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IFSC – DACC – EDIFICAÇÕES

TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL I

CAPÍTULO 1 – O TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES E AS LEIS


PROF. VICENTE NASPOLINI

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IFSC – DACC – EDIFICAÇÕES TEC I – CAPÍTULO 1 – O TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES E A LEGISLAÇÃO PROF. VICENTE NASPOLINI

O TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES

O técnico em edificações tem a sua atuação regulada pela Lei Federal nº 5.524
de 5 de novembro de 1968. Abaixo um trecho da lei:

Art. 2º A atividade profissional do Técnico Industrial de nível médio efetiva-


se no seguinte campo de realizações:
I - conduzir a execução técnica dos trabalhos de sua especialidade;
II - prestar assistência técnica no estudo e desenvolvimento de projetos e
pesquisas tecnológicas;
III - orientar e coordenar a execução dos serviços de manutenção de
equipamentos e instalações;
IV - dar assistência técnica na compra, venda e utilização de produtos e
equipamentos especializados;
V - responsabilizar-se pela elaboração e execução de projetos, compatíveis
com a respectiva formação profissional.
(Fonte: PLANALTO, https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5524.htm)

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A Lei acima é regulamentada pelo Decreto nº 90.922 de 6 de fevereiro de 1985, cujo texto detalha
mais os objetivos e limites da atuação do técnico em edificações:

Art. 4º As atribuições dos técnicos industriais de 2º grau, em suas diversas modalidades, para efeito do exercício profissional e de sua
fiscalização, respeitados os limites de sua formação, consistem em:
I - executar e conduzir a execução técnica de trabalhos profissionais, bem como orientar e coordenar equipes de execução de
instalações, montagens, operação, reparos ou manutenção;
II - prestar assistência técnica e assessoria no estudo de viabilidade e desenvolvimento de projetos e pesquisas tecnológicas, ou
nos trabalhos de vistoria, perícia, avaliação, arbitramento e consultoria, exercendo, dentre outras, as seguintes atividades:
1. Coleta de dados de natureza técnica;
2. Desenho de detalhes e da representação gráfica de cálculos;
3. Elaboração de orçamento de materiais e equipamentos, instalações e mão-de-obra;
4. Detalhamento de programas de trabalho, observando normas técnicas e de segurança;
5. Aplicação de normas técnicas concernentes aos respectivos processos de trabalho;
6. Execução de ensaios de rotina, registrando observações relativas ao controle de qualidade dos materiais, peças e
conjuntos;
7. Regulagem de máquinas, aparelhos e instrumentos técnicos.
III - executar, fiscalizar, orientar e coordenar diretamente serviços de manutenção e reparo de equipamentos, instalações e
arquivos técnicos específicos, bem como conduzir e treinar as respectivas equipes;
IV - dar assistência técnica na compra, venda e utilização de equipamentos e materiais especializados, assessorando,
padronizando, mensurando e orçando;
V - responsabilizar-se pela elaboração e execução de projetos compatíveis com a respectiva formação profissional;
VI - ministrar disciplinas técnicas de sua especialidade, constantes dos currículos do ensino de 1º e 2º graus, desde que possua
formação específica, incluída a pedagógica, para o exercício do magistério, nesses dois níveis de ensino.
§ 1º Os técnicos de 2º grau das áreas de Arquitetura e de Engenharia Civil, na modalidade Edificações, poderão projetar e
dirigir edificações de até 80m² de área construída, que não constituam conjuntos residenciais, bem como realizar reformas,
desde que não impliquem em estruturas de concreto armado ou metálica, e exercer a atividade de desenhista de sua
especialidade.
(Fonte: PLANALTO, https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d90922.htm)
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O parágrafo 1º da lei acima é o mais importante por delimitar claramente o escopo


profissional dos técnicos em edificações:

§ 1º Os técnicos de 2º grau das áreas de Arquitetura e de Engenharia Civil, na


modalidade Edificações, poderão projetar e dirigir edificações de até 80m² de área
construída, que não constituam conjuntos residenciais, bem como realizar reformas,
desde que não impliquem em estruturas de concreto armado ou metálica, e exercer a
atividade de desenhista de sua especialidade.

O texto apresenta três permissões (com ressalvas) de atuação aos técnicos em


edificações:
a) podem se responsabilizar pelo projeto arquitetônico e execução de edificações com
no máximo 80 m² de área construída. No entanto, não lhes é permitido projetar ou
executar um conjunto habitacional, mesmo que constituído por unidades de 80 m².
b) podem se responsabilizar pela execução de reformas de edificações desde que estas
reformas não alterem estruturas de concreto armado ou metálica.
c) Podem ser desenhistas em empresas da área da construção civil como escritórios de
arquitetura, empresas de engenharia, construtoras, etc.

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Mesmo existindo estes dois textos legais, continuaram surgindo dúvidas a respeito das atribuições dos técnicos em
edificações, razão pela qual o CREA-SC protocolou no CONFEA uma consulta na forma de perguntas sobre
responsabilidade técnica e limites referentes aos profissionais técnicos em edificações, as quais seguem abaixo.

1. O técnico em edificações está habilitado legalmente para se responsabilizar tecnicamente pelo projeto e execução de
estruturas de concreto armado de edificações de ate 80,0m²?
Sim, desde que a análise do currículo do profissional técnico de nível médio constate a necessária formação para tais
atividades. O §1º do art. 1º do Decreto nº 90.922, de 1985, estabelece que os técnicos de segundo grau das áreas de
arquitetura e de engenharia civil, na modalidade edificações, poderão projetar e dirigir edificações de até 80m² de área
construída que não constituam conjuntos residenciais, bem como realizar reformas, desde que não impliquem estruturas de
concreto armado ou metálica, e exercer a atividade de desenhista em sua especialidade. O parágrafo acima estabelece que os
técnicos poderão projetar e executar edificações de até 80m² que não constituam conjuntos residenciais. Estabelece também
que o projeto e execução total de serviços de obras de até 80m², com a única restrição de que não façam parte de conjuntos
residenciais. Na sequência, o parágrafo estabelece que os referidos técnicos poderão realizar reformas, desde que não
impliquem estruturas de concreto armado ou metálica. Restrição esta absolutamente clara, unicamente a reformas em
estruturas de concreto e metálicas.
2. Existe limite de área para o técnico em edificações se responsabilizar tecnicamente pela reforma de edificações?
Não existe limite de área. A única restrição é quanto a reforma de estruturas de concreto ou metálicas.
3. O técnico em edificações está habilitado legalmente para se responsabilizar tecnicamente pelo projeto e execução de
ampliações de edificações? Qual a área limite?
Sim, atendendo o limite de projeto e execução à área total de até 80,0m².
4. Existe limite da área quando o técnico de edificações está exercendo a atividade de desenhista?
Não.
5. O técnico em edificações pode utilizar o código A0301 de concreto armado para edificações de até 80,00m²?
Sim, limitado o projeto e execução de concreto armado a edificações de até 80m².
6. O técnico em edificações pode fazer laudo em edificações de até 80,00m²?
Sim, se pode projetar e executar até 80m², evidente que pode se manifestar mediante laudo sobre questões referentes
exclusivamente a edificações.
Fonte: CONFEA, Legislação. http://goo.gl/NJgmp.
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LEIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Todo profissional da construção civil, entre eles o técnico em edificações, devem conhecer as leis às quais se encontram sujeitos no
exercício da profissão, seja na área de projeto, especificação, execução ou fiscalização de obras. Abaixo seguem os principais órgãos
ou instituições responsáveis pelas leis e normas da construção civil vigentes no país:

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Ministério do Trabalho e Emprego (MTE):


Um dos 24 ministérios do Poder Executivo no Brasil, responsável por
políticas e diretrizes relacionadas ao emprego, renda, apoio ao
trabalhador, fiscalização, política salarial, etc.
O MTE possui as Normas Regulamentadoras (NRs), responsáveis por
regulamentar procedimentos obrigatórios de segurança e medicina
do trabalho.
Atualmente, existem 34 NRs sobre os mais diversos assuntos
relacionados ao trabalho. Em relação aos técnicos em edificações,
destacam-se duas:
• NR-8 – Edificações, sobre requisitos técnicos mínimos de
segurança e conforto nas edificações;
• NR-18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção, sobre controle da segurança e prevenção de
acidentes nos processos, condições e meio ambiente de trabalho
na indústria da construção.

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Conselho Federal de Engenharia e Agronomia


(CONFEA)
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(CREA):
Regulamentam e fiscalizam o exercício profissional dos
que atuam nas áreas que representam (engenheiros,
agrônomos, geógrafos, geólogos, meteorologistas,
tecnólogos dessas modalidades, técnicos industriais e
agrícolas e suas especializações, num total de
centenas de títulos profissionais).
Possuem Resoluções (explicitar leis), Decisões
Normativas (fixar entendimentos e procedimentos a
serem seguidos pelos CREAs) e Decisões Plenárias
(manifestação sobre casos concretos).
Todo profissional deve se cadastrar no CREA de sua
região para poder atuar na sua área de conhecimento.
Além do registro profissional, todo e qualquer serviço
técnico deverá ser oficializado no CREA por meio de
uma ART (Anotação de responsabilidade Técnica) na
qual constará dados do profissional, do cliente e da
obra ou serviço pelo qual se responsabilizará

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Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):


Órgão responsável pela normalização técnica no país,
fornecendo a base necessária ao desenvolvimento
tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins
lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de
Normalização através da Res. nº 07 do CONMETRO (1992).
Tem com missão “prover a sociedade brasileira de
conhecimento sistematizado, por meio de documentos
normativos, que permita a produção, a comercialização e uso
de bens e serviços de forma competitiva e sustentável nos
mercados interno e externo, contribuindo para o
desenvolvimento científico e tecnológico, proteção do meio
ambiente e defesa do consumidor”.
Elabora as suas normas técnicas (NBRs) por meio de projetos
de norma, disponibilizados para consulta pública por tempo
determinado.
Duas normas importantes são:
• NBR 13532:1995 – Elaboração de projetos de edificações;
• NBR 14931:2004 – Execução de estruturas de concreto.
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Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Santa


Catarina:
Possui as Normas de Segurança contra Incêndio
(NSCI) as quais têm por finalidade fixar os requisitos
mínimos nas edificações e no exercício das atividades,
estabelecendo Normas e Especificações para a
Segurança Contra Incêndios, no Estado de Santa
Catarina, levando em consideração a proteção de
pessoas e seus bens.

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Vigilância Sanitária (VISA):


Tem como missão promover e proteger a saúde da
população por meio de ações integradas e
articuladas de coordenação, normatização,
capacitação, educação, informação, apoio técnico,
fiscalização, supervisão e avaliação em vigilância
sanitária

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Prefeituras Municipais:
São as responsáveis pelo PLANO DIRETOR e CÓDIGO
DE OBRAS do município, dentre outras leis.

CÓDIGO DE OBRAS: Orienta os projetos e as execuções das obras e edificações no


município, visando o progressivo aperfeiçoamento da construção e o aprimoramento da
arquitetura das edificações. Assegura a observância e promove a melhoria dos padrões
mínimos de segurança, higiene, salubridade e conforto das edificações de interesse para a
comunidade. Em Florianópolis, o Código de Obras vigente é a LC nº 060/2000.

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PLANO DIRETOR:
Desenvolvido pelo Instituto de Planejamento Urbano de
Florianópolis (IPUF), aprovado pela Câmara Municipal e
sancionado pelo prefeito, é a lei que regula o
desenvolvimento da ocupação territorial da cidade
através dos seguintes elementos:
• vias de circulação;
• densidade populacional;
• zoneamentos de usos permitidos e proibidos;
• dimensões dos lotes;
• afastamentos mínimos e alturas máximas;
• número máximo de pavimentos;
• lotes mínimos;
• taxa de ocupação (T.O.);
• índice de aproveitamento (I.A.).
Em Florianópolis, o Plano Diretor vigente é
regulamentado pela Lei Complementar nº 001/97.
Encontra-se em elaboração o Plano Diretor Participativo,
com previsão de tornar-se lei em 2013 ou 2014.

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