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Apostila de

Materiais
de
Construção

Engenharia Civil
Prof. : Sérgio A. F. Cordovil
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 2
1.1 A importância dos Materiais de Construção ........................................................................ 2
1.2 Os três grupos fundamentais dos materiais de construção ................................................... 2
1.3 Introdução aos materiais ...................................................................................................... 2
1.4 Análises ................................................................................................................................ 3
2 NORMALIZAÇÃO ..................................................................................................................... 6
2.1 Especificações Técnicas ....................................................................................................... 6
2.2 Como Especificar Materiais ................................................................................................. 6
2.3 Normalização ....................................................................................................................... 6
2.4 Entidades Normalizadoras ................................................................................................... 7
2.5 Vigência de uma Norma ...................................................................................................... 7
2.6 Nomenclaturas ..................................................................................................................... 7
3 AGLOMERANTES ..................................................................................................................... 8
3.1 Asfaltos ................................................................................................................................ 8
3.2 Cal ........................................................................................................................................ 8
3.3 Gesso .................................................................................................................................... 9
3.4 Aglomerantes Especiais ..................................................................................................... 10
4 CIMENTO PORTLAND ........................................................................................................... 11
4.1 Definição ............................................................................................................................ 11
4.2 Composição ........................................................................................................................ 11
4.3 Propriedades Físicas ........................................................................................................... 12
4.3.1 Densidade ................................................................................................................... 13
4.3.2 Finura ......................................................................................................................... 13
4.3.3 Trabalhabilidade......................................................................................................... 13
4.3.4 Tempo de Pega ........................................................................................................... 13
4.3.5 Resistência ................................................................................................................. 14
4.3.6 Exsudação .................................................................................................................. 14
4.4 Propriedades Químicas ...................................................................................................... 15
4.5 Estabilidade ........................................................................................................................ 15
4.6 Calor de Hidratação ........................................................................................................... 16
4.7 Resistência aos Agentes Agressivos .................................................................................. 16
4.8 Classificação ...................................................................................................................... 16
4.9 Armazenamento ................................................................................................................. 17
5 ARGAMASSAS ........................................................................................................................ 18
5.1 Conceituação ...................................................................................................................... 18
5.2 Emprego ............................................................................................................................. 18
5.3 Qualificação das Argamassas............................................................................................. 18
5.4 Classificação das Argamassas ............................................................................................ 19
6 CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND .............................................................................. 20
6.1 Conceituação ...................................................................................................................... 20
6.2 Fatores que influenciam na qualidade do concreto ............................................................ 20
6.3 Agregados .......................................................................................................................... 21
6.4 Aditivos .............................................................................................................................. 21
6.5 Classificação dos concretos ............................................................................................... 22
6.6 Propriedades do concreto fresco ........................................................................................ 22
6.6.1 Trabalhabilidade......................................................................................................... 22
6.6.2 Exsudação .................................................................................................................. 23
6.7 Propriedades do concreto endurecido ................................................................................ 23
6.7.1 Peso específico ........................................................................................................... 23
6.7.2 Deformações .............................................................................................................. 23
1 INTRODUÇÃO

1.1 A importância dos Materiais de Construção

 Cálculos e projetos serão aplicados aos materiais, cujas propriedades,


limitações, vantagens e utilizações deverão ser perfeitamente conhecidas;

 Ao se propor um material é importante saber sua resistência, seu controle,


dosagens corretas (como no concreto para se atingir a resistência prevista), as
tensões máximas suportadas, a durabilidade e a trabalhabilidade;

 Para qualidade ou custo/benefício é fundamental conhecer as propriedades


dos materiais, assim como sua diversidade;

 A aparência ou acabamento de uma obra implicará no conhecimento


associado com a possibilidade de utilização dos materiais;

1.2 Os três grupos fundamentais dos materiais de construção

Existem três grupos básicos : os materiais cerâmicos, os metais e os


materiais orgânicos;

 Os materiais cerâmicos são rochas ou minerais argilosos, ou são


compostos por tais minerais (Ex.: areia, a pedra calcária, o vidro, o tijolo, o
cimento, o gesso, o reboco, a argamassa e a lã mineral isolante). São materiais
extraídos do solo, o que os torna relativamente baratos em relação aos outros
grupos. São duráveis, resistentes e rígidos. Têm como desvantagem o peso e a
fragilidade.

 Os metais são extraídos de minérios naturais. Os processos de extração e


fabricação os tornam caros. Os metais têm a sua maior importância para a
aplicação aonde exige grande esforço de tração.

 Os materiais orgânicos são materiais quimicamente baseados no carbono,


podendo ser sintéticos ou simplesmente derivados de organismos vivos.
Desenvolveram-se mais no século vinte, mas permanecem em continuo
aperfeiçoamento. Como exemplo temos: a madeira, o papel, os asfaltos, os
plásticos e as borrachas.

1.3 Introdução aos materiais

♦ Rocha e pedra são os mais tradicionalmente duráveis. Todas apresentam


porosidade e podem absorver água o que pode ocasionar danos e
deterioração.
♦ O concreto é um material rochoso, artificialmente conglomerado, composto
por agregados de pedras, areias e cimento. Tem baixa resistência à tração e
alta à compressão, mas ambas inferiores à das rochas.
A qualidade do concreto dependerá do cuidado na dosagem e preparação de
sua mistura e sua resistência dependerá do cimento.
As vantagens do concreto são visíveis para a construção civil pois:
 Ele se amolda praticamente a qualquer forma;
 É simultaneamente duro e rígido;
 É de baixo custo.

♦ O tijolo é um produto cerâmico queimado e quimicamente semelhante ao


concreto e ao cimento. Pode tomar várias formas e apresentar cores variadas.

♦ O vidro tem como principal característica transmitir luz e radiação.

♦ Os metais oferecem altas resistências à compressão, tração


(principalmente) e cisalhamento. Tem boa ductilidade, rigidez, dureza e
estabilidade dimensional. Tem como desvantagem a suscetibilidade à
corrosão e o peso.

♦ A madeira é altamente durável e resistente à corrosão. Apresenta inúmeras


vantagens:
 É uma fonte naturalmente renovável;
 É abundante na maioria das regiões;
 É de fácil manuseio e pode assumir qualquer aspecto ou forma;
 Seu peso é reduzido;
 A sua aparência é muito agradável e confortante;
 É extremamente forte e barata.

1.4 Análises

Os materiais devem ser observados para certas situações:

♦ Deterioração: para que os materiais mantenham uma aparência aceitável e


conservem suas características é necessário tomar cuidado com sua
deterioração, geralmente originada pela exposição ao ar e do uso continuado.

♦ Variação de temperatura: quando os materiais têm coeficientes de dilatação


diferentes é importante levar em conta a variação térmica para avaliar a
contração e dilatação desses materiais.

♦ Movimento: as estruturas se movem, quer sejam pelas variações de


temperatura, pela acomodação em superfícies ou por ações externas. Isso
tudo deverá ser previsto pelo engenheiro.

♦ Oxidação: os materiais plásticos oxidam-se lentamente (muitos, mas não


todos), tornando-os quebradiços e duros, o que resulta em trincas e fendas
profundas. Esses materiais perdem a capacidade de acomodação e
flexibilização. Ex.: tintas, vernizes, borrachas, vedantes, asfalto, etc.
♦ Resistência e ductilidade: o ponto mais importante para se considerar em um
projeto é a resistência do material. Para uns será necessário levar em
consideração as ações de cargas, já para outros poderá ser exigida ductilidade
em lugar da resistência, como por exemplo um vedante que deverá se
acomodar para fechar uma fenda ou um adesivo que estará sujeito a variações
de temperatura. Portanto, para qualquer material de construção, devem ser
conhecidas as suas características de tensão e deformação. Em relação ao
conhecimento dessas características, há uma maior precisão com os materiais
industrializados do que com a madeira.

♦ Relações tensão-deformação: são possíveis apenas três tipos de tensões: de


tração, de compressão e de cisalhamento. Acompanhando qualquer tensão há
sempre alguma deformação do elemento carregado (variação de dimensão).
Ao se retirar a tensão de um material haverá dois tipos de comportamento
para a deformação: elástico, quando o material pode voltar à sua dimensão e
forma original e plástico, quando o material permanecerá definitivamente
deformado. A palavra ductilidade implica na capacidade do material se
deformar plasticamente.1

♦ Diagrama de tensão-deformação: o diagrama de tensão-deformação constitui


um conjunto de informações muito úteis sobre o material, pois o mesmo
poderá fornecer dados do limite da resistência à ruptura, limite de elasticidade,
ductilidade ou fragilidade, elasticidade e módulo de elasticidade.

verdadeira
L. Re. L. Re. L. Ru.
L. Ru. L. Ru.
Te

Te
Te

Te

ão

ão
ão

ão

ns

ns
ns

ns

L. Re. L. E. x L. E. x L. E. x
x Conv.

Deformação Deformação Deformação Deformação


(a) (b) (c) (d)

L. Ru. = limite de ruptura;L. Re. = limite de resistência; L.E. = limite de escoamento; x = ruptura.

(a) Material não dúctil sem deformação plástica (ex.: ferro fundido);
(b) Material dúctil com limite de escoamento (ex.: aço de baixo carbono);
(c) Material dúctil sem limite de escoamento nítido (ex.: alumínio);
(d) Curva de tensão deformação versus curva convencional.

1 Deformação plástica é a deformação permanente provocada por tensões que ultrapassam o limite de
elasticidade.
Deformação elástica é reversível; desaparece quando a tensão é removida.
Ductilidade é a deformação plástica total até o ponto de ruptura, é a capaciade que têm os corpos de se
reduzirem a fios sem se romperem. Um material dúctil tem um limite elástico além do qual ocorre deformação
permanente.
♦ Módulo de elasticidade: a maioria dos metais, algumas borrachas e os
plásticos elásticos apresentam comportamento linear abaixo de uma
determinada tensão chamada limite de elasticidade. Se a porção inicial do
gráfico tensão-deformação é linear (a deformação é proporcional à tensão),
então o material possui o módulo de elasticidade ou módulo de Young definido
como a relação entre a tensão e a deformação:

E= ___acréscimo de tensão___
acréscimo de deformação

♦ Módulo ou tensão de ruptura: alguns materiais são difíceis de serem


submetidos a ensaios de tração (por serem quebradiços). Para esses
materiais determina-se o módulo de ruptura em lugar da resistência à tração.
O módulo de ruptura fornece a tensão de ruptura à tração num ensaio de
flexão. Em um ensaio para obter a tensão de ruptura, o material é carregado
como se fosse uma viga e então será calculada a tensão de ruptura com a
seguinte fórmula:

3PL P
Tensão de ruptura (kgf) =
R= 2
2bd
d

onde P= carga de ruptura L


L= vão
b= largura do corpo de prova
d= altura do corpo de prova

♦ Formas arquitetônicas e resistência dos materiais: a baixa resistência de


alguns materiais estimula o seu emprego com formas alternativas, em
camadas ou em conjunto com outros materiais como, por exemplo, o concreto
que tem alta resistência à compressão e o aço, alta à tração. Em conjunto eles
formam o concreto armado, com alta resistência a todos os esforços.

♦ Fator de segurança: a segurança relativa de um componente estrutural é


geralmente indicada pelo fator de segurança, que é a relação entre a máxima
tensão a que está sujeito o componente e a máxima tensão que o material
pode suportar sem se romper. Deve-se levar em consideração o maior
esforço.

♦ Fluência ou deformação lenta devido à carga permanente: certos materiais


(especialmente os plásticos) estão sujeitos a uma deformação lenta (fluência)
quando submetidos a uma carga constante. Trata-se de uma deformação
plástica (a fluência não ocorre nos aços e alumínios usados nas construções).
De uma maneira geral, ela será desprezível para o concreto, relevante para a
madeira e muito importante para os plásticos.

2 NORMALIZAÇÃO

2.1 Especificações Técnicas

Em um projeto de engenharia há a necessidade, além dos cálculos, de uma


redação, sob a forma de memorial descritivo e de especificação técnica.
O memorial descritivo consiste na descrição e indicação dos materiais a serem
utilizados. As especificações técnicas indicam minuciosamente as propriedades mínimas
que os materiais devem apresentar e a técnica a ser empregada na construção.2

2.2 Como Especificar Materiais

Alguns cuidados são importantes para especificar os materiais:


(a) É necessário ser bem exato, definindo todos os elementos que possam variar de
procedência;
(b) Sempre que possível citar os dados técnicos do material, para evitar confusão e
má-fé;
(c) Convém nomear o material, a classificação, o tipo, a dimensão e eventualmente a
marca;
(d) Procurar não esquecer nenhum material;
(e) Procurar estar sempre atualizado com os catálogos dos materiais;
(f) Fazer roteiros (guias) para não esquecer detalhes;

2.3 Normalização

Elaboram-se normas com o objetivo de regulamentar a qualidade, a classificação, a


produção e o emprego dos diversos materiais. Ela contribui para eliminar
desentendimentos no recebimento das mercadorias, regulamentando as qualidades e a
forma de medição.
Segundo a própria ABNT, a Normalização é a “Atividade que estabelece, em
relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum
e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto”.
Os Objetivos da Normalização são:

Economia Proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e


procedimentos
Comunicação Proporcionar meios mais eficientes na troca de informação

2 O Memorial Descritivo é destinado a pessoas sem formação técnica e as Especificações Técnicas dirigem-se
ao construtor.
entre o fabricante e o cliente, melhorando a confiabilidade das
relações comerciais e de serviços
Segurança Proteger a vida humana e a saúde
Proteção do Consumidor Prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade
dos produtos
Eliminação de Barreiras Evitar a existência de regulamentos conflitantes sobre
Técnicas e Comerciais produtos e serviços em diferentes países, facilitando assim, o
intercâmbio comercial

Na prática, a Normalização está presente na fabricação dos produtos, na


transferência de tecnologia, na melhoria da qualidade de vida através de normas
relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente.

2.4 Entidades Normalizadoras

No Brasil a normalização cabe à ABNT – Associação Brasileira de Normas


Técnicas3, sociedade civil com intuito não lucrativo, com sede no Rio de Janeiro e tem
como finalidade elaborar normas técnicas, difundir e incentivar. Ela congrega os
seguintes tipos de sócios, espalhados por todo o país:

o sócios mantenedores – contribuem substancialmente;


o sócios coletivos – firmas ou entidades;
o sócios individuais – contribuem em menor escala;
o sócios associados – assessoram o trabalho da ABNT;

A ABNT desenvolve Programas de Certificação em diversas áreas, conforme os


modelos internacionais aceitos e estabelecidos no âmbito do Comitê de Avaliação da
Conformidade (CASCO) da ISO.
Há ainda outras instituições que atuam em campos menores, como por exemplo: a
Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e o Instituto Brasileiro de Concreto
(IBC), que estabelecem normas nos seus respectivos campos.
As entidades coordenadoras internacionais são controladas pela ISO –
International Organization for Standardization4, e por comitês continentais, como o
COPANT – Organização Pan-Americana de Normas Técnicas.

2.5 Vigência de uma Norma

As normas vão se atualizando conforme a evolução da indústria e das técnicas. A


ABNT estabelece a revisão obrigatória de cada norma de cinco em cinco anos no
máximo.

2.6 Nomenclaturas

(a) Normas – dão as diretivas para cálculos e métodos de execução de obras e


serviços, assim como as condições mínimas de segurança;
(b) Especificações – estabelecem as prescrições para os materiais;

3 http://www.abnt.org.br/
4 http://www.iso.ch
(c) Métodos de Ensaio – estabelecem os processos para a formação e o exame
de amostras;
(d) Padronizações – estabelecem as dimensões para os materiais;
(e) Terminologias – regularizam a nomenclatura técnica;
(f) Simbologia – convenções de desenho;
(g) Classificações – ordenar e dividir conjuntos de elementos;

Uma norma é caracterizada pelas iniciais indicadas, seguida do seu número de


ordem e, se necessário, dos dois últimos algarismos do ano em que foi feita ou
alterada pela última vez.

3 AGLOMERANTES

O primeiro aglomerante usado pelo homem, provavelmente foi a argila5. Talvez


devido ela não sofrer nenhum processo de tratamento e seu endurecimento é
motivado pela evaporação da água, sendo um aglomerante quimicamente inativo.
Quando a água evapora, ela adquire grande resistência.
O local causa influência na escolha dos materiais, tais como os assírios e
babilônios utilizavam-se de betume, por ser abundante naquele lugar.

3.1 Asfaltos

São materiais betuminosos6, de cor preta (ou pardo-escura), apresentando-se


sólidos ou semi-sólidos. Encontram-se dissolvidos em muitos petróleos crus, os quais
são obtidos através da evaporação ou destilação (por processos industriais), mas
também podem ser obtidos de ocorrências naturais, rochas asfálticas e asfalto nativo.
Os asfaltos são classificados nos tipos que se seguem:

(a) Cimentos asfálticos. São materiais termoplásticos7, variando a consistência de


firme a duro, em temperaturas normais, e que devem ser aquecidos até atingir a
condição de fluidos, conveniente ao seu emprego;
(b) Asfaltos líquidos. A fase semi-sólida se encontra dissolvida em óleos de grau de
volatilidade variada, conforme sejam as variedades de cura.
(c) Emulsões asfálticas; São misturas homogêneas de cimentos asfálticos e água,
com uma pequena quantidade de agente emulsificador.

3.2 Cal

É o nome genérico de um aglomerante simples, resultante de calcinação de rochas


calcárias, que se apresentam variadas devido ao processo ao qual foram submetidas e
da natureza da matéria prima.
A reação que representa a calcinação é:

5 Os fatores responsáveis pelas características aglomerantes das argilas são os silicatos de alumínio nelas
contidos.
6 Betume pode ser definido como um produto complexo, de natureza orgânica, de origem natural ou pirogênica,
composto de uma mistura de hidrocarbonetos. São materiais aglomerantes, hidrófugos, sensíveis à temperatura,
quimicamente inertes, de boa qualidade e baratos.
7 Diz-se de polímero que amolece ao ser aquecido e endurece ao ser resfriado.
CaCO3 + calor → CaO + CO2
(carbonato de cálcio + calor → óxido de cálcio + anidridos carbônicos)

O produto dessa equação chama-se cal viva e apresenta-se sob a forma de grãos
de vários tamanhos (dependendo do processo de fabricação), sendo comuns pedras
de 10 a 20 cm (pedras de cal viva).
Para ser utilizada na construção, a cal viva sofre uma operação de hidratação, com
o nome de extinção, resultando na cal extinta8 (no local do emprego do material) ou cal
hidratada (no processo industrializado):

CaO + H2O → Ca(OH)2


Para se fazer a argamassa, mistura-se a cal extinta com água e areia. Com uma
consistência mais ou menos plástica, ela endurece em um processo lento de fora para
dentro, exigindo uma certa porosidade para a evaporação da água em excesso e a
penetração do gás carbônico presente na atmosfera, daí o nome, cal aérea. A reação
da carbonatação é:

Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 + H2O

A classificação geralmente se dá pra cal aérea e segundo dois critérios:


(a) O da composição química básica: a cal cálcica e a cal magnesiana. Aonde
são levadas em consideração, as proporções químicas;
(b) O do rendimento em pasta: a cal gorda e a cal magra. Aonde é considerado o
valor do volume de pasta de cal obtido com uma tonelada de cal viva9.

Quanto ao aspecto, a cal viva é um produto de cor branca que se apresenta sob a
forma de grãos de grande tamanho e estrutura porosa, ou em pó. A cal hidratada
apresenta-se sob a forma de flocos ou em pó de cor branca. Suas propriedades em
relação a:
(a) Plasticidade10 – diz-se que a cal é plástica quando se espalha facilmente,
resultando em uma superfície lisa.
(b) Retração – a carbonatação do hidróxido realiza-se com perdas de volume,
razão pela qual o produto está sujeito à retração, que tem como
conseqüência o aparecimento de trincas.
(c) Endurecimento – ela não endurece debaixo d’água, pois é necessário a
absorção do CO2. Seu endurecimento ao ar atmosférico é muito lento (da
ordem de 10 dias).

3.3 Gesso

É o termo genérico de uma família de aglomerantes simples, constituídos


basicamente de sulfatos mais ou menos hidratados e anidros de cálcio. São obtidos
pela calcinação da gipsita natural. Na construção civil, o gesso é usado especialmente
em revestimentos e decorações de interiores.
Quanto ao aspecto, o gesso é um pó branco, de elevada finura. E quanto às suas
propriedades em relação a:
(a) Pega – o gesso endurece quando misturado com água e continua a
endurecer, tal como os outros aglomerantes, ganhando resistência, num
8 Também conhecida como cal aérea.
9 Se o rendimento em pasta for maior do que 1,82, a cal será denominada gorda, e inferior a esse valor, magra.
10 Neste aglomerante, é um termo usado para conceituar a trabalhabilidade na aplicação das argamassas.
processo que pode durar semanas. A velocidade do seu endurecimento
dependerá da temperatura e tempo de calcinação, da finura, da quantidade
de água no amassamento e da presença de impurezas ou aditivos.
(b) Resistência mecânica – o gesso, depois de endurecido, apresentará
resistência à tração entre 0,7 e 3,5 MPa e à compressão entre 5 e 15 MPa.
(c) Aderência – as pastas de gesso aderem muito bem ao tijolo, pedra e ferro e
mal às superfícies de madeira. Com o ferro há a possibilidade de corrosão
do material (não com o ferro galvanizado).
(d) Isolamento – tem excelentes propriedades de isolamento térmico e acústico
e impermeabilidade ao ar.

3.4 Aglomerantes Especiais

♦ Cimento Sorel

É um cimento de pega inferior a 24 horas, dependendo das proporções dos


elementos constituintes, e endurece completamente antes de quatro meses. É duro e
resiste muito bem à abrasão, mas sofre com a ação repetida da água.

♦ Cimentos Resistentes à Ação de Ácidos

Os aglomerantes resistentes à ação dos ácidos são produtos orgânicos,


usualmente resinas e plásticos, e entre eles há:
(a) Resina furan – é aplicada em mistura com material inerte, sob a forma de
argamassa. Tem alta qualidade e resistência.
(b) Cimentos fenólicos – são semelhantes à resina furan e seu comportamento
não é satisfatório em meio alcalino.
(c) Resinas epóxi – têm excepcionais propriedades de adesão, sendo utilizadas
na reparação de concretos danificados, por permitirem a ligação entre o
concreto novo e o velho.
(d) Enxofre – é utilizado satisfatoriamente como aglomerante resistente a
ácidos.

♦ Cal Pozolânica

É a mistura de cinza vulcânica com cal hidratada, que endurece sob a água.
Atualmente está em desuso

♦ Cal Metalúrgica

É a mistura da escória de alto forno com a cal hidratada.

♦ Cal Hidráulica

É a família de aglomerantes de composição variada, obtidos pela calcinação de


rochas calcárias que natural ou artificialmente possuem materiais argilosos. Endurece
sob a água e com CO2.
4 CIMENTO PORTLAND

4.1 Definição

O Cimento Portland é uma substância em pó, utilizada como aglomerante ou para


ligar certos materiais, e que, umedecida, se usa em estado plástico, endurecendo,
depois, pela perda da água. É um material pulverulento, constituído de silicatos11 e
aluminatos12 de cálcio, praticamente sem cal livre. Resulta da moagem de um produto
denominado clínquer13, obtido pelo cozimento até a fusão incipiente de mistura de
calcário e argila convenientemente dosada e homogeneizada, de tal forma que toda
cal se combine com os compostos argilosos.

4.2 Composição

Os componentes principais, cuja determinação é feita a partir de uma análise


química, são: cal (CaO), sílica (SiO2), alumina (Al2O3), óxido de ferro (Fe2O3),
magnésia (MgO), álcalis (Na2O e K2O), e sulfatos (SO3). Cal, sílica, alumina e óxido de
ferro são os componentes essenciais do cimento Portland e constituem, geralmente,
95 a 96% do total na análise de óxidos.
Essas matérias primas, em proporções adequadas, sob a ação do calor e através
de reações químicas formarão o clínquer.

11 Numeroso grupo de substâncias minerais constituídas pela combinação da sílica com um ou mais óxidos
metálicos e água, e que constituem fração importante das rochas da crosta terrestre.
12 Qualquer derivado do hidróxido de alumínio em que o hidrogênio foi substituído.
13 Calcário e silicato semifundidos e aglutinados de que se obtém o cimento por moagem.
Figura 1 – Clínquer
A – C3S – Silicato tricálcico
B – C2S – Silicato bicálcico
C – Material intersticial – pode ser ferro, vidro, etc.

É importante conhecer as proporções dos compostos constituintes no cimento para


saber as suas propriedades finais e também do concreto.
O silicato tricálcico é o maior responsável pela resistência em todas as idades,
especialmente até o fim do primeiro mês de cura. O silicato bicálcico adquire maior
importância no processo de endurecimento em idades mais avançadas, sendo o maior
responsável pela resistência a um ano ou mais. O aluminato tricálcico contribui para
resistência no primeiro dia (especialmente) e o ferro aluminato de cálcio em nada
contribui para resistência.
Usa-se na química dos cimentos, uma notação própria, para facilitar o estudo e
compreensão dos fenômenos no aglomerante:

CaO – C
SiO2 – S
Fe2O3 – F
Al2O3 – A

Nos cimentos brasileiros, são os seguintes teores médios dos compostos:

C3S – 42 a 60%
C2S – 14 a 35%
C3A – 6 a 13%
C4AF – 5 a 10%

Em resumo, as características destes compostos, podem ser vistas como:

Propriedade C3S C2S C3A C4AF


Resistência Boa Boa Fraca Fraca
Intensidade de reação Média Lenta Rápida Rápida
Calor desenvolvido Médio Pequeno Grande pequeno

4.3 Propriedades Físicas

As propriedades físicas do cimento Portland são consideradas sob três aspectos:


♦ propriedades do produto em sua condição natural, em pó;
♦ da mistura de cimento e água e proporções convenientes de pasta;
♦ da mistura da pasta com agregado padronizado – as argamassas.

4.3.1 Densidade

A densidade absoluta do CP é usualmente considerada como 3,15. Na pasta de


cimento, ela é variável com o tempo, aumentando à medida que progride o processo
de hidratação, de natureza extremamente complexa que é um fenômeno conhecido
por retração.

4.3.2 Finura

A finura do cimento é uma noção relacionada com o tamanho dos grãos do


produto. É definida pelo tamanho máximo do grão e pelo valor da superfície específica
(soma das superfícies dos grãos contidos em um grama de cimento).
A finura irá influenciar diretamente na velocidade de reação de hidratação do
produto e conseqüentemente na qualidade final. Com seu aumento, irá melhorar a
resistência (principalmente inicialmente), diminui a exsudação14, aumenta a
impermeabilidade, a trabalhabilidade e a coesão dos concretos e diminui a expansão
em autoclave15.

14 É o fenômeno que consiste na separação espontânea da água da mistura, que naturalmente aflora pelo efeito
conjunto da diferença de densidade entre o cimento e a água o grau de permeabilidade que permanece na pasta;
transpiração;
15 Grande recipiente metálico, vertical, horizontal, ou esférico, fixo ou rotativo, com revestimento interno
anticorrosivo, e no qual se põe os produtos e se injeta o reagente químico, a quente e sob pressão, para obter a pasta
química.
4.3.3 Trabalhabilidade

Por ser uma noção subjetiva, são atributos importantes das misturas frescas.

4.3.4 Tempo de Pega

O fenômeno de pega do cimento compreende a evolução das propriedades


mecânicas da pasta no início do processo de endurecimento, propriedades
essencialmente físicas, conseqüente, entretanto, a um processo químico de hidratação. É
o momento em que a pasta adquire certa resistência, ficando imprópria ao trabalho.
A caracterização da pega é feita pela determinação de dois tempos distintos – o
tempo de início e o tempo de fim da pega, medidos através de um aparelho (Vicat) que
analisará a penetração de uma agulha em uma pasta de cimento.

Fatores que influem na pega:


♦ Finura do cimento;
♦ Temperatura;
♦ Substâncias adjuvantes16;
♦ Quantidade de água;

Aparelho de Vicat

No Brasil, como não existe uma classificação quanto à pega, podemos adotar a
seguinte ordenação:

16 Que ajuda ou auxilia; adjutório.


Pega rápida < 30 min
Pega semi-rápida - 30 a 60 min
Pega normal > 60 min

4.3.5 Resistência

A resistência dos cimentos é determinada pela ruptura à compressão de corpos-de-


prova (que variam com o país) realizados com argamassa. No Brasil, o corpo-de-prova
tem uma forma cilíndrica com 10 cm de altura e 5 cm de diâmetro (NBR 7215).
Os corpos-de-prova são conservados em câmara úmida por 24 h e a seguir
imersos em água até a data do rompimento, que será com idades de 1, 3, 7 e 28 dias.
Para o Brasil, a norma exige resistência mínima de 8 MPa aos 3 dias, 15 MPa aos 7 dias
e 25 MPa aos 28 dias.

4.3.6 Exsudação

A exsudação é um fenômeno de segregação que ocorre na pastas de cimento. Os


grãos de cimento se sedimentam, por gravidade, e expulsam a água, que terá o nome de
exsudação.
A exsudação ocorre antes da pega e dependerá da finura do cimento.

4.4 Propriedades Químicas

As propriedades químicas do cimento Portland estão diretamente ligadas ao


processo de endurecimento por hidratação. É um processo complexo, que compreende a
dissolução na água, precipitação de cristais e gel17 com hidrólises e hidratações dos
componentes do cimento. O processo é rápido no clínquer simplesmente pulverizado. O
aluminato tricálcico presente é, de um modo geral, considerado o responsável pelo início
imediato do processo de endurecimento, que originará um produto com pega rápida, o
que não é interessante para o engenheiro (trabalhabilidade). O que se faz é adicionar
sulfato de cálcio hidratado natural (gipsita), ao clínquer antes da operação de moagem
final.
O gesso age no retardamento do tempo de pega devido ser muito baixa a
solubilidade dos aluminatos anidros18 em solução supersaturada de gesso.
Obs.: o processo é muito mais complexo que o descrito anteriormente, que está
apenas dando uma visão geral e resumida.

4.5 Estabilidade

17 Sistema coloidal constituído por uma fase dispersora líquida e uma fase dispersa sólida, e que apresenta
propriedades macroscópicas (elasticidade, manutenção de forma, etc.) parecidas às dos sólidos.
18 Que não contém água.
Para que um cimento seja estável, é necessário que nenhum de seus compostos
sofra, uma vez endurecido, expansão volumétrica prejudicial e destrutiva, que é resultado
da hidratação de cal e magnésia livre presente.
Acredita-se que o periclásio19, magnésia cristalizada, é o maior responsável pela
expansão excessiva, não tendo qualquer contribuição a magnésia dissolvida e por isso,
aceita-se, hoje, ser de 2% o teor máximo permissível de MgO, para prevenir a
instabilidade.
Pode-se medir a estabilidade e expansão do cimento através do ensaio de
expansão em autoclave, que no Brasil é utilizada a agulha de Le Chatelier (ver figura
abaixo), que é constituída por uma forma cilíndrica de chapa de latão com 30 mm de
altura e 30 mm de diâmetro, com uma fenda aberta segundo uma geratriz, que tem duas
hastes soldadas às bordas das fendas, destinadas a multiplicar a medida da abertura, que
aumenta com a expansão do núcleo de pasta soldada no interior do cilindro.

Agulha de Le Chatelier (vista de cima)

4.6 Calor de Hidratação

As reações de pega e endurecimento do concreto são exotérmicas.


Este desenvolvimento de calor eleva a temperatura da pasta, argamassa ou
concreto, sobretudo se forem reações rápidas.
A quantidade de calor liberada é função da composição do clínquer e é expressa
em calorias por grama.
O calor de hidratação é a quantidade de calor, em calorias por grama de cimento
anidro, desenvolvida depois da completa hidratação, a uma dada temperatura.
O interesse do conhecimento do valor do calor de hidratação do cimento reside na
possibilidade do estudo da evolução térmica durante o endurecimento do concreto em
obras volumosas.

4.7 Resistência aos Agentes Agressivos

Nos concretos em contato com a água e com a terra podem ocorrer fenômenos de
agressividade, pois estas podem conter substâncias químicas suscetíveis a reações com
certos constituintes do cimento presentes no concreto.
♦ Águas puras atacam o cimento hidratado por dissolução da cal existente. (Ex.:
água do degelo)

19 Mineral monométrico, óxido de magnésio; periclasita.


♦ Águas ácidas agem sobre a cal do cimento hidratado. (Ex.: água da chuva).
♦ Águas oriundas de resíduos industriais e de charcos contendo ácidos orgânicos,
podem ser igualmente agressivas.
♦ Águas do mar contêm numerosos sais em solução, entre os quais os sulfatos
de cálcio, o sulfato de magnésio e o cloreto de sódio.

4.8 Classificação

Em cada país, a indústria produz o cimento de acordo com suas normas, com
algumas exceções (cimentos especiais). No Brasil, a partir de 1991, os cimentos portland
passaram a ter novas denominações, conforme a norma NBR 5732:

♦ CIMENTO PORTLAND COMUM;


a) CP I : Cimento Portland Comum;
b) CP I – S : Cimento Portland Comum com Adição;

♦ CIMENTO PORTLAND COMPOSTO;


a) CP II.E : Cimento Portland Composto com Escória;
b) CP II.Z : Cimento Portland Composto com Pozolana;
c) CP II.F : Cimento Portland Composto Filer20;

♦ CIMENTO PORTLAND DE ALTO FORNO (CP III);


♦ CIMENTO PORTLAND POZOLÂNICO (CP IV);
♦ CIMENTO PORTLAND DE ALTA RESISTÊNCIA INICIAL (CP V-ARI);
♦ CIMENTO PORTLAND BRANCO (CP B);
♦ CIMENTO PORTLAND RESISTENTE AOS SULFATOS (CP – RS);
♦ CIMENTO PORTLAND DE BAIXO CALOR DE HIDRATAÇÃO (CP – BC);

Os cimentos portland normalizados são designados pela sigla e pela classe de


resistência. A sigla corresponde ao prefixo CP acrescido do algarismo romano, sendo as
classes de resistências indicadas pelos números 25, 32 e 40. As classes de resistência
apontam os valores mínimos de resistência à compressão (expressos em Mega Pascal -
MPa) garantidos pelos fabricantes, após 28 dias de cura.
Os Cimentos Portland são definidos para efeito de verificação de conformidade, por
suas classes, conforme indicado a seguir:
♦ Classe 25
♦ Classe 32
♦ Classe 40
Obs : 1 MPa (Mega Pascal) = 10,19 kg/cm2

DESIGNAÇÃO

Sigla Designação Classe NBR


CP I Cimento Portland Comum 25, 32, 40 5732
CP I S Cimento Portland Comum com Adição 25, 32, 40 5732
CP II E Cimento Portland Composto c/ Escória 25, 32, 40 11578
CP II F Cimento Portland Composto c/ Fíler 25, 32, 40 11578
CP II Z Cimento Portland Composto c/ Pozolana 25, 32, 40 11578

20 Material incolor, sólido, que se usa como diluente de pigmentos


CP III Cimento Portland de Alto Forno 25, 32, 40 5735
CP IV Cimento Portland Pozolânico 25, 32 5736
CP V ARI Cimento Portland de Alta Resistência - 5733

4.9 Armazenamento

O cimento é um produto perecível, portanto é preciso atentar para os cuidados


necessários à sua conservação, pelo maior tempo possível, no depósito ou no canteiro de
obras. O cimento é embalado em sacos de papel kraft21 de múltiplas folhas. É preciso
evitar a todo custo que o cimento estocado entre em contato com a água. Por isso, o
cimento deve ser estocado em local seco, coberto e fechado de modo a protegê-lo da
chuva, bem como afastado do chão, do piso e das paredes externas ou úmidas, longe de
tanques, torneiras e encanamentos, ou pelo menos separados deles. Recomenda-se
iniciar a pilha de cimento sobre um tablado de madeira, montado a pelo menos 30 cm do
chão ou piso e não formar pilhas maiores do que 10 sacos, se o cimento for ficar estocado
por mais de quinze dias.
É recomendável utilizar primeiro o cimento estocado há mais tempo, o que evita
que um lote fique estocado por tempo excessivo, já que o cimento, bem estocado, é
próprio para uso por três meses, no máximo, a partir da data de sua fabricação. A
fabricação do cimento processa-se rapidamente. O clínquer de cimento portland sai do
forno a cerca de 80ºC, indo diretamente à moagem, ao ensacamento e à expedição,
podendo, portanto, chegar à obra ou depósito com temperatura de até 60 ºC. Não é
recomendável usar o cimento quente, pois isso poderá afetar a trabalhabilidade da
argamassa ou do concreto. Deve-se deixá-lo até atingir a temperatura ambiente.
É fundamental a estocagem correta, pois não apenas há o risco de perder-se parte
do cimento, como também se acaba reduzindo a resistência final do cimento que não
chegou a estragar.

5 ARGAMASSAS

5.1 Conceituação

Argamassas são materiais constituídos pela mistura de um ou mais aglomerantes,


agregado miúdo22 e água, podendo ainda ser adicionados produtos especiais para
melhorar ou acrescentar certa característica ao conjunto.
O aglomerante e água formam a pasta, que têm elevado custo e efeitos
secundários, como a retração. As que têm excesso de água, fornecem as natas. As natas
de cal são utilizadas em revestimento e pintura; as de cimento são preparadas para a
ligação de argamassas e concreto de cimento e para injeções.
Quando é misturado um agregado miúdo à pasta, forma-se a chamada argamassa,
portanto ela é constituída por um material ativo (a pasta) e um material inerte (o agregado
miúdo).

21 É uma embalagem usada no mundo inteiro, para proteger o cimento da umidade e do manuseio no transporte,
ao menor preço para o consumidor.
22 Agregado graúdo - Classe de agregado (4) cujo diâmetro máximo é superior a 4,8mm, e que compreende a
brita, a pedra-de-mão e o pedregulho natural.
Agregado miúdo - Classe de agregado (4) cujo diâmetro máximo é inferior a 4,8mm, e que compreende a
areia, o pó-de-pedra e o pedrisco.
5.2 Emprego

a. Assentamento de pedras, tijolos e blocos nas alvenarias;


b. Trabalhos de acabamento como o reboco;
c. Acabamento de tetos e pisos;
d. Reparos de obras de concreto;
e. Injeções;

5.3 Qualificação das Argamassas

A argamassa deverá ter:


a. Resistência mecânica;
b. Compacidade23;
c. Impermeabilidade;
d. Aderência;
e. Constância de volume;
f. Durabilidade;

A importância destas condições dependerá da finalidade da argamassa e será


diretamente influenciada pela qualidade e quantidade do aglomerante e do agregado e
pela quantidade de água.
Para melhor qualidade é necessário que todos os grãos sejam envolvidos pela
pasta e os vazios sejam completamente preenchidos.

Para ter uma melhor aderência entre a pasta e o agregado, algumas condições
deverão ser observadas:

a. Os grãos do agregado deverão ser hidrófilos24;


b. Os grãos do agregado deverão ser molhados pela água, para permitir o
endurecimento;
c. Deverá existir uma relação de afinidade entre os grãos inertes e o aglomerante;
d. Os grãos inertes deverão ser, indispensavelmente, limpos, para que ocorra a
aderência entre eles e o aglomerante;
e. A finura dos grãos, com excesso de finos, influenciará (de maneira negativa) na
gelividade25, impermeabilidade, resistência mecânica e durabilidade;

5.4 Classificação das Argamassas

As argamassas serão classificadas de acordo com o ponto de vista.

♦ Segundo o emprego, podem ser classificadas em:

23 Relação entre o volume realmente ocupado pelas partículas de um solo e o volume aparente deste, a qual
varia conforme as dimensões dos poros existentes entre aquelas partículas.
24 Ávido de água. Que a absorve bem.
25 Propriedade que apresenta um material ou um solo de se desagregar ou expandir por efeito da congelação da
água contida em seus interstícios.
I. Comuns (obras em geral) que se subdividem em:
a. Argamassas para rejuntamento nas alvenarias;
b. Argamassas para revestimento;
c. Argamassas para pisos;
d. Argamassas para injeções;
II. Refratárias, quando devem resistir a elevadas temperaturas;

♦ Segundo o tipo de aglomerante classificam-se em:


I. Aéreas, de cal aérea e gesso;
II. Hidráulicas, de cal hidráulica ou cimento;
III. Mistas, com um aglomerante aéreo e um hidráulico, geralmente cal
aérea e cimento.

♦ Segundo o número de elementos ativos, são classificadas em:


I. Simples (um elemento ativo);
II.Composta (mais de um elemento ativo);

♦ Segundo a dosagem podem ser classificadas em:


I. Pobres ou magras, quando o volume de aglomerantes é insuficiente
para preencher os vazios;
II. Cheias, quando os vazios são preenchidos pela pasta;
III. Ricas ou gordas, quando há excesso de pasta;

♦ Segundo a consistência podem ser:


I. Secas;
II. Plásticas;
III. Fluidas;

6 CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND

6.1 Conceituação

O concreto (hidráulico) é um material de construção constituído por mistura de um


aglomerante com um ou mais materiais inertes e água, para que obtenha trabalhabilidade
e características distintas.
Os seus componentes são:
♦ Cimento
♦ Agregado graúdo26
♦ Agregado miúdo
♦ Água

26 Agregado graúdo - Classe de agregado (4) cujo diâmetro máximo é superior a 4,8mm, e que compreende a
brita, a pedra-de-mão e o pedregulho natural.
Agregado miúdo - Classe de agregado (4) cujo diâmetro máximo é inferior a 4,8mm, e que compreende a
areia, o pó-de-pedra e o pedrisco.
Pode-se ainda, adicionar aditivos para que ele adquira certas características
(impermeabilidade, diminuição do calor de hidratação, rápido aumento da resistência,
maior durabilidade, maior plasticidade, etc.)
Para conseguir o equilíbrio entre resistência, economia, durabilidade e aparência, o
engenheiro deverá estudar:
♦ As propriedades de cada um dos materiais componentes
♦ As propriedades do concreto e os fatores que podem alterá-lo
♦ As proporções adequadas e a execução da mistura, para obter as
características desejáveis.
♦ Os meios de transporte, lançamento e adensamento compatíveis com a obra
♦ O modo de executar o controle em todas as etapas do concreto

Como o concreto é formado pela pasta e pelos agregados, cada um terá uma
função distinta.
A pasta terá como função:
♦ Envolver os agregados, encher os vazios e dar manuseio
♦ Aglutinar os agregados para promover impermeabilidade, resistência e
durabilidade

A função dos agregados será:


♦ Contribuir para a resistência, ao desgaste e à ação de intempéries
♦ Reduzir as variações de volume
♦ Reduzir os custos

6.2 Fatores que influenciam na qualidade do concreto

Ao se fazer o concreto, o engenheiro deverá observar: a facilidade de emprego, a


resistência mecânica, a durabilidade, a impermeabilidade e a constância do volume
sempre tendo em vista o fator econômico. Portanto, para obter qualidade, deverá ser
levado em consideração:

I. Seleção cuidadosa dos materiais quanto a:


♦ Tipo e qualidade
♦ Uniformidade

II. Proporção correta:


♦ Do aglomerante
♦ Do agregado
♦ Da quantidade de água
♦ Do aditivo

III. Manipulação adequada, quanto à:


♦ Mistura
♦ Transporte
♦ Lançamento
♦ Adensamento

IV. Cura cuidadosa


6.3 Agregados

Agregado é o material granular inerte (pedra, areia, etc.), sem forma e volume
definidos, que participa da composição de concretos, argamassas e alvenarias, cujas
partículas são ligadas entre si por um aglutinante. São empregados em várias áreas da
construção civil (lastros, camadas de pistas, argamassas, etc.).
Os agregados podem ser classificados em:
a. De acordo com a sua origem
 Naturais (areias e pedregulhos encontrados na natureza)
 Artificiais (areias e pedras obtidas pela moagem)

b. De acordo com o seu tamanho


 Agregados graúdos (material que fica retido na peneira n° 4, com
abertura de malha quadrada de 4,8 mm)
 Agregados miúdos (material que passa na peneira n° 4, com
abertura de malha quadrada de 4,8 mm)

6.4 Aditivos

Aditivos são substâncias que são adicionadas ao concreto com a finalidade de


reforçar ou melhorar certas características. Portanto, eles podem ser utilizados para:
♦ Aumento de compacidade
♦ Acréscimo de resistência aos esforços mecânicos
♦ Melhora da trabalhabilidade
♦ Melhora na impermeabilidade
♦ Diminuição na retração
♦ Aumento na durabilidade
♦ Aptidão de ser injetado
♦ Diminuição do calor de hidratação
♦ Retardamento ou aceleração da pega

Os aditivos podem ser classificados em:


a. Plastificantes
b. Incorporadores de ar
c. Produtos de cura
d. Dispersores
e. Impermeabilizantes
f. Produtores de gás ou espuma

6.5 Classificação dos concretos

♦ Conforme o modo de fabricação:


Fabricação no local;
Pré-misturado
♦ Campo de aplicação:
Concreto massa – utilizado em barragens.
Concreto estrutural – utilizado em edifícios e pontes.

♦ Peso específico:
Concreto pesado үc = 2,8 a 5,0 tf/m³
Concreto normal үc = 2,0 a 2,8 tf/m³
Concreto leve үc = 1,2 a 2,0 tf/m³
Concreto leve para isolamento térmico үc = 0,7 a 1,6 tf/m³

6.6 Propriedades do concreto fresco

São propriedades do concreto fresco: a consistência, a textura, a trabalhabilidade,


a integridade da massa, o poder de retenção da água e a massa específica.

6.6.1 Trabalhabilidade

É a propriedade do concreto fresco que indica a sua aptidão para ser empregado
com determinada finalidade, sem perda de sua homogeneidade. A trabalhabilidade
compreende três propriedades fundamentais: a consistência ou fluidez, a compacidade e
o travamento.
A consistência é função da quantidade de água.
A compacidade varia com os vazios e o tamanho dos grãos.
O travamento é função da quantidade de finos e da continuidade dos diâmetros de
grãos.
Os processos para medir a trabalhabilidade baseiam-se em:
♦ A trabalhabilidade é medida pela deformação causada a uma massa de
concreto fresco, pela aplicação de uma força predeterminada;
♦ A trabalhabilidade é medida pelo esforço necessário a ocasionar, em uma
massa de concreto fresco, uma deformação preestabelecida.
Alguns tipos de ensaios de trabalhabilidade:
♦ Ensaio de consistência pelo abatimento do tronco de cone
♦ Ensaios de escorregamento sem e com limitações
♦ Ensaios de penetração

6.6.2 Exsudação

Exsudação é a tendência da água de amassamento de vir à superfície do concreto


recém lançado. Em conseqüência, a parte superior do concreto torna-se excessivamente
unida, produzindo um concreto poroso e menos resistente.
A água, ao subir à superfície, pode carregar partículas finas de cimento, formando
uma pasta, que impede a ligação de novas camadas de material e deve ser removida
cuidadosamente.
A exsudação pode ser controlada pela proporção adequada de um concreto
trabalhável, evitando-se o emprego de água além do necessário. Ás vezes corrige-se a
exsudação adicionando-se grãos relativamente finos, que compensam as deficiências dos
agregados.

6.7 Propriedades do concreto endurecido

6.7.1 Peso específico

O peso específico do concreto endurecido depende de muitos fatores,


principalmente da natureza dos agregados, da sua granulométrica e do método de
compactação empregado Será tanto maior quanto maior for o peso específico dos
agregados usados e tanto maior quanto mais quantidade de agregado graúdo contiver.
A variação do peso específico, contudo, é pequena, podendo-se tomar para o
concreto simples um valor de 2,3 tf/m³ e para o concreto armado de 2,5 tf/m³.

6.7.2 Deformações

As deformações do concreto podem ser de duas naturezas:


♦ Deformações causadas por variação das condições ambientes: retração e
deformações provocadas por variações de umidade e temperatura ambiente;
♦ Deformações causadas pela ação de cargas externas: deformação imediata,
deformação lenta, deformação lenta recuperável e fluência.

Efeitos da Elevação da Temperatura na


Resistência do Concreto

100

90

Tração(%)
80
Compressão (%)
70

60

50
%

40

30

20

10

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