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Workbook

ARSENAL DO ENGENHEIRO
DE FUNDAÇÕES
versão 2.0
"Daqui 5 anos você
vai desejar ter
começado hoje"
Bem-vindo
ao Fundações do Zero

INTRODUÇÃO

Seja bem-vindo(a) ao Fundações do O Fundações do Zero existe para te


Zero! ajudar nessa missão!

Se você está aqui, provavelmente busca Este Workbook organiza, em um só lugar,


conhecimento em fundações para todo o seu aprendizado, complementando
transformar a sua vida. ainda mais essa experiência e
potencializando o conteúdo que você
aprende nas vídeo aulas.

Veja o que você vai encontrar aqui

RESUMOS TAREFAS
Os pontos principais de cada aula Para masterizar o aprendizado e
para você relembrar o conteúdo. coloca-lo em ação.

Recado importante!

É possível que apareçam muitas dúvidas enquanto você aprende o Fundações dos
Zero. Mas fique tranquilo! Você tem canais à disposição para tirar as dúvidas.

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O Fundações do Zero tem um poder Aproveite essa experiência e procure


transformador e este curso foi preparado tirar o maior proveito dela.
com muito carinho, dedicação e cuidado
para você. Mãos a obra?!

01
MÓDULO 02 - FUNDAMENTOS DA
ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

O que um bom projeto de fundações deve atender?

Seguro (Não recalcar demais e principalmente não romper)


Econômico
Rápido

Sobre a ótica dos recalques

Permitir apenas os recalques que a estrutura possa suportar

Estabilidade interna x externa

Estabilidade Interna: "Evitar a ruptura do solo de apoio (segurança interna) -


estado limite último
Estabilidade Externa: "Evitar a ruptura estrutural o elemento de fundação" (no
máximo 10% dos casos de patologias)

Tensão admissível

É a tensão máxima aplicada ao terreno que atenda às limitações de recalque ou


deformação da estrutura. Estas tensões devem obedecer simultaneamente os
estados-limites últimos (ELU) e estado limite de serviço (ELS), para cada elemento
de fundação.
Todos sabem o que é ELU e ELS?

Recalque Diferencial Uniforme


Ed Núncio Malzoni - Santos/SP
https://www.youtube.com/watch?v=EF-YfVh3TGM

02
Estrutura e suas FUNDAÇÕES

Componentes de uma estrutura:


Superestrutura
Meso-estrutura
Infraestrutura

Esquema dos componentes de uma estrutura

O que é INFRAESTRUTURA?
A infraestrutura é o elemento erroneamente conceituado como de "Elemento de
transmissão de cargas da superestrutura e meso estrutura para o solo".

Na verdade ele é o elemento de transição entre a edificação e o solo. É definida como


sendo o conjunto constituído pela infraestrutura e o maciço de solo.

Com ênfase para o SOLO. Elemento mais fraco e complexo

Por fim, as fundações ou infraestrutura é na realidade um elemento de interação


solo/estrutura que realiza a transferência de carga da superestrutura para o terreno.

O que é RUPTURA?
Na prática, felizmente, é muito difícil a ocorrência de ruptura física de uma fundação,
que em alguns casos pode ser brusca e catastrófica.

Considera-se ruptura o deslocamento corresponder a 10% do diâmetro do fuste,


quando fundações profundas

Ou 30% do diâmetro ou menor lado quando fundações superficiais.

03
Ruptura brusca de um conjunto de silos. Tschebotarioff (1951)

Existem vários critérios para definir a carga que leva a fundação a ruptura (colapso do
solo), sobre esses critérios são aplicados coeficientes de segurança para definir no
projeto a tensão admissível ou carga.

De maneira geral esse CS é normalmente de 2,0 a 3,0

O que é RECALQUE?
É o deslocamento vertical ou inclinação que uma edificação sofre devido às
deformações ocorridas no maciço de apoio de suas fundações. O recalque é causado
pela diminuição de vazios, causada pela aproximação das partículas, ou deformação no
do esqueleto do sólido, sem que ocorra uma superfície de ruptura entre as partículas.
Informações importantes:

1) Toda estrutura recalca


2) Toda estrutura admite certo recalque (chamado de admissível).

Diferença entre RECALQUE E RUPTURA


1) Ruptura (rápido): Pode ocorrer no elemento de fundação ou no maciço de apoio.
Normalmente brusca e catastrófica.
2) Recalque (lento): É o afundamento da estrutura, inerente a obras, admissível até
determinado ponto. Quando muito, se torna uma patologia. Normalmente até 1cm, nem
esteticamente, nem estruturalmente se percebe.
Como reflexo, a primeira vista ocorrem trincas e posteriormente, desabamento.

Aprofundamento em RECALQUE
Qualquer solo quando submetido a esforços sofrem recalques, sendo esse em maior ou
menor grau dependendo então das propriedades do mesmo.

Um exemplo é que recalques em solos sobre areia normalmente se estabilizam


rapidamente (poucos dias).

Já recalques em solos argilosos (finos) podem durar anos, devido a propriedades como
permeabilidade.

04
Um exemplo de recalque lento de solo em argilas, é o prédio Núncio Malzoni já citado
anteriormente.

05
Recalque sobre a ótica do solo
Causado principalmente por 4 fenômenos:
Recalque imediato
Recalque primário
Recalque secundário
Recalque por colapso
Vamos entender cada um deles?!

Recalque imediato (leva de 3 a 10 dias)


(Suportável na maioria dos casos)
Ajuste solo/fundações (compressão de sujeiras)
Saída de gases (impossível de se estimar valores)
Deformação elástica do solo (até aproximadamente 1/10 da tensão de ruptura o solo
pode ser considerado elástico, desta forma pode-se utilizar a teoria da elasticidade
para calcular os recalques).

Recalque primário (leva de horas até muitos anos)


(O maior dos recalques, pode levar a ruptura)

Adensamento: Diminuição de vazios (saída de água)

De forma geral, ocorre em poucas horas para areias fofas saturadas e até muitos anos
quando argilas e siltes moles saturados, devido a característica muito fina e porosa.

Recalque secundário
É mais significativo em solos orgânicos devido ao escorregamento e/ou reorientação
entre as partículas. Não é tão agressivo quanto o recalque por adensamento.
Também não é tão comum de acontecer no Brasil.
Deve-se a fenômenos viscosos como (creep ou fluência) e ocorre após o adensamento
primário.
Recalque por colápso
Surge por colapso da micro-estrutura do solo por perda das ligações entre as partículas
do solo. Geralmente brusco e catastrófico.

06
Recalque sobre a ótica da estrutura
Causado principalmente por 4 fenômenos:
Recalque total
Recalque total uniforme
Recalque diferencial uniforme
Recalque distorcional
Existe um pior?!
Vamos entender cada um deles?!

Recalque total rt (s)


(Caso geral)
É o que ocorreu até o momento da observação
Somatória dos recalques (imediato, primário, secundário, por colapso, etc.)

Recalque total uniforme (afunda como um todo)


Estrutura praticamente não sofre danos
Ruptura das redes externas (água, esgoto, etc.)
Típicos em estruturas rígidas e terrenos uniformemente fracos
Alteração em calçadas e passeios

Recalque diferencial uniforme (afunda mais um lado do que outro)


De maneira geral a longo prazo é mais danoso a estrutura do que o total uniforme.
Caso de Santos/SP, Cidade do México, Torre de Pisa, etc.
Inclinação e Desaprumo
Típicos em estruturas rígidas e terrenos linearmente desuniforme
Estrutura sofre pequenos danos
A medida em que se acentua o recalque, os danos deixam de ser somente
arquitetônicos e podem levar ao colápso

07
Recalque distorcional (β)
Extremamente agressivo a estrutura
Solos Heterogêneos
Recalques Diferenciais
Estrutura sofre danos e fissurações

Aprendendo na prática
Identifique os tipos de recalque que estão acontecendo abaixo:

a)

b)

c)

08
Os recalques são analisados sob duas óticas principais:
Sob a ótica do solo (causa)
Sob a ótica da estrutura (efeito)

Recalque admissível
É aquele que a sua grandeza só produz um afundamento que a estrutura é capaz de
suportar sem danos.

β = 1/600

Limites para Recalques


Tem-se verificado na prática de fundações que os recalque distorcionais são muito
mais perigosos a estrutura que os recalques diferenciais. Nós já vamos ver cada um
destes esses conceitos mais a frente.

Uma obra admite recalques distorcionais da ordem de β = 1/800, causando danos que
a estrutura pode suportar com baixo fator de risco.

Limites:
β = 1/1500 - Ideal, sem danos
β = 1/800 - Ideal, microfissuras inofensivas
β = 1/600 - Trincas em painéis de alvenaria, sem danos estruturais
β = 1/500 - Flechas toleráveis em vigas e lajes, trincas toleráveis nas alvenarias sobre
vigas e lajes
β = 1/300 - Flechas e trincas acentuadas, com comprometimento estrutural
β = 1/150 - Desabamento eminente

Aprendendo na prática
Sabendo que β = Δ/L ou β = (r2-r1)/L
e...
L=500cm, r1=2cm, r2=4cm

Se essa obra fosse sua, quão preocupado você estaria nesse momento?

09
Sondagem
Inúmero são os métodos de sondagem de terreno. Porém na prática da engenharia
99% dos casos tem-se utilizado as sondagens SPT.
Dessa forma, iremos nos aprofundar nessa sondagem, tendo em vista o característica
prática deste curso.

Relembrando a execução do SPT


A primeira etapa de qualquer projeto de fundação é o reconhecimento do solo e seu
perfil estratigráfico. Esse reconhecimento é realizado a partir de ensaios de campo
como o descrito na NBR 6484/01 – Sondagem de Simples Reconhecimento do Solo
(SPT).

Por meio deste procura-se definir as camadas de solo e suas características,


resistência do solo, nível do lençol freático encontrado no momento da sondagem.

Entender esse procedimento de ensaio é fundamental para memorizarmos a leitura e


interpretação de um laudo de sondagem SPT.

Sugestão de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=FgEWzjfJXQs

O equipamento para realizar uma sondagem SPT é formado por um tripé com uma
roldana, por onde passa uma cabo de aço, e em sua ponta, um peso de 65kg. Esse
peso é lançado de uma altura padrão, 75cm, e bate em um amostrador que vai
entrando no solo ao longo das batidas, esse número de batidas no amostrador para
avançar os 30cm finais é um índice que chamamos de NSPT.

Funciona da seguinte forma, o amostrador deve penetrar 45cm a partir das batidas com
o peso. A cada 15 cm anota-se o número de batidas que foram realizadas para realizar
o avanço.

Os 15cm iniciais são descartados e o que realmente deve ser considerado são o
número de golpes para o avanço dos 30cm finais.
Para os 55cm restantes de cada cota o solo é removido com auxílio de trado helicoidal
ou a percussão.

O NSPT utilizado para realizar o cálculo da pressão admissível então, é o número de


golpes do martelo para que o amostrador padrão penetre 30 cm no solo, após uma
penetração inicial de 15 cm. Esse procedimento é realizado a cada metro de
sondagem.

É comum que a penetração inicial não seja de exatamente 15 cm, quando isso
acontecer não podemos simplesmente somar as duas últimas parcelas e dizer que
esse valor é o NSPT.

Exemplo: 2/17 3/14 5/15


Leia-se: Dois golpes para avançar os 17cm iniciais. 3 golpes para avançar 14cm e 5
golpes para avançar 15cm. Totalizando 46cm de avanço.

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Nesse caso deveremos apresentar o NSPT como 8/29, isso porque não ocorreu uma
penetração de 15 cm na primeira parcela do ensaio e nem duas parcelas finais de 15
cm.

Mas qual o motivo desse avanço não ser exatamente 15cm conforme indicado
anteriormente Nelso?

O que acontece é que na prática essa perfeição não existe. Estaremos analisando um
ensaio de campo em que dificilmente número de batidas fecha exatamente com o
avanço que queremos do amostrador. É muito comum empresas apresentem laudos de
sondagem, sempre com penetrações iguais a 15 cm. Isso é impossível acontecer na
prática. Imaginem um furo de sondagem com 20 m de profundidade; serão 20 ensaios
com 3 parcelas para cada ensaio, ou seja, serão 60 ensaios parciais, teoricamente com
penetrações de 15 cm. O Prof. Teixeira costumava comentar que se isso ocorrer, então
o solo é "Ensinado".

Vamos agora a análise do laudo de sondagem, que você vai receber para realizar o
projeto de fundações.

O passo a passo para leitura do laudo SPT

1º Passo: Localizar as informações: Profundidade, Resistência SPT, Nível de Água


(N.A), Tipo de Solo e o Gráfico de Resistências.

2º Passo: Realizar a leitura das informações

O passo a passo para interpretação

1º Passo: Identificar a profundidade impenetrável

2º Passo: Identificar a prof. do N.A

3º Passo: Identificar solo coesivo ou não?

4º Passo: Desenhar as linhas teóricas:

Do ponto de vista das fundações superficiais:


< 10 golpes = solo com baixa resistência
10 < golpes < 20 = solo com resistência mediana
20 < golpes < 30 = solo com boa resistência
> 30 golpes = solo com ótima resistência (ideal)

5º Passo: Possível fundação superficial?

São 4 critérios importantes a serem analisados:

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1) Carga:
Até 40tf (carga baixa) - NSPT mínimo = 10 golpes p/ 30cm finais
De 40 tf a 100tf - NSPT mínimo = 15 golpes p/ os 30cm finais
Acima de 100tf - NSPT mínimo = 20 golpes p/ os 30cm finais

2) Nível de lençol freático:


Preferencialmente a cota de assentamento da fundação superficial deve ser acima do
lençol freático.
Pode realizar abaixo?
Sim mas acaba encarecendo a obra devido a ao rebaixamento do lençol freático.

3) Profundidade de assentamento:
De preferência até 2m, podendo chegar a 3m. Cuidado com a escavação devido a
segurança do trabalho e quanto maior a profundidade, maior o gasto também.

4) Cuidado com zona de plastificação / bulbo de pressão...

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Análise de um laudo SPT real na prática

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Principais Famílias de Fundações
São formadas por 2 grandes famílias:
Fundações superficiais
Fundações profundas

Vamos entender cada uma delas?!

Fundações superficiais
Também chamadas de rasas ou diretas
Zf ≤ 1,5xB (menor dimensão ou diâmetro da base)
Transfere carga apenas pela base
Não são capazes de transferir cargas por atrito lateral

Tipos:
Sapatas: sempre armadas
Blocos de fundações (rígidos): concreto simples
Tubulões curtos (rígidos): escavados internamente, concreto simples
Radiers (flexíveis, semi-rígidos e rígidos ou "egg Box")

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Fundações profundas
São aquelas cuja profundidade é maior ou igual a 4x a menor dimensão ou diâmetro da
base e são capazes de transferir carga por atrito lateral.

Transferem carga apenas pela ponta e por atrito lateral

Tipos:
Estacas: esbeltas
Tubulões: sempre prevê a descida do homem no seu interior e
preferencialmente/quase sempre tem a base alargada
Estaca broca (Paulista): Mini-estaca em concreto
Estacas escavadas mecanicamente: escavadas mecanicamente sem base
Estacões e estacas barrete: escavadas com lama ou fluido estabilizador
Estaca raiz: estaca injetada, baixa pressão, cartucho de armação comum
Hélice contínua: escavada através de trado contínuo de concreto na maioria das
vezes não armado.
Entre outras...

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Exercício 01: Quais são os 3 requisitos que todo bom projeto de fundações deve
atender?

Exercício 02: Qual o conceito de estabilidade interna e externa?

Exercício 03: Qual o conceito correto de infraestrutura?

Exercício 04: Qual a diferença entre recalque e ruptura, qual o pior?

Exercício 05: Qual a diferença entre recalque total uniforme, recalque diferencial
uniforme e recalque distorcional, qual o pior?

Exercício 06: Você projetaria fundações com base no laudo de sondagem abaixo,
justifique a sua resposta?

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Exercício 07: Você utilizaria fundação superficial para o laudo abaixo? Justifique a sua
resposta

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