca de 50kg Para serem usados. Antes de utilizado o solo foi
seco ao ar, destorroado e peneirado em peneiro ABNT Nº 4 (4,8mm).
P á g i n a | 44

Figura-5:Solo empregado na confecção dos blocos de Solo-RCD-Cimento, Fonte: Autor, 2022

3.1.3. Água
Foi utilizada água potável, obtida pelo Fundo de Investimento e Património do
Abastecimento de Agua (Fipag). A água empregada encontrou-se de acordo com a norma
ABNT NBR 10832/89, segundo a qual, a água para a fabricação de solo-cimento deve ser
isenta de impurezas nocivas à hidratação do cimento.

3.1.4. Resíduos de Construção e Demolição


Os RCD colectados para utilização no estudo são provenientes de um canteiro de obra
localizado no bairro de Matacuane, na cidade da Beira.Onde foram colhidos cerca de 50kg do
RCD.

Os RCD utilizados foram proveniente de uma demolição de residência para uma alteração
da infra-estrutura e os RCD não tinha um fim lógico.

Figura-6:Resíduos de construção colectados, Fonte: Autor, 2022


P á g i n a | 45

A tabela abaixo faz menção dos equipamentos utilizados durante a pesquisa e as suas
aplicações:

Tabela 5: Equipamentos utilizados na execução do estudo, Fonte: Autor, 2022

Equipamento Aplicação

Máquina fotográfica Registo de imagens

Pá Escavar o solo

Martelo de Aço Triturar/Britagem do entulho

Rede Peneiramento do entulho triturado

Carinha de mão Transportar o RDC

Mascara Equipamento de Protecção


Individua

Luvas Equipamento de Protecção


Individual
P á g i n a | 46

3.2.Metodologia
O esquema metodológico desta pesquisa, esta representada no fluxograma abaixo, desde a
colecta das amostras de solo e o resíduo de construção e demolição até a análise da
viabilidade técnica.
P á g i n a | 47

Figura 7: Fluxograma das Etapas metodológicas, Fonte: Autor, 2022

Matéria-prima

Solo Cimento RCD

Secagem Separação dos RCD

Destoroamentoo Granulometria dos RCD

Caracterização física Mistura

Limites de atterberg Produção de Blocos Absorção da água

Durabilidade
Limite de Liquidez Processo de cura
Resistência a
Limite de Plasticidade Ensaio Tecnologico
Compreensão

Análise do Resultados
Dosagem

Conclusões finais

Os aspectos metodológicos da presente pesquisa foram claramente desenvolvidos em duas


grandes etapas.

 A primeira fase consistiu desde a extracção do solo, até a colecta dos RCD, e
caracterização física de todos os materiais utilizados.
 A segunda foi relacionada à moldagem dos blocos e aos ensaios físico-mecânicos dos
mesmos; conforme o fluxograma de execução da parte experimental do trabalho
apresentado na Figura anterior.
P á g i n a | 48

Primeira Fase: – Colecta da Matéria-prima


 Solo

A colecta do solo se deu no Município de Dondo. Com auxílio de uma pá, escavou-se
manualmente um poço com profundidade média de 1metro e coletaram-se aproximadamente
50kg de solo deformado. Estas amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Solos e
Betumes na Cidade da Beira e armazenados para posterior realização dos procedimentos de
ensaio.

 RCD

Os resíduos de construção e demolição foram colectados em um canteiro de obra no


bairro de Matacuane na cidade da Beira. Após a colecta os RDC passaram pelo processo de
beneficiamento para posterior britagem dos mesmos.

Figura-8:Resíduos de construção e demolição após o processo de britagem, Fonte: Autor, 2022

3.2.1. Ensaios de caracterização


Os ensaios de caracterização se deram através de ensaio de granulometria, limite de
liquidez e limite de plasticidade, ensaio de resistência a compressão e determinação do teor de
humidade.
P á g i n a | 49

a) Ensaio de granulometria

O ensaio de granulometria é o processo utilizado para a determinação da percentagem


em peso que cada faixa especificada de tamanho de partículas representa na massa total
ensaiada. Através dos resultados obtidos desse ensaio é possível fazer a construção da curva
de distribuição granulométrica, que é tão importante para a classificação dos solos e também
na estimativa de parâmetros para filtros, bases estabilizadas, permeabilidade, capilaridade
entre outros.

Procedimento realizado para o ensaio de granulometria do solo


Primeira fase: Colocou-se o material na peneira #200 (0,075mm), lavando-o e em seguida
colocando-o na estufa a temperaturas de 105 a 110 graus.

Segunda etapa: Juntou-se e empilhou-se as peneiras de aberturas compreendidas entre as


peneiras #10 (2,00mm) e #200 (0,075mm), coloca-se o material seco no conjunto de peneiras
e agita-se o conjunto manualmente tendo-se tomando todos os cuidados descritos para o caso
do peneiramento grosso.

Terceira etapa: Pesou-se a fracção de solo retida em cada peneira. O procedimento do


ensaio foi feito com base na norma NBR7181 (ABNT, 1984).

Cálculos

Massa Total da Amostra Seca

(Mt−𝑀𝑔)
𝑀𝑠 = x100 + Mg (1)
(100+ℎ)

Onde:

Ms = massa total da amostra seca.

Mt = massa da amostra seca ao ar.

Mg = massa do material seca retido na peneira de 2,00mm;

h = unidade higroscópica da material passado na peneira de 2,00mm.

Percentagens de materiais que passam nas peneiras de 50mm, 37.5mm, 25mm, 19mm, 16mm,
13.2mm, 9.5mm, 6.7mm, 4.75mm e 2,0mm. Utiliza-se a expressão
P á g i n a | 50

(Ms−Mi)
𝑄𝑔 = x100 (2)
(Ms)

Onde:

Qg = percentagem de material passado em cada peneira;

Ms = massa total da amostra seca;

Mi = massa do material retido acumulado em cada peneira;

h = humidade higroscópica da material passado na peneira de 2,00mm.

Percentagem de materiais que passam nas peneiras de 1.2, 0.6, 0.42, 0.29, 0.15 e 0.075mm.
Utiliza-se a expressão:

Mhx100+Mi(100+h)
𝑄𝑓 = xN (3)
(𝑀ℎ𝑥100)

Onde:

Qf = percentagem de material passado em cada peneira;

Mh = massa do material húmido submetido ao peneiramento fino

h = humidade higroscópica da material passado na peneira de 2,00mm;

Mi = massa do material retido acumulado em cada peneira;

N = percentagem de material que passa na peneira de 2,0mm.

De seguida é calculada a percentagem de cascalho, areia grossa, areia média e areia fina.

 Cascalho = 100 %- % passa abertura 2mm;


 Areia grossa = % passa na abertura 2.mm- % passa na abertura 0,6mm;
 Areia média = % passa 0,6mm -% passa 0,3mm;
 Areia fina = 100 % - (% retida na abertura 0,075 + % areia media + % areia grossa +
% do cascalho).
P á g i n a | 51

Procedimento realizado para o ensaio de granulometria do resíduo de britagem


A caracterização física do resíduo de britagem foi feita mediante a uma Análise
granulométrica, por peneiramento, onde foi possível observar a distribuição em tamanho das
partículas do resíduo de britagem, de acordo com a norma NBR 7181 (ABNT, 1984).

b) Limites de Atterberg

Procedimento realizado para o ensaio do limite de liquidez

Execução do ensaio:

Primeira etapa: preparou-se o solo de 200g que passa na peneira 0,42mm (NBR 6457/
1986);

Segunda etapa: Tomou-se a metade do material, onde foi colocado em um tabuleiro


vidrado, com o objectivo de humedece-lo aos poucos com água destilada, de seguida foi
amassando vigorosamente durante 15 minutos;

Terceira etapa: Fez-se a humidade inicial que resultou em aproximadamente 35 golpes no


aparelho de Casa-grande;

Quarta etapa: Transferir parte da mistura para a concha, moldando-a de forma que na
parte central a espessura seja da ordem de 10 mm;

Quinta etapa: Preparou-se uma ranhura com cinzel (profundidade de solo: 1 cm);

Sexta etapa: Foram efectuados golpes (2 golpes/s) até que as bordas da ranhura se
unissem ao longo de 13mm. De seguida, foram anotados os números de golpes;

Sétima etapa: Foi tomada uma amostra para humidade (4 a 8g) na posição em que a
ranhura se uniu;

Oitava etapa: Foi amassando o solo com um pouco mais de água e repetindo o
procedimento acima;

Nona etapa: Foram retirados 5 pontos, variando de 35 a 15 golpes.

Procedimento realizado para o ensaio do limite de plasticidade


Execução do ensaio:
P á g i n a | 52

Primeira etapa: Preparação: 200g de solo que passa na peneira de 0,42mm;

Segunda etapa: Tomou-se a metade do material, onde foi colocado em um tabuleiro


vidrado, com o objectivo de humedece-lo aos poucos com água destilada, de seguida foi
amassando vigorosamente durante 15 minutos;

Terceira etapa: Tomou-se cerca de 10g da amostra, onde foi rolada sobre a placa de
vidro, com pressão suficiente para formar um cilindro;

Quarta etapa: observou-se a questão da fragmentação, visto que se ela acontecer antes de
atingir 3mm, deve-se retornar ao tabuleiro, adicionar mais água e amassar por mais 3 min;

Quinta etapa: Após a amostra atingir os 3mm sem se fragmentar, transferiu-se o cilindro
para uma cápsula para obtenção da humidade;

Quinta etapa: Após a amostra atingir os 3mm sem se fragmentar, transferiu-se o cilindro
para uma cápsula para obtenção da humidade;

Sexta etapa: E por fim repetiu-se o processo, obtendo pelo menos em 3 determinações.
Quanto aos valores, só são aceitáveis se a variação for inferior a 5%.

Procedimentos de cálculo do índice de plasticidade do solo

IP = LL − LP (4)

Onde:

IP=Índice de plasticidade;

LL =Limite de liquidez;

LP = Limite de plasticidade.

A análise dos limites de liquidez e plasticidade é importante porque eles estão directamente
relacionados à trabalhabilidade dos materiais e a variação de volume e absorção de água. Os
limites de Atterberg do solo empregado nesta pesquisa foram determinados conforme as
metodologias propostas pelas normas ABNT NBR 6459/88 e NBR 7180/84. Os ensaios foram
realizados no laboratório de solos da Associação Nacional de Estradas-Beira (ANE).
P á g i n a | 53

3.2.2. Segunda Fase: Estudo das misturas de solo-cimento com o

resíduo de construçãoe demolição

Para a avaliação da resistência dos blocos de solo-cimento incorporados com resíduo de


construção e demolição, foram moldados blocos com diferentes proporções de solo e resíduo
de construção e demolição. Foi estabelecido o traço de 1:10, onde a proporção representa
cimento: solo + resíduo de construção e demolição estabilizado.O traço foi estabelecido em
relação a massa seca do solo empregado na mistura, e foi expresso em quilogramas (kg).

Para as percentagens, usou-se o método de misturas sucessivas, tendo sido estudado o traço
real, 0%, 25%, 50% e 100% de resíduo de construção e demolição na mistura solo + resíduo
de construção e demolição, estabilizado com 10% de cimento Portland, conforme mostra a
Tabela abaixo.

Tabela 6:Teores de solo e resíduo de britagem na fracção “solo + resíduo de construção e demolição,
estabilizado com o cimento Portland” do traço utilizado na moldagem dos Blocos, Fonte: Autor, 2022

Composição do solo-cimento
Treal1 100 % de Solo + 0% de resíduo deconstrução e demolição) estabilizado com 10% de
cimento
Tr2 75 % de solo + 25% de resíduo de construção e demolição) estabilizado com 10% de
cimento
Tr3 50 % de solo + 50% de resíduo de construção e demolição) estabilizado com 10% de
cimento
Tr4 0 % de solo + 100% de resíduo de construção e demolição) estabilizado com 10% de
cimento

A escolha da combinação de 10% de cimento e resíduo de construção e demolição foi


determinada em função dos trabalhos realizados por autores MILANI (2005), FERREIRA
(2003), ambos recomendaram os teores de 4 a 10% de cimento para a estabilização de solos
arenosos e argilosos para confecção de componentes construtivos (SOUZA, 2011).

Os blocos de solo-cimento incorporados com os resíduos de construção e demolição foram


moldados de acordo com a norma NBR 10834 (ABNT, 1994) e NBR 10832 (ABNT, 1989).
A mistura dos materiais foi feita manualmente. Utilizou-se o teor de humidade óptima do
P á g i n a | 54

ensaio de compactação de Proctor Normal, sendo a água adicionada aos poucos até se obter
uniformidade de mistura para colocação na forma da prensa.

Após a prensagem, os blocos foram colocados em um local protegido do sol e do vento, à


temperatura ambiente, onde foram constantemente hidratados até o final da cura aos 7 dias.
Em seguida foram, medidos os seus comprimentos, alturas e larguras para o cálculo da área de
cada um, após a esse processo, foram submetidos aos ensaios de absorção da
água,durabilidade e resistência à compressão simples, conforme recomenda a norma NBR
10832 (ABNT, 1989).

Ensaio de absorção de água


Com relação à absorção de água, a NBR 10836 estabelece valores médios iguais ou
menores que 20% e valores individuais iguais ou menores que 22% para 28 dias de cura. A
capacidade total de absorção de água se dá pela diferença percentual entre a massa saturada e
a massa seca do tijolo, calculada em base seca.

Procedimentos para o ensaio de absorção de água:


O ensaio de absorção de água foi realizado de acordo com a norma ASTM C 272 de 2001.
Procedimento do ensaio consiste na total imersão dos corpos de prova em água destilada por
um período de 24 horas. Após este tempo, a amostra é retirada, enxugada, secando-se a
águaexcedente na superfície e pesada. Obtém-se o valor da massa de água absorvida pelo
material subtraindo-se o valor da massa saturada (Ms) pela massa seca (Md) obtida
anteriormente por secagem em estufa com temperatura de 95 °C por um tempo não inferior a
24 horas. Da relação da massa de água absorvida pela massa seca do material determina a
absorção de água do material em percentagem. A Equação 5 exibe a formulação para a
obtenção da absorção de água em relação as massas (A).

Cálculo de absorção de água:

𝑀𝑠𝑎𝑡−𝑀𝑠𝑒𝑐𝑎
𝐴= 𝑥100 (5)
𝑀𝑠𝑒𝑐𝑎

Onde:

Mseca – Massa do tijolo seco em estufa (g)

Msat – Massa do tijolo saturado (g)

A – Absorção de água (%)


P á g i n a | 55

Os valores ideais a serem encontrados nesse cálculo são: máxima de 20% (média) e 22%
(individualmente).

Ensaio de resistência á compressão


A resistência à compressão é um dos parâmetros mais importantes do bloco de solo-
cimento. Para ensaio a compressão simples, utilizou-se uma prensa automática com
capacidade máxima de 1500 Kilo Newton (KN) e com velocidade de deslocamento de 1,14
mm por minuto. Além disso, respeitou-se o tempo de cura para posterior ensaio aos 7 e 28
dias, e foram adoptados os procedimentos descritos na norma NBR 12025:2012. A mesma
norma solícita que os corpos de prova sejam imersos em água 4 horas antes do rompimento,
visando aproximar a condição de saturação e evitar o efeito de sucção.

4. CAPITULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO


4.1.Determinação das características físico-mecânicas dos agregados empregados na
pesquisa

4.2.Granulometria
RCD

Tabela 7: Análise granulométrica por peneiramento, Fonte: Autor, 2022

Solo

Tabela 8: Análise granulométrica por peneiramento, Fonte: Autor, 2022


P á g i n a | 56

Os resultados granulométricos do resíduo de construção e demolição, tabela numero 5,


obtidos durante o ensaio normatizado, mostram-se bastante promissor, tendo-se obtido um
percentual de 0,6% de Cascalho, 40,7 de área grossa, 36,8 de área media e 20,5 de areia fina.

Quanto aos resultados granulométricos do solo, tabela número 6 observou-se um percentual


de 93,8% de cascalho, 4.7% de área grossa e 1,5% de área média. Os ensaios apresentaram
composição granulométrica próxima daquela recomendada pela ABCP (2002), para produção
de tijolo solo-cimento: fracção argila: 10 a 20 %; fracção silte: 10 a 20 %; e fracção areia: 50
a 70 %.

De salientar que os resultados obtidos na análise granulométrica do resíduo de britagem e do


solo empregado na presente pesquisa, permite com que haja uma boa interacção entre o solo,
cimento e o resíduo de construção e demolição.

4.3.Limites de Atterberg
A tabela 7 apresenta os resultados dos ensaios para determinação da massa específica,
limite de liquidez, limite de plasticidade e índice de plasticidade, realizados com solo
utilizado para a confecção de blocos de solo-cimento incorporado com o resíduo de
construção e demolição.
P á g i n a | 57

Tabela 9: Valores do limite de liquidez, limite de plasticidade, o índice de plasticidade e limite de


retracção, Fonte: Autor, 2022

Mediante os resultados obtidos na tabela numero 7, verificou-se que o solo empregado


nesta pesquisa é claramente adequado para a estabilização com o cimento, sendo que a sua
distribuição granulométrica facilita a boa interacção entre o solo, cimento e resíduo de
construção e demolição, o mesmo apresentou um limite de liquidez 35,2%, limite de
plasticidade 16.2%, índice de plasticidade 20.6 e limite de retracção 6.7, concordando dessa
forma com os parâmetros exigidos pela norma NBR 10832 (ABNT, 1989) e (ABCP, 1985),
onde o limite de liquidez deve ser ≤ 45% e o índice de plasticidade ≤ 18%.

No acto do Estudo Da Durabilidade De Paredes Monolíticas e Tijolos De Solo-


Cimento Incorporados Com Resíduo De Granito LIMA (2010), fez os ensaios dos índices
físicos do solo tendo obtido os seguintes resultados: 26,5% para o limite de liquidez e 15,5%
para o limite de plasticidade. O índice de plasticidade obtido foi de 11,0%, segundo autor esse
valor corresponde à diferença numérica entre os valores dos limites de liquidez e de
plasticidade. Deste modo classificou o solo como sendo adequando para a confecção dos
blocos de solo-cimento.

LOPES (2002) nos ensaios de caracterização física do solo obteve os índices de 14,65% para
limite de liquidez e 11,43% para limite de plasticidade. O solo estudado foi considerado como
sendo de baixa plasticidade, característica de solos com alto teor de areia.

MILANI (2005), que realizou estudos de índices físicos em solo arenoso e argiloso,
caracterizou o solo arenoso como Não-Plástico (NP), e o solo argiloso com Limite de
Liquidez foi de 43,6%, Limite de Plasticidade de 32,2% e Índice de Plasticidade de 11,4%,
porém, solo arenoso foi considerado o mais adequado para confecção de tijolos e blocos por
possuir limite de plasticidade menor ou igual a 18% e caracterizou o solo argiloso como um
solo plástico, com elevado Índice de Plasticidade (IP). Conforme a autora, quanto maior o
índice de plasticidade do solo maior será a dificuldade de estabilização do material, o material
P á g i n a | 58

estará mais sujeito às variações dimensionais, resultantes do inchamento do solo, quando


húmido, e de sua retracção, quando seco.

Em suma, dizer que os resultados dos limites de Atterberg desta pesquisa diferem um pouco
dos outros resultados obtidos por alguns autores acima mencionados, mas os mesmos
resultados encontram-se dentro dos padrões técnicos recomendados pelas normas NBR 10832
(ABNT, 1989) e (ABCP, 1985).

4.4.Determinação dos componentes sólidos.

Tabela 10: Resultados da resistência à compressão dos 7 e 28 dias, Fonte: Autor, 2022

Corpo de Media aos 7 Dias Corpo de prova Media aos 28 Dias


prova
𝐴 Mseca − Msat
Traço Traço 𝐴= X100
Mseca − Msat Msat
= X100
Msat
T. Real 11,9 T. Real 17,3

T 25% 12,6 T 25% 20,6

T 50% 14,5 T 50% 22,6

T 100% 10,5 T 100% 17,6

De acordo com a descrição das tabelas numero 8apresentada, observa-se que o maior nível
de resistência foi o apresentado pela mistura com o traço de 50% do agregado alternativo
(resíduo de demolição e construção). Em seguida o traço de 25% apresentou um acréscimo
ligeiro com respeito aos restantes traços. Essa alta resistência está associada com a presença
dos finos, criando maiores superfícies de contactos no betão, diminuindo assim sua
porosidade, que o torna mais resistente. O betão com adição do resíduo de demolição e
construção apresentou um ganho de resistência em todos os traços como mostra na tabela
número 8.

Para a mistura 100% de agregado miúdo derivados da trituração resíduo de demolição e


construção verificou-se que os níveis de resistência mantiveram-se menores, mais próximos
do traço de referência. Isso mostra a viabilidade da utilização de agregado derivado da
P á g i n a | 59

trituração resíduo de demolição e construção em diferentes teores de substituição em relação


ao agregado natural com a presença de quartzo.

Analisando singularmente os traços, verifica-se que para o sétimo dia o traço com 25% e
50% do resíduo de construção e demolição apresentou uma resistência de 12.6 MPa e 14.5
MPa respectivamente, enquanto o traço de referência apresentou 11.9 MPa para a mesma
idade. Já para a mistura com substituição parcial de agregado miúdo derivado da trituração do
agregado miúdo natural branco a 100%, apresenta uma resistência de 10.5 MPa, para as
misturas com o traço 100%, que ficou relativamente baixo à mistura de referência.

Entretanto, aos vinte e oito dias as análises dos traços de betão na dosagem com o traço de
25% e 50% apresentaram uma resistência de 20.6 MPa e 22.6 respectivamente em
comparação com o traço de referência que foi de 17.3 MPa para a mesma idade, respondendo
desse modo com as viabilidades técnicas de padrões mínimos admissíveis para a resistência à
compressão que é de 20.00 MPa como está prescrito na NBR 7680:1983. De acordo com o
resultado da tabela 8 pode ser apresentada a interpretação gráfica na figura à baixo.

Figura-9:Evolução da resistência do Bloco, Fonte: Autor, 2022

Resistência à compressão
7 Dias 28 Dias

22,6
20,6
17,3 17,6
14,5
11,9 12,6
10,5

T. Real T 25% T 50% T 100%


P á g i n a | 60

5. CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1.Conclusão
O presente trabalho buscou analisar a influência das condições de cura no desempenho em
termos de resistência mecânica do bloco-cimento com incorporação de resíduo de construção
e demolição numa substituição parcial da areia natural em teores de 25%, 50% e 100%
submetidas nos dias 7 e 28.

 Caracterização física dos materiais

Solo, os resultados obtidos na análise granulométricos do solo e dos limites de atterberg assim
como no ensaio de compactação foram bastante satisfatórios para a produção dos blocos de
solo-cimento, os mesmos, encontravam-se dentro dos parâmetros estabelecidos pela norma
NBR 10832 (ABNT, 1989) e (ABCP, 1985).

Resíduo de construção e demolição, os resultados obtidos na análise granulométricos


foram de igual modo satisfatório, apresentaram 0,6% de Cascalho, 40,7 de área grossa e 36,8
de área média o que lhe confere uma qualidade promissora para a interacção entre solo e
cimento.

De acordo com os resultados da resistência à compressão axial, constatou-se que o traço


50% teve os níveis relativamente mais altos, tendo desse modo alcançado uma taxa de
crescimento maior que as demais misturas, o traço com 25%, apresentou resistência maior que
o traço de referência e maior que o traço a 100% de agregado miúdo alternativo

Na fase final do trabalho foram apresentadas as percentagens no que diz respeito ao


desempenho do bloco nas idades, onde o traço de 50% apresentou níveisrelativamente altos
chegando até 49.7% de aumento referente ao traço real de 14.5 MPa aos 7 dias, sendo estes
representados em gráficos para melhor interpretação dos resultados obtidos.

Pode se concluir que os traços de 25% e 50% apresentam no vigésimo oitavo dia mais de
20MPa, pode se afirmar que os resultados da resistência à compressão axial está dentro dos
parâmetros admissíveis na NBR 7680:1983, apesar de não se denotar resultados fidedignos no
traço real por se tratar de métodos de tentativa, não se pôde obter a média de 20 MPa ao
vigésimo oitavo dia por motivos de conservação dos cubos.
P á g i n a | 61

5.2.Recomendações
Para confirmar a utilização irrestrita deste material, sugere-se que este tema seja aprofundado
em novos estudos, tais como:

 Avaliar o envelhecimento natural de blocos de solo-cimento incorporado com resíduo


de construção e demolição e comparar com o método de envelhecimento acelerado.
 Fazer uma avaliação económica do bloco de solo-cimento incorporado com o resíduo
de construção e demolição em relação ao bloco betão.
P á g i n a | 62

6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1984) Análise Granulométrica - Solo: NBR
7181. Rio de Janeiro.
 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1984) Determinação do limite de liquidez
Método de ensaio: NBR 6459. Rio de Janeiro.
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2012). Tijolo de solo-
cimento –Análise dimensional, determinação da resistência à compressão. NBR 8492.
Rio de Janeiro: ABNT.
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1984). Tijolo maciço de
solo-cimento. NBR 8491.Rio de Janeiro: ABNT.
 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1992) Fabricação de tijolo maciço de
solo-cimento com a utilização de prensa manual: NBR 10832. Rio de Janeiro
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. (2000). Fabricação de
tijolosde solo-cimento com a utilização de prensas manuais. 3.ed.rev.atual. São Paulo:
ABCP.
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. (1988). Procedimento
paraensaio de granulometria. NBR 7181. Rio de Janeiro.
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. (1984). Procedimento
paradeterminação de limites de atterberg. NBR 6459. Rio de Janeiro.
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. (1988)Procedimento
paraensaio de limite de plasticidade. NBR 7180, Rio de Janeiro.
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. (2002). Guia básico
deutilização do cimento portland. 7.ed. São Paulo: ABCP.
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2012). Tijolo de solo-
cimento Requisitos. NBR 8491. Rio de Janeiro.
 Associação Brasileira de Normas Técnicas Ensaio de Resistência a compressão: NBR
10836. Rio de Janeiro
 BUTTLER, A.M. (2003). Concreto com agregados graúdos reciclados: influência da
idadede reciclagem nas propriedades dos agregados e concretos reciclados.
Dissertação (Mestrado). Departamento de Engenharia Civil. Universidade de São Paulo,
USP. PB.
 CANEPPELE, J.W. (2016). Estabilização de um solo residual com adição de
cimentoPortland. Monografia (bacharel). Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas do
Centro Universitário Univates. PB.
P á g i n a | 63

 CORDEIRO, C. R. (2017). Sustentabilidade na fabricação do tijolo solo-cimento:


estudo comparativo com blocos convencionais. Departamento de Engenharia civil-
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.
 CONAMA. (2002) Resolução no 307.
 FEUERHARMEL,M.R. (2000) Comportamento de solos reforçados com fibras
depolipropileno. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil. Porto Alegre, BR-RS.
 FOPPA, D. (2005). Análise de Variáveis-Chave no Controle da Resistência Mecânica
deSolos Artificialmente Cimentados.
 GRANDE, Fernando Mazzeo. (2003). Fabricação de tijolos modulares de solo-cimento
porprensagem manual com e sem adição de sílica activa. Universidade De São Paulo
Escola De Engenharia De São Carlos,.
 INÁCIO, C.A.E.S. (2016). Estudo do Solo enquanto material de Construção
Sustentável. Departamento de Engenharia Civil. Universidade de Coimbra. PB.
 LIMA. (2010) Estudo da durabilidade de paredes monolíticase tijolos de solo-cimento
incorporados com resíduos de granito. Dissertação, Universidade Federal de Campina
Grande.
 LOBATO, M.F (2017). Estudo de viabilidade da produção de tijolos solo-cimentocom
resíduos da construção civil e a fibra do coco babaçu. Contribuições da Engenharia para
uma sociedade sustentável. 1 Ed. Universidade Federal do Maranhão: Autores Associados.
 MENEZES, R.R (2009) Reciclagem de resíduos da construção civil para a produçãode
argamassas. Departamento de engenharia de Materiais. Universidade Federal de Campina
Grande Autores Associados,
 OLIVEIRA, B.T. (2015)uso de resíduos de construção e demolição em argamassas
pararevestimento de alvenaria. Departamento de Engenharia Civil. Universidade Federal
do Rio de Janeiro: PB.
 ROSA, Daniela Aliati. (2010) Validação da relação índice de vazios/cimento na
estimativada resistência à compressão simples do caulim artificialmente cimentado.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.
 SANTOS, M.P. (2009) Fabricação De Solo-Cimento Com Adição De Resíduos De
Madeira Provenientes Da Construção Civil.Programa De Pós-Graduação Em
Construção Civil, Belo Horizonte.
P á g i n a | 64

 SILVA, L.O. SANTOS, G.N. (2015) Tijolo solo-cimento: fabricação e utilização


emconstruções que visam o equilíbrio ambiental. Departamento de engenharia Civil,
Faculdades Integradas de Três Lagoas. PB.
 ZORDAN, Sérgio Eduardo. 1997A utilização do entulho como agregado na
confecçãodo concreto. Faculdade de Engenharia Civil (UNICAMP). Campinas.
P á g i n a | 65

7. ANEXOS E APÊNDICES

7.1.Anexos
Anexo I: Característica do solo para a fabricação do solo-cimento, Fonte: (ABCP, 1985 apud SIQUEIRA) 2013

Características Requisitos (%) Características Requisitos


(%)
% Passando na peneira # 4 (4,75 100
mm)
% Passando na peneira # 200
(0,075 10 a 50
mm)
Limite de Liquidez (LL) ≤ 45
Índice de Plasticidade (IP) ≤ 18
% de areia 50 a 70
% de silte 10 a 20
% de argila 10 a 20

Anexo II: Valor de resistência a compressão, absorção da água para tijolos de solo-cimento, Fonte: ABN, 1994

Valores-limite (aos 28 dias) Média Individua


Resistência à compressão ≥ 2,0 ≥ 1,7
(MPa)
Absorção de água (%) ≤ 20 ≤ 22
P á g i n a | 66

7.2.Apêndices
Apêndices I: Trituração do resíduo de construção e demolição

Apêndices II e III: Carregamento do resíduo para a mistura e moldagem do tijolo cerâmico


P á g i n a | 67

Apêndices IV:Ensaio de granulométria do RCD


P á g i n a | 68

Apêndices IV:Ensaio de granulométria do Solo


P á g i n a | 69

ApêndicesV:Determinação dos limites de Atterberg

Você também pode gostar