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Avaliação da contribuição
da alvenaria participante na
rigidez lateral de pórticos
pré-moldados de concreto
WALLISON ANGELIM MEDEIROS – Doutorando ROBERTO MÁRCIO DA SILVA – Professor Titular
GUILHERME ARIS PARSEKIAN – Professor Associado ALBA BRUNA CINTRA DE GRANDI – Doutoranda
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

1. INTRODUÇÃO diagonais em vários painéis de alvenaria volver fendas de separação nas interfa-

A
colaboração da alvenaria nos pisos 29 e 41 e deslocamentos me- ces do painel-pórtico, com exceção de
participante em resistir à nores que os previstos. Polyakov (1956) pequenas regiões onde as tensões de
ação lateral surgiu pela pri- analisou pórticos preenchidos submeti- compressão são transmitidas do pórtico
meira vez, quando Rathbun (1938) publi- dos a elevadas cargas e descreveu três para o painel, nos dois cantos diagonal-
cou pesquisa sobre a força do vento em estágios de comportamento. No primeiro mente opostos. O segundo estágio foi
edifícios altos, no qual foram constatadas, estágio, o painel de alvenaria e as bar- caracterizado por um encurtamento da
no Edifício Empire State, em New York, ras do pórtico estrutural se comportam diagonal comprimida e alongamento da
durante uma tempestade com rajadas de como uma unidade monolítica. Esta fase diagonal tracionada. Esta fase terminou
vento excedendo a 145 km/h, fissuras termina quando começam a se desen- com fissuras na alvenaria de preenchi-
mento ao longo da diagonal comprimida.
As fissuras geralmente aparecem de for-
ma escalonada nas juntas horizontais e
verticais. No terceiro estágio, o conjunto
estrutural continuou a resistir a uma carga
crescente, apesar das fissuras na diago-
nal comprimida, que continuaram a se
ampliar e novas fissuras apareceram. A
partir dessas observações, o autor pro-
põe o modelo de diagonal comprimida
(Figura 1).
Estruturas pré-moldadas tendem a
ser mais deslocáveis devido à necessi-
dade de ligações entre os elementos,
Fonte: adaptado Polyakov (1956)
o que a princípio torna a estrutura não
monolítica. Uma opção para minimizar
u Figura 1
esse efeito é a consideração da alve-
Modelo equivalente de diagonal comprida
naria participante. O painel preenchido

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adquire maior rigidez lateral, contribuin-
do para a estabilidade global do prédio,
tendo assim menores deslocamentos
horizontais. Apesar da viabilidade técni-
ca, essa solução não é usual na cons-
trução civil brasileira.
Elliott e Jolly (2013) afirmam que
sempre que houver uma parede de
preenchimento construída solidamen-
te, mas não de forma monolítica, numa
estrutura flexível, sua resistência à ação
horizontal aumenta consideravelmente
Fonte: adaptado Elliott e Jolly, 2013
devido à ação composta com a estru-
tura (Figura 2). Também confirmam que
u Figura 2
o uso das paredes de alvenaria partici- Pórtico preenchido com pórtico rígido
pante em estruturas de concreto pré-
-moldado já é utilizado na Europa e que
a construção mista é, por definição, sibilidade da consideração de alvena- salhamento por escorregamento. Os
rentável, pois maximiza as vantagens ria estrutural em edifícios, atuando em elementos de pilar ou viga em contato
estruturais e arquitetônicas na utiliza- conjunto com pilares e vigas na solução com a alvenaria participante devem ser
ção de componentes de diferentes ma- do contraventamento. dimensionados, considerados os esfor-
teriais. Os manuais e boletins, Planning ços obtidos no modelo, considerando
and design handbook on precast buil- 2. PROPOSTA DO PROJETO DE a diagonal equivalente, majorados por
ding structures (The International Fede- NORMA ABNT/CE-002:13.010 um fator adicional igual a 1,1. Especial-
ration For Structural Concrete, 2013) e Várias normas internacionais, como mente a força cortante transferida da
Precast concrete in mixed construction a canadense (CSA S304-14), a neo- diagonal equivalente da alvenaria parti-
(The International Federation For Struc- zelandesa (NZS 4230-04) e americana cipante deve ser somada aos esforços
tural Concrete, 2002) contemplam (TMS 402/602-16) fornecem prescri- dos pilares, devendo essa ser conside-
que uma estrutura de concreto pré- ções de projeto para o uso de alvenaria rada em posição intermediária na altura
-moldado pode ser combinada com a participante. Recentemente, a Comis- conforme Figura 3.
alvenaria estrutural. Recentemente, a são ABNT CE-002:123.010 – Comis- A largura da diagonal comprimida
Comissão CE-002:123.010 – Comis- são de Estudo de Alvenaria Estrutural (w) deve ser tomada das Equações 1,
são de Estudo de Alvenaria Estrutural do Comitê Brasileiro da Construção Ci- 2 e 3.
do Comitê Brasileiro da Construção Ci- vil (ABNT/CB-02) trabalha em uma pro- 1
vil (ABNT/CB-02) trabalha em uma pro- posta de unificação e atualização das
posta de unificação e atualização das normas de alvenaria estrutural e propõe Onde,
normas ABNT NBR 15812 – Alvenaria capítulo sobre o tema. Este item repro- αH = comprimento de contato vertical
estrutural: blocos cerâmicos e ABNT duz a sugestão do projeto de norma entre o pórtico e a diagonal comprimida;
NBR 15961 – Alvenaria estrutural: blo- em desenvolvimento. αL = comprimento de contato horizontal
cos de concreto. A nova norma trata da Seguindo a abordagem de Polyakov, entre o pórtico e a diagonal comprimida.
alvenaria estrutural independentemente a alvenaria participante é considerada
do material, além da unificação, vários utilizando-se do modelo de barra dia- 2
tópicos e conceitos foram agregados gonal comprimida equivalente. As pa-
à norma ou reformulado. Um desses redes participantes devem resistir aos
refere-se à consideração de Alvenaria esforços solicitantes. Especial atenção 3
Participante em pórticos, abrindo pos- deve ser dada para a resistência ao ci-

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um quarto do comprimento da diagonal.
A rigidez da diagonal comprimida 6
efetiva utilizada nos cálculos dos esfor-
ços e deslocamentos é calculada pela A largura da diagonal comprimida
Equação 4. efetiva deve ser tomada:

4
7
Onde,
ls = o comprimento da diagonal Não podendo exceder um quarto
comprimida; do comprimento, ou seja, l/4.
u Figura 3
fst = fator a ter em conta a redução de
Posição sugerida da força
rigidez tomado como 0,5. 8
diagonal resultante para
dimensionamento dos pilares A altura efetiva da diagonal compri-
mida para efeitos de esbeltez deve ser Logo, este será o valor adotado.
Onde, considerada igual ao comprimento de
Ea, Ep = módulos de elasticidade da pa- projeto da diagonal, ls, diminuído de w/2. 3.1 Aumento da rigidez do pórtico
rede de alvenaria e pórtico; com alvenaria participante
H, L = altura e comprimento da parede 3. CONSIDERANDO A
de alvenaria participante; ALVENARIA PARTICIPANTE Considerando um programa de análi-
tap = duas vezes a soma da espessu- Para melhor compreender a pro- se estrutural de pórtico plano, levando em
ra das paredes longitudinais do bloco posta de norma, é apresentado, conta a diagonal birrotulada com largura de
vazado não totalmente grauteado ou a seguir, um exemplo de como se 125cm e espessura de 10cm, e as demais
a espessura da parede para o tijolo ou deve analisar a rigidez de um pór- propriedades das vigas e pilares e do mate-
bloco vazado totalmente grauteado; tico com alvenaria participante e o rial concreto e alvenaria, pode-se comparar
Ip, Iv = momentos de inércia do pilar e dimensionamento desta parede de a rigidez do pórtico com e sem a alvenaria
da viga do pórtico, respectivamente; preenchimento. O pórtico tem as di- participante (Figura 6). Os resultados dessa
θ = tan-1 (H/L), graus. mensões conforme a Figura 5, a pa- análise, para uma força horizontal no topo
Na Figura 4 pode-se identificar grafi- rede foi executada com blocos va- adotada igual a 10kN, são:
camente as incógnitas citadas. A largura zados de concreto de 19 x 39cm e u Pórtico não preenchido, dh =
da diagonal comprimida efetiva, wℯƒƒ, fbk = 8MPa, argamassa fa = 6MPa, 0,72mm, k = P/δ = 10/0,72 =
para o cálculo da resistência à compres- concreto fck = 25MPa. 13,88kN/mm;
são da diagonal comprimida, deve ser Primeiro, identifica-se as proprieda-
tomada como w/2 e não pode exceder des físicas e geométricas da parede e
pórtico:
H = 300 cm
L = 400 cm
Ea = 4800 MPa (considerando 800.fpk)
Ep = 28000 MPa
tap = 10 cm [2x(2,5+2,5)]
Ip, Iv = 20(40)3/12 = 106,67.103 cm4
θ = tan-1 (3/4) = 36,87º
Os comprimentos de contato horizontal
e vertical são calculados:
u Figura 4 Os comprimentos de contato hori- u Figura 5
Modelo da diagonal comprimida Pórtico com alvenaria
zontal e vertical são calculados. 5
em alvenaria participante participante (dimensões em cm)

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9 Para

10 14
Obtendo-se: F = 10,3kN; tem-se
Fh = 8,2kN e Fv = 6,2kN. E

largura diagonal 15
3.3 Verificação da resistência
à compressão da diagonal Temos:

u Figura 6 comprimida
Representação do pórtico pelo
16
modelo de treliça Conforme o item 6.2.2.3 do projeto de
norma, no caso de alvenaria de blocos de
u Pórtico preenchido, dh = 0,12mm, 190mm de altura e junta de argamassa Para resultar nesse valor de com-
k = P/δ = 10/0,12 = 83,33kN/mm. de 10mm, esse valor pode ser estimado ponente diagonal, a força lateral, Vk,
Portanto, neste caso, pode-se per- como 70% da resistência característica de pode ser calculada por semelhança
ceber que a consideração da alvenaria compressão simples de prisma (fpk) de triângulos:
participante aumentou a rigidez do pór- Quando a compressão ocorrer em di-
17
tico em 6 vezes. reção paralela às juntas de assentamento,
a resistência característica na flexão pode
3.2 Decomposição das forças ser adotada como 50% da resistência à 3.4 Verificação do cisalhamento
compressão na direção perpendicular às na alvenaria
Com este mesmo programa, é pos- juntas de assentamento (Figura 8).
sível obter a força de compressão diago- No caso da alvenaria participante, a a. Cisalhamento por tração diagonal

nal do suporte, F, que se desenvolve no compressão ocorre na diagonal,na falta


preenchimento, formada pela força lateral de um parâmetro específico para essa A força de compressão diagonal
aplicada de 10kN (Figura 7). Esta força situação, será considerado a situação gera uma força de tração na diago-
age em um ângulo, θ, com o eixo horizon- mais crítica, ou seja, a compressão pa- nal oposta (Figura 9) e apesar de ha-
tal e pode ser resolvida em componentes ralela às juntas de assentamento. ver ensaio nacional normatizado para
verticais e horizontais (Equações 9 e 10). Assim sendo, utiliza-se a expres- medir empiricamente essa resistência
são simplificada da proposta de norma na proposta de norma, não há especi-
(Equação 11). ficação para verificação da resistência
ao cisalhamento por tração diagonal.
11
Entretanto, quando comparado com
Para a verificação da resistência à
compressão da diagonal, conforme a
proposta de norma, a altura efetiva para
fins de verificação da esbeltez da diago-
nal comprimida pode ser admitida igual a:

12

Portanto:

13

u Figura 7 A esbeltez hef/tef = 437,5/19 = 23cm


Força de compressão u Figura 8
< 24, portanto a alvenaria pode ser
na diagonal Representação das compressões
não armada.

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tal, tal força será desprezada, confor-
me explicado no item anterior. Logo,
fvk = 350 + 0,5.0 = 350 . Assim:
u Figura 10
Escorregamento da junta
18
u Figura 9 mente planejado para a consideração
Tração provocada pela
da alvenaria participante. Dessa for-
compressão na diagonal
Considerando o menor dos limites: ma, os modelos foram realizados de
Vk = 95kN. acordo com o projeto existente, po-
normas internacionais, como a norma rém utilizando as ligações articuladas
canadense CSA S304-14, que realiza tal 4. ANÁLISE DA CONSIDERAÇÃO (a solução final do projeto contempla
verificação, ao se desprezar a pré-com- DA ALVENARIA PARTICIPANTE ligações semi-rígidas). São compara-
pressão gerada pela força horizontal, o EM UM EDIFÍCIO REAL EM dos os valores de gama Z para a es-
limitante no dimensionamento será o es- CONCRETO PRÉ-MOLDADO trutura completamente articulada com
corregamento da junta horizontal. Realizou-se um estudo de caso de e sem o preenchimento da alvenaria
um prédio real, construído com sistema participante de blocos de concreto
b. Escorregamento da junta horizontal pré-fabricado, porém será analisado a de 8MPa, além dos deslocamentos
consideração da alvenaria participante e esforços.
Para verificação do escorregamento para estabilidade global do edifício utili- Modelou-se a estrutura em três
da junta (Figura 10), de acordo com a zando os valores do parâmetro gama Z dimensões visando dar maior repre-
norma, fvk = 350 + 0,5σ ≤ 1700 kN/m2. como referência para análise. sentatividade para os resultados ob-
Mesmo existindo uma pré-compressão Trata-se da análise em edifício real tidos. Essas modelagens foram feitas
vertical (σ), gerada pela força horizon- que não foi estrutural e arquitetonica- utilizando o programa de elementos

Fonte: cedido por Leonardi Construção Industrializada

u Figura 11
Planta baixa do edifício com alvenaria participante em destaque

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finitos SAP2000. É recomendado uma
distribuição simétrica das paredes de
alvenaria participante, pois elas contri-
buem para a rigidez lateral e sua dis-
tribuição assimétrica pode gerar torção
na estrutura pela alteração da distribui-
ção de esforços. Tentando minimizar
os problemas de torção e maximizar a
eficiência das paredes, considerou-se
as paredes da caixa de escada e eleva-
dores, que se encontram no centro da
edificação, não possuírem aberturas e
que comumente não sofrem alterações
no layout.
Em destaque na Figura 11, os pai-
néis que foram considerados como al-
venaria participante. Apesar de se tratar u Figura 12
da direção de menor influência do ven- Deslocamento horizontal – edifício sem preenchimento
to, optou-se por esses painéis devido a
arquitetura do prédio. de para uma maior segurança. Assim, Ip = 800(400)3/12 = 4266,67.106 mm4
Trata-se de um edifício comercial de foram identificadas as seguintes Iv = 400(800)3/12 = 17066,67.106 mm4
9 pavimentos mais ático, localizado na propriedades físicas e geométricas da θ = tan-1 (2,2/10) = 12,41o
região de Campinas (SP), com vigas de parede e pórtico: O comprimento de contato horizon-
40x80cm e 25x80cm, pilares externos H = 2200 mm (3,0m – 0,80m viga) tal e vertical são calculados a partir:
de 40x70cm e internos de 60x80cm e L = 10000 mm
19
30x80cm, sobrecarga de 5kN/m2, capa Ea = 2880 MPa
de concreto sobre laje de 5cm de es- Ep = 35417 MPa
pessura, laje tipo alveolar de 20cm de tap = 100 mm [2x(25+25)] 20
espessura e pé direito de 4m. A ação
do vento foi determinada conforme
orientação da NBR 6123:1988.
Para determinação da largura da
diagonal comprimida utilizou-se as re-
comendações do projeto de norma.
Para as paredes, as resistências fo-
ram estimadas a partir da resistência
do bloco (12MPa). Simplificadamente,
considerou-se a diminuição de 20% na
resistência à compressão, por admitir
argamassa apenas nas laterais, além
da relação de resistências entre pris-
ma/bloco de 0,75. O módulo de elas-
ticidade foi determinado com sendo
E = 800 fpk. Conforme recomendação
u Figura 13
do projeto de norma, diminui-se a rigi-
Detalhe de montagem das diagonais equivalentes
dez da parede participante pela meta-

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Onde:
M1,tot,d é o momento de tombamento,
ou seja, a soma dos momentos de to-
das as forças horizontais da combina-
ção considerada, com seus valores de
cálculo, em relação à base da estrutura;
∆Mtot,d é a soma dos produtos de to-
das as forças verticais atuantes na es-
trutura, na combinação considerada,
com seus valores de cálculo, pelos
deslocamentos horizontais de seus
respectivos pontos de aplicação, ob-
tidos da análise de 1ª ordem.
a) Somatório dos produtos das forças
verticais atuantes na estrutura (∆Mtot,d)

u Figura 14 24
Deslocamentos encontrados no modelo com alvenaria participante
b) Momento de tombamento devido
A largura da diagonal comprimida pelo software SAP2000 foi realizada (Fi- ao vento (M1,tot,d)
efetiva deve ser tomada como: gura 12). Os deslocamentos horizontais
25
em cada pavimento foram utilizados
21
para calcular o gama Z da estrutura. Assim, tem-se,
Não podendo exceder um quarto do Na Tabela 1, apresenta-se os dados
comprimento dado pela Equação 22. encontrados para cálculo do gama Z. 26
O valor de γz para cada combinação de
22
carregamento é dado pela Equação 23. O valor do gama Z da estrutura sem
Sendo este o valor adotado na análise. alvenaria participante é -0,09 < 0, sig-
Com os dados das ações horizon- 23 nificando que seria uma estrutura total-
tais e o carregamento vertical, a análise mente instável.

u Tabela 1 – Dados para cálculo γz sem preenchimento

Pav. Hi (m) FHi,d (kN) FVi,d,pav (kN) δhi (cm) M1,tot,d (kN.m) ΔMtot,d (kN.m)
10 40 34,58 9.054,00 2,45 1.383,25 22.182,30
9 36 63,55 9.054,00 2,37 2.287,83 21.457,98
8 32 61,56 9.054,00 2,17 1.969,97 19.647,18
7 28 59,38 9.054,00 1,96 1.662,68 17.745,84
6 24 56,96 9.054,00 1,73 1.367,06 15.663,42
5 20 54,22 9.054,00 1,48 1.084,49 13.399,92
4 16 51,05 9.054,00 1,21 816,87 10.955,34
3 12 47,24 9.054,00 0,93 566,86 8.420,22
2 8 42,34 9.054,00 0,63 338,72 5.704,02
1 4 35,11 9.054,00 0,32 140,45 2.897,28
Σ 11.618,18 138.073,50

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u Tabela 2 – Dados para cálculo do gama Z

Pav. Hi (m) FHi,d (kN) FVi,d,pav (kN) δhi (cm) M1,tot,d (kN.m) ΔMtot,d (kN.m)
10 40 34,58 9.054,00 1,37 1.383,25 124,04
9 36 63,55 9.054,00 1,47 2.287,83 133,09
8 32 61,56 9.054,00 1,50 1.969,97 135,81
7 28 59,38 9.054,00 1,49 1.662,68 134,90
6 24 56,96 9.054,00 1,46 1.367,06 132,19
5 20 54,22 9.054,00 1,37 1.084,49 124,04
4 16 51,05 9.054,00 1,20 816,87 108,65
3 12 47,24 9.054,00 0,98 566,86 88,73
2 8 42,34 9.054,00 0,73 338,72 66,09
1 4 35,11 9.054,00 0,42 140,45 38,03
Σ 11.618,18 1.085,57

De forma similar foi analisado a es- torção, visto que as disposições das sileira. Suas considerações são bas-
trutura com a consideração de dois pai- paredes não se encontravam simetri- tante conservadoras e, mesmo com
néis de alvenaria participante de blocos camente distribuídas, entretanto, esse todas as limitações que ela impõe, a
de 12MPa. A Figura 13 indica como os efeito foi considerado nos deslocamen- contribuição da alvenaria participante
modelos foram montados com a con- tos utilizados. é inegável.
sideração das diagonais equivalentes. No estudo de caso, apesar do pro-
A Figura 14 mostra os deslocamentos 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS jeto estrutural e arquitetônico não ter
encontrados nessa análise e a Tabela 2, A contribuição da alvenaria partici- levado em consideração a alvenaria
os parâmetros para cálculo do gama Z. pante no enrijecimento de estruturas participante, percebe-se que foi possí-
Nessa situação tem-se, aporticadas é inquestionável. No en- vel contraventar, na direção analisada,
tanto, mesmo com constatações a res- a estrutura sem a necessidade de liga-
27 peito da eficiência no uso de pórticos ções mais rígidas.
preenchidos, a consideração em proje- A consideração da alvenaria parti-
Verifica-se gama Z com o valor de to deste tipo de estrutura no Brasil não cipante pode trazer ganhos significati-
1,1. A NBR 6118:2014 considera que é usual. vos para a construção civil, além de se
a estrutura é de nós fixos, se obedecer A abordagem do método da dia- mostrar uma solução simples para con-
à condição de γz ≤ 1,1, sendo possível gonal equivalente é a mais utilizada cepção de estruturas para garantir a
desprezar os efeitos de segunda ordem. pelas normas e códigos internacio- estabilidade lateral necessária e, even-
Nas análises com alvenaria parti- nais e já está proposta para adoção tualmente, para execução de reforços
cipante foi observada a ocorrência de na próxima norma de alvenaria bra- em edificações existentes.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações. ABNT. Rio de Janeiro. 1988.
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - Procedimentos. ABNT. Rio de Janeiro. 2014.
[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. ABNT. Rio de Janeiro. 2017.
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. PN 002:123.010-001/1 Alvenaria Estrutural – Parte 1: Projeto. ABNT. Rio de Janeiro. 2018.
[5] CANADIAN STARDARDS ASSOCIATION. S304 - Design of masonry structures. CSA. Ontario. 2014.
[6] ELLIOTT, K. S.; JOLLY, C. K. Multi-storey precast concrete framed structures. 2a. ed. Oxford: Wiley-Blackwell, 2013. 761 p.
[7] MEDEIROS, W. A.; Pórticos em concreto pré-moldado preenchidos com alvenaria participante. 2018. Dissertação (Mestrado em estruturas e construção civil) –
Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2018.
[8] POLYAKOV, S. V. Masonry in framed buildings. Moscow, 1956.
[9] RATHBUN, J. C. Wind forces on a tall building. Proceedings American Society of Civil Engineers, v. 64, p. 1335-1375, 1938.
[10] STARDARD ASSOCIATION OF NEW ZEALAND. 4320: Design of reinforced concrete masonry structures. NZS. 2004.
[11] THE INTERNATIONAL FEDERATION FOR STRUCTURAL CONCRETE. Precast Concrete in Mixed Construction. fib. Lausanne. 2002.
[12] THE INTERNATIONAL FEDERATION FOR STRUCTURAL CONCRETE. Planning and Design Handbook on Precast Build Structures. fib. 2013.
[13] THE MASONRY SOCIETY. 402/602: Building Code Requirements and Specification for Masonry Structures. TMS. 2016.

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