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FUNDAÇÕES

Recalques de Fundações Superficiais

Professores:
Dra. Ana Patrícia Nunes Bandeira.

Dr João Barbosa de Souza Neto

Período Especial - 2020


Recalques
Requisitos de um projeto de fundações
1. Segurança adequada contra a ruptura do solo de
fundação (ELU)
2. Segurança adequada ao colapso dos elementos
estruturais (ELU)
3. Deformações aceitáveis sob as condições de
trabalho (ELS)
OUTROS:
• segurança adequada ao tombamento e deslizamento
provocado por forças horizontais (estabilidade externa);
• Níveis de vibração compatíveis com o uso da obra; 2
Recalques

Compressibilidade:
Propriedade dos materiais de sofrerem diminuição
de volume quando lhes são aplicadas forças
extenas.

Recalque:
Deslocamento vertical descendente
resultante da compressibilidade do
solo.
Levantamento:
Deslocamento vertical ascendente
resultante da expansão do solo.

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Recalques

Classificação dos recalques:

Recalque Total: valor absoluto dos recalques em cada elemento de


fundação.
• Recalque Diferencial: diferença dos recalques totais entre
elementos de fundação.

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Consequência dos recalques:

Casos Históricos
- Início da construção : 1173
- Conclusão da Obra: 1350 (177 anos)

- Altura de 58,5 m
- Diâmetro externo: 15,5 m

- Em 1990, topo com 4,5 m desaprumo


- Taxa de inclinação: 1,2 mm por ano

- 1997: retirada do solo do lado que


recalcou menos.

- Junho/2001, redução de 40 cm do
desaprumo do topo
Casos Históricos

TORRE DE PISA

https://engm3.com/interacao-solo-estrutura-entenda-a-torre-de-pisa/
Casos Históricos

TORRE DE PISA

Bulbo de tensões:
≈ 40 m

Bulbo de pressões
Casos Históricos
Palacio de Bellas Artes - México

Recalque de 7cm por ano

2 m de recalque diferencial entre a rua e a área construída; o recalque


médio desta região foi de 7m. Devido a extração d’água no subsolo há
recalques de até 14 m.
Recalques

Consequência dos recalques:

Recalques absolutos
de até 4,9 m

Recalques diferenciais
de 2,0 m entre a
estrutura e a calçada.
(Lambe e Whitman, 1970).
PRÉDIOS DE SANTOS

mais de 100 edifícios inclinados


PRÉDIOS DE SANTOS
PRÉDIOS DE SANTOS
PRÉDIOS DE SANTOS
PRÉDIOS DE SANTOS
Subsolo :
• formado por uma camada superficial de areia (~ 8 a 12m)
que, recobre uma extensa camada de solo argiloso, muito
compressível (~20 a 40 m).
• NSPT varia de 9 a 30 golpes na camada superior de areia e;
• NSPT varia entre 0 a 4 golpes na camada de argila
PRÉDIOS DE SANTOS

Edifícios:
• Construídos nas décadas de
1950 e 1960.
• Fundações eram feitas rasas
com a profundidade
variando entre 4 a 7 metros,
utilizando a fundação direta
com sapatas;
• recalque máximo entre 40 e
120 cm
PRÉDIOS DE SANTOS – Ed. Núncio Malzoni.

Construção:
▪ Em 1967, com 17 andares e 55 m;
▪ Fundações diretas.
▪ Desaprumo de 2,10 m.
Solução:
▪ Reforço com 8 estacas de f 1,0 a
1,4m, com 57,0 m;
▪ Vigas de transição para
transmissão das cargas dos
pilares para as estacas.
▪ 14 macacos hidráulicos instalados
entre as vigas de transição e os
novos blocos de fundação, para
reaprumar o edifício.
Sayegh, S., Efeito solo, Téchne, março/abril 2001, p.40
https://petciviluem.com/2014/08/30/predios-inclinados-de-santos/
Recalques

Classificação dos recalques:

Recalque Total
❑ h= hi + ht
❑ hi = recalques elásticos ou imediatos
❑ ht = recalques com o tempo
✓ hc = recalque por adensamento primário
✓ hs = recalque por adensamento secundário
✓ Recalques por colapso do solo
✓ Recalques por contração do solo
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Recalques

Classificação dos recalques:

Recalque Total ❑ h= hi + ht

Evolução dos recalques com o tempo


Compressibilidade e Adensamento
Tipos de recalques em função do solo:

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Recalques
Tipos de recalques em função do solo:
Causas dos Recalques
❑ Adensamento de camadas argilosas
❑ Rebaixamento do lençol freático
❑ Vibrações
❑ Obras vizinhas
❑ Condições climáticas
❑ Colapso da estrutura do solo
❑ Agentes químicos 20
RECALQUES
Classificação dos danos devidos ao recalque

a) estéticos – não comprometem a funcionalidade e


estabilidade da estrutura; mas pode causar insegurança
aos usuários (efeito psicológico).
b) funcionais – problemas com abertura de portas,
rompimento de tubulações, inclinações excessivas, trincas
em vidraças (ELS).
c) estruturais – mais sérios, que podem comprometer a
estabilidade da estrutura (ELU).

da = 20 mm ra = 25 mm
recalque diferencial recalque total
RECALQUES
Recalques Admissíveis

Burland et al (1977) Terzaghi e Peck (1967)


Areias dadm = 20 mm
dmáx = 25 mm radm = 25 mm
rmáx = 40 mm para sapatas isoladas
rmáx = 40 a 65 mm para radier
Argilas
Muito utilizado
dmáx = 40 mm
na prática
rmáx = 65 mm para sapatas isoladas
rmáx = 65 a 100 mm para radier
Recalques Admissíveis: distorções angulares e
danos associados (Bjerrum, 1963)

𝛿𝐴𝐵
𝛽=
𝐿𝐴𝐵
𝛽= Distorção angular;
𝜹𝑨𝑩 = Recalque
diferencial entre os
pontos A e B;
L = Distância entre dois
elementos de fundação
RECALQUES ADMISSÍVEIS

Valores limites da distorção angular (β) para edifícios estruturados:

Skempton e Meyrrhof Bjerrum


Danos
MacDonald (1956) (1963)
(1956)
Estruturais 1/150 1/250 1/150
Fissuras em
paredes e 1/300 1/500 1/300
divisórias

Onde β = 1/300 (distorção angular é a tangente do ângulo de um


triângulo com 1 unidade na vertical e 300 unidades na horizontal)
Recalques
Estimativas dos Recalques

Recalque Total ❑ h= hi + ht

Evolução dos recalques com o tempo


Recalques
Estimativas dos Recalques

Métodos racionais

Nos métodos racionais, os parâmetros de


deformabilidade do solo, obtidos por ensaios de
laboratório ou campo (ensaios pressiométricos ou placa)
são combinados a modelos para previsão de recalques.

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Recalques

Estimativas dos Recalques


Métodos racionais
Recalque de sapata submetida a
carga vertical centrada (Perlof, 1975) 1−𝝂𝟐
𝐫 = s.B 𝑰𝒔
(Skempton e Bjerrum, 1957) 𝐄
Onde:
s = tensão média aplicada.
B = menor dimensão da sapata.
 = coeficiente de Poisson do solo (entre 0 e 0,5 – sendo zero para
deformação lateral nula).
E = Módulo de deformabilidade/elasticidade do solo (considerado
constante com a profundidade).
Is = fator de forma da sapata e de sua rigidez (no caso de flexível,
depende da posição do ponto: centro, bordo, etc). 27
Recalques

Estimativas dos Recalques


Métodos racionais
Recalque de sapata submetida a
carga vertical centrada (Perlof, 1975) 1−𝝂𝟐
𝐫 = s.B 𝑰𝒔
(Skempton e Bjerrum, 1957) 𝐄
Onde:
s = tensão média aplicada.
B = menor dimensão da sapata.
 = coeficiente de Poisson do solo (entre 0 e 0,5 – sendo zero para
deformação lateral nula).
E = Módulo de deformabilidade/elasticidade do solo (considerado
constante com a profundidade).
Is = fator de forma da sapata e de sua rigidez (no caso de flexível,
depende da posição do ponto: centro, bordo, etc). 28
Recalques
Estimativas dos Recalques
Sapatas de concreto (elementos rígidos) e flexíveis
Valores de Is

Valores de Is para
carregamento na superfície
de um meio com espessura
infinita (Perlof, 1975).
Recalques

Estimativas dos Recalques

Valores de Is.Ih para carga na superfície de um meio com espessura finita

(Perlof, 1975).
Deformabilidade dos Solos
Módulo de Elasticidade

1−𝝂𝟐
𝐫 = s.B 𝑰𝒔
𝐄

Onde:
σ1 : tensão axial; σ3 : tensão
confinante
υ : coeficiente de Poisson
ɛ1 = variação de altura/
altura inicial
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Deformabilidade dos Solos
Módulo de Elasticidade 1−𝝂𝟐
𝐫 = s.B 𝑰𝒔
𝐄

Onde:
σ1 : tensão axial; σ3 : tensão confinante
υ : coeficiente de Poisson
ɛ1 = variação de altura/ altura inicial

▪ Módulo tangente na origem (Et,o)


▪ Módulo tangente na variação de
tensões esperada (Et, s).
▪ Módulo secante entre a origem e a
tensão esperada ou de referência
(Esec,o-sref).
▪ entre outras 32
Deformabilidade dos Solos

Módulo de Elasticidade
Módulos de elasticidade típicos para areias drenadas para
tensão confinante de 100 kPa (Sousa Pinto, 2002).

Descrição da areia Módulo de elasticidade (Mpa)


Compacidade Fofa Compacta
Areias de grãos frágeis, angulares 15 35
Areias de grãos duros, arredondados 55 100
Areia basal de São Paulo, bem graduada, 10 27
pouco argilosa

para sc ≠ 100 kPa Onde: Ea módulo de elasticidade para tensão


confinante de 100kPa; Pa é a pressão
atmosférica (101,3kPa), sc é tensão confinante
aplicada; e n uma constante, em geral igual a 0,5.
Deformabilidade dos Solos

Módulo de Elasticidade

Módulos de elasticidade típicos para argilas saturadas em condição não drenada


(Sousa Pinto, 2002).
Deformabilidade dos Solos

Determinações dos parâmetros - Módulos

Relação entre módulos e Ensaios de Campo

E = .qc; qc é a resistência de ponta do CPT

qc = KNSPT Valores da relação K=qc/N (Teixeira, 1993)

Valores de  para solos típicos


SOLO 
Areia 3
Silte 5
Argila 7
Estimativa de Recalques

Métodos racionais - Indiretos

(1) Divisão do terreno em camadas:


• Variação dos materiais
• Variação das cargas

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Estimativa de Recalques

Métodos racionais - Indiretos

(2) Determinações das tensões


totais no centro de cada camada.

s v = tensão geostática
s = acréscimo de tensão
s
=
E
Estimativa de Recalques

Métodos racionais - Indiretos

(3) Determinações das


deformações no nível de tensão
no centro de cada camada e
cálculo dos recalques por
camada.

s
= r = z h
E
(4) Recalque total

r = r
Recalques

Recalque Total ❑ h= hi + ht

Evolução dos recalques com o tempo


Estimativa de Recalques
Adensamento dos Solos
Ensaios de Adensamento do Solo
Estimativa de Recalques
Adensamento dos Solos
Ensaios de Adensamento do Solo
Estimativa de Recalques
Adensamento dos Solos
Ensaio de Adensamento – Pressão de Pré-adensamento
Casagrande Pacheco Silva
Estimativa de Recalques
Adensamento dos Solos
Estado de adensamento das argilas

Argila Normalmente Adensada

s 'vm
RPA = =1
s 'vo
Estimativa de Recalques
Adensamento dos Solos
Estado de adensamento das argilas
s 'vm
Argila Pré-adensada RPA = 1
s 'vo
Estimativa de Recalques
Adensamento dos Solos

Estimativa de Recalques por Adensamento Primário

H =  v .H o

Ho = Espessura da Camada de Argila


v = Deformação volumétrica
Estimativa de Recalques
Adensamento dos Solos
Deformação Volumétrica:
❑ Argila Normalmente Adensada
s 'vm Tensão Efetiva Final no
RPA = =1
s 'vo
Cc s ' v, f Centro da Camada
v = log
1 + eo s ' v ,o s 'v , f = s 'vo + s '
❑ Argila Pré-Adensada
s 'vm
𝝈′ 𝒗𝒇 > 𝝈′ 𝒗𝒎 RPA = 1 𝝈′ 𝒗𝒎 > 𝝈′ 𝒗𝒇
s 'vo

Cr s ' vm Cc s ' v, f 𝐶𝑟 𝝈′ 𝒗𝒇
v = log + log 𝜀𝑣 =
1 + 𝑒𝑜
𝑙𝑜𝑔 ′
𝝈 𝒗𝑜
1 + eo s ' v , o 1 + eo s ' vm
Estimativa de Recalques
Colapso dos Solos
Tensão (kN/m2)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
0
10
20
30
40
Recalque (mm)

50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150

Xavier (2018)
Estimativa de Recalques
Colapso dos Solos
Solo do Crato-CE; Bandeira, Rolim e Souza Neto (2018 e 2020)
Tensão x Deformação (Ꝺinun=50 kPa) Tensão x Deformação (Ꝺinun=100 kPa)

https://conhecimentolivre.org/ebook/engenharia-e-geotecnia-principios-
fundamentais-volume-iii/
Estimativa de Recalques
Exercício 1. Estimar o recalque total imediato
considerando um método racional direto
Estimativa de Recalques
Exercício 2. Estimar o recalque total imediato
considerando um método racional indireto
Estimativa de Recalques
Exercício 3. Considere o aterro de areia, com comprimento e
largura infinitos, construído sobre um depósito de argila mole
saturada, conforme ilustrado na figura abaixo. Calcule o
recalque por adensamento primário
Estimativa de Recalques

Exercício 4. Considere o aterro de areia, com comprimento e


largura infinitos, construído sobre um depósito de argila mole
saturada, conforme ilustrado na figura abaixo. Calcule o
recalque por adensamento primário
Atividades Assíncronas

Resolução de Exercícios do Conteúdo das


Aulas já ministradas

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