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Trincas nas Edificações

Saber o que causou a trinca em uma edificação é imprescindível para solucionar o problema.
Ou seja, se não diagnosticar a origem do problema não estaremos, provavelmente, resolvendo-
o. Será apenas uma questão de sorte e azar, um jogo, e não engenharia civil geotécnica.
São inúmeras as origens das trincas em edificações. Poderíamos separá-las em de
acabamento, da estrutura e de fundação. Neste artigo vamos discorrer sobre as de fundação,
ou seja, de origem geotécnica - que é nossa especificidade de experiência e dedicação.
As trincas de origem geotécnica são as menos conhecidas pela sociedade, pois estão
relacionadas com o comportamento dos solos de fundação, enquanto as outras estão
relacionadas com matérias e processos construtivos da engenharia civil (cimento, concreto,
areia e etc.). O comportamento dos solos é, normalmente, muito negligenciado, pois a
especialidade de engenharia geotécnica e mais jovem dos setores da engenharia civil.
Para se conhecer o comportamento dos solos deve-se, obrigatoriamente, executar as
sondagens e ensaios de solos. E isso é executado inadequadamente apesar das normas
técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que exigirem estas
providências e tem força de Lei.
Os tipos de trincas de origem geotécnica são de recalques diferencias. Ou seja, um pilar ou
região da estrutura recalca (afunda ou assenta) mais do que outro. Isto gera esforços na
estrutura que não foram previamente previstos no projeto estrutural e, por conseguinte, surge a
trinca.
Poderíamos classificar os recalques para solos não saturados e saturados. Isto é, os solos
existentes ao longo da edificação e em profundidade (sua distribuição) se comportam
(deformam) diferentemente quando estão sujeitos a diferentes carregamentos da estrutura.
Mas, também, ressaltamos que se deformam em função das pressões da água nos vazios dos
solos. Daí a importância de separar solos saturados e não saturados.
Vamos explicar. Os solos saturados se deformam por atuação das cargas da estrutura, mas
também pela variação das pressões de água nos vazios dos solos. Quando carregamos os
solos saturados à água sob pressão escoa.
Mas, o problema se complica a se considerar a velocidade de escoamento nos vazios.
Podemos imaginar as diferenças entre solos arenosos (areia praia) e argilosos (usado para
tijolos, vasos e telhas). Ou seja, solos argilosos recalque durante dias, meses até dezenas de
anos (exemplo dos prédios de Santos).
Também no caso de solos saturados temos o problema de rebaixamento do lençol freático
(nível de água no subsolo) que muitas vezes se torna necessário quando executamos
escavações abaixo do nível de água. Veja artigo sobre esta situação no site
http://www.dynamisbr.com.br/modulos/noticias/descricao.php?cod=20 .
Quando temos solos não saturados, a falta de conhecimento é maior, pois nossa cultura (o que
aprendemos na escola de engenharia) é proveniente da Europa (clima temperado). Mas, no
Brasil, o clima é tropical e nossos solos geralmente são não saturados.
Os solos não saturados sofrem deformação decorrente do carregamento. Mas, também,
decorrente as variações de umidade. Os seja, os solos não saturados deformam e/ou perdem
resistência com a variação de umidade independentemente do carregamento. Assim os solos
não saturados podem colapsar, expandir ou deformam com a variação de umidade; não
precisam ser inundados.
Ressalta-se que as variações de umidade ocorrem por ocasião de chuvas e vazamentos das
redes hidráulicas, sanitárias e drenagem superficial. Outro modelo geotécnico importante para
avaliar recalques em edificações é o efeito dos esforços laterais sobre as estruturas
provenientes de aterros laterais às estruturas e fundações.
Ressaltamos que os fenômenos apontados acima, tanto para solos saturados (vazios repletos
de água) ou não, podem e devem ser mensurados com as sondagens, coleta de amostras e
execução de ensaios de laboratório.
Os custos para retirar amostra podem ser executados por qualquer ajudante sem qualificação
(é muito fácil) e os valores de custo de ensaios são viáveis para qualquer tipo de edificação.
Em caso de interesse, basta solicitar maiores informações no site www.dynamisbr.com.br.

Eng. Mauro Hernandez Lozano

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