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estimar
recalque em
fundações
Guia da Engenharia
prefácio
2
[ 5 ] os conceitos iniciais [ 39 ] recalque em areias
por trás do recalque nos através do método de
solos Schmertmann
[ 24 ] exercícios resolvidos
de recalque em solos
argilosos
sobre o autor
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Meu nome é Filipe Marinho e serei seu ajudante nessa
jornada de conhecimento.
Para você ir me conhecendo, sou Engenheiro Civil,
graduado na Universidade Federal do Piauí, sou
Especialista em Estruturas de Concreto e Fundações.
Também fui professor substituto das disciplinas de
Mecânica dos Solos na Universidade Federal do Piauí.
Atuo profissionalmente elaborando Projetos Estruturais e
de Fundações.
Além disso, sou um pseudosommelier de cervejas e cafés e
poeta fajuto nas horas vagas.
Depois dessa breve apresentação, espere que você goste do
conteúdo que preparei para você. Aproveite a leitura!
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“Não há nada que eu
acredite mais
fortemente do que
jovens interessados em
ciência e engenharia,
para um futuro melhor,
para toda a
humanidade.”
Bill Nye
1
5
os conceitos iniciais
por trás do recalque
nos solos
Conceitos iniciais
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fundações, bem como o desaprumo de edifícios, ocorrem
em qualquer edificação, e não só nos famosos casos citados
acima. Porém, é comum que tais deformações tenham
pequenas dimensões e sejam praticamente imperceptíveis a
olho nu!
Nós chamamos de recalque absoluto ( ) o que ocorre em
cada sapata isoladamente e recalque diferencial ( ), ou
relativo, o que ocorre entre duas sapatas.
Ou seja, se o recalque em cada sapata for de 2,0 cm,
podemos dizer que o recalque absoluto em cada uma foi
correspondente a tal valor, porém, o recalque diferencial
entre as duas é zero, visto que as duas sofreram o mesmo
recalque.
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diferenciais, pois esses acabam por gerar tensões internas
nas peças estruturais, além de desaprumos, como já citados
anteriormente. O ideal é que uma edificação apresente
fundações com recalques absolutos de ordem de grandeza
semelhantes!
Nós podemos ainda dividir o recalque absoluto ( ) em
duas parcelas:
= c + i
Onde:
• c : recalque por adensamento;
• i : recalque imediato;
Lembrando que o recalque por adensamento é aquele que
acontece principalmente em argilas saturadas submetidas a
carregamentos constantes.
Tolerância a recalque
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dificuldade de abrir ou fechar uma porta pois a mesma
parece "torta".
Por isso, dividiremos os danos causados pela
movimentação das fundações em três grupos, segundo
Skempton-MacDonald:
1. Danos arquitetônicos: esse grupo é composto por
aqueles danos que causam um desconforto visual dos
usuários da edificação, como os desaprumos no
prédio e trincas em paredes;
2. Danos à funcionalidade: esse grupo é caracterizado
por danos que ainda não são estruturais, mas que
complicam a utilização da edificação. Por exemplo, o
desaprumo de um prédio pode inverter inclinações
de instalações sanitárias, emperrar portas e janelas ou
desgastar o uso de elevadores.
3. Danos estruturais: são danos que, por
comprometerem a estrutura do edifício, põem em
risco a estabilidade do mesmo.
E então, sabendo disso, quais os limites de recalque no
solo para evitar tais danos?
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distorção angular, que nada mais é do que o recalque
diferencial ( ) entre fundações dividido pela distância
entre elas (l), chegando aos seguintes valores:
Distorção angular
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Tipo de recalque Areia Argila
máx 25 mm 40 mm
40 mm, para 65 mm, para
máx
sapatas isoladas sapatas isoladas
40 a 65mm, para 65 a 100 mm, para
máx
radiês radiês
12
cálculo do recalque no
solo: meios elásticos
homogêneos
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Antes de iniciarmos o conteúdo propriamente dito, vamos
só relembrar um pequeno detalhe do capítulo anterior.
Nós podemos dividir o recalque absoluto em duas
parcelas:
= c + i
Onde:
• c : recalque por adensamento;
• i : recalque imediato;
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costuma-se chamar a relação entre tensão e deformação de
módulo de deformabilidade ( Es )!
Então, podemos considerar para os solos um gráfico de
tensão x deformação linear não elástico. Ou seja, apresenta
linearidade entre tensão aplicada e deformação sofrida,
porém, ao ser retirada a tensão, sofre deformações
residuais. Podemos observar tal comportamento na figura
abaixo.
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função da profundidade;
• Meio de Gibson: é um tipo específico de meio
elástico não homogêneo. Nesse meio, Es é
considerado zero na superfície e considera-se que ele
varia linearmente com a profundidade.
Camada semi-infinita
1 − 2
i = B Ip
Es
Onde:
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Sapata flexível Sapata
Forma
Centro Canto Médio rígida
Circular 1,00 0,64 0,85 0,79
Quadrada 1,12 0,56 0,95 0,99
L/B=1,5 1,36 0,67 1,15
2 1,52 0,76 1,30
3 1,78 0,88 1,52
5 2,10 1,05 1,83
10 2,53 1,26 2,25
100 4,00 2,00 3,70
Camada Finita
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flexíveis:
B
i = 0 1
Es
Onde:
Ábaco 1 de Janbu
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Ábaco 2 de Janbu
Multicamadas
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sendo a soma dos recalques da camada 1 e da camada 2.
i = 1 + 2
Entendeu tudo?
Caso tenha ficado alguma dúvida, não se preocupe que no
próximo capítulo iremos resolver exemplos e tudo ficará
ainda mais claro pra você!
Parâmetros de compressibilidade
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formulação é a seguinte:
Es = K Nspt
Tabela 3
Solo
Areia 3
Silte 5
Argila 7
Tabela 4
Solo K (MPa)
Areia com pedregulhos 1,1
Areia 0,9
Areia siltosa 0,70
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,30
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,20
Para a estimativa do coeficiente de Poisson, podemos usar
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a tabela de Teixeira e Godoy apresentada abaixo.
Tabela 5
Solo
Areia pouco compacta 0,2
Areia compacta 0,4
Silte 0,3-0,5
Argila saturada 0,4-0,5
Argila não saturada 0,1-0,3
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exercícios resolvidos
de recalque em solos
argilosos
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recebe da superestrutura uma carga de 300 kN e que a
Nspt dessa camada é igual a 12, estime o recalque imediato
previsto para essa sapata.
Esquema do exercício 1
Resolução
1 − 2
i = B Ip
Es
Onde:
• : tensão média na superfície de contato entre
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fundação e solo;
• B: largura da fundação;
• : coeficiente de Poisson do maciço de solo;
• I p : fator de influência, que varia de acordo com a
rigidez e forma da fundação, cujos valores são
apresentados abaixo.
300kN
=
1,50m 1,50m
= 133,33kN / m2
Solo
Areia pouco compacta 0,2
Areia compacta 0,4
Silte 0,3-0,5
Argila saturada 0,4-0,5
Argila não saturada 0,1-0,3
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Onde e K podem ser estimados a partir das Tabelas 3 e 4,
também já apresentadas no capítulo anterior.
Tabela 7
Solo
Areia 3
Silte 5
Argila 7
Tabela 8
Solo K (MPa)
Areia com pedregulhos 1,1
Areia 0,9
Areia siltosa 0,70
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,30
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,20
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chegamos a:
Es = 7 0,2MPa 12
ES = 16,8 MPa
Tabela 9
1 − 2
i = B Ip
Es
1− 0,52
i = 133,33103 1,50 0,99
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16,8 106
i = 8,84 10−3 m
i = 8,84mm
Resolução
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considerando que o nível -2,0m é o impenetrável
para essa camada.
2. Considerar uma sapata fictícia na interface das
camadas 1 e 2, formada a partir do espraiamento de
tensões numa inclinação de 1:2.
3. Estimar o recalque para a camada 2.
4. Somar o recalque da primeira e segunda camada e
assim, estimar o recalque imediato total para essa
fundação.
Passo 1
B
i = 0 1
Es
Onde:
32
B 1,5
H 1,0
= = 0,67
B 1,5
0 = 0,80
1 = 0,32
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Agora, a partir do espraiamento de tensões, iremos
considerar uma sapata fictícia na interface de contato entre
as camadas 1 e 2.
Para isso, considerando um espraiamento de 1:2, temos a
seguinte situação:
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Agora que já sabemos a largura da sapata fictícia,
precisamos determinar a tensão atuante nessa sapata!
Sabemos que a carga que vem da superestrutura é a
mesma, 300 kN. Logo, para calcular essa nova tensão, basta
dividirmos essa carga pela nova área de base:
300kN
=
2,50m 2,50m
= 48kN / m2
Agora, iremos calcular o módulo de deformabilidade do
solo para a camada 2.
Para isso, iremos utilizar a mesma formulação e tabelas já
utilizadas no exercício 1, porém modificando o Nspt para o
da segunda camada, que vale 20. Logo, temos:
E 's = K Nspt
E 's = 7 0,2MPa 20
h 2,0
= = 0,80
B 2,5
H 2,0
= = 0,80
36
B 2,5
0 = 0,72
1 = 0,40
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perdemos nas unidades, temos:
i2 = 1,2310−3 m
i 2 = 1,23mm
Passo 4
i = i1 + i 2
i = 3,05 +1,23
i = 4,28mm
39
recalque em areias
através do método de
Schmertmann
Recalques em areia
40
aumenta com o aumento da profundidade, devido ao
efeito de confinamento nesse tipo de solo.
Então, como podemos estimar o recalque para solos
arenosos?
Bem, o que podemos fazer é dividir o solo em várias
camadas de pequenas espessuras, de forma a considerar
que para tal camada, teremos um E S constante. Então,
z = Iz
Es
Onde:
41
• I z : fator de influência na deformação, obtido por
meio do gráfico abaixo.
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Para considerar o embutimento da fundação no cálculo de
recalque por meio do Método de Schmertmann,
utilizaremos o coeficiente C1, que pode ser determinado
através da seguinte formulação:
q
C1 = 1− 0,5 0,5
*
Onde:
Efeito do tempo
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recalque ao longo do tempo, através do coeficiente de
correção C2, dado na fórmula abaixo:
t
C2 = 1+ 0,2 log
0,1
Onde:
• t: tempo em anos.
Formulação
n Iz
d = C1 C2 * z
i =1 Es i
Onde:
• d : recalque total;
• I z : fator de influência à meia altura da i-nésima
camada;
• E S : módulo de deformabilidade da i-nésima camada;
• z : espessura da i-nésima camada;
Roteiro de cálculo
44
Agora, para enfim, utilizarmos corretamente o método de
Schmertmann, vamos seguir os cinco passos a seguir:
45
1978 para o de 1970 são que o novo faz uma diferenciação
entre sapatas quadradas e sapatas corridas e,
consequentemente, apresenta um novo gráfico para
determinação de IZ , apresentado abaixo:
seguinte formulação:
*
I zmáx = 0,5 + 0,1
v
Onde:
• v : tensão vertical efetiva na profundidade
46
correspondente a I Zmáx .
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exercício resolvido
sobre método de
Schmertmann
Exercício proposto
n Iz
d = C1 C2 * z
i =1 Es i
Onde:
50
• d : recalque total;
• I z : fator de influência à meia altura da i-nésima
camada;
• E S : módulo de deformabilidade da i-nésima camada;
• z : espessura da i-nésima camada;
Cálculo de C1
q
C1 = 1− 0,5 0,5
*
Onde:
q = 17 1,0 = 17kN / m2
51
17
C1 = 1 − 0,5 = 0,96
233
Cálculo de C2
Cálculo de ES
Solo
Areia 3
Silte 5
Argila 7
Tabela 11
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Solo K (MPa)
Areia com pedregulhos 1,1
Areia 0,9
Areia siltosa 0,70
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,30
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,20
Es = 3 0,9 Nspt
Cálculo de IZ
54
Lembrando que, para compatibilização de unidades,
podemos usar os valores de tensão em MPa e os de
comprimento em mm. Logo, temos:
Iz
Camada z IZ Nspt ES (MPa)
Es z
n Iz
d = C1 C2 * z
i =1 Es i
d = 8,15mm
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para o de 1970 é a determinação do fator de influência IZ. A
nova metodologia apresenta novos gráficos para a
determinação desse fator, conforme a figura abaixo.
*
I Zmáx = 0,5 + 0,1
v
Onde:
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• v : tensão vertical efetiva na profundidade
correspondente a I Zmáx ;
v = h
v = 17kN / m3 2,0m
v = 34kN / m2 = 0,034MPa
Logo:
0,233
I Zmáx = 0,5 + 0,1
0,034
I Zmáx = 0,76
n Iz
d = C1 C2 * z
i =1 Es i
d = 0,96 1,0 0,233 (15,93 +19,44 + 9,38 + 2,96)
58
d = 10,67mm
t
C2 = 1+ 0,2 log
0,1
Onde:
• t: tempo em anos.
59
0,1
C2 = 1,34