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Introdução à Construção

SCHOLA DIGITAL
2018

Material Didático de Leitura


Obrigatória utilizado na
Disciplina de Introdução à
Construção – Revisão 00 de
Janeiro de 2018
Introdução à Construção
ÍNDICE

UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

Aula 1: Conceitos Introdutórios..................................................................................................1

Aula 2: Terrenos........................................................................................................................28

Aula 3: Conceito de Projeto......................................................................................................39

Aula 4: Serviços Preliminares de Canteiro................................................................................47

Aula 5: Sistemas Construtivos...................................................................................................60

UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Aula 6: Concretos......................................................................................................................74

Aula 7: Argamassas...................................................................................................................90

Aula 8: Alvenarias...................................................................................................................103

Aula 9: Fundações e Estruturas...............................................................................................113

UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

Aula 10: Instalações Elétricas..................................................................................................125

Aula 11: Instalações Hidrosanitárias.......................................................................................137

Aula 12: Esquadrias.................................................................................................................150

Aula 13: Revestimentos Gerais...............................................................................................157

UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

Aula 14: Cobertura..................................................................................................................174

Aula 15: Demais Acabamentos...............................................................................................193

Aula 16: Sistema de Gestão da qualidade...............................................................................203

Aula 17: Documentação de Fim de Obra................................................................................209


Aula 1 - Introdução
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

Unidade 1 – Conceitos Elementares

Aula 1: Conceitos Introdutórios

O principal objetivo é apresentar o produto pronto, de forma coesa e direta, que será
estudado durante o curso de edificações. Nesta aula serão apresentadas, de forma breve, as
informações necessárias para a construção de uma edificação simples contemplando os
pontos mais importantes que serão aprofundados no decorrer do curso.

1. Abordagem Inicial

A construção civil é um dos segmentos mais representativos da economia brasileira,


chegando a responder por cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Isso se
deve muito ao fato de ainda hoje, em pleno século XXI, termos um enorme déficit
habitacional. Se fizermos um esforço, lembraremo-nos de termos visto, algumas vezes, o
termo Construção Civil relacionado com a construção de casas e edifícios, mas podemos
considerá-lo ainda mais abrangente.

O segmento da Construção Civil alcança toda e qualquer atividade relacionada à


produção de obras. Assim, podemos incluir aqui as funções de planejamento, projetos,
execução, manutenção e restauração de obras.

Essas podem ocorrer-nos mais diversos segmentos como casas, edifícios, estradas,
portos, aeroportos, instalações prediais, obras de saneamento, entre outras, onde
participem arquitetos, engenheiros, técnicos em colaboração com profissionais de outras
áreas.

Nesta primeira aula será apresentada uma espécie de visão global para a realização de
um empreendimento, lembrando que cada um dos pontos apresentados serão estudados
com maior profundidade em posteriores momentos ou em outras disciplinas.

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Aula 1 - Introdução
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2. Edificando

A seguir, seguem-se os passos e abordagens gerais de uma construção simples.

2.1. Terreno

Antes de tudo, observa-se a documentação que comprova a posse do terren. Esses


documentos são a escritura ou o compromisso de compra e venda assinado e autenticado
pelo vendedor. Se não existir a documentação desses documentos, deve-se procurar se a
informação de como e onde obtê-los. Após limpeza, conferir no próprio:

Além destas informações, verifica-se:

• Risco de desabamento;
• Risco de enchente;
• Solo frágil ou instável.

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Aula 1 - Introdução
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

2.2. Projeto

Risca-se num papel como se imagina a futura casa. Assim, pode-se decidir quantos
cômodos vai construir e o tamanho deles. Começa-se pelas partes mais necessárias, como
quarto, cozinha e banheiro (embrião) e aumentar o número de quartos quando a família
crescer (ampliação).

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Aula 1 - Introdução
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.2.1. Aprovação do projeto

Verifique na Prefeitura (ou no CREA) quais são as exigências para aprovar a planta de
sua casa e autorizar a sua construção (afastamentos do limite do terreno, técnico
responsável etc.). Várias Prefeituras têm plantas prontas para casas com diferentes
tamanhos, que já saem aprovadas e com licença para iniciar a obra.

2.2.2. Locação da casa

Comece o trabalho nivelando o terreno onde a casa será construída. Agora, construa
cavaletes, um gabarito ou uma tabeira e marque a posição da casa no terreno. Não se
esquecer de conferir o esquadro. Esta etapa é muito importante para garantir a construção
das paredes na posição correta.

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UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

2.3. Fundação

A fundação ou alicerce serve para apoiar a casa no terreno. A fundação depende do


tipo de solo do seu terreno. Uma sondagem permite saber qual é a fundação mais indicada.
Existem firmas especializadas em sondagens de solos. Mas a melhor dica é consultar os
vizinhos para saber como foram feitas as fundações das casas próximas.

2.3.1. Baldrames

Se for encontrado solo firme até uma profundidade de 60 cm, pode-se abrir uma vala e
fazer o baldrame diretamente sobre o fundo dela. Pode-se também fazer um baldrame de
blocos ou de concreto.

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2.3.2. Estacas

Se você não encontrar terreno firme até 60 cm de profundidade, vai ser necessário
apoiar o baldrame sobre brocas.

2.3.3. Radier

Outra solução é construir uma laje de concreto sobre o solo, conhecida como radier.
Além de apoiar sua casa, o radier já funciona como contrapiso e calçada. Mas o radier só
pode ser usado se o terreno todo tiver o mesmo tipo de solo. Se uma parte for firme e a
outra fraca, o radier não pode ser utilizado.

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UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

2.3.4. Nivelamento

Qualquer um dos tipos de fundação deve ficar nivelado. Caso necessário, faz-se uma
camada de argamassa para nivelamento (regularização) sobre a fundação pronta. Para
evitar que a umidade do solo suba pelas paredes, aplique uma camada de argamassa com
impermeabilizante sobre a fundação ou sobre a camada de nivelamento. Esta argamassa
deve ser desempenada sem alisar. Quando ela estiver seca, aplique uma pintura
impermeabilizante.

2.3.5. Preparação do Concreto

Utiliza-se pedra e areia limpas (sem argila ou barro), sem materiais orgânicos (como
raízes, folhas, gravetos etc.) e sem grãos que esfarelam quando apertados entre os dedos. A
água também deve ser limpa (boa para beber). É muito importante que a quantidade de
água da mistura esteja correta. Tanto o excesso como a falta são prejudiciais ao concreto.
Excesso de água diminui a resistência do concreto. Falta de água deixa o concreto cheio de
buracos.

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Aula 1 - Introdução
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Aula 1 - Introdução
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

O concreto também pode ser comprado pronto, misturado no traço desejado e


entregue no local da obra por caminhões betoneira. Esse tipo de fornecimento só é viável
para quantidades acima de 3 m³ e para obras não muito distantes das usinas ou
concreteiras, por questão de custo.

2.3.6. Preparação da Argamassa

Misture apenas a quantidade suficiente para 1 hora de aplicação. Esse cuidado evita
que a argamassa endureça ou fique difícil de ser trabalhada.

Existem também argamassas prontas, para assentamento, revestimento e


rejuntamento, à venda nas lojas de material de construção. Essas argamassas vêm
embaladas em sacos e devem ser misturadas com água na quantidade recomendada na
embalagem.

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2.4. Paredes

As paredes internas e externas podem ser levantadas com blocos de concreto ou


tijolos. Você mesmo pode calcular quantos milheiros vai precisar. Faça as contas e veja
como os blocos de concreto rendem mais.

Comece cada parede pelos cantos, assentando os blocos em amarração (fazendo junta
amarrada). Não se esqueça de verificar o nível e o prumo de cada fiada.

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Aula 1 - Introdução
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

Use a colher de pedreiro para posicionar os blocos. Raspe a argamassa que sobrar, para ser
reaproveitada. Em vão de portas e janelas, usa-se uma verga na primeira fiada de blocos
acima do vão. Essa verga pode ser pré-moldada ou feita no local. Ela deve ter, no mínimo,
20 cm a mais para cada lado do vão. Não se esqueça também de escorar as fôrmas das
vergas concretadas no próprio local.

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A boa prática recomenda também fazer uma cinta de amarração na última fiada das
paredes (respaldo). Mas lembre-se de deixar passagens para canos e conduítes
(eletrodutos) na cinta de amarração.

Deverão também ser chumbados tarugos de madeira nas bordas dos vãos. Os batentes de
portas e janelas, que serão instalados depois, vão ser pregados nesses tarugos. Use uma
argamassa bem forte de cimento e areia (1 parte de cimento e 3 partes de areia) para
chumbar os tarugos.

2.5. Lajes

As lajes aumentam o valor, o conforto e a segurança de sua casa. As mais comuns são
as de concreto armado, executadas no local, ou as pré-moldadas de concreto, compostas de
vigotas "T" ou vigotas treliçadas e lajotas (tavelas). As lajes pré-moldadas são as mais
econômicas e mais simples de executar.

As lajotas (tavelas) podem ser de concreto ou cerâmica. Elas servem de guia para
medir a distância entre as vigotas. Por isso, as lajotas devem ter sempre o mesmo tamanho.

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2.5.1. Montagem

As vigotas devem se apoiar pelo menos 5 cm de cada lado da parede. As lajotas devem
ser encaixadas sobre as vigotas. A primeira e a última carreira de lajotas podem ser
apoiadas na própria cinta de amarração.

2.5.2. Escoramento

Se o vão a ser vencido pela laje for menor que 3,40 m, coloque uma fileira de pontaletes para
escorar as vigotas. Se o vão for maior (3,40 m a 5 m), escore as vigotas com duas fileiras de pontaletes.
Nos dois casos, os pontaletes devem ser um pouquinho mais altos que as paredes. A laje deve ficar
levemente curvada para cima, formando a contraflecha, recomendada pelos fabricantes. O próximo
passo é colocar as caixas de luz e os conduítes (eletrodutos) para a fiação elétrica. Feito isso, pregue

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uma tábua de testeira nas extremidades da laje, que vai funcionar como fôrma da capa de concreto da
laje.

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2.6. Telhado

O primeiro passo é construir as empenas (oitões) sobre a laje, para dar caimento ao
telhado. Se a casa não tiver laje, construa as paredes de modo que cheguem direto até a
altura do telhado.

O caimento do telhado depende do tipo de telha escolhida, mas a altura da empena


depende também da altura da caixa d’água que ficará debaixo do telhado. E lembre-se de
que é preciso deixar espaço para abrir a tampa da caixa d'água.

Instale a caixa sobre uma base de caibros. É desejável ter uma distância mínima de
1,50 m entre o fundo da caixa d'água e o chuveiro, para que a água desça com pressão
suficiente.

Nos telhados de fibrocimento (cimento-amianto) o consumo de madeira é menor


porque não são usadas ripas. A montagem também é mais rápida. As lojas de material de
construção têm as instruções do fabricante de telhas para a montagem do telhado.

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2.7. Esquadrias

Os batentes das portas e das janelas de madeira são fixados diretamente nos tarugos
chumbados nas paredes. Esses batentes devem ser nivelados e esquadrejados. Deixe espaço
para o acabamento do piso, quando marcar as soleiras das portas e a altura dos peitoris das
janelas.

É melhor chamar um carpinteiro para colocar as portas. Quase sempre elas precisam ser
aplainadas e ter encaixes para a colocação das dobradiças e da fechadura. As janelas, vitrôs
ou basculantes já vêm montados com toda a ferragem e, às vezes, até com o vidro
colocado. Se não vierem, chame um vidraceiro.

2.8. Revestimentos

O revestimento mais usado é feito com argamassa. O ideal é fazer três camadas:
chapisco, emboço e reboco. Antes de aplicar a primeira camada, tape os rasgos feitos
quando foram colocados os encanamentos e os conduítes. Espere cada camada secar, antes
de aplicar a seguinte.

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2.9. Pisos

Antes de fazer o piso, coloque os tubos de esgoto do banheiro e da cozinha com as


esperas para os ralos. Calce os tubos com concreto magro. epois, nivele o chão e soque
bem. Coloque uma camada de, no mínimo, 8 cm de concreto magro sobre o chão, para
formar o contrapiso. As calçadas são feitas do mesmo jeito.

A fundação do tipo radier já funciona como contrapiso e calçada. Neste caso, os ralos e
tubos de esgoto também já devem ter sido colocados.

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Aula 1 - Introdução
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Tacos, ladrilhos e cerâmicas podem ser assentados diretamente sobre o contrapiso de


concreto magro. Se for necessário, regularize o contrapiso com uma argamassa de cimento
e areia, mas lave o contrapiso antes, para aumentar a aderência.

2.10. Instalações
2.10.1. Água Fria

Nesta etapa, o ideal é contar com a ajuda de um encanador (bombeiro). Primeiro monte o
cavalete para a ligação do medidor de água. As lojas de material de construção têm cavaletes prontos
(kits). Em seguida, coloque a caixa d’água no ponto mais alto da casa. Agora faça a ligação do cavalete
até a caixa d’água. Não se esqueça de colocar uma boia com registro, uma saída para limpeza e um
ladrão na caixa d’água. Feito isso, desça com a tubulação da cozinha, do tanque e do banheiro.
Lembre-se de colocar um registro na saída dessas tubulações. Para o vaso sanitário, existem vários

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sistemas de descarga. Pergunte ao encanador (bombeiro) qual é o melhor para a sua casa. Ele
também vai saber como deve ser feita a instalação.

2.10.2. Esgoto

Aqui também o ideal é contar com a ajuda de um profissional. Se a sua rua não tiver rede de
esgoto, faça uma fossa séptica com sumidouro no local mais baixo do terreno e mais afastado da casa.
O vaso sanitário é ligado com um tubo de 100 mm à caixa de inspeção. O ralo sifonado do chuveiro, o
tanque, a pia e o lavatório são ligados com tubo de 40 mm.

A maioria das lojas de material de construção tem vários tipos de vasos ou bacias sanitárias,
lavatórios, pias, tanques, torneiras, sifão e ralos. Siga as instruções do fabricante para colocar as
louças e metais. O encanador (bombeiro) também sabe como instalar essas peças.

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Para evitar mau cheiro, faça um respiro, após o ralo sifonado, subindo um tubo de 40 mm até o
telhado. A saída da caixa de inspeção para a fossa séptica também é feita com tubo de 100 mm.

2.10.3. Elétrica

Consulte a companhia de eletricidade para saber onde colocar o poste e como fazer a ligação do
seu relógio de luz. A caixa de luz, onde vão ficar os fusíveis ou disjuntores, deve ficar em local de fácil
acesso. As caixas de passagem e os conduítes (eletrodutos) podem ser embutidos nas paredes ou ficar
aparentes, fixados com presilhas (braçadeiras). Para o exemplo de casa deste folheto, você pode
seguir o esquema ao lado. As tomadas devem ficar, no mínimo, 30 cm acima do piso acabado e os
interruptores, a 1,20 m. Para o chuveiro, utilize um circuito próprio, com fio terra, para evitar choques.

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2.11. Pintura

A pintura é importante para proteger a casa do sol e da chuva. Cada tipo de pintura
exige uma preparação da superfície, uma mistura, uma técnica de aplicação e um certo
número de demãos. Por isso, consulte primeiro o fabricante da tinta ou um pintor
profissional.

A superfície deve estar seca e limpa de poeira, gordura, graxa, sabão ou mofo. Todas
as partes soltas ou esfarelentas devem ser raspadas. As grandes irregularidades das paredes
devem ser corrigidas com reboco. As pequenas, com massa acrílica ou PVA. Manchas de
gordura ou graxa podem ser eliminadas com água e detergente.

Paredes mofadas devem ser raspadas e lavadas com água sanitária diluída em água
(meio a meio). Depois, lave a superfície com água limpa e espere secar. No caso de
repintura sobre superfícies brilhantes, elimine o brilho com lixa fina. É necessário raspar e
remover totalmente a cal de uma superfície que vai ser pintada novamente com outra tinta.

A barra lisa é uma alternativa de revestimento impermeável no banheiro e na cozinha,


em substituição aos azulejos. Ela é uma massa fina, igual ao reboco. Na aplicação, alise a
argamassa com a colher de pedreiro.

2.12. Muros e Calçadas

Comece sempre pela limpeza da faixa onde o muro e a calçada vão ser construídos (retire lixo,
vegetação e solo fraco) e marque a área com piquetes de madeira. O ideal é fazer o muro e a calçada
ao mesmo tempo. Faça a fundação do muro e o contrapiso da calçada. Depois, levante o muro e, por
fim, faça o piso da calçada.

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Aula 1 - Introdução
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.12.1. Muros

Os muros podem ser feitos com blocos de concreto de 10 cm x 20 cm x 40 cm.O sistema de


placas de concreto pré-moldadas também pode ser usado. Sua execução é rápida. Os muros de blocos
de concreto devem ser subdivididos em trechos de comprimento máximo de 2,80 m (7 blocos de 40
cm). Entre cada trecho deixe um espaço de 20 cm, onde será feito um pilarete de concreto armado,
para travamento do muro. A construção do muro começa pela abertura da vala da fundação. Sua
profundidade vai depender da altura do muro e do tipo de solo do terreno. Em alguns casos é
necessário usar brocas. O fundo da vala deve ser bem compactado. Coloque uma base de concreto
magro de 5 cm e encha o restante da vala com concreto normal (baldrame).

Se o muro for de blocos de concreto, deixe no concreto da fundação as pontas de ferro (esperas) para
os pilaretes de travamento do muro. Cada pilarete leva 4 barras de ferro de 8 mm de bitola,
amarradas com estribos de 6 mm de bitola.

Levante os blocos de cada trecho do muro da mesma forma que as paredes da casa (veja nas páginas
12 e 13 deste folheto). Em seguida, feche os espaços de 20 cm entre os trechos do muro com duas
tábuas, que vão funcionar como fôrma para a concretagem dos pilaretes.

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Em muros com mais de 2 m de altura é preciso fazer uma cinta de concreto armado, a meia altura do
muro, em toda a sua extensão, armada com duas barras de ferro de 8 mm de bitola. Essa cinta pode
ser feita com blocos- canaleta.

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2.12.2. Calçadas

Comece pela compactação do solo sobre o qual vai ser construída a calçada. Em seguida, faça o
contrapiso com uma camada de concreto magro de 3 cm, no mínimo. Não faça o contrapiso nos locais
que serão usados como canteiro de flores ou grama. O contrapiso deve ser compactado e nivelado.

Uma maneira rápida e econômica de fazer o piso da calçada é usar uma camada de concreto de
5 cm de espessura. Nas entradas de carro, essa camada deve ter 7 cm. Coloque ripas de madeira no
sentido da largura da calçada, a cada 1,50 m. Essas ripas devem ficar aparentes na calçada e vão
funcionar como juntas, evitando rachaduras.

Se a calçada tiver mais de 1,50 m de largura, também será preciso colocar uma ripa de madeira no
sentido do comprimento. Essas juntas não devem ser desencontradas. Não se esqueça do caimento da
calçada para evitar água empoçada. Em calçadas planas, o caimento deve ser de 1 cm para cada metro
de largura da calçada. Em ladeiras, o piso da calçada deve ter a superfície áspera, para que as pessoas
não escorreguem. Dependendo do caso, a calçada pode ter um ou mais degraus. Molhe o muro nos
primeiros sete dias. O acabamento pode ser feito com um simples.

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UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

Da mesma forma como se faz a calçada da frente do terreno, podem ser feitas as demais
calçadas ou passeios (contorno da casa, acesso do portão da rua até a porta de entrada da casa).

3. Escolhendo o Cimento

O cimento é um pó fino que, em contato com a água, é capaz de unir firmemente, como uma
cola, diversos tipos de materiais de construção. Depois de endurecido, ele não se decompõe mais,
mesmo em contato com a água. Por isso, as construções feitas com materiais à base de cimento são
resistentes e duráveis. s principais matérias-primas do cimento são calcário, argila e gesso. A sua
fabricação exige enormes instalações industriais, como um possante forno giratório que atinge
temperaturas de 1.500 0C.

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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Atualmente, o cimento é vendido em sacos de 50 kg, 40 kg e 25 kg, que podem ser armazenados
por cerca de 3 meses, desde que o local esteja fechado, coberto e seco. Para evitar umidade e
empedramento, os sacos devem ser estocados sobre estrados de madeira, em pilhas de 10 sacos, no
máximo. Existem diversos tipos de cimento no mercado. A diferença entre eles está na composição,
mas todos atendem às exigências das NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS.

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Aula 1 - Introdução
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

Quanto mais produtos de cimento prontos você usar, maior a economia que você vai fazer; é
menor o desperdício de materiais componentes e menos mão-de-obra.

Na compra de materiais de construção, lembre-se de que o barato pode sair caro. Prefira
materiais de qualidade comprovada, que são aqueles fabricados de acordo com as NORMAS TÉCNICAS
BRASILEIRAS. Procure dar preferência também ao uso de ferramentas adequadas e em bom estado de
conservação. Se você ainda ficou com alguma dúvida, consulte um profissional habilitado da área da
construção. Caso deseje outras informações, consulte a ABCP, usando a carta-resposta da página
central deste folheto.

Desenvolvido por Arq. Ronaldo F. T.


Meyer. Adequações e edições sem
comprometimento de conteúdo

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Aula 2 - Terrenos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Aula 2: Terrenos

A escolha de um terreno para se edificar é fator preponderante para o bom andamento da


construção. Algumas características do terreno que podem influenciar sua escolha e que
representam economia na hora de comprar ou de construir e demais observações serão
apresentadas a seguir.

1. Critérios de Escolha

1.1. Topografia

O terreno pode ser plano, em aclive (sobe em direção ao fundo) ou em declive (aquele
que desce, ou seja, o nível da rua está mais alto que o fundo). Quando o terreno tem estas
inclinações, um bom projeto pode aproveitar melhor o traçado natural e evitar grandes
cortes de terra ou aterros. É esta movimentação de terra que deixa a obra mais cara, pois é
preciso pensar em estruturas de contenção (muro de arrimos) e de drenagem, que são bem
caras. Por outro lado, os terrenos mais íngremes costumam custar menos que os planos e
permitem visuais bem interessantes quando a construção é bem pensada. Mas, geralmente
para acomodar a casa em desnível é preciso fazer alguns degraus. Então, se você quer uma
casa térrea, é necessária uma avaliação antes da aquisição.

1.2. Tipo de Solo

Não se sabe, sem a devida inspeção, o tipo de fundação que demandará a edificação
para aquele tipo de solo. Para ter certeza do tipo certo de fundação, é preciso contratar
uma sondagem que faz o perfil do terreno para determinar em que camadas estão os solos
apropriados para apoiar o alicerce. Se você ainda está começando a pesquisar, observe:

• Se há muitas pedras na superfície do terreno, provavelmente será preciso


fazer uma fundação mais profunda e mais cara;
• Se há proximidade com rios ou cursos d´água, tubulações e córregos, saiba
que solos alagados também aumentam os custos de fundação;
• Perguntar aos proprietários de edificações contíguas qual tipo de fundação
eles adotaram.

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Aula 2 - Terrenos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

Isso tudo serve para ter uma ideia do tipo de solo, mas nada disso te dá certeza. Vale a pena
contratar um serviço de sondagem de solo quando adquirir o terreno e antes de fazer o
projeto.

1.3. Posição em relação ao Sol

Na hora de escolher o terreno, veja onde o sol nasce e onde ele se põe. O melhor é
deixar os quartos voltados para o nascer do sol. Então veja se a face voltada para sol
nascente fica num bom lugar do terreno ou se ela está virada pra um prédio alto que faz
sombra no terreno. Veja também se não um terreno vizinho vazio que pode roubar seu sol
mais pra frente.

1.4. Localização e Vizinhança

Todos se preocupam com a facilidade de acesso e com a infraestrutura (transporte,


lazer, serviços) próximas ao terreno. Mas às vezes esquece-se de coisas que podem causar
incômodo. Imagine-se em meio a um barulho em horário de sono, ou ainda, próximo a uma
casa noturna movimentada. Ou querendo chegar em casa, mas com dificuldade por estar
perto de um grande pavilhão de eventos. Antes de escolher o terreno e decidir, observe
sempre o entorno e visite o terreno em horários diferentes, inclusive à noite e no final de
semana.

1.5. Dimensionamento e Recuos

Cuidado com terrenos muito estreitos porque, em geral, você é obrigado a deixar um
recuo lateral, ou seja, você não poderá ocupar toda a largura do terreno. Quem determina
isso é a Lei de Uso e Ocupação do Solo de cada município. Em geral, a largura da frente do
terreno é valorizada e corresponde a 30% do preço do lote. Quanto maior à frente, mais
caro. E se for de esquina, mais caro também, pois são mais opções de projeto, de insolação
e de ventilação. Embora seja mais caro, pode valer a pena porque você conseguirá
aproveitar melhor o terreno.

1.6. Leis de Zoneamento e suas limitações

O zoneamento divide a cidade em áreas e determina o que pode ser construído em


cada uma delas: só residências, prédios, comércio, indústria ou zonas mistas. O zoneamento
define também o número de andares que se pode construir (tecnicamente isso se chama
gabarito) e quanto pode se ocupar do solo. O corretor de imóveis pode te ajudar a
identificar o zoneamento do terreno ou você pode pedir uma ficha de informação na

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Aula 2 - Terrenos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

prefeitura. Caso seja um loteamento em condomínio, verifique as condições que o


condomínio impõe.

1.7. Verificação de Proteção Ambiental

Veja se o terreno tem muitas árvores. Se você quiser retirar algumas no local onde vai
fazer a edificação, verifique na prefeitura se aquele terreno tem restrições. As árvores
nativas são protegidas por diversas leis e você precisará pedir uma licença se quiser cortar.
Ou, o melhor seria planejar a construção sem derrubar nenhuma das árvores, fazendo um
projeto em que elas fiquem bem integradas à casa. Há também locais de preservação
ambiental que não podem ser desmatados e construídos e faixas próximas a rios que devem
ser preservadas.

1.8. Infraestrutura da Região

Verifique se a concessionária de luz, de abastecimento de água e as redes de esgoto e


de gás chegam ao seu terreno. Veja também se as ruas são pavimentadas, se a região é
servida por transporte público e se por perto tem hospital, supermercados, padaria,
farmácia, escola e outros serviços que você acha importantes. Estar em uma área mais
estruturada aumenta o custo do terreno, mas pode te dar melhor qualidade de vida e até
fazer você economizar tempo e dinheiro.

1.9. Documentação

Para escolher o terreno, verifique se não há nenhum problema com a documentação


do imóvel. Exija a certidão de propriedade do terreno atualizada (é emitida pelo Cartório de
Registro de Imóveis) para saber se a situação está regular.

Também é importante pedir as certidões de ações dos distribuidores (cartórios) cíveis,


de protesto, de execuções fiscais e de ações federais do proprietário e de seu esposo (a).
Esses documentos indicam se há ações contra o proprietário que envolva o terreno a ser
vendido. Se o proprietário constar como solteiro na certidão de propriedade e agora estiver
casado, além das certidões em nome de seu cônjuge, ele terá que atualizar seu estado civil
no registro do imóvel (isso se chama tecnicamente de ‘averbação do casamento perante o
Cartório de Registro de Imóveis’).

Se for comprar de pessoa jurídica, você precisa pedir a Certidão Negativa de Débitos
(CND) do INSS.

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UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

Seja quem for o vendedor, não se esquecer da solicitação do carnê do IPTU, no qual
constam as metragens do terreno e seu valor venal, e a Certidão Negativa de Débitos
Municipais, que mostra se existe dividas com o município, referentes ao terreno.

1.10. Adequação ao provável Projeto

Depois de ter avaliado os pontos acima, ter muita clareza de qual é o objetivo. Pensar
no tipo de projeto que se intenta construir é muito importante para escolher o terreno. O
que é importante: muito espaço livre ou uma casa que ocupe bem o terreno; com muitos
cômodos; economizar na compra ou economizar na obra; em que lugar da cidade se quer
estar. Pensar também o quanto esse terreno facilita a construção da edificação que se
deseja.

2. Características Gerais

Sem sabermos as características do terreno, é quase impossível executar-se um bom


projeto. As características ideais de um terreno para um projeto econômico são a seguir
apresentadas.

2.1. Limpeza

Sem sabermos as características do terreno, é quase impossível executar-se um bom


projeto. As características ideais de um terreno para um projeto econômico são:

• Carpir: quando a vegetação é rasteira e com pequenos arbustos, usando para


tal, unicamente a enxada;
• Roçar: quando além da vegetação rasteira, houver árvores de pequeno porte,
que poderão ser cortadas com foice;
• Destocar: quando houver árvores de grande porte, necessitando desgalhar,
cortar ou serrar o tronco e remover parte da raiz. Este serviço pode ser feito
com máquina ou manualmente.

Os serviços serão executados de modo a não deixar raízes ou tocos de árvore que possam
dificultar os trabalhos. Todos os materiais vegetais bem como o entulho terão que ser
removidos do canteiro de obras.

2.2. Levantamento Topográfico de Lotes Urbanos

O levantamento topográfico é geralmente apresentado através de desenhos de planta


com curvas de nível e de perfis. Deve retratar a conformação da superfície do terreno, bem

31
Aula 2 - Terrenos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

como as dimensões dos lotes, com a precisão necessária e suficiente proporcionando dados
confiáveis que, interpretados e manipulados corretamente, podem contribuir no
desenvolvimento do projeto arquitetônico e de implantação.

2.3. Levantamento Planimétrico

Executada a limpeza do terreno e considerando que os projetos serão elaborados para


um determinado terreno, é necessário que se tenha as medidas corretas do lote, pois nem
sempre as medidas indicadas na escritura conferem com as medidas reais.

Apesar de não pretendermos invadir o campo da topografia, vamos mostrar em alguns


desenhos, os processos mais rápidos para medir um lote urbano. Os terrenos urbanos, são
geralmente de pequena área possibilitando, portando, a sua medição sem aparelhos ou
processos próprios da topografia desde que se tenha uma referência confiável (casa vizinha,
esquina, piquetes, etc).

No entanto, casos mais complexos, sem referência, necessitamos de um levantamento


executado por profissional de topografia.

2.3.1. Lote Regular

Geralmente em forma de retângulo, bastando portanto medir os seus "quatro" lados,


e usar o valor médio, caso as medidas encontradas forem diferentes as da escritura.

Para verificar se o lote está no esquadro, devemos medir as diagonais que deverão ser iguais.

2.3.2. Lote Irregular com Pouco Fundo

Medir os quatro lados e as duas diagonais

32
Aula 2 - Terrenos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

2.3.3. Lote Irregular com Muita Profundidade

Neste caso, a medição da diagonal se torna imperfeita devido a grande distância


Convém utilizar um ponto intermediário "A" diminuindo assim o comprimento da diagonal.

2.3.4. Lote com Um ou Mais Limites em Curva

Para se levantar o trecho em curva, o mais preciso será a medição da corda e da flecha
(central). Nestes casos devemos demarcar as divisas retas até encontrarmos os pontos do
início e fim da corda. Medir a corda e a flecha no local. E com o auxílio de um desenho
(realizado no escritório) construir a curva a partir da determinação do centro da mesma
utilizando a flecha e a corda.

• c = corda;
• f = flecha.

33
Aula 2 - Terrenos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.3.5. Levantamento Altimétrico

É de grande importância para elaborarmos um projeto racional, que sejam


aproveitadas as diferenças de nível do lote. Podemos identificar a topografia do lote através
das curvas de níveis.

A curva de nível é uma linha constituída por pontos todos de uma mesma cota ou
altitude de uma superfície qualquer. Quando relacionadas a outras curvas de nível permite
comparar as altitudes e se projetadas sobre um plano horizontal podem apresentar as
ondulações, depressões, inclinações etc. de uma superfície.

Podemos observar na Figura que quando mais inclinada for a superfície do terreno, as
distâncias entre as curvas serão menores, menos inclinada as distâncias serão maiores d1 <
d2.

34
Aula 2 - Terrenos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

As curvas de níveis são elaboradas utilizando aparelhos topográficos que nos fornecem
os níveis, os ângulos e as dimensões de um terreno ou área.

Este levantamento não é muito preciso, quando utilizamos métodos simples para a sua
execução, mas é o suficiente para construção residencial unifamiliar, que geralmente
utilizam terrenos pequenos. Caso seja necessário algo mais rigoroso, devemos fazer um
levantamento com aparelhos recorrendo a um topógrafo. Geralmente é suficiente tirar um
perfil longitudinal e um transversal do terreno, mas nada nos impede de tirarmos mais, caso
necessário. Nos métodos existentes, se usa basicamente balizas com distância uma da outra
no máximo de 5,0m, ou de acordo com a inclinação do terreno. Em terrenos muito
íngremes a distância deverá ser menor e em terrenos com pouca inclinação, podemos
utilizar as balizas na distância de 5,0 em 5,0m.

3. Noções Básicas de Topografia

“A Topografia tem por finalidade determinar o contorno, dimensão e posição relativa


de uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura resultante
da esfericidade terrestre.”

A Topografia é a descrição mais próxima do real que podemos fazer de uma área,
sendo assim um levantamento topográfico consiste basicamente da obtenção de dados no
campo, levantamento topográfico, e posteriormente do serviço de escritório, tratamento
dos dados e desenvolvimento da planta topográfica, que vem a ser a projeção dos dados
coletados em papel.

As divisões dos levantamentos Topográficos são:

• Levantamento PLANIMÉTRICO – é aquele em que são adquiridos em campo,


leituras de ângulos e distâncias, afim de que possamos determinar pontos e
feições do terreno que serão projetados sobre um plano horizontal de
referência através de suas coordenadas X e Y (representação bidimensional),
e,
• Levantamento ALTIMÉTRICO – desenvolvido a partir da tomada de ângulos
e/ou distâncias com o objetivo de determinar as feições morfométricas do
terreno em questão, estando relacionados a um plano de referência vertical
ou de nível através de suas coordenadas Z vinculadas às X e Y (representação
tridimensional), como em um perfil topográfico por exemplo.
• Quando nos referimos ao conjunto de métodos e sendo assim o conjugado de
dados adquiridos (planimétricos e altimétricos), abrangemos as duas espécies

35
Aula 2 - Terrenos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

de levantamentos citados anteriormente (planimetria e altimetria) e a este é


dado o nome de TOPOMETRIA, comumente citada como PLANIALTIMETRIA.

O modelo mais tradicional de coordenadas é o de Geográficas, explicitadas em:

• Latitude, representada pela letra (ϕ), corresponde ao ângulo que se forma


entre a linha do equador e os polos, admitindo valores que vão de 0° a 90°,
sendo estes positivos no hemisfério norte e negativos no hemisfério sul, dessa
forma abrangendo um intervalo que parte de -90º até +90°;
• Longitude, a qual se representa pela letra (λ), corresponde ao ângulo que é
descrito entre o meridiano de referência (observatório de Greenwich) e o do
lugar pretendido, admitindo valores que giram de -180° até +180°, sendo esta
variação positiva para leste e negativa para oeste.

Como a intenção aqui é apenas fornecer ao aluno as noções mais triviais de topografia,
o assunto não será aprofundado. Porém, faz-se necessário conhecer os principais tipos de
levantamentos e seus equipamentos utilizados, o que será apresentado a seguir.

3.1. Equipamentos e Acessórios

Como a topografia esta baseada na leitura de ângulos e distâncias, faz-se uso de


determinados equipamentos para a obtenção dessas medidas, de forma que alguns fazem
leituras de ambos e outros só um determinado tipo (ou distância ou ângulo).

As distâncias são medidas de forma horizontal, ou inclinada e os ângulos horizontais


ou verticais, assim como visto anteriormente. Dessa forma deve-se optar pelo melhor
equipamento para o desenvolvimento do trabalho a ser executado, por exemplo, para
executar um levantamento altimétrico, o melhor equipamento é o Nível, já para um
levantamento planimétrico este equipamento não desempenha tal função, restando assim,
para serem utilizados os teodolitos, teodolitos eletrônicos, estações totais, entre outros.

36
Aula 2 - Terrenos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

O trabalho prático de campo na topografia se utiliza de diversas ferramentas, sendo os


mais usuais apresentados nas duas tabelas abaixo, juntamente com os acessórios:

3.2. Levantamento Expedito

Um levantamento expedito é normalmente um levantamento rápido com pouco rigor


e tem como finalidade a execução de um esboço da zona a representar. Um levantamento

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Aula 2 - Terrenos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

expedito utiliza instrumentos simples e expeditos de medição de ângulos, como a bússola, e


distâncias, as quais muitas vezes são contabilizadas a passo ou à fita. Este tipo de
levantamento é utilizado frequentemente no reconhecimento de um itinerário ou na
definição de um esboço do terreno para a preparação de um trabalho topográfico de
campo. O itinerário a reconhecer é normalmente marcado sob a forma de um gráfico
retilíneo denominado gráfico de Dufour, no qual é indicada a direção do Norte (Nm) em
cada seção, através de setas, os declives de cada seção, os seus comprimentos e outras
anotações complementares.

Ademais, existem diversas outras metodologias de levantamentos. Porém, não serão


objetos de estudos neste curso que tem por nesta faze intenta apenas nortear o aluno e
guarnecê-lo das informações necessárias à continuidade do aprendizado elementar.

Extra ído de Pi nto Jr. et a l , 2001.


Extra ído de Es pa rtel 1987. Extra ído
de Ces a r Augus to Si ega Ara újo.
Sem prejuízo de conteúdo

38
Aula 3 – Conceito de Projeto
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

Aula 3: Conceito de Projeto

Os aspectos técnicos de projeto englobam os conceitos introdutórios para assimilação das


grandezas envolvidas em seu desenvolvimento e as ferramentas quais delas se utilizam, ou
devem utilizar, aqueles que se sujeitarão a projetar. Nesta aula serão expostos os principais
necessários para a evolução no curso.

1. Definições básicas

Não estaríamos exagerando em dizer que o desenho em todos os seus aspectos é uma
importante forma gráfica de comunicação universal em todos os tempos.

Em todas as atividades nas quais exista a presença do desenho como processo de


transmissão de forma, grandeza e locação, do conhecimento técnico ou mesmo artístico,
pode-se avaliar a sua importância não só pelo aspecto acima, como também, pela sua
grande eficiência, versatilidade, segurança e objetividade. É, pois, para os profissionais da
construção, o desenho, além de um elemento de enorme valia no desempenho de sua
profissão, uma poderosa arma à disposição para a transmissão de suas ideias e
conhecimentos. Esta aula não almeja formar desenhistas, e muito menos um arquiteto, mas
sim criar no aluno condições para que ele possa enfrentar através de conhecimentos
adquiridos, os problemas atinentes às informações triviais de projeto. A abordagem tem
então, como objetivo principal, dar ao aluno conhecimentos gerais e muito superficiais
sobre os princípios básicos de um projeto de arquitetura.

2. Escalas

Todo mapa/carta/planta é uma representação esquemática da realidade, dando-se


segundo proporções entre o desenho e a medida real. Antes de representar objetos,
modelos, peças, etc; deve-se estudar o seu tamanho real. Tamanho real a grandeza que as
coisas têm na realidade. Existem coisas que podem ser representadas no papel em tamanho
real:

39
Aula 3 – Conceito de Projeto
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Mas, existem objetos, peças, animais, etc. que não podem ser representados em seu
tamanho real. Alguns são muito grandes para caber numa folha de papel. Outros são tão
pequenos, que se os reproduzíssemos em tamanho real seria impossível analisar seus
detalhes. Para resolver tais problemas, é necessário reduzir ou ampliar as representações
destes objetos.

Manter, reduzir ou ampliar o tamanho da representação de alguma coisa é possível


através da representação em escala. Escala é o assunto que você vai estudar neste ponto.
A escala é uma forma de representação que mantém as proporções das medidas
lineares do objeto representado.

Em desenho técnico, a escala indica a relação do tamanho do desenho da peça com o


tamanho real da peça. A escala permite representar, no papel, peças de qualquer tamanho
real.

Nos desenhos em escala, as medidas lineares do objeto real ou são mantidas, ou então
são aumentadas ou reduzidas proporcionalmente. As dimensões angulares do objeto
permanecem inalteradas. Nas representações em escala, as formas dos objetos reais são
mantidas.

A figura A é um quadrado, pois tem 4 lados iguais e quatro ângulos retos. Cada lado da
figura A mede 2u (duas unidades de medida).

B e C são figuras semelhantes a A: também possuem quatro lados iguais e quatro


ângulos iguais. Mas, as medidas dos lados do quadrado B foram reduzidas
proporcionalmente em relação às medidas dos lados do quadrado A. Cada lado de B é uma
vez menor que cada lado correspondente de A. Já os lados do quadrado C foram
aumentados proporcionalmente em relação aos lados do quadrado A. Cada lado de C é igual

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Aula 3 – Conceito de Projeto
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

a duas vezes cada lado correspondente de A. Note que as três figuras apresentam medidas
dos lados proporcionais e ângulos iguais. Então, podemos dizer que as figuras B e C estão
representadas em escala em relação à figura A.

Existem três tipos de escala: natural, de redução e de ampliação. A seguir, será exposto
a interpretação destas escalas, representadas em desenhos técnicos.

2.1. Escala Natural

Escala natural é aquela em que o tamanho do desenho técnico é igual ao tamanho real
da peça. Veja um desenho técnico em escala natural.

Neste desenho, já aparece a indicação da escala em que foi feito.

A indicação da escala do desenho é feita pela abreviatura da palavra escala: ESC,


seguida de dois numerais separados por dois pontos. O numeral à esquerda dos dois pontos
representa as medidas do desenho técnico. O numeral à direita dos dois pontos representa
as medidas reais da peça. Na indicação da escala natural os dois numerais são sempre
iguais. Isso porque o tamanho do desenho técnico é igual ao tamanho real da peça. A
relação entre o tamanho do desenho e o tamanho do objeto é de 1:1 (lê-se um para um). A
escala natural é sempre indicada deste modo: ESC 1:1.

2.2. Escala de Redução

Escala de redução é aquela em que o tamanho do desenho técnico é menor que o


tamanho real da peça. Veja um desenho técnico em escala de redução.

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Aula 3 – Conceito de Projeto
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

As medidas deste desenho são vinte vezes menores que as medidas correspondentes
do rodeiro de vagão real. A indicação da escala de redução também vem junto do desenho
técnico. Na indicação da escala de redução o numeral à esquerda dos dois pontos é sempre
1. O numeral à direita é sempre maior que 1. No desenho acima o objeto foi representado
na escala de 1:20 (que se lê: um para vinte).

2.3. Escala de Ampliação

Escala de ampliação é aquela em que o tamanho do desenho técnico é maior que o


tamanho real da peça. Veja o desenho técnico de uma agulha de injeção em escala de
ampliação.

As dimensões deste desenho são duas vezes maiores que as dimensões


correspondentes da agulha de injeção real. Este desenho foi feito na escala 2:1 (lê-se: dois
para um). A indicação da escala é feita no desenho técnico como nos casos anteriores: a
palavra escala aparece abreviada (ESC), seguida de dois numerais separados por dois
pontos. Só que, neste caso, o numeral da esquerda, que representa as medidas do desenho
técnico, é maior que 1 . O numeral da direita é sempre 1 e representa as medidas reais da
peça.

2.4. Escala Numérica

É uma forma de representação que mantém as proporções das medidas lineares do


objeto representado. É dada pela relação matemática constante entre o comprimento de
uma linha medida na planta (d) e o comprimento de sua medida homóloga no terreno (D)

𝑑 1
𝐸𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 = =
𝐷 𝑁
Onde N é o Módulo da escala. Observações:

• Numerador (d) e denominador (D) têm que ter a mesma unidade de medida;
• Quanto MAIOR o denominador, MENOR será a escala.

42
Aula 3 – Conceito de Projeto
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

2.4.1. Interpretação de Escalas

Uma escala 1:500 informa que o comprimento de um segmento representado em uma


planta, equivale a quinhentas vezes este comprimento no campo. Exemplos:
a) 1m em planta representa uma linha de 500 m no terreno:

1𝑚 1
𝐸𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 = = → 𝐷 = 1𝑚 × 500 = 500𝑚
𝐷 500

b) 10 cm em planta representa uma linha de 5.000 cm no terreno:

10𝑐𝑚 1
𝐸𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 = = → 𝐷 = 10𝑐𝑚 × 500 = 5000𝑚
𝐷 500

2.4.2. Escalímetro

É um instrumento de desenho técnico utilizado para desenhar objetos em escala ou


facilitar a leitura das medidas de desenhos representados em escala. Podem ser planos ou
triangulares. Cada unidade do escalímetro corresponde a um (1) metro.

2.4.3. Escala gráfica

As escalas gráficas são representações gráficas que, geralmente, vêm desenhadas nas
margens das plantas. As escalas gráficas possibilitam a realização de determinações rápidas
no desenho.

43
Aula 3 – Conceito de Projeto
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

3. Cotas

Durante o desenho técnico de qualquer objeto, um dos passos importantes é a sua


cotagem, pois é ela quem especifica as dimensões e tolerâncias da mesma. Ela é realizada
utilizando-se quatro elementos básicos: a linha auxiliar, a linha de cota, a cota e o limite da
linha de cota.

3.1. Regras de Cotagem

A seguir, serão apresentadas algumas regras básicas que devem ser obrigatoriamente
respeitadas para que as representações dimensionais sejam traçadas corretamente.

• As linhas dos elementos de cotagem devem ser estreitas e contínuas;


• A linha auxiliar deve ser prolongada ligeiramente além da respectiva linha de
cota e um pequeno espaço deve ser deixado entre ela e o ponto cotado;
• As linhas auxiliares devem ser perpendiculares ao elemento dimensionado,
porém, se for necessário, ela pode se desenhada obliquamente (60 );
• Deve-se evitar, sempre que possível, cruzar as linhas do elemento de cotagem
com outras linhas;

• A linha de cota não deve ser interrompida, mesmo que o elemento seja;
• As linhas de centro e de contorno, não devem ser usadas como linhas de cota,
porém, podem ser usadas como linha auxiliar. Caso se utilize a linha de centro
como linha auxiliar ela só deve ser representada como linha contínua após
sair do contorno do objeto;

44
Aula 3 – Conceito de Projeto
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

• Os limites da linha de cota devem ser feitos de uma das três formas
mostradas abaixo;
• Tanto a linha de cota quanto os seus limites devem ser apresentados
preferencialmente na parte interna, porém quando o espaço interno for
pequeno pode-se fazer a representação na parte externa a cota;
• As cotas (número) podem ser apresentadas acima da linha de cota ou a
interrompendo, caso seja utilizada este último, as cotas serão apresentadas
sempre na horizontal;

• As cotas de ângulo devem ser feitas de um dos modos relacionados abaixo;


• Os dois desenhos da direita serão usados com cotas de dimensões lineares que
interceptam a linha de cota e o desenho da esquerda será usado quando a
cota de elementos lineares onde a cota é apresentada em cima do desenho;

45
Aula 3 – Conceito de Projeto
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Além do valor numérico da cota se pode fazer uso de símbolos para melhor
representar o elemento cotado. Os símbolos mais comuns são os
representados a seguir;

• Existem dois tipos principais de cota: a cotagem em cadeia e a cotagem em


paralelo. Além dessas duas, outro tipo que pode ser utilizado é a cotagem por
ponto de referência. É possível a combinação dessas cotagens no mesmo
desenho.

Extraído de: Prof. Marcos Valério


de Araújo (UFRN), Arlindo
Junqueira Bernardi Filho (UFU).
Editado sem prejuízo de conteúdo.

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Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

Aula 4: Serviços Preliminares de Canteiro

Nesta etapa serão abordadas as primeiras noções técnicas de canteiro de obras. Serão
expostos a seguir os conceitos gerais do local de trabalho em que o técnico de edificações
geralmente atua. Tudo que se segue faz parte de uma etapa pré-concebida de projeto,
portanto, o primeiro contato com “a obra” não deverá ser tão assustador assim.

1. Classificação das Construções

Na indústria da construção civil, existem diversos tipos de empreendimentos que são


classificados distintamente. A seguir será dada uma noção destas classificações, lembrando
que o foco do curso está nas obras de edificações.

1.1. Obras de Edificações

São os modelos tradicionais de construção, aqueles conhecidos simplesmente como


“obras”. Nas obras de edificações há uma sequencia executiva bastante definida. A
evolução da execução da obra segue um padrão que é muito praticado e há grande
experiência no ramo. As construções começam pelas fundações, seguindo pela
concretagem, instalação, alvenaria, emboço e assim por diante. Esse fator ajuda na
construção de edificações por ser um modelo convencional muito testado e difundido.

1.2. Obras Viárias

Obras Viárias, geralmente, são obras de grande porte, que envolvem diferentes tipos
de profissionais e por longos períodos de tempo. O gerenciamento das atividades e de sua
inter-relação é complexo e requer profissionais experientes e qualificados. Segundo DNER,
1999, compõem as etapas (atividades) de um projeto viário: estudos de tráfego, estudos
geológicos, estudos hidrológicos, estudos de traçado, projeto geométrico, projeto de
terraplenagem, projeto de drenagem, projeto de pavimentação, projeto de interseções,
retornos e acessos, projeto de obras de arte especiais, projeto de sinalização, projeto de
paisagismo, orçamento da obra, plano de execução da obra, componente ambiental, entre
demais estudos e projetos. Outro aspecto característico das obras de infraestrutura viária é
o seu custo elevado. Conforme o tipo de obra, características da região, extensão, obras de
arte especiais, entre outros fatores, uma obra viária pode chegar a ter orçamento de

47
Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

centenas de milhões de reais. O porte, o prazo, o custo e a diversidade de agentes


envolvidos reforçam a importância do gerenciamento de uma obra viária da sua concepção
(estudos e projetos), passando pela etapa de obra (construção e fiscalização), até a sua
utilização (operação e análises). Fazem parte deste modelo as obras de arte de engenharia,
tal como ponte, túneis, metrôs, etc.

1.3. Obras Hídricas

São, geralmente, obras de grande porte. As obras hídricas são fundamentais para o
desenvolvimento de uma sociedade por conterem em seu escopo aqueles
empreendimentos que estão vinculados à oferta de energia, sistemas de saúde, etc.
Possuem altíssimo valor agregado e altíssimos custos de execução. São em número
pequeno quando comparados aos outros modelos, mas, geralmente, ofertam um alto
número de empregos devido suas dimensões. As mais comuns são: assentamento de
condutos fechados (adutoras), execução de condutos abertos (calhas), construção de
reservatórios, estações elevatórias e de tratamento, construção de barragens, usinas etc.

1.4. Sistemas Industriais

Obras industriais usualmente possuem características próprias que não permitem


compará-las com os empreendimentos residenciais. Uma das características que as
diferenciam dos empreendimentos residenciais se dá pelo fato de usualmente as obras
industriais se tratarem de obras complexas. Ainda cabe salientar aspectos usuais dos
produtos da construção civil. Os produtos da construção civil podem ser caracterizados
como volumosos, únicos, com longa vida útil, fixos, pesados e impactam fortemente o meio
ambiente. Com isto posto, é necessário caracterizar o que são obras complexas. Os
empreendimentos se caracterizam como obras complexas quando:

• Existe um grande número de diferentes sistemas que necessitam trabalhar


juntos e um grande número de interfaces entre os elementos;
• O empreendimento envolve trabalhos de construção em locais confinados,
com dificuldade de acesso e requer uma grande quantidade de mão-de-obra
trabalhando ao mesmo tempo;
• Existe uma grande dificuldade em alcançar os objetivos desejados;
• Necessita de eficiente coordenação, controle e monitoramento, do início ao
fim do empreendimento;
• Existe uma série de revisões e modificações durante a execução do
empreendimento.

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Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

2. Serviços Preliminares de um Canteiro

Os Serviços Preliminares são aqueles que antecedem os inícios dos trabalhos de


edificações propriamente ditos. Em outras palavras, são os “preparativos” para que tudo
esteja correto, ou ainda, que tudo esteja adequado de forma certa para que o terreno passe
a se chamar Canteiro de obras.

Esta etapa é basicamente dividida em:

• Topografia do terreno;
• Sondagem;
• Limpeza do terreno;
• Movimento de terra, necessário para a obtenção do nível de terreno desejado
para o edifício;
• Verificação da disponibilidade de instalações provisórias;
• Verificação das condições de vizinhança;
• As demolições, quando existem construções remanescentes no local em que
será construído o edifício;
• A retirada de resíduos da demolição;
• Instalações provisórias.

2.1. Topografia

Este levantamento será utilizado para melhor posicionamento da edificação, e irá


definir uma melhor conformação da mesma em relação ao terreno (distribuição,
pavimentos, estrutura, etc). Este tema não será tratado aqui pois já foi abordado na Aula 2.

2.2. Sondagem

Depois de definido o terreno e o projeto deverá ser feita a sondagem do terreno. Esta
sondagem irá identificar a resistência do solo, a existência de lençóis freáticos e outras
características. Deverão ser indicados os pontos (pelo profissional habilitado) para serem
realizados os testes ao longo do terreno e quantos furos serão necessários.

A sondagem proporciona valiosos subsídios sobre a natureza do terreno que irá


receber a edificação, como:

• Características do solo;
• Espessuras das camadas;

49
Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Posição do nível da água.

Além de prover informações sobre o tipo dos equipamentos a serem utilizados para a
escavação e para retirada do solo, bem como, ajuda a definir qual o tipo de fundação que
melhor se adaptará ao terreno, de acordo com as características da estrutura.

Além disso, através dos dados da sondagem é possível identificar, quando necessário o
tipo de contenção mais adequada. Sem esta avaliação não há como realizar os cálculos
estruturais (sem os cálculos estruturais a estrutura da edificação poderá custar mais que o
necessário, ou ficar comprometida).

O Tipo de Sondagem mais utilizado em edificações “importantes” são do tipo SPT


(Standard Penetration Test) ou teste de penetração padrão ou simples reconhecimento.
Este é um processo muito usual para conhecer o tipo de solo fornecendo informações
importantes para a escolha do tipo de fundação.

Por meio da sondagem à percussão tipo SPT é possível determinar o tipo de solo
atravessado pelo amostrador padrão, a resistência (N) oferecida pelo solo à cravação do
amostrador e a posição do nível de água se encontrada água durante a perfuração.

2.3. Limpeza de Terreno

A limpeza preliminar do terreno foi assunto abordado na Aula 2, portanto não será
tratado novamente. O que será visto agora são situações onde o terreno está contaminado
com demolições. Nem sempre, é técnica ou economicamente viável a utilização de
construções existentes no terreno para aproveitamento, sendo muitas vezes necessária a
sua completa remoção, antes mesmo da implantação do canteiro, caracterizando uma

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Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

etapa de Serviços de Demolição. A demolição é um serviço perigoso na obra, pois é comum


mexer-se com edifícios bastante deteriorados e com perigo de desmoronamento. E não é só
isto, pois neste serviço "as coisas caem, desabam". O resíduo originado de uma demolição
pode ser bastante significativo exigindo o seu manuseio com equipamentos de grande porte
e, quando não for possível sua utilização dentro do próprio terreno, deverá se retirado.

2.4. Terraplanagem

Com base na planta e levantamento topográfico, marcam-se os níveis da obra. Nesta


fase são feitos os cortes no terreno e a movimentação de terra. Assim, é feita a marcação
do dimensionamento e níveis adequados ao projeto. É muito importante a definição correta
dos níveis.

2.4.1. Tipos de Movimentação de Terra

Quando for necessário um movimento de terra é possível que se tenha uma das
seguintes situações:

• Corte;
• Aterro;
• Corte + Aterro.

A situação de Corte geralmente é a mais desejável uma vez que minimiza os possíveis
problemas de recalque que o edifício possa vir a sofrer. Por outro lado, quando se tem a
situação “Corte + Aterro”, não se faz necessária a retirada do solo para regiões distantes,
minimizando as atividades de transporte, uma vez que poderá haver a compensação do
corte com o aterro necessário

Nesta fase geralmente utiliza-se um trator para o trabalho pesado. Na movimentação


de terra o ideal é que haja uma compensação entre aterro e desaterro, tirando terra de um
lado e passando para outro, para que não haja necessidade de retirar ou colocar terra extra
no terreno. A área de aterro formada deverá ser compactada. A utilização do trator
geralmente é computada por hora e devesse planejar muito bem a atuação do tratorista
para minimizar o tempo e o trabalho

2.4.2. Equipamentos

Podem-se empregar equipamentos manuais ou mecânicos. Os manuais constituídos,


sobretudo pelas pás, enxadas e picaretas, são empregados quando se tem pequeno volume
de solo a ser movimentado (até 100m³). Para volumes superiores, recomenda-se a

51
Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

utilização de equipamentos mecânicos que permitem maior produtividade, dentre os quais


destacam-se, para uso em escavações de edifícios:

• Pá-carregadeira (sobre pneus, sobre esteiras);


• Escavadeira Hidráulica;
• Retroescavadeira;
• Rolo Vibratório;
• Mini-escavadeira.

O controle de compactação será mais bem estudado na disciplina Mecânica dos Solos.

2.4.3. Empolamento

Os volumes de terra medidos pela topografia são diferentes dos que precisam ser
carregados no caso de aterros ou cortes no terreno. A seguir será demonstrado como
calcular a quantidade de caminhões e caçambas em serviços de terraplenagem.

Ao escavar o solo, a terra fica solta e passa a ocupar mais espaço. Esse efeito é
conhecido como empolamento e é expresso em porcentagem. Se ao escavar 1 m³ de solo
ele aumenta para 1,3 m³, o empolamento é de 30%.

É importante conhecer esse fenômeno para planejar os equipamentos, principalmente


de transporte, e também a produtividade. Caso o volume de corte do solo seja de 100 m³, o
total a ser transportado será de 130 m³, graças ao empolamento.

O oposto do empolamento é a contração. Ou seja, o quanto a terra ocupa a menos de


volume quando compactada. Nesse caso, o volume final é inferior ao que a terra ocupava
no corte. Assim, para executar um aterro com 1 m³, será preciso mais que 1 m³ de terra.

2.4.3.1. CÁLCULO PRÁTICO DO EMPOLAMENTO

Vamos imaginar uma obra que necessite escavar 50 m³ de terra, medido pelo serviço
de topografia. O objetivo é descobrir o Vs (volume de terra solta) para definir o transporte,
o que é calculado a partir da seguinte fórmula, sendo que "Vc" é o volume medido no corte;
e "E" é o empolamento.

𝑉𝑠 = 𝑉𝑐 (1 + 𝐸)

Para exemplo, vamos considerar que a terra é comum, com taxa de empolamento de 25%.
Para realizar a conta, transforme a porcentagem em 0,25. A conta fica assim:

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Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

𝑉𝑠 = 50(1 + 0,25)

𝑉𝑠 = 62,5 m³

Portanto, depois da escavação, o volume de terra, que era de 50 m³ no corte, aumentará


para 62,5 m³. A seguir, algumas taxas de empolamento para os materiais mais comuns:

Material Empolamento (%)


Rocha Detonada 50
Solo Argiloso 40
Terra Comum 25
Solo Arenoso Seco 12

2.4.3.2. CÁLCULO PRÁTICO DA CONTRAÇÃO

A contração ocorre quando o volume final é inferior ao que havia no corte. Se 1 m³ de


solo (medido no corte) contrai para 0,9 m³ no aterro após compactação, a redução
volumétrica é de 10%. Para saber quanto de terra será necessário cortar para fazer um
aterro com 50 m3 - e considerando redução volumétrica de 10% - vamos utilizar a seguinte
fórmula:

𝑉𝑎
𝑉𝑐 =
𝐶
Onde:

𝑉𝑐 é o volume de terra medido no corte;

𝑉𝑎 é o volume compactado no aterro;

𝐶 é a contração.

Se a redução volumétrica é de 10%, a contração é de 90%. Aplicando a fórmula, lembre-se


de mudar a porcentagem. Assim: 90% = 0,90. Portanto:

50
𝑉𝑐 =
0,9

𝑉𝑐 = 55,55 m³

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Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

3. Locação do Canteiro de Obras no Terreno

A definição técnica de Canteiro é dada pela NR18 como sendo “a área de trabalho fixa
e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra”. Suas
Áreas de Vivência, pela NBR 12284, são conceituadas como “conjunto de áreas destinadas à
execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas
operacionais e áreas de vivência”.

A obra de construção de edifícios tem seu início propriamente dito, com a implantação
do canteiro de obras. Esta implantação requer um projeto específico que deve ser
cuidadosamente elaborado a partir das necessidades da obra e das condições do local.
Porém, antes mesmo do início da implantação do canteiro, algumas atividades prévias,
comumente necessárias, podem estar a cargo do engenheiro de obras.

Os tipos de serviços que mais interferem na implantação do Canteiro são as


demolições, movimentações de terra, contenções, drenagens e as fundações. Ademais a
estes, outros elementos condicionantes também são importantes a serem levados em
conta, tais como:

• Sondagem e levantamento planialtimétrico: conhecer o terreno e o tipo de


solo;
• Edificações/construções do terreno e da vizinhança (contíguas):
acautelamento contra danos às edificações existentes;
• Código de obras e edificações do município: adequar o canteiro às restrições
legais;
• Infraestrutura;
• Processos e métodos construtivos

3.1. Infraestrutura

Em primeiro lugar, desenvolve-se um layout de canteiro de acordo com as


particularidades da Obra. Grandes canteiros também terão grandes estruturas e demandas,
diferenciando-se assim uns dos outros de maneira que geralmente as locações são
diferentes de um projeto para outro por muitas razões. É fundamental que o acesso à água
e energia já estejam certos: o canteiro é um lugar onde permanecerão pessoas e existe uma
legislação rigorosa e uma fiscalização ativa em relação aos quesitos obrigatórios que são
normatizados.

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Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

No caso de não existir redes no local, deve-se fazer um pedido de estudo junto às
concessionárias para verificar a viabilidade de extensão da rede existente até a obra. Este
procedimento, de modo geral, demora cerca de dois meses. Esta demora, na maioria das
vezes, pode comprometer o início da obra. Neste caso, é possível adotar-se uma solução
temporária e extrema como, por exemplo, optar-se pela energia gerada a diesel, na própria
obra, a qual, no entanto, apresenta-se mais cara que a energia elétrica.

3.2. Instalações Provisórias

São aquelas que serão removidas do empreendimento ao seu término, ou seja, são as
instalações necessárias para a execução da obra, que dão suporte à operação, mas não
fazem parte do produto final.

PCMAT e PPRA

O PCMAT/PPRA (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria


de Construção/Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) são programas que
estabelecem procedimentos de ordem administrativa, de planejamento e de
organização, que objetivam a implantação de medidas de controle e sistemas
preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho
na Indústria da Construção.

Resumindo, o PCMAT/PPRA dita uma série de medidas de segurança a serem


adotadas durante o desenvolvimento da obra. Esses procedimentos de segurança, que
visam antecipar os riscos. Para possam ser definidos estratégias para evitar acidentes de
trabalho e o aparecimento de doenças ocupacionais. Estes itens serão melhores
estudados nas disciplinas de Segurança do Trabalho.

Alguns critérios são fundamentais na elaboração de um projeto de canteiro, devendo-se


levar em conta, principalmente:

• Integração de todos os elementos e fatores: almoxarifados, entradas e saídas para


operários distintos, para os clientes, disposição dos equipamentos etc.;
• Mínima distância: o transporte nada produz, portanto deve ser minimizado e se
possível eliminado;
• Obediência do fluxo de operações: evitar cruzamentos, retornos, interferências e
congestionamentos;

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Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Racionalização do espaço: aproveitar as quatro dimensões (geométrica e temporal)


– subsolo, espaços superiores para transportar, canalizações, depósitos pouco
usados;
• Satisfação e segurança do empregado: um melhor aspecto das áreas de trabalho
promove tanto a elevação da moral do trabalhador quanto a redução de riscos de
acidentes;
• Flexibilidade: possibilidade de mudança dos equipamentos, quando evoluir ou
modificara linha de produtos – condições atuais e futuras.

Seguem as principais instalações tidas como provisórias.

3.2.1. Alojamentos

Sempre que houver necessidade, como no caso de obras afastadas dos centros
urbanos, as construtoras devem instalar alojamentos provisórios nos canteiros para a
permanência dos funcionários. Essa é uma exigência da NR 18. Esses locais devem ser de
boa qualidade para garantir a saúde dos funcionários e, consequentemente, o bom
andamento da construção.

De acordo com Norma, um alojamento considerado bom deve ter abastecimento de


água potável, luz natural e/ou artificial, sistema higiênico e remoção de lixo, ausência de
umidade, instalações elétricas protegidas, proteção contra ruído excessivo, entre outras
características. Caso essas exigências não sejam cumpridas, a construtora pode ser multada.

3.2.2. Vestiários

Para os trabalhadores que não estão alojados no canteiro, é obrigatória a construção


de vestiários. As instalações devem estar próximas aos alojamentos ou à entrada da obra,
sem ligação direta com o refeitório, e os armários devem ser individuais e possuir cadeados

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Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

ou fechaduras. É aconselhável também que os armários sejam metálicos, como os usados


em clubes, escolas ou academias.

Os vestiários devem ser planejados de acordo com o número de funcionários previsto


na obra. É importante lembrar que cada fase da obra tem uma quantidade diferente de
funcionários. Por isso, pode ser necessário redimensionar o tamanho do vestiário conforme
a obra avança.

3.2.3. Almoxarifado

Como não existem regras muito bem-definidas para projetar cada parte do canteiro,
geralmente o layout é definido com base na experiência do gerente da obra e adaptando o
que já foi feito em outros locais.

Para dimensionar corretamente o almoxarifado é preciso considerar o porte da obra e


o nível de estoques, o que determina o volume de materiais e equipamentos que será
guardado. No caso de tubos de PVC, por exemplo, é necessário que ao menos uma das
dimensões da instalação tenha, no mínimo, 6 m de comprimento.

Também é preciso considerar a evolução da obra, que pode exigir ampliar ou reduzir o
tamanho do estoque. Três fatores são preponderantes a serem observados;

• Implantação (escavações e fundação): poucos tipos de materiais e pouco


espaço físico;
• Obra regular (estrutura, alvenaria, revestimentos): uso de diversos materiais e
quando já podem ser ocupadas áreas internas do edifício;
• Fase final de desmobilização: quando os espaços devem ser liberados para
conclusão dos acabamentos.

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Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

O ideal é que o almoxarifado fique próximo de três locais, com a seguinte prioridade:
descarga dos caminhões - para agilizar a armazenagem de materiais que chegam direto para
o estoque; elevador de carga - para facilitar a movimentação de materiais que são
transportados apenas no momento do uso; e escritório - devido ao contato entre o mestre
de obras e o almoxarife. Preferencialmente, deve ficar no subsolo, protegido de
intempéries.

3.2.4. Depósito de Ensacados

Os depósitos de ensacados são galpões cobertos e locados em canteiro que estejam


preparados para abrigar, geralmente, insumos embalados. Nesta categoria encaixam-se os
sacos de cimento, argamassa, cal, etc. Devem possuir pisos frios bem nivelados e lisos para
locomoção de paleteiras. Os “sacos” devem ficar empilhados em palets, distantes de
paredes, em empilhamento recomendado pelo fornecedor.

3.2.5. Administrativo de Obras

Locais onde engenheiros, arquitetos, mestres, técnicos e demais funcionários da


administração da obra possuem seus escritórios. É fundamental que o Administrativo de
Obras possua campo visual aberto à edificação.

Existem muitas mais estruturas em canteiro, como refeitório, laboratórios, baias,


centrais de armação, etc., porém, seus nomes já sugerem seus propósitos não sendo
necessárias suas descrições.

3.3. Verificação de Edificações Contíguas

Uma importante etapa do início da obra é o “registro das condições das edificações
vizinhas”. Esta tapa, antigamente relegada a segundo plano, vem ganhando cada vez mais
importância, uma vez que permite maior segurança à empresa que constrói.

A verificação prévia das condições da vizinhança permite que a empresa não tenha
surpresa desagradável durante a produção do empreendimento, seja com a ocorrência de
patologias diversas como trincas excessivas ou mesmo chegando-se a situações de
desabamentos de residências vizinhas. Por outro lado, permite, ainda, que se previna
quanto às reclamações infundadas de vizinhos. O registro deve ser feito em relatório
técnico específico contendo “croqui” com indicação das ocorrências, relacionados a fotos
devidamente datadas e relatos das observações realizadas. O relatório realizado deverá ser
registrado em Cartório. Em suma, a vistoria preventiva confecciona um relatório ou laudo

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Aula 4 – Serviços Preliminares de Canteiro
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

de vizinhança com resultados da apuração do estado de conservação de imóveis próximos


ao canteiro de obras e atua como garantia a reclamações por danos e prejuízos indevidos.

Não existe padronização quanto à abrangência de imóveis a serem vistoriados e


anexados no laudo, exceto num aspecto: que se realize a vistoria em todos os confrontantes
diretos do terreno, não apenas uma, mas todas as edificações próximas. O profissional deve
descrever e registrar todas as características e indícios encontrados, mas o laudo não é
perícia, logo, não apura causas ou responsabilidades dos problemas.

Extra ído de Pi nto Jr. et a l , 2001.


Extra ído de Es pa rtel 1987. Extra ído
de Ces a r Augus to Si ega Ara újo.
Sem prejuízo de conteúdo

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Aula 5 – Sistemas Construtivos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Aula 5: Sistemas Construtivos

Os sistemas construtivos representam, dentro do quadro da construção de edificações, um


determinado estágio tecnológico historicamente definido, indutor da forma de se projetar e
executar os edifícios. Ou seja, sintetizam o conjunto de conhecimentos técnicos e
organizacionais possíveis de serem combinados em função dos graus de desenvolvimento
tecnológico encontrados para o setor da construção civil.

1. Abordagem Preliminar

Chama-se Sistema Construtivo o conjunto de materiais, técnicas, componentes e


elementos empregados na construção de uma edificação. O conceito de abordagem
sistêmica é a avaliação de qualidade de um sistema construtivo que esteja diretamente
ligada com o grau de adequação às características de um contexto específico no qual estará
inserida a edificação. Existe um grande número de variáveis - necessidades dos usuários,
programa do empreendimento e características tecnológicas – que se faz necessário
sistematizar, num processo de definição do sistema e subsistemas construtivos para cada
empreendimento.

Os processos construtivos estabelecem tipologicamente as tecnologias a serem


aplicadas, fazendo com que nos projetos surjam os sistemas construtivos e na produção das
unidades habitacionais se definam famílias de processos de trabalho.

1.1. Classificação dos Sistemas Construtivos

Os sistemas construtivos podem ser classificados em:

• Sistemas convencionais - sistemas em que os principais elementos – paredes,


lajes e coberturas – são executados no canteiro de obras e são utilizados
técnicas e materiais construtivos convencionais, como tijolos, concreto, telhas
cerâmicas e fibrocimento.
• Sistemas construtivos abertos - são aqueles desenvolvidos a partir de um
elenco de elementos e componentes da construção, paredes, lajes,
coberturas, janelas, portas que podem ser combinados em diferentes
soluções arquitetônicas em que se variam a quantidade, as dimensões e a
disposição dos diversos cômodos.

60
Aula 5 – Sistemas Construtivos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

• Sistemas construtivos fechados - são aqueles desenvolvidos a partir de um


projeto arquitetônico único, que lhe serve de modelo, não permitem
variações na disposição e nas dimensões dos cômodos, das janelas, portas ou
de qualquer componente da moradia.
• Sistemas racionalizados - são sistemas onde um ou mais elementos que
compõem a obra são industrializados. Isto é, vem pronto de fábrica, mas tem
como características predominantes o uso de materiais e modo de execução
convencionais.
• Sistemas industrializados - são sistemas totalmente fabricados fora do
canteiro e para ele são transportados para a montagem e acabamento final.
No Brasil existem poucos sistemas construtivos industrializados além das
tradicionais casas de madeira.

Os sistemas construtivos estão baseados em conjuntos de teorias, eles conformam um


conjunto de subsistemas e componentes que se relacionam entre si. A interface entre os
componentes e subsistemas respeita um modo de organização: todo sistema construtivo
deve prever seu próprio conjunto de requisitos e critérios, incluindo caderno de
manutenção, meios e processos de construção (organizados segundo métodos) e devem
erguer estruturas que mantenham estabilidade, respeitando as leis da física.

2. Subsistemas

Os sistemas construtivos devem estabelecer um sistema de produção, um conjunto de


sistemas produtivos cujo produto final será a edificação. Os subsistemas, como será visto a
seguir, subdividem-se em sub-subsistemas, e assim por diante, formando um escopo
bastante abrangente que finda geralmente no material ou na mão-de-obra. Serão objetos
deste curso os sistemas convencional e de alvenaria estrutural, que terá uma parte toda
voltada a ela na disciplina de Alvenaria.

61
Aula 5 – Sistemas Construtivos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.1. Subsistema Estrutural

Toda construção necessita de uma estrutura suporte, que por sua vez necessita de
projeto, planejamento e execução própria. A Estrutura em uma construção tem a função
prioritária de garantir a forma espacial idealizada, com segurança, por um determinado
período de tempo. Sistemas estruturais podem ser entendidos como disposições racionais e
adequados de diversos elementos estruturais, que, por sua vez, são corpos sólidos
deformáveis com capacidade de receber e de transmitir solicitações em geral.

Basicamente, possuem as seguintes subdivisões que serão comentadas a seguir:

• Linear: duas dimensões da mesma ordem de grandeza e bem menores que a


terceira (Barras);
• Superfície: duas dimensões da mesma ordem de grandeza e bem maiores que
a terceira;
• Volume: três dimensões da mesma ordem de grandeza.

2.1.1. Estruturas Lineares

Formadas por uma ou mais barras (vigas, pilares, arcos, pórticos, grelhas, etc.).

• Treliças: São estruturas lineares constituídas por barras retas, dispostas de


modo a formar painéis triangulares, e solicitadas predominantemente por
tração ou compressão;

• Vigas: São estruturas lineares, dispostas horizontalmente ou inclinadas, com


um ou mais apoios;

62
Aula 5 – Sistemas Construtivos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

• Pilares: São barras onde predominam forças normais de compressão. Com


seção circular, recebem a denominação de colunas;
• Pórticos: São estruturas lineares planas, não sendo constituídas de barra
única de eixo teoricamente retilíneo.

63
Aula 5 – Sistemas Construtivos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.1.2. Estruturas de Superfície

São definidas a partir de sua superfície média e lei de variação da sua espessura.
Destacam-se as placas, chapas e cascas.

• Chapa: folha plana sujeita a esforços apenas no seu plano médio;


• Viga-parede: chapa disposta verticalmente sobre apoios isolados;
• Placa (Lajes): folha plana sujeita principalmente a esforços fora do seu plano
médio;

• Casca: folha curva sujeita a esforços no seu plano médio;


• Abóboda: casca cilíndrica sujeita principalmente a esforços normais de
compressão;
• Cúpula: casca de dupla curvatura sujeita principalmente a esforços de
compressão;

2.1.3. Estruturas de Volume

São elementos estruturais comumente empregados nas fundações das construções ou


também em grandes obras, como barragens.

• Blocos: blocos de fundação têm a função de unir estacas e/ou resistir a


esforços de flexão;

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Aula 5 – Sistemas Construtivos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

• Sapatas: As sapatas são feitas para transmitir os esforços gerados da


edificação para o solo.

2.2. Subsistema de Vedação

O subsistema de vedação também será especialmente estudado na disciplina de


Alvenaria. Porém, cabe-se agora a apresentação superficial das principais características
para orientação do aluno quanto ao sistema.

As subdivisões internas cumprem a principal função de subdividir ambientes. Elas


podem ser estruturais ou não. As paredes devem ser capazes de suportar a própria carga
permanente, como o peso dos materiais de acabamentos. Devem ser capazes de oferecer o
isolamento acústico desejado, e, acomodar, quando necessário, as passagens de fiações
elétricas e hidráulicas.

Há inúmeros sistemas de paredes internas, como:

• Paredes com montantes de madeira (woodframe);


• Paredes com montantes de aço (stell frame)
• Paredes de alvenaria comum;
• Paredes autoportantes de alvenaria;

65
Aula 5 – Sistemas Construtivos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Paredes autoportantes de concreto.

As alvenarias são maciços construídos de pedras ou blocos, naturais ou artificiais,


ligadas entre si de modo estável pela combinação de juntas e interposição de argamassa ou
somente por um desses meios.

As finalidades gerais das alvenarias são as seguintes:

• Divisão, vedação e proteção;


• Estrutural (paredes que recebem esforços verticais e horizontais);
• Resistência mecânica;
• Isolamento térmico;
• Isolamento acústico.

2.3. Subsistema Fachadas

A vedação vertical externa, também denominada de fachada, pode ser entendida


como sendo um subsistema do edifício constituído por elementos que compartimentam e
definem os ambientes internos dos externos, controlando a ação de agentes indesejáveis,
sendo, portanto o invólucro do edifício. Sua classificação se dá nos seguintes tipos:

2.3.1 Quanto à densidade

Segunda Oliveira (2009), há uma forma de classificação para as fachadas que se refere
à sua densidade superficial como vedação vertical, podendo ser:

• Leve: vedação vertical não estrutural, constituída de elementos de densidade


superficial baixa, cujo limite aproximado é 100 kgf/m²;
• Pesada: vedação vertical que pode ser estrutural ou não, constituída de
elementos de densidade superficial superior ao limite pré-determinado de
aproximadamente 100kgf/m²;

Podemos considerar exemplos de fachadas leves as vedações em esquadrias e as


fachadas-cortinas.

• Fachada-cortina: fachada leve, constituída de uma ou mais camadas,


posicionada totalmente externa à estrutura do edifício (à face exterior das
lajes de borda), formando uma pele sobre o mesmo. Em inglês, esta
classificação é conhecida pela expressão curtain wall;

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Aula 5 – Sistemas Construtivos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

• Fachada semicortina: fachada leve, constituída de uma ou mais camadas,


onde a camada exterior é posicionada externa à estrutura do edifício e a
camada interior interna e entre pavimentos. Esta norma considera que a
camada interior não obrigatoriamente deve ser leve, existindo casos em que a
camada interior da fachada semicortina é uma parede em alvenaria ou em
concreto, e a camada exterior um revestimento não aderido.

Podemos considerar exemplos de fachadas pesadas os painéis pré-moldados de


concreto.

2.1.2 Quanto ao revestimento

• Vedação com revestimento incorporado: são as vedações verticais que são


posicionadas em seus lugares definitivos acabadas, sem a necessidade de
aplicação posterior de revestimentos. Exemplo: painéis pré-moldados de
concreto com granito aderido;
• Vedação com revestimento posteriormente aderido: são as vedações
executadas em seus lugares definitivos, sem a aplicação prévia de
revestimentos. Como exemplo, temos as alvenarias comuns que receberão
revestimentos aderidos ou não aderidos;
• Vedação sem revestimento: são as vedações verticais que não necessitam da
aplicação de revestimentos. Pode ser utilizada de forma aparente, receber
uma única pintura, ou ainda ser uma fachada envidraçada.

2.1.3 Quanto à estrutura

• Autoportantes: quando não possuem estrutura complementar, ou seja, a


própria vedação se sustenta; é o caso da alvenaria estrutural;
• Estruturadas: quando a vedação necessita de uma estrutura reticulada para
suportar os componentes de vedação, por exemplo: vedação de gesso
acartonado, alvenaria de vedação.

As paredes de alvenaria podem ser feitas de diversos materiais: bloco de concreto,


bloco cerâmico, bloco sílico-calcário, bloco de concreto celular, bloco de solo cimento, entre
outros.

2.1.4 Quanto à continuidade superficial

• Monolítica: é aquela sem juntas aparentes, como as vedações de alvenaria e


gesso acartonado;

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Aula 5 – Sistemas Construtivos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Modular: é aquela onde as juntas são aparentes, como por exemplo, os


painéis pré-fabricados de fachada.

2.4. Subsistema Cobertura

Os sistemas de cobertura são os conjuntos de elementos e componentes dispostos no


topo da edificação. Os sistemas de cobertura agregam lajes, telhados, forros e outros
elementos como calhas e rufos. Têm como função assegurar estanqueidade às águas
pluviais, protegendo os demais sistemas da edificação contra a deterioração por agentes
naturais, além de contribuir para melhor conforto termoacústico do edifício. As coberturas
devem, ainda, ter suporte mínimo de cargas - considerando a sobrecarga de equipamentos -
resistência à ação do vento e ao fogo.

Considerando a integração dos elementos, cabe, sobretudo ao projetista, a escolha


dos materiais adequados às funções e ao cumprimento dos desempenhos. O desempenho
da construção não é da telha e, sim, do sistema, do telhado. Os fabricantes de telhas devem
atender plenamente às normas que regem o sistema.

Algumas das observações mais importantes de um sistema de cobertura são:

• As águas sempre correm em direção dos beirais;


• Para dividir os diferentes planos de descida de água, partir traçando uma linha
a 45 graus de todos os cantos;
• Quando a descida da água está se afastando desta linha, então esta linha será
uma linha de cumeeira;
• Quando a descida de água está se aproximando desta linha, então esta linha
será uma linha de calhas. As calhas carregam as águas até o alinhamento dos
beirais ;
• Normalmente, quando duas cumeeiras se encontram, elas tendem a se fundir
e virar uma cumeeira só, até eventualmente encontrar as duas cumeeiras do
outro lado do telhado;
• Normalmente, quando duas calhas se encontram, elas interceptam e
interrompem uma linha de cumeeira

68
Aula 5 – Sistemas Construtivos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

2.5. Subsistema Elétrico

Os sistemas elétricos são aqueles responsáveis pela gestão da entrada e distribuição


de Energia Elétrica em uma edificação. Estes sistemas variam de elementares a muito
complexos, dependendo do tipo de construção que se está sistematizando. A seguir, serão
explicitados os principais conceitos deste sistema, que serão melhores detalhados na
disciplina de Eletrotécnica.

• Sistema Elétrico: Circuito ou conjunto de circuitos interligados, destinado a


levar energia elétrica gerada no sistema, ou recebida de outros sistemas, até
os pontos de utilização e/ou até os pontos em que essa energia é transferida
para outros sistemas, e incluindo os circuitos e equipamentos auxiliares
destinados ao seu funcionamento;
• Instalação Elétrica: Parte determinada de um sistema elétrico, juntamente
com as estruturas de montagem, obras civis e demais auxiliares necessários
ao funcionamento dessa parte do sistema;
• Equipamento Elétrico: Cada uma das partes constituintes do esquema de uma
instalação elétrica, distintas entre si e essenciais ao funcionamento da
instalação. Este termo é também usado para designar o conjunto das partes
acima referidas;
• Carga: Conjunto dos valores das grandezas físicas que caracterizam as
solicitações impostas em dado instante a um sistema ou equipamento
elétrico, ou a um componente, por um sistema ou equipamento, elétrico ou
não, a ele ligado. A carga pode ser expressa em termos de impedância, de
corrente, de potência ativa, reativa ou aparente, ou de uma característica não
elétrica, conforme as circunstâncias peculiares a cada caso;

“CARGA: Qualquer equipamento ou conjunto de equipamentos ligados a um


sistema elétrico e absorvendo potência desse sistema”.

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Aula 5 – Sistemas Construtivos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Entrada: É o conjunto de condutores que se estende desde a linha de


distribuição da concessionária de energia elétrica até o dispositivo de
seccionamento do sistema, ou até o equipamento de medição, ou até o
centro de distribuição principal do sistema;
• Ponto de Entrega: É o ponto de junção entre as linhas da concessionária e do
consumidor;
• Carga Instalada: Somatório das potências nominais de todos os equipamentos
elétricos e dos pontos de luz instalados na unidade consumidora;
• Seccionador: Chave cuja finalidade é interromper um circuito pelo qual não
circula corrente de carga;
• Disjuntor: Dispositivo que tem a capacidade de interromper circuitos pelos
quais pode circular uma corrente cujo valor pode elevar-se até o da corrente
de curto circuito.

2.6. Subsistema Hidráulico

Durante este curso existirão duas disciplinas que tratarão a respeito de sistemas
hidráulicos. Porém, as características a se conhecerem neste momento serão apresentadas
a seguir.

Os sistemas hidráulicos são, basicamente, divididos em quatro sistemas:

• Suprimento de água fria: subsistemado em reservação, recalque, redução de


pressão e distribuição;
• Suprimento de água quente: subsistemado em aquecimento, reservação e
distribuição;
• Coleta e esgotamento de esgoto sanitários: subsistemado em coleta e
transportes;
• Coleta e esgotamento de águas pluviais: subsistemado em coleta e
transportes.

2.6.1. Água Fria

As exigências a serem observadas em um sistema de água fria, normatizadas pela NBR


5626:1998 estabelece que as instalações prediais devam ser projetadas de modo que,
durante a vida útil do edifício que as contém, atendam aos seguintes requisitos:

• Preservar a potabilidade da água;

70
Aula 5 – Sistemas Construtivos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

• Garantir o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade


adequada e com pressões e velocidades compatíveis com o perfeito
funcionamento dos aparelhos sanitários, peças de utilização e demais
componentes;
• Promover economia de água e de energia;
• Possibilitar manutenção fácil e econômica;
• Evitar níveis de ruído inadequados à ocupação do ambiente;
• Proporcionar conforto aos usuários, prevendo peças de utilização
adequadamente localizadas, de fácil operação, com vazões satisfatórias e
atendendo as demais exigências do usuário.

2.6.2. Água Quente

O fornecimento de água quente representa uma necessidade nas instalações de


determinados aparelhos e equipamentos ou uma conveniência para melhorar as condições
de conforto e higiene em aparelhos sanitários de uso comum. As instruções são baseadas na
norma pertinente: NBR 7198:1993 – Projeto e execução de instalações prediais de água
quente (ABNT, 1993). A temperatura com que a água deve ser fornecida depende do uso a
que se destina. Quando uma mesma instalação deve fornecer água em temperaturas
diferentes nos diversos pontos de consumo, faz-se o resfriamento com um aparelho
misturador de água fria ou o aquecimento com um aquecedor individual no local de
utilização.

71
Aula 5 – Sistemas Construtivos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.6.3. Esgoto Sanitário

Denomina-se de esgoto sanitário toda a vazão esgotável originada do desempenho das


atividades domésticas, tais como lavagem de piso e de roupas, consumo em pias de cozinha
e esgotamento de peças sanitárias, como por exemplo, lavatórios, bacias sanitárias e ralos
de chuveiro.

Para que sejam esgotadas com rapidez e segurança as águas residuárias indesejáveis,
faz-se necessário a construção de um conjunto estrutural que compreende canalizações
coletoras funcionando por gravidade, unidades de tratamento e de recalque quando
imprescindíveis, obras de transporte e de lançamento final, além de uma série de órgãos
acessórios indispensáveis para que o sistema funcione e seja operado com eficiência. Esse
conjunto de obras para coletar, transportar, tratar e dar o destino final adequado às vazões
de esgotos compõe o que se denomina de Sistema de Esgotos.

O conjunto de condutos e obras destinados a coletar e transportar as vazões para um


determinado local de convergência dessas vazões é denominado de Rede Coletora de
Esgotos. Portanto, por definição, a rede coletora é apenas uma componente do sistema de
esgotamento.

Ademais, o tema esgoto é dividido em duas grandes áreas: esgotamento sanitário e


tratamento de esgotos. Na parte de esgotamento sanitário, consideraram-se os aspectos
relacionados aos fundamentos de projeto, operação e manutenção das diversas partes que
compõem o sistema, de forma a proporcionar à audiência uma visão macro do assunto. Na
parte do tratamento de esgotos, abordam-se os aspectos de projeto, operação e
manutenção de ETE’s (Estação de Tratamento de Efluentes), sobre a importância do mesmo
na questão da saúde pública, além de formas de reuso de esgotos e lodo em irrigação.

2.6.4. Drenagem

Os sistemas de drenagem são essencialmente sistemas preventivos de inundações,


principalmente nas áreas mais baixas das comunidades sujeitas a alagamentos ou marginais
de cursos naturais de água. É evidente que no campo da drenagem, os problemas agravam-
se em função da urbanização desordenada.

Quando um sistema de drenagem não é considerado desde o início da formação do


planejamento urbano, é bastante provável que esse sistema, ao ser projetado, revele-se, ao
mesmo tempo, de alto custo e deficiente. É conveniente, para a comunidade, que a área
urbana seja planejada de forma integrada. Se existirem planos regionais, estaduais ou
federais, é interessante a perfeita compatibilidade entre o plano de desenvolvimento
urbano e esses planos.

72
Aula 5 – Sistemas Construtivos
UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES

Todo plano urbanístico de expansão deve conter em seu bojo um plano de drenagem
urbana, visando delimitar as áreas mais baixas potencialmente inundáveis a fim de
diagnosticar a viabilidade ou não da ocupação destas áreas de ponto de vista de expansão
dos serviços públicos.

Um adequado sistema de drenagem, quer de águas superficiais ou subterrâneas, onde


esta drenagem for viável, proporcionará uma série de benefícios, tais como:

• Desenvolvimento do sistema viário;


• Redução de gastos com manutenção das vias públicas;
• Valorização das propriedades existentes na área beneficiada;
• Escoamento rápido das águas superficiais, facilitando o tráfego por ocasião
das precipitações;
• Eliminação da presença de águas estagnadas e lamaçais;
• Rebaixamento do lençol freático;
• Recuperação de áreas alagadas ou alagáveis;
• Segurança e conforto para a população habitante ou transeunte pela área de
projeto.

Em termos genéricos, o sistema da microdrenagem faz-se necessário para criar


condições razoáveis de circulação de veículos e pedestres numa área urbana, por ocasião de
ocorrência de chuvas frequentes, sendo conveniente verificar-se o comportamento do
sistema para chuvas mais intensas, considerando-se os possíveis danos às propriedades e os
riscos de perdas humanas por ocasião de temporais mais fortes.

73
Aula 6 – Concretos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Unidade 2 – Fundamentos da Construção Civil

Aula 6: Concretos

Em uma estrutura de concreto armado, o material concreto possui duas funções básicas, que
são de resistir aos esforços de compressão ao qual a estrutura está submetida e conferir
proteção ao aço. Para que a estrutura de concreto atenda às especificações do projeto, é
preciso considerar uma série de fatores do próprio concreto: propriedades dos materiais
constituintes do concreto, dosagem da mistura e execução da concretagem. Se algum desses
itens não for realizado adequadamente, há uma grande probabilidade de ocorrência de
problemas na estrutura. Salienta-se que não há a possibilidade de compensar a deficiência em
uma das operações com cuidados especiais em outra.

1. Conceitos Fundamentais

Você já deve ter questionado ao menos uma vez por que o concreto, com o passar do
tempo, passa do estado pastoso a um material endurecido.

O cimento, ao entrar em contato com a água, reage quimicamente, passando por um


processo de hidratação. Durante a hidratação, cada grão do cimento desdobra-se em
inúmeras partículas, formando um sólido poroso denominado gel de silicato de cálcio
hidratado. Como resultado dessa reação, o volume dos sólidos cresce dentro dos limites da
pasta, produzindo embricamentos. Para a formação desses embricamentos, parte da água
utilizada na mistura é consumida. Essa ”malha” formada reduz a porosidade do concreto e
aumenta a sua resistência mecânica.

Seguindo esse raciocínio, teremos uma maior resistência à compressão quanto maior a
quantidade de embricamentos, pois obteremos um concreto menos poroso com estrutura
mais compacta. Esse processo é complexo e envolve diversas variáveis e, para avaliar a
qualidade do concreto, é importante conhecer as suas propriedades, seja no estado fresco,
desde o momento da colocação da água até o adensamento na fôrma; seja no estado
endurecido, resistindo às ações solicitadas ao longo da vida útil.

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Aula 6 – Concretos
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

1.1. Propriedades no Estado Fresco

No espaço de tempo que o concreto permanece plástico, as características de maior


importância são: a consistência, a coesão e a homogeneidade. A combinação dessas três
características é denominada Trabalhabilidade. A Trabalhabilidade é a propriedade do
concreto associada a três características:

• Facilidade de redução de vazios e de adensamento do concreto;


• Facilidade de moldagem, relacionada com o preenchimento da fôrma e dos
espaços entre as barras de aço;
• Resistência à segregação e manutenção da homogeneidade da mistura,
durante manuseio e vibração.

A trabalhabilidade é uma propriedade transitória que depende de diversos fatores,


dentre os quais se destacam: as características e dosagens dos materiais constituintes e o
modo de produção do concreto.

O ensaio de consistência deve iniciar até 5 minutos da coleta da amostra e a


trabalhabilidade deve ser controlada ao longo do intervalo de tempo entre a produção e a
aplicação.

O ensaio mais conhecido, que mede a consistência do concreto, é o denominado


ensaio de abatimento do tronco de cone, mais conhecido como Slump Test. O abatimento
do concreto é uma das medidas de referência das características do concreto, motivo pelo
qual seu valor costuma ser especificado no pedido do concreto.

75
Aula 6 – Concretos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

1.2. Propriedades no Estado Endurecido

O aprofundamento nos estudos das propriedades do concreto será estudado em uma


disciplina que leva seu nome. Porém, será feita uma introdução às mesmas. Basicamente, o
concreto endurecido deve apresentar resistência mecânica e durabilidade compatíveis com
as condições do projeto e ao ambiente ao qual a estrutura fica exposta.

Para obter a resistência especificada no projeto estrutural, vários fatores devem ser
considerados.

• Para a dosagem do concreto, é importante ter a especificação da relação


água/ cimento, as características dos agregados, a especificação do cimento;
• Durante a execução, devem ser tomados cuidados no recebimento,
transporte, lançamento, adensamento e cura.

1.2.1. Resistência Característica do Concreto - fck

É o valor da resistência abaixo do qual é esperada a probabilidade de 5% de todas as


medições possíveis da resistência especificada. O concreto de uma estrutura deve ser
especificado através de sua resistência característica à compressão (fck), estimada pela
moldagem e ensaios de corpos de prova cilíndricos aos 28 dias de idade.

1.2.2. Resistência à Tração Simples

Nas obras, geralmente não são realizados ensaios de resistência à tração do concreto.
A sua determinação pode ser útil para procurar prevenir as fissuras no concreto, a partir do
conhecimento das condições de carregamento e movimentações térmicas e higroscópicas.
No Brasil, sua determinação deve obedecer as prescrições da norma NBR 7222 - Resistência
à tração simples de argamassa e concreto por compressão diametral dos corpos-de-prova
cilíndricos.

Uma outra forma de determinar a resistência à tração é através da realização do


ensaio de flexão simples.

1.2.3. Flexão à Fadiga

Avalia a resistência do concreto quando submetido à ação de cargas repetidas. A


capacidade do concreto em resistir aos esforços de tração por flexão se reduz à medida que
aumenta o número de vezes que a carga atua.

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Aula 6 – Concretos
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Dessa forma, a consideração dessa característica no projeto é extremamente


importante, principalmente quando a estrutura receberá ações repetidas de cargas.

1.3. Deformações do Concreto

As variações de volume do concreto podem ser oriundas de diversos fatores:

• Higrométricas, ocorrem devido à variação do teor de água e independe de


causas externas;
• Químicas, sendo as retrações resultantes das reações químicas provocadas
durante o processo de endurecimento do concreto;
• Térmicas, sendo as variações volumétricas ocasionadas pelo gradiente de
temperatura;
• Mecânicas, ocasionadas pela ação de cargas.

1.3.1. Fluência

É a deformação lenta que cresce com o correr do tempo, quando uma carga é
mantida. São diversos os fatores que afetam a fluência, dentre os quais se destacam:

• As condições ambientais, que com o aumento da temperatura e baixas


umidades relativas, concorrem para seu aumento;
• A resistência da pasta, que, ao aumentar, reduz a fluência;
• A relação entre a tensão sobre o corpo-de-prova e a resistência da pasta que,
aumentando, concorre para o aumento da fluência;
• A quantidade de pasta no concreto que, ao aumentar, concorre para o
aumento da fluência.

Na prática, a deformação instantânea e a retração hidráulica ocorrem


simultaneamente na maioria das vezes, de modo que o tratamento de ambos
conjuntamente é muito mais conveniente.

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Aula 6 – Concretos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2. Sistematização

A execução da concretagem envolve as seguintes atividades:

2.1. Concreto Preparado em Obra

O preparo do concreto no canteiro somente é recomendável para situações de


extrema urgência ou quando há a necessidade de pequena quantidade de concreto. Mesmo
que seja pequena a quantidade de concreto a ser produzida na obra, é importante conhecer
as características dos materiais constituintes, para que a escolha dos materiais seja
realizada tecnicamente. No caso do concreto dosado em central, o conhecimento das
características dos materiais permite que o pedido do concreto seja feito balizando-se em
parâmetros técnicos, não considerando somente o preço do fornecedor.

Concluindo, podemos dizer que, seja produzido na obra, seja dosado em central, o
conhecimento dos cuidados necessários para a seleção dos materiais torna-se
imprescindível, pois a qualidade do concreto está diretamente relacionada às características
dos constituintes.

2.1.1. Cimento Portland

É o material mais importante que constitui o concreto. Basicamente, as principais


características físicas dos cimentos que influenciam no desempenho do concreto dizem
respeito à resistência da argamassa, à finura dos grãos que compõem o cimento e ao tempo
de início de pega.

A resistência e durabilidade da estrutura dependem diretamente da quantidade,


qualidade e tipo de cimento empregado. Atualmente os seguintes tipos de cimento são
fabricados no Brasil:

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Aula 6 – Concretos
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Podemos observar que o tipo de cimento exerce uma grande influência no comportamento
da estrutura, principalmente durante o processo de endurecimento. É importante, pois,
conhecer as características de cada tipo, para especificar o cimento mais adequado para a
finalidade requerida.

2.1.2. Agregados

Os agregados possuem as seguintes finalidades no concreto:

• Transmitir as tensões aplicadas ao concreto através de seus grãos.


Geralmente, a resistência à compressão dos agregados é superior que a do
concreto;
• Reduzir o efeito das variações volumétricas ocasionadas pela retração. Nessa
lógica, quanto maior o teor de agregados em relação à pasta de cimento,
menor será a retração;
• Reduzir o custo do concreto.

No concreto, utilizamos dois tipos de agregados: o graúdo (brita) e o miúdo (areia), cada
qual com funções e propriedades específicas.

• Agregado Miúdo (areia): não devem conter grãos de um único tamanho, ou


seja, deve-se procurar adquirir agregados com boa distribuição
granulométrica. A quantidade de água no concreto é um fator importante que
condiciona inclusive a resistência e durabilidade da estrutura. Dessa forma, é
importante considerar a quantidade de água presente na areia (umidade) na
dosagem do concreto.
• Agregado Graúdo (brita): tentar para o diâmetro máximo, levando-se em
consideração as dimensões da peça estrutural e a distribuição das armaduras.
O teor de material pulverulento deve ser o menor possível, pois sua presença
aumenta consideravelmente a superfície específica, exigindo uma quantidade
maior de água, o que ocasiona correções no consumo de cimento (para não
mudar a relação água/cimento) e, consequentemente, influenciando no custo
do concreto. O formato dos grãos também é relevante sobre a qualidade e o
custo do concreto. Para isso, costuma-se calcular o índice de forma do
agregado, que é a relação entre a maior e a menor dimensão do grão
(analogamente, podemos dizer que seria a relação entre o comprimento e a
altura). Quanto menor o índice de forma, menor será o teor de vazios do
agregado, de modo que a quantidade de argamassa para preenche-los
também será menor, exigindo uma menor quantidade de água.

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Aula 6 – Concretos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.1.3. Dosagem

Consiste em determinar a quantidade necessária de material para que o concreto


atinja as características desejadas. O traço pode ser determinado em massa ou em volume.
Dessa forma, é importante que, ao se estabelecer a dosagem, esteja claro o que o traço está
representando.

Nos concretos preparados na obra, a dosagem em volume é a mais empregada, devido


à praticidade na execução. Porém, é um processo que oferece uma menor precisão, em
função das variações que podem ocorrer devido às diferenças no enchimento, na
compactação dos materiais, no rasamento mal feito.

A dosagem em massa é realizada com o uso de balanças. É o método mais seguro, pois
permite determinações precisas das quantidades dos componentes do concreto. Além
disso, pode-se realizar eventuais correções necessárias, em virtude da variação da umidade
da areia.

Independente do método de dosagem adotado, o traço do concreto sempre deve ser


calculado para número inteiro de sacos de cimento. Não deve ser permitido o
fracionamento de sacos, pois o cimento deve ser sempre medido em massa.

2.1.4. Mistura

Numa mistura, as duas qualidades desejadas para uma boa mistura são
homogeneidade e integridade.

A mistura pode ser realizada manual ou mecanicamente. Na primeira situação,


recomenda-se o emprego de caixas ou estrados impermeáveis, para evitar a perda de água
devido a absorção.

A dosagem manual é indicada somente quando será utilizada uma quantidade muito
pequena de concreto, misturando-se em uma amassada no máximo de 100 kg de cimento.
Na dosagem mecânica, o equipamento empregado é a betoneira. Existem diversos tipos de
betoneiras, variando-se o eixo de rotação do tambor, que pode ser horizontal, vertical ou
inclinado.

Nas betoneiras de eixo horizontal, a eficiência da mistura é um pouco comprometida,


pois o agregado graúdo tende ir para o fundo, ocorrendo um início de segregação dos
materiais. Dependendo do equipamento, a sequência de colocação dos materiais é

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Aula 6 – Concretos
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

importante para a obtenção de uma boa mistura. De um modo geral, recomenda-se a


seguinte sequência e quantidades:

1º: 1/3 da quantidade de água


2º: todo agregado graúdo, (proceder a lavagem dos agregados)
3º: todo cimento mais 1/3 de água
4º: homogeneizar por um minuto
5º: todo agregado miúdo mais o restante da água

2.2. Concreto Dosado em Central

Uma das diferenças mais significativas entre o concreto preparado na obra e o dosado
em central está na composição dos materiais. O concreto dosado em central utiliza aditivos,
que são produtos químicos adicionados durante o preparo do concreto, em proporções
inferiores a 5% em relação à massa do cimento. Tem a finalidade de modificar algumas
propriedades do concreto ou conferir a ele qualidades para melhorar o seu
comportamento.

De acordo com sua finalidade, podem ser aplicados no concreto fresco ou endurecido.
Existem diversos tipos de aditivos, com funções distintas, entre os quais se destacam:

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Aula 6 – Concretos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.2.1. Escolha do Fornecedor

Atualmente são diversos os fornecedores de concreto dosado em central. Para isso,


verifique com antecedência à data de concretagem as seguintes informações das
concreteiras:

A avaliação do fornecedor não deve ser efetuada somente para a escolha da central
dosadora. Uma forma de avaliar posteriormente consiste em atribuir pontuação para itens
que julgar importante, como por exemplo, prazo, preço e qualidade. Dessa forma, é possível
mensurar aquelas que melhor atendem, além de possibilitar uma melhoria na qualidade do

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Aula 6 – Concretos
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

fornecimento, retroalimentando os pontos positivos e alertando as concreteiras sobre os


pontos que devem ser melhorados.

2.2.2. Pedido

Ao realizar o pedido do concreto, informe:

• A quantidade requerida, em m³;


• O volume de concreto que deve vir no caminhão betoneira e o intervalo de
entrega;
• O horário de início de concretagem, que deve estar atrelado ao plano de
concretagem;
• A forma de lançamento - convencional, bomba estacionário, auto-bomba com
lança, grua, entre outros;
• O fck do concreto;
• O slump;
• A dimensão máxima da brita.

Para assegurar que o concreto solicitado atenda aos requisitos desejados, pode-se, no
momento do pedido, informar, por exemplo, o tipo e a marca do cimento, o tipo e a marca
do aditivo, a relação água/cimento, o teor de ar incorporado e a massa específica. Um vez
que o fornecedor influencia diretamente no ritmo da concretagem - através da entrega dos
caminhões no intervalo desejado e também no fornecimento de bomba - é importante que
o plano de concretagem já tenha sido definido previamente à realização do pedido.

2.2.3. Recebimento

Designe um profissional responsável para o recebimento do concreto, que deverá


conferir:

• A nota fiscal, verificando se o volume e a resistência característica conferem


com o pedido de compra;
• A integridade do lacre do caminhão, que é uma forma de garantir que o
concreto não foi descarregado desde a sua saída da central;
• A consistência do concreto, através do ensaio de abatimento do tronco de
cone.

No recebimento do concreto, a realização do slump test é importante para verificar se


a quantidade de água existente no produto está compatível com as especificações. A falta

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Aula 6 – Concretos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

de água dificulta a aplicação do concreto, propiciando a ocorrência de bicheira na estrutura.


Já o excesso de água, apesar de facilitar a aplicação, reduz a resistência da estrutura.

É comum que, durante o trajeto do caminhão betoneira, ocorra a perda de


consistência do concreto, seja devido à temperatura, seja devido à umidade. Nesse caso, a
quantidade de água a ser reposta deve ser efetuada de modo a corrigir o abatimento de
todo o volume transportado.

3. Concretagens

A concretagem é a etapa final de um ciclo de execução da estrutura e, embora seja a


de menor duração, necessita de um planejamento que considere os diversos fatores que
interferem na produção, visando um melhor aproveitamento de recursos. Basicamente, as
etapas da concretagem podem ser resumidas nas considerações a seguir.

3.1. Transporte

O transporte do concreto é um item importante numa concretagem, pois é um


condicionante que interfere diretamente nas definições das características do concreto
(trabalhabilidade desejada, por exemplo), na produtividade do serviço e, se houver, na
elaboração de um projeto para produção.

O sistema de transporte deve ser tal que permita o lançamento direto nas fôrmas,
evitando-se depósitos intermediários ou transferência de equipamentos. O tempo de
duração do transporte deve ser o menor possível, para minimizar os efeitos relativos à
redução da trabalhabilidade com o passar do tempo.

De acordo com o grau de racionalização proporcionado pelo sistema de transporte,


podemos classificá-los como:

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Aula 6 – Concretos
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

3.1.1. Tipos de Bomba

As bombas de concreto podem ser estacionárias ou acopladas a lanças. A bomba lança


é um equipamento com tubulação acoplada a uma lança móvel, montados sobre um veículo
automotor. Tem a praticidade de movimentar mecanicamente o mangote, além de não ter
a necessidade de montar e desmontar a tubulação fixa. Tem como desvantagem a limitação
da altura, as dimensões da laje e os espaços no canteiro.

Já a bomba estacionária é um equipamento rebocável para o lançamento do concreto.


Tem uma pressão maior, alcançando maiores alturas. Tem como desvantagem a
necessidade de ter uma tubulação fixa, bem como a retirada e remontagem dos tubos no
decorrer da concretagem.

3.2. Lançamento

Essa atividade geralmente é realizada pelo próprio equipamento de transporte. Devido


à maior probabilidade de segregação do concreto durante as operações de lançamento, a
consistência deve ser escolhida em função do sistema a ser adotado. Os cuidados
necessários durante o lançamento são:

• O concreto preparado na obra deve ser lançado logo após o amassamento,


não sendo permitido o intervalo superior a uma hora após o preparo;
• No concreto bombeado, o tamanho máximo dos agregados não deve ser
superior a 1/3 do diâmetro do tubo no caso de brita ou 2/5 no caso de seixo
rolado;
• Em nenhuma hipótese o lançamento pode ocorrer após o início da pega;
• Nos pilares, a altura de queda livre do concreto não pode ser superior a 2m,
pois pode ocorrer a segregação dos componentes.
• Nas lajes e vigas, o concreto deve ser lançado encostado à porção colocada
anteriormente, não devendo formar montes separados de concreto para
distribui-lo posteriormente. Esse procedimento deve ser respeitado, pois
possibilita a separação da argamassa que flui à frente do agregado graúdo.
• Nas lajes, se o transporte do concreto for realizado com jericas, é necessário o
emprego de passarelas ou caminhos apoiados sobre o assoalho da fôrma,
para proteger a armadura e facilitar o transporte. Quando o lançamento é
interrompido, formam-se juntas de concretagem. Essas juntas devem ser
tratadas, para garantir a ligação do concreto endurecido com o novo. Para
isso, os locais da parada de concretagem devem ser estudados previamente,
de modo que estejam localizadas em seções pouco solicitadas, para não

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Aula 6 – Concretos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

influir no comportamento da estrutura. Em locais de maior solicitação, pode-


se aplicar um adesivo estrutural na junta.

3.3. Adensamento

Atividade que tem como função retirar os vazios do concreto, diminuindo a porosidade
e, consequentemente, aumentando a resistência do elemento estrutural. Tem também a
função de acomodar o concreto na fôrma, para tornar as superfícies aparentes com textura
lisa, plana e estética.

A energia e o tempo de adensamento dependem da trabalhabilidade do concreto,


devendo crescer o sentido do emprego de concretos de consistências plásticas para secas. O
adensamento pode ser realizado de forma manual ou mecânica.

No adensamento manual, utilizam-se barras de aço ou de madeira, que atuam como


soquetes estreitos, que expulsam as bolhas de ar do concreto. É um procedimento que
exige experiência e baixa eficiência, de modo que deve ficar restrito em serviços de
pequeno porte, utilizando-se nesse caso concretos com abatimentos superiores a 8 cm,
tendo as camadas de concreto uma espessura máxima de 20 cm.

Geralmente, o adensamento é realizado mecanicamente e, nesse caso, o equipamento


mais utilizado é o vibrador de imersão. Quando utilizar esse equipamento, a espessura das
camadas não deve ser superior a 3/4 do comprimento da agulha e a distância entre os
pontos de aplicação do vibrador deve ser de 6 a 10 vezes o diâmetro da agulha. Nesse caso,
para agulhas com diâmetro de 35 a 45 cm, as distâncias variam de 25 a 35 cm.

No caso de lajes, pode-se empregar também a régua vibratória, que tem a vantagem
de nivelar e adensar simultaneamente. Por outro lado, o manuseio desse equipamento
exige certa habilidade por parte de quem opera, além de possuir limitações quanto às
dimensões e espessura da laje.

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Aula 6 – Concretos
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

3.4. Nivelamento

Também denominada sarrafeamento, é uma atividade realizada nas lajes e vigas. A


ferramenta empregada é o sarrafo, que pode ficar apoiado em mestras, que definem a
espessura das lajes. Para essa atividade, é recomendável que a fôrma da laje esteja
nivelada, pois isso facilita o posicionamento correto das mestras.

A fim de obter um maior controle no nivelamento das lajes, pode-se empregar taliscas
ou mestras metálicas. No caso dos pilares, ao invés do nivelamento, é realizada uma
conferência do prumo, pois durante a concretagem as fôrmas podem sair do ajuste inicial.

3.5. Acabamento Superficial

Etapa em que se procura proporcionar à laje a textura desejada. De acordo com o


padrão desejado, podemos ter os seguintes tipos de laje:

• Convencionais: aquelas em que não são realizados controles do nivelamento e


da rugosidade superficial;
• Nivelada: possuem controle do nivelamento, para que o contrapiso seja
aplicado com a espessura definida no projeto;
• Acabada: também conhecida como laje zero, oferecem um substrato com
rugosidade superficial adequada, bem como controle de planeza e
nivelamento, sem a camada de contrapiso.

Existem diversos equipamentos que proporcionam rugosidade diferente na superfície do


concreto. Dessa forma, é preciso utilizar o equipamento adequado para cada tipo de
acabamento. Para essa operação, podem-se utilizar desempenadeiras metálicas ou de
madeira. As primeiras são empregadas quando se deseja um acabamento liso na superfície
de concreto.

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Aula 6 – Concretos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Pelo fato da desempenadeira de madeira propiciar um acabamento rugoso, são


utilizadas quando a especificação do projeto indicar o uso de contrapiso. Ganho na
produtividade pode ser obtido com o uso de desempenadeiras motorizadas, devendo ser
aplicada a partir do instante em que for possível caminhar sobre o concreto, sem esse estar
completamente endurecido. O momento adequado para essa operação ocorre quando o
concreto suporta a pressão do operário, deixando apenas uma pequena marca da bota, com
cerca de 2 mm de profundidade.

3.6. Cura

A realização da cura é fundamental para a garantia da resistência desejada na


estrutura, pois evita a ocorrência de fissuração plástica do concreto, uma vez que impede a
perda precoce da umidade.

Essa proteção precisa ser feita atentando-se para os seguintes fatos:

• A cura deve ser iniciada assim que a superfície tenha resistência à ação da água;
• No caso de lajes, recomenda-se a cura por um período mínimo de 7 dias;
• O concreto deve estar saturado com água até que os espaços ocupados pela água
sejam inteirados por produtos da hidratação do cimento;
• Em peças estruturais mais esbeltas ou quando empregado concreto de baixa
resistência à compressão, deve-se realizar a cura com bastante cuidado, pois,
nessas situações, ocorre um decréscimo de resistência à compressão caso a cura
não seja realizada.

As temperaturas iniciais são as mais importantes para o concreto, sendo as baixas


temperaturas mais prejudiciais ao crescimento da resistência, enquanto as altas o aceleram.
Dessa forma, no inverno, deve-se tomar cuidado com resistências menores em idades
baixas (7 ou 14 dias), enquanto no verão haverá maior crescimento, desde que a cura seja
realizada adequadamente.

3.6.1. Tipos de Cura

A cura da obra pode ser realizada por:

• Molhagem das fôrmas, no caso de pilares;


• Irrigação periódica das superfícies;
• Recobrimento com material para manter a estrutura sempre úmida, podendo ser
areia, sacos de aniagem, papel impermeável ou mantas;
• Películas de cura;

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Aula 6 – Concretos
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

• Submersão;
• Cura a vapor.

O melhor agente de cura é a água potável. Na impossibilidade de utilizá-la, podem-se


empregar as películas. Essas películas são produtos obtidos por soluções ou emulsões
aquosas de resinas e parafinas, que se depositam durante certo prazo sobre a superfície do
concreto, impedindo a dessecação prematura. Após esse período são naturalmente
destruídas ou carreadas pela ação das intempéries, restabelecendo a superfície natural do
concreto.

Ba s ea do em ma teri a l da
As s oci a çã o Bra s i l ei ra de Ci mento
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Aula 7 – Argamassas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Aula 7: Argamassas

Argamassas são materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento,


obtidos a partir da mistura homogênea de um ou mais aglomerantes, agregado miúdo (areia)
e água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais.

1. Classificação das Argamassas

Argamassa é uma mistura composta basicamente por cimento, areia, cal hidratada e
água, mas conforme a influência de características regionais, outros materiais têm sido
utilizados na sua composição, como o saibro, o barro e o caulim, entre outros.

As argamassas têm como principais aplicações:

• Assentamento de tijolos, blocos, azulejos, cerâmicas, tacos, ladrilhos, etc;

• Revestimento de paredes, pisos e tetos;

• Impermeabilização;

• Regularização de superfícies (buracos, ondulações, desníveis, etc);

A tecnologia das argamassas tem se desenvolvido bastante, colocando à disposição do


mercado o produto ideal para cada aplicação acima. No momento de construir é sempre
bom consultar as opções, verificar os custos e os benefícios de cada uma destas soluções.

É bom lembrar, neste caso, que a mistura de cimento e água gera uma série de
reações químicas durante o processo de pega e endurecimento. Elementos existentes em
materiais de origem duvidosa podem interferir nestas reações, prejudicando a argamassa
no momento da aplicação, do acabamento ou quanto a sua resistência.

1.1. Critérios de Definição

A classificação das argamassas se dão sob vários critérios. Os quadros a seguir


resumirão as distinções e o detalhamento de onde estão inseridas.

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Aula 7 – Argamassas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Porém, a classificação mais pertinente das argamassas é aquela que as distingue pelas
funções, e são aquelas usuais que as caracterizam em seu emprego:

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Aula 7 – Argamassas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

1.2. Materiais Constituintes

1.2.1. Cimento Portland

O cimento Portland possui propriedade aglomerante desenvolvida pela reação de seus


constituintes com a água, sendo assim denominado aglomerante hidráulico. A contribuição
do cimento nas propriedades das argamassas está voltada, sobretudo, para a resistência
mecânica. Além disso, o fato de ser composto por finas partículas contribui para a retenção
da água de mistura e para a plasticidade. Se, por um lado, quanto maior a quantidade de
cimento presente na mistura, maior é a retração, por outro, maior também será a aderência
à base.

1.2.2. Cal Hidratada

Numa argamassa onde há apenas a presença de cal, sua função principal é funcionar
como aglomerante da mistura. Neste tipo de argamassa, destacam-se as propriedades de
trabalhabilidade e a capacidade de absorver deformações. Entretanto, são reduzidas as suas
propriedades de resistência mecânica e aderência. Em argamassas mistas, de cal e cimento,
devido a finura da cal há retenção de água em volta de suas partículas e consequentemente
maior retenção de água na argamassa. Assim, a cal pode contribuir para uma melhor
hidratação do cimento, além de contribuir significativamente para a trabalhabilidade e
capacidade de absorver deformações.

1.2.3. Água

A água confere continuidade à mistura, permitindo a ocorrência das reações entre os


diversos componentes, sobretudo as do cimento. A água, embora seja o recurso
diretamente utilizado pelo pedreiro para regular a consistência da mistura, fazendo a sua
adição até a obtenção da trabalhabilidade desejada, deve ter o seu teor atendendo ao traço
pré-estabelecido, seja para argamassa dosada em obra ou na indústria. Considera-se a água
potável como a melhor para elaboração de produtos à base de cimento Portland. Não
devem ser utilizadas águas contaminadas ou com excesso de sais solúveis. Em geral, a água

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Aula 7 – Argamassas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

que serve para o amassamento da argamassa é a mesma utilizada para o concreto e deve
seguir a NBR NM 137.

1.2.4. Areia

As areias utilizadas na preparação de argamassas podem ser originárias de Rios, Cavas


e Britagem (areia de brita, areia artificial). O agregado miúdo ou areia é um constituinte das
argamassas de origem mineral, de forma particulada, com diâmetros entre 0,06 e 2,0 mm. A
granulometria do agregado tem influência nas proporções de aglomerantes e água da
mistura. Desta forma, quando há deficiências na curva granulométrica (isto é, a curva não é
contínua) ou excesso e finos, ocorre maior consumo de água de amassamento, reduzindo a
resistência mecânica e causando maior retração por secagem na argamassa.

2. Definição pelas Funções - Assentamento

A seguir, serão expostos os principais tipos de Argamassas de acordo com suas


funções, que é o tipo de classificação mais utilizado na construção civil.

2.1. Argamassa de Assentamento de Alvenaria

A argamassa de assentamento de alvenaria é utilizada para a elevação de paredes e


muros de tijolos ou blocos. As principais funções das juntas podem ser definidas como:

• Unir as unidades de alvenaria de forma a constituir um elemento monolítico,


contribuindo na resistência aos esforços laterais;
• Distribuir uniformemente as cargas atuantes na parede por toda a área
resistente dos blocos;
• Selar as juntas garantindo a estanqueidade da parede à penetração de água
das chuvas;
• Absorver as deformações naturais, como as de origem térmica e as de
retração por secagem (origem higroscópica), a que a alvenaria estiver sujeita.

As propriedades para manter um bom desempenho das funções se resumem à


trabalhabilidade (consistência e plasticidade adequadas ao processo de execução, além de
uma elevada retenção de água), aderência solicitada, resistência mecânica e sua capacidade
de absorver deformações, propriedade importante muito comum e relacionada às
patologias. A imagem a seguir mostra um esquema de interação entre a argamassa e o
bloco.

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Aula 7 – Argamassas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.2. Argamassa Adesiva para assentamento de Revestimentos Cerâmicos

Com o advento das argamassas industrializadas, é válido destacar o comportamento


deste tipo de que geralmente são adquiridas prontas devido sua constituição estar baseada
em produtos químicos que conferem propriedades adesivas à argamassa, como se
demonstrará adiante. A fachada é um dos ambientes que mais solicita a atuação de uma
argamassa colante. Características como tempo em aberto, resistência à aderência e ao
deslizamento, são maiores quando para aplicação em fachadas.

À argamassa colante dá-se a definição de mistura constituída de aglomerantes


hidráulicos, agregados minerais e aditivos que possibilitam, quando preparada em obra com
adição exclusiva de água, a formação de uma massa viscosa, plástica e aderente, empregada
no assentamento de peças cerâmicas para revestimento ou pedras de revestimento. É
aplicada em camada relativamente fina comparada com as espessuras das argamassas
comuns. Sua aplicação só é possível com a utilização de desempenadeiras denteadas.

2.2.1. Tempo e Aberto

O tempo em aberto de uma argamassa colante refere-se ao intervalo de tempo


disponível entre o momento em que a argamassa é estendida sobre o substrato e o
momento em que a argamassa perde sua capacidade de proporcionar uma aderência
adequada. As características das argamassas colantes, determinadas conforme as normas,
são somente um referencial de qualidade. As condições de aplicação em obra,
principalmente as condições ambientais, é que definirão realmente o desempenho da
argamassa colante.

Os limites de tempo em aberto são importantes pois indicam o período que o


assentador dispõe para aplicar a cerâmica, contando a partir do momento que a argamassa
é aplicada na parede. Dessa forma, com um tempo de abertura muito reduzido haverá

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Aula 7 – Argamassas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

prejuízo da produtividade do serviço, já que o assentador não poderá abrir panos grandes
para a aplicação da cerâmica. Caso insista em abrir panos maiores, a qualidade do serviço
será prejudicada, uma vez que a cerâmica assim assentada poderá descolar-se facilmente

2.2.2. Classificação das Argamassas Adesivas

São classificadas em:

• AC-I - Interior: Argamassas com características de resistência às solicitações


mecânicas e termoigrométricas típicas de revestimentos internos, com
exceção daqueles aplicados em saunas, churrasqueiras, estufas e outros
revestimentos especiais.
• AC-II - Exterior: Argamassa com características de adesividade que permitem
absorver os esforços existentes em revestimentos de pisos e paredes externas
decorrentes de ciclos de flutuação térmica e higrométrica, da ação da chuva
e/ou vento, da ação de cargas como as decorrentes do movimento de
pedestres em áreas públicas e de máquinas ou equipamentos leves sobre
rodízios não metálicos.
• AC-III - Alta Resistência: Argamassa que apresenta propriedades de modo a
resistir as altas tensões de cisalhamento na interface substrato/adesivo
(substrato sendo considerado aqui como o emboço) e placa cerâmica/adesivo,
juntamente com uma aderência superior entre as interfaces em relação às
argamassas dos tipos I e II: é especialmente indicada para uso em saunas,
piscinas, estufas e ambientes similares.
• AC-III-E - Especial: Argamassa similar ao tipo III, com tempo em aberto
estendido.

3. Definição pelas Funções – Revestimento

Argamassa de revestimento é utilizada para revestir paredes, muros e tetos, os quais,


geralmente, recebem acabamentos como pintura, revestimentos cerâmicos, laminados, etc.

Principais funções de um revestimento de argamassa de parede:

• Proteger a alvenaria e a estrutura contra a ação do intemperismo, no caso dos


revestimentos externos;
• Integrar o sistema de vedação dos edifícios, contribuindo com diversas
funções, tais como: isolamento térmico (~30%), isolamento acústico (~50%),
estanqueidade à água (~70 a 100%), segurança ao fogo e resistência ao
desgaste e abalos superficiais;

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Aula 7 – Argamassas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Esta modalidade de argamassa se desdobra nos sub-tópicos a seguir.

3.1. Camadas

3.1.1. Chapisco

Camada de preparo da base, aplicada de forma contínua ou descontínua, com


finalidade de uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do
revestimento.

3.1.2. Emboço

Camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a base, propiciando uma


superfície que permita receber outra camada, de reboco ou de revestimento decorativo
(por exemplo, cerâmica). Geralmente é aditivado de adesivo para melhor fixação.

3.1.3. Reboco

Camada de revestimento utilizada para cobrimento do emboço, propiciando uma


superfície que permita receber o revestimento decorativo (por exemplo, pintura) ou que se
constitua no acabamento final. Atualmente, em metodologias modernas muitas empresas
estão suprimindo esta fase devido a evolução tecnológica dos materiais e aplicando as
etapas de pintura diretamente sobre o emboço com excelentes resultados.

3.1.4. Capa Única

Revestimento de um único tipo de argamassa aplicado à base, sobre o qual é aplicada


uma camada decorativa, como, por exemplo, a pintura; também chamado popularmente de
“massa única” ou “reboco paulista” é atualmente a alternativa mais empregada no Brasil.

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Aula 7 – Argamassas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

3.1.5. Monocapa

Trata-se de um revestimento aplicado em uma única camada, que faz,


simultaneamente, a função de regularização e decorativa, muito utilizado na Europa. A
argamassa de RDM é um produto industrializado, ainda não normalizado no Brasil, com
composição variável de acordo com o fabricante, contendo geralmente: cimento branco, cal
hidratada, agregados de várias naturezas, pigmentos inorgânicos, fungicidas, além de vários
aditivos (plastificante, retentor de água, incoporador de ar, etc.).

4. Propriedades

Os revestimentos de argamassa, para cumprir adequadamente as suas funções, devem


possuir características e propriedades que sejam compatíveis com as condições a que
estarão expostos, com as condições de execução, com a natureza da base, com as
especificações de desempenho, e com o acabamento final previsto.

As principais propriedades que o revestimento de argamassa deve apresentar, para


que possa cumprir adequadamente as suas funções, estão descritas a seguir.

4.1. Capacidade de Aderência

Conceitua-se aderência como a propriedade que possibilita à camada de revestimento


resistir às tensões normais e tangenciais atuantes na interface com a base.

O mecanismo de aderência se desenvolve principalmente: pela ancoragem da pasta


aglomerante nos poros da base, ou seja, parte da água de amassamento contendo os
aglomerantes é succionada pelos poros da base onde ocorre o seu endurecimento; e por
efeito de ancoragem mecânica da argamassa nas reentrâncias e saliências macroscópicas da
superfície a ser revestida.

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Aula 7 – Argamassas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

4.2. Trabalhabilidade da argamassa e técnica de execução do revestimento

Tendo trabalhabilidade adequada, a argamassa poderá apresentar contato mais


extenso com a base através de um melhor espalhamento. A técnica executiva de aplicação,
em função das operações de compactação e prensagem contra a base, tende a ampliar a
extensão de contato.

A trabalhabilidade é resultante da conjunção de diversas outras propriedades, tais


como:

• Consistência;
• Plasticidade;
• Retenção de água e de consistência;
• Coesão;
• Exsudação;
• Densidade de massa;
• Adesão inicial.

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Aula 7 – Argamassas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

4.3. Natureza e características do substrato

O diâmetro, a natureza e a distribuição dos tamanhos dos poros determinam a


rugosidade superficial e a capacidade de absorção da base, podendo ampliar ou não a
extensão de aderência e a ancoragem do revestimento. A extensão de aderência é
comprometida pela existência de partículas soltas ou de grãos de areia, poeira, fungos,
concentração de sais na superfície (eflorescências), camadas superficiais de desmoldante ou
graxa, que representam barreiras para ancoragem do revestimento à base.

4.4. Resistência Mecânica

A resistência mecânica é a capacidade dos revestimentos de suportar esforços das


mais diversas naturezas que resultam em tensões internas de tração, compressão e
cisalhamento.

Esforços de abrasão superficial, cargas de impacto e movimentos de contração e


expansão dos revestimentos por efeitos de umidade, são exemplos destas solicitações. Um
método usual de avaliação da resistência, embora ainda empírico para servir de base para
especificações, é o tradicional risco com prego ou objeto pontiagudo similar, adotado em
obra para qualificar a resistência superficial dos revestimentos.

Os ensaios normalizados internacionais adotam esferas de impacto, escovas elétricas


de desgaste superficial, ou preconizam o uso de fitas adesivas para determinação da massa
de revestimento descolada. Para nenhum dos métodos são especificados valores de
referência.

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Aula 7 – Argamassas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

4.5. Capacidade de absorver deformações

É a propriedade que o revestimento possui de absorver deformações intrínsecas (do


próprio revestimento) ou extrínsecas (da base) sem sofrer ruptura, sem apresentar fissuras
prejudiciais e sem perder aderência.

Esta capacidade de absorver deformações é governada pela resistência à tração e pelo


módulo de deformação do revestimento. Um dos principais fenômenos que provocam
deformações de retração ocorre tão logo a argamassa é aplicada, devido à perda de água
por sucção da base e por evaporação para o ambiente. A retração gera tensões internas de
tração. O revestimento pode ou não ter capacidade de resistir a essas tensões, o que regula
o grau de fissuração nas primeiras idades. Uma boa técnica de aplicação permite que se
trabalhe uma argamassa com menos água, o que certamente diminui a retração.

4.6. Teor e natureza dos aglomerantes e agregados

Os aglomerantes devem ser de baixa a média reatividade (normalmente conseguida


com baixo teor de aglomerantes, principalmente o cimento) resultando em argamassa cuja
resistência à tração nãos seja elevada e permitindo maior capacidade de deformação.

Já para agregados, a granulometria deve ser contínua para reduzir o volume de vazios
entre os agregados, diminuindo a quantidade de pasta necessária para o preenchimento e,
portanto, minimizando o potencial de retração. Além disso, o teor de finos deve ser
adequado, uma vez que o excesso destes irá aumentar o consumo de água de amassamento
e com isto, levar a uma maior retração de secagem do revestimento.

4.7. Capacidade de absorção de água da base, condições ambientais e capacidade de


retenção de água

São fatores que podem regular a perda de água do revestimento durante seu
endurecimento e o desenvolvimento inicial de resistência à tração. Quanto mais lentamente
a argamassa perder água, tanto melhor será para a resistência mecânica do revestimento.

4.8. Técnica de execução

Estabelece o grau de compactação do revestimento e os momentos de sarrafeamento


e desempeno. Estes parâmetros determinam o teor de umidade remanescente no
revestimento, ou seja, executar o sarrafeamento e o desempeno em momento inadequado
resulta em excesso de água que pode ser prejudicial ao revestimento comprometendo sua
aderência à base.

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Aula 7 – Argamassas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

“Para que ocorra a penetração da água da chuva em uma edificação são necessárias
três condições: água na superfície da parede, uma abertura através da qual a água possa
passar e uma força para mover a água através da abertura. Teoricamente, se qualquer uma
destas condições é eliminada, a penetração de chuva será forçosamente reduzida”.

A fissuração dos revestimentos é uma situação que deve ser evitada, uma vez que,
além do revestimento perder a sua capacidade de estanqueidade, a capacidade de
aderência pode ficar comprometida no entorno da região fissurada. Tensões tangenciais
surgem na interface base/ revestimento, na região próxima às fissuras, podendo ultrapassar
o limite de resistência ao cisalhamento da interface, possibilitando o descolamento do
revestimento. Além disso, as fissuras podem comprometer a durabilidade e o acabamento
final previsto.

4.9. Estanqueidade

A estanqueidade é uma propriedade dos revestimentos relacionada com a absorção


capilar de sua estrutura porosa e eventualmente fissurada da camada de argamassa
endurecida. Sua importância está no nível de proteção que o revestimento oferece à base
contra as intempéries.

Diversos fatores influem na estanqueidade do revestimento, como as proporções e a


natureza dos materiais constituintes da argamassa, a técnica de execução, a espessura da
camada, a natureza da base e a quantidade e o tipo de fissuras existentes.

Por outro lado, a permeabilidade ao vapor d’água é uma propriedade sempre


recomendável nos revestimentos de argamassa, por favorecer a secagem de umidade
acidental ou de infiltração. Evita também os riscos de umidade de condensação interna em
regiões de clima mais frio.

4.10. Propriedades da Superfície

A rugosidade e porosidade superficiais são importantes por estarem relacionadas com


as funções estéticas e com a compatibilização do revestimento de argamassa com o sistema
de pintura ou outro revestimento decorativo, além de influírem decisivamente na
estanqueidade, na resistência mecânica e na durabilidade do revestimento. A rugosidade
superficial pode variar de lisa a áspera sendo basicamente resultado do tipo de agregado,
sua granulometria, do teor de agregado e da técnica de execução do revestimento. Deve
também haver compatibilidade química entre o revestimento e o acabamento final
previsto. No caso de tintas a óleo ou revestimentos em laminados melamínicos, por
exemplo, sabe-se que não há compatibilidade com revestimentos à base de argamassa de

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Aula 7 – Argamassas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

cal. A obtenção da rugosidade superficial dos revestimentos deve ser feita em função do
acabamento final previsto.

Devem também ser consideradas as condições de exposição a que estará submetido o


revestimento. Para revestimentos externos deve-se dar preferência para texturas mais
rugosas. Obtêm se assim, superfícies que dissimulam melhor os defeitos do próprio
revestimento. Contudo, em regiões com maior índice de poluição atmosférica deve-se
preferir revestimentos com acabamentos lisos. Estes, quando associados a uma superfície
pouco porosa, dificultam a fixação de poeiras e micro-organismos conservando, desta
forma, mais eficientemente as características estéticas da fachada.

No caso de revestimento de múltiplas camadas, deve-se adotar para as camadas


internas uma rugosidade áspera, possibilitando uma melhor ancoragem das camadas
subsequentes. Outro aspecto importante da superfície é sua regularidade geométrica,
principalmente como elemento intangível da percepção de qualidade da edificação como
um todo.

4.11. Durabilidade

No caso de revestimento de múltiplas camadas, deve-se adotar para as camadas


internas uma rugosidade áspera, possibilitando uma melhor ancoragem das camadas
subsequentes. Outro aspecto importante da superfície é sua regularidade geométrica,
principalmente como elemento intangível da percepção de qualidade da edificação como
um todo.

• Movimentações de origem térmica, higroscópica ou imposta por forças


externas: Podem causar fissuração, desagregação e descolamento dos
revestimentos;
• Espessura dos revestimentos: Sendo excessiva intensifica a movimentação
higroscópica nas primeiras idades, podendo ocasionar fissuras de retração,
que podem comprometer a capacidade de aderência e a impermeabilidade
do revestimento. A técnica de execução pode, quando inadequada, provocar
e ou agravar o aparecimento de tais fissuras;
• Cultura e proliferação de microrganismos: Provocam manchas escuras que
ocorrem geralmente em áreas permanentemente úmidas dos revestimentos.
Os fungos e líquens que se proliferam na superfície do revestimento
produzem ácidos orgânicos que reagem e destroem progressivamente os
aglomerantes da argamassa endurecida.
Ba s ea do em ma teri a l de Hel ena
Ca ra s ek (IBRACON) e Ha rgi
Arga ma s s a s . Edi ções s em prejuízo
de conteúdo.

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Aula 8 – Alvenarias
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Aula 8: Alvenarias

Alvenaria é um conceito da construção civil que designa o conjunto de pedras, tijolos ou blocos
que reunidos formam paredes, muros ou alicerces de uma edificação. Não é preciso que os
chamados elementos de alvenaria (tijolo, blocos, etc.) estejam unidos por argamassa para que
se caracterize uma obra de alvenaria. O objetivo deste tipo de construção é a resistência aos
esforços de compressão e/ou divisão de espaços. Nesta aula serão vistos os conceitos
elementares e processos básicos da execução de painéis de alvenaria visto que existe uma
disciplina específica para elas.

1. Conceituação e Processos

Alvenarias são elementos da construção civil, resultantes da união de blocos sólidos,


justapostos, unidos com argamassa ou não, destinados a suportar, principalmente, esforços
de compressão.

Os blocos sólidos e resistentes que constituem as alvenarias podem ser simples blocos
de pedra, obtidas pela extração de pedreiras graníticas ou outros tipo de rocha, como
também podem ser fabricados especialmente para esse fim, como blocos cerâmicos,
aglomerados com cimento, de gesso ou mesmo de vidro.

As alvenarias podem ter simplesmente função de divisória e de delimitação, sendo


chamadas de alvenaria de vedação ou de divisão, bem como ter função de estrutura,
suportando carga de lajes, coberturas, caixas d’água, etc, sendo chamada, então, de
alvenaria estrutural.

Existem vários tipos e métodos construtivos envolvendo alvenaria, os mais conhecidos


são: Alvenaria de Vedação; Alvenaria Solo-Cimento; Alvenaria Estrutural (Armada,
Parcialmente Armada e Não Armada). Nesta aula serão abordados especificamente alguns
processos, características e generalidades para elevação dos painéis.

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Aula 8 – Alvenarias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2. Princípios Básicos

2.1. Marcação de Alvenaria

A marcação é a execução da primeira fiada da alvenaria. Para isso, são recomendados


os passos a seguir.

2.1.1. Conferência da Modulação

Modulação é a compatibilidade (casamento) entre as dimensões da parede que vai ser


construída com as dimensões do componente (tijolo ou bloco). É desejável que o
componente caiba na dimensão da parede sem necessidade de quebras ou enchimentos.
Para fazer essa verificação devem-se enfileirar os componentes no piso, sem argamassa,
acomodando-os no trecho de parede que será executada, com juntas (espaços entre eles)
de aproximadamente 1 cm.

Lembre-se que os componentes são comercializados em diversas dimensões e também


existe, no caso dos blocos, o meio-bloco, isto é, um bloco com metade do comprimento do
bloco inteiro. Isto é feito exatamente para facilitar a modulação.

2.1.2. Definição de Juntas

As características do projeto e da obra é que vão determinar o que é melhor. Se for


uma obra de maior porte, o mestre de obras, juntamente com o responsável técnico, é que
devem decidir e orientar na execução. Caso não exista uma solicitação de projeto (obras
pequenas) seguem-se os passos convencionais.

Retomando, outra coisa importante na modulação das alvenarias é a definição do tipo


de junta entre as fiadas e os componentes. Pode-se usar a chamada “junta amarrada”, em
que cada fiada fica defasada meio comprimento do tijolo ou bloco em relação à fiada de
baixo, ou a “junta a prumo”, em que todas as juntas ficam alinhadas (veja o desenho a
seguir). A primeira é a mais comum e é recomendada, pois causa um travamento dos
componentes, o que favorece muito o aumento da resistência da parede. A junta a prumo é
usada em condições especiais, quando a alvenaria fica aparente e pretende-se conseguir um
efeito visual, sendo necessário, no entanto, alguns reforços, para evitar trincas nas juntas. É
possível ainda usar diversos outros tipos com diferentes efeitos, como mostra a imagem a
seguir.

104
Aula 8 – Alvenarias
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1.3. Assentamento da Primeira Fiada

Depois de verificada a modulação, inicia-se o assentamento da primeira fiada. O local


deve estar completamente limpo (muito bem varrido) e molhado. Os tijolos ou blocos
devem ser também previamente molhados (não encharcados), pouco antes do
assentamento. O assentamento deve ser iniciado pelos cantos, espalhando-se uma camada
de argamassa no piso com a colher de pedreiro.

A espessura dessa camada normalmente é maior que as das demais (mais de 1


centímetro), para acertar o nível da primeira fiada, pois o piso sempre tem alguma
irregularidade. Para isso é conveniente verificar o nivelamento do piso, com a mangueira de
nível, para já se saber de antemão qual será a espessura aproximada da camada.

Cada bloco, depois de assentado, deve ter seu alinhamento, nível e prumo conferidos.
Para isso devem ser usados a régua e o nível de mão. O ajuste do bloco na posição correta é
feito com pequenas batidas com o cabo da colher de pedreiro.

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Aula 8 – Alvenarias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.2. Elevação

Inicia-se pelos cantos, executando-se primeiramente o início e o fim de algumas fiadas,


o que se chama “castelo”. As fiadas dos castelos servirão de base para o alinhamento das
fiadas da parede.

Para o controle das alturas das fiadas do “castelo” deve ser usado o “escantilhão”, que
é uma haste de madeira, ou haste metálica, apoiada no piso, onde são previamente
marcadas as alturas das fiadas, como mostram figuras.

A elevação do castelo deve ser feita observando-se a planicidade da face da parede


(com a régua), o nível e o prumo de cada bloco assentado. Para a conferência escolhe-se um
dos lados da parede, sendo que se a parede for externa, deve ser escolhido o lado externo.

Depois de executados os castelos, preenche-se o interior das paredes, fiada por fiada.
Para o alinhamento das fiadas usa-se uma linha-guia, presa em pequenos pregos fixados nas
extremidades de cada fiada, nos castelos, como se observa na figura.

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Aula 8 – Alvenarias
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A argamassa deve ser estendida sobre a superfície da fiada anterior e na face lateral do
bloco ou tijolo que será assentado. A quantidade de argamassa deve ser suficiente para que
um excesso seja expelido quando o bloco for pressionado para ficar na posição correta. Esse
excesso deve ser raspado e pode ser reutilizado. Ainda que as linhas-guia facilitem bastante
o controle do alinhamento, do nível e do prumo, a cada 3 ou 4 fiadas, no máximo, deve ser
conferida a planicidade, o nível e o prumo da parede. O prumo agora deve ser conferido
com o fio de prumo, em 3 ou 4 posições ao longo da parede, como mostram as imagens.
Recomenda-se a elevação máxima, num dia, de meio pé-direito, ou uma altura entre 1,20 e
1,50 m aproximadamente.

A técnica vista é a utilizada para o assentamento com argamassa convencional, feita na


obra com cimento, cal e areia. Podem-se usar argamassas industrializadas e, nesse caso, as
técnicas de assentamento podem ser diferentes, como por exemplo, a técnica em que se
utilizam bisnagas, entre outras.

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Aula 8 – Alvenarias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.3. Encunhamento

O encunhamento é a ligação entre o topo da parede de alvenaria e a viga ou laje de


concreto armado que se situam acima, que ocorre em paredes de vedações de edifícios de
mais de um pavimento que são feitos em estruturas de concreto armado. A técnica mais
comum é o encunhamento com tijolos comuns, assentados inclinados e pressionados entre
a última fiada e a viga ou laje superior, como pode ser visto no desenho. Podem ser

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Aula 8 – Alvenarias
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

utilizadas também cunhas pré-moldadas de concreto, ou então uma argamassa com


expansor.

Para evitar esforços não previstos nas alvenarias, principalmente em edifícios altos, o
encunhamento deve ser feito somente depois de executada a elevação do último
pavimento, iniciando o encunhamento por este último andar e descendo- se na direção do
térreo.
Dependendo também das definições adotadas no projeto estrutural do edifício,
podem ser adotadas outras técnicas que substituem o encunhamento, como a fixação (feita
somente com argamassa) e a ligação flexível, feita com produtos elásticos. Deve ser
observado o que está definido no projeto sobre este assunto.

2.4. Detalhes Construtivos

2.4.1. Encontros

Quando há um encontro entre duas paredes de alvenaria deve haver uma ligação
entre elas, pois caso contrário poderá ocorrer uma trinca entre as duas.

Há duas formas de se fazer isso. A primeira é “amarrando” ou cruzando os blocos das


duas paredes. Essa técnica, embora bastante eficiente do ponto de vista da rigidez da
ligação, dificulta a modulação, dependendo das dimensões dos ambientes e dos
componentes.

A outra forma, mais prática e hoje mais utilizada, é fazer as paredes sem amarração
dos componentes (uma encosta simplesmente na outra) e, a cada duas ou três fiadas são
inseridas pequenas barras de aço nas juntas, dentro da camada de argamassa, ligando as
duas paredes. Essa ligação pode ser feita também através de tela metálica, como visto a
seguir.

109
Aula 8 – Alvenarias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

A ligação também precisa ser feita quando a parede encosta num pilar, a fim de evitar
uma trinca ou fissura entre os dois. Também nesse caso costuma-se usar pequenas barras
de aço inseridas no pilar e na junta da alvenaria (chamadas também de “ferros-cabelo”), ou
a mesma tela metálica citada no item anterior, parafusada no pilar.

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Aula 8 – Alvenarias
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.5. Vergas e Contra-vergas

São pequenas vigas de concreto armado, que devem ser feitas em cima e em baixo das
aberturas da alvenaria, como vãos de portas e janelas, para evitar trincas nos cantos desses
vãos. Devem avançar no mínimo 20 em de cada lado do vão, e ter pelo menos duas barras
de aço de diâmetro de 5 mm. A altura pode ser de 5 cm, ou mais alta, para combinar com a
modulação dos componentes. As vergas e contra-vergas podem ser feitas também se
usando o próprio componente da alvenaria (blocos canaletas preenchidos com concreto e
com barras de aço no seu interior), ou podem ser pré-moldadas na própria obra.

2.6. Fixação de Esquadrias

Para a fixação de esquadrias (portas e janelas) de madeira nos vãos da alvenaria, a


técnica mais comum é a utilização de tacos de madeira embutidos na alvenaria, a cada 80
cm de altura, aproximadamente. A fixação das esquadrias é feita parafusando-se os
batentes das portas e janelas nestes tacos (veja os desenhos). Usa-se também, atualmente,
a fixação de batentes de madeira com preenchimento do vão entre o batente e a parede
com espumas expansoras.

Janelas e portas de ferro normalmente são fixadas através do chumbamento de grapas


do tipo “rabo de andorinha”, que já vêm soldadas nas esquadrias. Neste caso abre-se um
pequeno buraco no vão onde será colocada a grapa, e coloca-se a esquadria com a grapa
dentro do buraco, preenchendo-o depois com argamassa de cimento e areia, no traço 1:3.

111
Aula 8 – Alvenarias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Para janelas ou portas de alumínio, a fixação é feita através de chumbamento ou


aparafusamento de marcos na alvenaria e nestes marcos são parafusadas as esquadrias.

2.7. Embutimento de Instalações

A forma mais tradicional de se embutir as instalações em alvenarias de vedação é


através do corte da parede, com posterior preenchimento com argamassa. Para evitar
desperdícios e perda de resistência da parede é necessário atender às recomendações que
se seguem.

Os tijolos comuns resistem melhor aos cortes, ao passo que os furados são mais frágeis
e costumam estilhaçar, causando grandes rombos na parede. Por isso, devem-se usar tijolos
comuns em paredes ou trechos de paredes onde serão embutidas as tubulações de maior
diâmetro, como as de banheiros, que concentram tubulações hidráulicas. É recomendável
também riscar previamente a parede, demarcando- se com precisão os cortes e fazendo-os
com disco de serra diamantado. Podem-se também usar alternativas onde se evita o corte
das paredes, como o uso de folgas nas alvenarias.

Outra solução bastante interessante e que deve ser utilizada é passar as tubulações
nos furos dos blocos. Para as instalações elétricas, por exemplo, que são de pequeno
diâmetro e existem em todas as paredes, isto pode ser feito sem nenhuma dificuldade.
Basta que o eletricista acompanhe a execução da alvenaria, passando as tubulações na
medida em que a parede vai sendo elevada. O chumbamento de caixas para interruptores e
tomadas também pode ser feito previamente nos blocos. Assim, os blocos previamente
Ba s ea do e a da ptado ABCI(1990).
preparados são colocados na alvenaria nas posições correspondentes às caixas de tomadas Edi ções s em prejuízo de
conteúdo.
e interruptores.

112
Aula 9 – Fundações e Estruturas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Aula 9: Fundações e Estruturas

Os elementos de sustentação da edificação são aqueles que suportam toda a sua carga (peso)
e as transmitem para o solo. Estes elementos são divididos em 2 subsistemas: os de
superestrutura e infraestrutura. A diferenciação se dá apenas pela locação em relação ao nível
do solo, sendo os aéreos os de superestrutura e os enterrados (ou aterrados) os de infra. Nesta
aula serão dados conceitos introdutórios sobre estes elementos que serão aprofundados no
curso de suas disciplinas específicas.

1. Fundações

O sistema de fundações é formado pelo elemento estrutural do edifício que fica abaixo
do solo (podendo ser constituído por bloco, estaca ou tubulão, por exemplo) e o maciço de
solo envolvente sob a base e ao longo do fuste.

Sua função é suportar com segurança as cargas provenientes do edifício.


Convencionalmente, o projetista estrutural repassa ao projetista de fundação as cargas que
serão transmitidas aos elementos de fundação. Confrontando essas informações com as
características do solo onde será edificado, o projetista de fundações calcula o
deslocamento desses elementos e compara com os recalques admissíveis da estrutura, ou
seja, primeiro elabora-se o projeto estrutural e depois o projeto de fundação.

Quando o projeto estrutural é elaborado em separado do projeto de fundação,


considera-se, durante o dimensionamento das estruturas, que a fundação terá um
comportamento rígido, indeslocável. Na realidade, tais apoios são deslocáveis e esse fator
tem uma grande contribuição para uma redistribuição de esforços nos elementos da
estrutura.

Essa redistribuição ou nova configuração de esforços nos elementos estruturais, em


especial nos pilares, provoca uma transferência das cargas dos pilares mais carregados para
os pilares menos carregados.

Geralmente, os pilares centrais são os mais carregados que os da periferia. Ao


considerarmos a interação solo-estrutura no dimensionamento da fundação, os pilares que
estão mais próximos do centro terão uma carga menor do que a calculada, havendo uma
redistribuição das tensões.

113
Aula 9 – Fundações e Estruturas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Dessa forma, é possível estimar os efeitos da redistribuição dos esforços na estrutura


do edifício, bem como a intensidade e a forma dos recalques diferenciais.
Consequentemente, teremos um projeto otimizado, podendo-se obter uma economia que
pode chegar a até 50% no custo de uma fundação.

Torna-se clara a importância da união entre o projeto estrutural e o projeto de


fundações em um único grande projeto, uma vez que os dois estão totalmente interligados
e mudanças em um provocam reações imediatas no outro.

1.1. Parâmetros para escolha da Fundação

São diversas as variáveis a serem consideradas para a escolha do tipo de fundação.


Numa primeira etapa, é preciso analisar os critérios técnicos que condicionam a escolha por
um tipo ou outro de fundação. Os principais itens a serem considerados estão dispostos
abaixo.

1.1.1. Topografia da área

Devem ser observados:

• Dados sobre taludes e encostas no terreno, ou que possam atingir o terreno;


• Necessidade de efetuar cortes e aterros;
• Dados sobre erosões, ocorrência de solos moles na superfície;
• Presença de obstáculos, como aterros com lixo ou matacões.

114
Aula 9 – Fundações e Estruturas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

1.1.2. Características do maciço de solo

Dados a serem observados:

• Variabilidade das camadas e a profundidade de cada uma delas;


• Existência de camadas resistentes ou adensáveis;
• Compressibilidade e resistência do solo;
• A posição do nível d’água.

1.1.3. Dados da estrutura

Dado a ser observado:

• A arquitetura, o tipo e o uso da estrutura, como por exemplo, se consiste em


um edifício, torre ou ponte, se há subsolo e ainda as cargas atuantes.

Realizado esses estudos, descartamos as fundações que oferecem limitações de


emprego para a obra em que se está realizando a análise. Teremos, ainda assim, uma gama
de soluções que poderão ser adotadas.

Alguns projetistas de fundação elaboram projetos com diversas soluções, para que o
construtor escolha o tipo mais adequado de acordo com o custo, disponibilidade financeira
e o prazo desejado.

Dessa forma, numa segunda etapa, consideram-se os seguintes fatores:

1.1.4. Dados sobre as construções vizinhas

A serem observados:

• O tipo de estrutura e das fundações vizinhas;


• Existência de subsolo;
• Possíveis consequências de escavações e vibrações provocadas pela nova
obra;
• Danos já existentes.

1.1.5. Aspectos econômicos

Aspecto a ser observado:

• Além do custo direto para a execução do serviço, deve-se considerar o prazo


de execução. Há situações em que uma solução mais custosa oferece um
prazo de execução menor, tornando-se mais atrativa.

115
Aula 9 – Fundações e Estruturas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Podemos perceber que, para realizar a escolha adequada do tipo de fundação, é


importante que a pessoa responsável pela contratação tenha o conhecimento dos tipos de
fundação disponíveis no mercado e de suas características.

Somente com esse conhecimento é que será possível escolher a solução que atenda às
características técnicas e ao mesmo tempo se adeque à realidade da obra.

1.2. Fundação Superficial

Também chamada de fundação rasa ou direta, transmite a carga do edifício ao terreno


através das pressões distribuídas sob a base da fundação. As fundações superficiais estão
assentadas a uma profundidade de até duas vezes a sua menor dimensão em planta.

1.2.1. Bloco

É o elemento de fundação de concreto simples, dimensionado de maneira que as


tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto, sem necessidade de
armadura.

1.2.2. Sapata

É um elemento de fundação de concreto armado, de altura menor que o bloco,


utilizando armadura para resistir a esforços de tração.

1.2.3. Viga de Fundação

É um elemento que recebe pilares alinhados, geralmente de concreto armado; pode


ter seção transversal tipo bloco, sem armadura transversal, sendo chamada de BALDRAME.

1.2.4. Grelhas

Elemento de fundação constituído por um conjunto de vigas que se cruzam nos pilares.

1.2.5. Radier

Elemento de fundação que recebe todos os pilares da obra.

1.3. Fundação Profunda

São aquelas em que a carga é transmitida ao terreno através de sua base (resistência
de ponta) e/ou superfície lateral (resistência de atrito). As fundações profundas estão
assentadas a uma profundidade maior que duas vezes a sua menor dimensão em planta. Os
principais tipos de fundação profunda são:

116
Aula 9 – Fundações e Estruturas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

1.3.1. Estacas

Elemento de fundação executado com auxílio de ferramentas ou equipamentos,


execução esta que pode ser por cravação a percussão, prensagem, vibração ou por
escavação.

1.3.1.1. ESTACAS PRÉ-MOLDADAS

Caracterizam-se por serem cravadas no terreno, podendo-se utilizar os seguintes


métodos:

• Percussão: é o método de cravação mais empregado, o qual utiliza-se pilões


de queda livre ou automáticos. Um dos principais inconvenientes desse
sistema é o barulho produzido.
• Prensagem: empregada onde há a necessidade de evitar barulhos e vibrações,
utiliza macacos hidráulicos que reagem contra uma plataforma com
sobrecarga ou contra a própria estrutura.
• Vibração: sistema que emprega um martelo dotado de garras (para fixar a
estaca), com massas excêntricas que giram com alta rotação, produzindo uma
vibração de alta frequência à estaca. Pode ser empregada tanto para cravação
como para remoção de estacas, tendo o inconveniente de transmitir
vibrações para os arredores. Podem ser fabricadas com diversos materiais,
sendo as estacas de concreto e metálicas as mais usuais.

Concreto: As estacas de concreto são comercializadas com diferentes


formatos geométricos. A capacidade de carga é bastante abrangente,
podendo ser simplesmente armadas, protendidas, produzidas por vibração ou
centrifugação.

Metálicas: São encontradas na forma de trilhos ou perfis. Não há


possibilidade de quebra e, caso seja necessário realizar emendas, essas devem
ser soldadas, não devendo permitir o uso de luvas ou anéis.

Um problema que ocorre com relativa frequência em estacas cravadas por


percussão através de espessas camadas de argila mole é o drapejamento, isto
é, encurvamento das estacas, mesmo quando se tomam cuidados com o
prumo durante a cravação. Tal fato, no entanto, é raramente detectado.

O tratamento teórico deste fenômeno só vem sendo realizado muito


recentemente, não havendo, ainda, meios de quantificá-lo na fase de projeto.
Por esse motivo a eficiência das estacas e principalmente das emendas só

117
Aula 9 – Fundações e Estruturas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

pode ser comprovada após experiência acumulada em várias cravações e


provas de cargas nestas formações de argilas moles.

1.3.1.2. ESTACAS MOLDADAS IN LOCO COM TUBO DE REVESTIMENTO

Tipo Franki: Estaca de concreto armado moldada in loco que emprega um


tubo de revestimento com ponta fechada, de modo que não há limitação de
profundidade devido à presença de água do subsolo.

Para a cravação da estaca, lança-se areia e brita no interior do tubo, materiais


esses que são compactados através de golpes de um pilão. Realizada a
cravação, executa-se o alargamento da base, a armação e, finalmente, a
concretagem.

A cravação de estacas tipo Franki pode provocar o levantamento das estacas


já instaladas devido ao empolamento do solo circundante que se desloca
lateral e verticalmente. A estaca danificada pode ter sua capacidade de carga
prejudicada ou perdida devido a uma ruptura do fuste ou pela perda de
contato da base com o solo de apoio.

Quando a estaca Franki é moldada em espessas camadas submersas de turfa,


argila orgânica e areias fofas, pode ocorrer estrangulamento do fuste devido à
invasão de água e/ou lama dentro do tubo e o encurtamento da armação
ocasionado por insuficiência de seção de aço.

Tipo Strauss: Elemento de fundação escavado mecanicamente, com o


emprego de uma camisa metálica recuperável, que define o diâmetro das
estacas.

O equipamento utilizado é leve e de pequeno porte, facilitando a locomoção


dentro da obra e possibilitando a montagem do equipamento em terrenos de
pequenas dimensões. A perfuração é feita através da queda livre da piteira
com a utilização de água. O furo geralmente é revestido. Atingida a
profundidade de projeto, o furo é limpo e concretado. Durante a
concretagem, o apiloamento do concreto e a retirada cuidadosa do
revestimento devem ser observados, para que não haja interrupção do fuste.

1.3.1.3. ESTACAS MOLDADAS IN LOCO ESCAVADAS MECANICAMENTE

Hélice Contínua: Estaca de concreto moldada in loco, executada através de


um equipamento que possui um trado helicoidal contínuo, que retira o solo
conforme se realiza a escavação, e injeta o concreto simultaneamente,

118
Aula 9 – Fundações e Estruturas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

utilizando a haste central desse mesmo trado. É um sistema que proporciona


uma boa produtividade e, por esse motivo, é recomendável que haja uma
central de concreto nas proximidades do local de trabalho. Além disso, as
áreas de trabalho devem ser planas e de fácil movimentação.

O sistema pode ser empregado na maioria dos tipos de solos, exceto em locais
onde há a presença de matacões e rochas. Estacas muito curtas, ou que
atravessam materiais extremamente moles também devem ter sua utilização
analisada cuidadosamente.

Estacas-raiz: Estacas escavadas com perfuratriz, executadas com


equipamento de rotação ou rotopercussão com circulação de água, lama
bentonítica ou ar comprimido. É recomendado para obras com dificuldade de
acesso para o equipamento de cravação, pois emprega equipamento com
pequenas dimensões (altura de aproximadamente 2m). Pode atravessar
terrenos de qualquer natureza, sendo indicado também quando o solo possui
matacões e rocha, por exemplo. Pode ser executada de forma inclinada,
resistindo a esforços horizontais.

Estaca Barrete: Estacas escavadas com uso de lama bentonítica, executadas


com equipamentos de grande porte, como o ficlam-shellfl. Pode ser escavada
abaixo do nível d´água, até a profundidade de projeto. Na execução, a
escavação é preenchida pela lama simultaneamente à retirada do solo
escavado.

1.3.2. Tubulão

Elemento de forma cilíndrica, em que, pelo menos na sua fase final de execução, há a
descida do operário por dentro deste. Pode ser feito a céu aberto ou sob ar comprimido
(pneumático).

1.3.2.1. TUBULÃO A CÉU ABERTO

Escavada manualmente, não pode ser executado abaixo do nível d´água. Dispensa
escoramento em terreno coesivo, mostrando-se uma alternativa econômica para altas
cargas solicitadas, superior a 250 Tf.

1.3.2.2. TUBULÃO A AR COMPRIMIDO

Utilizado em terrenos que apresentam dificuldade de empregar escavação mecânica


ou cravação de estacas, como em áreas com alta densidade de matacões, lençóis d´água
elevados ou cotas insuficiente entre o terreno e o apoio da fundação.

119
Aula 9 – Fundações e Estruturas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Nesse tipo de fundação, pode-se utilizar uma camisa metálica, de concreto ou de


concreto moldado in loco, sendo empregada uma pressão máxima de 3,4 atm, limitando,
dessa forma, a profundidade do tubulão a 34 m abaixo do nível d´água.

2. Superestruturas

Nas construções de concreto armado, sejam elas de pequeno ou de grande porte, três
elementos estruturais são bastante comuns: as lajes, as vigas e os pilares. Por isso, esses são
os elementos estruturais mais importantes. Uma noção geral das características de alguns
dos elementos de concreto armado é apresentada a seguir.
Há uma infinidade de outros elementos estruturais. Entre eles podem ser citados: viga-
parede, consolo, dente gerber, tirante, viga alavanca e elementos compostos, como escadas
(estas abordadas aqui), reservatórios, muros de arrimo, etc.

2.1. Lajes

As lajes são os elementos planos que se destinam a receber a maior parte das ações
aplicadas numa construção, como de pessoas, móveis, pisos, paredes, e os mais variados
tipos de carga que podem existir em função da finalidade arquitetônica do espaço físico que
a laje faz parte. As ações são comumente perpendiculares ao plano da laje, podendo ser
divididas em: distribuídas na área (peso próprio, revestimento de piso, etc.), distribuídas
linearmente (paredes) ou forças concentradas (pilar apoiado sobre a laje). As ações são
geralmente transmitidas para as vigas de apoio nas bordas da laje, mas eventualmente
também podem ser transmitidas diretamente aos pilares.

Alguns dos tipos mais comuns de lajes são: maciça apoiada nas bordas, nervurada, lisa
e cogumelo. Laje maciça é um termo que se usa para as lajes sem vazios apoiadas em vigas
nas bordas. As lajes lisas e cogumelo também não têm vazios, porém, tem outra definição.

“Lajes cogumelo são lajes apoiadas diretamente em pilares com capitéis, enquanto
lajes lisas são as apoiadas nos pilares sem capitéis” (NBR 6118/03, item 14.7.8). As lajes lisas
e cogumelo também são chamadas pela norma como lajes sem vigas. Elas apresentam a
eliminação de grande parte das vigas como a principal vantagem em relação às lajes
maciças, embora por outro lado tenham maior espessura. São usuais em todo tipo de
construção de médio e grande porte, inclusive edifícios de até 20 pavimentos. Apresentam
como vantagens custos menores e maior rapidez de construção. No entanto, são suscetíveis
a maiores deformações (flechas).

120
Aula 9 – Fundações e Estruturas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Capitel é a região nas adjacências dos pilares onde a espessura da laje é aumentada
com o objetivo de aumentar a sua capacidade resistente nessa região de alta concentração
de esforços cortantes e de flexão.

“Lajes nervuradas são as lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja
zona de tração para momentos positivos está localizada nas nervuras entre as quais pode
ser colocado material inerte” (NBR 6118/03, item 14.7.7). As lajes com nervuras pré-
moldadas são comumente chamadas pré-fabricadas.

2.2. Vigas

Pela definição da NBR 6118/03 (item 14.4.1.1), vigas “são elementos lineares em que a
flexão é preponderante”. As vigas são classificadas como barras e são normalmente retas e
horizontais, destinadas a receber ações das lajes, de outras vigas, de paredes de alvenaria, e
eventualmente de pilares, etc. A função das vigas é basicamente vencer vãos e transmitir as
ações nelas atuantes para os apoios, geralmente os pilares.

As ações são geralmente perpendicularmente ao seu eixo longitudinal, podendo ser


concentradas ou distribuídas. Podem ainda receber forças normais de compressão ou de
tração, na direção do eixo longitudinal. As vigas, assim como as lajes e os pilares, também
fazem parte da estrutura de contraventamento responsável por proporcionar a estabilidade
global dos edifícios às ações verticais e horizontais.

As armaduras das vigas são geralmente compostas por estribos, chamados “armadura
transversal”, e por barras longitudinais, chamadas “armadura longitudinal”.

121
Aula 9 – Fundações e Estruturas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.3. Pilares

Pilares são “elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que
as forças normais de compressão são preponderantes” (NBR 6118/2003, item 14.4.1.2). São
destinados a transmitir as ações às fundações, embora possam também transmitir para
outros elementos de apoio. As ações são provenientes geralmente das vigas, bem como de
lajes também.

Os pilares são os elementos estruturais de maior importância nas estruturas, tanto do


ponto de vista da capacidade resistente dos edifícios quanto no aspecto de segurança. Além
da transmissão das cargas verticais para os elementos de fundação, os pilares podem fazer
parte do sistema de contraventamento responsável por garantir a estabilidade global dos
edifícios às ações verticais e horizontais.

2.4. Escadas

A circulação vertical tem função de vencer os desníveis em geral e/ou entre


pavimentos consecutivos, possibilitando o livre acesso e circulação entre estes e se faz por
meio de Rampas, Elevadores e Escadas. Uma das tendências atuais na arquitetura é explorar
a escada, de modo que ela venha a se integrar, compor o ambiente. Não mais apenas como
um elemento de circulação vertical, mas também como um elemento estético do ambiente.

122
Aula 9 – Fundações e Estruturas
UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Surgem, assim, as escadas com trechos retos e patamares curvos, ou com lances
curvos e patamares retos, helicoidais e outras... Diferentes materiais e técnicas de
sustentação, que muitas vezes as fazem parecer flutuar nos ambientes.

Mas é fundamental que o arquiteto domine bem as técnicas, normas e o traçado para
que não ocorram erros e para que a escada se torne perigosa ou sua função seja
prejudicada.

As principais observações a serem respeitadas são:

• A altura e o comprimento dos degraus devem ser proporcionais para


acomodação do movimento do corpo;
• Se o degrau tiver mais que 18 centímetros de espelho, a escada se torna
cansativa;
• Se o piso do degrau for menor do que 25 cm, o pé não encontra apoio e a
escada pode provocar quedas, ou no mínimo, pode-se arranhar o calcanhar
no espelho ao descer;
• Com pisos de 45 cm, porém, fica a dúvida: daremos passadas maiores do que
o normal ou encurtaremos os passos, dando dois passos por degrau?
• Se os espelhos de uma escada forem variáveis quebra-se o ritmo dos passos e
a possibilidade de quedas é grande;

Há uma relação que indica as proporções ideais de espelho e base/piso dos degraus,
segundo a FÓRMULA DE BLONDELL:

2𝑒 + 𝑏 = 63 𝑜𝑢 64

Onde:

e = espelho do degrau (máximo de 19 cm);

b = base/piso do degrau (mínimo 25 cm) .

• Escadas de lance único podem ser fisicamente cansativas e psicologicamente


intimidantes;
• Geralmente limita-se a distância vertical entre patamares em 19 degraus de
17 cm = 3,23 m (código de obras);
• Os patamares devem ter uma dimensão, no sentido do deslocamento, igual à
largura da escada (mínimo 76 cm para escada de uso privativo – código
obras);
• Os lances podem ser iguais ou desiguais;

123
Aula 9 – Fundações e Estruturas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Degraus em leque: perigosos - pouco apoio para os pés;


• Inclinação acentuada: subida cansativa e intimidante; descida precária;
• Inclinação muito acentuada: profundidade do degrau de ser suficiente para
acomodar a passada;

Maiores detalhes para cálculos de escadas e mais características serão apresentadas


na disciplina de Estruturas.

Ba s ea do e a da ptado ABCP, Prof.


Pa ul o Sérgi o dos Sa ntos Ba s tos ,
Edi ções s em prejuízo de
conteúdo.

124
Aula 10 – Instalações Elétricas
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

Unidade 3: Instalações Gerais

Aula 10: Instalações Elétricas

A instalação elétrica é um conjunto formado por fios, cabos e outros acessórios com
características coordenadas entre si e essenciais para o funcionamento de um sistema
elétrico. Todas as instalações são definidas em um projeto elétrico elaborado por um
profissional especializado ainda na planta. O projeto elétrico determina o porte da instalação,
estabelece circuitos e especifica os materiais que serão usados na obra. Também cabe ao
projeto definir pontos de luz e eletricidade da edificação a partir de uma avaliação das
necessidades de cada ambiente e dos possíveis aparelhos eletrônicos que serão instalados.

1. Introdução

No Brasil, todos os procedimentos e metodologias são normatizados, normalizados e


regulamentados por alguma entidade responsável. A Norma é um documento estabelecido
por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e
repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando a
obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. Convém que as normas
sejam baseadas em resultados consolidados da ciência, tecnologia e da experiência
acumulada, focando em benefícios para a comunidade.

Já a Normalização é a atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou


potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva, com vistas à obtenção
do grau ótimo de ordem, em um dado contexto. Em particular, a atividade consiste nos
processos de elaboração, difusão e implementação de normas.

125
Aula 10 – Instalações Elétricas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Portanto, é muito útil, antes de tudo e dadas as informações acima, conhecer as


responsabilidades e as responsabilizações de/para quem infringir ou desconhecer as
situações normatizadas que serão apresentadas durante esta aula e aprofundadas na
disciplina de Instalações Elétricas para Edificações.

2. Conceitos de Sistema Elétrico de Potência

2.1. Abordagem Inicial

O advento de se ter energia elétrica em nossas residências é desconhecido, para


muitos leigos, pelos processos e tratamentos quais ela passa até que possamos “consumi-
la”. Portanto, faz-se necessária uma pequena explicação.

Sistema elétrico de potência é um conjunto de todas as instalações e equipamentos


destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e tem por objetivo
gerar, transmitir e distribuir energia elétrica atendendo a determinados padrões de:

• Confiabilidade: representa a probabilidade de componentes, partes e


sistemas realizarem suas funções requeridas por um dado período de tempo
sem falhar. Representa também o tempo que o componente, parte ou
sistema levará para falhar (%);
• Disponibilidade: é definida como a probabilidade que o sistema esteja
operando adequadamente quando requisitado para uso. Em outras palavras,
é a probabilidade que um sistema não está indisponível quando requisitado
seu uso (%);
• Qualidade da energia: é a condição de compatibilidade entre sistema supridor
de carga atendendo critérios de conformidade senoidal (amplitude da tensão,
frequência, desequilíbrios de tensão e corrente e forma de onda);
• Segurança: está relacionado com a habilidade do sistema de responder a
distúrbios que possam ocorrer. Em geral os sistemas elétricos são construídos
para continuar operando após serem submetidos a uma contingência.

2.1.1. Geração

Obtém-se energia elétrica, a partir da conversão de alguma outra forma de energia,


utilizando-se máquinas elétricas rotativas (geradores), nas quais faz-se uso de turbinas
hidráulicas ou a vapor para se obter o conjugado mecânico.

126
Aula 10 – Instalações Elétricas
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

2.1.2. Sistema de Transmissão

Transmissão de energia elétrica é o processo de transportar energia entre dois pontos.


O transporte é realizado por linhas de transmissão de alta potência, geralmente usando
corrente alternada, que de uma forma mais simples conecta uma usina ao consumidor.

2.1.3. Sistema de Distribuição

É dividido em:

• Rede de Subtransmissão: Tem a função de transportar a energia elétrica das


subestações de transmissão às subestações de distribuição e aos
consumidores, operando em tensões de 34,5, 69, 88 e 138 kV;

• Subestações de Distribuição: São supridas pela rede de subtransmissão e são


responsáveis pela transformação da tensão de subtransmissão para a de
distribuição primária (13,8 kV).

2.2. Sistemas de Distribuição Primária

As redes de distribuição primária (média tensão) emergem das Subestações de


Distribuição e operam, no caso da rede aérea, radialmente, com possibilidade de
transferência de blocos de carga entre circuitos para o atendimento da operação em
condições de contingência, devido à manutenção corretiva, preventiva e outras situações.

2.3. Rede de Distribuição

As redes de distribuição alimentam consumidores residenciais e industriais de médio e


pequeno porte, consumidores comerciais e de serviços.

2.3.1. Redes de Média Tensão

Estas redes atendem os consumidores primários e aos transformadores de distribuição


(estações transformadoras). Podem ser aéreas ou subterrâneas, sendo que as primeiras são
mais difundidas devido ao seu custo menor, e, as segundas têm grande aplicação em áreas
de maior densidade de carga (zona central de uma metrópole).

2.3.2. Redes em Baixa Tensão

O objetivo das redes em baixa tensão é transportar eletricidade das redes de média
tensão para os consumidores de baixa tensão.

127
Aula 10 – Instalações Elétricas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

A rede BT (baixa tensão) representa o nível final na estrutura de um sistema de


potência. Um grande número de consumidores, setor residencial, é atendido pelas redes em
BT. Tais redes são em geral operadas manualmente, nas tensões de 220/127 V ou 380/220
V.

3. Instalações Elétricas em Baixa Tensão

Uma instalação elétrica é definida pelo conjunto de materiais e componentes elétricos


essenciais ao funcionamento de um circuito ou sistema elétrico. As instalações elétricas,
como já visto, são projetadas de acordo com normas e regulamentações definidas,
principalmente, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT. A seguir serão
estudadas Instalações em Baixa Tensão que correspondem à entrada de energia para
residências (foco da aula).

3.1. Carga Mínima de Iluminação

Em cada cômodo ou dependência deve ser previsto pelo menos um ponto de luz fixo
no teto, comandado por interruptor. Na determinação das cargas de iluminação, pode ser
adotado o seguinte critério:

128
Aula 10 – Instalações Elétricas
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

• Em cômodos ou dependências com área igual ou inferior a 6 m², deve ser


prevista uma carga mínima de 100 VA;
• Em cômodo ou dependências com área superior a 6 m², deve ser prevista
uma carga mínima de 100 VA para os primeiros 6 m², acrescida de 60 VA para
cada aumento de 4 m² inteiros.

Os valores apurados correspondem à potência destinada à iluminação para efeito de


dimensionamento dos circuitos, e não necessariamente à potência nominal das lâmpadas.

O número de pontos de luz deve ser tal que haja uma distribuição uniforme em cada
cômodo, devendo, para destaques específicos, pontos de luz complementares.

3.2. Carga mínima para Pontos de Tomadas

As tomadas são caracterizadas como sendo de uso geral, TUG’s, ou de uso específico,
TUE’s. Entende-se por tomada de uso específico aquelas utilizadas para alimentar
equipamentos cuja corrente nominal é superior a 10 A. Segundo a NBR 5410, “todo ponto
de utilização previsto para alimentar, de modo exclusivo ou virtualmente dedicado,
equipamento com corrente nominal superior a 10 A deve constituir um circuito
independente”. O projeto deve prever o número, a localização e o tipo das TUE’s em função
do layout da instalação e das necessidades do usuário. Tais tomadas devem estar no
máximo a 1,50 m de distância do aparelho.

A previsão do número e da carga das demais tomadas, TUG’s, deverá ser determinada
de acordo com o esquema a seguir:

129
Aula 10 – Instalações Elétricas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

A potência de cada ponto de TUG depende do cômodo no qual ela se encontra. Dessa
forma, tal potência é função dos equipamentos que ele poderá vir a alimentar e não deve
ser inferior aos seguintes valores:

• Em banheiros, cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e


locais análogos, no mínimo 600 VA por ponto de tomada, até três pontos, e
100 VA por ponto para os excedentes, considerando-se cada um desses
ambientes separadamente;
• Nos demais cômodos ou dependências, no mínimo 100 VA por ponto de
tomada.

Deve-se, ainda, observar que um ponto de tomada pode conter mais de uma tomada
de corrente. No entanto, em cada tomada de corrente, não devem ser ligados dois
aparelhos simultaneamente. É vedada a utilização de derivadores (benjamins), pois estes
podem gerar aquecimento devido a mau contato e/ou sobrecorrente no dispositivo ou
tomada.

Em banheiros, essencialmente, é necessária a observação de distâncias seguras entre


os pontos de tomada e “áreas molhadas” como boxes de chuveiro e banheiras.

3.3. Simbologia

Para a interpretação de um projeto elétrico é fundamental a utilização correta da


simbologia padrão definida pela NBR 5444. Em cada símbolo podem ser encontrados um ou
mais caracteres indicando:

n – número do circuito ao qual pertence;


A – interruptor(es) ao qual está ligado;
x – potência total do ponto (VA).

É essencial a utilização de uma legenda no projeto, uma vez que há a possibilidade de


a simbologia normalizada ser modificada. A tabela a seguir descreverá os principais
símbolos utilizados em projetos de instalações elétricas.

Algumas das simbologias mais usuais estão apresentadas abaixo e serão revistas na
Disciplina de Instalações Elétricas para Edificações, onde serão estudados os
dimensionamentos destas instalações.

130
Aula 10 – Instalações Elétricas
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

4. Circuitos Elétricos

Circuito é o conjunto de equipamentos e condutores elétricos ligados ao mesmo


dispositivo de proteção (disjuntor convencional ou DR). Os principais componentes dos
circuitos elétricos e demais observações superficiais serão demonstradas a seguir.

131
Aula 10 – Instalações Elétricas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

4.1. Quadro de Distribuição de Circuitos (QDC) ou (QD)

Componente da instalação que recebe os condutores oriundos do quadro de medição


(alimentação, “relógio”). Nele também se encontram os dispositivos de proteção.

Em residências, o quadro de distribuição deve ser instalado próximo ao centro das


cargas da instalação. Isto é, preferencialmente, próximo aos pontos em que há um maior
consumo de energia. Desta forma, permite-se uma economia devido ao dimensionamento
de condutores de menores bitolas, graças a menores quedas de tensão.

4.2. Disjuntores

Dispositivos eletromecânicos de proteção e seccionamento de circuitos. Esta


proteção pode estar relacionada com sobrecorrentes ou correntes de faltas. Uma
sobrecorrente é uma corrente elétrica cujo valor excede, em pequena escala, o valor da
corrente nominal ou valor normal de funcionamento do equipamento. Uma falta está
relacionada falta de alimentação de determinado equipamento, provocada por uma
corrente muito superior à corrente nominal, denominada corrente de falta. Esta corrente
está associada a curtos-circuitos. Portanto, são dispositivos de proteção e interrupção
eventual de circuitos. Podem ser monopolares, bipolares ou tripolares, de acordo com o
número de fases do circuito.

132
Aula 10 – Instalações Elétricas
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

4.3. Condutores

São os elementos de ligação entre o QDC e os pontos de luz ou de tomada, bem como
entre interruptores e pontos de luz. Em circuitos residenciais, os condutores fase e neutro
devem possuir a mesma bitola. Em instalações residenciais e/ou prediais, os condutores
mais utilizados são de cobre com isolamento em PVC (policloreto de vinila), EPR (borracha
etileno-propileno) e XLPE (polietileno reticulado). O isolamento deve ser do tipo não
propagador de chamas. Basicamente, existem dois tipos de condutores:

• Fios: Um fio condutor é formado por um só fio, com uma secção constante
metálica em que não existe diferença em relação a capacidade de condução
de corrente em instalações residenciais. Devido à sua rigidez é mais fácil de
partir se for dobrado algumas vezes. Por isso só são utilizados em situações
em que não vão ser submetidos a dobragens;
• Cabos: Um cabo condutor é formado por vários fios condutores, entrelaçados,
o que o torna flexível e suportando muitas dobragens sem nunca se quebrar.
Por isso são utilizados na ligação entre duas partes de um circuito que podem
mudar de posição e que estão, por isso, submetidos a esforços de dobragem.
Podemos encontrar cabos elétricos em todos os aparelhos eletrodomésticos,
por exemplo, caso as indústrias façam uso de fios, estes, iriam se romper por
não suportar serem dobrados frequentemente.

4.4. Dispositivo Diferencial-Residual (DR)

Dispositivos Diferenciais-Residuais (DR) são equipamentos de seccionamento


mecânico destinado a provocar a abertura dos próprios contatos quando ocorrer uma
corrente de fuga à terra. Tais dispositivos podem ser interruptores ou disjuntores.

O interruptor DR secciona o circuito apenas quando existe corrente de fuga, não


protegendo o circuito contra sobrecorrentes e faltas.

Define-se disjuntor DR o dispositivo de seccionamento mecânico destinado a provocar


a abertura dos próprios contatos quando ocorrer uma sobrecarga, curto circuito ou
corrente de fuga à terra. Recomendado nos casos onde existe a limitação de espaço. Pode
ser construído por meio da associação de um módulo DR a um disjuntor convencional.

O uso de dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual com corrente


diferencial-residual nominal In igual ou inferior a 30 mA é reconhecido como proteção
adicional contra choques elétricos.

133
Aula 10 – Instalações Elétricas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

NOTA: A proteção adicional provida pelo uso de dispositivo diferencial-residual de alta


sensibilidade visa casos como os de falha de outros meios de proteção e de descuido ou
imprudência do usuário.

A utilização de tais dispositivos não é reconhecida como constituindo em si uma


medida de proteção completa e não dispensa, em absoluto, o emprego de uma das medidas
de proteção estabelecidas na norma.

4.4.1. Casos em que o uso de dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade


como proteção adicional é obrigatório

Devem também ser objeto de proteção adicional por dispositivos a corrente


diferencial-residual com corrente diferencial-residual nominal In igual ou inferior a 30 mA:

• Os circuitos que sirvam a pontos de utilização situados em locais contendo


banheira ou chuveiro;
• Os circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas externas à
edificação;
• Os circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam
vir a alimentar equipamentos no exterior;
• Os circuitos que, em locais de habitação, sirvam a pontos de utilização
situados em cozinhas, copas, cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens
e demais dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a
lavagens;
• Os circuitos que, em edificações não-residenciais, sirvam a pontos de tomada
situados em cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens
e, no geral, em áreas internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens.

4.5. Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS)

Os DPS são dispositivos destinados a prover proteção contra sobretensões transitórias


nas instalações de edificações, cobrindo tanto as linhas de energia quanto as linhas de sinal.

A disposição dos DPS deve respeitar os seguintes critérios:

• Quando o objetivo for a proteção contra sobretensões de origem atmosférica


transmitidas pela linha externa de alimentação, bem como a proteção contra
sobretensões de manobra, os DPS devem ser instalados junto ao ponto de
entrada da linha na edificação ou no quadro de distribuição principal,
localizado o mais próximo possível do ponto de entrada; ou

134
Aula 10 – Instalações Elétricas
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

• Quando o objetivo for a proteção contra sobretensões provocadas por


descargas atmosféricas diretas sobre a edificação ou em suas proximidades,
os DPS devem ser instalados no ponto de entrada da linha na edificação.

Além destes casos, existem outros específicos que devem ser pesquisados na norma, pois
variam sua utilização conforme características da edificação.

4.6. Pontos de Luz e Tomadas

Toda instalação elétrica deve ser dividida em tantos circuitos quantos forem
necessários. Isto proporciona facilidade de manutenção, inspeção e alimentação a outras
partes da instalação quando do defeito de um circuito.

Segundo o item 9.5.3 da NBR 5410:2004, os circuitos de iluminação e tomadas devem


ser distintos, salvos os casos em que a corrente do circuito comum à iluminação e tomadas
seja inferior a 16 A e que este não seja o único circuito de tomadas e/ou iluminação de toda
a instalação. Desta forma, adota-se o critério de separação integral de circuitos de luz e
força. Além disso, a separação destes circuitos promove uma melhoria no que diz respeito à
“alimentação a outras partes da instalação quando do defeito de um circuito”.

Em instalações polifásicas, os circuitos devem ser distribuídos entre as fases,


proporcionando o seu equilíbrio. É recomendada (considera-se, no contexto da disciplina,
obrigatória) a previsão de circuitos independentes para cargas com mais de 10A (TUE’s).

É obrigatório que os pontos de tomada de cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de


serviço, lavanderias e locais análogos devem ser atendidos por circuitos exclusivamente
destinados à alimentação de tomadas desses locais.

A mínima potência dos circuitos deve ser de, aproximadamente, 1270 VA (10 A) e a
potência máxima dos circuitos deve ser de cerca de 2540 VA (20 A).

As proteções de circuitos de aquecimento ou condicionamento de ar podem ser


agrupadas no QDC ou num quadro separado (inclusive, próximos aos equipamentos).

4.7. Recomendações

As grandes recomendações em divisões de circuitos terminais se dão pelos seguintes


motivos.

• Facilita a operação e a manutenção da instalação;


• Permite o seccionamento apenas do circuito defeituoso;
• Reduz a interferência entre os pontos de utilização;

135
Aula 10 – Instalações Elétricas
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Reduz a queda de tensão e a corrente nominal;


• Permite o dimensionamento de:
o Condutores com menor seção;
o Dispositivos de proteção com menor capacidade nominal.

Deve-se evitar projetar circuitos terminais muito carregados (elevada potência


nominal), pois:

• Resultaria em condutores de seção nominal grande;


• Dificultaria passagem dos fios nos eletrodutos;
• Dificultaria as ligação dos fios aos terminais (interruptores, tomadas e
luminárias);

Ba s ea do e a da ptado Ma nua l
Pi rel l i de Ins tla ções , Rodri go
Arruda Fel íci o Ferrei ra . Edi ções
s em prejuízo de conteúdo.

136
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

Aula 11: Instalações Hidrosanitárias

Instalações prediais hidrosanitárias representam um conjunto de instalações destinadas ao


fornecimento de água na quantidade e qualidade necessária para atender as necessidades da
construção e promover a retirada da água utilizada, e a sua condução até um local de despejo
adequado. Estas instalações compreendem: água fria, água quente, esgoto sanitário, águas
pluviais, gás e eventualmente, dependendo da finalidade da edificação, sistemas de combate
a incêndio. A definição e o dimensionamento de cada sistema estão definidos pelas normas
técnicas (ABNT, 1982, 1983 e 1993).

1. Instalações de Água Fria

Uma instalação predial de água fria (temperatura ambiente) constitui-se no conjunto


de tubulações, equipamentos, reservatórios e dispositivos, destinados ao abastecimento
dos aparelhos e pontos de utilização de água da edificação, em quantidade suficiente,
mantendo a qualidade da água fornecida pelo sistema de abastecimento.

O sistema de água fria deve ser separado fisicamente de qualquer outras instalações
que conduzam água potável, como, por exemplo, as instalações as instalações de água para
reúso ou de qualidade insatisfatória, desconhecida ou questionável. Os componentes da
instalação não podem transmitir substâncias tóxicas à água ou contaminar a água por meio
de metais pesados.

A norma que fixa as exigências e recomendações relativas a projeto, execução e


manutenção da instalação predial de água fria é a NBR 5626, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT). De acordo com a norma, as instalações prediais de água fria
devem ser projetadas de modo que, durante a vida útil do edifício que as contém, atendam
aos requisitos vistos na aula 5 e que serão retomados na disciplina de Instalações
Hidráulicas – Água Fria e Quente, assim como será estudado os dimensionamentos de
demandas, tubulações, etc.

Uma instalação predial de água fria pode ser alimentada de duas formas: pela rede
pública de abastecimento ou por um sistema privado, quando a primeira não estiver
disponível.

137
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Quando a instalação for alimentada pela rede pública, a entrada de água no prédio
será feita por meio do ramal predial, executado pela concessionária pública responsável
pelo abastecimento, que interliga a rede pública de distribuição de água à instalação
predial.

Antes de solicitar o fornecimento de água, porém, o projetista deve fazer uma


consulta prévia à concessionária, visando a obter informações sobre as características da
oferta de água no local de execução da obra. É importante obter informações a respeito de
eventuais limitações de vazão, do regime de variação de pressões, das características da
água, da constância de abastecimento, e outros que julgar relevantes.

1.1. Sistemas de Abastecimento

Existem três sistemas de abastecimento da rede predial de distribuição: direto,


indireto e misto. Cada um desses sistemas apresenta vantagens e desvantagens, que devem
ser analisadas pelo projetista, conforme a realidade local e as características do edifício em
que esteja trabalhando.

1.1.1. Sistema de Distribuição Direto

A alimentação da rede predial de distribuição é feita diretamente da rede pública de


abastecimento. Nesse caso, não existe reservatório domiciliar, e a distribuição é feita de
forma ascendente, ou seja, as peças de utilização de água são abastecidas diretamente da
rede pública.

138
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

Esse sistema tem baixo custo de instalação, porém, se houver qualquer problema que
ocasione a interrupção no fornecimento de água no sistema público, certamente faltará
água na edificação.

1.1.2. Sistema de Distribuição Indireto

No sistema indireto, adotam-se reservatórios para minimizar os problemas referentes


à intermitência ou a irregularidades no abastecimento de água e a variações de pressões da
rede pública. No sistema indireto, consideram-se três situações, descritas a seguir.

1.1.2.1. SISTEMA INDIRETO SEM BOMBEAMENTO

Esse sistema é adotado quando a pressão na rede pública é suficiente para alimentar o
reservatório superior. O reservatório interno da edificação ou do conjunto de edificações
alimenta os diversos pontos de consumo por gravidade; portanto, ele deve estar sempre a
uma altura superior a qualquer ponto de consumo.

Obviamente, a grande vantagem desse sistema é que a água do reservatório garante o


abastecimento interno, mesmo que o fornecimento da rede pública seja provisoriamente
interrompido, o que o torna o sistema mais utilizado em edificações de até três pavimentos
(9 m de altura total até o reservatório).

1.1.2.2. SISTEMA INDIRETO COM BOMBEAMENTO

Esse sistema, normalmente, é utilizado quando a pressão da rede pública não é


suficiente para alimentar diretamente o reservatório superior – como, por exemplo, em
edificações com mais de três pavimentos (acima de 9 m de altura).

Nesse caso, adota-se um reservatório inferior, de onde a água é bombeada até o


reservatório elevado, por meio de um sistema de recalque. A alimentação da rede de
distribuição predial é feita por gravidade, a partir do reservatório superior.

1.1.2.3. SISTEMA INDIRETO HIDROPNEUMÁTICO

Esse sistema de abastecimento requer um equipamento para pressurização da água a


partir de um reservatório inferior. Ele é adotado sempre que há necessidade de pressão em
determinado ponto da rede, que não pode ser obtida pelo sistema indireto por gravidade,
ou quando, por razões técnicas e econômicas, se deixa de construir um reservatório
elevado.

139
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

É um sistema que demanda alguns cuidados especiais. Além do custo adicional, exige
manutenção periódica. Além disso, caso falte energia elétrica na edificação, ele fica
inoperante, necessitando de gerador alternativo para funcionar.

1.1.3. Sistema de Distribuição Mista

No sistema de distribuição mista, parte da alimentação da rede de distribuição predial


é feita diretamente pela rede pública de abastecimento e parte pelo reservatório superior.

Esse sistema é o mais usual e mais vantajoso que os demais, pois algumas peças
podem ser alimentadas diretamente pela rede pública, como torneiras externas, tanques
em áreas de serviço ou edícula, situados no pavimento térreo. Nesse caso, como a pressão
na rede pública quase sempre é maior do que a obtida a partir do reservatório superior, os
pontos de utilização de água terão maior pressão.

1.2. Reservatórios

Enquanto em alguns países da Europa e nos Estados Unidos, o abastecimento de água


é feito diretamente pela rede pública, as edificações brasileiras, normalmente, utilizam um
reservatório superior, o que faz com que as instalações hidráulicas funcionem sob baixa
pressão. Os reservatórios domiciliares têm sido comumente utilizados para compensar a
falta de água na rede pública, devido às falhas existentes no sistema de abastecimento e na
rede de distribuição.

Em resumo, sabe-se que, em uma instalação predial de água, o abastecimento pelo


sistema indireto, com ou sem bombeamento, necessita de reservatórios para garantir sua
regularidade e que o reservatório interno alimenta os diversos pontos de consumo por
gravidade; dessa maneira, ele está sempre a uma altura superior a qualquer ponto de
consumo.

A água da rede pública apresenta uma determinada pressão, que varia ao longo da
rede de distribuição. Dessa maneira, se o reservatório domiciliar ficar a uma altura não
atingida por essa pressão, a rede não terá capacidade de alimentá-lo. Como limite prático, a
altura do reservatório com relação à via pública não deve ser superior a 9 m. Quando o
reservatório não pode ser alimentado diretamente pela rede pública, deve-se utilizar um
sistema de recalque, que é constituído, no mínimo, de dois reservatórios (inferior e
superior). O inferior será alimentado pela rede de distribuição e alimentará o reservatório
superior por meio de um sistema de recalque (conjunto motor e bomba). O superior
alimentará os pontos de consumo por gravidade.

140
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

Esta é, em síntese, as colocações gerais de sistemas de abastecimento. O dimensionamento


e demais cálculos para uma instalação completa de água fria serão vistas no decorrer em
outra disciplina.

2. Instalações de Água Quente

O fornecimento de água quente representa uma necessidade nas instalações de


determinados aparelhos e equipamentos ou uma conveniência para melhorar as condições
de conforto e higiene em aparelhos sanitários de uso comum. As presentes instruções serão
baseada na norma pertinente: NBR 7198:1993 – Projeto e execução de instalações prediais
de água quente (ABNT, 1993).

A temperatura com que a água deve ser fornecida depende do uso a que se destina.
Quando uma mesma instalação deve fornecer água e temperaturas diferentes nos diversos
pontos de consumo, faz-se o resfriamento com um aparelho misturador de água fria ou o
aquecimento com um aquecedor individual no local de utilização.

2.1. Terminologias

• Aquecedor: aparelho destinado a aquecer a água;


• Aquecedor de acumulação: aparelho que se compõe de um reservatório dentro do
qual a água acumulada é aquecida;
• Aquecedor instantâneo: aparelho que não exige reservatório, aquecendo a água
quando de sua passagem por ele;
• Dispositivo anti-retorno: dispositivo destinado a impedir o retorno de fluídos para a
rede de distribuição;
• Dispositivo de pressurização: dispositivo destinado a manter sob pressão a rede de
distribuição predial, composto de tubulação, reservatórios, equipamentos e
instalação elevatória;
• Engate: tubulação flexível ou que permite ser curvada, utilizada externamente para
conectar determinados aparelhos sanitários – geralmente bidês e lavatórios – aos
respectivos pontos de utilização;
• Isolamento térmico: dispositivo utilizado para reduzir as perdas de calor ao longo
da tubulação condutora de água quente;

141
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Misturador: dispositivo que mistura água quente e fria;


• Reservatório de água quente: reservatório destinado a acumular água quente a ser
distribuída;
• Respiro: dispositivo destinado a permitir a saída de ar e/ou vapor de uma
instalação;

• Tubulação de retorno: Tubulação que conduz a água quente de volta ao


reservatório de água quente ou aquecedor;
• Válvula de segurança de temperatura: dispositivo destinado a evitar que a
temperatura da água quente ultrapasse determinado valor;
• Dilatação térmica: variação nas dimensões de uma tubulação devida às alterações
de temperatura;
• Junta de expansão: dispositivo destinado a absorver as dilatações lineares das
tubulações;
• Dreno: dispositivo destinado ao esvaziamento de recipiente ou tubulação, para fins
de manutenção ou limpeza;
• Dispositivo de recirculação: dispositivo destinado a manter a água quente em
circulação, a fim de equalizar sua temperatura.

2.2. Sistemas de Aquecimento

O abastecimento de água quente é feito em encanamentos separados dos de água fria


e pode ser de três tipos:

2.2.1. Sistema Individual ou Local

Nesta modalidade se produz água quente par um único aparelho ou no máximo, para
aparelhos do mesmo ambiente. São aparelhos localizados no próprio banheiro ou na área
de serviço. Como exemplo pode-se citar o chuveiro elétrico.

Para este sistema não existe a necessidade de uma rede de tubulações para água
quente, visto que os aparelhos estão geralmente nos ambientes em que são utilizados. Os
aquecedores são instantâneos (de passagem).

Este sistema é mais utilizado em edificações de baixa renda, pois o investimento inicial
é baixo. A instalação da rede de água quente aumenta o custo da edificação.

2.2.2. Sistema central privado (domiciliar)

Neste sistema se produz água quente para todos os aparelhos de uma unidade
residencial (casa ou apartamento). Esta modalidade se torna vantajosa em prédios de

142
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

apartamentos onde exista dificuldade de rateio na conta de energia e manutenção, que será
de responsabilidade de cada condômino. O sistema central privado utiliza basicamente os
seguintes tipos de fontes de energia: eletricidade, óleo combustível, gás combustível, lenha
e energia solar.

Os aparelhos de aquecimento para este sistema podem ser instantâneos (ou de


passagem), onde a água vai sendo aquecida à medida que passa pelo aparelho (sem
reservação) ou de acumulação, onde a água é reservada e aquecida para posterior uso.

Para este sistema de aquecimento, deve haver uma prumada de água fria exclusiva,
com dispositivo que evite o retorno da água do interior do aquecedor em direção à coluna
de água, tal como o sifão térmico. Os aquecedores deverão ainda contar com dispositivo
para exaustão dos gases e os ambientes onde os mesmos serão instalados devem obedecer
às normas quanto à adequação de ambientes.

A distribuição de água quente para este se sistema constitui basicamente de ramais


que conduzem a água do aparelho de aquecimento até os pontos de utilização. Este
caminhamento deverá ser o mais curto possível para se evita perda de temperatura na
tubulação ao longo do trecho.

A escolha deste sistema deve levar em conta os fatores financeiros, visto que a
instalação da rede demanda certo investimento inicial. A adequação dos ambientes
também deverá ser levada em consideração, visto que os ambientes necessitam de
ventilação permanente e espaço físico adequado, principalmente no caso de se
adotar aquecedores de acumulação, o que demanda espaço para sua instalação. Em certos
casos, a falta de espaço remete à instalação de aquecedores de passagem. Outro fator
importante na escolha de aquecedores de passagem ou acumulação é o caminhamento da
tubulação. Trechos muito longos proporcionam perdas de temperatura, o que limita a
utilização de um único aquecedor instantâneo. A alimentação de mais de um ponto de
utilização com um único aquecedor de passagem também pode ser deficiente. Um
aquecedor de acumulação, nestes casos, proporcionaria mais conforto ao usuário.

2.2.3. Sistema Central Coletivo

Neste sistema, se produz água quente para todos os parelhos ou unidades da


edificação. O aparelho de aquecimento é normalmente situado no térreo ou subsolo, para
facilitar a manutenção e o abastecimento de combustível. O abastecimento de água neste
caso também é feito através de uma prumada exclusiva. Estes aparelhos (comumente
denominados de caldeiras) podem apresentar dispositivos para a troca do energético
alimentador (sistema de backup); assim tem-se caldeira a gás e eletricidade num mesmo
aparelho, proporcionando a alternância da fonte de energia. Assim como nos aquecedores

143
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

de acumulação para central privada, o reservatório pode estar situado conjuntamente com
o gerador ou não, dependendo do espaço físico destinado ao aparelho. Assim, pode-se ter o
gerador no pavimento térreo ou subsolo e o reservatório na parte superior da edificação
(cobertura). As dimensões variam conforme o volume contido e alguns fabricantes trazem
recomendações quanto às dimensões das casas de caldeiras para a instalação das mesmas.

A distribuição neste sistema pode ser ascendente, descendente ou mista. Na


distribuição ascendente, tem-se um barrilete inferior que alimenta as colunas. Na
distribuição descendente, as colunas são alimentadas por um barrilete superior. Na
distribuição mista, existem dois barriletes, um superior e outro inferior.

É recomendada quando não há rateio na conta, como em hotéis, motéis, hospitais,


clubes, indústrias, etc. É recomendado também quando se dispõe de pouco espaço físico no
interior do apartamento, ou então, em situações onde não se deseja a instalação de
aparelhos de aquecimento no apartamento. Vale ressaltar que neste sistema a água é
oferecida em maiores vazões e o correto dimensionamento do sistema proporciona
quantidades de água quente adequadas em todos os pontos de utilização. Entretanto, as
perdas de calor no reservatório são maiores do que as perdas verificadas num aquecedor
utilizado no sistema central privado.

3. Instalações Sanitárias

O abastecimento de água para as cidades gera alguns problemas. Toda água irá
transformar-se em esgoto, que deve ser coletado e eliminado depois de tratado, se a
situação local assim recomendar.

Resíduos industriais, dejetos humanos (fezes e urina) e águas servidas, que são
poluídos ou contaminados, compõem o esgoto e podem contaminar as águas dos rios, dos
lagos, dos mares, assim como o solo. Por isso, devem ser afastados rapidamente para locais
onde não afetem a saúde e onde sejam tratados antes de voltar para os rios e mares,
mantendo também a saúde do ambiente.

Tratar o esgoto significa tirar dele detritos, substâncias químicas e micro-organismos


nocivos, deixando as águas tão limpas quanto possíveis antes de devolvê-las à natureza.
Para isso são necessários sistemas de esgotamento que garantam boas condições de higiene
com ventilação, sistemas de inspeção e limpeza.

As prescrições básicas para se fazer o tratamento de esgotos sanitários relativas às


instalações prediais variam no país conforme a municipalidade. Porém a norma mais
seguida é a Norma Brasileira NB-19, que fixa condições mínimas para o projeto e a execução

144
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

das referidas instalações e que será apresentada na disciplina de Instalações Hidráulicas –


Esgoto e Drenagem, bem como o dimensionamento da rede.

3.1. Trajeto

1º - Todo esgoto produzido em nossa casa passa por ralos e vai por tubos até chegar
numa caixa de concreto chamada caixa de inspeção (CI);
2º - O esgoto da pia da cozinha cai na caixa de gordura (CG) antes de chegar à caixa de
inspeção (CI). Na caixa de gordura é feita a separação de gorduras da água. A gordura como
é mais leve que a água, flutua e tem que ser retirada e jogada no lixo;
3º - Da CI, o esgoto passa por tubos de rede pública que podem passar no fundo de sua
casa, no jardim ou na calçada;
4º - Estes tubos (no fundo do lote, jardim ou calçada), são chamados de Ramal
Condominial. Depois de coletado o esgoto de todas as casas do conjunto é interligado a
uma rede de diâmetro maior chamada Rede Pública;
5º - A rede pública coleta os esgotos de outros Ramais Condominiais, e vai
aumentando de diâmetro à medida que aumenta o número de ligações, até se transformar
numa rede bem maior que é chamada de Interceptor;
6º - Todos estes tubos juntos são chamados de Rede Coletora de Esgotos por onde o
esgoto viaja da nossa casa até a Estação de Tratamento de Esgoto, que irá tratar limpando a
água suja e devolvendo ao rio como água tratada.

3.2. Esgoto Sanitário

A instalação predial de esgoto sanitário deverá ser projetada e construída de modo a


permitir rápido escoamento dos despejos e fáceis desobstruções, deve vetar a passagem de
gases e animais das canalizações para o interior dos prédios, além de não permitir
vazamentos, formação de depósitos no interior das canalizações, escapamento de gases e
contaminação da água potável. A instalação predial de esgotos sanitários não receberá, em
hipótese alguma, águas pluviais.

O esgoto sanitário deverá ser dividido de acordo com o tipo de dejetos que recebe e
contar com sistema de canalização e dispositivos próprios.

145
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

3.3. Sistemas Públicos de Esgoto

Os esgotos prediais são, ou deveriam ser, lançados na rede de esgotos da cidade. Essa rede,
que toda cidade possui ou almeja possuir, pode ser instalada segundo um dos seguintes
sistemas:

• Sistema Unitário: no qual as águas pluviais e as águas residuárias e de


infiltração são conduzidas para uma mesma canalização ou galeria. É
conhecido sob a denominação francesa “tout-à l’egout”;
• Sistema Separador Absoluto: no qual há duas redes públicas inteiramente
independentes: uma para águas pluviais e outra somente para águas
residuárias e de infiltração. No Brasil é o sistema adotado devido às vantagens
que apresenta;
• Sistema Misto ou Separador Combinado: no qual as águas de esgoto têm
canalizações próprias, mas esses condutos estão instalados dentro das
galerias pluviais. Também se designa com o nome de sistema misto, sistema
parcial ou inglês, aquele em que a rede de esgotos recebe uma parte das
águas pluviais, que são as que caem nos telhados e pátios. No Brasil não é
empregado.

3.4. Tratamento de Esgoto

O processo de tratamento permitirá a degradação da matéria orgânica presente nos


esgotos, além de eliminar a maior parte dos micro-organismos patogênicos que podem
transmitir doenças.

O tratamento processará da seguinte forma:

146
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

• Tratamento Preliminar: retira plásticos, estopas, panos e areia, protegendo os


equipamentos da estação contra entupimentos que esses materiais poderiam
causar.
• Tratamento Primário: separa e trata os sólidos contidos nos esgotos,
produzindo um rico composto que pode ser usado de maneira restrita como
condicionador de solos para a agricultura.
• Tratamento Biológico: através de introdução de ar em tanques chamados
reatores, criam-se micro-organismos que são capazes de “comer” a matéria
orgânica e os nutrientes remanescentes do tratamento primário.

Após passar pelas três etapas, os esgotos tratados estarão em condições de serem
lançados no córrego sem causar problemas de poluição.

4. Drenagem

O projeto de uma edificação tem que prever como vai ficar a drenagem com a mesma
pronta. Isso é fundamental pra retirar a umidade do terreno. E a drenagem tem que fazer
escoar rapidamente a água das chuvas que o empreendimento vai receber na cobertura,
nos pisos do quintal e no jardim. É importante prestar atenção pra não escolher um terreno
num lugar baixo, que possa alagar. Além disso, o terreno pode vir num lençol d’água muito
alto, ou uma camada de argila que não deixa a água penetrar no terreno. Em época de
chuva o sol não tem tempo de secar a terra. Além de você dar um duro pra fazer as
fundações depois da casa pronta, a umidade fica subindo pelo piso e pelas paredes,
estragando a pintura, o revestimento, entre outros.

Quem não pensa na drenagem antes de construir está condenando a edificação. Se o


terreno não fica bem drenado, enche de poças d’água e alagamentos, depois que a chuva
passa não seca nunca. Por isso deve-se pensar a respeito já na preparação do terreno: na
hora que acabar a obra, os pisos externos e o jardim já têm que estar com pelo menos 1%
de caimento em relação à calçada da rua. Pra garantir o escoamento rápido da água, um
terreno de 20 m de comprimento, por exemplo, precisa ter no fundo pelo menos 20 cm a
mais que a altura da calçada. Você pode até aterrar o terreno, mas tem que tomar cuidado,
se você perceber que a casa vai ficar mais baixa do que o terreno, não vai dar certo. Na hora
de concretar o contrapiso é muito importante já deixar o desnível entre o piso da casa e o
terreno, pra evitar problemas de umidade, alagamentos, etc. O piso interno tem que ficar
ao menos 20 cm acima do piso externo e do jardim.

147
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

4.1. Calhas e Condutores

As coberturas inclinadas podem ser de vários tipos de acordo com o número de águas
(planos inclinados que apresentam), podem ter uma água, duas águas ou quatro águas. Em
cada uma das coberturas inclinadas, a água da chuva é conduzida naturalmente para os
beirais, e exige um tipo de drenagem. Para drenar a água da cobertura você pode deixar a
água da chuva cair livremente do beiral ou então montar um sistema de calhas e condutores
pra recolher essa água. Esse sistema evita que a água da chuva possa respingar nas paredes
e portas, sujar a pintura, molhar a alvenaria e argamassa, e com o tempo vai esburacando o
chão e até a parede.

A função da calha é receber a água da cobertura e levar até os condutores. É uma


canaleta que pode ser de concreto, de plástico ou metal. Escolhe-se a calha de acordo com
o tipo de cobertura. A calha de concreto só é usada, por exemplo, no caso da laje e nas
áreas externas para direcionamento de curso (geralmente próximas aos taludes).
Antigamente usavam muito calhas de aço galvanizado, mas elas enferrujam e acabam
furando. As de cobre eram as melhores, mas eram muito mais caras. Existem também
calhas de alumínio, que têm boa resistência.

Hoje, uma boa solução é o material de PVC. Tanto as calhas quanto os condutores e os
tubos verticais que recebem a água da calha e levam até o chão podem ser executados em
PVC. Eles têm 3 m de comprimento e são fáceis de trabalhar. O material de PVC tem uma

148
Aula 11 – Instalações Hidrosanitárias
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

grande variedade de peças para fazer cantos, descidas, emendas, e fechamento de


extremidades, além das peças de suporte. É o sistema mais fácil e econômico.

4.2. Escoamento da Água pelo Terreno

Após captação das águas dos telhados, é necessário prever o escoamento da água pelo
terreno. O ideal é planejar a drenagem da água pelo terreno de acordo com o sistema usado
para trazê-la da cobertura. Se a água vem do beiral é preciso construir uma canaleta larga
que leve a água pela rua, e é bom preencher a canaleta com pedra britada pra que as
pessoas não caiam ou tropecem.

Em áreas permeáveis (jardins), pode-se colocar um dreno caso o terreno fique


encharcado por causa da chuva. Faz-se isso com material comercial específico ou tubos de
100 mm perfurados e enterrados a aproximadamente 30 ou 40 cm de profundidade. Para
não deixar o tubo entupir com terra e areia, precisa-se colocar brita em volta, envelopar o
sistema com feltro sintético (mantas) para que não haja apodrecimento, então tem-se um
dreno. Agindo-se desta maneira, evita-se que a umidade do terreno chegue até as
fundações e o contrapiso. A água deste dreno, assim como outras, deve ser destinada à
rede de águas pluviais.

O dimensionamento de Calhas e de Tubulações será estudado na disciplina Instalações


Hidráulicas – Esgoto e Drenagem.

Ba s ea do e a da ptado de El i ete de
Pi nho Ara ujo, Hél i o Creder, TIGRE.
Edi ções s em prejuízo de
conteúdo.

149
Aula 12 – Esquadrias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Aula 12: Esquadrias

Componentes da edificação que asseguram a proteção quanto a penetração de intrusos, da


luz natural e da água. Com a sua evolução, as esquadrias deixaram apenas de proteger e
adquiriram também o lugar de decoração de fachadas. Os primeiros edifícios empregavam
esquadrias de madeira, dado que a mão de obra era barata e o material abundante. Com a
revolução industrial apareceram as esquadrias metálicas. A seguir serão expostos os conceitos
básicos das esquadrias de madeira e o aprofundamento do tema será dado em disciplina
específica.

1. Portas

Compõem-se de batente, que é a peça fixada na alvenaria, onde será colocada a folha
por meio de dobradiças. A folha é a parte móvel que veda o vão deixado pelo batente e por
fim a guarnição (ou vista, dependendo da região), que é um acabamento colocado entre o
batente e a alvenaria para esconder as falhas existentes entre o batente e a alvenaria.

1.1. Batente

Em geral é de peroba, canafístula, canela, angelim (comercial), podendo ser também


da mesma madeira da folha (especial), tem espessura em torno de 4,5cm e largura variando
com o tipo de parede: se meio tijolo de 14,0 a 14,5cm, se tijolo inteiro 26,0cm, chamado
batente duplo. O batente é composto de dois montantes e uma travessa, que já devem vir

150
Aula 12 – Esquadrias
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

montados para a obra. Caso venham desmontados a sua montagem deve ser executada por
profissional competente (carpinteiro).

Os batentes devem ficar no prumo e em nível. Para que isso ocorra, podemos proceder
da seguinte maneira:

1º - Devemos marcar inicialmente o nível do piso acabado próximo ao batente;


2º - Para facilitar o assentamento, elevamos este nível em 1,0m;
3º - Estica-se uma linha no referido nível;
4º - Marca-se nos montantes, com lápis a medida de 1,09 ou 1,08m da travessa para
"pé" do batente;
5º - No assentamento do batente, igualar a marca de lápis com a linha, ficando o vão
da travessa até o piso acabado em 2,09 ou 2,08 m, e, portanto, de 1 a 2 cm embutido no
piso, para dar melhor acabamento (assim se garante o nível);
6º - Aprumar os montantes;
7º - Depois de aprumado e nivelado, coloca-se cunhas de madeira para o travamento
dos batentes e posterior fixação.

Podem ser fixo à alvenaria através de pregos, parafusos, espuma expansiva de


poliuretano ou sobre contramarco.

Na fixação com pregos se utiliza o prego 22 x 42 ou o 22 x 48 colocados de 0,5 em


0,5m no mínimo de dois em dois para possibilitar que toda a largura do batente seja fixada.
O chumbamento é realizado com uma argamassa de cimento e areia no traço 1:3 em
aberturas previamente realizadas nas alvenarias e previamente umedecida (Figura 7.3).

Na fixação por parafusos, a alvenaria deve estar requadrada. Geralmente este


processo é utilizado em alvenarias estruturais ou mesmo para fixar batentes em estruturas
de concreto armado onde o prumo e dimensões são mais precisos e não é aconselhável a
quebra para a fixação dos batentes.

Utilizando parafusos com bucha dois a dois e de 0,5 em 0,5 m fixa-se os batentes (este
procedimento é feito para evitar o empenamento dos montantes). Para vedar os parafusos
podemos utilizar cavilhas ou massa para calafetar.

Na fixação dos batentes com espuma de poliuretano expansiva, requadrar


primeiramente o vão da esquadria deixando uma folga aproximadamente de 1,0 cm para
possibilitar a colocação da espuma. A espuma poderá ser colocada em faixas de
aproximadamente 30 cm, em 6 pontos sucessivamente, em torno de todo o batente com o
auxílio de um aplicador (pistola). Não alisar a espuma. Deixar secar por uma hora, depois
pode cortar para dar o acabamento final.

151
Aula 12 – Esquadrias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

O contramarco, em geral, é constituído de travessa e montante de pequena espessura,


fixa à alvenaria através de pregos ou parafusos. E os batentes por parafusos no
contramarco.

Este sistema é o ideal, pois os batentes só serão colocados no final da obra,


protegendo-os, portanto, das avarias geralmente sofridas durante a obra. (revestimentos,
choques, abrasões, etc.).

Chama-se vão livre ou vão de luz de um batente, a menor largura no sentido horizontal
e menor altura no sentido vertical. Esta é a medida que aparece nos projetos.

1.2. Folha

É a peça que será colocada no batente por intermédio de, no mínimo, três dobradiças
de 3"x 3 1/2" para as folhas compensadas e quatro dobradiças para as folhas maciças
recebendo posteriormente a fechadura. Podem ser lisas, com almofadas, envidraçadas etc.

152
Aula 12 – Esquadrias
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

A folha externa deverá ser mais reforçada e de melhor acabamento, geralmente


maciça. Alguns cuidados devem ser tomados na escolha das folhas compensadas como:

• Se ela vai ser pintada ou envernizada (a folha para verniz é de melhor


acabamento);
• O núcleo das folhas compensadas devem ser constituídos por sarrafos ou
colmeias que formem poucos vazios;
• Os montantes das folhas devem ter largura suficiente para proporcionar a
fixação das dobradiças e fechaduras;
• As travessas das folhas devem ter largura suficiente para poder cortar sem
aparecer o núcleo;
• As folhas compensadas devem ser "encabeçadas" (acabamento dos
montantes maciços) evitando assim a vista do topo da chapa compensada.

1.3. Guarnição

Na união do batente com a parede, o acabamento nunca é perfeito. Devemos utilizar a


guarnição para dar arremate e esconder esse defeito. A guarnição é pregada com pregos
sem cabeça.

1.4. Ferragens

Além das dobradiças, temos as fechaduras que podem ser:

• Tipo gorge;
• De cilindro;
• De banheiro;
• Para portas de correr.

153
Aula 12 – Esquadrias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

As fechaduras devem ser colocadas sem danificar as folhas, com bom acabamento e
sem deixar folgas quando as folhas estiverem fechadas.

2. Janelas

As janelas sempre devem comunicar o meio interno com o externo, exceto nas
varandas. O modelo da esquadria deve ser adequado ao clima da região e os materiais que
as compõe deverão ser de pouca absorção de calor.

As janelas, mesmo tendo aberturas para passagem do ar, devem ser completamente
estanques à passagem da água. Portando, deverão ser previstos dispositivos que garantam
a estanqueidade à água entre os perfis e partes fixas ou móveis, drenos nos perfis que
compõe a travessa inferior, de forma a permitir que a água escoe e seja lançada para o
exterior.

Nas janelas, caso haja necessidade, poderão ser projetas de forma a promover
isolamento sonoro do ruído externo, utilizando vidros duplos.

Uma vez instalada, as janelas estarão sujeitas às condições ambientais, portanto os


materiais que as constituem deverão ser cuidadosamente escolhidos visando a
manutenção. Os componentes mecânicos as folhas móveis bem como os dispositivos devem
ser operados com o mínimo de esforço.

As janelas de madeira podem ser compostas apenas de caixilhos (ambientes sociais),


ou ainda janelas com venezianas e caixilhos (ambientes íntimos), os batentes com diversas
seções e as guarnições.

2.1. Batentes

Geralmente de peroba com dois montantes e duas travessas; uma superior e outra
inferior; são fixos às alvenarias da mesma forma dos batentes das portas.

154
Aula 12 – Esquadrias
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

2.2. Caixilhos

Podem ser de abrir, de correr, basculantes ou guilhotina. Os caixilhos de abrir,


geralmente em nº de dois, utilizam duas dobradiças por folha (3"x3"), cremona e vara.

Os de correr podem ser em nº de quatro, que nesses casos são dois de correr e dois
fixos. Utilizam trilhos metálicos, dois roletes por folha móvel e trincos ou fechaduras. Os
caixilhos guilhotina são nº de dois, inferior e superior. Na posição normal, o inferior é o
caixilho interno e o superior externo. Utilizam dois levantadores e duas borboletas para fixá-
las na posição superior, quando desejamos abri-la. Os caixilhos basculantes já vêm
montados de fábrica, não cabendo nesta maiores detalhes.

2.3. Venezianas

Permite a ventilação mesmo quando fechada. Cada folha de veneziana é composta de


dois montantes e duas travessas: superior e inferior, e as palhetas que preenchem o
quadro. As venezianas podem ter duas folhas (mais comum), quatro folhas ou mais, serem
de abrir ou correr.

Devemos tomar cuidado quando colocamos as janelas em paredes de um tijolo, para


que as venezianas possam abrir totalmente. Para isso devemos utilizar janelas de batentes
duplos ou ainda batente simples, mas com venezianas de quatro folhas, ou venezianas de
duas folhas, mas com dobradiças especiais chamadas palmela.

As venezianas de abrir são fixas por dobradiças (3"x3"). Quando fechadas, são
trancadas por cremona, e quando abertas, fixas às paredes por carrancas. Ou através de
roldanas ou roletes nas venezianas de correr.

155
Aula 12 – Esquadrias
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.4. Guarnições

Têm as mesmas funções e detalhes de fixação das colocadas nas portas.

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Aula 13 – Revestimentos Gerais
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

Aula 13: Revestimentos Gerais

Revestimentos são todos os procedimentos utilizados na aplicação de materiais de proteção e


de acabamento sobre superfícies horizontais e verticais de uma edificação ou obra de
engenharia, tais como alvenarias e estruturas. Nas edificações, consideraram-se três tipos de
revestimentos: revestimento de paredes, revestimento de pisos e revestimento de tetos ou
forro.

1. Revestimentos de Paredes

Os revestimentos de paredes têm por finalidade regularizar a superfície, proteger


contra intempéries, aumentar a resistência da parede e proporcionar estética e
acabamento. Os revestimentos de paredes são classificados de acordo com o material
utilizado em revestimentos argamassados e não-argamassados.

1.1. Argamassados

Os revestimentos argamassados são os procedimentos tradicionais da aplicação de


argamassas sobre as alvenarias e estruturas com o objetivo de regularizar e uniformizar as
superfícies, corrigindo as irregularidades, prumos, alinhamentos dos painéis e quando se
trata de revestimentos externos, atuam como camada de proteção contra a infiltração de
águas de chuvas. O procedimento tradicional e técnico é constituído da execução de no
mínimo de três camadas superpostas, contínuas e uniformes: chapisco, emboço e reboco.

1.1.1. Chapisco

Chapisco é argamassa básica de cimento e areia grossa, na proporção de 1:3 ou 1:4,


bastante fluída, que aplicada sobre as superfícies previamente umedecidas e tem a
propriedade de produzir um véu impermeabilizante, além de criar um substrato de
aderência para a fixação de outro elemento.

1.1.2. Emboço

O emboço é a argamassa de regularização que deve determinar a uniformização da


superfície, corrigindo as irregularidades, prumos, alinhamento dos painéis e cujo traço
depende do que vier a ser executado como acabamento. É o elemento que proporciona
uma capa de impermeabilização das alvenarias de tijolos ou blocos e cuja espessura não

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Aula 13 – Revestimentos Gerais
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

deve ser maior que 1,5 cm. O emboço é constituído de uma argamassa grossa de cal e areia
no traço 1:3. Usualmente adiciona-se cimento na argamassa do emboço constituindo uma
argamassa mista, em geral nos traços 1/2:1:5; 1:1:6; 1:2:9 (cimento, cal e areia).

Para a execução do emboço é necessário ter decorrido um tempo mínimo de carência


da aplicação do chapisco de 3 dias e que preferencialmente os elementos embutidos das
paredes tenham sido executados, as tubulações hidráulicas e elétricas, os rasgos
devidamente preenchidos, os batentes das portas colocados ou com os tacos dos batentes
assentados, contramarcos dos caixilhos e preferencialmente o contrapiso executado (neste
caso, cuidar de proteger o contrapiso contra prováveis incrustações de argamassas). Antes,
ainda, de iniciar a execução do emboço é conveniente fazer uma limpeza da superfície, caso
não tenha sido feita antes da aplicação do chapisco, retirando sujeira acumulada (poeiras,
graxas, desmoldantes, tintas etc.). As etapas executivas do emboço são mostradas a seguir.

1º - Colocação dos tacos ou taliscas: são pequenas peças de madeira ou de ladrilhos


cerâmicos colocados sobe a superfície a ser revestida e que servirá de referencia para o
acabamento. Usa-se fixar os tacos com a mesma argamassa que vai ser utilizada no emboço.
Os tacos devem ser aprumados e nivelados nas distâncias indicadas, redobrando o cuidado
em relação ao alinhamento em que se encontram os registros, as tomadas d’água, caixas
dos interruptores e tomadas elétricas. Se necessário, fazer os ajustes nesses elementos para
obedecer ao plano de acabamento (prumo) desejado;

158
Aula 13 – Revestimentos Gerais
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

2º - Execução das mestras: depois que os tacos estiverem consolidados (2 dias, no


mínimo), preenche-se o espaço entre as taliscas verticalmente com a mesma argamassa do
emboço e estando a massa firme com o uso de uma régua de alumínio (desempenadeira),
apruma-se as mestras que servirão de guia para a execução do revestimento;

3º - Emassamento da parede: depois de consolidados as mestras (mínimo 2 dias),


executa-se o preenchimento dos vãos entre as mestras com argamassa de revestimento em
porções chapadas cuidando para que fique um excesso em relação ao plano das mestras.
No caso da espessura do revestimento ficar maior que 2 a 3 cm, executar em camadas
menores em intervalos de no mínimo 16 horas. As chapadas deverão ser comprimidas com
colher de pedreiro num primeiro espalhamento, tomando o cuidado de recolher o excesso
de argamassa depositado sobre o piso antes que endureçam;

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Aula 13 – Revestimentos Gerais
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

4º - Sarrafeamento: iniciar o sarrafeamento tão logo a argamassa tenha atingido o


ponto de sarrafeamento usando uma régua desempenadeira de baixo para cima, retirando
o excesso de material chapeado. Para verificar o ponto de desempeno, que depende do tipo
de argamassa usada, da capacidade de sucção da base e das condições climáticas, deve-se
pressionar com o dedo a superfície chapeada. O ideal é quando o dedo não mais penetra na
argamassa (apenas uma leve deformação), permanecendo praticamente limpo;

5º - Desempeno: dependendo do acabamento desejado pode-se executar o


desempeno da superfície com desempenadeira de mão adequada para cada caso (madeira,
aço ou feltro). Se a parede for receber revestimento cerâmico, basta um leve desempeno
com desempenadeira de madeira, cuidando para não deixar incrustações nos cantos e no
piso próximo ao rodapé.

160
Aula 13 – Revestimentos Gerais
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

1.1.3. Reboco

É a argamassa básica de cal e areia fina, onde a nata de cal (água e cal hidratada)
adicionada em excesso no traço, constitui uma argamassa gorda, que tem a característica
de pequena espessura (na ordem de 2 mm) e de preparar a superfície, com aspecto
agradável, acetinado, com pouca porosidade, para a aplicação de pintura. A aplicação é feita
sobre a superfície do emboço, após 7 dias (sem que tenha sido desempenado) com
desempenadeira de mão, comprimindo-se a massa contra a parede, arrastando de baixo
para cima, dando o acabamento (alisamento) com movimentos circulares tão logo esteja no
ponto, trocando-se de desempenadeira (aço, espuma, feltro) dependendo do acabamento
desejado.

1.1.4. Normas Gerais para Execução de Revestimentos Argamassados

• As superfícies a revestir deverão ser limpas e molhadas antes de qualquer


revestimento ser aplicado. Molhando a parede, executa-se a limpeza,
permitindo as melhores condições de fixação do revestimento, com a
remoção do limo, fuligem, poeira, óleo etc., que podem acarretar o
desprendimento futuro da argamassa;
• Antes de ser iniciado qualquer serviço de revestimento, deverão ser
instalados os dutos embutidos dos sistemas elétricos, de comunicação, gás e
hidrosanitários, devendo ser testadas as canalizações (sob pressão fluídica ou
com lançamento dos guias), permitindo que se façam reparos, se necessários;
• As superfícies estruturais em concreto, tijolos laminados ou prensados, serão
previamente chapiscadas, logo após o término da elevação das alvenarias;
• Emboço só será aplicado após completa pega da argamassa de assentamento
das alvenarias e do chapisco, e as superfícies deverão ser molhadas
convenientemente antes do processo;
• Quando houver necessidade de espessura de emboço acima de 2 cm, deverão
ser executados em camadas, respeitando a espessura de 1,5 cm cada;
• A cal hidratada usada na confecção das argamassas para emboço deve ser
peneirada para eliminar os grãos de cal, que se existirem na argamassa, darão
origem ao processo de hidratação higroscópica retardada cuja consequência é
o aparecimento do vulgarmente chamado empipocamento do revestimento;
• Uso da nata de cal na argamassa para reboco deve passar pelo processo de
hidratação completa, deixando-se o elemento descansar pelo menos 3 dias,
ou seja, 72 horas, em lugar protegido do sol e ventilação.

161
Aula 13 – Revestimentos Gerais
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

1.2. Não Argamassados

São revestimentos de paredes, constituídos por outros elementos naturais ou


artificiais, assentados sobre emboço de regularização, com argamassa colante ou estruturas
especiais de fixação. Esses produtos têm procedimentos de assentamento ou fixação
específicos, segundo as características de seus elementos. Entre os mais utilizados serão
abordados a seguir.

1.2.1. Revestimentos Cerâmicos

São produtos industrializados com grande controle do processo de fabricação, que


exigem atenção desde a composição da massa, que utiliza argilas, filitos, talcos, feldspatos
(grês) e areias (quartzo), até a classificação final do material, caracterizado por elementos
cerâmicos, de grande variedade de cores, brilhantes e acetinados, em diversos padrões,
lisos e decorados, de alta vitrificação, ou seja, de grande coesão, resistência à compressão e
abrasão. A espessura média é de 5,4 mm. A face posterior (tardoz) não é vidrada e
apresenta saliências para aumentar a capacidade de aderência da argamassa de
assentamento.

1.2.1.1. ELEMENTOS DO REVESTIMENTO CERÂMICO

Considerado como um sistema, tecnicamente, o revestimento cerâmico é constituído


por um conjunto de elementos distintos funcionando como uma estrutura organizada. Esses
elementos têm composições diferentes que geram esforços diferentes, que devem
apresentar, no final, um equilíbrio de todas as tensões que atuam no sistema, para que não
ocorra o comprometimento do revestimento cerâmico. Os elementos do revestimento
cerâmico são:

• Substrato ou base (emboço);


• Argamassa colante;
• Placa cerâmica;
• Diferentes tipos de juntas;
• Argamassa de rejuntamento ou Rejunte.

Por se tratar de disciplina específica neste curso, o estudo dos revestimentos cerâmicos será
retomado detalhadamente em outro momento.

1.2.2. Pinturas

Uma casa ou apartamento exigem uma atenção especial quando o assunto é a pintura,
tanto interna quanto externa. Isso, porque é lá que o proprietário (ou locatário) passará boa
parte de seus dias e, na maioria das vezes, ele mesmo não sabe como gostaria de deixar o

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Aula 13 – Revestimentos Gerais
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

local. Muitas vezes, quem deseja contratar um trabalho de pintura residencial, seja de uma
casa no campo, seja de um apartamento em uma grande metrópole, pensa logo em inovar,
fazer algo criativo e diferenciado que chame a atenção de todos que visitem o local. No
entanto, deve-se tomar muito cuidado com essa postura, pois pode tornar o ambiente
chamativo demais ou até mesmo muito carregado, não caracterizando nenhum estilo em
específico.

Para que a pintura da edificação fique correta, é preciso lixar a parede de forma a tirar
toda e qualquer irregularidade presente. Se possível, use uma lixadeira elétrica, pois as de
papel demandam um esforço bem maior.

Depois, é preciso aplicar massa para corrigir regiões onde metais e madeiras ficaram
expostos por conta do lixamento. Para uma pintura perfeita, o ideal é remover batentes de
janelas e portas, dobradiças, soquetes de lâmpadas dentre outros acessórios que possam
afetar o trabalho. Se não for possível, deve-se se certificar de proteger bem com fita e papel
rodapés e batentes. Além disso, a proteção dos pisos, se já forem os definitivos. Cobrir toda
a superfície, não deixar espaços para que respingos de tinta tomem espaço.

A Disciplina Pintura e Revestimento tratará o tema de maneira aprofundada,


dispensando, neste momento, maiores detalhamentos.

1.2.3. Pastilhas de Porcelana

É um produto cerâmico de grês (argila pura de alta vitrificação), produzido com alta
tecnologia, cuja característica principal é ter teor de absorção praticamente 0%. A sua
aplicação requer mão de obra especializada (pastilheiro), cujo assentamento poderá ser
executado por dois métodos: convencional (sobre emboço rústico sarrafeado) ou com
argamassa colante (sobre emboço sarrafeado ou desempenado).

No processo convencional, a base para aplicação é de emboço sarrafeado, com


acabamento rústico (se necessário, a superfície deverá ser escarificada) de argamassa rica
em cimento Portland Comum, isenta de impermeabilizantes, devidamente curado (para
evitar tensões de retração da argamassa sobre o revestimento). A aplicação das pastilhas se
fará sobre esta base, umedecida, assentando-se com argamassa mista de cal e areia fina, no
traço 1:3:9, em volume, espalhando-se uma camada de 2 mm sobre uma área tal que possa
ser revestida com pastilhas antes do início do seu endurecimento. Ao mesmo tempo, sobre
cada placa, na face sem papel, estende-se uma fina camada de pasta de cimento branco
(sem caulim), no traço 2:1, fixando a placa sobre a argamassa fina e fresca, pressionando
para que haja a aderência das mesmas. Cuidar com o alinhamento e esquadro das linhas de
rejuntes.

163
Aula 13 – Revestimentos Gerais
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

No processo do uso de argamassa colante, o emboço deve ser cuidadosamente


sarrafeado e destorcido, e depois de curado, a placas de pastilhas são fixadas com
argamassa pré-fabricada, com aditivos especiais, bem dosada, mecanicamente misturada e,
portanto, com traço uniforme. A argamassa pré-fabricada permite melhor acabamento,
fazendo o rejuntamento com a própria argamassa e eliminando o risco de desprendimento
das pastilhas.

1.2.4. Tijoletas Cerâmicas (Tijolo Aparente, Tijolo à Vista)

Para o revestimento de fachadas, lareiras, churrasqueiras e ambientes internos pode-


se usar tijoletas que imitam a face lateral de um tijolo de 2 furos. Produzidas com mais
controle de qualidade apresentam certa uniformidade no tom, proporcionando ótimo
acabamento se executada dentro da técnica. No assentamento utiliza-se argamassa mista
de cimento, cal e areia na proporção de 1:½:4 sobre parede chapiscada e 1:1/4:4 sobre
parede emboçada.

1.2.5. Pedras Naturais

Utilizando rochas naturais, como: arenito, granito, folhelho, gnaisse, pedra mineira, e
outras, as unidades são cortadas ou serradas, constituindo peças irregulares ou regulares,
que são assentadas com argamassa mista de cimento, sobre superfícies chapiscadas,
procedendo-se antecipadamente o chapisco da contra-face na aderência das peças,
também. O serviço de assentamento deve ser executado por pedreiro especializado, com
treinamento na arte do preparo das peças, classificação e montagem dos painéis.

1.2.6. Mármores e Granitos Polidos

Primeiramente, deve-se avaliar o material a ser empregado quanto à sua adequação


estética e funcional, posteriormente, quanto à qualidade, relativa à existência de manchas,
impurezas, diferença de tonalidade e bicheiras. A espessura das peças para aplicação como
revestimento de parede é de 2 cm, e a aplicação deve observar ao cuidado no levantamento

164
Aula 13 – Revestimentos Gerais
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

das medidas da área de revestimento, que gerará o detalhamento de painéis e/ou placas
mais uniformes possíveis, respeitando as disposições das manchas e veios das placas
obtidas dos desdobramentos dos blocos das rochas. Este procedimento resultará em um
projeto de montagem, onde as placas receberão uma numeração sequencial para facilitar o
assentamento.

Para o assentamento das placas com argamassa mista de cimento, é necessário


considerar a superfície se de tijolos ou de concreto, que deverão estar chapiscadas. As
placas destinadas a revestir superfície de concreto, deverão ter na contra face, grapas de
ferro chumbadas; nas que serão aplicadas sobre tijolos são dispensáveis, não havendo
também necessidade de argamassa de regularização das superfícies. Em ambas as
situações, a contra-face das placas devem ser chapiscadas.

1.2.7. Madeira

O uso mais comum de revestimento em madeira para paredes é o lambril, peças em


madeira maciça com bordos em macho e fêmea e de dimensões de 10 cm de largura e ½”
de espessura, cuja fixação é feita sobre um tarugamento executado com caibros
(trapezoidais), fixos na parede em linhas paralelas com espaçamento de 50 cm,
ortogonalmente à posição de assentamento das peças.

1.2.8. Revestimentos Plásticos ou Vinílicos

Produtos de alta tecnologia, são pouco usados, mais apresentam grandes vantagens
sobre outros materiais de revestimentos impermeáveis. Destacam-se as chapas de PVC
coloridas e as chapas de Laminado Decorativo de Alta Pressão (LDAP), compostas de
camadas de material fibroso, celulósico (papel, por exemplo), impregnada com resinas
termoestáveis, amínicas (melamínicas) e fenólicas, montadas, prensadas sob condições de
calor e alta pressão, em que as camadas de superfície, em ambos os lados, são decorativas

165
Aula 13 – Revestimentos Gerais
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

(exemplo: chapas fórmicas). No mercado encontra-se 14 tipos de LDPA, com características


especiais quanto ao uso.

Os substratos recomendados para a fixação são: madeira aglomerada, compensada,


maciça, medium density fiberboard (MDF), superfícies metálicas e alvenarias revestidas com
argamassa queimada ou preparada como massa corrida, para suportar a colagem do
laminado. Os adesivos indicados para os diversos substratos são: o termoendurecível uréia-
formaldeído; a cola branca ou acetato de polivinila (PVAc) e adesivo de contato à base de
borracha sintética (policloropeno).

1.2.9. Revestimentos de Alumínio

Apresentado em chapas de alumínio, sua aplicação é restrita a indicação em projetos


sofisticados, que deverão ser orientados pelos fornecedores quanto aos detalhes de fixação.

2. Revestimentos de Pisos

Ao revestimento de pisos designa-se a denominação de pavimentação. Assim sendo,


pavimentação é definida como sendo uma superfície qualquer, continua ou descontínua
com finalidade de permitir o trânsito pesado ou leve. São diversos os materiais utilizados
como pisos na construção civil, sendo que as qualidades gerais da pavimentação são:

• Resistência ao desgaste ao trânsito;


• Apresentar atrito necessário do trânsito;
• Quanto a higiene necessária;
• Fácil conservação;
• Inalterabilidade (cor, dimensões, etc.);
• Função decorativa;
• Econômica.

2.1. Classificação quanto ao tipo de Material

Podem ser classificados como:

• Em concreto: simples, armado ou em peças pré-moldadas intertravadas (tipo


paver) ou articuladas (tipo blokret – “sextavadas”);
• Em cerâmica: piso cerâmico não vidrado (lajota colonial) e piso cerâmico
vidrado de resistência variável (decorados e antiderrapantes);
• Em madeira: soalho (tábua), taco e parquete;
• Em Pedras:
✓ Naturais – arenitos, granitos, mármores, mosaico português, etc.;

166
Aula 13 – Revestimentos Gerais
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

✓ Artificiais – granitina, ladrilho hidráulico e concreto.


• Vinílicos – Ladrilho Vinílico Semi-flexível, em placas fabricadas como resinas
de PVC, plastificantes e pigmentos corantes;
• Piso melamínico de alta pressão (PMAP) – são chapas para revestimentos de
substratos rígidos, compostas de material fibroso, celulósico, empregnado
com resinas termoestáveis, amínicas e fenólicas, prensadas por meio de calor
e alta pressão, constituindo um revestimento de elevado índice de resistência
ao desgaste, com espessura de 2 mm, produzidos em diferente versões,
específicas para cada aplicação e uso (convencional, fogo retardante,
reforçado etc.).

2.2. Observações acerca dos cuidados de execução

• Para a execução de uma pavimentação, devemos considerar os


procedimentos de preparo da base que pode ocorrer sobre o solo ou em lajes
de concreto armado;
• Na pavimentação em que a base é o solo, deve-se ter o cuidado com a
compactação do aterro, execução de lastro para drenagem e
impermeabilização do contrapiso.
• Deve-se ter o cuidado de planejar as declividades das superfícies externas, na
execução dos contrapisos ou lastro de regularização, de acordo com a
orientação de captação d’água, do projeto hidráulico;
• Nas áreas de garagens, não deixar de executar declividades mínimas para o
escoamento natural d’água.
• Se possível, a cota do piso interno de uma edificação deve estar sempre
elevado em relação ao piso externo;
• Antes da execução do contrapiso, deve ser executado o assentamento das
redes de esgotos sob o piso;
• Nos trabalhos de assentamento de piso conjugado, madeira e rochas polidas,
deve-se executar primeiro o assentamento das pedras, para evitar que a água
de amassamento infiltre na madeira, provocando distorção nas peças.
• Antes da execução do contrapiso, deve ser executado o assentamento da
rede de esgoto e dutos embutidos sob o piso;
• A pavimentação com placas ou réguas de laminado plástico termoestável –
laminado fenólico-melamínico – devem ser executados sobre base de cimento
plastificado (argamassa de cimento 1:3 adicionado de acetato de polivinila –
PVC), para um perfeito nivelamento da superfície aplicado com
desempenadeira metálica;

167
Aula 13 – Revestimentos Gerais
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Nos trabalhos de assentamento de piso conjugado, madeira e rochas polidas,


deve-se executar primeiro o assentamento das pedras, para evitar que a água
de amassamento infiltre na madeira, provocando distorção nas peças;
• Na execução de pisos e contrapisos em concreto não se deve esquecer de
dimensionar o número de juntas e suas locações.

2.3. Pisos em Concreto Pré-moldados

Além de pisos de concreto moldados in-loco em painéis de variados tamanhos e tipos


de juntas, é cada vez mais frequente a execução de pisos diferentes das tradicionais pedras
portuguesas (petit-pavet). Atualmente, existem muitos fornecedores de pisos para os mais
diversos usos, tais como: pátios, calçadas, passeios, quadras esportivas e playgrounds. A
base de tais revestimentos depende do material utilizado e podem variar desde arenito
apiloado até um contrapiso de concreto (armado). A seguir são mostrados alguns dos tipos
de revestimentos feitos em concreto:

2.3.1. Procedimentos de Execução

Os procedimentos a seguir são indicados para o caso de áreas internas sobre lajes com
contrapiso em painéis de 2,0x2,5 m e espessura mínima de 2,0 cm e espessura máxima
dependendo do desnível necessário ou da correção de nível exigida.

• Antes de iniciar o contrapiso é necessário retirar todos os entulhos do


ambiente, assim como óleos, graxas, cola, tinta, material que possa soltar-se
(usar ponteiro);
• Marcar o nível das mestras de acordo com o projeto (transferir o nível)
usando nível de mangueira, lembrando que nas áreas onde haverá
escoamento de água (ralo) prever um caimento mínimo de 1%;

168
Aula 13 – Revestimentos Gerais
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

• Dois dias antes da execução do contrapiso colocar os tacos (taliscas) conforme


o nível determinado fixando-os com a mesma argamassa que vai ser usada no
contrapiso (depende do revestimento final que vai ser colocado, conforme
tabela a seguir). Molhar o local onde vai ser colocado o taco e polvilhar com
cimento comum para garantir a perfeita aderência da argamassa com a base;

• Os tacos deverão ficar a uma distância máxima de 2 metros e após 2 dias,


lavar bem a superfície (água em abundância) e executar as mestras,
adotando-se os mesmos cuidados de polvilhar cimento, inicialmente nos
locais das mestras e depois em toda a superfície que vai receber o contrapiso,
espalhando e misturando com a água para formar uma nata de aderência;
• Espalhar a argamassa entre os tacos numa espessura um pouco acima da
altura dos tacos e compactando-a com um soquete (a argamassa deve estar
em ponto de farofa). Em seguida, usando os tacos como apoio, nivelar a
mestras com uma régua de alumínio (reguar) e retirar os tacos, preenchendo
o espaço com a mesma argamassa;
• Logo após a execução das mestras lançar argamassa entre elas até um pouco
acima das mestras, espalhando com uma enxada ou rodo (espessura máxima
por camada de 5 cm), compactar da mesma forma que as mestras,
preenchendo os espaços que ficarem abaixo das mestras, sempre
compactando;
• De forma idêntica ao sarrafeamento feito antes, cortar a argamassa com uma
régua de alumínio, fazendo o acabamento (cimento alisado ou desempenho)
de acordo com o tipo de revestimento que será executado;
• Isolar a área por no mínimo 3 dias após o término do serviço e controlar o
trânsito de equipamentos que possam danificar o contrapiso. Liberar para a
execução do revestimento decorridos 28 dias de cura. Aos 14 dias fazer a
verificação e aderência com um ponteiro de aço. Testar, também, o caimento
jogando água com balde a fim de verificar empoçamento e caimento
inadequado. Refazer onde for necessário;

169
Aula 13 – Revestimentos Gerais
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

1 2 3 4 1 2 3 4

8 7 6 5 8 7 6 5

9 10 11 12 9 10 11 12

La stro de Brita a piloa da Concreta gem dos


Coloca çã o da s sa rra fos 1”x3” pa inéis ímpa res

1 2 3 4 1 2 3 4

8 7 6 5 8 7 6 5

9 10 11 12 9 10 11 12

Retira da dos sa rra fos Concreta gem dos


40 hora s depois pa inéis pa res

Esquema pa ra concreta gem de pisos


de concreto em junta seca

2.3.2. Pisos de alta resistência em Concreto Armado

São pisos indicados para áreas de tráfego de veículos pesados, como pátios de
estacionamento de ônibus, carga e descarga de caminhões, postos de combustíveis (não
utilizar asfalto, pois este reage em contato com óleo diesel). A altura (h) deve ser
dimensionada em função do tipo de uso previsto. Na figura a seguir, é mostrado um perfil
de um piso de concreto armado, sendo o esquema de concretagem pode seguir o sistema
em xadrez, como foi mostrado no item anterior.

170
Aula 13 – Revestimentos Gerais
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

2.4. Pisos de Madeira

São pavimentos feitos com madeira frisadas (com encaixe tipo macho e fêmea) com
larguras e comprimentos variáveis fixados sobre vigamento ou contrapiso. Geralmente os
de largura de 5 a 8 cm são pregados com a pregação ficando oculta na mecha (encaixe).
Para larguras maiores pode-se usar cola ou pregação aparente ou ainda, parafusos. Veja na
figura a seguir esquemas de fixação de assoalhos de madeira:

171
Aula 13 – Revestimentos Gerais
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.5. Pisos Cerâmicos

Basicamente, utiliza-se uma argamassa mista de cimento com areia média seca no
traço 1:0,5:4 ou 1:0,5:6 sobre o piso regularizado (quando a espessura da argamassa de
assentamento for maior de 3,0cm) ou sendo a própria argamassa de assentamento utilizada
para regularizar e assentar.

Ao se considerar que a colocação do material cerâmico, no caso de utilizar a argamassa


para o assentamento, é feita com esta camada de argamassa ainda fresca, e que quando da
secagem desta argamassa acontece o fenômeno da retração (encurtamento), ocorre o
aparecimento de esforços que tendem a comprimir o revestimento. Destes esforços - que
atuam no plano do revestimento - resultam componentes normais ao revestimento que
tendem a arrancá-lo de sua base. O que vai impedir a separação das peças de sua base será
a aderência proporcionada pela pasta de cimento. Sabe-se que, no assentamento
convencional, dificilmente se consegue obter uma pasta de cimento ideal, ou seja, com
maior resistência possível, pois a mesma resulta da aspersão de pó de cimento sobre uma
argamassa ainda fresca, retirando água dessa argamassa para se hidratar. A falta ou excesso
de água poderá ter como consequência, ou o cimento mal hidratado, ou uma "aguada" de
cimento. Em ambos os casos a ligação cerâmica-base estará fatalmente comprometida, será
de baixa resistência e não se oporá à separação do revestimento de sua base.

Esses esforços devido à retração estão diretamente ligados a fatores importantes.


Quanto maior for à espessura da argamassa de assentamento, tanto maior será o esforço
resultante da retração. Quando mais rica em cimento for a argamassa, tanto maior será o
esforço devido à retração. E, lembrando que este esforço de compressão gera componentes
verticais que tendem a arrancar as peças de sua base, quanto maior for o primeiro tanto
maior serão os componentes verticais de tração que tendem a soltar o revestimento.

Tal como os revestimentos cerâmicos de paredes, pisos cerâmicos terão tratamento


especial em disciplina própria.

3. Revestimento de Tetos (Forros)

Elemento de acabamento interno da edificação, o forro é um sistema de revestimento


superior de um ambiente (cômodo). Caracterizado como forro falso quando reveste abaixo
do teto (que tecnicamente define o pé-direito), o forro é o sistema que regula o espaço e o
conforto do ambiente, possuindo uma relação direta com a reverberação dos sons, o
conforto térmico e lúminico. Para um desempenho adequado, deve possibilitar fácil
manutenção, ter praticidade na instalação, e estar dentro dos padrões de resistência
mecânica, de resistência à propagação de chamas e à ação de fungos e insetos. Um forro

172
Aula 13 – Revestimentos Gerais
UNIDADE 3 – INSTALAÇÕES GERAIS

deve ainda fornecer condições para a adaptação de luminárias, alarmes, sprinklers, dutos de
ar condicionado e outras instalações, se necessário. Os tipos de forros mais comumente
utilizados, segundo as características de fixação são: forros colados, forros tarugados e
forros suspensos.

De uma forma mais ampla os revestimentos de tetos podem ser resumidos como
segue:

• Concreto aparente (laje aparente): é o teto sem nenhum revestimento


especial, a não ser em alguns casos, uma pintura (verniz) diretamente sobre a
face inferior da laje de concreto;
• Argamassados: é a aplicação de camadas de revestimento argamassados da
mesma forma com que se revestem as paredes (chapisco, emboço, reboco
etc.) sobre a face inferior de laje maciça, pré-moldada ou mista;
• Madeira: executados como forro falso em chapas, réguas ou colmeias, fixados
por meio de vigamentos, tarugamentos e contraventamento;
• Gesso: em placas lisas, perfuradas ou estriadas, placas de gesso acartonado
(placas de 0,60 x 0,60 m) suspensas por arames galvanizados fixados nas lajes
por pino de aço cravado com pistola à pólvora. As placas podem ser
rejuntadas, lixadas e pintadas e receber arremates especiais também em
gesso ou outro material (plástico, PVC e isopor);
• Fibras vegetais ou minerais: em placas prensadas de fibras de madeira (pinus
e eucalipto) e lã de vidro, rocha ou polietireno expandido (isopor),
caracterizando o chamado "forro pacote", que são fixados em estruturas de
perfis de alumínio, aço ou madeira atirantados ao teto, por meio de pendurais
de aço, ou chapas de alumínio;
• Metal: principalmente alumínio e aço, apresentando as mais variadas
configurações e acabamentos;
• PVC rígido: apresentados em réguas com encaixe tipo macho e fêmea, fixados
em tarugamentos de madeira.

Ba s ea do e a da ptado de Prof.
Ca rl a n Zel i a n, El ton Doná e Ca rl os
Va rga s (UEPG). Edi ções s em
prejuízo de conteúdo.

173
Aula 14 - Cobertura
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Unidade 4 – Finalização

Aula 14: Cobertura

Depois de erguidas as paredes, procede-se com o fechamento superior, ou seja, é dado o


acabamento final da edificação com o principal objetivo de proteger os espaços internos da
ação das intempéries, ventos e dar proteção em geral. As coberturas são variadas em suas
tipologias e formatos, podendo ser embutido em platibandas ou aparentes.

1. Conceito

Segundo a Morfologia das Estruturas (do Grego: Morfo = Forma, e Lógia = Estudo), as
coberturas são estruturas que se definem pela forma, observando as características de
função e estilo arquitetônico das edificações. As coberturas têm como função principal a
proteção das edificações, contra a ação das intempéries, atendendo às funções utilitárias,
estéticas e econômicas. Em síntese, as coberturas devem preencher as seguintes condições:

• Funções utilitárias: impermeabilidade, leveza, isolamento térmico e acústico;


• Funções estéticas: forma e aspecto harmônico com a linha arquitetônica,
dimensão dos elementos, textura e coloração;
• Funções econômicas: custo da solução adotada, durabilidade e fácil
conservação dos elementos.

Para a especificação técnica de uma cobertura ideal, o profissional deve observar os


fatores do clima (calor, frio, vento, chuva, granizo, neve etc.), que determinam os detalhes
das coberturas, conforme as necessidades de cada situação.

Entre os detalhes a serem definidos em uma cobertura, deverá ser sempre


especificado, o sistema de drenagem das águas pluviais, por meio de elementos de
proteção, captação e escoamento, tais como:

174
Aula 14 - Cobertura
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

• Detalhes inerentes ao projeto arquitetônico: rufos, contra-rufos, calhas,


coletores e canaletas;
• Detalhes inerentes ao projeto hidráulico: tubos de queda, caixas de derivação
e redes pluviais.

2. Tipos de Coberturas

2.1. Naturais

2.1.1. Minerais

São materiais de origem mineral, tais como pedras em lousas (placas), muito utilizadas
na antiguidade (castelos medievais) e mais recentemente apenas com finalidade estética
em superfícies cobertas com acentuada declividade (50% < d >100 %). Atualmente, vem
sendo substituída por materiais similares mais leves e com mesmo efeito arquitetônico
(placas de cimento amianto);

2.1.2. Vegetais Rústicas (Sapé)

De uso restrito a construções provisórias ou com finalidade decorativa, são


caracterizadas pelo uso de folhas de árvores, depositadas e amarradas sobre estruturas de
madeiras rústicas ou beneficiadas.

175
Aula 14 - Cobertura
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

2.1.3. Vegetais Beneficiadas

Podem ser executadas com pequenas tábuas (telhado de tabuinha) ou por tábuas
corridas superpostas ou ainda, em chapas de papelão betumado.

176
Aula 14 - Cobertura
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

2.1.4. Com Membranas

Caracterizadas pelo uso de membranas plásticas (lonas), assentadas sobre estruturas


metálicas ou de madeiras ou atirantadas com cabos de aço - tensoestruturas, ou ainda, por
sistemas infláveis com a utilização de motores insufladores.

2.1.5. Em malhas Metálicas

Caracterizadas por sistemas estruturais sofisticados, em estruturas metálicas


articuladas, com vedação de elementos plásticos, acrílicos ou vidros.

2.1.6. Tipo Cascas

Caracterizadas por estruturas de lajes em arcos, em concreto armado, tratadas com


sistemas de impermeabilização.

2.1.7. Terraços

Estruturas em concreto armado, formadas por painéis apoiados em vigas, tratados


com sistemas de impermeabilização, isolamento térmico e assentamento de material para
piso, se houver tráfego.

2.1.8. Telhados

São as coberturas caracterizadas pela existência de uma armação; sistema de apoio de


cobertura, revestidas com telhas (materiais de revestimento). É o sistema construtivo mais
utilizado na construção civil, especialmente nas edificações.

3. Coberturas Planas

As coberturas planas são caracterizadas por superfícies planas, ou planos de cobertura,


também denominados de panos ou águas de uma cobertura. Na maior parte dos casos, os
planos de cobertura têm inclinações (α - ângulo) iguais e, portanto, declividades (d%) iguais.
No caso do revestimento superior de uma edificação ter inclinação máxima de α = 75º, a
área é identificada como cobertura. Para α > 75º o revestimento é denominado fechamento
lateral.

A cobertura deve ter inclinação mínima que permita o escoamento das águas das
chuvas e direcioná-las segundo o plano (projeto) de captação dessas águas. As coberturas
horizontais têm inclinação entre 1 a 3% e as consideradas inclinadas tem caimento igual ou
maior de 3%. Quanto à inclinação das coberturas, as mesmas podem ser classificadas em:

177
Aula 14 - Cobertura
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Coberturas com pequenas declividades, denominadas terraços;


• Coberturas em arcos;
• Coberturas planas em superfícies inclinadas, determinadas por painéis de
captação d’água.

Os sistemas de apoio de coberturas planas podem ser executados em madeira, metal


ou concreto armado (podendo ser misto, também). A escolha e definição do material são
determinadas pelas exigências técnicas do projeto, como o estilo, a função, o custo, vão de
sustentação, etc. Quanto à definição estrutural, as armações de coberturas podem ser
executadas com os seguintes sistemas:

• Madeira:
✓ Sistema de vigas e arcos treliçados em madeira maciça;
✓ Sistema de vigas e arcos treliçados em madeira colada;
✓ Sistema de treliças tipo tesouras;
✓ Sistema tipo cavalete.
• Metal:
✓ Sistemas de vigas e arcos treliçados;
✓ Sistemas de estruturas especiais (treliças espaciais etc.).
• Concreto Armado:
✓ Sistemas de vigas pré-moldadas;
✓ Sistemas de pórticos;
✓ Sistemas de estruturas especiais integradas.

4. Elementos de Projeto

Nos projetos arquitetônicos, a determinação dos planos de cobertura compõe e


determina a Planta de Cobertura, elaboradas nas escalas: 1:100, 1:200 ou 1:500. Neste
elemento de arquitetura definem-se linhas divisórias, denominadas: espigão, água furtada,
cumeeira e calhas.

Devem ser indicados por setas ortogonais aos lados do polígono de cobertura, a
orientação da declividade dos panos. Junto da seta, deve ser especificada a Inclinação
(angulo αº) que o plano de cobertura faz com a horizontal - ou Declividade - tangente
trigonométrica da inclinação, indicada pela letra d (d = h/d = tag α %).

4.1. Especificações de Projeto

4.1.1. Correspondência entre inclinação (αº) e declividade (d%):

178
Aula 14 - Cobertura
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

4.1.2. Altura das cumeeiras (também chamada de Ponto de Cobertura)

É a relação entre a altura máxima da cobertura e o vão. O Ponto varia entre os limites
de 1:2 a 1:8 nos telhados.

4.1.3. Acabamentos laterais de coberturas

• Oitão - elevação externa em alvenaria de vedação acima da linha de forro (pé-


direito), que ocorrem com a eliminação das tacaniças (planos de cobertura de
forma triangular, limitado pela linha lateral da cobertura e dois espigões);
• Platibandas - elevação de alvenarias acima da linha de forro, na mesma
projeção das paredes, com objetivo funcional de proteção das coberturas;
• Beiradas - caracterizadas pela projeção das estruturas de apoio de cobertura
além da linha de paredes externas, e a inexistência da execução de
acabamento com forro;
• Beirais - caracterizados pela projeção das estruturas de apoio de cobertura
além da linha de paredes externas, com a execução de forros. Em algumas
definições arquitetônicas, executam-se os prolongamentos das lajes de forro
em balanço estrutural, além da linha de paredes externas.

4.1.4. Detalhes complementares

• Elementos de captação de águas: canaletas, calhas e ralos;


• Iluminação e ventilação zenital: claraboias e domos.

179
Aula 14 - Cobertura
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

5. Tipos de Telhados

5.1. Uma Água (Meia Água)

Caracterizada pela definição de somente uma superfície plana, com declividade,


cobrindo uma pequena área edificada ou estendendo-se para proteger entradas (alpendre).

5.2. Duas Águas

Caracterizada pela definição de duas superfícies planas, com declividades iguais ou


distintas, unidas por uma linha central denominada cumeeira ou distanciadas por uma
elevação (tipo americano). O fechamento da frente e fundo é feita com oitões.

5.3. Três Águas, Quatro Águas e Múltiplas Águas

Os de 3 águas são caracterizados como solução de cobertura de edificações de áreas


triangulares, onde se definem três tacaniças unidas por linhas de espigões. Os de 4 águas
caracterizados por coberturas de edificações quadriláteras, de formas regulares ou
irregulares. Os de múltiplas águas são coberturas de edificações cujas plantas são

180
Aula 14 - Cobertura
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

determinadas por superfícies poligonais quaisquer, onde a determinação do número de


águas é definida pelo processo do triângulo auxiliar.

6. Cobrimento ou Telhamento

O mercado oferece uma diversidade de materiais para telhamento de coberturas, cuja


escolha na especificação de um projeto depende de diversos fatores, entre eles o custo que
irá determinar o patamar de exigência com relação à qualidade final do conjunto, devendo-
se considerar as seguintes condições mínimas:

• Deve ser impermeável, sendo esta a condição fundamental mais relevante;


• Resistente o suficiente para suportar as solicitações e impactos;
• Possuir leveza, com peso próprio e dimensões que exijam menos densidade
de estruturas de apoio;
• Deve possuir articulação para permitir pequenos movimentos;
• Ser durável e devem manter-se inalteradas suas características mais
importantes;
• Deve proporcionar um bom isolamento térmico e acústico.

6.1. Chapa de Aço Zincado

• Existem perfis ondulados, trapezoidais e especiais;


• Podem ser obtidas em cores, com pintura eletrostática;
• Permitem executar coberturas com pequenas inclinações;
• Podem ser fornecidas com aderência na face inferior de poliestireno
expandido para a redução térmica de calor;

181
Aula 14 - Cobertura
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

6.2. Telhas Autoportantes

• Executadas com chapas metálicas ou concreto protendido, em perfis especiais


(autoportantes) para vencer grandes vãos, variando de 10 a 30 metros, em
coberturas planas e arcadas, sem a existência de estrutura de apoio;
• Utilizadas em construções de galpões industriais, agrícolas, esportivos,
hangares etc.;

6.3. Telhas Plásticas

• Fornecidas em chapas onduladas e trapezoidais, translúcidas e opacas, de PVC


ou Poliester e em cores;

6.4. Telhas de Alumínio

• É o material mais leve, e de maior custo;


• Fornecidas em perfil ondulados e trapezoidais;
• Refletem 60% das irradiações solares, mantendo o conforto térmico sob a
cobertura. São resistentes e duráveis;
• Cuidado deve ser observado para não apoiar as peças diretamente sobre a
estrutura de apoio em metal ferroso, as peças devem ser isoladas no contato;
• Principais fornecedores: Alcan, Alcoa, Asa, Belmetal etc.

6.5. Telhas Cerâmicas

• São tradicionalmente usadas na construção civil;


• Tipos principais: francesa, colonial, plan, romana, plana ou germânica.

182
Aula 14 - Cobertura
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

6.6. Telhas de Vidro

• Formatos similares às telhas cerâmicas;


• Utilizadas para propiciar a iluminação zenital.

6.7. Telhas de Fibrocimento

• São fabricadas com cimento portland e fibras de amianto, sob pressão;


• Incombustíveis, leves, resistentes e de grande durabilidade;
• Fácil instalação, existindo peças de concordância e acabamento, e exigindo
estrutura de apoio de pouco volume;
• Perfis variados e também autoportantes, com até 9,0 m de comprimento.

6.8. Telhas de Chapas Compensadas e Aluminizadas

• Feitas com lâminas de madeira compensada, coladas a alta pressão;


• Incombustíveis;
• Alta resistência mecânica, suportando peso de cinco pessoas;
• Refletem os raios solares, permitindo temperaturas interiores mais baixas;
• Dimensões das peças: C = 2,2 m, L = 1,00 m, e = 6 mm.

6.9. Telhas de Concreto

• Telhas produzidas com traço especial de concreto leve, proporcionando um


telhado com 10,5 telhas por metro quadrado e peso de 50 kg/m2;
• Perfis variados com textura em cores obtidas pela aplicação de camada de
verniz especial de base polímero acrílica;
• Alta resistência das peças, superior a 300 kg.

183
Aula 14 - Cobertura
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

6.10. Chapas de Policarbonato

• Apresentadas em chapas compactas (tipo vidro) ou alveolares, transparentes ou


translúcidas, em cores, praticamente inquebráveis (resistência superior ao do vidro
em 250 vezes), baixa densidade, resistentes a raios ultra-violeta, flexíveis, material
auto extinguível não gerando gases tóxicos quando submetido a ação do fogo;
• A aplicação de chapas de policarbonato, devido a variedade de tipos e espessuras,
é a solução para inúmeras indicações, tais como: coberturas em geral, luminosos,
blindagem, janelas e vitrines etc.;
• Basicamente as chapas de policarbonato podem ser instaladas em qualquer tipo de
perfil: de aço, alumínio ou madeira, porém, é necessário que tenham boa área de
apoio e folga para a dilatação térmica.

7. Estrutura de Apoio tipo Tesouras

As armações tipo tesouras correspondem ao sistema de vigas estruturais treliçadas, ou


seja, estruturas isostáticas executadas com barras situadas num plano e ligadas umas ao
outras em suas extremidades por articulações denominadas de nós, em forma de triângulos
interligados e constituindo uma cadeia rija, apoiada nas extremidades.

7.1. Tipo de Tesouras

Independentemente do material a ser utilizado na execução de estruturas tipo


tesoura, as concepções estruturais são definidas pelas necessidades arquitetônicas do
projeto e das dimensões da estrutura requerida, onde podemos ter os seguintes esquemas:

184
Aula 14 - Cobertura
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

7.2. Elementos de uma Tesoura e Terminologia

Para orientar a comunicação com o pessoal nas obras a terminologia das peças que
compõem um telhado é a seguinte:

185
Aula 14 - Cobertura
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

7.3. Ligações (Sambladuras e Entalhes)

São tipos de ligações práticas entre duas peças de madeiras definidas após verificação
das resistências das superfícies de contato ao esmagamento e, às vezes, ao cisalhamento de
um segmento da peça (caso específico dos nós extremos da tesoura).

186
Aula 14 - Cobertura
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

7.4. Detalhes dos Elementos de Amarração

São os elementos de amarração e de ancoragem que proporcionam a ligação que deve


existir entre a edificação e a cobertura. Usualmente os elementos de amarração são
constituídos de barras, braçadeiras, cantoneiras ou chapas de aço colocados de forma a
fixar as tesouras ou cavaletes firmemente nas lajes, vigas ou paredes da construção de
forma a suportar os possíveis esforços médios de arrancamento ou movimentação da
cobertura (ventos, chuva, e dilatação térmica).

187
Aula 14 - Cobertura
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

7.5. Detalhes dos Elementos de Ancoragem

Os elementos de ancoragem são necessários quando são maiores os esforços de


arrancamento da estrutura de cobertura, exigindo dessa forma a execução de dispositivos
de aprisionamento das tesouras com maior critério. Nos esquemas a seguir são mostrados
sete tipos de ancoragem mais usuais e seus resultados em termos de desempenho (carga
média de ruptura).

188
Aula 14 - Cobertura
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

7.6. Detalhes dos Elementos de Captação D’água

Os elementos de captação de águas pluviais de coberturas compõem o sistema de


coleta e condução das águas que vai desde o telhado propriamente dito até ao sistema
público de destinação dessas águas (drenagem superficial e subterrânea da via pública). Em
geral os elementos de captação e condução são executados em chapas de ferro
galvanizado, mas podem ser de PVC rígido, fibrocimento ou concreto armado

189
Aula 14 - Cobertura
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

impermeabilizado. Na tabela a seguir são relacionadas às chapas de ferro galvanizado usuais


existentes no mercado:

A colocação e fixação dos elementos de captação de água devem ocorrer pouco antes
do arremate final do telhado e o engenheiro deve verificar os seguintes pontos antes de
liberar a continuidade dos trabalhos, pois é prudente evitar retorno de operários sobre a
cobertura para fazer reparos para não causar danos às telhas e acessórios e com isso
provocar infiltrações e goteiras:

• Conferir as emendas (soldas e rebites);


• Verificar se o recobrimento mínimo é respeitado (8 cm em telhados comuns);
• Fazer um teste de vazamento e caimento (ver se água fica parada em pontos
da calha);
• Ver se existem juntas de dilatação em calhas com mais de 20 m;
• Verificar os pontos de impermeabilização.

190
Aula 14 - Cobertura
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

8. Glossário

• Água – é o tipo de caimento dos telhados em forma retangular ou trapezoidal


(meia-água, duas águas, três, quatro águas).
• Alpendre - cobertura suspensa por si só ou apoiada em colunas sobre portas ou
vãos. Geralmente, fica localizada na entrada da edificação.
• Amianto – originado do mineral chamado asbesto, composto por filamentos
delicados, flexíveis e incombustíveis. É usado na composição do fibrocimento.
• Beiral – parte da cobertura em balanço que se prolonga além da prumada das
paredes.
• Caibros – peças e madeira de média esquadria que ficam apoiadas sobre as terças
para distribuir o peso do telhado.
• Calha – é canal ou duto em alumínio, chapas galvanizadas, cobre, PVC ou latão que
recebe as águas das chuvas e as leva aos condutores verticais.
• Cavalete – é a estrutura de apoio de telhados feita em madeira, assentada
diretamente sobre laje.
• Chapuz – é o calço de madeira, geralmente em forma triangulas que serve de apoio
lateral para a terça ou qualquer outra peça de madeira.
• Claraboia – é a abertura na cobertura, fechada por caixilho com vidro ou outro
material transparente, para iluminar o interior.
• Contrafrechal – é a viga de madeira assentada na extremidade da tesoura.
• Cumeeira – parte mais alta do telhado no encontro de duas águas.

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Aula 14 - Cobertura
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Empena, oitão ou frontão - cada uma das duas paredes laterais onde se apoia a
cumeeira nos telhados de duas águas.
• Espigão – interseção inclinada de águas do telhado.
• Frechal – é a componente do telhado, a viga que se assenta sobre o topo da
parede, servindo de apoio à tesoura. Distribui a carga concentrada das tesouras
sobre a parede.
• Platibanda – mureta de arremate do telhado, pode ser na mesma prumada das
paredes ou com beiral.
• Policarbonato - Material sintético, transparente, inquebrável, de alta resistência,
que pode substituir o vidro, proporcionando grande luminosidade.
• Recobrimentos – são os transpasses laterais, inferior e superior que um elemento
de cobrimento (telha) deve ter sobre o seguinte.
• Rincão (água furtada) – canal inclinado formado por duas águas do telhado.
• Ripas – são as peças de madeira de pequena esquadria pregadas sobre os caibros
para servir de apoio para as telhas.
• Tacaniça – é uma água em forma triangular.
• Terças – são as vigas de madeira que sustentam os caibros do telhado,
paralelamente à cumeeira e ao frechal.
• Tirante – é a viga horizontal (tensor) que, nas tesouras, está sujeita aos esforços de
tração.
• Treliça – é a armação formada pelo cruzamento de ripas de madeira. Quando tem
função estrutural, chama-se viga treliça e pode ser de madeira ou metálica.
• Varanda – área coberta ao redor de bangalôs (casas térreas), no prolongamento do
telhado.

Ada ptado DE BAUER, AZEREDO,


GUEDES, KLOSS, PETRUCCI. Edi ções
s em prejuízo de conteúdo.

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Aula 15 – Demais Acabamentos
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

Aula 15: Demais Acabamentos

Nesta aula serão apresentadas algumas características dos materiais de acabamento finais de
uma edificação e estão vinculados a outros sistemas, tal quais louças, metais, acabamentos
elétricos etc. Também será dada uma noção de paisagismo e desmobilização de canteiro,
tidos como serviços finais antes da entrega do empreendimento.

1. Aparelhos Sanitários

Compreende os aparelhos sanitários e seus respectivos pertences e acessórios, a


serem instalados em observância às indicações do projeto aprovado e às recomendações do
fabricante.

1.1. Louças

Antes de iniciar os serviços de instalação das louças, a contratada deverá submeter à


aprovação da Fiscalização os materiais a serem utilizados. O encanador deverá proceder a
locação das louças de acordo com pontos de tomada de água e esgoto. Nessa atividade,
deverá ser garantido que nenhuma tubulação se conecte a peça de maneira forçada,
visando impedir futuros rompimentos e vazamentos.

Após a locação, deverá ser executada a fixação da peça. Todas as louças deverão ser
fixadas, seja através de chumbamento com argamassa, traço 1:3, seja com a utilização de
parafusos com buchas.

A seguir, deverá ser efetuado o rejuntamento entre a peça e a superfície à qual foi
fixada com a utilização de argamassa de cimento branco, com ou sem a adição de corantes.

Todos os aparelhos serão instalados de forma a permitir a sua fácil limpeza e/ou
substituição.

1.1.1. Vasos (bacias) Sanitários

A bacia sanitária foi criada na Inglaterra no fim do século XIX. Inicialmente chamada de
“water closet”, juntamente com as instalações prediais de água e de esgoto constituíram
um notável avanço tecnológico que possibilitou ao homem deslocar-se do campo para
concentrar-se nos centros urbanos. Os mais velhos devem se lembrar das “casinhas” que

193
Aula 15 – Demais Acabamentos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

ficavam no fundo dos quintais e que abrigavam uma fossa séptica e onde as pessoas iam
para fazer suas necessidades fisiológicas.

Pelo design atual, a bacia sanitária é um recipiente de formato anatômico que contém
um poço de água destinado a receber os resíduos. Estes são removidos por um dispositivo
interno mediante um fluxo de água.

A energia hidrodinâmica utilizada no processo é provida por um dispositivo de


descarga que supre a bacia sanitária com água em volume e velocidade adequados não
apenas para a remoção dos resíduos depositados na bacia mas também para conduzi-los
pela tubulação de esgoto horizontal e vertical até chegar à rede pública ou a uma fossa
séptica que fará o tratamento dos resíduos antes de devolvê-los à natureza.

1.1.1.1. TIPOS DE BACIAS SANITÁRIAS

Em termos remoção dos resíduos existem dois tipos básicos de bacia sanitária -- as que
fazem a limpeza por sifonagem e os que funcionam pelo princípio do arraste.

• Limpeza por sifonagem: As bacias sanitárias convencionais que funcionam


pelo princípio da sifonagem descarregam o esgoto para baixo. Enfatizando, as
bacias que funcionam por este princípio só podem descarregar o fluxo para
baixo.
• Limpeza por arraste: São bacias de saída horizontal, fazendo a limpeza através
do arrastro de um fluxo de água forte e contínuo. É o tipo de bacia utilizada
em banheiros racionais, nos quais a tubulação de esgoto é instalada no
interior de paredes do tipo “dry wall" acima do nível do piso. A limpeza por
arraste permite direcionar o fluxo da descarga tanto no sentido horizontal
como de cima para baixo. Com isto, bacias de saída horizontal podem ser
apoiadas no chão ou suspensas, quando são fixadas na parede do banheiro.

Em muitos países desenvolvidos a preferência sempre foi pelos sistemas de descarga


por caixa acoplada, que gasta um volume pequeno e fixo de água. No Brasil, entretanto, o
sistema mais usado até hoje é o de válvula de descarga.

194
Aula 15 – Demais Acabamentos
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

A exemplo do que acontece no primeiro mundo, em 1997, com a finalidade de reduzir


o consumo d'água nas instalações sanitárias, o Ministério do Interior através do Programa
Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H) estabeleceu em norma os
novos limites máximos de utilização de água para a limpeza de bacias sanitárias.

Segundo essa determinação governamental, até o ano de 1999 as bacias sanitárias


utilizadas no Brasil poderiam consumir até 12 litros de água de descarga por ciclo. A partir
do ano de 2000 o limite máximo de utilização d'água por bacias sanitárias e a partir de 2002
o teto é de 6 litros, nível este que já é adotado pelos países da Comunidade Europeia e da
América do Norte.

Para que se possa estabelecer e controlar o volume do consumo de água das bacias
sanitárias é necessário que a descarga seja provida de uma caixa de descarga, que por sua
própria natureza só pode liberar volumes de água de acordo com o volume do seu
reservatório. Isto porque é impossível, na prática, controlar o volume de descarga liberado
por válvulas fluxíveis.

Entretanto, o esforço dos fabricantes de metais e louças sanitárias logrou desenvolver


modelos que, quando combinados e instalados adequadamente, permitem que a norma de
6 litros por descarga seja cumprida até mesmo usando bacias sanitárias com limpeza por
válvula de descarga.

Outra maneira de se classificar as bacias é quanto à alimentação. Segue a imagem dos


três tipos existentes.

1.1.2. Cubas, Tanques e Lavatórios

Os principais tipos de cubas, tanques e lavatórios em louça seguem os seguintes


critérios de classificação:

• De Embutir: são os tipos mais conhecidos e mais econômicos. São coladas por
baixo da bancada e esta precisa ter um recorte na medida exata da cuba;
• De Apoio: são peças colocadas inteiramente sobre a bancada e precisam
apenas do furo para o escoamento da água. Deve-se atentar às torneiras para

195
Aula 15 – Demais Acabamentos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

este tipo de cuba, pois elas devem ser de parede ou então deve-se adquirir
uma torneira mais alta do que a cuba utilizada. E tenha uma atenção especial
também à altura da bancada que deve ser mais baixa do que o comum;
• De Sobrepor: são bem parecidas com os modelos de embutir, mas ao
contrário delas, são embutidas pelo lado de cima da bancada deixando uma
moldura aparente.
• De Semi-encaixe: são ideais para quem não pode fazer uma bancada com
grande profundidade. Elas são encaixadas apenas pela parte de trás, e a parte
da frente fica para fora da bancada. Para banheiros pequenos não se
esquecer de verificar a abertura da porta, pois caso seja perto da cuba, talvez
se tenha que fazer a troca por uma porta-camarão ou porta de correr em
trilho.
• De Parede: como o nome já diz, são fixadas diretamente na parede sem
precisar de bancada. Mas também podem ter o apoio de bancadas, e neste
caso não precisam de materiais que suportem muito peso já que o peso
estará distribuído na parede.
• De Coluna: também muito tradicionais, são utilizados para esconder a saída
de esgoto que geralmente é de chão. São compostos por 2 peças, sendo uma
o lavatório e a outra, a coluna.

1.2. Metais e Acessórios

Os metais e acessórios deverão atender as especificações de projeto. O encanador


deverá proceder a remoção de todos os resíduos de argamassa, concreto ou outros
materiais que porventura estejam presentes nas roscas e conexões das tubulações às quais
serão conectados os metais sanitários. Deverá, também, proceder a uma verificação visual
quanto a possíveis obstruções nas tubulações e removê-las quando for o caso.

Nas conexões de água deverá ser utilizada a fita veda-rosca. Sua aplicação deverá ser
efetuada com um mínimo de 02 voltas na conexão que possuir a rosca externa, sempre no
mesmo sentido de giro para acoplamento. Nas conexões de esgoto deverá ser utilizado o
anel de borracha, fornecido pelo fabricante da peça, visando a estanqueidade da ligação.

1.2.1. Torneiras

Podem ser de fluxo único, misturadores ou monocomandos, classificando-se em de parede


ou bancada. Na hora da construção da edificação, pensa-se em muitas coisas,
principalmente no tamanho, espaçamento e divisões dos cômodos. Mas é necessário
dimensionar os diversos itens e acessórios para compor todas as necessidades dos
ambientes.

196
Aula 15 – Demais Acabamentos
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

As torneiras com misturadores permitem misturar melhor água quente e fria como se
preferir combinar, afinal, apresentam duplo comando, um de água fria e um de água
quente. As torneiras simples, de um só comando, são aquelas que quanto mais você ligar, a
água ficará mais fria. A torneira e misturador é uma ótima opção para quem dispõe
orçamento. Já o monocomando é uma torneira misturadora de uma só manopla, com dois
sentidos de giro, centralizando em uma só peça as funções de liberação e controle da água
quente e fria.

Torneiras de parede e torneiras de bancada diferem entre si pelo local onde são
fixadas. As torneiras instaladas na parede ficam com o sifão embutido, liberando espaço no
gabinete sob a pia. Por outro lado, o fato de ser embutido faz com que a manutenção seja
mais complicada, pois em caso de vazamento é preciso quebrar a parede para consertar. O
importante é lembrar que a escolha entre as torneiras de parede ou de bancada deverá ser
feita antes da execução dos pontos de hidráulica, já que as alturas são diferentes nas duas
situações.

1.2.2. Acessórios

Podem ser em diversos materiais. São utilizados obrigatoriamente para a formação do


conjunto hidráulico (um sifão, por exemplo) ou para agregar utilidades aos cômodos, como
um toalheiro em um banheiro. Os principais acessórios são:

• Tubos de ligação: ligam o ponto de parede ao vaso sanitário convencional;


• Assento para bacia sanitária: instalada em todos os modelos de vasos para
proporcionar conforto e higiene;
• Válvula de descarga: peça de parede de acionamento em modelos de bacias
convencionais;
• Sifão: peça de recolhimento de esgoto de pias, lavatórios e tanques ligando-os
à parede;
• Flexível ou engate: peça de abastecimento de torneiras de bancadas em pias,
lavatórios, tanques e vasos com caixa acoplada. Ligados à parede.

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Aula 15 – Demais Acabamentos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Válvula para lavatório ou cuba: peça de estanqueidade intermediária de sifões


e cubas/lavatórios;
• Cabideiros, saboneteiras, papeleiras, toalheiros: peças acessórias de
complementos em banheiros.

2. Paisagismo

Faz-se necessário, em um fim de obra, o aprendizado das noções básicas para a que
seja proporcionado ao profissional competente (geralmente arquiteto ou paisagista) as
condições necessárias para implantação do projeto de paisagismo. Ao fim da obra,
dependendo de seu porte, é muito comum que os solos estejam muito contaminados com
caliças, argamassas, entulho, cimento e outros tipos de impurezas que não são ideais para o
cultivo de plantas. Geralmente, nesta etapa, para as áreas em que serão feitas alterações
paisagísticas, uma camada de aproximadamente 15 cm é removida a fim de se eliminar este
problema e um novo solo é implementado.

2.1. Plantas

Podem-se dividir as plantas, quanto ao manejo, em: árvores, palmeiras, arbustos,


herbáceas, epífitas, aquáticas, filícias e cactáceas. São as seguintes as características de cada
grupo:

Como forrações temos o grupo das herbáceas (p. ex. gramas), algumas cactáceas,
aquáticas e algumas filícias.

As principais características de cada grupo são as seguintes:

• Árvores: O grupo divide-se em árvores de pequeno, médio e grande porte,


variando de 3 m até mais de 100 m de altura em alguns casos. Caracterizam-
se por possuir caule e adensamento de folhas na copa. A maioria das árvores
pertence à divisão das Angiospermas. As coníferas pertencem à divisão das
Gymnospermas, e em sua maioria também se enquadram no porte arbóreo.

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Aula 15 – Demais Acabamentos
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

Ao plantar-se uma árvore deve-se sempre se preocupar com o seu futuro. Ou


seja, entre outras questões: quando crescer criará algum problema para a
rede elétrica? As suas dimensões, com respeito ao volume e área da copa, são
compatíveis com o local? E com o distanciamento de plantio proposto? Irá
sombrear alguma área onde deseja-se sol? Levantará pisos, guias ou
calçadas? Poderá criar eventuais obstruções às redes de água e esgotos?
• Palmeiras: Também divididas em pequeno, médio e grande porte, variam de
0,50 m a 50 m. Distinguem-se das árvores por não possuírem brotação lateral
no caule (com raras exceções) e pela disposição dos vasos líbero-lenhosos,
que se espalham por todo o tronco (nas árvores formam anéis periféricos).
Ainda em relação ao caule, as palmeiras são divididas em dois grupos: as
monocaules, que, como o nome diz, têm só um caule (palmitos, coqueiros,
etc.); e as multicaules (areca-bambu, açaí, etc.). Pertencem às Angiospermae,
classe Monocotiledoneae, família Palmae.
• Arbustos: São plantas que não atingem grande porte; em geral são espécies
lenhosas e possuem formação densa junto à superfície do solo. Neste grupo
encontram-se algumas trepadeiras, como alamanda, e folhagens como o
guaimbé e a sanchesia.
• Herbáceas: Com algumas exceções, possuem caule com consistência de erva e
pouco desenvolvido, portanto têm hábito rasteiro. Neste grupo, incluem-se as
forrações (ajuga, clorofito, etc.), as folhagens (marantas, etc), as gramíneas
(grama preta, grama São Carlos, etc) e algumas trepadeiras, por exemplo
(ipomea) as madressilvas e a hera (estas espécies seriam classificadas como
semilenhosas. Além dessas, encontramos as semi-herbáceas, como a yuca-
mansa, ou filamentosa. Existem também alguns arbustos herbáceos, como é o
caso da maior parte das helicônias. A maioria destas plantas pertencem às
angiospermas.
• Epífitas: São plantas que se desenvolvem sobre as árvores, para receber mais
luz. Esse hábito muitas vezes faz com que pareçam parasitas. O cultivo das
epífitas deve conter substratos ricos em matéria orgânica, fibras e uma
excelente drenagem. Entre as mais conhecidas, destacam-se as bromélias, as
orquídeas, algumas cactáceas (como ripsalis), entre outras. A maioria destas
plantas pertencem às Angiospermae.
• Aquáticas: Ainda pouco usuais nos nossos jardins, por causa das dificuldades
em controlar o desenvolvimento das algas verdes, as plantas aquáticas
subdividem-se em três grupos: as que ficam submersas, as que ficam na
superfície e as que vivem em terras encharcadas. Muitas podem ser
cultivadas em vasos. Entre as mais comuns estão: aguapés, ninfeas, lótus,

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Aula 15 – Demais Acabamentos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

taboas e papiros. A maioria destas planta sutilizadas em jardinagem


pertencem às Angiospermae.
• Filícias: São samambaias, avencas, chifres-de-veado, cavalinhas, entre outras
plantas que se caracterizam por te duas fases de vida: assexuada e sexuada
(na qual necessitam de muita umidade para se reproduzir). A maioria dessas
plantas pertence às Pteridophytae.

2.2. Solos

A camada superior de terra tem o nome de “solo fértil”. Abaixo em estágio


intermediário de composição, encontra-se o subsolo. Mais baixo ainda, temos a rocha-mãe.
Essas três camadas formam o “perfil do terreno”. O solo fértil, camada biológica ativa,
praticamente inexistente no solo das grandes cidades, caracteriza-se pela cor escura e por
sua porosidade. A cor é devida à presença de matéria orgânica, gerada pela decomposição
dos restos vegetais e animais (húmus). A porosidade é essencial, sem ela não haveriam
trocas gasosas, como o oxigênio que as raízes precisam captar do ambiente.

Conforme a capacidade que o solo tem de permitir a passagem de ar (aeração) e a


retenção da água, o solo é classificado em dois grupos: Os argilosos e os arenosos,
característica que interferirá na sua fertilidade. A terra argilosa, encontrada principalmente
nos banhados, retém grande quantidade de água e não deixa muito espaço para o oxigênio.
A camada aerada é, portanto, bastante estreita.

Em solos assim também chamados “solos pesados”, desenvolveram-se plantas com


um tipo de raiz superficial, para captar o oxigênio próximo à superfície. O solo arenoso, ao
contrário tem uma grande camada aerada. Tão grande que, devido à extrema porosidade,
quase não consegue reter a água, nem os sais minerais que ela carrega para baixo. A esses
solos, pobres em nutrientes, dá-se o nome de “solos leves”. As plantas que nele se
adaptaram têm raízes profundas para buscar a água e os sais minerais em camadas
inferiores.

2.2.1. PH

O PH, potencial de hidrogênio, é um índice que mede a acidez ou alcalinidade do solo.


Varia de 1.0 a 4.0, sendo que o número 7.0 representa PH neutro. Abaixo disso, quanto
menor o índice, mais ácido é o solo. Assim, PH 6.5 indica ligeira acidez, PH entre 5 e 6 é sinal
de acidez e PH menor que 5.0 significa que o solo é muito ácido. Acima de 7.0, quanto maior
o PH maior a alcalinidade. Quase não existem solos alcalinos. Os brasileiros, em geral, são
ácidos, devido à grande quantidade de alumínio e aos baixos teores de cálcio e magnésio.
Na maior parte dos solos, o PH varia de 3.0 a 9.0, sendo considerado ideal entre 6.0 e 6.5,
para a maioria das espécies utilizadas em jardinagem.

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Aula 15 – Demais Acabamentos
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

2.2.2. Adubação Química

É o fornecimento dos nutrientes necessários à planta na forma de sais, como o NPK, a


famosa formulação química que contém nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). O NPK
permite concentrações diferenciadas desses três elementos químicos, que são expressas em
porcentagem. A formulação contém três percentuais, cada qual referindo-se a um dos
componentes. Exemplo: o NPK 15:8:20 é composto por 15% de nitrogênio, 8% de fósforo e
20% de potássio. Fórmulas assim, com diferenças na quantidade de cada elemento, são
muito utilizadas na agricultura, por uma questão de economia. Antes da aplicação do NPK, o
solo deve ser rigorosamente analisado, para se saber exatamente quais as suas deficiências.

2.2.3. Adubação Orgânica

É aquela em que se empregam restos vegetais que, decompostos por micro-


organismos, forma o húmus, substância responsável pela fertilidade do solo. É na presença
do húmus que se formam as pequenas “esponjas” ou “grumos”, que fazem o solo reter a
água e os nutrientes solúveis. Os grumos são compostos de partículas de solo mineral
unidas por uma cola bacteriana, produzida a partir do ácido húmico.

Nos jardins e vasos usa-se o composto orgânico previamente preparado na


composteira, ou o húmus de minhoca. Ambos oferecem um material visivelmente
homogêneo e livre de odores, embora seja recomendado deixar que uma pequena camada
de matéria orgânica se decomponha no local, para um melhor aproveitamento dos ácidos
produzidos durante o processo.

Outros muitos fatores são importantes para o desenvolvimento de um bom projeto


paisagístico, como clima, temperatura, pedras ornamentais etc. Porém, como dito, são
preocupações de outros profissionais. O elementar, no que tange a parte do Engenheiro ou
Técnico, é o conhecimento das condições mínimas de se entregar um solo e o
comportamento das principais plantas, já que a estrutura do canteiro é de responsabilidade
destes.

3. Desmobilização de Canteiro

Após a conclusão da parte física da obra, chega-se o momento de preparar o canteiro,


que passará a se chamar definitivamente empreendimento, para ser entregue ao
contratante ou proprietário. Nesta fase, que é de responsabilidade do executor, deve-se
proceder conforme as seguintes ações, quando aplicáveis:

• Desmontagem e remoção das instalações físicas da obra: alojamentos, baias,


depósitos, escritórios, etc., deverão ser removidos e todo o material que não

201
Aula 15 – Demais Acabamentos
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

será reutilizado em outro canteiro (expurgo) deverá ser destinado para local
apropriado, conforme previsão das normas para resíduos;
• Desativação e remoção do sistema de abastecimento de água e do sistema de
esgotamento sanitário do canteiro de obras: as instalações hidráulicas
provisórias para funcionamento do canteiro também deverão ser removidas
e/ou desabilitadas;
• Demolição e remoção das vias internas do canteiro de obras: todo e qualquer
trajeto logístico não constante em projeto deverá ser recuperado a fim de que
atenda as especificações finais de empreendimento;
• Demolição e remoção do sistema de iluminação: assim como as instalações
hidráulicas, as instalações elétricas provisórias deverão ser desabilitadas e
removidas;
• Recuperação de áreas degradadas: não deve-se existir vestígios de que o local
já foi um canteiro de obras, ou seja, as áreas degradadas deverão ser
recuperadas e entregues conforme observações de contratação;
• Limpeza final da área: remoção de todo e qualquer tipo de material
construtivo e de construção que denigra o aspecto de obra finalizada.

Ba s ea do e a da ptado de Prof.
Wa l nyce de Ol i vei ra Sca l i s e, DECA
e Pol a ri s Cons ul tori a . Edi ções
s em prejuízo de conteúdo.

202
Aula 16 – Sistema de Gestão da Qualidade
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Aula 16: Sistema de Gestão da Qualidade

A implantação do Sistema da Qualidade em uma empresa de construção civil tem como


objetivo assegurar que seus processos e produtos satisfaçam às necessidades e às
expectativas dos clientes externos e internos. Uma das estratégias utilizadas para a gestão
dessas empresas e melhoria de seus processos consiste na implantação de sistemas evolutivos
de certificação, baseados na série de normas ISO 9000, adaptados às empresas de construção.
O programa em estudo refere-se ao PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade na Habitação), cujo objetivo é promover a melhoria da qualidade e o aumento
da produtividade no setor da construção civil, buscando o aumento da competitividade dos
bens e serviços produzidos.

1. Sistema ISO 9000

Os padrões da qualidade série ISO 9000 referem-se ao conjunto de padrões


internacionais para a documentação dos processos que uma organização utiliza para
produzir seus produtos e serviços. O objetivo dos padrões ISO 9000 é satisfazer os requisitos
de garantia da qualidade do cliente da organização e aumentar o nível de confiança do
cliente na organização de seus fornecedores. Quando as organizações dispõem de um modo
objetivo para avaliarem a qualidade dos processos de seus fornecedores, o risco de fazer
negócios com os mesmos é reduzido de forma significativa. Quando as normas de qualidade
estão realmente padronizadas, as empresas compradoras podem ter mais confiança de que
as empresas fornecedoras produzirão produtos e serviços que satisfarão suas necessidades.

As normas ISO Série 9000 procuram analisar o conceito qualidade de forma sistêmica
considerando as interfaces presentes nas empresas desde a definição da ideia até a
concretização do produto, considerando ainda os fatores materiais (insumos básicos,
equipamentos, processos); humanos (treinamento, remuneração, motivação) e gerenciais
(responsabilidades, custos, comunicação etc.) que nelas interferem.

O mundo da construção está evoluindo de forma muito rápida: o número de materiais


e técnicas cresce continuamente. Algumas características da indústria da construção civil
são:

• Grande número de intervenientes;

203
Aula 16 – Sistema de Gestão da Qualidade
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

• Diversidade de serviços e equipes;


• Variedades de materiais e insumos;
• Desperdícios altos;
• Indústria “móvel” sujeita a uma série de tribulações;
• Incidência relativamente alta de problemas patológicos;
• Número relativamente alto de subempreiteiros com excessiva delegação de
responsabilidade para o bom funcionamento do processo de construir.

Ademais, as normas série ISO 9000 são guias gerenciais que destacam as práticas
organizacionais, do planejamento e das técnicas de controle da qualidade de produto ou
serviço. A denominação certificação de sistemas da ISO 9000 nas empresas compreende:

• Verificação do sistema da qualidade;


• Verificação da documentação;
• Processos de compras, controles de custos etc.;
• Verificação da estabilidade dos processos de produção através de auditorias;
• Verificação da eficiência (eliminação de desperdícios, retrabalho, etc.).

Para a Construção Civil, o fluxograma abaixo representa um resumo de sua atuação:

Todos esses recursos técnicos e visão sistêmica oferecidos pelo Sistema da Qualidade,
baseados na norma ISO 9000, contribuem para a organização e gerenciamento das
empresas de construção civil. Atualmente programas nacionais como QUALIHAB E PBQP-H
fundamentam-se em princípios de qualidade do Sistema ISO 9000.

2. Sistema PBQP-h

204
Aula 16 – Sistema de Gestão da Qualidade
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

A longo prazo, o PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no


Habitat) tem como objetivo propiciar a melhoria da qualidade no habitat e a modernização
produtiva, bem como, por meio de uma isonomia competitiva, buscar soluções de melhor
qualidade e mais baratas para o déficit habitacional do Brasil (PBQP-H, 2003). O PBQP-H é
um programa que possui as seguintes características:

• Adesão voluntária respeitando as características dos setores industriais


envolvidos e as desigualdades regionais;
• Tem o objetivo futuro de ser integralmente assumido pelo setor privado;
• Procura estimular o uso mais eficiente dos recursos existentes, das distintas
fontes (FGTS, poupança etc.) e aplicados por diversas entidades (CAIXA,
BNDES, FINEP, SEBRAE, SENAI etc.) não utilizando novas linhas de
financiamento;
• Criação e estruturação de um novo ambiente tecnológico e de gestão para o
setor (gestão e organização de recursos humanos, qualidade, suprimentos,
das informações e dos fluxos de produção e gestão de projetos).

Uma observação importante é que o sistema “controla” por meio de fiscalização das
contratantes públicas a quase totalidade de serviços de uma obra. A partir dos prazos
estabelecidos nos acordos, é exigido o atestado de qualificação do PBQP-H das empresas
que se habilitarem a obter créditos para construção habitacional junto à Caixa Econômica
Federal – CEF. A CEF considera que a adaptação das empresas ao Programa desencadeia
custos com capacitação de mão-de-obra, treinamento, acesso a programas de qualidade,
projetos e materiais podendo demandar máquinas e equipamentos para se capacitarem a
operar com maior produtividade, com redução de custos ou com substancial melhoria de
qualidade.

3. Implantação nas Empresas

O modelo proposto por autores diversos apresenta os requisitos essenciais para a


organização de um sistema da qualidade, para o desenvolvimento de programas ou planos
da qualidade na empresa construtora. Em função das diferentes fases da obra, das formas
de subcontratação e dos níveis de qualidade aplicáveis a cada caso, propõe a implantação
de programas da qualidade em empresas considerando a necessária hierarquização dos
controles e dos planos de inspeção.

Os sistemas da qualidade são ferramentas gerenciais. A empresa deve possuir, em sua


rotina, procedimentos na área administrativa e de controle sistematizado da qualidade.
Para implementar o sistema da qualidade na construção é necessário considerar a seguinte
organização do sistema:

205
Aula 16 – Sistema de Gestão da Qualidade
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

• Funções: Alta direção, gerentes, Coordenação do Sistema da Qualidade,


Coordenadores de Obras, Engenheiros, Mestres, Encarregados e Funcionários;
• Gerenciamento: atribuições específicas, fluxogramas, procedimentos por
escritos, normas operacionais, planos de controle;
• Interfaces: relações interdepartamentais, coordenação de projetos, relação
com fornecedores, relações com empreiteiros, responsabilidades;
• Documentação: Manual da Qualidade, Procedimentos do Sistema da
Qualidade, Planilhas de Controle, auditorias internas, arquivo e distribuição
de documentos.

O sistema da qualidade da empresa (e seus procedimentos que envolvem os diversos


setores, com suas pertinências) deve ser definido pela mesma. A norma ISO deve, tão
somente, servir como referência ou apoio para a estruturação do sistema. Devido a isto,
não é interessante o aprofundamento nas delegações de tarefas nesta material, cabendo ao
aluno estudar sobre as filigranas do sistema em material mais adequado e completo.

3.1. Melhoria Contínua de Processo

Processo é “uma série sistemática de ações dirigidas à realização de uma meta.” Essa
definição genérica cobre vários tipos de processos:

• Processo de gerência de um negócio;


• Processos funcionais que representam as atividades funcionais executadas
dentro das funções como finanças, recursos humanos etc.;

206
Aula 16 – Sistema de Gestão da Qualidade
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

• Sistemas multifuncionais amplos como processamento de pedidos de clientes


ou faturamento, através dos quais são conduzidos os principais negócios da
empresa, os quais são conhecidos como macroprocessos;
• Os macroprocessos são compostos por tarefas ou passos que são conhecidos
como operações departamentais ou microprocessos, exemplo abertura de
correspondência ou montagem de caixas de câmbio;
• Processos usados para realizar os passos do planejamento da qualidade
como: identificação, necessidades do cliente, desenvolvimento do produto,
características de processos, controle de processos;
• Metas cuja direção os processos estão voltados. Exemplo, quando estão
dirigidas à fabricação de bens são conhecidos como processos de fabricação.

Os critérios para um processo ocorrer são a orientação para metas; o caráter sistêmico
que representa a interligação das atividades de forma coerente; a capacidade, isto é, o
resultado final do processo é capaz de atingir as metas para ele estabelecidas nas condições
operacionais; e a legitimidade evoluindo através de canais autorizados com aprovações das
pessoas as quais foram delegadas as responsabilidades associadas a ele.

A melhoria contínua afeta diretamente os processos. As melhorias são entendidas


como mudanças (incluindo significados como alterações, adequações, ajustes, modificações
ou transformações) em algum aspecto, ou no todo, de um processo (eficiência),
objetivando-se, ao final das intervenções, a obtenção de resultados mais interessantes
como saídas desses processos melhorados (eficácia). Elas podem se dar em vários níveis:

3.1.1. Melhoria contínua natural

A organização não tem nenhuma das habilidades essenciais e nenhum dos


comportamentos-chave, mas pode ter alguma atividade de melhoria, com a solução de
problema que ocorre ao acaso.

3.1.2. Melhoria contínua formal

Há mecanismos capacitados alocados e evidência de que alguns aspectos dos


comportamentos-chave estão começando a serem desempenhados conscientemente.
Características comuns deste nível são: solução sistemática do problema, treinamento no
uso de ferramentas simples de melhoria contínua e introdução de veículos apropriados para
estimular o envolvimento.

3.1.3. Melhoria contínua dirigida para a meta

207
Aula 16 – Sistema de Gestão da Qualidade
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

A organização está segura de suas habilidades e os comportamentos que as suportam


se tornam normas. A solução de problema é direcionada para ajudar a empresa a atingir
suas metas e objetivos, havendo monitoramento e sistemas de medição eficientes.

3.1.4. Melhoria contínua autônoma

A melhoria contínua é amplamente autodirigida, com indivíduos e grupos fomentando


atividades a qualquer momento que uma oportunidade aparece.

3.1.5. Capacidade estratégica em melhoria contínua

A organização tem todo o conjunto de habilidades e todos os comportamentos que as


reforçam tornam-se rotinas engrenadas. Muitas características atribuídas à organização de
aprendizado estão presentes.

As habilidades básicas e normas comportamentais, que demonstram o estágio da melhoria


contínua nas organizações, são apresentadas conforme quadro.

Após esta introdução básica, o tema voltará com maior profundidade nas “Ferramentas de
Controle de Qualidade” e demais assuntos, que serão melhores estudados na disciplina
Planejamento e Gestão de Obras.

Ba s ea do e a da ptado de Thoma z
(1993), Va rga s (1997), Souza (1996),
Jura n (1997) e Pra do (2002) .
Edi ções s em prejuízo de
conteúdo.

208
Aula 17 – Documentação de Fim de Obra
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Aula 17: Documentação de Fim de Obra

O processo de finalização de obra requer a compatibilização de várias questões fundamentais


para sua conclusão. A análise aqui sugerida abrange questões legais e operacionais que
devem ser resolvidas em curto espaço de tempo, e que na maioria das vezes foge do controle
de seus gestores. Então, busca-se com este o controle das tarefas envolvidas em todo o
processo com a função de orientar os gestores de obras a planejar as ações necessárias para a
conclusão da mesma. Assim pode-se, por exemplo, prevenir problemas futuros com a
antecipação de algumas das tarefas envolvidas cujos prazos serão indicados a seguir.

1. Roteiro

O modelo aqui proposto pretende ajudar os gestores de obras a finalizar de uma forma
mais ampla e previdente, a maioria das obras de edificação, minimizando os problemas
legais, quebra de prazos contratuais ou de documentação, posicionamento no
relacionamento com seus clientes (diretos e indiretos) e evitar possíveis prejuízos
financeiros em decorrência do não cumprimento de algumas das etapas que serão aqui
citadas. Obviamente é um texto genérico, que tem roteiro baseado na velocidade de
trâmite das localidades em que os dados foram levantados e, portanto, pode alterar de
cidade para cidade. É recomendável que as informações aqui contidas sejam utilizadas
como suporte ou direcionamento, conferindo-se empiricamente os prazos, principalmente
os mais curtos, para que não haja comprometimento de resultados em uma situação real de
entrega de obra.

1.1. Habite-se

Os parâmetros legais para conclusão de uma obra têm, como ponto culminante, a
solicitação de alvará de habite-se, que é emitido pela Prefeitura Municipal. O alvará de
habite-se, concedido pela Prefeitura, pode ser solicitado através de requerimento
elaborado pelo representante legal do empreendimento, dentro do prazo de validade do
alvará de licença, tendo em mãos os seguintes documentos: petição comunicando a
conclusão da obra, cópia do alvará de licença, anuência do autor quanto à observância do
seu projeto aprovado, prova de quitação do imposto territorial urbano, escritura registrada
do terreno e documentos de anuência das concessionárias de serviço publico (podendo

209
Aula 17 – Documentação de Fim de Obra
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

variar de acordo com a localidade). O prazo para vistoria e manifestação da autoridade


fiscalizadora será de no máximo 15 dias a contar da data de protocolo.

Após a 1ª vistoria na obra, se ficar constatado algum problema na inobservância do


projeto, a prefeitura concede um prazo para ajustes no mesmo quanto às disposições legais
ou deverá ser aplicada multa pela modificação, condicionada à sua quitação para obtenção
do alvará.

As observações feitas pelas prefeituras na vistoria, para obtenção do alvará,


geralmente são as seguintes: o projeto deve estar integralmente executado conforme o
aprovado pela mesma; tem que estar adequadamente pavimentado, todo o passeio
adjacente ao terreno edificado, quando houver meios-fios assentados; todo sistema de
esgoto deve estar ligado à rede pública; se não houver, deverá estar ligado à fossa séptica e
sumidouro ou estação de tratamento, conforme projetos específicos; deverá conter projeto
aprovado de drenagem das águas pluviais do terreno edificado e tem que apresentar
certificado de perfeito funcionamento dos elevadores, quando for o caso, expedido pela
empresa fabricante do equipamento; no caso de obras horizontais (conjuntos habitacionais,
condomínios fechados, etc.), deverão ainda ser acrescentados os seguintes documentos:
projetos aprovados de pavimentação das vias, rede elétrica, projetos aprovados com
anuência da concessionária de água e esgoto, projeto de paisagismo aprovado pelo órgão
competente, projeto de iluminação pública aprovado com anuência da Prefeitura
assumindo os custos de consumo após a entrega da obra e numeração métrica definitiva
das unidades e logradouros.

A prefeitura municipal poderá, em alguns casos, conceder estando a obra liberada


para uso, o alvará parcial, liberando a moradia quando a mesma não oferecer riscos para os
usuários da edificação, cujas unidades deverão ser independentes umas das outras. De
maneira alguma a concessora expedirá alvará de habite-se quando: as fachadas da
edificação não estiverem concluídas; o acesso às partes concluídas estiver sem condições de
uso ou for indispensável à utilização da parte concluída para acesso ao restante da obra;
obra ainda em construção ou por construir.

O prazo para os pedidos de alvará de habite-se são, geralmente, de no máximo 20 dias


a partir da data de protocolo da entrada do pedido na prefeitura. Este prazo pode ser
prorrogado em até o dobro do tempo, quando não se completarem as diligências que o
processo exigir.

1.2. Vistoria dos Bombeiros

Para obtenção do Habite-se, também se faz necessária a obtenção do Auto de Vistoria


do Corpo de Bombeiros (AVCB), a cargo da Polícia Militar. Esse documento atesta que a

210
Aula 17 – Documentação de Fim de Obra
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

construção possui as condições de segurança contra incêndio prevista pela legislação e


estabelece um período de revalidação. Nesta etapa, o bombeiro responsável checará se a
construção física condiz com a proposta no projeto aprovado de prevenção de incêndios.

O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros é indispensável nos seguintes casos:

• Construção e reforma;
• Mudança da ocupação ou uso;
• Ampliação da área construída;
• Regularização das edificações e áreas de risco;
• Construções provisórias (circos, eventos, etc.).

1.3. CND – INSS

Após a solicitação do alvará de habite-se, o empreendedor deverá solicitar a certidão


negativa de debito – CND do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Este documento
será emitido pela previdência social, para comprovar a regularidade de contribuições com a
Seguridade Social. Ela só é válida quando emitida eletronicamente, e não serão assinadas ou
carimbadas por servidor da previdência. O CND da construção é exigido quando da
averbação da obra no cartório de registro de imóveis ou por ocasião da inscrição ou
revalidação do memorial de incorporação no registro de imóveis.

A previdência social fará um cálculo (ARO) do valor dos recolhimentos totais da obra
tendo como base o CUB (Custo Unitário Básico), fornecido pelo SINDUSCON (Sindicato da
Indústria da Construção Civil). Se o valor calculado for igual ou superior a 70% do
recolhimento a certidão negativa será fornecida. No caso de valores inferiores, a parte
interessada, pode recorrer junto a fiscalização com a demonstração da contabilidade da
obra ou optar pôr pagar a diferença do cálculo estabelecido pelo INSS.

O prazo de validade da CND será de 90 dias contados a partir data de sua emissão. O
seu pedido deverá ser feito pela Internet, nas agências da previdência social ou através do
previfone, com fornecimento pelo próprio interessado, do numero de CNPJ (Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica), CPF (Cadastro de Pessoa Física) ou CEI da referida obra. Será
necessária a solicitação da sua baixa (cancelamento) junto ao INSS, para que não haja
problemas no futuro.

1.4. Averbação

Após a emissão do alvará de habite-se pode-se averbar a construção no cartório de


registro de imóveis. O interessado deverá apresentar o título a ser registrado ou averbado
ao cartório competente, de acordo com a localização do imóvel. O cartório emitirá o DAJ

211
Aula 17 – Documentação de Fim de Obra
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

(Documento de Arrecadação Judiciária) com o valor das custas correspondentes ao registro.


O prazo para entrega do respectivo registro estará definido na guia de protocolo. Após o
registro, o cartório poderá fornecer as seguintes certidões: positiva ou negativa de
propriedade; positiva de propriedade, com negativa ou positiva de ônus, de cadeia
sucessória ou vintenária ou de inteiro teor.

1.5. Escritura

O proprietário deverá lavrar sua escritura de valor declarado (compra e venda) para
validar sua propriedade; para isso deverá providenciar os seguintes documentos:
qualificação das partes (CPF, identidade, dados pessoais) ou promessa de compra e venda
entre as partes; certidão de quitação do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano);
certidão do distribuidor do foro (em nome do vendedor); certidão da justiça federal (em
nome do vendedor); certidão da justiça do trabalho (em nome do vendedor); declaração do
síndico (com firma reconhecida) que o condomínio está quitado; guia do ITIV (Imposto de
Transmissão Intervivos). A escritura pronta deverá ser registrada no cartório de registro de
imóveis no qual está inscrito, passando a ter validade como documento.

1.6. Ligações Definitivas

Quando da solicitação do alvará de habite-se, o construtor deverá estar com todas as


ligações definitivas estabelecidas pelos serviços públicos.

A ligação definitiva de energia é solicitada por telefone ou carta protocolada contendo


os dados da obra. A concessionária realizará vistoria para verificar se o projeto que ela
aprovou no início da obra está conforme. Não havendo problemas e a depender do caso, ela
ativa as unidades individualmente. Na utilização das áreas comuns, a ligação será em nome
da construtora, pois no período de ligação definitiva o condomínio ainda não estará
estabelecido. A concessionária emitirá carta de liberação para ser entregue quando da
entrada da solicitação do alvará de habite-se. Os nomes dos proprietários das unidades
deverão ser informados à concessionária para facilitar as ligações definitivas individuais, que
só serão feitas após a entrega do imóvel para cada proprietário.

A interligação das instalações hidráulicas do imóvel à rede pública de abastecimento,


assim como a conexão da rede interna de esgoto do imóvel ao coletor público de esgoto,
será estabelecida após solicitação do construtor, podendo ser por telefone ou por carta
protocolada pela concessionária; dentro do período interno da empresa, ela realiza vistoria
técnica ao empreendimento para verificação de não conformidade com o projeto aprovado
pela mesma. Estando tudo de acordo com o projeto, a concessionária emite sua carta de
liberação para o alvará de habite-se.

212
Aula 17 – Documentação de Fim de Obra
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Todas as cartas de liberação das concessionárias de serviços públicos serão parte


integrante da documentação exigida pela Prefeitura Municipal para obtenção do Alvará de
Habite-se.

2. Clientes Indiretos

Podem ocorrer dois tipos de Clientes Indiretos, que são os Clientes Indiretos Externos e
os Clientes Indiretos Internos.

Os Clientes Indiretos Externos são aqueles que estão atrelados em relação direta com
o contratante dos serviços. Podemos citar como exemplo Obras Públicas financiadas e/ou
contratadas por agente do governo (CEF – Caixa Econômica Federal) que contratam as
construtoras para a realização da obra e depois administram os seus clientes finais ( Ex.:
Obras Minha Casa Minha Vida, gerido pela CEF ); esse arrendatário seria para a construtora
o Cliente Indireto Externo, pois haverá a relação de Assistência Técnica no pós-entrega da
obra entre a construtora e o arrendatário através do agente financiador do Governo, essa
mesma relação se aplica a obra públicas tipo Hospitais, Parques, etc.

Vamos nos concentrar nos Clientes Indiretos Internos, que seriam na verdade os
Diretores e Acionistas da empresa. Para esta análise é preciso primeiro criar as ferramentas
de controle dos empreendimentos, para que assim possam ser acompanhados os resultados
financeiros das obras, gerar estratégias de Marketing promocional (vendas, financiamentos,
facilidades, etc.) para o antes e depois da obra, visando novos lançamentos, sem esquecer é
claro do nível de qualidade de execução da obra.

Todo processo passa pelo Planejamento Inicial, onde serão definidas todas as regras e
especificações da obra, objetivos, métodos, cronogramas, equipes e responsabilidades.
Desse plano maior podemos extrair algumas ferramentas que podem ajudar no controle e
acompanhamento de qualidade, prazo e resultado financeiro, respectivamente o SAR -
Sistema de Avaliação de Qualidade, Curva "S" e Balancete Mensal, com os indicadores
gerados a partir daí os diretores / acionistas poderão tomar atitudes gerencias com maior
rapidez e menos risco, evitando possíveis prejuízos e/ou aumentando lucros. Outro ponto
de influência que esses indicadores podem exercer está na consolidação da marca da
empresa no mercado imobiliário, visto que quanto mais eficaz o obra se torna através de
seus controles e medidas, mais clientes finais satisfeitos serão atraídos.

3. Desmobilização

Como visto na Aula 16, para retratar esse assunto devemos lembrar que a
Desmobilização de um Empreendimento começa antes mesmo da limpeza do terreno, pois

213
Aula 17 – Documentação de Fim de Obra
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

deverá fazer parte do Planejamento Executivo da obra. Dentro desse Planejamento


Executivo elabora-se um Plano de Qualidade, onde relatam-se as diretrizes gerais e as
definições de responsabilidades.

Existem alguns tipos de desmobilização que podem ser considerados como parte
integrante das obras, mais vamos nos ater aqui a três tipos deles:

• Desmobilização de Materiais para Bota-Fora (Entulhos);


• Desmobilização de Materiais Não Usados e / ou Reutilizáveis;
• Desmobilização de Equipamentos.

Os entulhos gerados no canteiro de obras devem atender as exigências das Legislação


Local, bem como as normas de segurança para acondicionamento e remoção dos diversos
materiais, segundo a Norma Regulamentadora NR-18 (Norma Regulamentadora nº 18 sobre
as Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção) no item de número
18.29 - Ordem e Limpeza , onde esse tema é abordado nos sub-itens de 18.29.1 a 18.29.5.

No Item 2, estão aí relacionados todos os materiais considerados "sobras" e que


podem ainda ser utilizados, por exemplo temos o material de pintura, fios e cabos de redes
provisórias, madeiramento dos barracões e silos, telhas, entre outros e também estão os
materiais que não chegaram a ser utilizados, tais como PVC, argamassas industrializadas,
pisos, etc. Para esses grupos de materiais há uma destinação específica, que na maioria dos
casos vistos nas empresas é feito através de negociação interna entre os responsáveis
diretos das obras sob supervisão em alguns casos da diretoria ou conduzidos a um local pré-
determinado para estocagem e futura reutilização.

No item 3, os equipamentos podem ser classificados em próprios e não próprios no


caso de aluguéis, com a desmobilização definida muitas vezes através do cronograma físico
da obra (Ex: Gruas, Torres Hércules, etc.). Todos os materiais e equipamentos do barracão
de escritórios, tais como computadores, aparelhos de ar condicionado, Fax, movelaria,
instalações especiais e outros, terão o mesmo tratamento dado no item 2, negociação e/ou
guarda para futura utilização.

Essas medidas quando aplicadas nas empresas e com o tempo se tornem filosofia na
gestão dos materiais, visam auxiliar os responsáveis pela obra (engenheiros, equipes,
diretores), no pós-entrega das obras evitando passivos financeiros (alugueis) ou situações
desagradáveis com o cliente final, pois o que ocorre com grande facilidade nos canteiros de
obra é a improvisação no trato dos diversos materiais que entram e saem, como os restos
de equipamentos danificados que são guardados e os entulhos em áreas ditas "perdidas"

214
Aula 17 – Documentação de Fim de Obra
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

nas garagens, ou terrenos baldios vizinhos, que podem vir acarretar multas, custo para
retirada com a obra pronta e consequentemente insatisfação do Cliente.

4. Entrega de Obra

Neste item são abordados assuntos referentes a explicações e procedimentos para


entrega da obra propriamente dita.

4.1. Questões Operacionais – Clientes Diretos de Obras Autônomas

Os Clientes diretos podem ser devido a obras públicas ou particulares.

4.1.1. Obra Particular

As obras particulares podem ser divididas de maneira simplificada em obras de


Incorporação e obras em Regime de Condomínio.

4.1.1.1. OBRAS POR INCORPORAÇÃO

A entrega da unidade de uma obra de incorporação é a finalização de uma sequência


de serviços efetuados durante o prazo da edificação. Foi separada a entrega em dois tipos:

• Entrega técnica;
• Entrega oficial das chaves;

Segundo informações de algumas empresas o procedimento para a dita entrega


técnica requer que todos os serviços estejam completamente executados e de acordo com
o padrão de qualidade e especificações definidos pela construtora no seu Plano de
Qualidade, esses serviços executados deverão estar "pagos", ou seja, não deve haver
nenhum tipo de pendência física / financeira na sua execução.

Para verificar esta situação, começou-se com a aferição dos serviços (medição)
executados que devem obedecer rigorosamente o que está definido na instrução de serviço
constante no manual de qualidade da empresa e no plano de qualidade da obra,
independentemente de a empresa trabalhar com mão de obra terceirizada ou do seu
próprio quadro de operários, essa aferição no campo é de vital importância para o
acompanhamento dos serviços, sua qualidade e o cumprimento de metas e prazos.

Estando com todos os serviços prontos, em um prazo determinado pela gerencia da


obra, inicia-se a vistoria interna.

A vistoria interna, que também faz parte do plano de qualidade da obra, contém a
relação de todos os cômodos da unidade e também dos serviços executados nos mesmos,

215
Aula 17 – Documentação de Fim de Obra
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

com a pergunta conforme ou não conforme e um espaço para colocar algum tipo de
observação, feita esta vistoria, este documento retorna para a equipe de produção para
fazer as correções necessárias junto aos responsáveis pela unidade. Feitas as correções, o
documento volta para o vistoriador para última verificação, e se tudo estiver atendido a
contento, dá como pronta a unidade.

O próximo passo é convidar o proprietário para receber a unidade, para isto existe
outro documento específico que deverá ser preenchido e assinado durante a visita do
proprietário. No caso da existência de alguma não conformidade relatada na vistoria, será
feita a correção e remarcada outra visita para efetuar a segunda vistoria e assim até a
entrega técnica da unidade.

Os serviços relatados na vistoria com o cliente serão corrigidos desde que as


solicitações sejam procedentes e dentro do padrão de qualidade especificado para a obra.

Feita a entrega técnica ao cliente, que assina um documento aceitando a unidade,


envia-se todas as chaves do imóvel ao setor de incorporação da empresa, que convida o
proprietário para fazer a entrega oficial.

A entrega oficial das chaves, feita pelo setor de incorporação da empresa somente
acontece após a entrega técnica. Para se proceder a entrega oficial é necessário que o
cliente esteja rigorosamente em dia com as obrigações financeiras frente à empresa, e
assinar os documentos necessários para este fim.

4.1.1.2. OBRA EM REGIME DE CONDOMÍNIO

A entrega das unidades de uma obra de condomínio segue as mesmas sequências de


procedimentos utilizadas para uma obra de incorporação. As únicas diferenças são:

• Quem faz as vistorias internas das unidades é o engenheiro fiscal contratado


diretamente pelos condôminos ao longo da execução da obra.
• A entrega definitiva das chaves é feita imediatamente a aceitação na vistoria
com o cliente, desde que o mesmo esteja adinplente com suas obrigações
financeiras, frente
• O condomínio, fato que é checado pela própria administração da obra.

4.1.2. Obra Pública

Neste tipo de obra existem as vistorias internas durante o decorrer da obra feita por
um fiscal residente ou que acompanha a obra com visitas periódicas, solicitando a correção
de todos os serviços não conformes. Isso se dá através de formulário especifico que pode
sofrer variações de órgão para órgão fiscalizador.

216
Aula 17 – Documentação de Fim de Obra
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO

Após a conclusão dos serviços da obra, constante no escopo do contrato, o fiscal dá


como finalizada a obra, passando assim ao órgão contratante para fornecer a construtora o
documento de recebimento da obra. `

4.2. Cliente Direto – Áreas Comuns

Os procedimentos adotados para a entrega das áreas comuns dos empreendimentos


são basicamente os mesmos que contemplam as unidades autônomas.

Nas obras particulares tanto de Incorporação como de Condomínio, as empresas


construtoras estimulam a formação de uma comissão de proprietários com ou sem o
engenheiro fiscal contratado (no caso de condomínio), para que após todo o processo de
vistorias internas feitas pela construtora, essa comissão, em data combinada venha
executar sua vistoria nas diversas áreas e equipamentos.

Pode-se citar que é uma prática comum em quase todas as construtoras, cada qual
com seus formulários e procedimentos na hora da vistoria, mas vale aqui ressaltar alguns
itens que são indispensáveis para atender a entrega destas áreas.

A comissão deve ser orientada num formulário a verificar alguns itens e documentos
que a maioria das pessoas leigas em construção desconhece. Como exemplo pode-se citar:

• Check List de equipamentos hidráulicos, elétricos e telefônicos;


• Check List de Redes em Funcionamento (Água, Esgoto e Pluvial);
• Manual de uso e manutenção de equipamentos para ser entregue ao síndico
(piscina, bar, salão de festas, ginástica, jogos, quadra de esportes, sauna,
etc.);
• As Built dos projetos executados.

O mesmo se aplica para as áreas comuns das obras públicas.

A entrega de obra é parte integrante do planejamento e processo de projeto de um


empreendimento imobiliário e necessita de especial atenção desde o início do
empreendimento. Os termos de garantia e manual do proprietário são entregues no ato do
recebimento do imóvel. Deverão constar nesses documentos informações, sobre prazos de
garantia e manutenções preventivas necessárias de itens de serviços e materiais, relativas à
unidade autônoma e às áreas comuns.

Após serem feitas as vistorias internas pela empresa e no momento em que for
terminada a obra, será feita a vistoria da área comum com o cliente externo (síndico e/ou
seus representantes), utilizando-se o Termo de Vistoria das Áreas Comuns verificando se as
especificações constantes no memorial descritivo foram atendidas, e se há vícios aparentes

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Aula 17 – Documentação de Fim de Obra
UNIDADE 4 – FINALIZAÇÃO

de construção. Também serão testados as instalações e equipamentos constantes na obra.


Dessa forma será feito o recebimento por parte do cliente apontando pontos de pendências
a serem reparadas pelo construtor, caso houver vícios, para sua aceitação.

Nesse momento, será entregue ao síndico, a versão definitiva do Manual de Áreas


Comuns com a indicação dos principais fornecedores, com relação de projetos, as built e
relação de documentos, objetivando especificar a correta utilização e a manutenção das
áreas comuns de acordo com os sistemas construtivos e materiais empregados,
esclarecendo quanto aos riscos de perda de garantia devido ao mau uso pela falta de
conservação e manutenção preventiva adequadas.

Para que a manutenção preventiva obtenha os resultados esperados de conservação,


objetivando o prolongamento da vida útil do imóvel, deve ser elaborado um programa de
manutenção preventiva baseados na norma NBR 5674 – Manutenção de Edificações e nas
informações contidas no Manual do Proprietário e no Manual das Áreas Comuns onde as
atividades e recursos são planejados e executados de acordo com as especificações e
peculiaridades de cada empreendimento. A sua elaboração é de responsabilidade do
síndico, mas deve ser acompanhado por parte do construtor.

A incorporadora e/ou construtora fica responsável por fornecer todas as


documentações necessárias entregar o termo de garantia, manual do proprietário, manual
das áreas comuns contendo as informações específicas do edifício, realizar os serviços de
assistência técnica dentro do prazo e condições de garantia e prestar esclarecimentos
técnicos sobre materiais e métodos construtivos utilizados e equipamentos instalados e
entregues ao edifício.

Ba s ea do e a da ptado de Hugo
Sa ntos , Joã o Pedro Sa ntos , Pa bl o
Cos ta e Sol a nge Nei va . Edi ções
s em prejuízo de conteúdo.

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