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SEMINÁRIO DE PAVIMENTAÇÃO:

BASE E SUB-BASE

Alunos:

Antônio Bueno Neto

Gustavo Henrique Costa Mendes Pereira

Isaque Tomaz Souza

Marcio Donizete dos Santos Filho

Marcos Eduardo Soares

Professor Gilberto Borges, disciplina de Pavimentação.

Unifucamp

Março 2021
Seminário Pavimentação (Base e Sub-base)

1. Introdução;
1.1. Breve contexto histórico da pavimentação.

Curiosamente a pavimentação surgiu para atender uma demanda religiosa e não


para auxiliar no transporte de pessoas. Os Egípcios tinham o costume de manter as
ruas sempre bem pavimentadas, com betume preenchendo os espaços entre os
tijolos. E a razão era simples: as ruas eram próximas a templos sagrados e serviam
de via para transportar estátuas de figuras divinas durante cerimônias religiosas. A
mais antiga via pavimentada que se tem registros se encontra ao sul do Cairo no
Egito, construída em 4600 a.C. e tinha 13 km.

Mas com o avanço das técnicas de construção de vias, estas também foram se
tornando rotas comerciais e militares.

Já no Brasil, tem registros de “caminhos” (não pavimentados) já existentes em


meados de 1500, porém foi em 1674 com o desbravador Fernão Dias que se criou
um caminho provisório para a posterior construção da estrada União – Indústria,
ligando Minas Gerais com Rio de Janeiro inauguradas em 1861.

Em 1937 cria-se no Brasil o DNER (departamento Nacional de Estradas de


Rodagem).

E posteriormente em 1950 o Brasil já contava com uma rede de 968 km de rodovias


federais pavimentadas.

1.2. Definições:

Primeiramente para falarmos sobre base e sub base precisamos entender que estes
termos se referem a camadas de um sistema chamado pavimentação. A
pavimentação por sua vez é uma estrutura constituída sobre a superfície, após
terraplanagem, por meio de camadas de vários materiais de diferentes
características de resistência e deformidade.

Estas camadas podem ter diferentes configurações de acordo com o tipo de


pavimento (flexível, rígido ou semi-rigído). Como podemos exemplificar no esquema
abaixo:
No presente trabalho vamos nos aprofundar no estudo destas duas camadas
especificas, a base e a sub base, que podemos defini-las como:

Sub base: É a camada imediatamente acima do subleito utilizada como corretivo


deste quando por qualquer circunstancia não seja recomendável construir o
pavimento diretamente sobre o leito obtido pela terraplanagem.

Tem como função resistir às cargas transmitidas pela base, servir de camada
drenante e controlar a ascensão capilar da água.

Base: É a camada acima da sub-base, constituída de materiais estabilizados


granulometricamente ou por meio de aditivos destinada a resistir e distribuir os
esforços oriundos do tráfego e sobre a qual se construirá o revestimento. Nos
pavimentos rígidos normalmente essa camada é dispensada.
2. Classificação das bases:

a) Base de Concreto de Cimento: Em pavimentos rígidos esta camada tem


função de base e de revestimento. Executada através da construção de
placas de concreto, separadas por juntas transversais e longitudinais. O
concreto é lançado e depois vibrado por meio de placas vibratórias e/ou
vibradores especiais.
b) Concreto Compactado com Rolo (CCR): utiliza-se concreto coom baixo
consumo de cimento, consistência seca e trabalhabilidade que permite o
adensamento por rolos compressores.
c) Macadame Cimentado: Uma camada de brita é espalhada sobre a pista e
sujeita a uma compressão, com o objetivo de diminuir o número de vazios,
tornando a estrutura mais estável. Logo após é lançada uma argamassa de
cimento e areia que penetra nos espaços vazios ainda existentes. O produto
assim formado tem característica de um concreto pobre.
d) Solo-Cimento: É uma mistura de solo, cimento e água, devidamente
compactada, resultando um material duro, cimentado e de elevada rigidez à
flexão. A porcentagem de cimento varia de 5 a 13% e depende do tipo de solo
utilizado. Como exemplo, solos mais argilosos exigem uma quantidade maior
de cimento. A dosagem requer a realização de alguns ensaios de laboratório,
sendo a resistência à compressão axial o parâmetro mais utilizado.
e) Base Granular Tratada com Cimento (BGTC): É uma mistura de agregados
minerais, cimento Portland e água. Tem procedimento de mistura e execução
semelhante ao solo-cimento. A mistura de agregados é constituída de
produtos de britagem e areias, muito semelhante a uma brita graduada. O
teor de cimento é menor que de um solo-cimento por se tratar de mistura
granular. Normalmente a água é incorporada aos agregados na própria usina
de mistura, podendo também ser incorporada na própria pista. A
compactação é feita mediante rolagem com vibração.
f) Solo Melhorado com Cimento: Mistura de solo e pequena quantidade de
cimento objetivando causar ao material natural uma modificação de suas
características de plasticidade (reduzindo o IP) e também promover um ganho
de resistência mecânica. A porcentagem de cimento varia de 1 a 5% e o
ensaio mais empregado para a definição da qualidade da mistura é o CBR.
As bases feitas dessa forma são consideradas flexíveis.
g) Solo-cal: É uma mistura de solo, cal e água. Também pode ser acrescido a
esta mistura uma pozolana artificial, chamada fly-ash, que é uma cinza
volante. As reações pozolânicas resultam na formação de vários compostos
cimentantes que aumentam a resistência e a durabilidade da mistura. A
carbonatação é uma cimentação fraca.
h) Solo Melhorado com Cal: É a mesma idéia do solo-cal, porém neste caso há
predominância dos fenômenos que produzem modificações do solo, no que
se refere à sua plasticidade e sensibilidade à água, não oferecendo à mistura
características acentuadas de resistência e durabilidade. As bases feitas
desta maneira são consideradas flexíveis.
i) Solo Estabilizado por Correção Granulométrica: Também chamada de
“estabilização granulométrica”, “estabilização por compactação” ou
“estabilização mecânica”. São executadas pela compactação de um material
ou de misturas apropriadas de materiais que apresentam granulometria
diferente e que são associados de modo a atender uma especificação
qualquer. É o processo mais utilizado no país. Quando o solo natural não
apresenta alguma característica essencial para determinado fim de
engenharia, é usual melhorá-lo através da mistura com outros que
possibilitem a obtenção de um produto com propriedades de resistência
adequadas.
Geralmente me nossa região vemos bastante este tipo de base sendo
executada com cascalho, muitas vezes é empregado o famoso cascalho
tapiocanga, que é encontrado com abundância na região.
j) Solo estabilizado com adição de ligantes betuminosos: É uma mistura de
solo, água e material betuminoso. A modalidade solo-betume engloba mistura
de materiais betuminosos e solos argilo-siltosos e argilo-arenosos. A
presença do material betuminoso vai garantir a constância do teor de
umidade da compactação na mistura, propiciando também uma
impermeabilização no material.
k) Solo estabilizado com adição de sais minerais: Assim como o cimento, a
cal e o betume, a adição de sais minerais faz parte dos estudos de
estabilização química. O cloreto de sódio e o de cálcio podem ser misturados
ao solo com o objetivo de modificar alguns índices físicos, melhorando suas
características resistentes. No Brasil é utilizado o cimento com uma proporção
de até 5% , conforme visto anteriormente.
l) Solo estabilizado com adição de resinas: Nestes casos é adicionada ao
solo uma resina para fazer a função de material ligante. Como exemplo pode-
se citar a lignina que é proveniente da madeira, utilizada na fabricação do
papel. A utilização de resinas, assim como de sais minerais para fins de
estabilização são de pouco uso no Brasil.
m) Brita Graduada: Também chamada de brita corrida ou “bica corrida”. É uma
mistura de brita, pó de pedra e água. São utilizados exclusivamente produtos
de britagem que vem preparado da usina. Este tipo de material substituiu o
macadame hidráulico.
n) Solo Brita: É uma mistura de material natural e pedra britada. Usado quando
o solo disponível (geralmente areno-argiloso) apresenta deficiência de
agregado graúdo.
o) Macadame Hidráulico: Sua execução consiste no espalhamento de uma
camada de brita de graduação aberta que é compactada para a redução dos
espaços vazios. Em seguida espalha-se uma camada de pó de pedra sobre
esta camada com a finalidade de promover o preenchimento dos espaços
vazios deixados pela brita. Para facilitar a penetração do material de
preenchimento, molha-se o pó de pedra (também pode ser usado solo de
granulometria e plasticidade apropriado) e promove-se outra compactação.
Esta operação é repetida até todos os vazios serem preenchidos pelo pó de
pedra.
p) Macadame Betuminoso: também chamada de “base negra”, o macadame
betuminoso por penetração consiste do espalhamento do agregado, de
tamanho e quantidades especificadas, nivelamento e compactação. Em
seguida é espalhado o material betuminoso que penetra nos vazios do
agregado, desempenhando a função de ligante. Todas estas operações são
executadas na própria pista.
q) Alvenaria Poliédrica ou Paralelepípedo: São pedras irregulares ou
paralelepípedos assentados num colchão de areia sobre uma sub-base.
Podem funcionar como base, quando um outro revestimento é usado sobre
sua superfície. Também são usados como revestimento final.
3. Modo de execução:

As diferentes categorias de bases têm modos de execução diferentes também, mas


em grande maioria seguem uma ordem sequenciada logica, se diferenciando
apenas em alguns detalhes de caso a caso. Sendo esta sequência a seguinte:

a) Escavação, carga e descarga: Os tratores produzem o material na jazida de


armazenam numa praça. As carregadeiras retiram o material da praça e
carregam os caminhões. Estes últimos transportam o material até a pista,
descarregando em pilhas.
b) Mistura: Quando houver dois ou mais materiais s serem utilizados, procede-
se a mistura com o emprego de maquinas:
- Máquina motoniveladora (patrol);
- Equipamento pulvimisturador (pulvimix) ou usina móvel;
- Maquinas estacionárias ou usinas fixas.
c) Espalhamento: É feito com emprego da motoniveladora. O controle de
espessura durante o espalhamento é feito através de linhas e estacas.
• Também podem empregar Pulvimisturadoras e Usinas moveis onde os
materiais serão carregados, pulverizados, misturados e espalhados
diretamente na pista.
d) Pulverização: Esta operação normalmente é utilizada em materiais de
natureza coesiva. Podem ser usados escarificadores, grades de disco,
arados, ou mesmo uma pulvimix. Tem como principal função: destorroar o
material, misturar água ou aditivo ao solo (em casos de solo cimento).
e) Umidificação ou secagem: Operação feita por caminhão pipa. Pode-se usar
também a pulvimisturadora para misturar água ao solo. O controle da
umidade na pista normalmente é feito pelo método do Speedy ou frigideira.
Após a distribuição da água, em várias passadas, pelo caminhão pipa, a
homogeneização da mistura é feita com grade de disco ou motoniveladora
(Patrol).
f) Compactação: pode se dar por diferentes meios, como:
• Por pressão ou rolagem: podem ser usados vários tipos de rolos:
Rolo liso: usado para solos granulares e para acabamento;
Rolo Pneumático: para aplicar uma pressão variável;
Rolo pé de Carneiro: para solos argilosos, e tem como característica
compactar de baixo para cima.
• Por impacto ou percussão: São utilizados bate-estacas, martelos
automáticos ou sapos mecânicos. Usados em locais de difícil acesso: perto
de edifícios, valetas, ruas, calçadas.
• Por vibração: consegue compactar maiores espessuras devido ao efeito das
ondas de propagação de energia, mas em contrapartida pode causar danos à
construções vizinhas e até ao solo q já havia sido compactado anteriormente.
São usados rolo liso vibratório, rolo pé de carneiro vibratório e placas
vibratórias para a compactação por este método.
g) Controles: são feitos controles por meio de ensaios para atender parâmetros
de qualidade mínima estabelecida por norma, e que veremos mais
detalhadamente posteriormente.
h) Acabamento: São feitos os ajustes finais, com pequenos serviços de
acabamento, limpeza, correções da seção transversal, varredura, etc.
4. Maquinário utilizado:

Os serviços de pavimentação requerem processo executivo mecânico, com a


utilização de equipamentos pesados. Estes equipamentos irão variar de acordo
com cada etapa, e cada camada a ser executada.

Para execução da base e sub-base temos uma gama muito grande de


maquinários que também variam de acordo com o tipo de base. Mas podemos
generalizar alguns processos e trazer a relação de processo e os equipamentos
necessários como mostra a tabela abaixo:

Itens-Serviços Equipamentos Utilizados


Escavação de solos Tratores de esteira com lâminas ou escavadeiras

Extração de areia Escavadeiras com caçambas ou bombas de sucção

Compressores de ar, marteletes ou perfuratrizes


Extração de rocha
de carreta e tratores de esteira

Cargas de materiais Carregadeiras e escavadeiras

Britadores de mandibulas, girosféricos, peneiras e


Produção de brita
correias transportadoras

Caminhões de carroceria, caminhões basculantes,


Transporte de materiais carretas prancha alta, carretas tanque e ligantes,
caminhões fora de estrada

Espalhamento de materiais terrosos Motoniveladoras, tratores de esteira com lâmina

Umedecimento de solos na pista Caminhões tanques

Mistura de solos e homogeneização Pulvimisturadortas, Arados e grade de disco,


de umidade na pista Motoniveladora

Rolo pé de caraneiro autopropelido, rolo de pneu


Compactação (pressão variavel), rolo vibratório liso e/ou
corrugado
Mistura de solos em central Usina de mistura de solo e carregadeira
Limpeza e varredura de pista Vassoura mecânica e trator de pneus
Serviços auxiliares Tratores de pneus e retro-escavadeiras
Fonte: adaptado de DNIT (2006)

5. Controles e ensaios:
Por recomendação do DNIT devem ser realizados ensaios para que haja um
controle das características da base e sub-base. São realizados então controles
geométricos, quanto as dimensões das camadas; e controles tecnológicos,
quanto as propriedades das mesmas.

• Controle geométrico:
± 2cm em relação às cotas de projeto
± 10 cm em relação a largura da plataforma
Até 20% na flecha de abaulamento
• Controle tecnológico:
CBR: de 300 em 300m : O ensaio de CBR, também conhecido como
índice de suporte California, consiste na determinação da relação entre a
pressão necessária para produzir uma penetração de um pistão num solo,
e a pressão necessária para produzir a mesma penetração numa brita
padronizada. O índice é obtido pela fórmula: (resultado obtido em %)
𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 𝑜𝑢 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎
𝐶𝐵𝑅 =
𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜

GC: de 100 em 100m : Para comprovar se a compactação esta sendo feita


devidamente, deve-se determinar a umidade, utilizando o método speedy, e a
massa especifica aparente do material, utilizando o processo do frasco de
areia. E denomina-se o GC (grau de compactação) o quociente obtido pela
fórmula:
𝛾𝑠
𝐺𝑐 = × 100; 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜:
𝛾𝑠.𝑚𝑎𝑥
𝛾𝑠 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎 𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜;
𝛾𝑠.𝑚𝑎𝑥 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑒𝑚 𝑙𝑎𝑏𝑜𝑟𝑎𝑡ó𝑟𝑖𝑜;
Não sendo atingida a compactação desejada o material deverá ser
revolvido e recompactado.
EA: de 100 em 100 m: O equivalente de areia é utilizado no controle de finos
de materiais granulares usados em pavimentação.
É uma relação entre a altura de areia depositada após 20 minutos de
sedimentação e a altura total de areia depositada mais a de finos (silte e
argila) em suspensão, após aquele mesmo tempo de sedimentação, numa
solução aquosa de cloreto de cálcio. (lembrar durante a explicação do ensaio feito no
laboratório com o professor Otávio, pois este é bem semelhante)
6. Referencias bibliográficas:

MARQUES, G. L. de O. Pavimentação TRN 032. Notas de Aula, Faculdade de


Engenharia-Departamento de Transportes e Geotecnia, Universidade Federal de
Juiz de Fora, Juiz de Fora 2006. Disponível em:
<https://www.ufjf.br/pavimentacao/files/2009/03/Notas-de-Aula-Prof.-Geraldo.pdf>
Acesso em: 8 de março de 2021.

Pavimentação. Revista Super Interessante, publicado em 31 ago 2006, atualizado


em 31 out 2016. Disponível em: <https://super.abril.com.br/historia/pavimentacao/

> Acesso em: 9 de março de 2021.

ALBANO, J. F. Evolução das vias: uma visão geral. Notas de Aula, Universidade
Federal do Rio Grande do sul. Disponível em:
<http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/420_03-evolucao_das_vias.pdf

> Acesso em: 9 de março de 2021

DNIT (2006) Publicação IPR-719. Manual de Pavimentação. Rio de Janeiro, 3ª ed.

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