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6. ORIGEM DAS FISSURAS DE FACHADA

1) Juntas de dilatação deficientes e incremento de tensões

Os blocos residenciais possuem 44,49m de comprimento cada. Segundo o item

10.2.2 da ABNT NBR 15.961-1/20115, devem ser previstas juntas de dilatação na

alvenaria estrutural:

“Devem ser previstas juntas de dilatação no máximo a cada 24m da


edificação em planta. Este limite pode ser alterado, desde que se faça uma
avaliação mais precisa dos efeitos da variação de temperatura e retração sobre
a estrutura, incluindo a eventual presença de armaduras adequadamente
alojadas em juntas de assentamento horizontais”.

MARCELLI (2007)6 comenta sobre a necessidade de juntas:

[...] para edificações com medida em planta superior a 30,0 m devemos


prever uma junta de dilatação, ou considerar o efeito da dilatação térmica
na estrutura. A maioria dos projetistas prefere optar pela junta de
dilatação nesse tipo de obra, tendo em vista a simplificação dos cálculos e a
própria economia da obra. (grifo meu)

RAMINEZ VILATÓ e FRANCO (1998)7 lembram que “para cada situação de

projeto em que se faz necessário especificar juntas, existem várias soluções possíveis.”

As fissuras de fachada localizadas próximas à porta de entrada (térreo) e janela

da circulação (2º andar e eventualmente 3º andar), objeto da perícia em tela, estão

relacionadas ao incremento de tensões próximas, consequência principalmente da

condição construtiva pelos diferentes panos de laje vinculados à alvenaria naquele

trecho. Trata-se de anomalia congênita, decorrente do processo construtivo.

5
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.961-1: Alvenaria estrutural – blocos de concreto. Parte 1:
Projeto. Rio de Janeiro, 2011.
6
MARCELLI, Maurício. Sinistros na construção civil: causas e soluções para danos e prejuízos em obras. São Paulo: Editora
Pini, 2007.
7
RAMIREZ VILATÓ, Rolando; FRANCO, Luiz Sérgio. As juntas de movimentação na alvenaria estrutural. BT/PCC/227. São
Paulo: EPUSP, 1998.
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O projeto estrutural previu uma junta de dilatação, conforme a seguir:

Figura 10 – Concepção geral: a linha tracejada destaca a posição da junta de


dilatação conforme projeto estrutural

A junta deve ser contínua ao longo de toda a parede e tem por finalidade

desvincular completamente os dois trechos concebidos, para que deformem-se de

maneira independente. Para a efetividade da junta não podem existir trechos vinculados,

o que ocasionaria acúmulo de tensões e consequentemente fissuras em regiões de maior

fragilidade construtiva.
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Além dos cuidados usuais, como evitar a queda de argamassa e materiais que

possam obstruir os trechos desvinculados, normalmente instalam-se chapas de EPS para

impedir o enrijecimento na junta de dilatação, como no exemplo abaixo:

Figura 11 – Exemplo de junta de dilatação contínua ao longo dos dois trechos de


alvenaria adjacentes, com a inserção de material de preenchimento (autor
desconhecido)

Apenas no Bloco 3 (coincidentemente o bloco em melhores condições) é

possível identificar uma tentativa de desvincular completamente os dois trechos da junta

de dilatação:

Foto 127 – Bloco 3: presença de EPS na junta de dilatação


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As juntas de dilatação na alvenaria estrutural encontram-se recorrentemente

obstruídas, argamassadas e sem desvinculação total entre os panos de alvenaria,

conforme determinava o projeto.

Como apresentado na revista TÉCHNE (2012)8:

Juntas de dilatação são introduzidas nos edifícios para que as partes contíguas
a elas atuem como corpos rígidos independentes, isto é, sob ação de
recalques, insolação, entre outros, cada parte movimenta-se lateralmente à
junta, sem introduzir tensões na parte adjacente. Para que ocorra tal
comportamento, as juntas devem seccionar completamente a construção,
não devendo ocorrer a presença de quaisquer continuidades ou materiais
rígidos no interior da junta (concreto, restos de argamassa, etc.)

Similar observação realiza MARCELLI (2007)9:

A junta de dilatação, como o próprio nome diz, é projetada para garantir


uma liberdade de movimentação da estrutura, devido aos efeitos da
variação de temperatura que provocam diferenças dimensionais nos
componentes e na edificação como um todo. Eventuais acomodações
diferenciais das fundações também podem ser absorvidas pelas juntas de
movimentação.

TAUIL et NESSE (2010)10 mencionam no livro “Alvenaria Estrutural”:

As juntas de dilatação e de controle devem ser previstas em projeto, pois


permitem a movimentação dos elementos componentes do prédio, por
contração ou expansão devidas à variação térmica, evitando o aparecimento
de fissuras e trincas na alvenaria ou em elementos estruturais

Para um funcionamento correto da junta RAMINEZ VILATÓ e FRANCO

(1998)11 lembram da importância em garantir a folga entre os elementos, além da

estanqueidade nas juntas expostas:

8
TÉCHNE. Juntas de dilatação. São Paulo. Editora Pini. Edição 186. 2012.
9
MARCELLI, Maurício. Sinistros na construção civil: causas e soluções para danos e prejuízos em obras. São Paulo: Editora
Pini, 2007.
10
Tauil, Carlos Alberto. Nese, Flávio José Martins. Alvenaria estrutural. São Paulo: Editora Pini, 2010.
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No detalhamento da junta de movimentação, é necessário garantir uma folga


entre os elementos e por vezes garantir a estanqueidade da junta, para isto
normalmente são utilizados produtos industriais baseados em resinas e outros
compostos químicos que garantam um nível de flexibilidade tal que são
possíveis os movimentos de retração e expansão sem induzir esforços
adicionais nos elementos e sem perder a estanqueidade da junta. (grifo meu)

As juntas de dilatação têm por função limitar as dimensões do painel de

alvenaria a fim de que não ocorressem elevadas concentrações de tensões em função das

deformações intrínsecas do mesmo. Entretanto, RAMINEZ VILATÓ e FRANCO

(1998) lembram que é complexo quantificar estas tensões e o efeito real na

edificação pela quantidade de fatores envolvidos:

Cada movimento na parede é controlado em alguma extensão pelo grau de


restrição ao qual a alvenaria está submetida. Aliás, o efeito real do
movimento para o mesmo, nível de restrição pode variar de acordo com a
forma geral do prédio e em muitos casos não pode ser quantificado. Pela
quantidade de fatores envolvidos, a definição da magnitude das deformações
que sofre a parede é um problema complexo que não pode ser resolvido pela
simples adição ou subtração dos valores individuais de movimento térmico,
movimento por variações de umidade, fluência, deformação imposta, etc.

Em geral as juntas de dilatação apresentam descontinuidades na folga idealizada

entre os diferentes trechos, preenchidas por materiais rígidos em seu interior

(principalmente argamassa), indicativos de falha na execução da mão de obra, limpeza e

fiscalização. O funcionamento das juntas previstas torna-se deficiente, pois não permite

a total dissipação das tensões como idealizado.

11
RAMIREZ VILATÓ, Rolando; FRANCO, Luiz Sérgio. As juntas de movimentação na alvenaria estrutural. BT/PCC/227. São
Paulo: EPUSP, 1998.
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2) Tensões induzidas na alvenaria por condição construtiva da laje

Conforme citado, o projeto estrutural definia uma junta de dilatação, ainda que

esta também apresente problemas, como comentado no tópico anterior. No local existe

ainda uma segunda junta de dilatação induzida pela junta de concretagem da laje

(dividindo a laje naquela área em três diferentes panos).

A junta de concretagem desta laje encontra-se vinculada à alvenaria de fachada

com amarração normal dos blocos, induzindo tensões térmicas adicionais nos blocos de

concreto.

As fotografias seguintes ajudam a exemplificar para compreender os elementos

descritos na Figura 12 (página 85), sendo tais condições recorrentes nos blocos do

empreendimento.

Foto 128 – Laje superior do térreo: junta de concretagem da laje, dividindo o teto em
dois panos independentes (identificado na Figura 12 com a linha verde)
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Foto 129 – Laje superior do térreo: junta de dilatação da laje prevista em projeto
(identificado na Figura 12 com a linha vermelha)

Foto 130 – Piso do 2º Andar (mesma laje citada na imagem anterior): fissura
induzida pela dilatação diferencial a partir da laje (identificado na Figura 12 com a
linha verde). A seta preta indica paredes sem função estrutural, desvinculadas do
restante da parede
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Foto 131 – 2º Andar: parede sem função estrutural (seta preta), desvinculada da
alvenaria estrutural. A seta vermelha indica a posição de fissuras geométricas, em
virtude da movimentação diferencial das paredes. Naturalmente nestes trechos deve-
se instalar medidas para evitar fissuras (vícios) na interface

Foto 132 – Circulação do 2º Andar: fissura induzida pela dilatação diferencial a


partir das lajes (identificado na Figura 12 em amarelo)
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Foto 133 – Fachada do bloco 1 (utilizado neste exemplo): fissura induzida pela
dilatação diferencial a partir das lajes (identificado na Figura 12 em amarelo)

Como neste trecho da fachada (ex. da Foto 133) não há uma junta para absorver

as tensões decorrentes das deformações térmicas diferenciais na laje, ocorre a

concentração de esforços na alvenaria com amarração normal que resultam nas fissuras.

A Figura 12 ilustra a posição de cada elemento identificado nas fotografias

anteriores, as quais são recorrentes nos demais blocos. Eventualmente estas fissuras na

fachada são mais ou menos evidenciadas em espessura, sendo em alguns blocos

inexistentes atualmente (blocos 2, 3, 7, 8 e 12), o que indica nestes casos que as tensões

não foram suficientes até o momento para ocasionar danos na alvenaria.


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Junta de dilatação na laje


Junta de concretagem da
laje (nova “junta” induzida
na estrutura pelo processo
construtivo)

Expansão Expansão
térmica da laje térmica da laje

Figura 12 – Junta de dilatação (linha vermelha) e junta de concretagem da laje


(linha verde) induzindo tensões nas alvenarias vinculadas externas e consequentes
fissuras na fachada (amarelo). As áreas em marrom, roxo e laranja indicam os panos
de laje que atuam de forma independente, induzindo tensões na interface entre eles
(dissipadas normalmente por juntas)e nas alvenarias vinculadas à laje
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Esta situação pode ser verificada no Relatório Fotográfico em diversos blocos. A

imagem seguinte ilustra a indução de tensões a partir da deformação da laje sobre a

cinta da alvenaria estrutural, causando fissuração no trecho vinculado.

Laje

Tensão na interface de
vinculação da laje à
alvenaria

Foto 134 – Bloco 11: fissura na alvenaria de fachada, induzida pela deformação na
laje vinculada. Em amarelo o trecho de expansão térmica da laje.

ALLEN e IANO (2009)12 lembram que “um edifício que não é devidamente

munido de juntas de movimentação fará as suas próprias juntas, fissurando e lascando

em pontos de máxima tensão”. Na prática é o que vem ocorrendo no caso em tela.

Esta condição congênita da construção implica em tensões não dissipadas e

consequentes fissuras em trechos de maior fragilidade (blocos recortados, seções,

vértices de janelas e portas, dentre outros).

Em muitos casos as tensões de origem térmica podem ser absorvidas pelo

conjunto de alvenaria sem maiores danos. Na presente obra foi identificado outro vício

que impediu a absorção de tensões térmicas pelo próprio conjunto da alvenaria:

12
ALLEN, Edward; Joseph IANO. Fundamentos da engenharia de edificações – Materiais e métodos. Editora Bookman. Porto
Alegre. 2009.
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deficiência na execução das vergas e contravergas, as quais, de forma generalizada, não

foram executadas conforme o projeto estrutural determinava.

THOMAZ (1989)13 lembra:

“[...] especial atenção deverá ser dada à presença na alvenaria de aberturas de


portas e janelas, em cujos cantos ocorre acentuada concentração de
tensões pela perturbação no andamento das isostáticas”

A instalação de vergas e contravergas14 enrijecem estes locais propícios à

concentração de tensões.

Figura 13 – Ilustração do posicionamento das vergas e contra vergas em aberturas

Figura 14 – Exemplo do fator de majoração das tensões próximas a abertura de


janela – relacionado ao comprimento da parede e janela (UTKU, 1976)15

O projeto estrutural definia a instalação de vergas e contravergas, conforme

plano de elevação a seguir:

13
THOMAZ, Ercio. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e
Instituto de Pesquisas Tecnológicas. São Paulo: Editora Pini, 1989.
14
As vergas e contravergas são peças de concreto acima de janelas e portas (verga), e abaixo de janelas (contra-verga), com a função
de enrijecer estes locais (torná-las mais resistentes).
15
UTKU, B. Stress magnifications around openings of blick walls. Internacional Symposium on Housing Problems. Georgia,
EUA. 1976.
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Figura 15 – Projeto estrutural (térreo) indica blocos para enrijecimento (canaleta e


“J” – BC e BJ, que deveriam ser grauteados)

Figura 16 – Projeto estrutural (pavimento-tipo) indica blocos para enrijecimento


(canaleta e “J” – BC e BJ, que deveriam ser grauteados)

Durante inspeção percebeu-se utilização equivocada de blocos comuns na

posição de blocos canaletas, o que caracteriza um erro grosseiro sob aspecto do sistema

de alvenaria estrutural.
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Foto 135 – Bloco 1: utilização de blocos comuns na verga (não grauteada)

Solicitou-se abertura amostral de alguns pontos para verificar as condições de

grauteamento das peças.

Foto 136 – Bloco 1: verificação da existência de contraverga

Nota-se que neste local era esperado encontrar uma contraverga com graute16, o

que estaria de acordo com o projeto estrutural a seguir.

16
Graute é uma pasta de argamassa com consistência fluida utilizada para o preenchimento de espaços vazios em locais de difícil
acesso, dispensando o uso de vibradores para o seu adensamento.
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Figura 17 – Projeto estrutural definia contravergas grauteadas com 2 barras de 8mm

Entretanto a condição era reprovável, pela ausência de continuidade de graute

expondo a armadura sem qualquer cobrimento:

Foto 137 – Bloco 1: verificação da contraverga (encontrada apenas 1 barra, sem


grauteamento e sem avanço além do vão)

Verifica-se também que as vergas apresentam fugas executivas ao projeto

estrutural, situação que compromete a resistência do conjunto. Na Figura 18 é possível

verificar que o projeto estrutural exigiu a instalação de fiada dupla com grauteamento

(blocos canaleta BC e jota BJ) sobre a porta.


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Figura 18 – Projeto estrutural definia vergas grauteadas com 2 barras de 10mm

A imagem seguinte mostra que este preceito do projeto estrutural não foi

obedecido, o que é perceptível pela presença de eletrodutos e blocos vazios no local em

que as peças deveriam estar grauteadas.

Foto 138 – Bloco 5: ausência de grauteamento e blocos canaleta para verga

Não é possível afirmar que todos os blocos apresentam tais deficiências na

execução das vergas e contravergas (muitos blocos encontram-se com já com

acabamento), porém demonstram-se indícios relevantes de que tais conceitos definidos

em projeto não foram atendidos na execução, implicando em fragilidade da alvenaria e

maior possibilidade das tensões não serem absorvidas.


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7. REPAROS POSSÍVEIS

1) Conceito

Conforme mencionado a origem das fissuras na fachada, objeto restrito do

escopo deste trabalho, está na indução de tensões a partir da laje vinculada à alvenaria

da fachada. Soma-se ainda o funcionamento deficiente da junta de dilatação que não

desvincula adequadamente os dois trechos da edificação.

Trata-se de anomalia endógena (da própria construção).

Por ser um problema congênito do método de execução da laje e sua vinculação

à alvenaria que hoje apresenta fissuração, não há medida corretiva que impeça a

transmissão de tensões adicionais da laje para a alvenaria – senão apenas a demolição e

reconstrução da laje, o que seria inviável. As medidas possíveis são apenas paliativas.

ALLEN e IANO (2009)17 lembram os conceitos das movimentações nas

edificações:

Nós acomodamos esses movimentos inevitáveis nas edificações de duas


maneiras diferentes: em alguns casos reforçamos um material para
permitir que ele resista à tensão que será causada por uma
movimentação [...] Na maioria dos casos, entretanto, nós instalamos juntas
de movimentação na construção do edifício, que são projetadas para
permitir que os movimentos ocorram.

Os tratamentos possíveis buscariam absorver ou dissipar estas tensões. Como há

uma junta de dilatação próxima, sugere-se enrijecer o trecho fissurado, conforme

SOUZA et RIPPER (1998)18 lembra:

17
ALLEN, Edward; Joseph IANO. Fundamentos da engenharia de edificações – Materiais e métodos. Editora Bookman. Porto
Alegre. 2009.
18
SOUZA, V. C. M. V.; RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São Paulo. Editora PINI.
1998.
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“Nos casos de fissuras ativas e em que o desenvolvimento delas acontece


segundo linhas isoladas e por deficiências localizadas de capacidade
resistente, poderá vir a ser conveniente a disposição de armadura adicional,
de forma a resistir ao esforço de tração extra que provocou a fendilhação.”

Inicialmente, deve-se desobstruir ao máximo as juntas que estão

equivocadamente enrijecidas com argamassa nos trechos acessíveis, como juntas de

fachada e área da escadaria e circulação, para permitir a independência nas deformações

de cada bloco residencial (ou ao menos melhorar, já que é difícil mensurar o resultado

nesta etapa). Sabe-se que em trechos internos preenchidos por blocos estruturais não

será possível esta intervenção pela dificuldade de acesso, tampouco seria recomendado

danificar os blocos de concreto para esta tentativa, face o risco de danificar a estrutura.

Por outro lado, a alvenaria de fachada próxima à porta de entrada e janela da

circulação de cada bloco podem ser enteladas para aumentar a resistência localizada,

porém não é possível afirmar que apenas o reforço no material será suficiente para

resistir às deformações da laje vinculada à alvenaria.

É recomendado instalar uma tela eletrosoldada (semirrígida) junto ao emboço e

reboco, que contribui para a absorção das tensões provenientes da deformação e

dificulta o surgimento de fissuras. Para tanto é necessário remover o emboço externo e o

gesso interno da superfície dos blocos e reaplicar o revestimento à base de argamassa.

Neste caso não será possível fazer uso de monocamada, gesso ou massa diretamente no

bloco (deverá ser a convencional argamassa cimentícia, com posterior acabamento

similar aos demais panos de parede).

As telas eletrosoldadas devem ser centralizadas à posição das fissuras atuais e

fixadas com pinos. Para estes casos, usualmente aplica-se a tela eletrossoldada com

abertura 25x25mm e diâmetro do arame 1,24mm, que possui resultados satisfatórios no


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uso comum para aumentar a resistência à tração no revestimento. Não há norma técnica

aplicável para estas, sendo orientações comuns adquiridas por bibliografia e

conhecimento prático de engenheiros e construtores.

Nos blocos em que não existem fissuras pode-se fazer o reforço do revestimento

de forma preventiva em posição similar, pois não é possível afirmar que as fissuras não

surgirão em intervalo de tempo. De forma a uniformizar a intervenção, sugere-se

realizar tais reparos no térreo, 2º Andar e 3º Andar.

Nos demais pavimentos não foram encontradas fissuras como as citadas,

indicando menor probabilidade de que venham a ocorrer. Caso surjam nestes, sugere-se

verificação pontual e eventual reparo localizado, se for o caso.

Instaladas as telas eletrosoldadas, deve-se aplicar o reboco, atentando-se à

aderência entre o trecho novo e antigo na fachada para evitar fissurações térmicas na

interface destes. Internamente deve-se fazer uso também do reboco convencional na

parede da janela e porta da circulação, pois a tela eletrosoldada não permite aplicação

com a fina camada de gesso aplicada diretamente sobre o bloco.

Cabe mencionar que o Memorial Descritivo não cita o traço da argamassa

utilizada na fachada. A preocupação neste caso é a não aderência e comportamento

diferencial entre a argamassa nova e a antiga, sendo ideal que ambas tivessem

composição similar. Sugere-se verificar qual argamassa foi utilizada – na ausência de

informações arbitra-se uma argamassa convencional (1:2:8).

Figura 19 – Memorial descritivo não define o traço da argamassa da fachada


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Finalizada a etapa deve-se passar à recomposição do acabamento, visando

uniformizar. Destaca-se que a parede internamente demandará emassamento, lixamento,

fundo selador e pintura da área próxima da janela e porta de acesso.

Na fachada seria recomendada a repintura de todo o pano de fachada delimitado

entre as molduras, para não tornar “grosseiro” o acabamento e causar insatisfação

estética. Entretanto, foi informado que todas as fachadas serão integralmente

repintadas independente da intervenção citada, portanto para este item será considerado

apenas a aplicação de selador e textura sobre o trecho de reboco substituído no

orçamento, visando possibilitar melhor uniformidade dos acabamentos quando realizada

a repintura completa citada.

Têm-se os croquis ilustrativos das intervenções nas páginas seguintes:


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Figura 20 – Trecho da fachada em que é sugerida intervenção


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Figura 21 – Fachada: região sugerida para ser aplicado o reforço com tela
eletrosoldada na argamassa

Figura 22 – Interno: região sugerida para remoção do revestimento atual (gesso) por
chapisco (1 cimento: 3 areia grossa) e emboço ou massa única (1 cimento: 2cal : 8
areia média). Instalar tela eletrosoldada (ver Figura 23) após o chapisco.
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Figura 23 – Interno: região sugerida para ser aplicado o reforço com tela
eletrosoldada na argamassa

Figura 24 – Exemplo de fixação da tela


eletrosoldada através de fixador
pneumático de pinos (Fonte: Walsywa Figura 25 – Exemplo de instalação da
Equipamentos) tela eletrosoldada com posterior
aplicação de emboço
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2) Etapas de reparo e reforço da argamassa

1. Remoção da argamassa externa da fachada (Figura 21), sendo:


I. Nos blocos onde há fissuras remove-se o trecho de reboco
externo próximo com aproximadamente 1,00m (50cm para cada
lado) ao longo da abertura.
II. Nos blocos onde não surgiram fissuras remove-se o trecho central
do revestimento entre a porta de acesso ou janela da circulação e
a janela da escadaria (cerca de 1,00m).
III. Sugere-se padronizar a execução, sendo corretivo e preventivo no
térreo, 2º Andar e 3º Andar de cada bloco.
2. Remoção do revestimento interno da circulação (Figura 22), sendo:
I. Nos blocos onde há fissuras, remove-se o revestimento interno
(circulação) em gesso. Como este tipo de revestimento não pode
ser unido à argamassa convencional, deve-se remover todo o
pano da parede (para substituir posteriormente por argamassa
entelada, com aproximadamente 70cm de largura).
II. Nos blocos onde não surgiram fissuras pode-se remover o
revestimento interno (circulação) em gesso. Como não seria
possível entelar com a fina camada de gesso, deve-se remover
todo o pano da parede (para substituir posteriormente por
argamassa entelada).
III. Sugere-se padronizar a execução, sendo corretivo e preventivo no
térreo, 2º Andar e 3º Andar de cada bloco.
3. Aplicação de tela eletrosoldada (abertura 25x25mm e diâmetro do arame
1,24mm), sendo:
I. Externo: no trecho de reboco removido, conforme indicado na
Figura 21.
II. Interno: no trecho entre a porta ou janela da circulação e parede
perpendicular (shaft elétrico), conforme indicado na Figura 23.
4. Aplicação de emboço argamassado, sendo:
I. Interno: todo o pano da parede onde foi removido o gesso
original. Na ausência de referências, considera-se argamassa
convencional 1:2:8.
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II. Externo: no trecho de reboco removido, atentando-se à aderência


executiva na interface entre o reboco novo e o antigo, visando
evitar fissuras na interface (térmicas). Sugere-se verificar qual
argamassa foi utilizada – na ausência de informações arbitra-se
uma argamassa convencional (1:2:8).
5. Repintura, sendo:
I. Interno: emassamento, lixamento, fundo selador e pintura no
pano de parede que sofreu intervenção (próximo da janela e porta
da circulação).
II. Externo: selador e textura acrílica no trecho que sofreu
intervenção. Informado que as fachadas serão integralmente
repintadas por escopo previamente tratado entre as partes
envolvidas.

3) Etapas de desobstrução das juntas e recomposição

1. Remoção da argamassa aplicada nas juntas de dilatação, sendo:


I. Tentativa de desobstruir ao máximo possível as juntas, a partir
das áreas acessíveis (em todos os pavimentos internamente e
fachadas), com uso de ferramentas manuais ou equipamentos de
baixo impacto.
2. Aplicação de mastique nas juntas.
I. Aplicação de selante à base de poliuretano nas juntas.

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