Você está na página 1de 67

DESCRIÇÃO

Estudo dos principais tipos de estacas e tubulões existentes e suas classificações e divisões, o processo
executivo de cada tipo de elemento e suas características, processo construtivo, exemplos de aplicação,
tabelas usuais para consulta e suas vantagens e desvantagens. Apresentação, no caso dos tubulões a céu
aberto, de algumas premissas de cálculo para obter o volume de concreto e à área de aço longitudinal e
transversal (estribos).

PROPÓSITO
Conhecer as fundações indiretas do tipo estaca e tubulões. Para tanto, serão apresentados tipos, adequação,
processo construtivo, vantagens e desvantagens, e as recomendações para aplicação de cada modelo.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo deste conteúdo, é recomendado ter calculadora científica em mãos, bem como
conhecer ferramentas que facilitem os processos de cálculo, como o Excel.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Identificar os principais tipos de estacas cravadas

MÓDULO 2

Categorizar as estacas moldadas no solo e escavadas


MÓDULO 3

Reconhecer o que são tubulões e suas características construtivas

INTRODUÇÃO

FUNDAÇÕES PROFUNDAS POR ESTACAS E


TUBULÃO: TIPOS, ADEQUAÇÃO E PROCESSO
CONSTRUTIVO

AVISO: orientações sobre unidades de medida.


AVISO: ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE
MEDIDA.

Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de
tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a
unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o
padrão internacional de separação dos números e das unidades.

MÓDULO 1

 Identificar os principais tipos de estacas cravadas


CONCEITOS GERAIS E ESTACAS CRAVADAS

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Fundação profunda pode ser entendida como o elemento de fundação que transmite a carga ao terreno ou
pela base (resistência de ponta), ou por sua superfície lateral (resistência de fuste), ou por uma combinação
das duas, sendo sua ponta ou base apoiada em uma profundidade superior a oito vezes a sua menor
dimensão em planta e no mínimo 3,0m. Quando não for atingido o limite de oito vezes, a denominação não é
justificada.

Todos os requisitos sobre esse tipo de fundação e, principalmente, método executivo, podem ser consultados
na NBR 6122:2019, na qual são apresentadas as descrições para vários tipos de estacas e os dois tipos de
tubulões, como podemos ver na imagem a seguir.

 Fundações profundas – estacas e tubulões.

Neste conteúdo, verificaremos quais são os tipos de estacas mais comuns, como é feita a divisão do tipo em
função de algumas características. Daremos ênfase ao grupo de estacas moldadas in loco.
CLASSIFICAÇÃO GERAL
As fundações profundas em estacas podem ser classificadas e divididas de acordo com alguns critérios: o
processo de execução, sua forma de funcionamento, o tipo de carregamento e o tipo de material, como mostra
a imagem a seguir.

 Fundações profundas – classificação geral de estacas.

Ao se tratar do método executivo, as estacas são divididas em dois grandes grupos:

Pré-moldadas

Estacas fabricadas e apenas instaladas em campo.


Moldadas in loco

Estacas de preparação feita em campo.

No caso das estacas moldadas in loco, pode haver a utilização de tubo amostrador, fluido estabilizante (lama
bentonítica) ou nenhum dos dois. No caso das executadas com tubo amostrador, pode ser do tipo recuperável
ou perdido. Veja na imagem a seguir.
 Estacas moldadas in loco × pré-moldadas.

Juntamente a essa divisão, há outra que está associada ao impacto que a estaca gera durante o seu processo
construtivo. Nesse caso, existem as estacas “de deslocamento” e as estacas “de substituição”.

No primeiro caso, trata-se de estacas cravadas em geral, ou seja, a estaca “expulsa” o solo para o lado,
deslocando-se horizontalmente e, assim, ocupando seu espaço. As estacas de “substituição” funcionam de
forma diferente, pois, nesse caso, o solo que está no local em que a estaca será inserida é removido e,
consequentemente, colocada no local.

 Classificação detalhada dos tipos de estaca.

No caso das estacas pré-moldadas, sua divisão basicamente acontece devido ao tipo de material que a
constitui, como podemos ver na imagem a seguir. Nesse âmbito, é possível destacar as estacas de madeira,
que não são muito utilizadas atualmente, as estacas de concreto, que são as mais comuns ao se tratar de
estacas pré-moldadas, e as estacas metálicas, que vêm ganhando espaço no mercado da construção civil
devido a várias vantagens que possui ao ser comparada a outras estacas.
 Divisão das estacas pré-moldadas.

As estacas pré-moldadas podem ser denominadas como estacas cravadas. São a alternativa para situações
em que se deseja substituir as estacas moldadas in loco. As estacas cravadas eram pouco utilizadas devido a
fatores de impacto financeiro, visto que eram mais onerosas para execução, além de fatores que impactavam
sua execução, pois fazem emissão de ruídos e provocam bastante vibração, resultando consequentemente
em muitas limitações acerca dos locais em que essas estacas podem ser utilizadas.

 EXEMPLO

Imagine a construção de um prédio em um local em que todos os lotes ao entorno já possuem edificações
prontas. Devido ao problema de ruído durante a execução, os vizinhos podem reclamar do barulho. E, quanto
às vibrações, durante a execução isso poderá gerar patologias nas construções ao entorno.

As técnicas de cravação estão em constante “evolução”, ou seja, percebe-se a redução de ruído, a diminuição
de custos bem como de vibração e, dessa forma, as estacas cravadas começaram a ter mais aceitação e
utilização no mercado da construção civil. No geral, as estacas cravadas podem ser classificadas quanto à
posição de aplicação, sendo possível sua execução como estacas verticais ou como estacas inclinadas. Veja
a imagem a seguir.

 Estacas quanto à posição de aplicação.

Com relação à quantidade/disposição, as estacas podem ser cravadas ou moldadas em grupo, ou isoladas,
como podemos ver na imagem a seguir.
 Estacas conforme a quantidade/disposição.

ESTACAS DE MADEIRA
As estacas de madeira eram muito usadas nos primórdios da construção civil. Porém, na atualidade, estão em
desuso devido à dificuldade de obter madeiras de qualidade e aos incrementos das cargas das estruturas,
visto que as edificações residenciais, comerciais e industriais estão maiores. Mesmo não sendo tão usuais, as
estacas de madeira têm seus procedimentos executivos descritos na NBR 6122:2019, no seu anexo D.

As estacas de madeira utilizavam o eucalipto em obras provisórias e, para uma construção definitiva, era
utilizada a madeira de lei (peroba, aroeira, maçaranduba, ipê).

 EXEMPLO

Um grande exemplo de utilização de edificação estaqueada com madeira é o Teatro Municipal de São Paulo.
Ocupando uma área de 4.220m2, num projeto de Francisco de Oliveira Passos que ganhou em 1904 a
concorrência pública para a sua construção, o teatro teve, no dia 2 de janeiro de 1905, sua primeira estaca
fincada. Tendo em vista a desigualdade de resistência do terreno e a existência de um lençol de água
subterrâneo, foi adotado o sistema de estacada para as fundações do edifício: 1.180 estacas de madeira de
lei, medindo entre 4m e 11m de comprimento.

A NBR 6122:2019 recomenda a utilização de estacas de madeira em obras provisórias. Se forem usadas para
obras permanentes, tem de ser protegidas contra o ataque de fungos, bactérias aeróbicas, térmitas etc. Além
disso, a ponta e o topo devem ter diâmetros maiores que 15cm e 25cm, respectivamente, e o segmento de
reta que une os centros das seções da ponta e do topo deve estar compreendido integralmente no interior do
perímetro da estaca.

O topo da estaca deve ser protegido por cepos ou capacetes menos rígidos para minimizar danos durante a
cravação. Entretanto, quando ocorrer algum dano na cabeça da estaca durante a cravação, a parte afetada
deve ser cortada.

Vamos conhecer os tipos de reforços.


Reforço no topo.

Reforço na ponta.
Tipos de emendas.

Quando for preciso penetrar ou atravessar camadas resistentes, as pontas devem ser protegidas por ponteiras
de aço (segunda imagem). No caso de emendas, devem ser feitas talas metálicas (terceira imagem).

A madeira tem duração praticamente ilimitada quando mantida permanentemente submersa. Entretanto,
quando submetida à variação de nível d’água, ela apodrece por ação de fungos aeróbicos que se
desenvolvem no ambiente água/ar.

Para se garantir a durabilidade da estaca quando ocorre variação do nível d’água, costuma-se fazer o
tratamento da madeira com sais tóxicos à base de zinco, cobre, mercúrio etc. Entretanto, tem-se observado
que esses sais se dissolvem na água com o decorrer do tempo. Por isso, adota-se o tratamento com
creosoto, substância proveniente da destilação do carvão ou do asfalto, que se tem mostrado mais eficiente.
No geral, as estacas de madeira devem atender aos requisitos da NBR 7190:1997.

A NBR 6122:2019 recomenda que a nega seja medida em todas as estacas ao final da cravação. Devem
ainda ser registrados os diagramas de cravação em pelo menos 10% das estacas, escolhidas entre as mais
próximas aos furos de sondagem. Sempre que houver dúvida sobre o desempenho das estacas, devem ser
feitas provas de carga.

NEGA

Penetração permanente de uma estaca, causada pela aplicação de um golpe do pilão. Em geral é medida por
uma série de dez golpes. Ao ser fixada ou fornecida, deve ser sempre acompanhada do peso do pilão e da
altura de queda ou da energia de cravação (martelos automáticos) (NBR 6122:2019).
ESTACAS METÁLICAS
As estacas metálicas são tratadas no anexo F da NBR 6122:2019, com os procedimentos executivos para
estacas metálicas ou de aço.

No geral, as estacas metálicas podem ser entendidas como elemento estrutural produzido industrialmente,
podendo ser constituídas por perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tubos de chapa dobrada ou
calandrada, tubos (com ou sem costura) e trilhos, como vemos nas imagens a seguir.

Perfil de chapas soldadas

Perfis laminados, associados


Perfis tipo cantoneira

Tubos
Trilhos associados

A solução de fundações em estacas metálicas não é nova, sendo que, até há pouco tempo, por problemas
econômicos, restringia-se à utilização de trilhos provenientes da substituição de linhas de trem ou tubulações
velhas vendidas no mercado como sucata.

No geral, as estacas metálicas são constituídas por peças esbeltas, muito resistentes. Os perfis de aço
laminado podem ser I, H, tubos etc. Normalmente, os perfis são produzidos com comprimentos de 12m e, em
caso de emendas, são feitas por solda, com utilização de talas soldadas e aparafusadas. A aplicação mais
comum das estacas metálicas é essencialmente como elementos de estruturas de contenção.

 Aplicação de estaca metálica.

As estacas metálicas apresentam muitas vantagens se comparadas a outros tipos de estacas, como veremos
a seguir.
INEXISTÊNCIA DE VIBRAÇÃO
Inexistência de vibração quando se implantam os perfis por meio de percussão ou por técnicas modernas, tais
como a perfuração com equipamentos de hélice contínua. Nesse caso, substituem-se com muita vantagem as
gaiolas de armação por uma peça estrutural de aço, tendo como resultado a diminuição de mão de obra e
agilização dos serviços.

POSSIBILIDADE DE CRAVAÇÃO EM SOLOS DE DIFÍCIL


TRANSPOSIÇÃO
Possibilidade de cravação em solos de difícil transposição, sem o inconveniente do levantamento de estacas
vizinhas já cravadas (como ocorre em estacas pré-moldadas de concreto e Franki ) e sem perdas de estacas
quebradas.

RESISTÊNCIA A ESFORÇOS ELEVADOS DE TRAÇÃO


Resistência a esforços elevados de tração, na mesma grandeza de cargas de compressão e de flexão, além
de trabalhar cargas horizontais e combinadas.

POSSIBILITAM O TRATAMENTO
Possibilitam o tratamento para reduzir o efeito do “atrito negativo”.

DISPONIBILIDADE NO MERCADO
Disponibilidade no mercado de grande número de bitolas, possibilitando a otimização entre as cargas atuantes
e as cargas resistentes.

MAIOR FACILIDADE DE MANUSEIO E ARMAZENAMENTO


Maior facilidade de manuseio e armazenamento devido ao menor peso e volume das peças em comparação
com os elementos pré-moldados de concreto (o peso específico do concreto é menor do que o do aço).

REDUÇÃO DAS PERDAS


Redução das perdas devido à inexistência de quebras (maior limite de plasticidade do que estacas de
concreto).

FACILIDADE DE EMENDA
Facilidade de emenda (mediante solda nos topos) e corte.

PODEM SER REAPROVEITADAS


Podem ser reaproveitadas (possibilitam utilização em estruturas temporárias).

PROVOCAM PEQUENO DESLOCAMENTO DO SOLO


Provocam pequeno deslocamento do solo (a perturbação do solo durante a cravação é pequena).
REFORÇOS DE FUNDAÇÕES DE ESTRUTURAS EXISTENTES
Uma área na qual as estacas metálicas são muito utilizadas é nos reforços de fundações de estruturas
existentes, pois podem atingir profundidades elevadas, cravando-se pequenos pedaços de trilhos simples ou
compostos, emendados de topo por solda. A solda precisa ter reforço de talas metálicas para enrijecer as
juntas, que caracterizam um ponto fraco da estaca se não for bem-executada.

Porém, as estacas metálicas apresentam algumas desvantagens relevantes que não podem ser desprezadas,
como:

Custo global, que envolve material, equipamento, tempo de execução e ligação com o bloco de coroamento.

Problemas de corrosão em ambientes agressivos, mesmo com a utilização de artifícios para proteção da peça.

Possibilidade de encurvadura durante o processo de cravação.

Ruído na cravação por percussão.

Vibração.
Reduzida resistência de ponta.

Entretanto, no geral, as estacas metálicas apresentam elevadas capacidades de carga, como pode ser
verificado na Tabela 1.

Peso/metro Carga máxima


Tipo de estaca Tipo/dimensão
(kgf/m) (kN)

TR 25 24,6 200

TR 32 32,0 250

TR 37 37,1 300

TR 45 44,6 350
Trilhos usados

σ ≅ 80M P a

TR 50 50,3 400

(Verificar grau de desgaste e


alinhamento)
2 TR 32 64,0 500

2 TR 37 74,2 600

3 TR 32 96,0 750

3 TR 37 111,3 900
I 8" (203mm) 27,3 300

I 10(254mm) 37,7 400

Perfis I e H – Aço A36


I 12" (305mm) 60,6 600
Descontados 1,5mm para
corrosão e aplicada

σ = 120
2 I 10" 75,4 800
MP a

2 I 12" 121,2 1200

H 6" (152)mm 37,1 400

H 200mm 46,1 700

H 200mm 59,0 1000

Perfis H- Aço A572


Descontados 1,5mm e aplicada H 250mm 73,0 1200

σ = 175M P a

H 310mm 93,0 1500

H 310mm 117,0 2000

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 1: Estacas de perfis de aço mais utilizadas.


Elaborado por: Hachich et al. (2009, p. 239).
ESTACAS DE CONCRETO
Sabe-se que o concreto é o material que mais se destaca na construção civil. No caso das estacas não é
diferente.

O concreto é o material que melhor atende aos requisitos para confecção das estacas, devido a características
como resistência a agentes agressivos, grande capacidade de carga e o fato de suportar as alterações de
secagem e umedecimento.

Além disso, as estacas de concreto, pré-moldadas ou não, podem ser aplicadas desde estacas com pequena
capacidade de carga até situações em que se precisa de elevada capacidade de carga. O anexo E da NBR
6122:2019 apresenta as diretrizes e normativas para a execução das estacas pré-moldadas de concreto.

Essas estacas caracterizam-se por ser cravadas no terreno por percussão, prensagem ou vibração, podendo
ser constituídas por um único elemento estrutural ou pela associação de dois desses materiais, quando será
então denominada de estaca mista. Pela natureza do processo executivo, esse tipo de estaca classifica-se
como de grande deslocamento.

No geral, as estacas de concreto também permitem uma variação da seção.

Seção quadrada
Seção quadrada vazada

Seção circular
Seção octagonal

No caso das estacas em concreto, as emendas devem ser projetadas e bem-executadas a fim de impedir a
separação dos elementos emendados, manter o alinhamento e suportar as cargas durante a cravação e o
trabalho da estaca.

Emenda de estacas pré-moldadas por luvas de aço (a) soldadas e (b) apenas encaixadas.
Emenda de estacas pré-moldadas por soldada.

O espaçamento mínimo das estacas é de 2,5 vezes o diâmetro, mas nunca inferior a 60cm, como indicado nas
recomendações propostas por Alonso (2010). O afastamento da divisa irá variar com o equipamento utilizado
na cravação da estaca. No caso de estacas metálicas, os bate-estacas permitem cravá-las praticamente perto
da divisa, ao contrário das estacas de concreto, em que essas distâncias variam de 30cm a 60cm. Veja a
imagem a seguir.

 Espaçamentos entre eixo de estacas e divisa.

Cabe ainda ressaltar algumas generalidades das estacas pré-moldadas, como:

as estacas podem ser executadas em concreto armado ou protendido;

são executadas em fábrica, sendo depois transportadas para o estaleiro;

é elevado o consumo de cimento e de baixas relações a/c;

o concreto é de alta resistência; e

em fábrica, processo de compactação do concreto por vibração (em geral) ou por centrifugação (estacas
circulares vazadas).

Um elemento importante da execução de estacas pré-moldadas que merece destaque é o termo nega.
Quando o elemento atinge a profundidade para a qual foi projetado, verifica-se a nega da estaca. Trata-se da
medição do deslocamento da peça durante três séries de dez golpes de martelo. Com base nesses dados, o
técnico responsável poderá avaliar rapidamente se a estaca está atendendo à capacidade de carga de
trabalho necessária para o atendimento do projeto.

As estacas também podem ser de forma mista, ou seja, a união de dois materiais. Isso ocorre quando existe
alguma particularidade a ser vencida devido ao tipo de solo.

Por exemplo, a imagem a seguir apresenta uma situação de uma estaca em concreto com ponta metálica para
que seja possível sua cravação na rocha, visto que, se a estaca fosse toda em concreto, durante o processo
de cravação a ponta de concreto provavelmente quebraria ou ficaria fraturada.
 Estaca de concreto com ponta metálica.

Existem vários tipos de estacas mista. Hachich et al. (2009) propõem alguns modelos de estacas mistas
relacionados com o tipo de solo em que seriam mais indicados, como podemos ver na imagem a seguir.

 Exemplos de estacas mistas.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Classificação geral Classificação geral das Estacas

Estacas Metálicas Vantagens da Estaca Metálica


VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Categorizar as estacas moldadas no solo e escavadas

ESTACAS MOLDADAS NO SOLO E ESCAVADAS


ESTACAS
As estacas moldadas no solo, conhecidas como estacas moldadas in loco, e as escavadas são executadas
com equipamentos que permitem a escavação. Essa escavação pode ser feita com e sem o auxílio de tubo
moldador. Para as situações em que a estaca é escavada sem o tubo moldador, podem ser utilizados
equipamentos de trado contínuo, trado curto ou lamas bentoníticas. No caso da execução de estacas com
tubo moldador, este pode ser recuperável ou perdido.

 Perfuratriz para estaca hélice.

A NBR 6122:2019 classifica as estacas escavadas em dois grandes grupos. Vamos conhecer a classificação
das estacas escavadas.

ESTACA ESCAVADA COM USO DE FLUIDO ESTABILIZANTE


ESTACA ESCAVADA MECANICAMENTE

ESTACA ESCAVADA COM USO DE FLUIDO ESTABILIZANTE

Estaca moldada in loco, sendo a estabilidade da perfuração assegurada pelo uso de fluido estabilizante (ou
água, quando houver também revestimento metálico). Recebe a denominação de estacão quando a
perfuração é feita por uma caçamba acoplada a uma perfuratriz rotativa, e estaca barrete quando a seção for
retangular e escavada com utilização de clamshell.
ESTACA ESCAVADA MECANICAMENTE

Estaca executada por perfuração do solo por trado mecânico, sem emprego de revestimento ou fluido
estabilizante.

Segundo Velloso e Lopes (2010), as estacas escavadas podem gerar uma descompressão do terreno, que
será maior ou menor dependendo do tipo de suporte. As estacas escavadas podem ser divididas em estacas
de deslocamento, estacas sem deslocamento e estacas de substituição, conforme a Tabela 2.

Tipo de execução Estacas

1 Tipo Franki

Grande

De deslocamento 2 Microestaca injetada

Pequeno 3 Tipo hélice

4 Escavadas com revestimento metálico perdido que avança à

Sem frente da escavação

deslocamento

5 Estaca raiz

6 Escavadas sem revestimento ou com uso de lama

De substituição 7 Tipo Strauss

8 Hélice contínua

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 2: Tipos de estacas escavadas.


Elaborado por: Velloso e Lopes (2010, p. 228) adaptado por Dayanne Severiano Meneguete.

Dessa forma, ao longo do conteúdo, serão apresentadas as estacas mais comuns tanto na literatura quanto na
aplicação da construção civil.
ESTACA BROCA
Entre as estacas mencionadas e estudadas neste conteúdo, a estaca broca pode ser entendida como a mais
simples. Segundo Rebello (2008), a broca é uma fundação profunda, executada de forma manual, a partir da
utilização do denominado trado rotativo, como podemos ver na imagem a seguir.

 Trado rotativo para estaca broca.

A estaca tipo broca é uma fundação perfurada com trado manual, preenchida com concreto, com comprimento
mínimo de 3,0m, utilizada para pequenas construções, com cargas limitadas a 100kN.

O método executivo da estaca broca é bem simples, até mesmo por conta da simplicidade dos equipamentos
utilizados. O operário deve girar o trado rotativo, que “rasgará” o solo, fazendo assim aberturas, de forma a
preencher o cilindro do solo. Quando cheio, o trado é retirado do furo para ser esvaziado. O procedimento se
repete até que seja atingida a cota especificada em projeto ou até que um solo resistente seja alcançado.

 ATENÇÃO

É recomendável que o fundo do furo seja preenchido com uma camada de 20cm de argamassa (cimento e
areia). Isso é importante, pois previne que as britas desagregadas no processo de concretagem se
concentrem na ponta da estaca.

Sobre a armadura utilizada na estaca broca, tem-se que para as estacas submetidas apenas à compressão
não é necessário colocar armação em toda sua extensão. O mais comum é colocar quatro barras de 6,3mm
de diâmetro no comprimento de 2m da estaca, sendo que se deve deixar um arranque de 50cm da armação
para fazer a conexão da estaca com o bloco de coroamento.
O processo executivo da estaca broca pode ser mais bem entendido analisando a imagem a seguir, na qual
tem-se a etapa 1, que consiste na escavação; a etapa 2, em que ocorre o apiloamento do fundo e a colocação
da argamassa de cimento e areia no fundo; a etapa 3 consiste no processo de concretagem e adensamento;
e, por fim, na etapa 4 é colocada a armadura.

 Processo executivo – estaca broca.

Normalmente, a estaca broca possui diâmetro variando entre 20cm e 30cm e comprimento de até 6,0m. As
estacas tipo broca são normalmente empregadas para pequenas cargas, conforme pode ser observado na
Tabela 3, pelas limitações que envolvem seu processo de execução.

Cargas usuais e máximas para estacas do tipo broca

Diâmetro Tensão (MPa) Carga usual (kN) Carga máxima (kN)

20 3,0 a 5,0 100 120

25 3,0 a 5,0 150 200

30 3,0 a 5,0 200 250

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 3: Cargas usuais e máximas para estacas do tipo broca.


Elaborado por: Veloso e Lopes (2010, p. 205) adaptado por Dayanne Severiano Meneguete.

No geral, a estaca broca tem como principais características a simplicidade e a vantagem, bem como o fato de
não provocar vibrações durante a sua execução. Além disso, essa estaca possui baixa capacidade de cargas,
porém pode servir de cortina de contenção para construção de subsolos, quando executada de forma
justaposta. Por fim, cabe ressaltar que essa estaca possui limitações de execução em profundidades abaixo
do nível d’água.

ESTACA STRAUSS
Segundo a NBR 6122:2019, a estaca Strauss é uma estaca de concreto moldada in loco. Sua execução é
realizada a partir da escavação, por intermédio de uma sonda, também denominada piteira, com a simultânea
introdução de revestimento metálico, com guincho mecânico, em segmentos rosqueados, até que se atinja a
profundidade projetada.

 Estaca Strauss – sonda.

No geral, a estaca Strauss pode ser considerada um dos tipos mais simples e baratos que existem de estacas.
Isso é possível em função do fato de essa estaca não necessitar de grandes equipamentos. No geral, é
composta apenas de um tripé, muito semelhante aos do equipamento de sondagem. Além disso, por se um
equipamento simples, é possível sua aplicação em locais de difícil acesso e até mesmo no interior de
edificações, sem grandes problemas.
 Modelo esquemático – estaca Strauss.

Essa estaca é considerada por alguns autores como uma evolução da estaca broca. No geral, é ideal para
cargas de até 40 toneladas. Recomenda-se a utilização de tubo para revestir o furo, o que é fundamental para
evitar o estrangulamento do fuste.

Na execução da concretagem, é importante que o lançamento do concreto ocorra em paralelo com a retirada
gradativa do revestimento com o guincho manual e simultâneo apiloamento do concreto, visto que o furo
recebe revestimento integral para assegurar a estabilidade da perfuração e garantir as condições para que não
ocorra a mistura do concreto com o solo ou o estrangulamento do fuste da estaca.

 ATENÇÃO

Cabe ressaltar que esse tipo de estaca possui algumas limitações, devido a sua simplicidade. Por exemplo,
não pode ser aplicado em areias submersas ou em argilas muito moles saturadas. A ponta da estaca deve
estar em material de baixa permeabilidade para permitir as condições necessárias para limpeza e
concretagem.

As etapas e os procedimentos detalhados para execução da estaca tipo Strauss podem ser encontrados no
anexo G da NBR 6122:2019. No geral, o procedimento para execução pode ser dividido em duas fases
distintas: o processo de perfuração e colocação total dos tubos no solo e, posteriormente, o lançamento do
concreto previamente preparado no interior do tubo. A execução da perfuração é feita através de piteira, com
uso parcial ou total de revestimento recuperável e posterior concretagem in loco.
 Processo executivo – estaca Strauss.

A execução requer um equipamento constituído de um tripé de madeira ou de aço, um guincho acoplado a um


motor (combustão ou elétrico), uma sonda de percussão munida de válvula em sua extremidade inferior, para
a retirada de terra, um soquete, tubulação de aço com elementos de 2m a 3m de comprimento, rosqueáveis
entre si, um guincho manual para retirada da tubulação, além de roldanas, cabos de aço e ferramentas.

Vamos conhecer o passo a passo da execução da estaca tipo Strauss.

PASSO 1
PASSO 2
PASSO 3
PASSO 4
PASSO 5
PASSO 6

PASSO 1

Primeiramente, deve-se posicionar o equipamento para assegurar a centralização e verticalidade da estaca.


Após garantir a estabilidade do equipamento, inicia-se a execução por meio da aplicação de repetidos golpes
com o pilão ou a piteira para formar um pré-furo com profundidade de 1,0m a 2,0m, dentro do qual é colocado
um segmento curto de revestimento com coroa na ponta.
PASSO 2

Com o pré-furo feito, inicia-se efetivamente o processo de perfuração, realizando repetidos golpes da sonda e
eventual adição de água para que seja possível empreender a remoção do solo.

PASSO 3

Na medida em que o furo é formado, os tubos de revestimento devem ser inseridos até que a profundidade
prevista seja atingida.

PASSO 4

Ao concluir a perfuração, lança-se água no interior dos tubos para sua limpeza. A água e a lama devem ser
totalmente removidas pela piteira, e o soquete é lavado.

PASSO 5

Para o lançamento do concreto é utilizado um funil no interior do revestimento, em quantidade suficiente para
se ter uma coluna de aproximadamente 1,0m, que deve ser apiloado para formar a ponta da estaca.
Continuando-se a execução da estaca, o concreto é lançado e apiloado, com a simultânea retirada do
revestimento.

PASSO 6

A retirada do revestimento pode ser feita com guincho manual de forma lenta, para evitar a subida da
armadura, quando existente, e a formação de vazios, garantindo que o concreto esteja acima da ponta do
revestimento. A concretagem deve ser feita até a superfície do terreno.

De forma resumida, o processo executivo pode ser, então, dividido em quatro etapas, como veremos a seguir.
Abertura de um furo no terreno com um soquete para colocação do primeiro tubo (coroa).

Aprofunda-se o furo com golpes de sonda de percussão e limpeza.


Lançamento do concreto e apiloado com o soquete.

Após a concretagem, colocam-se barras de aço de espira para ligação com blocos e baldrames na
extremidade superior da estaca.

Cabe ressaltar que essa estaca pode atingir a profundidade de perfuração de 20m a 25m; deve ser executada
acima do lençol freático; seu diâmetro varia de 30cm a 45cm (usual); e, o mais importante, a qualidade
depende da execução. Sendo assim, é importante fazer o registro da execução. Isso pode ocorrer a partir do
preenchimento do boletim de controle de execução diariamente para cada estaca, em que devem constar as
informações a seguir.

De execução boletim de controle

Identificações gerais (obra, local, nome do operador, executor e contratante).


Características do equipamento.

Identificação da estaca: diâmetro, nome ou número conforme projeto de fundação.

Data de execução da estaca.

Comprimentos escavado e útil.

Consumo de materiais por estaca.

Cotas do terreno e cota de arrasamento.

Especificação dos materiais e insumos utilizados.

Observações relevantes.

Nome e assinatura do executor.

Nome e assinatura da fiscalização e do contratante.

A capacidade de carga para estacas Strauss pode ser calculada conforme procedimentos para cálculo de
capacidade de cargas de estacas, como os descritos por Aoki-Velloso (1975), Décourt-Quaresma (1978),
Teixeira (1996) entre outros. Além disso, é comum obter na literatura tabelas que apresentam a capacidade de
cargas usuais para estacas em função do diâmetro, como mostra a Tabela 4.

Cargas usuais e máximas para estacas do tipo Strauss

Diâmetro Tensão (MPa) Carga Usual (kN) Carga Máxima (kN)

25 3,0 a 5,0 150 200

32 3,0 a 5,0 250 350

38 3,0 a 5,0 350 450

45 3,0 a 5,0 500 650

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal


 Tabela 4: Cargas usuais e máximas para estacas do tipo Strauss.
Elaborado por: Veloso e Lopes (2010, p. 205).

Dessa forma, pode-se concluir que a estaca Strauss é indicada para locais confinados, terrenos acidentados e
interior de construções existentes, com o pé-direito reduzido. Podem ser utilizadas também em locais com
restrições a vibrações. No entanto, possui algumas limitações, como a capacidade de carga menor que as
estacas Franki e pré-moldadas de concreto. Também apresenta limitação quanto ao nível do lençol freático e
certa dificuldade para escavar solo mole de areia fofa, por causa do estrangulamento do fuste. Sendo assim,
de forma resumida, temos que a estaca Strauss é indicada principalmente em solos de terrenos planos, solos
colapsáveis, solos de baixa resistência, locais confinados e terrenos acidentados.

Da mesma forma, a estaca Strauss não é indicada para solos com lençol freático alto, areia saturada e argila
muito mole, solos de alta resistência, matacão, rochas, argilas rijas, entre outros solos com alta resistência. A
estaca Strauss possui diversas vantagens e desvantagens.

VANTAGENS
Leveza e simplicidade do equipamento, o que possibilita a sua utilização em locais Confinados, em
terrenos acidentados ou ainda no interior de construções existentes, com o pé direito reduzido;

O processo não causa vibrações.

DESVANTAGENS
Produz muita lama – aspecto desconfortável;

Capacidade de carga baixa – 1 estaca Strauss pode ter até a metade de uma estaca pré-moldada;

Dificuldade para escavar solo mole de areia fofa;

Para situações em que se tenha a necessidade de se executar a escavação abaixo do nível d’água em
solos arenosos, ou no caso de argilas moles saturadas, não é recomendável o emprego das estacas do
tipo Strauss por causa do risco de estrangulamento do fuste a concretagem.

ESTACA FRANKI
A estaca Franki foi desenvolvida pelo engenheiro belga Edgard Frankignoul na década de 1910 (Velloso e
Lopes, 2010). O desenvolvimento dessa estaca foi muito bem-sucedido, como uma estaca de qualidade e de
custo vantajoso, pelos comprimentos menores de estaca por conta da base alargada e da concretagem
apenas no comprimento necessário. Além de tudo isso, a estaca Franki ainda apresenta outras características.
 Características – estaca Franki.

A estaca tipo Franki é de concreto armado moldada in situ, que emprega um tubo de revestimento cravado
dinamicamente com ponta fechada por meio de bucha de seca de concreto, recuperado após a realização da
concretagem da estaca.

 Estaca Franki – pilão e tubo para revestimento do furo.

O método executivo da estaca Franki pode ser dividido em seis etapas, como veremos a seguir.

Etapa 1

Deve-se realizar o posicionamento do tubo de revestimento e a formação da bucha a partir do lançamento de


brita e areia no interior do tubo e compactação pelo impacto do pilão, fazendo o material aderir fortemente ao
tubo.

A cravação do tubo no terreno deve ocorrer por meio da aplicação de sucessivos golpes do pilão na bucha
formada na etapa anterior.

Etapa 2

Etapa 3
Finalizada a cravação, o tubo é preso à torre do bate-estaca por meio de cabos de aço para expulsar a bucha
e iniciar a execução da base alargada, que se dá pelo apiloamento de camadas sucessivas de concreto quase
seco.

Antes da concretagem, deve ser feita a colocação da armação da estaca, tomando-se o cuidado de garantir a
sua ligação com a base alargada.

Etapa 4

Etapa 5

A concretagem do fuste ocorre com o lançamento de camadas sucessivas de pequena altura de concreto e
recuperação do tubo.

Finalização do processo executivo, em que a concretagem do fuste ocorre até 30cm acima da cota de
arrasamento.

Etapa 6

As fases de execução da estaca tipo Franki podem ser entendidas pela sequência executiva ilustrada na
imagem a seguir.

 Processo executivo – estaca Franki.

Após finalizada a execução da estaca Franki, é possível identificar que seu aspecto final é de um fuste regular
devido ao revestimento com tubo metálico. Sua base alargada possui formatos relativamente bem-definidos.
 Modelo de estaca tipo Franki executada.

Durante a execução de uma estaca, devem ser considerados certos cuidados executivos para obtenção da
boa qualidade da execução. A altura da bucha a ser adotada influência no resultado da cravação. Buchas
excessivas aumentam a eficiência da cravação, fazendo o tubo penetrar além do necessário – e buchas
reduzidas têm efeito contrário.

Dos equipamentos utilizados na execução de estaca Franki, tem-se o bate-estaca típico, como vemos na
imagem a seguir. Os principais elementos de um bate-estaca são a torre, o motor, o guincho e o
mecanismo de movimentação.

 Modelo de bate-estacas.

Para a execução das estacas tipo Franki, é necessário um bate-estaca, cujas características estão descritas
na Tabela 5.
Características do bate-estaca

Categoria/características Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3

Altura da torre (m) 13,5 20 30

Peso do guincho (kN) 70 a 100 120 a 150 180

Comprimento dos tubos 30 a 52 30 a 60 30 a 60

Profundidade da estaca 15 a 18 20 a 25 30

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 5: Características do bate-estaca – estaca Franki.


Elaborado por: Hachich et al. (2009, p. 331).

Além das características do bate-estacas, também devem ser levadas em conta as características dos tubos e
pilões, que, segundo Hachich et al. (2009), podem ser divididas em cinco tipos, especificados na Tabela 6.

Características dos tubos e pilões

Característica/tipo Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Tipo 5

Diâmetro do tubo (cm) 30 35 40 52 60

Peso do tubo (kN/m) 1,4 1,75 2,25 3,65 4,50

Pilão (kN) 10 15 20 28 35

Diâmetro do pilão (cm) 18 22 25 31 38

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 6: Característica do bate-estaca – estaca Franki.


Elaborado por: Hachich et al. (2009, p. 331).
A estaca Franki possui um diferencial no concreto utilizado em sua execução. O concreto usado deve ser de
baixo fator água-cimento, resultando num concreto de slump zero. Isso permitirá o apiloamento previsto no
método executivo. Esse concreto usado na base é praticamente seco, o que permite o forte apiloamento
exigido para alargamento da base.

A capacidade de carga usual para estacas Franki é maior que as encontradas para estacas tipo broca e
Strauss. Alonso (2010) apresenta alguns valores para referência (Tabela 7).

Cargas usuais para estacas tipo Franki

Diâmetro Tensão (MPa) Carga usual (kN)

35 550

40 750

6,0 a 10,0

52 1.300

60 1.700

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 7: Cargas usuais para estacas tipo Franki.


Elaborado por: Alonso (2010, p. 76).

A utilização da estaca tipo Franki traz como benefício uma elevada carga de trabalho que está diretamente
ligada a pequenos recalques. Porém, para sua aplicabilidade, torna-se indispensável verificar a viabilidade de
uso, com o intuito de prevenir e contornar possíveis problemas de execução. Para tanto, as estacas Franki são
bastante utilizadas. Contudo, não são recomendadas para:

execução em terrenos com matacões;

reconhecimento do local, a fim de se obter informações de acesso e estado das construções vizinhas; e

terrenos com camadas de argila mole saturada.

ESTACA RAIZ
A estaca raiz é uma estaca argamassada in loco e de elevada tensão de trabalho do fuste. Caracteriza-se
principalmente por ser uma estaca executada com o emprego de revestimento, que permite atingir grandes
comprimentos, em rocha ou em solo. A NBR 6122:2019 contempla no anexo K os procedimentos executivos
para estaca raiz. Dessa forma, tem-se que o revestimento é feito por meio de segmentos de tubos metálicos
(revestimento) de 1,0m a 1,5m, que vão sendo rosqueados à medida que a perfuração é executada, sendo
que o revestimento é recuperado.

A estaca raiz é armada em todo o seu comprimento e a perfuração é preenchida por uma argamassa de
cimento e areia.

No processo de perfuração do solo, a execução da estaca raiz é feita por meio da rotação imposta por uma
perfuratriz rotativa ou rotopercussiva ao revestimento, que desce com o uso de circulação direta de água
injetada com pressão pelo seu interior. Pode-se adicionar polímero, sendo vetado o uso de lama bentonítica,
que corresponde à mistura de água e bentonita, agindo como agente estabilizante quando se realiza a
escavação para a execução de fundações profundas.

Para estacas de diâmetro acabado iguais ou inferiores a 250mm, a bomba deve ter em sua curva
características mínimas de vazão de 1 m³/h e a pressão de 120m.c.a. Para diâmetros acabados iguais ou
superiores a 310mm, a bomba terá em sua curva características mínimas de vazão de 25m³/h e a pressão de
150m.c.a. O diâmetro nominal é considerado o diâmetro acabado que serve como designação para projeto de
fundação. A NBR 6122:2019 apresenta uma relação entre os diâmetros externos, em milímetros, dos tubos de
revestimento utilizados na perfuração com relação aos diâmetros nominais (Tabela 8).

Diâmetro   nominal da
mm 150 160 200 250 310 400 450
estaca

Diâmetro   mínimo
externo do tubo de mm 127 141 168 220 273 355 406
revestimento

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 8: Diâmetros nominais e diâmetros dos revestimentos.


Elaborado por: ABNT (2019, p. 79).

A estaca raiz possui algumas particularidades que permitem sua aplicação em casos em que as demais
estacas não poderiam ser empregadas, visto que:

Essas estacas não produzem choques nem vibrações.


Há ferramentas que permitem executá-las através de obstáculos, tais como blocos de rocha ou peças de
concreto.

Os equipamentos são, em geral, de pequeno porte, o que possibilita o trabalho em ambientes restritos.

Podem ser executadas na vertical ou em qualquer inclinação.

Existem empresas que executam estaca raiz com até ∅ 500mm e 52m de profundidade, de acordo com o solo.
Os diâmetros mais comuns acabados variam de 80mm a 410mm.

Entre as suas aplicações podem ser citados:

estabilização de encostas;

reforço de fundações; e

execução de fundações em terrenos com blocos de rocha ou antigas fundações.

O processo executivo para execução da estaca raiz pode ser divido pela perfuração por circulação de água,
instalação da armadura, preenchimento do furo com argamassa (injeção de baixo para cima), aplicação de
golpes de ar comprimido e remoção do tubo de revestimento. Veja na imagem a seguir:
 Método executivo – estaca raiz.

Para a perfuração, normalmente utiliza-se o processo rotativo, com base na circulação de água ou lama
bentonítica, que permite a colocação de um tubo de revestimento provisório até a ponta da estaca. Em
situações em que seja encontrado material resistente, a perfuração pode prosseguir com uma coroa
diamantada ou, o que é mais comum, por processo percussivo (uso de “martelo de fundo”).

A instalação da armadura inicia-se após a finalização da perfuração. A armadura é introduzida, sendo que é
constituída por uma única barra, ou um conjunto delas, devidamente estribadas (“gaiola”). Por fim, no processo
da concretagem, utiliza-se argamassa de areia e cimento, que deve ser bombeada por um tubo até a ponta da
estaca. À medida que a argamassa sobe pelo tubo de revestimento, este é concomitantemente retirado com o
auxílio de macacos hidráulicos, e são dados golpes de ar comprimido, visando adensar a argamassa.

Caputo e Caputo (2015) propõem uma relação entre o diâmetro e a carga de trabalho para estaca raiz (Tabela
9).

Diâmetro

Carga de trabalho (kN)

Perfuração Acabado

82 100 Até 100

101 120 Até 150

114 140 Até 200

127 150 Até 250

140 160 Até 350

168 200 Até 500


220 250 Até 700

275 310 Até 1.000

355 400 Até 13.000

406 500 Até 16.000

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 9: Carga de trabalho para estaca raiz.


Elaborado por: Caputo e Caputo (2015, p. 316).

A estaca raiz apresenta diversas vantagens, porém, associadas a essas vantagens, há algumas desvantagens
que fazem com que sua aplicação não seja tão usual. Vamos conhecer as vantagens e desvantagens:

VANTAGENS
ausência de vibração e descompressão do terreno, podendo então ser utilizada em terrenos com
construções vizinhas;

possibilidade de execução em áreas de espaço limitado, devido ao equipamento ser de pequeno e médio
porte;

utilização em terrenos com presença de matacões, rochas e concreto, com capacidade de perfuração de
matérias rígidas;

possibilidade de combater esforços de flexão;

execução com maiores inclinações (0° a 90°); e

não provoca poluição sonora.

DESVANTAGENS
custo elevado;

alto consumo de cimento;

alto consumo de ferragens para as armaduras;


grande impacto ambiental; e

obra alagada devido ao grande consumo de água.

ESTACA HÉLICE CONTÍNUA


A estaca hélice contínua foi desenvolvida nos Estados Unidos e difundida em toda a Europa e pelo Japão na
década de 1980. No Brasil, foi executada pela primeira vez em 1987 com equipamentos aqui desenvolvidos.
Em meados da década de 1990, o mercado brasileiro foi invadido por máquinas importadas da Europa,
principalmente da Itália, construídas especialmente para a execução de estacas hélice contínua. A normativa
para a execução da estaca hélice contínua é dada pela NBR 6122:2019, anexo N. É possível então
compreender que a estaca hélice contínua é uma estaca de concreto moldada in loco, executada por meio de
trado contínuo e injeção de concreto através da haste central do trado simultaneamente a sua retirada do
terreno.

 Perfuratriz para execução da estaca hélice contínua.

A perfuração consiste em fazer a hélice penetrar no terreno por meio de torque apropriado para vencer a sua
resistência. A haste de perfuração é composta por uma hélice espiral solidarizada a um tubo central, equipada
com dentes na extremidade inferior que possibilitam a sua penetração no terreno.

A metodologia de perfuração permite a sua execução em terrenos coesivos e arenosos, na presença ou não
do lençol freático, e atravessa camadas de solos resistentes com índices de resistência à penetração acima de
50, dependendo do tipo de equipamento utilizado. A velocidade de perfuração produz em média 250m por dia,
dependendo do diâmetro da hélice, da profundidade e da resistência do terreno. Atingida a cota de projeto
inicia-se a injeção do concreto pela haste do trado, com a progressiva retirada do trado e preenchimento do
espeço pelo concreto que formar a estaca.

 ATENÇÃO

A NBR 6122:2019 ressalva que nessa operação deve existir perfeita coordenação entre os operadores do
equipamento da hélice contínua e o responsável pela bomba do concreto que opera no cocho. O operador do
equipamento avisa por sinal sonoro o operador do cocho para que comece o lançamento do concreto e,
concomitantemente, tem início o levantamento do trado da hélice contínua para a expulsão da tampa e o início
da concretagem.

Por fim, tem-se a colocação da armadura em forma de gaiola, que deve ser feita imediatamente após a
concretagem e limpeza das impurezas do topo da estaca. Sua descida pode ser auxiliada por peso ou
vibrador. A armadura deve ser enrijecida para facilitar a sua colocação. Os centralizadores, caso utilizados,
devem ser colocados a aproximadamente 1,0m do topo e 1,0m da ponta da armação.

 Método executivo – estaca hélice contínua.

O equipamento empregado para cravar a hélice no terreno é constituído de um guindaste de esteiras, sendo
montada a torre vertical de altura apropriada à profundidade da estaca, equipada com guias por onde corre a
mesa de rotação de acionamento hidráulico.

Os equipamentos disponíveis permitem executar estacas de no máximo 25m de profundidade e inclinação


de até 1:4 (H:V). As cargas nominais da estaca tipo hélice são bem altas (Tabela 10), o que é uma das
vantagens da estaca.

Cargas nominais para estacas do tipo hélice contínua

Descrição Unidade Valores


Diâmetro
cm 35 40 50 60 70 80 90 100
nominal

Carga
kN 600 800 1.300 1.800 2.400 3.200 4.000 5.000
máxima

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 10: Cargas nominais para estacas do tipo hélice contínua.


Elaborado por: Caputo e Caputo (2015, p. 318).

Entre as vantagens da estaca hélice, pode-se evidenciar a elevada produtividade, promovida pela versatilidade
de equipamento, que por sua vez leva à economia devido à redução dos cronogramas de obra. A estaca pode
ser executada na maior parte dos maciços de solo, exceto quando ocorrem matacões e rochas. No geral, não
produz distúrbios e vibrações típicos dos equipamentos a percussão. Devido ao nível de mecanização, a
estaca hélice permite um controle de qualidade dos serviços executados, e, por fim, não causa a
descompressão do terreno durante a sua execução.

Porém, tantas vantagens geram algumas desvantagens relevantes, como o fato de que o porte do
equipamento é grande e por isso necessita de áreas planas e de fácil movimentação. Devido a sua alta
produtividade, exige também uma central de concreto no canteiro de obras, cujo custo é muito elevado. Assim,
é necessário um número mínimo de estacas a se executar para compensar o custo com a mobilização do
equipamento.

ESTACA ÔMEGA
De execução semelhante à estaca hélice contínua monitorada, as estacas ômega permitem o deslocamento
lateral do terreno sem o transporte de solo à superfície, resultando numa melhora do atrito lateral. Os
diâmetros disponíveis iniciam com 270mm, e depois de 320mm a 620mm. A diferença entre a estaca tipo
hélice contínua e a ômega está, basicamente, na configuração da haste de perfuração.
 Hélice da estaca ômega.

No que se refere à profundidade, é possível executar por essa técnica estacas de até 28m de profundidade,
dependendo de equipamento, torque e diâmetros a serem utilizados. O processo executivo é semelhante ao
da estaca hélice contínua, como pode ser verificado na imagem a seguir.

 Método executivo – estaca ômega.

ESTACAS ESCAVADAS
As estacas escavadas com uso de fluido estabilizante são normatizadas pela NBR 6122:2019, no anexo J, que
trata dos procedimentos para execução. Esse tipo de estaca pode ser estabilizado com lama bentonítica para
perfuração ou polímeros sintéticos, naturais ou naturais modificados para sustentação das paredes da
escavação. A concretagem é submersa, com o concreto deslocando o fluido estabilizante em direção
ascendente para fora do furo. As estacas podem ter seções circulares, denominadas estacões, e
retangulares, denominadas barretes ou seções compostas. Os diâmetros dessas estacas variam de 70cm até
3,00m e suas profundidades atingem mais de 100m. A carga admissível pode chegar a até 30.000kN.

O processo executivo das estacas escavadas com lama bentonítica compreende inicialmente a escavação e o
preenchimento simultâneo da estaca com lama bentonítica previamente preparada. Posteriormente, é
colocada dentro da escavação cheia de lama a armadura previamente montada e, por fim, ocorre o
lançamento do concreto, de baixo para cima, através de tubos de concretagem. Pelo de o concreto ser mais
denso, a lama é expulsa, bombeada de volta para os depósitos.

Método executivo – estacas escavadas com uso de fluido estabilizante.

Detalhe da remoção do fluido estabilizante de estacas escavadas.

 SAIBA MAIS

Podem ser executadas em presença de lâmina d’água, o que ocorre em obras marítimas e em construção de
pontes.

Na ocorrência de cargas elevadas em obras de vulto, o tipo de estaqueamento que também pode ser utilizado
é o de estacas tipo barrete, que são estacas de seção retangular derivadas de um ou mais painéis de parede
diafragma. São utilizados como elementos portantes de fundações em substituição às estacas de grande
diâmetro e com equipamentos de grande porte, como o clamshell Hidrofresa.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Estaca tipo Franki Processo executivo estaca tipo Franki

Estaca Strauss Processo executivo estaca Strauss

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

 Reconhecer o que são tubulões e suas características construtivas


TUBULÃO: TIPOS, ADEQUAÇÃO E PROCESSO
CONSTRUTIVO

TUBULÕES
A fundação denominada como tubulão também é uma fundação que tem suas diretrizes para cálculo e
método executivo definidas pela NBR 6122:2019 (projeto e execução de fundações). Todas as premissas
necessárias para entender o que é um tubulão e como dimensioná-lo são baseadas na norma.

Pode-se definir tubulão como um elemento de fundação profunda em que, pelo menos na etapa final da
escavação do terreno, faz-se necessário o trabalho manual em profundidade para executar o alargamento de
base ou pelo menos para a limpeza do fundo da escavação, uma vez que, nesse tipo de fundação, as cargas
são resistidas majoritariamente pela ponta.
 Seção típica de um tubulão.

Porém, no caso de ser considerado o atrito lateral, a parcela do comprimento de fuste igual ao diâmetro da
base, imediatamente acima do início do alargamento, deve ser desprezada. Da mesma forma que as estacas,
o comportamento do tubulão, quando submetido à prova de carga, pode não apresentar ruptura nítida. Isso
ocorre em duas circunstâncias:

CIRCUNSTÂNCIA 1
CIRCUNSTÂNCIA 2

CIRCUNSTÂNCIA 1

Quando a carga de ruptura do tubulão é superior à carga máxima que se pretende aplicar (por exemplo, por
limitação de reação).

CIRCUNSTÂNCIA 2

Quando o tubulão é carregado até apresentar recalques elevados, mas que não configuram uma ruptura nítida
como descrito.

Os tubulões se dividem em dois grupos:

Tubulão a céu aberto

Pode ser com ou sem uso de revestimento (camisa metálica ou de concreto).



Tubulão a ar comprimido

Tubulão pneumático, com camisa de aço ou concreto.

Além disso, diferentemente das estacas que são classificadas como fundação indireta profunda, os tubulões
são classificados como fundação direta profunda. “Direta” porque as cargas são transmitidas por meio da
sua base e “profunda” porque a cota de assentamento é bem maior do que a sua largura. Devido a esse fator,
o modo de transmitir as cargas dos tubulões funciona de forma semelhante às sapatas, sendo desprezada a
carga proveniente do atrito lateral entre a parede do fuste e o solo, uma vez que equivale à carga proveniente
de seu peso próprio.

Outra característica importante a ser observada na geometria do tubulão é que sua base deve ser alargada em
terreno coesivo, visto que, se o alargamento da base for feito em areia pura, ocorrerá o desmoronamento.

O tubulão a céu aberto deve ser executado acima do nível da água. Em situações em que sua execução
ocorrer em solos pouco coesivos, será necessário revestir o fuste, para evitar desmoronamentos.

 Tipos de tubulões quanta ao uso de revestimento.

Em situações em que o nível d’água é alto, deve ser utilizado o tubulão de ar comprimido, ou seja, esse tipo de
tubulão só deve ser utilizado quando não se consegue descer para alargar a base e inspecionar o terreno, por
causa da entrada d’água.

Os tubulões são elementos de fundações normalmente utilizados para obras de grande porte e apresentam
diversas vantagens, como o baixo custo de mobilização de equipamentos – o processo construtivo produz
poucas vibrações e ruídos. Além disso, o engenheiro de fundações pode inspecionar o perfil de solo. Com
isso, é possível modificar o diâmetro e o comprimento durante a execução. Além disso, as escavações podem
ultrapassar solos com matacões e pedras. Porém, a execução do tubulão possui uma desvantagem muito
relevante: o elevado risco de vida durante a sua escavação e inspeção.
CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS
Os tubulões apresentam uma particularidade quanto à armadura. Podem ser executados em concreto não
armado, exceto quanto à armadura de ligação com o bloco e aos valores, quando solicitadas as cargas de
compressão e as tensões limitadas. Tais valores estão apresentados e podem ser analisados na NBR
6122:2019.

Logo, tubulões com solicitações que resultem em tensões superiores às apresentadas pela NBR 6122:2019
necessitam ser dotados de armadura, que deve ser dimensionada de acordo com a NBR 6118:2014, sem
considerar a excentricidade de carga. A armadura mínima de cisalhamento precisa, também, atender aos
requisitos impostos na NBR 6118:2014, atendendo aos limites citados na NBR 6122:2019.

TUBULÕES A CÉU ABERTO


Trata-se de uma fundação profunda, que poderá ser escavada de forma manual ou mecanizada, em que, pelo
menos na sua etapa final, há descida de pessoal para alargamento da base ou limpeza do fundo quando não
há base. Esse tipo de tubulão deve ser empregado acima do lençol freático, ou mesmo abaixo dele, nos casos
em que o solo se mantenha estável sem risco de desmoronamento e seja possível controlar a água do interior
do tubulão.

Segundo recomendações impostas pela NBR 6122:2019, o fuste pode ser escavado manualmente por
poceiros ou por meio de perfuratrizes até a profundidade prevista em projeto. Quando escavado à mão, o
prumo e a forma do fuste devem ser conferidos. Veja na imagem a seguir:

 Perfuratriz para execução dos furos de tubulões.


É muito comum no processo de dimensionamento de tubulões dimensionar a área da base do tubulão
desprezando-se seu peso próprio, visto que esse valor é desprezível diante das incertezas dos métodos
utilizados para fixar a tensão admissível do solo.

Hachich et al. (2009) descrevem o procedimento de cálculo para o dimensionamento de tubulões a céu aberto:
se conhecida a carga P atuante no tubulão e a tensão admissível do solo de apoio da base do tubulão, pode-
se calcular a área da base pela Equação 1.

P
Ab =
σadm

Equação 1

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Se a projeção da base for de seção circular, como na imagem na seguir, o diâmetro será dado pela Equação 2.
Para situações em que a projeção da base representar uma falsa elipse, os valores geométricos podem ser
obtidos pela Equação 3.

 Seções transversais do fuste e da base de tubulões.

2
πD P 4P
= ∴ D = √
4 σadm πσadm

Equação 2

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal


2
πb P
+ b × x =
4 σadm

Equação 3

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Para a Equação 3, deve-se escolher b (ou x) e, consequentemente, obter x (ou b).

Para o cálculo da área do fuste, considera-se um pilar cuja seção de aço seja nula. Além disso, como as
fundações estão enterradas e geralmente são dotadas de vigas de travamento, é comum desprezar o efeito de
segunda ordem devido à excentricidade da carga. Dessa forma, a área do fuste pode ser obtida pela Equação
4.

0, 85 × Af × fck
γf P =
γc

Equação 4

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Sendo que:

γc

é o coeficiente de ponderação da resistência à compressão do concreto, que segundo a NBR 6122:2019


deve ser considerado 1,6 a 5,0, conforme indicado na Figura 41, mostrada anteriormente; e

γc

é o coeficiente de ponderação que multiplica as ações características, que deve ser recomendado,
segunda a norma, 1,4.

A fórmula expressa pela Equação 4 é normalmente substituída por outra mais simplificada e tradicional
(Equação 5).
P
Af =
σc

Equação 5

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Onde

0, 85 × fck
σC =
γf × γc

Para a tensão admissível do concreto em tubulão, considera-se, para os casos normais,

fck

na ordem de 20MPa, e, dessa forma,

σc = 5MPa

Assim, a carga máxima a ser utilizada no tubulão pode ser fixada em função do diâmetro do fuste, que pode
ser obtido pela Equação 6:

4 × Af 4 × P
Df = √ ∴ Df = √
π π × σc

Equação 6

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Os tubulões devem ser dimensionados de maneira que as bases não tenham alturas superiores a 1,8m. Para
tubulões a ar comprimido, as bases podem ter alturas de até 3,0m, desde que as condições do maciço
permitam ou sejam tomadas medidas para garantir a estabilidade da base durante a sua abertura.

Tubulões que possuem base alargada devem ter a forma de um tronco de cone (com base circular ou no
formato de falsa elipse), superposto a um cilindro (ou falsa elipse) de no mínimo 20cm de altura, denominado
rodapé. O ângulo β, também indicado na imagem a seguir, deve ser maior ou igual a 60°.
 Base de tubulões.

Dessa forma, a altura total da base (H) poderá ser obtida pela Equação 7, para situações de seção circular.

D − ∅

H = tan 60 ∴ H = 0, 866(D − ∅)
2

Equação 7

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Para situações em que a seção do tubulão for de falsa elipse, a altura total da base poderá ser obtida pela
Equação 8:

H = 0, 866(a − ∅)

Equação 8

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Dessa forma, com base nas equações de altura e área, é possível calcular o volume da base, assimilando-se
a seção a um tronco de cone com altura H – 20cm, superposta a um cilindro de altura de 20cm (Equação 9):
H − 0, 2
V = 0, 2 × Ab + × (Ab + Af + √Ab × Af )
3

Equação 9

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

 Geometria de um tubulão.

A armadura longitudinal pode ser obtida pela Equação 10 e o espaçamento pela Equação 11.

2
π∅
AS = 0, 5% ⋅ Af ↔ AS = 0, 005 × ( )
4

Equação 10

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

π × (∅ − 2 × c)
 Espa ç amento  = ∘
n  barras  − 1

Equação 11

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal


 Modelo esquemático de um tubulão de base (falsa elipse).

A armadura transversal, denominada por estribos, pode ser obtida pelas condições expressas nas Equações
12, 13 e 14.

5, 00 mm
∅min ≥ {
∅l

Equação 12

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

⎧ 30 cm

 Espa ç amento má ximo  ≥ ⎨ 12∅l



⎪ 190∅t

∅l

Equação 13

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal


 Espa ç amento mínimo  = 5 cm

Equação 14

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

 Detalhamento completo da armadura do tubulão.

TUBULÕES A AR COMPRIMIDO
O tubulão a ar comprimido é utilizado em situações em que a escavação do tubulão a céu aberto se torna
inviável. Normalmente isso ocorre quando a escavação atinge o lençol freático. Segundo Caputo e Caputo
(2015), a aplicação do ar comprimido em obras de engenharia data aproximadamente de 1841, quando o
engenheiro francês Jules Triger o aplicou pela primeira vez em trabalhos nas minas de Chalonnes, no Vale do
Loire, na França. Assim, originou-se o sistema de fundações sob ar comprimido, também chamado de
fundações pneumáticas, que tem evidentemente sofrido sucessivos aperfeiçoamentos.

Dessa forma, é possível entender o que difere os dois métodos – no caso do tubulão a ar comprimido, a
instalação para execução de uma campânula ou câmara de equilíbrio, construída de chapa de aço, e um
compressor, que fornece o ar comprimido. O princípio da execução de fundações pneumáticas é manter, pelo
ar comprimido, a água afastada do interior do tubulão.

A campânula recebe ar comprimido com uma pressão que impede a entrada de água no interior do tubulão. A
campânula possui um cachimbo, utilizado para descarga do material escavado. Na fase de concretagem, é
montado um elemento entre a campânula e o revestimento do tubulão, que possui um cachimbo de
concretagem (Figura 48).

 (Figura 48) Campânula para pressurização do tubulão.

Como visto, os tubulões também podem ser executados com um revestimento metálico que deve ser cravado
por um martelo hidráulico, vibrador ou apenas empurrado no terreno por meio de uma entubadeira hidráulica.

O tubulão deverá ser escavado de forma lenta até que seja atingida a camada resistente do solo. Uma vez
atingida, pelo seu interior descem os operários que realizam a escavação do terreno e o alargamento da base.

Finalmente, feito o enchimento do seu interior com concreto, tem-se o tubulão:

 Esquema das fases de execução de um tubulão a ar comprimido.

A execução dos tubulões deverá ser cuidadosa para evitar desaprumos, geralmente de correção difícil. É
importante ressaltar que, em qualquer etapa de execução dos tubulões, devem ser observadas as
recomendações das normas vigentes, principalmente as legislações que regulam o trabalho em ambiente sob
ar comprimido.

A NBR 6122:2019 afirma que só são admitidos trabalhos sob pressões superiores a 0,15MPa quando as
seguintes providências forem tomadas:

Equipe permanente de socorro médico à disposição na obra.

Câmara de descompressão equipada disponível na obra.

Compressores e reservatórios de ar comprimido de reserva.

Renovação de ar garantida, sendo o ar injetado em condições satisfatórias para o trabalho humano.

Por fim, deve ser realizado o registro da execução. Para isso, deve-se preencher o boletim de controle de
execução diariamente para cada tubulão, devendo conter pelo menos as seguintes informações:

identificações gerais: obra, local, nome do operador, executor, contratante;

data e horário do início e fim da concretagem;

data de término da escavação da base;

identificação ou número do tubulão;


nível d’água;

dimensões do fuste e da base;

profundidade ou cota de apoio da base;

consumo de materiais por tubulão;

desaprumo e desvio de locação;

identificação das características do equipamento (compressores, campânulas etc.);

tempos de compressão e de descompressão;

jornadas de trabalho;

especificação dos materiais e insumos utilizados;

volume de concreto real e teórico;

anormalidades de execução;

observações relevantes;

nome e assinatura do executor; e

nome e assinatura da fiscalização e do contratante.

VEM QUE EU TE EXPLICO!


Tubulões a ar comprimido Processo executivo do tubulão a ar comprimido

Tubulões à céu aberto Limitações do tubulão à céu aberto

VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o desenvolvimento deste conteúdo, você conheceu os principais elementos estruturais que compõem
os tipos de fundações profundas, em especial os tipos de estacas e tubulões que existem e os mais aplicados
na construção civil.

No caso das estacas, o estudo se dividiu em dois conteúdos: o primeiro tratou de conceitos gerais sobre
estacas, suas divisões e deu ênfase para as estacas ditas cravadas, sendo assim possível verificar os
principais tipos, suas características, método executivo, vantagens e desvantagens. Na sequência, foram
apresentadas as outras estacas, que são definidas como as moldadas in loco. Foram verificados mais tipos de
estacas, dando mais ênfase ao método construtivo, visto que essas estacas são executadas de modos bem
distintos. Também foram apresentados exemplos, características, vantagens e desvantagens.

Por fim, foi feito um estudo sobre tubulões, dando destaque aos tubulões a céu aberto – além de serem
tratados os assuntos de método executivo, características, vantagens e desvantagens, e foi introduzido um
pré-cálculo para o dimensionamento desse elemento.

 PODCAST
Agora, a especialista Dayanne Severiano Meneguete fará um resumo sobre o conteúdo abordado.

AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122:2019. Projeto e execução de
fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014. Projeto de estruturas de


concreto: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.

ALONSO, U. R. Exercícios de fundações. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2010.

AOKI, N.; VELLOSO, D. A. An Aproximate method to estimate the bearing capacity of piles. In:
PANAMERICAN CONFERENCE ON SOIL MECHANICS AND FOUNDATIONS ENGINEERING, 5., 1975,
Buenos Aires. Proceedings... Buenos Aires, 1975. v. 1, p. 367-376.

CAPUTO, H. P.; CAPUTO, A. N. Mecânica dos solos e suas aplicações-mecânica das rochas, fundações
e obras de terra. Volume 2. ISBN: 9788521630067. 7. ed.

Rio de Janeiro: LTC, 2015.

CODUTO, D. P. Foundation design: principles and practices. 2. ed. [s.l.]: [s.n.], 2001.

DÉCOURT, L.; QUARESMA, A, R. Capacidade de carga de estacas a partir de valores SPT. In: CBMSEF,
6., 1978, Rio de Janeiro. Anais[...] Rio de Janeiro, 1978. v. 1, p. 45-53.

GUIMARÃES, D. Fundações. Porto Alegre: [s.n.], 2018.

HACHICH, W. et al. Fundações: teoria e prática. 2. ed. [s.l.]: Pini, 2009.

MURTHY, V. N. S. Geotechnical engineering, principles and practices of soil mechanics and foundation
engineering. New York: Marcel Dekker, 2003.

REBELLO, Y. C. P. Fundações: guia prático de projeto, execução e dimensionamento. [s.n.]: Zigurate, 2008.

TEIXEIRA, A. H. Projeto e execução de fundações. In: SEFE, 3., São Paulo. Anais[...], v. 1, São Paulo, 1996.

TOMLINSON, M. J. Foundation design and construction. 7 ed. [s.n.]: [s.l.], 2001.

VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações: fundações profundas. [s.n.]: Oficina de Texto, 2010. v. 2.

EXPLORE+

Leia do artigo Tubulão é opção pouco mecanizada para fundação de solo superficial ruim, de Juliana
Nakamura, publicado no site AEC Web.
CONTEUDISTA
Dayanne Severiano Meneguete

Você também pode gostar