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ESTRUTURAS DE CONCRETO II

LAJES NERVURADAS
Prof. Carlos Roberto da Silva

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LAJES NERVURADAS

1- CONCEITOS GERAIS

- Uma laje nervurada é constituída por um conjunto de vigas, solidarizadas pela mesa. Esse
elemento estrutural tem comportamento intermediário entre o de laje maciça e o de grelha.

- Alguns fatores tornaram as lajes maciças desfavoráveis economicamente. Dentre eles


destacam-se o alto custo das formas de madeira e o aumento dos vãos, proporcionado pela
crescente melhoria do desempenho do material concreto e pela evolução dos projetos
arquitetônicos. Como uma alternativa mais econômica, prática e rápida surgem as lajes
nervuradas pré-moldadas ou moldadas no local.

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LAJES NERVURADAS

- Resultantes da eliminação do concreto abaixo da linha neutra, essas lajes propiciam uma
redução no peso próprio e um melhor aproveitamento do aço e do concreto. A resistência à
tração é concentrada nas nervuras, e os materiais de enchimento têm como função única
substituir o concreto, sem colaborar na resistência.

- Essas reduções propiciam uma economia de materiais e de mão-de-obra, aumentando assim a


viabilidade do sistema construtivo. Além disso, o emprego de lajes nervuradas simplifica a
execução e permite a industrialização, com redução de perdas e aumento da produtividade,
racionalizando a construção.

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- Capazes de vencer vãos maiores (7m a 15m).

- As nervuras podem existir em uma única direção ou em duas, constituindo, tal como em lajes
maciças, lajes nervuradas armadas numa só direção ou com armaduras em cruz.

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2- LAJES NERVURADAS COM CAPITÉIS, COM VIGAS-FAIXA E PROTENDIDAS

- Em regiões de apoio, tem-se uma concentração de tensões transversais, podendo ocorrer ruína
por punção ou por cisalhamento. Por serem mais frágeis, esses tipos de ruína devem ser
evitados, garantindo-se que a ruína, caso ocorra, seja por flexão. Além disso, pode ser que
apareçam esforços solicitantes elevados, que necessitem de uma estrutura mais robusta.

- Nesses casos, entre as alternativas possíveis, pode-se adotar:


• região maciça em volta do pilar, formando um capitel;
• faixas maciças em uma ou em duas direções, constituindo vigas-faixa.

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3- MATERIAL DE ENCHIMENTO
A principal característica das lajes nervuradas é a diminuição da quantidade de concreto, na região
tracionada, podendo-se usar ou não um material de enchimento. Este material deve ser o mais
leve possível, mas com resistência suficiente para suportar as operações de execução. Os
materiais mais utilizados são:

3.1 Blocos cerâmicos/concreto: em geral, são usados nas lajes com vigotas pré-moldadas,
devido à facilidade de execução. São melhores isolantes térmicos do que o concreto maciço,
porém o peso específico é elevado, para um simples material de enchimento.

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3.2 Bloco de concreto celular: material leve (peso específico entre 5,5 – 6,0 kN/m³), de fácil
manuseio e com liberdade de dimensões, porém com custo elevado.

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3.3 Blocos de EPS (poliestireno expandido, ou isopor): são utilizados principalmente junto com as
vigotas treliçadas pré-moldadas (atentar para o revestimento). As principais características
desses blocos são:
• Facilidade de corte com fio quente ou com serra;
• Resiste bem às operações de montagem das armaduras e de concretagem, com vedação
eficiente;
• Coeficiente de absorção muito baixo, o que favorece a cura do concreto moldado no local;
• Isolante termo-acústico.

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• Atentar para a qualidade e a resistência para suportar as operações de execução.

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3.4 Fôrma reaproveitável: a maioria é de polipropileno. Os vazios que resultam diminuem o peso
próprio da laje. Este processo tem elevada reutilização e dispensa o tabuleiro tradicional. Deve
ter ótima logística de execução, uma vez que a fôrma é alugada (catálogo).

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• Sistema versátil.

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Método construtivo / composição de lajes unidirecionais


https://youtu.be/AHacw1yVdnU
https://youtu.be/uKI0fpTaWSg
https://youtu.be/rX4u7BzTV5M

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4- DEFINIÇÕES DA NORMA NBR 6118:2014 (item 14.7.7)

- Lajes nervuradas são as lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de
tração para momentos positivos esteja localizada nas nervuras entre as quais pode ser colocado
material inerte.

- As lajes com nervuras pré-moldadas devem atender adicionalmente às prescrições das Normas
Brasileiras específicas.

- As lajes nervuradas pré-moldadas bidirecionais (conforme ABNT NBR 14859-2) podem ser
calculadas, para efeito de esforços solicitantes, como lajes maciças. As lajes nervuradas
unidirecionais devem ser calculadas segundo a direção das nervuras, desprezadas a
rigidez transversal e a rigidez à torção.

- Todas as prescrições anteriores relativas às lajes podem ser consideradas válidas, desde que
sejam obedecidas as condições do item 13.2.4.2 (ver item 5 desta publicação). Quando essas
hipóteses não forem verificadas, deve-se analisar a laje nervurada considerando a capa como
laje maciça apoiada em uma grelha de vigas.

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5- PRESCRIÇÕES DA NBR 6118:2014 (itens 13.2.4.2 e 20.1) PARA DIMENSIONAMENTO


- A espessura da mesa, quando não existirem tubulações horizontais embutidas, deve ser maior
ou igual a 1/15 da distância entre as faces das nervuras (b2) e não menor que 4 cm.

- O valor mínimo absoluto da espessura da mesa deve ser 5cm, quando existirem tubulações
embutidas de diâmetro menor ou igual a 10mm. Para tubulações com diâmetro Φ maior que
10mm, a mesa deve ter a espessura mínima de 4cm + Φ ou 4 cm + 2Φ no caso de haver
cruzamento destas tubulações.

- A espessura das nervuras não pode ser inferior a 5 cm.

- Nervuras com espessura menor que 8 cm não podem conter armadura de compressão.

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- Para o projeto das lajes nervuradas, devem ser obedecidas as seguintes condições:

a) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm, pode ser
dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verificação do cisalhamento da
região das nervuras, permite-se a consideração dos critérios de laje;

b) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras maior que 65 cm até 110 cm, exige-se
a verificação da flexão da mesa, e as nervuras devem ser verificadas ao cisalhamento
como vigas; permite-se essa verificação como lajes se o espaçamento entre eixos de
nervuras for até 90 cm e a largura média das nervuras for maior que 12 cm;

c) para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que 110 cm, a mesa
deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas, respeitando-se os seus
limites mínimos de espessura.
d) Os estribos em lajes nervuradas, quando
necessários, não podem ter espaçamento
superior a 20 cm.
e) Para lajes pré-moldadas aplica-se a ABNT
NBR 9062. Para lajes alveolares proten-
didas aplica-se a ABNT NBR 14861.
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Armadura de flexão e
de cisalhamento em
nervura

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- Armadura de cisalhamento (força cortante) em lajes nervuradas:

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- Armadura de cisalhamento (força cortante) em lajes nervuradas:

sendo:

onde:

fctm = 0,3 . fck(2/3) para concretos de classes até C50 e


fctm = 2,12 In (1 + 0,11.fck) para concretos de classes C55 até C90.

As equações acima podem ser reescritas como:


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6- ANÁLISE DE LAJES NERVURADAS

6.1- Ações e esforços solicitantes

As ações devem ser calculadas de acordo com a NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas
de edificações.

Há duas situações a considerar na determinação dos esforços solicitantes (momentos fletores e


reações de apoio) de lajes nervuradas:

6.1.1- As espessuras das nervuras e o espaçamento entre elas são iguais nas duas direções

Neste caso a laje nervurada pode ser tratada como placa em regime elástico. Assim, o cálculo dos
esforços solicitantes é o mesmo das lajes maciças.

Para cálculo de momentos fletores e reações de apoio, podem ser utilizadas as mesmas tabelas
de lajes maciças. Os esforços nas nervuras serão os esforços por unidade de largura
multiplicados pela distância entre eixos das nervuras. Tal procedimento só não é válido para
as lajes nervuradas que têm como principio básico a teoria das linhas de ruptura.

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- Os tipos de lajes retangulares armadas em cruz para uso da tabela são:

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Áreas de influência de uma laje

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6.1.2- A espessura das nervuras e/ou o espaçamento entre elas são diferentes nas duas direções

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Neste caso os esforços solicitantes são determinados utilizando-se a “teoria das grelhas”, que tem
como princípio básico a compatibilidade das flechas das nervuras nas direções a e b.
Assim “quinhões de carga” são calculados para cada direção, desconsiderando-se, portanto, a
rigidez à torção das lajes. Este procedimento reduz o problema da bi-flexão das lajes em duas
flexões ortogonais “independentes”.

6.2 Teoria das grelhas


Ao observar as expressões para determinação das flechas máximas em vigas de um só tramo
quando submetidas a cargas uniformemente distribuídas, nota-se que essas expressões podem
ser escritas da seguinte forma:

fmax = C1.(q.L4 / E.J)


onde:
fmax : flecha máxima da viga
C1 : fator que depende das condições de apoio da viga
q : carga uniformemente distribuída que atua na viga
L : vão da viga
E.J = E.I : rigidez à flexão da viga.
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A tabela abaixo apresenta os valores do fator C1 bem como os valores máximos dos momentos
fletores positivos e negativos de vigas de um só tramo submetidas a cargas uniformemente
distribuídas.

Portanto se, numa laje qualquer, considerar-se como representadora de cada direção uma faixa de
largura unitária (1 metro) pode-se escrever:

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Exemplo numérico de
quinhão de carga.

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7- DIMENSIONAMENTO DE LAJES NERVURADAS

7.1- Momento fletor positivo


O dimensionamento dessas lajes para momento fletor positivo é feito considerando as nervuras
como vigas de seção “T”. Assim sendo deve-se observar as prescrições relativas a este tipo de
seção transversal de viga.

A distância a (distância entre pontos de momento fletor nulo, para cada lado da viga em que
houver laje colaborante) pode ser estimada em função do comprimento do vão L da laje na direção
considerada no cálculo. Tem-se, assim:
a = L para vão simplesmente apoiado;
a = 0,75.L para vão com momento em uma só extremidade;
a = 0,60.L para vão com momentos nas duas extremidades.
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7.2- Momento fletor negativo

Para as lajes nervuradas, procura-se evitar engastes e balanços, visto que, nesses casos, há
esforços de compressão na face inferior da laje, região em que a área de concreto é reduzida.
Neste caso o dimensionamento é feito considerando as nervuras como vigas de seção retangular
com largura bw.
Como pode acontecer de o momento
negativo superar a capacidade resistente
à compressão das nervuras, nesse caso,
o dimensionamento com armadura dupla
só será possível se a largura da nervura
for maior ou igual a 8 cm. Entretanto,
essa armadura dupla pode ser evitada
engrossando-se as nervuras somente
próximo aos apoios, ou usando-se
mesa dupla, ou finalmente executando-
se um trecho de laje maciça, com
comprimento a ser definido, nessa
mesma região dos apoios.
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7.3- Estimativa da altura total da laje

A altura total mínima (h) da laje pode ser estimada por: h ≥ (menor vão)/30

8- DETERMINAÇÃO DE FLECHAS EM LAJES NERVURADAS SEGUNDO A NBR 6118/2014

A flecha é calculada com o carregamento correspondente à combinação quase permanente de


serviço, levando-se em conta modelos que consideram a rigidez efetiva das seções dos elementos
estruturais. A rigidez efetiva é obtida considerando-se a presença das armaduras, a existência
das fissuras no concreto tracionado e as deformações diferidas no tempo.

8.1- Valores limites para flechas (item 13.3 da NBR 6118/2014):

• vão/250 para o deslocamento total diferido no tempo, considerando todas as cargas


aplicadas;
• vão/500 ou 10mm ou θ=0,0017rad para o acréscimo de deslocamento diferido no tempo
após a construção das alvenarias.

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Exercício 1 – laje nervurada isolada


Dimensionar a laje nervurada ao lado e
esboçar as armaduras, adotando:
- Concreto C25 (25 MPa);
- Aço CA-50;
- Cobrimento da armadura: 2cm;
- Laje para uso residencial;
- Sobrecarga de 2 kN/m²;
- Revestimento de 1 kN/m²;
- Enchimento em bloco de concreto
celular com g = 5 kN/m3.

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Exercício 2 – laje nervurada contínua


Dimensionar as duas lajes nervu-
radas contíguas ao lado e esboçar
as armaduras, adotando:
- Concreto C30 (30 MPa);
- Aço CA-50;
- Cobrimento da armadura: 2cm;
- Laje para uso residencial;
- Sobrecarga de 1,5 kN/m²;
- Revestimento de 1 kN/m²;
- Enchimento em tijolo cerâmico
com g = 13 kN/m3.

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NBR 7480:1996 - CARACTERÍSTICAS DE FIOS E BARRAS

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