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Capítulo 22

Cal na construção civil

Dra. Maria Alba Cincotto - Poli/USP


Quím. Valdecir Ângelo Quarcioni – IPT
Dr. Vanderley Moacyr John- Poli/USP.

Livro: Materiais de Construção Civil


Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia
O que é a cal

• A cal é um aglomerante inorgânico, produzido a partir de rochas


calcárias, composto basicamente de cálcio e magnésio, que se
apresenta na forma de um pó muito fino.

• Existem duas formas de cal no mercado: cal virgem e cal


hidratada.

• A cal virgem é constituída predominantemente de óxidos de


cálcio e magnésio.

• A cal hidratada, de uso mais comum na construção civil, é


constituída de hidróxidos de cálcio e de magnésio, além de uma
pequena fração de óxidos não hidratados e de carbonatos de
cálcio e magnésio .
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Quadro 1 – Resumo das espécies químicas presentes nas cales.

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Quadro 2 – Calcáreo e cales cálcicas – composição teórica percentual calculada
a partir de matérias primas puras.

Quadro 3 – Dolomito e cales dolomíticas – composição teórica percentual.

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Produção da cal

• Extração da matéria prima e britagem;


• Seleção da faixa granulométrica ótima e transporte para o
forno;
• Calcinação e controle do grau de calcinação;
• Moagem adequada para cada tipo de hidratador;
• Armazenamento da cal virgem;
• Hidratação e moagem;
• Ensacamento e distribuição para comercialização.

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Matéria prima

Rochas carbonáticas sedimentares:


• Calcários
- mineral predominante: calcita = CaCO3 (CaO.CO2)

• Dolomitos
- mineral predominante:
dolomita = (Ca, Mg)(CO2)2 = (CaCO3.MgCO3) = (CaO.MgO. 2CO2)

• Especificação
CaO + MgO  88% ou  90% (dependendo do tipo de cal produzido)

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Quadro 4 – Exemplo de composição química de matérias primas nacionais.

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Reações de transformações no processo

• Calcário:
CaCO3 (s)  CaO (s) + CO2 (g) T: 660°C - 900°C

• Dolomito:
- 1ª etapa:
CaCO3.MgCO3 (s)  CaCO3 (s) + MgO (s) + CO2 (g)
T: ~250°C - 380°C
- 2ª etapa, análoga à decomposição da calcita:
CaCO3 (s)  CaO (s) + CO2 (g) T: 660°C - 900°C
- Reação global:
CaCO3.MgCO3 (s)  CaO (s) + MgO (s) + 2CO2 (g)

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Calcinação da matéria prima

• Características do processo:
- tipo de forno,
- combustível empregado,
- tamanho da pedra de calcinação,
- tempo de residência para calcinação,
- volume de produção.
- Características objetivadas para a cal virgem:
- elevada reatividade,
- baixo teor de carbonatos não transformados.

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Quadro 5 – Características de fornos de calcinação nacionais.

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MATÉRIA PRIMA
-Q carbonatos
CO2
CO2
H 2O
+Q

CAL VIRGEM CAL HIDRATADA


Óxidos Hidróxidos

H 2O +Q

Figura 1 – O ciclo de transformações da matéria prima e da cal.

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Características da cal virgem

• Quanto ao teor de magnésio:

- cálcica, procedente de calcário;


- magnesiana, procedente de calcário dolomítico;
- dolomítica, procedente de dolomito.

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Características da cal virgem

• Quanto à reação com a água (extinção):

- resíduo de extinção: fração supercalcinada não hidratável + teor


de impurezas da rocha matriz.
- tempo de início de extinção:
rápida (t < 5 min);
média (t entre 5 e 30 min);
lenta (t > 30 min).
- tempo para atingir a temperatura máxima de reação:
altamente reativa: 10 min; reatividade média: entre 10 e 20
min; baixa reatividade: > 20 min.
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Quadro 6 – Exemplos de composição percentual de diferentes cales virgens.

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•Figura 2 – Micrografias de amostra de cales obtidas de diferentes matérias
primas, ao microscópio eletrônico de varredura. Aumento :3.000x (Cincotto, 1987)

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•Quadro 7 – Cal virgem para construção,
•exigências químicas (NBR 6453, ABNT 2003)

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•Quadro 8– Cal virgem para construção,
•exigências químicas (NBR 6453, ABNT 2003)

•Quadro 9 –Parâmetros de ensaio da reatividade da cal virgem

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•Quadro 10– Exemplo de dados de reatividade da cal virgem (Concotto, 1987).

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•Figura 3 – Curvas de evolução da hidratação de cal virgem cálcica (a) e dolomítica (b)

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Cal hidratada

Reações de hidratação:

• CaO + H2O  Ca(OH)2


• MgO + H2O  Mg(OH)2

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Cal hidratada

Características da composição química:


• Óxidos totais:
- teor relacionado à pureza da matéria prima
• Resíduo insolúvel:
- teor relacionado às impurezas ou materiais de adição
• Anidrido carbônico:
- teor relacionado ao grau de calcinação da matéria prima
• Água combinada:
- teor relacionado ao grau de hidratação da cal virgem
• Óxidos livres:
- teor relacionado à hidratação e à supercalcinação da matéria
prima.
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Quadro 11 – Exemplo de resultados, em %, de análise química de cal hidratada
(NBR 6473, ABNT, 2003)

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•Quadro 12 – Cal hidratada para construção,
•exigências químicas (NBR 6453, ABNT 2003)

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•Quadro 13 – Cal hidratada para construção,
•requisitos físicos (NBR 6453, ABNT 2003)

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•Quadro 14 – Cal hidratada , caracterização física.

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Figura 7 – Visão geral
do equipamento de
determinação da
retenção de água (IPT,
2007).

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Cálculo da retenção de água

• A – consistência após a sucção;


• B – consistência antes da sucção.

A  125
RA  .100
B  125

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Rendimento

Melhor rendimento da pasta



Melhor rendimento da argamassa

a) volume de água a adicionar a 100 gramas de cal hidratada, até


a passagem do estado de uma pasta coesa para uma calda
fluida.

b) pasta preparada com uma mistura de x g de material seco e 2x


de água e deixada em repouso por 24 horas; o rendimento é o
volume de pasta medido, descontando-se a quantidade de
água exsudada.
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•Quadro 15 – Exemplo de resultados do volume mínimo de água para o preparo
de calda de cal hidratada.

•Quadro 16 – Volume de pasta após 24 horas de maturação.

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Ensaios normalizados

• Finura (NBR 9289/00)

• Estabilidade (NBR 9205/01)

• Retenção de água (NBR 9290/96)

• Plasticidade (NBR 9206/03)

• Consistência normal (NBR 14399/99)

• Capacidade de incorporação de areia (9207/00)

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Figura 8 –
Uma visão
geral do
plasticímetro
de Emley (IPT,
2007).

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Figura 9 – Uma visão
geral do plastômetro
de Voss (IPT, 2007).

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Figura 10 – Correlação entre resíduos insolúveis e óxidos totais (John, 2003).
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Cal de carbureto

• Cal residual da produção de acetileno.

• Reações de processo:
4 CaCO3 + 4 C  2 Ca2C + 6 CO2
2 Ca2C + 4 H2O  C2H2 + 4 Ca(OH)2

• Contém elevado teor de hidróxido de cálcio.


• Reatividade mais baixa do que a cal industrial.

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•Quadro 17 – Composição química percentual de cales residuais.

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•Quadro 18 – Composição percentual calculada de cales residuais.

•Quadro 19 – Propriedade físicas de cales residuais.

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Cal hidráulica

• Contém compostos hidráulicos - silicato dicálcico (2CaO.SiO2),


aluminato tricálcico (3CaO.Al2O3) e ferrita (4CaO.Al2O3.Fe2O3) -
e cal hidratada.

• Índice de hidraulicidade:
i = [2,8.(% SiO2) + 1,1.(% Al2O3) + 0,7.(% Fe2O3)] / [(% CaO) + 1,4.(% MgO)]

• Produzida pela calcinação de marga (calcário argiloso), não


encontrado no Brasil.

• As misturas de cal com pozolanas ou escória de alto-forno


podem ser consideradas como cal hidráulica.
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•Quadro 20 – Composição de cales hidráulicas.

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Aplicação: Tinta à base de cal (caiação)

• Suspensão leite de cal preparada a partir de cal virgem ou


hidratada.
• A composição é melhorada pelo emprego de adições, agentes
aglutinantes, óleos naturais, como o de linhaça, fixadores e
corantes compatíveis com a cal.
• É de baixo custo. Não é indicada somente para aplicação
sobre superfícies lisas, como gesso, madeira, metais ou
repintura sobre outras superfícies pintadas. É indicada sobre
superfícies rugosas onde a camada de pintura adere por
ancoragem.
• A durabilidade da caiação é sensivelmente reduzida em zonas
industriais onde predomina a chuva ácida, que dissolve a
camada de pintura constituída de carbonatos de cálcio e de
magnésio.

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Figura 11 –
Imagem de uma
cidade no
Mediterrâneo
(Grécia) ilustrando
o uso da caiação
como pintura.

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Aplicação: Bloco sílico-calcário

• São fabricados com cal e agregados finos quartzosos,


moldados por compactação e submetidos à hidratação em
autoclave (T entre 150°C e 200°C ).

• O produto essencial formado é o silicato de cálcio hidratado,


cristalizado na estrutura da tobermorita.

• A resistência mecânica depende da porosidade, influenciada


pelo empacotamento granulométrico das partículas, pelo teor
de água, pela energia de compactação e pelo volume de
produtos hidratados formados durante a autoclavagem.

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Adição da cal ao concreto

• A adição de cal hidratada à mistura, contendo elevados teores


de adições - cinzas volante e de casca de arroz, sílica ativa e
metacaulinita - tem a finalidade de manter o pH da água do
poro e aumentar o teor de Ca(OH)2, melhorando a durabilidade
do concreto.

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Adição da cal ao concreto

• EFEITOS:
• Por aumento da quantidade de finos demandam maior
quantidade de aditivo dispersante para obtenção da
trabalhabilidade ótima.
• Têm coeficientes de permeabilidade ao oxigênio da mesma
ordem de grandeza que os concretos sem cal, e coeficientes
menores do que os concretos de referência sem substituição.
• A absorção capilar à água é menor.
• Reduz a velocidade de carbonatação do concreto.
• Aumenta a difusão de cloretos. Diminui a relação [Cl-/OH-] que
controla o risco de corrosão.

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