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Gusmão Chicatsane Guite

Análise da capacidade da rede de infra-estruturas urbanas face a densidade


habitacional.
(Caso do bairro Chamanculo C)

Licenciatura em Engenharia de Construção Civil com Habilitações em Construção e


Manutenção de Edifícios

Universidade Pedagógica Maputo


Maputo
2021
Gusmão Chicatsane Guite

Análise da capacidade da rede de infra-estruturas urbanas face a densidade


habitacional.
(Caso do bairro Chamanculo C)

Licenciatura em Engenharia de Construção Civil com Habilitações em Construção e


Manutenção de Edifícios

Monografia científica apresentada Faculdade de


Engenharia e Tecnologias [FET], como condição
parcial para a obtenção do grau académico de
Licenciatura em Engenharia de Construção Civil.

Supervisor: Eng.º Fernando Evaristo Namburete

Co-Supervisor: MSc Eng.º Gorka Solana Arteche

Universidade Pedagógica Maputo


Maputo
2021
III

ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. VI
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. VI
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ...................................................................... VII
DECLARAÇÃO DE HONRA .............................................................................................. VIII
DEDICATÓRIA ....................................................................................................................... IX
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. X
RESUMO ................................................................................................................................. XI
ABSTRACT ........................................................................................................................... XII
CAPITULO I: CONTEXTO DE ESTUDO ............................................................................. 13
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13
1.2. Enquadramento territorial .......................................................................................... 14
1.3. Problematização e problema ...................................................................................... 16
1.4. Titulo e tema .............................................................................................................. 17
1.5. Justificativa ................................................................................................................ 18
1.6. Objectivos do trabalho ............................................................................................... 19
1.6.1. Geral ................................................................................................................... 19
1.6.2. Específicos .......................................................................................................... 19
1.7. Hipóteses .................................................................................................................... 19
CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 20
2. REDES DE INFRA-ESTRUTURAS URBANA .............................................................. 20
2.1. Subsistema da rede de infra-estrutura verde .................................................................. 21
2.2. Subsistema da rede habitacional ................................................................................ 22
2.3. Subsistema de rede de transporte e comunicação ...................................................... 22
2.4. Subsistema da rede de distribuição de electricidade .................................................. 23
2.5. Subsistema de saneamento e gestão de resíduos sólidos ........................................... 23
2.6. Subsistema da rede de distribuição de água (RDA)................................................... 23
2.6.1. Tipos de Rede de distribuição de água ............................................................... 24
2.6.2. Configuração das redes de distribuição de água ................................................. 24
2.7. Subsistema viário ....................................................................................................... 25
2.7.1. Desempenho de rede ........................................................................................... 25
2.7.2. Subsistema da rede de drenagem viária .............................................................. 26
2.8. O software de levantamento de dados mWater .......................................................... 27
CAPITULO III: METODOLOGIA .......................................................................................... 28
IV

3. MEODOLOGIA USADA NA PESQUISA ...................................................................... 28


3.1. População e amostra do estudo ...................................................................................... 29
3.1.1. População ................................................................................................................ 29
3.1.2. Amostra ................................................................................................................... 29
3.2. Instrumentos e técnicas usadas na recolha de dados .................................................. 29
3.3. Procedimento para análise de dados .......................................................................... 30
3.4. Recolha de dados por grupo de subsistema de rede ................................................... 30
3.4.1. Saneamento e gestão de resíduos sólidos ........................................................... 30
3.4.2. Drenagem e distribuição de água........................................................................ 31
3.4.3. Habitacional e viário ........................................................................................... 32
3.4.4. Distribuição de electricidade .............................................................................. 32
3.4.5. Rede verde, transporte e comunicação ............................................................... 33
3.5. Aspectos éticos salvaguardados na pesquisa ............................................................. 33
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................... 34
4. SUBSISTEMA DA REDE HABITACIONAL ................................................................ 34
4.1. Subsistema viário e drenagem pluvial ........................................................................... 36
4.2. Subsistema da rede de distribuição de água (RDA)................................................... 40
4.3. Subsistema da rede de distribuição de electricidade .................................................. 43
4.4. Gestão de resíduos sólidos, transporte e comunicação .............................................. 46
4.4.1. Transporte e comunicação .................................................................................. 47
4.5. Infra-estrutura verde .................................................................................................. 47
4.6. Medidas a propor para o melhoramento da rede de infra-estruturas em Chamanculo
C. 48
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 50
5.1. Conclusão....................................................................................................................... 50
5.2. Recomendações ......................................................................................................... 52
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................................. 53
ANEXOS .................................................................................................................................. 57
ANEXO A – Mapa da rede de distribuição de água no bairro Chamanculo C. ....................... 57
ANEXO B – Mapa da rede de distribuição de electricidade .................................................... 58
ANEXO C – Mapa das linhas de água Chamanculo C ............................................................ 59
ANEXO D – Mapa de drenagem executada em 2016 em Chamanculo C ............................... 60
ANEXO E – Mapa das areas residenciais Chamanculo C ....................................................... 61
ANEXO F – Resultados mWater, zoneamento dos quarteirões levantados ............................. 62
V

ANEXO G – Relatório mWater, acesso a água Chamanculo C ............................................... 63


ANEXO H – Relatório mWater, iluminação publica Chamanculo C ...................................... 64
ANEXO I – Relatório mWater, colecta de lixo em Chamanculo C ......................................... 65
ANEXO J – Relatório mWater, número de agregado familiar Chamanculo C ........................ 66
VI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Mapa da área que compreende o bairro Chamanculo C ........................................... 14


Figura 2- Ilustração e levantamento da predominância nas construções de Chamanculo C. ... 34
Figura 3- Resultados dos cálculos com CIS do PPU – Bacia K (a azul os troços
sobrecarregados) considerando o aumento das dimensões das valetas da Av. de Moçambique.
.................................................................................................................................................. 38
Figura 4- Vista da vala de drenagem assoreada. ...................................................................... 39
Figura 5- Ilustração de parte do material usado nas ligações domésticas (tubos em PVC). .... 42
Figura 6- Ilustração da conexão de cabos aéreos e iluminação pública. .................................. 45
Figura 7- Ilustração da cobertura vegetal ao longo das principais vias. ................................... 48

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Gráfico da acessibilidade ao sistema viário em Chamanculo C.............................. 37
Gráfico 2: Gráfico de vulnerabilidade de inundações no Chamanculo C. ............................... 40
Gráfico 3: Gráfico da água utilizada no Chamanculo C. .......................................................... 41

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Quadro resumo das vias que fazem a malha urbana viária....................................... 25
Tabela 2: Quadro resumo da ocupação do solo do bairro Chamanculo C. .............................. 35
Tabela 3: Quadro da classificação das vias colectoras existentes. ........................................... 36
Tabela 4:Quadro de características das valas existentes e suas dimensões .............................. 38
Tabela 5: Quadro de materiais usados nas condutas da adutora............................................... 43
Tabela 6: Quadro resumo de PT's instalados. ........................................................................... 44
Tabela 7: Quadro de parte dos materiais eléctricos usados. ..................................................... 45
Tabela 8: Quadro de vias com iluminação pública................................................................... 45
Tabela 9: Quadro de locais instalados para contentores de lixo. .............................................. 46
VII

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ASF Arquitectos Sem Fronteira


Av Avenida
CD Centro Distribuidor
CDB Centro de Distribuição em Baixa
CMCM Conselho Municipal da Cidade de Maputo
EDM Electricidade de Moçambique
EN Estrada Nacional
EUA Estados Unidos De América
ETA Estacão de Tratamento de Água
ha Hectare
hab Habitante
km/h Quilómetro Hora
Kpa Quilo-pascais
KVA Quilovolt-ampere
Kwh Quilowatt-hora
ONG Organização não-governamental
PPUBCC Plano Parcial de Urbanização do Bairro Chamanculo C
PT Transformador Eléctrico
PVC Cloreto De Polivinina
Q Quarteirão
UP Universidade Pedagógica
UPM Universidade Pedagógica Maputo
VIII

DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Gusmão Chicatsane Guite, declaro por minha honra que esta Monografia é da
minha autoria, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto e na bibliografia final. A mesma resultou de uma pesquisa levada a
cabo no bairro de Chamanculo C, em coordenação com os supervisores.
Declaro ainda que esta monografia não foi defendida ou publicada dentro da
Universidade Pedagógica Maputo nem em nenhuma outra instituição, tanto de ensino como
de pesquisa.

Maputo, ao 09 de Dezembro de 2021


______________________________________________
(Gusmão Chicatsane Guite)
IX

DEDICATÓRIA

Dedico com maior profundidade aos meus pais de sangue e criação, Chicatsane
Atanásio J. Guite e Atélia José Bié.
Dedico também a minha família em geral e no particular aos meus irmãos de sangue,
Anísia Chicatsane Guite, Octávio Chicatsane Guite e Biúty Adelina C. Guite.
X

AGRADECIMENTOS

É para os supervisores Eng. Gorka Solana Arteche e Eng. Fernando Namburete que
dirijo em primeiro lugar, os meus agradecimentos pela orientação desta monografia científica
e pelos ensinamentos, disponibilidade e amizade demonstrados, que foram fundamentais para
o desenvolvimento deste trabalho.
Quero assinalar também o apoio que me foi dispensado pelas seguintes instituições,
nomeadamente a ASF Moçambique- Arquitectos sem Fronteira, Águas da região de Maputo,
a secretaria do bairro de Chamanculo C e EDM central-electricidade de Moçambique, nelas
agradecendo aos vários funcionários que se mostraram disponíveis para ceder informação
necessária ao desenvolvimento deste trabalho.
Quero expressar um profundo agradecimento aos meus pais, Chicatsane Atanásio J.
Guite e Atélia José Bié, pela forma como sempre me apoiaram e incentivaram ao longo da
vida, sem nunca desistir de mim. Sem eles não teria bases para me tornar no homem que hoje
me tornei.
A toda a minha família, especialmente aos meus irmãos, Anísia, Octávio, e Biúty, pelo
carinho, paciência e compreensão que demonstraram ter ao longo destes anos.
Aos colegas e amigos, nomeadamente o Juvêncio e Nilton, pelo apoio prestado.
Finalmente gostaria de expressar o meu agradecimento a todos colegas e amigos que fiz na
antiga UP Maxixe, pelo apoio prestado ao longo desta caminhada.
XI

RESUMO

Este trabalho se baseou na análise da demanda á rede de infra-estruturas do bairro


Chamanculo C, com maior destaque para quatro (4) subsistemas, da rede habitacional,
drenagem pluvial, distribuição de água, e subsistema da rede viária, em função da
complexidade habitacional existente no Chamanculo C. Uma rede de infra-estruturas
desafiada pelo estreitamento de vias, topografia em forma de bacia hidrográfica e recorrência
no assoreamento de seus canais, com isso escolheu-se parte de subsistemas da rede com maior
enfoque nos que garantem as condições de solubilidade do bairro, onde são identificados os
maiores índices e indicadores de desenvolvimento urbano. Diversas acções, ou intervenções,
têm sido implementadas no ambiente urbano de Chamanculo C no sentido de, contornar os
problemas causados por este tipo de ocupação, desde a remoção de assentamentos informais
até as urbanizações actuais, de modo que a rede revela ser complexa devido ao factor
densidade e valor histórico-cultural. Com o objectivo de analisar a demanda á rede instalada
no bairro Chamanculo C, as características da rede instalada, pontos negativos á rede,
percentagens de ocupação de solos, levantou-se os projectos implementados e fez-se
comparação com dados per cápita, feitas entrevistas as instituições tutelares dos subsistemas e
aos moradores do bairro bem como apoiando-se em normas, em softwares como m-water para
o levantamento de diversos dados técnicos. Os resultados obtidos foram satisfatórios onde se
conseguiu agregar mais informação às análises realizadas, topografia da área que ocupa o
bairro com o formato de uma bacia, um subsistema habitacional com 99 parcelas para cada
1ha enquadrada numa área residencial de alta densidade e de uso histórico-cultural,
subsistema viário e de drenagem pluvial com 7% da área de ocupação do bairro com canais
condicionados a limpezas persistentes para o escoamento de águas pluviais de modo a evitar
inundações, e a rede de distribuição de água garantindo o conforto e inclinações mínimas
estando condicionada a disponibilidade de água na bacia do Umbelúzi. Contudo conclui-se
que a rede de infra-estruturas do bairro, não atende a demanda actual existente, com excepção
de dois subsistemas da rede pública tuteladas por EDM e Águas da Região de Maputo.
Palavras-chave: capacidade, demanda, rede instalada.
XII

ABSTRACT

This work was based on the analysis of the demand for the infrastructure network in
the Chamanculo C neighborhood, with greater emphasis on four (4) subsystems, the housing
network, rainwater drainage, water distribution and the road network subsystem, depending
on the housing complexity existing in Chamanculo C. An infrastructure network challenged
by the narrowing of roads, topography in the form of a hydrographic basin and recurrence in
the siltation of its channels, with this part of the network subsystems was chosen with greater
focus on those that guarantee the conditions of neighborhood solubility, where the highest
urban development indexes and indicators are identified. Several actions, or interventions,
have been implemented in the urban environment of Chamanculo C in order to circumvent the
problems caused by this type of occupation, from the removal of informal settlements to the
current urbanizations, with this the network reveals to be complex due to the density factor
and historical-cultural value. In order to analyze the demand for the network installed in
Chamanculo C, the characteristics of the network installed, negative points to the network,
percentages of land occupation, the implemented projects were surveyed and compared with
percápita data, interviews were carried out. institutions that protect the subsystems and
residents of the neighborhood, as well as relying on standards, on software such as m-water to
collect various technical data. The results obtained were satisfactory where it was possible to
add more information to the performed analyses, topography of the area that occupies the
neighborhood in the shape of a basin, a housing subsystem with 99 parcels for each 1ha
framed in a residential area of high density and historical use. cultural, road and rainwater
drainage subsystem with 7% of the occupied area of the neighborhood with channels
conditioned to persistent cleaning for the drainage of rainwater avoiding flooding, and the
water distribution network ensuring comfort and minimum slopes being subject to the
availability of water in the Umbeluze basin. However, it is concluded that the neighborhood's
infrastructure network does not meet the current demand, with the exception of two
subsystems of the public network managed by EDM and Águas da Região de Maputo.
Keywords: capacity, demand, installed network.
13

CAPITULO I: CONTEXTO DE ESTUDO

1. INTRODUÇÃO

Dentre as redes de infra-estrutura urbana, as redes sanitárias, abastecimento de água,


colecta de esgoto e drenagem pluvial, emergiram no espaço urbano moderno de forma
pioneira como uma resposta à insalubridade produzida pela industrialização. De maneira
geral, a iniciativa privada se mostrou um importante agente na implantação dos serviços,
como no caso do abastecimento de água na Inglaterra, EUA e Brasil, iniciado por empresas
privadas, ainda que, nos últimos dois casos, o poder público tenha tomado a frente da
implantação dos serviços nos primeiros anos do século XX (MELOSSI, 2008) citado por
(BARBOSA & LEONARDO, 2018).
Alguns exemplos da Ásia Oriental (China, República da Coreia, Vietnam) apontam
para uma estreita associação entre os episódios de urbanização acelerada e o desenvolvimento
económico. Infelizmente, essas relações são fracas na África subsariana onde se localiza
Moçambique. As cidades africanas não geram economias de aglomeração nem se beneficiam
da produtividade urbana. Pelo contrário, enfrentam custos elevados de produtos alimentares,
de habitação e de transportes (LALL et al.,2017). Em países em vias de desenvolvimento, o
transporte urbano constituem um grande problema (MENDONÇA, 2014).
Deste modo Chamanculo C apresenta dualidade urbana, dotando de redes de infra-
estruturas não tão bem definidas, subsistemas de sua rede com características rural e urbana
(zonas de cimento e zonas com madeira e zinco) no espaço que ela compreende. Apesar de
existir uma rede de infra-estruturas a sofrer melhorias para responder a demanda que existe.
Por tanto, indaga-se o facto de existir uma rede de infra-estruturas com capacidade, em um
espaço dual, a demandar a população que habita em Chamanculo C.
A presente pesquisa vai analisar a capacidade da rede de infra-estruturas existente no
bairro de Chamanculo C face a densidade habitacional que existe no mesmo espaço
geográfico, partindo das hipóteses de ter sido instalada uma rede que responde a demanda
existente. Portanto para a viabilização do teste das hipóteses, realiza-se uma pesquisa baseada
em três pilares, a pesquisa exploratória, de campo e teórica, de modo a estabelecer
comparações do estado das redes identificadas, em termos de capacidade, com dados per
cápita existentes neste campo de acção.
14

1.2. Enquadramento territorial

O bairro Chamanculo C situa-se no Município de Maputo concretamente no Distrito


Municipal Nlhamankulu, onde actualmente se pode constatar elevada densidade habitacional
composta por ocupações desordenadas, com construções consolidadas, embora algumas
precárias com défice de quase todo tipo de infra-estruturas e equipamentos. A área em estudo
corresponde ao Bairro Chamanculo C, delimitado a Oeste e Norte pela Av. de Moçambique e
pelos Bairros Luís Cabral e Unidade 7, a Este pelos bairros Chamanculo D, Xipamanine e
Chamanculo B e a Sul pela Av. do Trabalho, e todo perímetro constitui uma área residencial
não planificada de alta densidade de categoria D (conforme estabelecido no PPUBCC) com
cerca de 140 hectares onde se verifica uma ocupação urbana informal, densa e desordenada
associada a talhões irregulares.
Também predomina a ocupação do tipo habitacional composta por edifícios
habitacionais maioritariamente de 1 piso em alvenaria ou chapas de zinco em muitos casos
resultantes da autoconstrução.

Figura 1- Mapa da área que compreende o bairro Chamanculo C


Fonte: autor (2021)
15

O território é ocupado por habitações e outras benfeitorias de apoio urbano, com


aproximadamente 140 hectares é limitada por importantes acessibilidades urbanas integradas
conforme a ocupação que foi se efectuando ao longo dos anos após a independência, que
dentre outros incluem, poucos espaços verdes públicos, reservas não bem definidas mas com
perspectivas de sua existência, conforme os planos de melhoramento em vista.
Outro aspecto importante a considerar é no âmbito histórico do País, Chamanculo C
carrega consigo parte da história de Moçambique como sendo um dos primeiros bairros a se
formar como periféricos da cidade de Maputo e a observar uma ocupação rápida após a
independência, bairro este habitado por famílias de outras partes do País (êxodo rural),
cumprindo um grande papel de integração social urbana abastecendo a cidade de cimento com
trabalhadores que habitavam nestes bairros periféricos.
16

1.3. Problematização e problema

Infra-estruturas urbanas, ao longo do tempo, requerem manutenção, renovação,


reabilitação, reconstrução e substituição devido a prováveis desgastes e defeitos (BENEDICT
et al, 2001) citado por (ANDRADE, 2020).
Para Maloa (2019) na urbanização moçambicana, as características mais
predominantes nesse processo são nomeadamente: a dualidade urbana, a ruralidade no urbano,
a informalidade e o crescimento demográfico. É dramático ver as imagens das extensas
periferias das cidades com habitações precárias, densamente ocupadas, sem infra-estruturas,
nem serviços.
A dinâmica de ocupação de espaços urbanos tem vindo a ser feita de forma informal, o
que caracterizamos por assentamentos informais, assentamentos estes que trazem consigo
problemas diversos ao ambiente urbano, que partem da falta de vias de acesso, falta de
drenagem urbana dentre outros problemas de origem hídrica devido a falta de esgotos e um
sistema eficiente de recolha, depósito de águas residuais e pluviais, problemas estes que
ajudam e fomentam o aparecimento de sobrecarga na rede de infra-estruturas do bairro
Chamanculo C.
A densidade habitacional por metro quadrado no bairro de Chamanculo C é
caracterizada por ser alta com crescimento horizontal. E extrapola o recomendado para uma
área urbana, facto que pode despoletar problemas de demanda nas suas infra-estruturas, a rede
viária, a rede de esgoto, a rede eléctrica, rede de abastecimento de água potável, bem como de
recolha de resíduos sólidos, não suportando a demanda habitacional do bairro, trazendo canais
obsoletos de drenagem fluvial, deficiência no processo de recolha de resíduos sólidos e
deficiência no controle de sistemas de energia e água, entre outros.
É notório a existência de talhões com dimensões não mínimas recomendadas para o
espaço urbano, com mais de uma família. E tendo em conta o padrão e as características das
famílias moçambicanas (números elevados nos agregados familiares); A sanidade ambiental
nestas circunstâncias é deficitária, o que traz uma opinião ambígua, de que as diferentes redes
que o bairro tem, não sejam suficientes autónomas para responder com a demanda
habitacional que o bairro tem em toda sua área.
Face a problemática urbana acima exposta sobre o que caracteriza a rede de infra-
estrutura e as condições de mobilidade urbana do bairro de Chamanculo C suscita-se a
seguinte questão: Será que a rede de infra-estruturas instaladas no bairro de Chamanculo C
responde a demanda habitacional existente?
17

1.4. Titulo e tema

O título: Análise da capacidade da rede de infra-estruturas urbanas face a densidade


habitacional, caso do bairro Chamanculo C.
Enquadra-se dentro de uma grande temática que é a rede de infra-estruturas urbanas.
Temática esta que debruça-se a contextualizar sobre a dinâmica, construção, reabilitação e
inovações sobre as diferentes redes de infra-estruturas urbanas existentes de acordo com a
especificidade da geografia de cada território e ou região do planeta terra.
Temática que faz menção as diferentes interacções entre o espaço físico e o meio
ambiente condicionando a qualidade de vida das populações que vivem nestes ambientes
urbanos, se for bem planeado proporcionando um desenvolvimento sustentável e uma melhor
qualidade de vida das pessoas e todas espécies que fazem parte do ecossistema artificial
criado.
18

1.5. Justificativa

Há uma necessidade urgente nas cidades de Países em desenvolvimento de acomodar


o rápido crescimento populacional, prover infra-estrutura básica, responder aos problemas de
rápida deterioração física dos ambientes e, acima de tudo, melhorar as condições
habitacionais, especialmente para os pobres (SALAT, 2006 & UNCHS, 2002) citado por
(MORAIS 2008).
Analisar esta temática, rede de infra-estruturas instaladas no bairro de Chamanculo C,
é falar da sanidade das pessoas que coabitam e visitam este bairro histórico da cidade de
Maputo. É importante que as cidades prósperas e em desenvolvimento tenham uma visão de
que devem seguir um plano integrado para alcançar um desenvolvimento de maneira
ordenada de forma a antecipar as necessidades. Tal impacto transformador não é um produto
da espontaneidade, mas de um planeamento, integrado com infra-estruturas devidamente
dimensionadas de acordo com a demanda actual e projectando o horizonte futuro.
Um grande aditivo a ciência pela análise da dinâmica de uma rede de infra-estruturas
complexa densamente habitada de forma horizontal sem o ordenamento territorial, só se tem a
ganhar com o aprofundamento desta temática, pois, a pesquisa trará resultados que permitiram
as organizações a prever seu futuro e a se preparem adequadamente, por meio do planeamento
estratégico.
As empresas e autoridades municipais podem antecipar certos cenários desfavoráveis
antes que aconteçam, assim, podem tomar as precauções necessárias para evitá-los, dando
assim uma rede fluente e digna a população do bairro de Chamanculo C.
Numa das actividades participadas nos arquitectos sem fronteiras (ASF), instituição
não-governamental em Moçambique, que esta a efectuar trabalhos no bairro de Chamanculo
C denominado Habitat, com o lema Cidade para todos, deparou-se com vários problemas
sociais, económicos, e técnicos para o caso de infra-estruturas lá existentes, que traz diversas
interpretações á rede de infra-estruturas do bairro com alguns problemas de demanda que lhe
foi dimensionada pra tal, devido as sobrecargas (rede habitacional desordenada).
O objectivo do projecto levado a cabo pelos arquitectos sem fronteira é garantir cidade
para todos, neste caso não tirar nenhuma família deste bairro. A escolha deste tema, vai
enriquecer o bairro em documentos escritos que poderão ajudar no entendimento do estado da
rede de infra-estruturas existentes no bairro, bem como no planeamento das futuras
intervenções.
19

1.6. Objectivos do trabalho

1.6.1. Geral

Analisar a dinâmica da rede de Infra-estruturas instalada no bairro de Chamanculo C


face a densidade habitacional.

1.6.2. Específicos

 Listar os diferentes subsistemas da rede de infra-estruturas do bairro


Chamanculo C;
 Identificar as características dos diferentes subsistemas da rede de infra-
estruturas do bairro Chamanculo C;
 Verificar a capacidade de quatro (4) redes de infra-estruturas existentes no
bairro Chamanculo C (subsistema habitacional, de distribuição de água – RDA, de
drenagem pluvial e subsistema da rede viária);
 Estabelecer uma comparação entre a capacidade existente e os dados per
capita na rede instalada no bairro de Chamanculo C.
 Propor medidas de melhoramento da malha urbana e suas infra-estruturas no
Chamanculo C.

1.7. Hipóteses

H1- A rede de infra-estruturas instalada no bairro de Chamanculo C responde a


demanda habitacional existente.
H2- A rede de infra-estruturas instalada no bairro de Chamanculo C não responde a
demanda habitacional existente.
H3-. A rede de infra-estruturas instalada no bairro de Chamanculo C responde
parcialmente a demanda habitacional existente.
20

CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2. REDES DE INFRA-ESTRUTURAS URBANA

A engenharia urbana responsável por todo o planeamento e construção das infra-


estruturas que atendem as cidades, pode ser explicada por meio de dois sentidos: rede suporte
relacionando-se à dimensão física do espaço urbano; e às redes de serviços, caracterizadas por
demandar atendimento às necessidades da cidade. A união destes dois significados reflecte o
carácter técnico presente nas actividades de construção de uma infra-estrutura urbana.
(BERTEI et al., 2014) citado por (GUEDES et al., 2017).
O processo de industrialização e a consequente organização capitalista do espaço que
tem sido o agente indutor das transformações da sociedade urbana, reflectindo nas
problemáticas de crescimento, planeamento e luta de classes nas cidades. Ainda que as
cidades pré-existam à industrialização, foi após o advento desta lógica produtiva que a
sociedade iniciou o processo de aglomeração no espaço urbano, tendo como característica a
tendência crescente de organização por meio de redes sanitárias, de electrificação, de
transportes, comunicação, etc. Com bases assentadas na propriedade privada do solo urbano.
(LEFEVBRE, 2001) citado por (BARBOSA, 2018).
Infra-estrutura urbana é tão antiga quanto as próprias cidades, datando desde a
construção das primeiras redes viárias romanos até chegar aos vários tipos de pavimentos que
hoje podem ser encontrados, podendo definir-se como sendo uma imensidade de infra-
estruturas que fazem parte do fornecimento de serviços básicos, como: água, esgoto,
transporte, fornecimento de energia eléctrica, entre outros que circulam entre as aglomerações
e actualmente imprescindíveis para o contexto actual de desenvolvimento de várias
actividades do quotidiano. (CASTELLS, 2009).
De acordo com Zmitrowicz (2002), podemos afirmar que a infra-estrutura urbana tem
como objectivo prestar serviços à sociedade, pois, pelo fato de ser um sistema técnico, requer
algum tipo de operação e algum tipo de relação com o usuário. O sistema de infra-estrutura
urbana é composto de subsistemas que reflectem como a cidade irá funcionar.
De acordo com a reflexão publicada na revista Sergipe (2013), pode-se classificar o
sistema infra-estrutura como o conjunto dos seguintes subsistemas técnicos sectoriais:
Subsistema Viário, Subsistema de Drenagem Pluvial, Subsistema de Abastecimento de Água,
Subsistema de Esgotos Sanitários e Subsistema Energético.
A identidade da urbanização está relacionada à necessidade de agrupamentos de
pessoas com o mesmo objectivo e o domínio que exercem sobre o arranjo espacial, como as
21

aldeias que são subsequência das cidades-estados no período greco-romano, as cidades


renascentistas com as suas preocupações geométricas e a harmonização das proporções e
aparência (ABIKO et al., 1995) citado por (GUEDES et al., 2017).
Desde a Antiguidade, o homem viu o espaço urbano como campo de intervenção,
projectando cidades novas ou ainda fazendo modificações nos traçados das antigas. Porém,
tais experiências eram fundamentadas somente em questões técnicas e estéticas, sem terem
uma visão social, política e económica ao se abordar o fenómeno (CASTELNOU, 2007)
citado por (GUEDES et al., 2017).
De acordo com as posições acima expostas, o espaço urbano, é o local onde carrega a
história sócio económica de um povo, as infra-estruturas também ditam a definição do espaço
urbano, elas é que garantem a mobilidade de vários subsistemas necessários no espaço
urbano.

2.1. Subsistema da rede de infra-estrutura verde

A infra-estrutura verde também tem como preocupação a união dos aspectos urbanos e
ambientais, de modo que adoptem tecnologias práticas, que se adaptem aos projectos das
cidades, proporcionando menor consumo de energia, diminuição na emissão de gases de
efeito estufa, evitando a sedimentação de rios e lagos, protegendo e aumentando a
biodiversidade, diminuindo a poluição das águas, do ar e do solo, integrando os modais,
acessibilidades, saneamento ao bem-estar ambiental, processo e ciclos naturais, e a
identificação de um povo por meio da cidade (VASCONCELLOS, 2015).
Infra-estrutura verde num meio urbano consolidado consiste em uma rede
multifuncional verde-azul (vegetação - sistemas hídrico/drenagem) que incorpora o retrofit
(renovação) e adaptação da infra-estrutura existente. Um dos exemplos de execução e
utilização da infra-estrutura verde é a cidade de Freiburg no sul da Alemanha, onde foi
construído uma conexão ao lado do rio para ciclistas e pedestres ao longo de 9,5 quilómetros
de extensão urbana. Para sua construção foram utilizadas duas escalas: a urbana e a local. A
escala urbana é caracterizada por uma rede de conservação de áreas agrícolas que permeiam a
cidade, e na escala local é realizado um trabalho com os proprietários para preservar e integrar
o plano com a paisagem (HERZOG & ROSA, 2010).
22

2.2. Subsistema da rede habitacional

Informalidade urbana pode ser entendida como “um conjunto de irregularidades ou (a)
regularidades”, uma condição geral que transita e se desdobra entre as formas urbanas, a
economia e as interacções sociais (OJEDA et al., 2020).
Como o relatório (UN-HABITAT Moçambique 2018) demonstra: Moradia adequada
refere-se a mais do que uma estrutura. Uma estrutura adequada engloba acesso a serviços
básicos, infra-estrutura, espaços públicos, oportunidades económicas e sociais, garante posse
a terra, e outros aspectos.
A habitação não pode ser analisada à margem de outros elementos como as
dinâmicas urbanas e territoriais, o mercado de emprego, as estruturas e rendimentos
familiares, os investimentos, etc. A sua análise não pode ser reduzida a uma mera
relação de desequilíbrio entre a oferta e a procura. Esta questão é muito mais complexa, pois a
habitação possuí um conjunto de dimensões que lhe conferem a sua própria identidade e a sua
própria função social, na sociedade em que está integrada (PEIXOTO, 2000).
Enfatizando estes posicionamentos a rede habitacional, é o conjunto de elementos que
garantem a protecção de famílias contra intempéries, sem descurar outros componentes ao seu
redor, como as infra-estruturas de apoio, equipamentos que a função social.

2.3. Subsistema de rede de transporte e comunicação

Para o serviço de transporte público colectivo também se faz necessário o uso de


estratégias claras para o alcance de decisões efectivas. Neste sentido, pode-se dizer que o
transporte público promove e delimita o desenvolvimento urbano (KNOWLES;
FERBRACHE; NIKITAS, 2020) citado por (REZENDE; RAMOS; ALMEIDA,2021).
Conjunto de vias de comunicação que se interligam a partir de um conjunto de nós,
formando uma malha mais ou menos dispersa ou descontínua. Rede linear que é a ligação de
cidades em linhas, deixando o restante território isolado; Rede radial que é a confluência do
tráfego para um supercentro, tendo o aspecto de teia de aranha e a rede em grelha que é
formada por eixos paralelos e perpendiculares, promovendo o desenvolvimento harmonioso
do território.
Para Maré (2011), a deslocação de pessoas ou bens entre uma origem e um destino,
realizada através de modos apropriados, tem 3 funções: Política: controlo do território e
ligação entre vários lugares do país; Económica: suporte das actividades económicas; Social:
23

mobilidade populacional, aproximação de povos e culturas e difusão cultural; O Fluxo:


movimento de pessoas, bens, mercadorias, a partir de um dado lugar para outro.
As comunicações e telecomunicações, troca de conhecimentos, dados, informações,
ideias e capitais, conseguida com o recurso aos meios de comunicação (rádio, telefone,
televisão, revistas, jornais, telemóvel, telefax, fax, internet, caixas multibanco, televisão por
cabo), transmissões de sinais, imagens, sons, mensagens por fio, videoconferência,
videotelefone, videotexto, televisão por cabo, fax, telefax, caixas multibanco. São também
merecedoras de uma gama de infra-estruturas urbanas para o seu funcionamento e
operacionalização.

2.4. Subsistema da rede de distribuição de electricidade

Com o tempo as redes de energia são sistemas complexos, integrados e com uma
interacção sensível entre fontes de geração, sistemas de rede e as demandas de energia”
(LOPES et al, 2015).
As redes de distribuição primárias compõem as subestações de distribuição e podem
ser tanto aéreas como subterrâneas, sendo as redes aéreas de uso mais difundido, pelo seu
menor custo, e as redes subterrâneas são aplicadas em áreas de maior densidade de carga,
como por exemplo a zona central de uma metrópole.

2.5. Subsistema de saneamento e gestão de resíduos sólidos

O manual de saneamento brasileiro Brasília (2004), exalta o saneamento ambiental


como sendo o conjunto de acções socioeconómicas que têm por objectivo alcançar níveis de
salubridade ambiental, por meio de abastecimento de água potável, colecta e disposição
sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do
solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras
especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural.

2.6. Subsistema da rede de distribuição de água (RDA)

É definida como conjunto de condutas e acessórios destinados a demandar água segura


para consumo humano de uma população, de forma contínua, em quantidade, qualidade e
pressão adequadas (NOBRE et al., 2012).
24

Um sistema de distribuição de água consiste em uma rede formada por conjunto de


tubulações, conexões, reservatório e bombas hidráulicas, Sua função é atender os pontos de
consumo de uma cidade ou sector dentro das condições sanitárias, vazão e pressões exigidas.

2.6.1. Tipos de Rede de distribuição de água

Uma rede de distribuição de água normalmente é composta por dois tipos de


condutas: Condutas principais ou primárias, denominados também conduto tronco, conduta
mestra ou primária, com maior diâmetro, têm por finalidade abastecer as condutas
secundários. Usualmente com diâmetros superiores a 200 mm, via de regra é mais difícil de
ser realizada em comparação com as condutas secundárias; condutas secundárias que
apresentam demais tubulações da rede de distribuição de água (NOBRE et al., 2012 Apud
ABNT, 1994).

2.6.2. Configuração das redes de distribuição de água

Para Nobre et al (2012) as redes têm diferentes configurações devido à disposição das
condutas principais e ao sentido de escoamento nas tubagens, desta forma, podem ser
classificadas como ramificadas, malhadas ou mistas.
Rede ramificada- O abastecimento neste tipo de rede é feito a partir de uma conduta
principal, alimentada por um reservatório ou estação elevatória, e a distribuição é feita
directamente para as condutas secundárias.
Rede Malhada -As redes malhadas são compostas por condutas principais que
formam anéis ou blocos, de modo a ser possível abastecer qualquer ponto do sistema por mais
de um caminho. Este tipo de rede permite maior flexibilidade operacional para atender a
demanda e facilidades com a sua manutenção, com pouca interrupção no fornecimento de
água. Este traçado também tem vantagens em relação à qualidade da água, pois o escoamento
da água pode ocorrer nos dois sentidos da tubagem, além de não haver formação de pontas
mortas.
Rede Mista- Esse tipo de rede predomina em vários sistemas de abastecimento de
água e ele é composto pela associação de redes ramificadas com rede malhada.
25

2.7. Subsistema viário

Segundo Board (1988) citado por oliveira (2012), a modelagem da malha viária de
uma região que se deseja estudar, é um dos aspectos mais importantes dentro do chamado
modelo de quatro etapas, comummente empregado em planeamento de transportes. A
representação do sistema para o estudo dos fluxos de veículos deve incluir as ruas, avenidas,
vias expressas (freeways) e rodovias que compõem a malha viária regional.

Tabela 1: Quadro resumo das vias que fazem a malha urbana viária.
Fonte: Adaptado pelo autor, (2021) a partir de Amaral, (2018).
VIAS QUE CONSTITUEM A MALHA VIÁRIA URBANA
Ord.
Classificação Função Operacionalidade
Expressas ou de trânsito Deslocamento de longa
01 100 Km/h
rápido distância
02 Arteriais Ligação entre bairros 60 Km/h
03 Colectoras Circulação nos bairros 40 Km/h
04 Locais Acesso as moradias 30 Km/h

2.7.1. Desempenho de rede

Segundo o dicionário Aurélio Ferreira (1987) desempenhar seria exercer, executar;


desempenhar uma função, um cargo ou representar, interpretar: Desempenhar um papel ou
ainda cumprir, executar: desempenhou-se bem da melindrosa tarefa. Desempenho seria acto
ou efeito de desempenhar (-se) ou execução de um trabalho, actividade, empreendimento, etc,
que exige competência e/ou eficiência.
Oliveira (2012), ao transportar o conceito para uma rede de transportes, vários
parâmetros podem ser considerados para avaliar o desempenho de uma rede, de acordo com a
interpretação adoptada para sua principal função. Algumas das principais funções da rede
seriam:
a) Oferecer nível de serviço adequado, principalmente no que se refere à fluidez do
tráfego, com vias descongestionadas;
b) Proporcionar confiabilidade em tempo e custo de viagem;
c) Minimizar vulnerabilidade, ou seja, ser resiliente a eventos que possam afectar um
ou mais de seus ramos;
d) Ser flexível, oferecendo rotas alternativas entre pares de origem e destino;
26

e) Proporcionar acessibilidade igualitária no que diz respeito a tempo e custo entre


todas as zonas de uma região;
No que tange o conforto viário aos pedestres, a ABNT NBR 9050 (2004) estabelece
algumas directrizes referentes à inclinação e dimensionamento das calçadas. Dentre elas
listadas a seguir:
a) A inclinação transversal de calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres
não deve ser superior a 3%. A inclinação longitudinal de passeios e vias exclusivas de
pedestres deve sempre acompanhar a inclinação das vias lindeiras. Recomenda-se que a
inclinação longitudinal das áreas de circulação exclusivas de pedestres seja de no máximo
8,33%;
b) As calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres que tenham inclinação
superior a 8,33% (1:12) não podem compor rotas acessíveis.
c) As calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres devem incorporar faixa
livre com largura mínima recomendável de 1,50 m, sendo o mínimo admissível de 1,20 m e
altura livre mínima de 2,10 m.

2.7.2. Subsistema da rede de drenagem viária

Os sistemas de drenagem viária são constituídos por condutas responsáveis pela


condução das águas pluviais até os cursos de água. Entre as diversas fontes de incerteza do
período de retorno de um sistema hidrológico, neste caso, os de drenagem viária urbana,
encontram-se as causas naturais e as epistemológicas. Entre elas encontram-se o aumento da
taxa de ocupação do solo (inerente ao processo de urbanização) e a discrepâncias entre as
dimensões executadas e projectadas (BRODIN & BATISTA, 2018).
Para Pompeo (2000), ao se tratar de entender a condução e o exercício das actividades
relacionadas à atenuação de enchentes em áreas urbanas, que o prior deve ser pensadas
preventivamente, inicia-se por algumas questões elementares:
As enchentes em áreas urbanas podem ser decorrentes destas chuvas intensas de largo
período de retorno, ou devidas a transbordamentos de cursos de água provocados por
mudanças no equilíbrio no ciclo hidrológico em regiões a montante das áreas urbanas; ou
ainda, devidas à própria urbanização. O estudo da ocorrência de chuvas intensas é útil na
busca de soluções apropriadas aos problemas de enchentes, entretanto, é por intermédio do
estudo dos processos hidrológicos que se definem as acções concretas (POMPEO 2000).
27

2.8. O software de levantamento de dados mWater

O mWater é pioneira em um modelo de negócios de acesso livre e aberto inovador que


permite a gestão orientado a dados por governos, serviços públicos, autoridades de água e
organizações do sector privado em áreas de poucos recursos, fornecendo uma plataforma de
tecnologia escalonável de recolha e sistematização de dados que pode ser sustentada após o
término do apoio ao projecto, regista dados para quaisquer pesquisas que se deseja, rastreia
dados de infra-estrutura com sites, funcionalidade online / offline, usa telefones, Tablet,
navegador, dados imediatamente disponíveis e importa dados de planilhas (MWATER 2021).
28

CAPITULO III: METODOLOGIA

3. MEODOLOGIA USADA NA PESQUISA

A importância da metodologia utilizada em uma pesquisa é justificada devido à


necessidade de ter uma base científica adequada, buscando a melhor abordagem para
esclarecer as questões da pesquisa (MIGUEL, 2018).
Como parte da recolha de dados e sistematização a metodologia empregue para a
elaboração desta pesquisa foi de carácter misto, onde foram sistematizados dados qualitativos
e dados quantitativos para analises e quantificação dos dados e ou variáveis analisadas na
pesquisa realizada no bairro Chamanculo C, cidade de Maputo.
Foram recolhidos dados bibliográficos (livros, mapas, cartas) bem como a recolha de
dados na área de intervenção de modo a trazer pormenor da real situação;
 Estudo do projecto;
 Visita ao local, bairro de Chamanculo C;
Levantamento das infra-estruturas existentes com base em referências bibliográficas,
mapas bem como softwares de levantamento de dados urbanos com destaque do mWater; pra
ver em anexo partes do relatório do mWater.
 Uso de tabelas técnicas: A monografia científica por ser na sua maioria uma
análise de dados, serão usadas tabelas técnicas de dados per capita e algumas normas
reguladoras de serviços urbanos em Moçambique;
 Entrevistas: questionários a pessoas credenciadas e que intendem do assunto
bem como os residentes no bairo de Chamanculo c (entrevistas não estruturadas);
Basear-se-á na sua maior parte em três grandes pilares:
 Pesquisa exploratória: buscando familiarizar com os fenómenos surgidos
durante a pesquisa, explorando os próximos passos mais profundamente e com maior
precisão;
 Pesquisa de campo: Baseada na colecta de fenómenos que ocorrem nos
diferentes subsistemas da rede de infra-estruturas do bairro de Chamanculo C;
A partir da revisão bibliográfica, foi possível definir um conjunto de procedimentos
para a obtenção de indicadores de qualidade ambiental urbana para área urbana de
Chamanculo C em concreto, baseado nos diversos indicadores já propostos e aplicados.
29

3.1. População e amostra do estudo

A população é o conjunto de elementos que possuem as características que serão


objecto de estudo (VERGARA, 1997). Amostragem é considerada como sendo a técnica para
obter uma amostra de uma população. A colecta de uma amostra faz-se necessária quando se
pretende saber informações sobre a população em estudo (FILHO 2006).
Para o estudo definiu-se uma população e amostra com vista a dar respostas aos dados
que servirão para a comparação de variáveis quantitativos traduzidos em qualitativos.

3.1.1. População

 Rede de infra-estruturas do bairro de Chamanculo C;


 Instituições que apoiam e prestam serviços urbanos ao bairro de Chamanculo C
na rede de infra-estruturas existente;

3.1.2. Amostra

 Rede de infra-estruturas do bairro de Chamanculo C- rede de drenagem


pluvial, rede habitacional, rede viária e rede de distribuição de água.
 EDM-Electricidade de Moçambique área de Maputo-um colaborador técnico e
engenheiro no departamento de distribuição de electricidade para a área de Chamanculo
C.
 CMCM-Conselho Municipal da Cidade de Maputo-departamentos de
salubridade ambiental, as redes de esgoto e saneamento, drenagem fluvial e rede de
transportes.
 ASF- Arquitectos sem fronteira- departamento ligado ao projecto habitat, para
recolha de dados da rede viária e drenagem pluvial e outras informações relevantes;
 Águas da região de Maputo- departamento responsável pela distribuição de
água ao bairro de Chamanculo C.
3.2. Instrumentos e técnicas usadas na recolha de dados

Neste sentido, foram formulados e implementados algoritmos para o tratamento e


análise destes dados que podem ser agrupadas da seguinte forma: Ferramentas de conversão
dos dados, ferramentas de análise da qualidade das informações, ferramentas de agregação
dos dados.
30

 Máquinas fotográficas-para o registro fotográfico de subsistemas da rede de


infra-estruturas existentes no bairro de Chamanculo C;
 Fita métrica, ou metro lazer para medição de amostras de diferentes
subsistemas existentes no bairro de Chamanculo C.
 Aparelho Gps- Para o levantamento de coordenadas, com enfoque para o
subsistema eléctrico, coordenadas de PT’s.
 Planilhas ou guião de entrevista para as entrevistas não estruturadas;

3.3. Procedimento para análise de dados

A análise dos dados será feita, sempre que possível, de forma comparativa. Os
métodos clássicos e os indicadores já desenvolvidos foram utilizados como referencial para
verificar a adequação do método proposto.
Será feita análise e interpretações de mapas e dados documentados. Para os dados
numéricos e quantitativos ira se usar o Excel para a sistematização de dados para análise por
meio de tabelas e ou gráficos e o uso de modelos matemáticos de cálculos para casos isolados.
Os guiões metodológicos para a comparação, normas e regulamentos de áreas urbanas
usados em Moçambicana serão usados para estabelecer comparação entre o estado actual
existente com o recomendado na norma.

3.4. Recolha de dados por grupo de subsistema de rede

3.4.1. Saneamento e gestão de resíduos sólidos

Procedimento, técnicas e instrumentos usados – Uso de máquina fotográfica, para o


registo fotográfico das características dos materiais usados na recolha de resíduos sólidos;
Uso de mapas para a identificação dos pontos localizados os depósitos de resíduos
sólidos;

Para a descrição do processo de gestão de resíduos sólidos – Inquérito de 14 dias


feito em uma amostra de cinco (5) quarteirões de Q.18 a Q.22 usando o software de recolha
de dados mWater vide (Anexo F, I), para a descrição do processo de gestão de resíduos
sólidos a nível de cada parcela habitacional;
31

Entrevistados funcionários da empresa adjudicada pelo CMCM para a recolha de


resíduos sólidos (ASSCODECHE), para recolha de dados referentes ao volume do lixo
produzido no bairro e a capacidade dos depósitos instalados nos três pontos;
Entrevistados, o secretário do bairro e o comité de acompanhamento do bairro, para a
descrição do processo de recolha de resíduos sólidos.
Sistematização dos dados recolhidos – Dimensionamento dos depósitos existentes de
resíduos sólidos, e comparar com o volume de lixo produzido diariamente.
Verificar a demanda, lixo produzido a nível dos lotes habitacionais com a rede ou
sistema de gestão de resíduos sólidos instalados.

3.4.2. Drenagem e distribuição de água

Procedimento, técnicas e instrumentos usados – Uso de máquina fotográfica, para o


registo fotográfico das características dos materiais nesses subsistemas (de drenagem de águas
pluviais e de distribuição de água);
Uso de mapas existentes das redes correspondentes da rede de distribuição de água
vide (Anexo A), e da rede de drenagem vide (Anexo D), respectivamente;
Uso de fita métrica para a medição dos canais identificados na drenagem viária.
Para a descrição dos subsistemas – Inquérito de 14 dias feito em uma amostra de
cinco (5) quarteirões de Q.18 a Q.22 usando o software de recolha de dados mWater vide
(Anexo F, G), para o entendimento por parte dos habitantes, sobre a real situação de
enchentes e ou inundação.
Entrevistados a funcionários técnicos e engenheiros da empresa distribuidora de água
em Maputo (águas de região de Maputo), feitas visitas no sistema de distribuição instalado no
bairro Chamanculo C com uma equipe das águas de região de Maputo.
Entrevistados, o secretário do Bairro e o comité de acompanhamento do bairro, para a
descrição do processo de distribuição de água, entendermos a problemática existente na rede
de drenagem instalada e a rede de distribuição de água.
Sistematização dos dados recolhidos – Na RDA, sistematizou-se a partir do número
de famílias que estão ligados a rede e a capacidade da rede de admissão de clientes e uso de
dados de projectos executados para comparação do conforto e inclinações que a rede fornece
em função da sua demanda com o regulamento de distribuição de água em vigor em
Moçambique.
32

Na rede de drenagem viária, analisam-se dados dos caudais admissíveis pela rede
executada recentemente em função do que acontece na realidade vivida no bairro, revisão e
interpretação do projecto elaborado e executado.

3.4.3. Habitacional e viário

Procedimento, técnicas e instrumentos usados – Uso de máquina fotográfica, para o


registro fotográfico das características dos dois subsistemas, habitações existentes e o sistema
viário predominante.
Uso de mapas para a identificação, contagem de habitações existentes em toda área
correspondente ao bairro de Chamanculo C.

Para a descrição dos subsistemas viário e habitacional – Inquérito de 14 dias feito


em uma amostra de cinco (5) quarteirões de Q.18 a Q.22 vide (Anexo F) usando o software de
recolha de dados mWater, dados de acesso á viaturas na parcela habitacional.
Medição de algumas vias com auxílio de mapas existentes e fita métrica.
Usos da política de ordenamento territorial vigente em Moçambique para a
compararão de dados habitacionais e percentagens da rede viária.
Sistematização dos dados recolhidos – Cálculos percentuais de área ocupada por
habitações e área ocupada por vias de acesso (ruas estradas e becos), com o auxílio de mapas.
Verificar a demanda da rede habitacional ao sistema viário existente no bairro.
Calculo da densidade habitacional, usando variáveis matemáticas, comparação com
variáveis internacionais e dados da postura urbana vigente em Moçambique.

3.4.4. Distribuição de electricidade

Procedimento, técnicas e instrumentos usados – Uso de máquina fotográfica, para o


registo fotográfico das características dos materiais usados na composição desse subsistema;
Uso de mapas para a identificação dos pontos de PT, postes e cabos usados na infra-
estrutura de distribuição de corrente eléctrica.

Para a descrição do subsistema eléctrico – Inquérito de 14 dias feito em uma


amostra de 5 quarteirões de Q.18 a Q.22 vide (Anexo F) usando o software de recolha de
dados mWater. Para quantificar parcelas com o sistema de distribuição de energia instalado.
Listagem de PT’s, percursos com as respectivas potências e iluminação pública.
33

3.4.5. Rede verde, transporte e comunicação

Procedimento, técnicas e instrumentos usados – Uso de máquina fotográfica, para o


Registro fotográfico das características dos materiais usados na composição desses
subsistemas;
Uso de mapas para a identificação dos locais instalados equipamentos para a
operacionalização destes subsistemas da rede de infra-estruturas do bairro;
Para a descrição do subsistema – Para fazer menção destes subsistemas foram
entrevistados, o secretário do Bairro e o comité de acompanhamento do bairro, para a
descrição dos subsistemas.
Sistematização dos dados recolhidos – Para a infra-estrutura verde, calcular a
percentagem de ocupação, e para os subsistemas de transporte e comunicação apenas menção
dos instalados a nível do bairro.

3.5. Aspectos éticos salvaguardados na pesquisa

Esta pesquisa foi oportuna só e somente para a elaboração da monografia científica.


Com vista a salvaguardar a integridade da pesquisa e os meus valores éticos e morais, garantir
a não má exposição das pessoas entrevistadas, produzir minhas fontes sem plágios e sem
difamar qualquer que seja a instituição e ou pessoa singular envolvida na pesquisa ao bairro
de Chamanculo C.
34

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4. SUBSISTEMA DA REDE HABITACIONAL

Nacionalmente, a população urbana é de 37% da total, e 80% da população urbana é


categorizado como vivendo em condições de “favela”. Maputo existe uma distinção clara
entre o núcleo urbano de alta renda de origem colonial (o “Cidade Cemento” ou “Cidade do
Cimento”) e áreas circunvizinhas menos planejadas (bairros), algumas datando do período
colonial como vilas para “mão-de-obra nativa” autorizada. Muitos menos planejados áreas
agora têm uma mistura de baixa e alta renda ocupantes (MARTIN &ARTECHE,2021).
De acordo com o programa de requalificação do bairro de Chamanculo C (2018), este
beneficia-se de obras de requalificação contínua que promove o melhoramento das condições
de habitabilidade e redução do risco de inundações.
A área de Chamanculo C conta com 76 quarteirões, aproximadamente 3700 parcelas
com 5-6hab por família (vide Anexo J), parcelas distribuídas entre edifícios de cimento de
auto construção, madeira e zinco, edifícios prediais e actividades económicas variadas, e
talhões com mais de uma família, diversificado de ponto de vista tipológico das habitações,
encontra-se habitações do tipo 1, tipo 2, tipo 3, até de tipo 4 (vide Anexo E), com crescimento
horizontal desordenado, provocada pelo êxodo rural do tempo colonial e após a independência
de Moçambique. A tabela dois (2) faz menção a área de ocupação do solo que é maior para os
edifícios de madeira e zinco, edifícios de alvenaria de auto construção, poucos com espaço de
produção, muitas das vezes por exiguidade de espaço e parcelas com menos de 200 m2.

Figura 2- Ilustração e levantamento da predominância nas construções de Chamanculo C.


Fonte: Autor (2021).
35

Tabela 2: Quadro resumo da ocupação do solo do bairro Chamanculo C.


Fonte: Autor (2021).

Ord. Área ocupada


Descrição
[m2] [ha]
01 Área ocupada por edifícios de 3,4 pisos+ edifício da PRM. 4561 0.5
02 Área ocupada por fábricas. 284698 28.5ha
Área ocupada por equipamentos sociais, parque da junta, o
03 405752 40.6ha
centro de distribuição de água, PRM, UPM.
Área global dos edifícios independentes de auto construção,
04 777343 77.7ha
madeira e zinco.
05 Total em [ha] 1472354 140 ha

De acordo com a legislação moçambicana de ordenamento territorial, Chamanculo C


enquadra-se na classe e categoria de um espaço urbano de uso dominante habitacional,
formalmente demarcada com infra-estruturas completas, sem espaço para a expansão. Área
com edificação consolidada, delimitada por avenidas ou ruas asfaltadas, sem uso dominante
evidente. Existem habitações, comércio, serviços, fábricas, etc.
Área Residencial Consolidada de Alta Densidade - (> 60 habitações por ha). Área
com edificação consolidada, delimitada por vias asfaltadas, onde predomina o uso residencial
plurifamiliar em edifícios com mais de 3 pisos. Nestas podem encontrar-se funções não
residenciais tais como comércio e serviços
Área Consolidada Residencial de Média Densidade - (> 20 <60 habitações por ha).
Área com edificação consolidada, delimitada por vias asfaltadas, onde predomina o uso
residencial unifamiliar e plurifamiliar em edifícios do tipo vivenda e prédio com até 3 pisos.
Nestas também podem encontrar-se funções não residenciais tais como comércio e serviços
Área Consolidada Residencial de Baixa Densidade - (< 20 habitações por ha). Área
com edificação consolidada, delimitada por vias asfaltadas, onde predomina o uso residencial
unifamiliar em edifícios do tipo vivenda. Nestas também podem encontrar-se funções não
residenciais tais como comércio e serviços
Área Histórica - (classificada e protegida legalmente). Edificada, delimitada por vias
asfaltadas, onde predominam os edifícios mais antigos da cidade, que ainda conservam a
estrutura e os elementos morfológicos iniciais, com significativa representatividade
urbanística e arquitectónica, que interessa preservar e requalificar
Área Consolidada de Comércio e Serviços-Edificada, delimitada por avenidas ou
ruas asfaltadas de uso exclusivamente não residencial. Fazendo o somatório da área
compreendida por habitações, 78.2 ha é ocupada exclusivamente por residências.
36

Em função da área total do bairro e o número de parcelas, para 1ha na área de


Chamanculo C conta com 99 parcelas, enquadrando-se na área residencial consolidada de
alta densidade e zonas de uso e valor histórico-cultural;
Para a comparação dos resultados obtidos, para uma área de 250m2 estando para uma
família, Chamanculo C não responde a demanda devido a predominância de parcelas com
menos de 100m2 e vezes com mais de uma família por cada parcela habitacional (vide o
Anexo E).

4.1. Subsistema viário e drenagem pluvial

A legislação Moçambicana de ordenamento do territorial afirma que para uma área


total de um bairro, 25% deve ser constituída pelo sistema viário e o seu sistema de drenagem
pluvial. Contudo o sistema de drenagem não é feito somente nas principais vias, mas sim
pelas zonas mais susceptíveis as inundações (vide Anexo D).
O acesso ao subsistema viário é feito por avenidas, ruas, becos, a vezes a partir do lote
do vizinho, (a ver o gráfico abaixo). Resultado obtido que contrasta indicadores urbanos,
(ausência de ruas para o acesso de viaturas a parcela residencial), maior parte das parcelas no
bairro contam com ruas estreitas e muitos becos o que impossibilita a entrada de viaturas em
suas parcelas obrigando o parqueamento de viaturas em parques privados existentes. A malha
viária interna, conta com vias colectoras com variações em sua largura, podendo estreitar em
determinados troços.
Conta com vias que foram sofrendo melhorias em sua largura em função a cedência de
alguns metros das parcelas por parte dos proprietários abrangidos pela iniciativa de
alargamento de vias.

Tabela 3: Quadro da classificação das vias colectoras existentes.


Fonte: Autor (2021).
Ord. Nome da via Tipo de via colectora Extensão [km]
01 Amaral matos Via central/principal (10-14m) 2.3
Rua de Chamanculo que
02 Principal (10-12m) 2.0
vai até junta
03 Rua Samuel Danbula Principal (10-14m) 0.45
04 Rua Aida Augusto Principal (10-12m) 1.2
05 Rua do Tindzau Principal (12-14m) 2.2
37

Gráfico 1: Gráfico da acessibilidade ao sistema viário em Chamanculo C.

Fonte: mWater-ASF (2021).

Calculadas percentagens das áreas ocupadas por ruas principais tendo em conta a
extensão e a largura das estradas: sido encontrado 10ha equivalentes a 7% da área total
ocupados pelas ruas principais do bairro.
Encontrado 7% como sendo percentagem de ocupação do solo para vias principais, de
seguida comparadas com os dados normativos da política de ordenamento territorial que
afirma que 25% da área total de um bairro devera ser ocupada pelo sistema viário e de
drenagem, a rede viária do bairro Chamanculo C não cumpre com o disposto no regulamento
e não responde a demanda que lhe for submetida.
Para a drenagem viária, Chamanculo C não tem condições favoráveis para drenagem
pluvial por gravidade, quer pelas cotas do terreno em forma de bacia e a natureza das suas
linhas de água (vide Anexo C), quer pelas condicionantes que o cercam, como avenidas
importantes, construções consolidadas e obras realizadas recentemente. Boa parte de seus
canais é aberta, podendo ser fechados em alguma extensão ou vala específica, como descreve
a tabela que se segue.
38

Tabela 4: Quadro de características das valas existentes e suas dimensões


Fonte: Autor (2021).
Ord. Nome Tipo de vala Dimensões [ LxH]
01 Vala 1 Céu aberta 65cmx35cm
02 Vala 1 Semiaberta 100cmx50cm
03 Vala 1 Semiaberta 100cmx50cm
04 Vala 4 Fechada 140cmx50cm

Na rede de drenagem conforme o plano de drenagem de Chamanculo C (vide Anexo


D), apontou alguns canais que sofrem sobrecargas, mesmo com a ampliação dos canais
existentes na Av.Mocambique. A parte sul do bairro tem duas saídas, sendo uma na zona
oeste do bairro, em direcção à Av. de Moçambique e a outra próximo da paragem “Romus”,
em direcção à Av. do Trabalho. Uma outra saída pode ser construída no contorno do Bairro, a
SW, onde uma parte as águas poderão drenar para a Av. do Trabalho, seguindo através desta
até entrar no colector da EN4. Isto foi sugerido no plano director de saneamento e drenagem,
em curso mas não considerado essencial.

Figura 3- Resultados dos cálculos com CIS do PPU – Bacia K (a azul os troços sobrecarregados)
considerando o aumento das dimensões das valetas da Av. de Moçambique.
Fonte: CONSULTEC (2016).
39

Cerca de 6% do comprimento dos colectores e 70% das valas não obedecem aos
critérios de inclinação mínima regulamentadas, por condicionalismos da envolvente onde
descarregam as águas da bacia, exigindo uma limpeza mais persistente, facto que não
acontece como se vê na figura 4, enquanto permanecerem muitas áreas não revestidas
(impermeabilizadas ou ajardinadas). Cuja alteração não se torna fácil ou é improvável admiti-
lo, facto este confrontado e auscultado, apontando que parte significativa das ruas e parcelas
ainda sofrem inundações.

Figura 4- Vista da vala de drenagem assoreada.


Fonte: autor (2021).

O gráfico a seguir traz o apontamento da real situação vivida no Chamanculo C,


situação agravada pelo assoreamento de seus canais, o que remete a enquadrar a rede de
drenagem na rede que não responde a demanda que lhe é submetida, dependendo de limpezas
persistentes em seus canais para que esta responda a demanda, contudo isso não se verifica.
40

Gráfico 2: Gráfico de vulnerabilidade de inundações no Chamanculo C.

Fonte: mWater-ASF (2021).

4.2. Subsistema da rede de distribuição de água (RDA)

Rede em malha, pra ver o mapa de distribuição (vide anexo A), desafiadora por
factores ligados a condições do bairro, ramais e condutas feitas em ruas estreitas e as vezes de
difícil acesso. As fugas de água podem chegar a 45 bilhões de metros cúbicos em todo o
mundo (CHINI e STILLWELL, 2018 ). Realidade verificada na rede de distribuição do
bairro de Chamanculo C, ocasionados por diversos factos a destacar o tipo de escoamento
existente na rede (sob pressão), roubos e vandalização da rede.
Nas principais cidades Moçambicanas, os canais de abastecimento e os reservatórios
têm mais de 40 anos e a sua manutenção é deficiente. Muitas condutas rompem-se, perdendo-
se, deste modo, água potável (MAPOTE, 2013).
O sistema de abastecimento de água às cidades de Maputo, Matola e município de
Boane compreende: O sistema de Umbelúzi, constituído pela captação, estação de tratamento
de água (ETA), condutas adutoras, estações elevatórias, centros distribuidores (Boane, Belo
Horizonte, Matola Rio, Matola, Machava, Tsalala, Chamanculo, Alto Maé, Maxaquene e
Laulane) e respectivas redes de distribuição.
41

No que se refere ao sistema de Umbelúzi, a água é captada a jusante da barragem dos


Pequenos Libombos, com uma capacidade de produção máxima de 240.000 m3/dia, e tratada
na ETA de Umbelúzi.
Conforme os resultados obtidos, Chamanculo C a maior parte da população do bairro
tem acesso a água potável (vide Anexo G), consome água que a rede pública fornece, neste
caso águas de Moçambique, conforme ilustrado no gráfico abaixo.

Gráfico 3: Gráfico da água utilizada no Chamanculo C.

Fonte: mWater-ASF (2021).

A distribuição de água no bairro é feita 10 h/dia de acordo com dados obtidos no CD,
devido a escassez de água verificada na principal fonte de captação, a bacia do Umbelúzi.
A população de Chamanculo C predomina o uso da água da rede pública fornecida
pela, águas da região de Maputo, que beneficia-se de melhorias e manutenção frequentes em
suas condutas e equipamentos, trocando os demais obsoletos por novos em PVC.
42

Figura 5- Ilustração de parte do material usado nas ligações domésticas (tubos em PVC).
Fonte: Autor (2021).

A população do bairro Chamanculo C de aproximadamente 22.200 hab, consumindo


110L/hab/dia, bem como alimentar algumas unidades fabris e equipamentos sociais e
instituições existentes no bairro. Seriam necessários 2 milhões e 442 mil litros de água,
acrescido a 5% de outros equipamentos sociais e algumas unidades fabris, terão uma
quantidade de 3 milhões 663mil litros de água por dia, o que significa 3.663m3/dia e 109.890
m3/mês de litros a demandar a rede instalada.
Dos resultados obtidos no CDB dados da comercial: facturam em média 5m3 para cada
cliente, para 3106 clientes foram encontrados 518 m3/dia.
O dimensionamento da infra-estrutura sendo capaz de fornecer água acima de
3.663m3 de água por dia para o bairro, possibilitando uma grande folga e a entrada de mais
clientes a rede pública de abastecimento de água do bairro.
Após leitura de mapa identificou-se todas condutas que constituem a RDA com
predominância de condutas em FC em adutora e PVC para ligações domesticas. A rede em
alusão obedece em seus dispositivos de utilização as pressões exigidas no regulamento dos
sistemas prediais de distribuição de água e de drenagem de águas residuais, situadas entre 159
e 300 kpa, o que promove a durabilidade e conforto dos materiais.
43

Tabela 5: Quadro de materiais usados nas condutas da adutora.


Fonte: Autor (2021), a partir de mapa ilustrativo da rede bairro Chamanculo C.
Ord. Material Diâmetros [mm]
100, 110, 150, 200, 300, 350, 450, 500, 800,900,
01 Fibrocimento [FC]
1000
02 Cloreto de Polivinina [PVC] 100, 110
03 Ferro Fundido [FF] 150, 200, 250
04 ACO 160, 400
05 Ferro Galvanizado [FG] 50
Polietileno de alta densidade
06 100
[HDPE]

Feitas analises, a quantidade de água fornecida no bairro esta longe do recomendado


para uma área urbana devido a disponibilidade de água na fonte de captação Umbelúzi bem
como roubos e fugas de água nas condutas domésticas. Analisando a capacidade da rede em
função da demanda, a rede pode garantir a disponibilidade de água para todos clientes
registados a rede, por tanto poucos clientes demandam uma rede robusta devidamente
dimensionada com uma capacidade acima de 3.663m3/dia.

4.3. Subsistema da rede de distribuição de electricidade

A distribuição de energia eléctrica é gerida e garantida pela electricidade de


Moçambique (EDM). Subsistema caracterizado por ser misto com linhas de distribuição de
média tensão subterrânea, e outras linhas de distribuição de média tensão aéreas. As linhas de
distribuição de média tensão aéreas a predominar a linha de distribuição de electricidade, pra
ver (Anexo B) mapa de distribuição de electricidade do bairro de Chamanculo C, distribuição
doméstica de baixa tensão.
Sem ocorrência de cortes esporádicos, o bairro de Chamanculo C é constituído por
grandes consumidores de corrente eléctrico, como é o caso de CD de água, unidades fabris,
bomba de combustível, terminal rodoviário entre outros. Conta com PTs parciais para cada
unidade de alto consumo separados aos PTs para o consumo doméstico, conforme é vista a
distribuição dos PT’s em função das necessidades do bairro (Anexo B).
As diferenças de renda entre as famílias urbanas e suburbanas são bastante
consideráveis. A renda média mensal de uma família urbana é aproximadamente a metade de
uma família urbana. No caso do consumo mensal de electricidade, o consumo médio de uma
residência urbana é 280Kwh por mês e 223.31Kwh por mês em cada uma das residências
suburbanas (inclui o consumo dos equipamentos considerados secundários). Sublinhe-se
44

ainda que o consumo mensal de energia de cada residência de Maputo aumentou em 80Kwh,
comparativamente ao ano de 2016, que de acordo com a EDM (2016), o consumo mensal de
cada residência era de 171 Kwh. (CHAPALA et al, 2020).

Tabela 6: Quadro resumo de PT's instalados.


Fonte: Autor (2021).
Ord. PT Potencia [KVA] Localização Coordenada
01 PTP57 160 - -
25 56'19,48''S &32
02 PT102 315 -
33'5,16''E
25 56'32,07''S &32
03 PT106 630 -
32'58,51''E
04 PT327 630 - -
25 56'28,08''S &32
05 PT377 500 -
33'23,98''E
06 PT353 500 - -
07 PTP459 500 Recheio -
08 PTP26R 200 Terminal Junta -
25 56'25,14''S &32
09 PTP295 200 -
32'45,33''E
10 PTP294 500 Fabril -
11 PTP293 500 Fabril -
12 PTP418 315 Fabril -
13 PT60 315 Próximo UPM -
25 56'16,01''S &32
14 PTP419 630 UPM
32'50,96''E
15 PT518 315 - -
25 56'37,55''S &32
16 PT360 500 -
32'52,33''E
17 PTP89 500 Fabril -
18 PTP16 315 Fabril -
19 PTP65 200 Fabril -
20 PTP301 630 Fabril -
21 PTP167 315 Fabril -
25 56'46,65''S &32
22 PT117 300 -
33'10,23''E
23 PT573ABCD 1250 CD -
25 56'41,58''S &32
24 PT466 -
32'56,04''E
45

Tabela 7: Quadro de parte dos materiais eléctricos usados.


Fonte: autor (2021).
Ord. Material Características
01 Poste De betão e de madeira
02 PT Em anel
Subterrâneo-XLPE 120 mm
03 Cabos
Aéreos- descarnados 150 mm AAC
04 Luminárias florescentes Lâmpadas de lede
05 Luminárias incandescentes Lâmpadas TMS incandescentes

Iluminação pública – A iluminação pública é feita em vias principais existentes no bairro


indicadas na tabela oito (8): Por meio de lâmpadas de lede, TMS incandescentes, postes de
madeira, postes estes com dupla função (os que suportam os cabos condutores de corrente),
entre outros acessórios que fazem o subsistema, como ilustra a figura abaixo.

Figura 6- Ilustração da conexão de cabos aéreos e iluminação pública.


Fonte: autor (2021).

Tabela 8: Quadro de vias com iluminação pública.


Fonte: autor (2021).
Ord. Nome da via Tipo de via
01 Amaral matos Via central/principal (10-14m)
02 Rua de Chamanculo que vai até junta Principal (10-12m)
03 Rua Samuel Danbula Principal (10-14m)
04 Rua Aida Augusto Principal (10-12m)
05 Rua do Tindzau Principal (10-12m)
46

Somando as potências dos PT’s do Chamanculo C, obteve-se 8.355 KVA, potência


instalada em função dos PT’s distribuídos em 140 há, área correspondente a Chamanculo C.
Assumindo os dados da rede habitacional e as projecções de consumo feitas pela EDM
2016) para áreas suburbanas de Maputo, o consumo médio de energia no bairro Chamanculo
C é de 826.247,1 Kwh por mês. Com os resultados obtidos a rede responde a demanda que lhe
é submetida.

4.4. Gestão de resíduos sólidos, transporte e comunicação

Gestão e recolha de resíduos sólidos – A recolha de resíduos sólidos é feito por meio
de carinhos de mão, vulgarmente chamado “txovas” devido a acessibilidade nas parcelas, os
moradores deste bairro fazem o armazenamento do lixo e o comité do bairro faz a recolha
para os contentores dois (2) dias por semana.
ASSCODECHE, entidade contratada pelo CMCM para a recolha do lixo, faz a gestão
do lixo a partir dos contentores (três locais com contentores com capacidade de seis metros
cúbicos por cada contentor), até ao destino final (lixeira).

Tabela 9: Quadro de locais instalados para contentores de lixo.


Fonte: autor (2021).
Ord. Local Ilustração

01 Á curva da av.do Trabalho próximo a UPM-campus Lhanguene

02 Arranque da rua Amaral Matos, junto a Av. Moçambique

03 Terminal Inter-provincial da junta

04 Nas proximidades do campo cape-cape


47

Capacidades - 1contentor tem uma capacidade de 6m3 que são recolhidos duas vezes
ao dia perfazendo uma capacidade de 72 m3 dia.
Sendo que a recolha é feita diariamente em uma semana o volume de armazenamento e de
504 m3.
O volume produzido a nível do bairro tendo em conta as características do bairro com
dualidade urbana evidente.
Volumes por lote 0.3 m3, semana 3.700 parcelas perfazem 1.110m3.
É visível e foi constatado que a capacidade dos contentores não responde a demanda
de lixo que o bairro produz.

4.4.1. Transporte e comunicação


A rede de comunicação do bairro Chamanculo C é feito por meio de telefonia movel
existentes na rede do País (Tmcel, Vodacom e Movitel), por meio de telefonia fixa em
algumas instituições existentes área que compreende o bairro Chamanculo C, (universidade,
escolas, supermercados e fabricas).
E a rede pública de transportes do bairro é subsidiada pela vizinhança, se apoia a
outros sistemas não tendo uma interna definida, é usada a rede de transporte inter-provincial
junta, paragens fixas ao longo da Av. Moçambique, paragens fixas ao longo da Av. Do
trabalho e subsidiada pelo terminal de Xipamanine no bairro vizinho. A rede interna para o
transporte de pessoas e bens é garantida particularmente por privados, uso de táxis, tchopelas,
viaturas particulares, viaturas institucionais e de fábricas existentes. A única rede de
transporte é terrestre dependendo das condições viária do bairro, dependendo de outros
subsistemas circunvizinhos. Deste modo a rede de transporte não existindo, não responde a
demanda do bairro.

4.5. Infra-estrutura verde

Para fazer menção, a infra-estrutura verde do bairro Chamanculo C é caracterizado por


ser fraca, constituída por pequenos parques danificados pela acção humana, servindo de
pequenos mercados informais sem arborização, contendo árvores apenas nas principais vias.
Por fazer parte do mesmo território a nível de cada parcela verifica-se uma densidade de
árvores que compõem este subsistema, entre frutíferas e não frutíferas, com maior enfoque
para plantas frutíferas, como citrinos, mafureiras, abacateiros entre outros.
48

Figura 7- Ilustração da cobertura vegetal ao longo das principais vias.


Fonte: Autor 2021.

Ao longo das principais vias existentes no bairro são encontradas árvores equidistantes
a 200m com excepção da via limítrofe, Av. de trabalho que tem um espaçamento inferior a
200m. Os principais pontos verdes do bairro estão ao longo das vias principais, praças e o
campo de cape-cape. Com base no mapa residencial pra ver em (Anexo E), calculou-se a área
que compreende a infra-estrutura verde tendo sido encontrada uma percentagem de ocupação
de espaços verdes de menos de 1% da área total do bairro de Chamanculo C.

4.6. Medidas a propor para o melhoramento da rede de infra-estruturas em


Chamanculo C.

 Propõe-se a perda do valor histórico do bairro somente com as diferentes


intervenções em suas infra-estruturas com vista o melhoramento das condições de vida da
população habitante neste espaço territorial;
 Propõe-se ainda sem dar espaço para acções de remediação e havendo
condições financeiras, a elaboração de um instrumento de nível local para a requalificação
total do bairro prevendo reassentamentos e melhoramento de suas infra-estruturas;
 Criação de um plano de pormenor (PP) com todas previsões feitas;
 Zoneamento (área industrial, área verde, área habitacional, equipamentos
sociais);
49

 Malha viária a ocupar 25% da área total do bairro, com vias terciárias com
12m de largura, vias secundarias de circulação de autocarros (14-16m), vias primárias
superiores a 19m;
 Criação de parcelas com dimensões mínimas urbanas, 15 metros de largura por
30 metros comprimento em zonas habitacionais horizontais;
 Criação de parcelas com crescimento vertical para construção de edifícios de
até cinco (5) pisos;
 Desenvolvimento e criação de sistemas fotovoltaicos como nova tecnologia
para a rede eléctrica;
 Uso de parâmetros urbanísticos para a implantação dos edifícios em cada
parcela, afastamentos mínimos, frontal cinco metros e lateral três metros caso;
 Restruturar a rede de drenagem pluvial e a rede de esgoto passando para a
gestão pública com a criação de valas cobertas;
 Reestruturar a rede de distribuição de água;
 Instalar pontos fixos de acesso ao transporte, dinamização da rede de
transporte a nível interno do bairro á bairros circunvizinhos;
 Instalação de sistemas fotovoltaicos, como uma fonte limpa de produção de
electricidade, para todo subsistema habitacional e equipamentos sociais.
50

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusão

Quando iniciou-se o trabalho de pesquisa, constatou-se que nos últimos anos havia
uma evolução na melhora das infra-estruturas de Chamanculo C, infra-estrutura instalada num
bairro histórico e com uma malha habitacional densa e não ordenada, e que por isso era
importante fazer a análise da capacidade da rede de infra-estruturas do bairro, face a
densidade habitacional em Chamanculo C.
Constata-se que o objectivo geral foi atendido, porque efectivamente o trabalho
conseguiu analisar a dinâmica da rede de Infra-estruturas instalada no bairro de Chamanculo
C face a densidade habitacional, uma rede que tem verificado alterações, em função das
necessidades de demanda á rede, com a implementação de novos projectos técnicos e
ordenamento territorial.
Sendo objectivos específicos iniciais, listar e caracterizar diferentes subsistemas da
rede de infra-estruturas, esta foi atendida porque foram identificados e caracterizados os
subsistemas usuais e demandados no bairro. Da rede viária e habitacional que é dual, com
ruas estreitas e densamente habitado, subsistema da rede de distribuição de água com sua rede
em malha e sob pressão, rede de drenagem pluvial com canais semiabertos ao longo das
principais ruas e avenidas com topografia do bairro em forma de bacia facilitando a
ocorrência de inundações, rede da infra-estrutura verde, rede de distribuição de electricidade,
saneamento, transporte e comunicações.
Em um segundo momento, verificar a capacidade de quatro (4) redes de infra-
estruturas (distribuição de água, habitação, drenagem e rede viária), atendidas, a rede
habitacional com 76 quarteirões a demandar 112ha da área total, uma RDA com capacidades
de acima de 3.700 consumidores, uma rede viária com área de ocupação de solo de 7%, e uma
rede de drenagem fluvial com cerca de 6% do comprimento dos seus colectores e 70% das
valas não obedecendo aos critérios de inclinação mínima, por condicionalismos da envolvente
onde descarregam as águas da bacia, exigindo uma limpeza mais persistente.
Para o último momento dos objectivos específicos, estabelecer uma comparação entre
a capacidade existente e os dados per cápita na rede instalada no Chamanculo C, as
capacidades instaladas nas diferentes redes analisadas com destaque para o habitacional com
parcelas de menos de 100 m2 instalado, sendo 250 m2 per cápita, viário e drenagem pluvial
sendo de 7% instalado e 25% per cápita, RDA com inclinações mínimas dependendo das
51

condições dos materiais nas adutoras, consumos limitados em 12h/dia, sendo o per cápita
24h/dia, sendo condicionado pela disponibilidade de água na bacia de Umbelúzi.
A pesquisa partiu da hipótese de que a rede instalada no bairro responde a demanda
habitacional existente, outra a não responder e ou a responder parcialmente. Durante o
trabalho constatou-se que dentre as quatro (4) redes analisadas, a RDA como infra-estrutura,
responde a demanda em função a demanda do número de consumidores, a drenagem pluvial
condicionada a limpezas constantes de seus canais que não é feita regularmente, e os demais
subsistemas a não responderem a demanda existente. Confirmando a hipótese de que a rede
instalada responde parcialmente a demanda habitacional existente.
Para proposta para a melhoria da rede de infra-estruturas do Chamanculo C de modo a
garantir que todas redes respondam a demanda existente, propõe-se a criação de um
instrumento de ordenamento territorial como o PP, com previsões de reassentamentos de
modo a garantir um atalhamento de raiz e com padrões urbanos, exigidos. O que possibilitara
a implementação de novos projectos sustentáveis (sistemas fotovoltaicos), dimensionamento
de novas redes de drenagem pluvial em uma rede viária com 12m a 16m de largura em suas
vias, nova RDA, dentre todos subsistemas necessários para a população.
Diante da metodologia proposta percebe-se que o trabalho podia ter sido realizado
com uma pesquisa mais ampla a nível de projectos dimensionados e implementados, bem
como com uma colecta de dados com uma equipe maior. Diante a limitação de tempo e
limitação geográfica só foi possível colectar dados em uma amostra de cinco (5) quarteirões
usando softwares e equipamentos específicos para o estudo, com limitações em aceder a
alguns lotes habitacionais e disponibilidade de projectos implementados pelas entidades
responsáveis para cada subsistema.
52

5.2. Recomendações

 Realização de estudos da interferência de outras infra-estruturas vizinha a rede


de infra estruturas do bairro Chamanculo C;
 Estudo de outras tecnologias que possam melhorar a demanda a rede instalada
no bairro Chamanculo C;
 Apreciação de projectos da rede de drenagem pluvial e também das redes
prediais, e sua fiscalização.
 Levantamento da rede habitacional para actualização do cadastro;
 Para a rede de distribuição de água, o levantamento e medição de consumos de
água fornecidos apenas para o bairro de Chamanculo C;
 Monitorização da expansão da rede de distribuição de água a nível do bairro e
controle de fugas esporádicas nas condutas;
 Monitorização e garantia de limpezas constantes aos canais assoreadas por
resíduos sólidos, solos, e camada vegetal;
 Promoção da educação ambiental as populações do bairro;
 Intervenção em zonas habitacionais, com a ampliação de ruas para a circulação
pedonal e de viaturas;
 Aumento, disponibilidade bem como reforço de contentores de depósitos
temporários de lixo;
 Reforço da cobertura vegetal ao longo das principais vias de modo a melhorar
a estética do bairro bem como a infiltração de águas pluviais;
 Utilização de materiais com tempo de vida útil alto, de fácil trabalhabilidade e
de fácil manutenção quando necessários.
53

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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VASCONCELOS, G.S. Sustentabilidade sócio ambiental no gerenciamento dos


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Artigos vistos na internet


 https://www.researchgate.net/profile/YonaLopes/publication/303718713_Gera
cao_Distribuida_de_Energia_Desafios_e_Perspectivas_em_Redes_de_Comunicacao/links/57
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 https://portal.mwater.co/#/resource_center/about_mwater. Acesso em: 01 Dez.
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 https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-eletrica/consumo-de-
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 https://www.revistas.usp.br/revistalabverde/article/view/61281. Acesso em: 8
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 https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/2017WR022265. Acesso
em: 8 dez. 2021.
 http://monografias.uem.mz/handle/123456789/243. Acesso em: 8 dez. 2021.
 https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/ees.2018.0553. Acesso em: 8 dez.
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Programas e legislação consultada
 República de Moçambique, Boletim da República: Decreto-Lei do
Regulamento da Lei de Ordenamento Territorial. In: Boletim da República, 23/2008 de Julho
de 2008.
56

 República de Moçambique, Boletim da República: Decreto-Lei do


Regulamento dos sistemas prediais de distribuição de água e de drenagem de águas residuais.
In: Boletim da República, 15/2004 de 15 de Julho 2004.
 República de Moçambique, CMCM: Programa de requalificação do bairro
Chamanculo C em Maputo. In: 05/2018 de Maio 2018.
 República de Moçambique, Ministério para Coordenação da Acção Ambiental:
Manuais técnicas básicas de planeamento físico In:11/2006 Novembro 2006.
 República de Moçambique, CMCM: Termos de referência para a elaboração
dos planos de pormenor das áreas residenciais de Chamanculo C. In: 09/2019 Setembro 2019.
57

ANEXOS

ANEXO A – Mapa da rede de distribuição de água no bairro Chamanculo C.

Fonte: Águas da região de Maputo (2021)


58

ANEXO B – Mapa da rede de distribuição de electricidade

Fonte: EDM (2021)


59

ANEXO C – Mapa das linhas de água Chamanculo C

Fonte: Asf (2021)


60

ANEXO D – Mapa de drenagem executada em 2016 em Chamanculo C

Fonte: Asf (2021)


61

ANEXO E – Mapa das areas residenciais Chamanculo C

Fonte: PP Chamanculo C-Asf (2019)


62

ANEXO F – Resultados mWater, zoneamento dos quarteirões levantados

Fonte: Asf (2021)


63

ANEXO G – Relatório mWater, acesso a água Chamanculo C

Fonte: Asf (2021)


64

ANEXO H – Relatório mWater, iluminação publica Chamanculo C

Fonte: Asf (2021)


65

ANEXO I – Relatório mWater, colecta de lixo em Chamanculo C

Fonte: Asf (2021)


66

ANEXO J – Relatório mWater, número de agregado familiar Chamanculo C

Fonte: Asf (2021)

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