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CORRELAÇÕES ENTRE OS RECALQUES, AS TRINCAS E OS DANOS

Dickran Berberian

RESUMO

Um dos maiores dramas dos consultores de fundações é o de saber quanto de recalque uma
estrutura já sofreu. Da mesma forma é também um dilema que se impõe ao profissional de patologias, avaliar
o risco envolvido e o prognóstico de um dado problema. Somando a tudo isto não é raro verificar-se que têm
sido reforçados fundações quando na realidade o problema estava sendo gerado por deslocamentos da
estrutura. O autor tenta, mesmo no pequeno espaço disponível, mostrar os resultados de suas experiências
adquiridas em mais de 300 obras analisadas, comparadas por comprovação teórica/experimental em
laboratório, ensaiando protótipos em tamanho real.
Os primeiros resultados desta pesquisa permitiram: 1. Correlacionar, ainda que de forma aproximada, os
sintomas patológicos de uma edificação aos prováveis recalques diferenciais ou distorcionais causadores do
problema; 2. Formar uma idéia sobre a gravidade, sobre o risco, e também e o nosso prognóstico dos
problemas; 3. Construir uma regra simples que permite através da atitude e morfologia das trincas, localizar
os pontos em processo de recalque e de deformação da estrutura; 4. Estimar de forma aproximada a
magnitude dos recalques em função da abertura das trincas no caso de estrutura de concreto ou aço e
alvenaria.

Palavras chaves: Correlação, Danos, Prognóstico, Trincas, Risco, Recalque da Fundação, Deslocamentos
Estruturais

ABSTRACT

One of the greatest dramas of consultants of foundations is to know how much settlement the
structure has suffered. Likewise it is also a dilemma that requires the pathologist to evaluate the risk involved
and the prognostic for a given problem. Adding to all, this is not often seen that foundations have been
underppining, when in reality the problem was being generated by displacements of the structure. The author
tries, even in the small space available, show the results of their experiences in more than 300 cases analyzed
were compared by proving theoretical / experimental laboratory prototypes rehearsing in full size.
The first results of this research allowed: 1. correlate, albeit approximately, the pathological symptoms of a
building or the likely distortional differential settlements causing the problem, 2. To form an idea about the
severity of the risk as well and our prognosis of problems; 3. Build a simple rule that allows through the
attitude and morphology of the cracks, find the points is suffering the settlement process and/or deformation
of the structure 4. Estimate of the approximate magnitude of the differential settlements due to the opening
of cracks in case of buildings of concrete or steel structure with masonry.

Keywords: Correlation, Damage, Prognosis, Cracks, Risk, Underpping of the Foundation, Structural
Displacements

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Diretor Presidente da INFRASOLO LTDA
Consultor Técnico FUNDEX LTDA
Professor da Engenharia Civil da UnB
Professor da Engenharia Civil da Fac. IESPLAN

RECALQUES: CONCEITO E DEFINIÇÕES


Recalque é o deslocamento vertical ou inclinação que uma edificação sofre devido aos
deslocamentos ocorridos no maciço de apoio de suas fundações.
Os recalques são analisados sob duas óticas: a do solo (causa) e a da estrutura (efeito).
Todas as obras sofrem recalques, porém elas suportam certo nível de recalques (ditos admissíveis).

Recalques Sob a Ótica do SOLO

O recalque de uma estrutura sob a ótica do solo é causado principalmente por quatro fenômenos, a
saber:
• Recalque Imediato
• Recalque por Adensamento Primário
• Recalque por Adensamento Secundário
• Recalque por Colapso

Recalques Sob a Ótica da ESTRUTURA

Os principais danos estruturais causados por recalques são devido a:


• Recalques Totais r, ρ, w ou s
• Recalques Diferenciais δ = ρ2 - ρ1
• Recalques Distorcionais β=δ/L

Funda
Sub.s
Figura 1. Recalques Total e Diferencial
Figura 2. Rutura por puncionamento causado por colapso

Os danos estruturais são muito influenciáveis pela interação solo/estrutura - ISE, amenizando-os e
redistribuindo-os.

Recalques Mais Comuns

Na grande maioria das obras os recalques são absorvidos e passam despercebidos durante a
construção, quando pilares e lajes são construídos no prumo e no nível.
Quando a magnitude dos recalques e principalmente dos recalques diferenciais é relativamente
pequena, de uma maneira geral, as cintas e os quatro primeiros andares das estruturas os absorvem e os
redistribuem. À medida que o processo se acentua, os danos deixam de ser somente arquitetônico-funcionais,
podendo em alguns casos produzir até o colapso da estrutura.

• A estrutura praticamente
não sofre danos funcionais
e estéticos;
• Rutura das redes externas;
• Alterações nos passeis e
calçadas;
Figura 3. Recalque Uniforme

ϕmáx 
• Típicos de Estruturas
Rígidas e terrenos
linearmente desuniforme;
• Recalques linearmente
desuniforme;
• Estrutura sofre pequenos
danos;
• Desaprumos.
Figura 4.
Figura 4. Inclinação Uniforme
 

• Solo heterogêneos;
δ 
• Recalques Distorcionais;
• Estrutura sofre Danos e
Fissurações.
Figura 5.

Figura 5. Recalques Diferencias / Distorções Angulares

DANOS CAUSADOS POR RECALQUES

Como foi visto anteriormente, os recalques e outros tipos de deslocamentos decorrentes, são as
principais causas das fissuras e até em certos casos, do colapso total da estrutura.
Vários pesquisadores e entidades técnicas têm procurado estabelecer um paralelo entre estes
deslocamentos e os danos causados aos vários tipos de estruturas. Apesar de que a interação solo/estrutura é
um fenômeno complexo e depende de uma enorme gama de parâmetros, já existem estudos sistematizados
que podem servir de ponto de partida para estudos mais específicos.
Velloso & Lopes (1996) sumarizam no seu recente livro Fundações COPPE/UFRJ as experiências de
Bjerrum (1963), Vargas e Silva (1973), Skempton & MacDonald (1956), Grant et al (1974), Novais e
Ferreira (1976), Burland & Wroth (1974), Wahls (1981).

Recomendações de Berberian

O autor recomenda uma interelação entre a Distorção Angular β e danos observados em vários casos
de obras. Abaixo, são apresentados os conceitos e consequências dos principais tipos de recalques:
• Recalques totais uniformes dentro de certos limites não comprometem seriamente a segurança de
uma estrutura. Se uma estrutura recalca verticalmente ou se inclina como um corpo rígido, com variação
linear dos recalques entre seus pontos extremos, não haverá sérios danos estruturais.
Nesse caso, ocorrerão efeitos estéticos, funcionais e comprometimento do sistema de dutos
enterrados. Se um edifício de 18m de comprimento recalcar 1,5 cm de um lado e 12 cm do outro, de forma
linear (rígida) sem que ocorram recalques diferenciais consideráveis entre estes pontos, provavelmente a
estrutura não ressentirá destes recalques. O prédio irá inclinar-se β = (12 - 1,5) / 1800 ⇒ Frisc = 0,58
apresentando também só efeitos estéticos.
• A aceitabilidade da estrutura é definida pelo projetista da estrutura baseado nos recalques
diferenciais Δ, distorcionais β e principalmente no fator Frisc = β . 1000.
• Os recalques totais, diferenciais e distorcionais podem ser calculados teoricamente durante a
elaboração do projeto e/ou podem ser medidos no decorrer da obra.
• O tempo de ocorrência dos recalques é um fator importante, uma vez que recalques lentos e longos
permitem um gradativo ajuste solo/estrutura, fazendo com que a estrutura resista melhor aos recalques.
• O recalque diferencial pode ser estimado grosseiramente como sendo 0,75 do recalque total
máximo.
• Skempton e MacDonald (1956), Apud Velloso e Lopes (1997) sugerem para recalques totais
limites: 4,0cm para sapatas isoladas e entre 4,0 a 6,5cm para fundações em radier.

• Tensões residuais nas estruturas podem ser importantes, porque quase sempre os recalques
começam a ser observados e lidos após algum tempo, quando já ocorreram recalques não medidos, uma vez
que mesmo em estruturas similares, as tolerâncias aos recalques diferenciais e distorcionais são diferentes.
• Materiais de construção mais dúcteis, por exemplo, o aço e as resinas plásticas podem tolerar
maiores recalques do que estruturas de concreto ou em alvenaria estrutural.
• Conforme já enfatizado anteriormente, é possível que, dependendo das características peculiares de
uma dada estrutura, nada disso ocorra, mesmo que β atinja valores muito altos.
• É também de praxe recomendar reforços quando a velocidade de recalques atinge valores em torno
de 60μcm/dia (alguns autores sugerem até 100μcm/dia). A experiência tem mostrado que, quando a
velocidade de recalques atinge este valor, os danos causados até a reversão do processo poderão ser
inadmissíveis, colocando em risco a estabilidade da edificação.
• ISE.Interação Solo-Estrutura: Quanto mais rígida e de uma maneira geral pode-se dizer "quanto mais
alta" for uma estrutura, maior será a redistribuição dos recalques, forçando a uma redução dos recalques
diferenciais e distorcionais, viabilizando até em certos casos, projetos cujos recalques sem considerar o ISE
eram inicialmente inadmissíveis. Na tabela 1, B corresponde ao lado onde está sendo considerado o
desaprumo.

Tabela 1. Recalques Distorcionais x Sintomatologia. Berberian (1987)

Frisc

SINTOMATOLOGIA x Fator de Risco Frisc


Limites Berberian Frisc = 1000 x β
β = δ/L

Frisco médio β = 0,85

0,15
Abertura de Fissura mm

y = 0,0387x + 0,0287
R2 = 0,0279

0,10

Frisc 1.0
0,05

β = 1/1175
-
0,5 1,0 1,5

Frisc β = (1000.(ρ 2 - ρ 1) / L

Figura 6. Trinca capilar


afis = 0,085mm
• Fissuras Capilares confusas misturam-se a fenômenos térmicos e de
retração das alvenarias, sem danos comprometedores. Figura 6.
(0,05 a 0,10)  
• Fissuras Visíveis em paredes portantes não armadas, deformadas com concavidade
para cima. Segundo Meyerhof: β = 1/2500 e segundo Polshin & Tokar com L/H < 3, entre
1/3500 e 1/2500 para L/H < 5, entre 1/2000 a 1/1500 e segundo Burland & Wroth: 1/2500
para painéis quadrados e 1/2500 para L/H = 5 e ainda com deformações convexa para
cima: 1/5000 para paredes quadradas. Para o caso de paredes portantes armadas, as
fissuras passam a aparecer segundo Polshin & Tokar entre 1/1400 a.1/1000.
• Distorções na faixa de (1/1000 a 1/500), pode fissurar acabamentos interiores ou exteriores
rígidos e sensíveis, tais como gesso, pedras ornamentais, mármores ou peças vitrificadas. O
Navfac – Naval Facilitie Eng. Comand (1971), no entanto observa que pode-se tolerar recalques
maiores se uma parcela importante do recalque já ocorreu antes da aplicação dos acabamentos.

• Acentuam-se as microfissuras. Painéis externos de


Frisco médio β = 1,3 alvenaria fissuram descolando-se da estrutura. Nos dias
chuvosos pode-se divisar o contorno da estrutura através da
FRISC 1.3 0,17
Abertura de Fissura mm

y = -0,6227x + 1,0946 umidade que atravessa as paredes, podendo mofar armários e


0,16 R2 = 0,0072
estantes em contato com as mesmas.
β = 1/770 0,15
• Desnivelamentos em máquinas industriais e equipamentos
0,14 sensíveis a recalques diferenciais.
afis=0,12mm • Fissuras finas (<0,10mm) são facilmente corrigidas durante
0,13
(0,10 a 0,16)
o acabamento final da obra - Dano na Categoria I
0,12
segundo I.S.E (1989).
0,11

0,10
1,2 1,3 1,4 1,5

Frisc β = (1000.(ρ 2 - ρ 1) / L

• Limites de perigo para pórticos contraventados.


• Máxima deflexão angular na junta de tubulação rígida de concreto (para trabalho sob pressão),
FRISC 1.6 e corresponde em geral 2 a 4 vezes a inclinação média da linha de recalque. Danos às juntas
dependem também do eventual comprimento da tubulação.
β = 1/620 • Os recalques toleráveis em edifícios com estrutura pesada de concreto armado apoiada em
radier rígido (grelhado com ± 1,20m de espessura) poderá ser limitado por danos nos
afis=0,4mm acabamentos internos ou externos.
• Flechas ainda são admissíveis para vigas biapoiadas, quando atuam todas as cargas
(1,42 a 1,60) (permanentes + acidentais) conforme prescreve norma NBR 6118/2003.

Frisc médio β = 1,8 • Fissuras em Forros e revestimentos muito rígidos


1,0 (gesso, papelão argamassado, etc.).
Abertura de Fissura mm

y = 1,7607x - 2,7231 • Edifícios Estreitos, sem problemas de danos ou


R2 = 0,6653 inclinações inadmissíveis.
0,8
• Edifícios Largos, início de problemas de danos ou
inclinações inadmissíveis.
0,6 • Limite segundo Navfac (1971) para distorção angular
FRISC 1.8 β = 1/550 (medido ao longo do diâmetro) para radier circular
0,4 rígido ou sapata anelar para apoio de estruturas rígidas
(reservatórios, silos, chaminés, etc.).
β = 1/550 obs. Trincas generalizadas, quando causadas por
0,2
abatimento do aterro e cintas, nada tem a ver com
afis=0,16mm recalque. Figura 7.
(0,10 a 0,18) -
1,6 1,7 1,8 1,9 2,0
Frisc β = (1 0 0 0 .(ρ 2 − ρ 1 ) / L

Na foto a esquerda, trinca causada por abatimento da cinta apoiada em aterro colapsado (vazamento
de esgoto com pH elevado ~ 6.3). A parede se manteve intacta, deslocando o revestimento do teto,
por ser reforçada com barita (centro radiológico). O que parece ser um pilar é na realidade uma
boneca. Berberian/infrasolo (1982).
 
  Figura 7. TTrincas generalizadas causadas por abatimento do aterro e cintas, nada tem a verr com recalques

FRISC 2.0
• Algum mas Fissuras s Inclinadas, sub-milimétric
cas.
afis=0,25mm
m • Limitte de Seguran nça para obras onde não se e admitem fisssuras.
(0,20 a 1,0) • Fissu uras com abertura entre 0,30
0 a 1,0mm m, normalmen nte causam ssomente dano os leves em
edificcações residen
nciais e comerciais, e muito
o leves em obrras industriaiss.
β = 1/500
0 Em geral
g causa daanos apenas estéticos,
e acelerando o enveelhecimento d das fachadas.

• Edifício os Largos (B > 15 m m): fissuras milimétricas


inclinadas. Aparecimento os de grupos de fissuras paaralelas e/ou
com torção (serrilhadas).
FRISC 2.4
• Afofamento de Azulejos sem, entre
etanto, se
desprenderrem.
β = 1/425
5 • Limites s de tolerância em edifiicações de um u ou dois
pavimentos s com pared des de tijoloss e estrutura a leve, um
afis=1,3mm recalque ma aior pode ser tolerável se u
uma parcela im
mportante do
(1,0 a 1,6) mesmo oco orrer antes que
e os acabame entos estejam terminados.
• Limites s de tolerânc cia em edifíciios com acab bamento em
Figuraa 8. Trinca com  1,2mm  interior ou exterior
e pouco sensível.

• Segu undo Thornbu urn (1985) , trincas entre 1 e 2mm ca ausam danoss leves e moderados em
edificações residen
nciais e comerrciais e muito leves em edifi
ficações indusstriais. Figura 8.
8

• Consultar especialistas
e e patologiass.
em
Frisco médio β = 3,20
• Portas e Esquadrias
3
E tiipo máximo a ar fogem do esquadro e
ag garram ao fec char. Idem, arrmários embuttidos que se descolam
d do
mm

2,0 y = 0,5488x
2 te
eto e das pare
edes. Figura 9..
Abertura de Fissura

R = 0,0403

1,9 • Provavelmente problem mas em partess rolantes.


• Valores liimites aplicá áveis a reservatórios so obre bases
1,8 fleexíveis. Base es rígidas nã ão toleram este nível de d recalque
FRISC 3.0 diistorcional seem apresentar trincas ou rupturas loca alizadas por
1,7
fllambagem.
β = 1/330
0 1,6 • Guindastes s e pontes ro
olantes acusam m recalques longitudinais
l
ao o longo do trilh
ho.
1,5
afis=1,80mm
m 2,7 2,9 3,1 3,3 3,,5 3,7 • Recalques transversaiis (entre os trilhos) em geral não
(1,6 a 2,0) go overnam o pro ojeto.
Frisc β = (1000.(ρ 2 - ρ 1) / L
• Segundo a NBR 6118 (2003) co onsidera-se como
c flecha
ad dmissível (I/3000 do vão) em
m vigas biapoia adas quando só atuam as
sobrecarg rgas (acidentais) e (I/500) em m elementos estruturais
e sup portando pare
edes de tijolos
s de vidro.

Figuraa 9. Descolamennto de armários embutidos e affofamento de azzulejos


• Edifíc s (B < 15 m), fissuras milim
cios Estreitos métricas na esstrutura e nas alvenarias. Ap
parecimento
FRISC 4.0
de gru
rupo de fissura
as paralelas e//ou com torção.
• Algumm Desaprumo e abertura de d juntas de dilatação,
d princcipalmente da
a prumada ond de o aterro é
β = 1/250 maior, no qual além do aumento da sobrecarga as fundações podem ter ficado mais curtas por falha
na execução.
• Desaprumo visível em edifícios altos e rijos.
afis = 4,5mm
(4,0 a 5,0)
Frisc médio β = 3,93

Abertura de Fissura mm
4,2
y = 0,2101x + 3,3106
R2 = 0,5361
4,1

4,0

3,9

3,8

3,7
2,0 3,0 4,0

Frisc β = (1000.(ρ 2 - ρ 1) / L
Figura 10 Trinca de recalque (no pilar a direita, com ligeira torção)

• Segundo Thornburn & Huctinson (1985), trincas entre 2 a 5mm produzem somente danos
leves nas edificações industriais e moderadas nas residências e comerciais. Figura 10.
• Meyerhof (1956) alerta para ocorrência de danos estruturais quando β alcança 1/250.
• Levantamento de pisos cerâmicos e graníticos devido a torção nas lajes. 

• Portas e janelas fogem do esquadro e passam a agarrar.


• Podem ocorrer infiltração através das trincas de fachadas.
• Categoria de dano (2 em 5) segundo a I.S.E
• Fissuras são facilmente preenchidas e/ou retocadas.
• As barras de aço, embutidas nas vigas de concreto já apresentam estriccionamento das suas
seções na região da trinca.

Frisc médio β = 4,25


4,4
Abertura de Fissura mm

FRISC 4.4 y = 0,0894x + 3,8137


R2 = 0,6166 • Desajuste nas Guias dos Elevadores, problemas em pontes
4,3
rolantes.
afis=4,5mm • Paredes Internas e divisórias trincam no sentido do maior
(4,0 a 5,0) recalque.
4,2
• Edificações Largos, inclinação pequena mais visível.
β = 1/230
4,1
4,0 5,0 6,0

Frisc β = (1000.(ρ 2 - ρ 1) / L

• Trincas Inclinadas nos Azulejos e desprendimentos dos


Frisc médio β = 4.6 (1/220 L)
4,5
mesmos.
Abertura de Fissura mm

y = 0,7467x - 0,3061 • Componente Psicológico Nocivo aos usuários que passam


a notar as trincas e sua evolução, e eventualmente entram em
2
R = 0,2013
4,0
pânico.
• Serviçais Reclamam de pó de argamassa no chão ou sobre
FRISC 4.6 3,5
móveis.
• Vidros Justos trincam, necessitando de aumento de folga
β = 1/220 3,0
nos caixilhos. Figura 12.
• Portas e Janelas Emperram, necessitando de ajuste nos
furos das linguetas e dobradiças.
2,5
afis=5,5mm
(5,0 a 6,0) • Vazamentos e gotejamentos devido a pequenas ruturas das
2,0
4,3 4,4 4,5 4,6 4,7 4,8
redes hidro-sanitárias imersas no concreto estrutural.
Frisc β = (1000.(ρ 2 - ρ 1) / L • Fissuras na Estrutura progridem da alvenaria para o
concreto (ainda capilares - 0,1 mm).
• Edifícios Estreitos (B < 15 m): pequeno desaprumo, a partir daqui a inclinação em edifícios altos
e rígidos torna-se visível.
• Reforço de Fundações já recomendável.
• Fissuras Subcentimétricas nas alvenarias (2,0 a 6,0mm).
• Acelerar o intervalo das medições dos recalques.
Figura 11.Recalque nas cintas   Figura 12. Vidros Trincados. Janelas Tipo Maximo-Ar
• Edifícios Estreitos (B < 15 m): fissuras nas vigas e lajes,
Frisc médio β = 5,2
possível estriccionamento das barras de aço.
• Necessidade de Reforço: nítida
10,0
Abertura de Fissura mm

• Empoçamento de Água no canto dos cômodos


y = 2,7962x - 6,7407
2
R = 0,5897

9,0 • Descolamento de Armários embutidos por falta de


esquadro da estrutura
• Levantamento do Piso cerâmico (com afofamento) e
FRISC 5.0 8,0
soltura de tacos. Não confundir com levantamento por falta de
junta de dilatação.
β = 1/200 7,0
• Acelerar Medições de recalques, dos prumos e da malha
de fissuras.
• Empenamento de esquadrias.
afis=8,0mm   6,0 • Necessidade de acelerar medições de recalques, dos
4,7 5,0 5,3 5,6
(6,2 a 10,0)        prumos e da malha de fissuras.
Frisco β = 1000.(ρ 2 - ρ 1) / L
• Avaliar a velocidade de recalques/dia.
• Danos moderados a severas em edificações residenciais e comerciais, moderados em
edificações industriais conforme critério de Thornburn & Hutchinson, quando afis está entre 5 a 15mm.
• Polshin e Tokar (1957) alerta para a ocorrência de danos estruturais quando β = 1/200.
FRISC 6.6
• Reforço de Estruturas e Fundações já com indicativo de início imediato.
• Edifícios Largos (B ≥15 m), fissuras graves evoluindo para trincas. Pequeno desaprumo.
• Categoria 3 de dano, segundo o I.S.E (1989).

Frisc médio β = 6,70

15,0
Abertura de Fissura mm

y = 1,9121x - 0,4011
R2 = 0,5833
14,0

β = 1/150 13,0

12,0
afis =  12,5mm  
(10,0 a 15,0)       11,0

10,0
5,7 6,2 6,7 7,2 7,7
Frisco = 1000 .β = 1000.(ρ 2 - ρ 1) / L

Figura 13. Trincas em edifícios desabados

• Até esta abertura pode-se mascarar fissuras que reabrem, tomando-a com um mastique elástico
de baixa dureza Shore.
• Os recalques diferenciais neste nível podem induzir a rutura das tubulações.
• Skempton & MacDonald (1956) e Bjerrum (1963) alertam para ocorrência de danos estruturais
quando β = 1/150.
• Limites, segundo Navfac (1971), com β = 1/160 a 1/125, para galpões em estruturas com 1 a 2
pavimentos, em aço aporticadas, paredes flexíveis e cobertura treliçada.
• Escoramentos já podem ser necessários.
• A velocidade de recalque possivelmente já é muito alta, maior que 40 milésimos de milímetro por
dia, Vr > 40 μ/dia.
• O ed. Areia Branca 12 andares desabou por ruptura do pilarete das sapatas, após 3 estalos (com
intervalos de 24hs), com a = abertura de fissuras de aproximadamente 10mm nos pilaretes.

FRISC 8.0
β = 1/125
Frisc médio β = 8,40

afis =  17,5mm  

Abertura de Fissura mm
20,0 y = 3,4002x - 11,153
R2 = 0,7113
(15,0 a 20,0)  
19,0

18,0
 
 

17,0

16,0

15,0
7,8 8,1 8,3 8,6 8,8 9,1
Frisco = 1000 .β = 1000.(ρ 2 - ρ 1) / L                                                                                                  
Figura
14. Rolamento de Elementos Roliços Face Elevada
Inclinação da Edificação

• Categoria de 4 danos do I.S.E (1989).


• Rutura de Armações e do concreto.
• Perigo Iminente em estruturas hiperestáticas.
• Vazamentos Acentuados das redes enterradas.
• Pânico aos Usuários.
• Desnivelamento dos Pisos, bolas, ovos e outros elementos esféricos rolam sobre pisos, mesas,
etc.
• Agravamento Geral de todo o quadro.
• Substituição de paredes muito danificadas.
• Pisos e paredes visivelmente inclinadas.
• Fissuras com aberturas entre 15 a 25mm, segundo o critério de Thornburn e Hutchinson,
provocam danos severos a muito severos em edificações residenciais e comerciais e moderadas a
severas em edificações industriais.

Frisc médio β = 10,10


Abertura de Fissura mm

50,0
y = 8,6551x - 51,964
R2 = 0,2878

40,0

30,0

FRISC 10.0
20,0
9,0 10,0 11,0

β = 1/100 Frisco = 1000 .β = 1000.(ρ 2 - ρ 1) / L

Figura 15. Morfologia da trinca logo após o Desabamento do


Edifício Gama. Cortesia Infrasolo/fundex
afis  =  35mm  
(20,0 a 50,0)      
• Desprendimento de Alvenarias flexíveis e combogós.
• Iminência de Danos Estruturais, colapso e desabamento.
• Estampidos que ecoam em toda estrutura de concreto, causado por ruptura das armaduras.
• Agravamento e intensificação de todo quadro patológico.
• Este quadro patológico se enquadra na categoria 5 de danos, conforme I.S.E (1989) com a
observação:
”Essa categoria requer reformas mais extensas, envolvendo reconstrução parcial ou completa. Vigas
perdem suporte, paredes inclinam perigosamente e exigem escoramento. Janelas quebram com
distorção. Perigo de instabilidade. ” Apud Velloso & Lopes (2002).
• Segundo Thornburn & Hutchinson, fissuras com aberturas maiores do que 25mm, colocam as
edificações numa..situação perigosa.
• Possivelmente não haverá mais tempo hábil para um escoramento adequado.

FISSURAS: UM ALERTA NO DIAGNÓSTICO DOS PROBLEMAS


A malha
m de fissuração e a abbertura de juuntas de dilattações, que precedem
p os problemas ded fundaçõess
e/ou da estrrutura, constiituem importtantes alertass e subsidiam
m significativvamente o diiagnóstico daas patologiass
das obras. As
A fissuras estão
e para a Engenharia
E c
como a febre está para a Medicina. N Não são tão importantess
por si só, mas
m são prenúúncios de prroblemas graaves. É bem verdade quee a maioria ddas fissuras é oriunda dee
outras caussas muito menos
m graves, tais comoo: efeito dee variações térmicas, reetração das argamassas,,
desprendimmento das alvvenarias porr falta adequuada de “apeertos”, deforrmações elássticas das laajes, vigas e
principalmeente das cintaas. As fissuras menos noocivas comprrometem som mente na estéética e funcio
onalidade daa
obra e geramm efeitos psiicológicos neegativos nos usuários da edificação ennferma.
Berrberian (1991), resuminddo sua expeeriência em mais de 3000 casos de rreforços de estruturas e
fundações estudados,
e m
mostra como se
s pode obterr através da inclinação da trinca o poonto da estruttura que estáá
realmente reecalcando. O autor, ao presenciar
p refforços de funndações senddo erroneameente executaados (quandoo
o problemaa era na verddade a deforrmação da estrutura),
e iniiciou um lonngo programma de pesquiisa teórica e
experimentaal, utilizandoo o métodoo dos elemenntos finitos aferidos por painéis esstruturais em m verdadeiraa
grandeza suubmetidos em m laboratórioo a recalques distorcionaiis controladoos.

Figura 16.P
Painéis de Alve
enaria em Tam
manho Real para
p Análise de Trincas. Berrberian (1991))

Umm dos principais subproduutos dessa peesquisa perm mitiu ao autorr a elaboraçãão de uma reegra simples,,
mas eficiennte que perm mite a locallização do ponto
p que está
e recalcanndo ou defoormando, allém de umaa
correlação aproximada entre a abbertura da trrinca e o recalque r já sofrido pelaa estrutura. Essa regra,,
denominadaa “Influência do Estadoo de Tensões em Pain néis Bidimennsionais Subbmetidos a Tensões dee
Cisalhamennto Nulas na Determinaçãão dos Pontoos de Deslocaamento de um ma Estruturaa”, permite com
c precisãoo
definir os poontos a reforrçar, conheciida na práticaa da engenhaaria como “RRegra do Dickkran”:  
“A perpendiculaar traçada peelo ponto méédio do comp primento dass fissuras (ouu pelo ponto
o da aberturaa
máxima), ouu seja, a meddiatriz indicaa a fundação em recalquee ou o ponto de d flecha mááxima de um ma estrutura.”

 
  Fisssura 

 90º  90º 
 90º 

Fig
gura 17. Indicador de Re
ecalque de Fu
undações e/ou Deformaçções Estruturais
P2

Figura 18. Aplicação


A do método
m propossto por Dickran, indicando o recalque no pilar e não na
a cinta.

CONCLUS
SÕES

Fica evidente
e a necessidade
n d se ampliarr estatisticam
de mente o lequue de informaações colhiddas em obrass
onde se poode ao mesm mo tempo medir
m os recaalques e acoompanhar a malha de fiissuração, faace a grandee
quantidade de parâmetroos intervenieentes na corrrelações propposta. Entreetanto os subbprodutos, deesta pesquisaa
são evidentees e da maioor importânciia, face ao vetor
v profissional envolviido. O métoddo da mediattriz propostoo
por Berberian , vem se confirmado
c a cada obra onde se anallisou trincas de diversas inclinações e atitudes. A
intercorrelação apresenttada entre as distorções angulares e os danos associados,
a vvem mostran ndo ser umaa
poderosa ferramenta no diagnostico das patologiias.

FERENCIAS
REF S BIBLIOGR
RAFICAS

ASSSOCIAÇÃO O BRASILEIIRA DE NO ORMAS TE ECNICAS NBR N 6118 P Projeto de Estrutura


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