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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE CARAÚBAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

FUNDAÇÕES E ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

Aula 6 – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA E CRITÉRIOS


PARA ESCOLHA DO TIPO DE FUNDAÇÃO

DOCENTE: WILKER FERNANDES SOARES

CARAÚBAS/RN
INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

 Sondagem a percussão (SPT)

• A sondagem a percussão, também conhecida como sondagem SPT é um dos tipos de


sondagem mais executadas para o dimensionamento de fundação. Ela é utilizada para
determinar características do solo em um terreno no qual se pretende realizar uma
construção e é fundamental para o sucesso da mesma;

• A sigla SPT tem origem no inglês (standard penetration test) e significa ensaio de
penetração padrão;

• A NBR 6484 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2020)


prescreve a metodologia correto para a execução da sondagem de simples
reconhecimento de solos com (SPT).
INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

 Sondagem a percussão (SPT)

• O procedimento consiste na perfuração e cravação dinâmica de um amostrador-padrão,


a cada metro de solo, determinando o tipo de solo em suas respectivas profundidades,
sua principal composição e características, além do índice de resistência à penetração a
cada metro, a posição do nível do lençol freático (CAVALCANTE 2002, apud
TORRES GEOTECNIA 20--).

1. O ensaio inicia-se com a sondagem do terreno a partir da superfície de instalação do


equipamento que seria a cota da boca do furo perfurando-se o primeiro metro de solo
com o trado concha ou cavadeira manual, recolhendo-se uma amostra desse primeiro
metro.
INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

 Sondagem a percussão (SPT)

2. Do segundo metro de perfuração em diante, inicia-se o procedimento com o amostrador


padrão fixado no conjunto de hastes do equipamento;

3. Ergue-se um martelo de 65 kg a uma altura de 75 cm com auxilio de uma corda de sisal


deixando-se o mesmo cair em queda livre sobre o amostrador padrão;

4. Este procedimento é repetido ate que o amostrador penetre 45 cm no solo, a cada 15 cm


conta-se o numero de golpes do martelo para atingir tal profundidade anotando-se o valor
obtido, o valor do (Nspt) é a soma do número de golpes necessários para cravar o
amostrador nos últimos 30 cm no solo, coletando-se amostras do solo a cada metro de
perfuração.
INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

 Sondagem a percussão (SPT)


INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

 Sondagem a percussão (SPT)

 Critérios de parada :

- quando, em 3m sucessivos, se obtiver 30 golpes para penetração dos 15 cm iniciais;


- quando, em 4m sucessivos, se obtiver 50 golpes para penetração dos 30cm iniciais;
- quando, em 5m sucessivos, se obtiver 50 golpes para a penetração dos 45cm.

• Com a mudança para a NBR 6484/2020, “o critério de paralisação das


sondagens é de responsabilidade técnica da contratante ou de seu preposto, e
deve ser definido com as necessidades específicas do projeto.”
INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

 Qual a quantidade de furos de sondagem na norma da SPT?

• A quantidade de furos de sondagem segundo a NBR 8036:1983 era realizada de


acordo com o tamanho do terreno da seguinte forma:
• Até 1.200 m² 1 furo para cada 200 m²;
• De 1.200 a 2.400 m² 1 sondagem à percussão para cada 400 m² que excederem de
1200m²;
• Acima de 2.400 m², de acordo com a construção.
• Devem ser feito no minímo dois furos para área da projeção em planta do edifício de
até 200m²
• Devem ser feitos três furos para áreas entre 200m² e 400m².
• Com a mudança para a NBR 6484/2020, a locação dos furos de sondagem em
planta deve ser fornecida pela contratante.
MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE TENSÃO ADMISSÍVEL EM FUNDAÇÕES RASAS

 Para o dimensionamento de sapatas, é necessário que o projetista defina


uma pressão admissível de solo. Este valor será utilizado para determinar
as dimensões da sapata, de modo que os esforços solicitantes não
ultrapassem o valor da pressão admissível na interface solo-sapata.

 A tensão admissível do solo nada mais é do que a capacidade de carga que


determinado solo aguenta ( solo / alteração / rocha) dividida por um fator de
segurança, em que tal fator varia de acordo com o método utilizado para se
calcular a capacidade de carga do solo e do próprio solo.
MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE TENSÃO ADMISSÍVEL EM FUNDAÇÕES RASAS

 Métodos semiempíricos:

 Para o cálculo da tensão admissível pode-se utilizar a equação ( 7.4.6 da página 239
do livro Fundações: teoria e prática, a qual se aplica quando NSPT varia entre 5 e 20:

ou

 Existem outras correlações, como a apresentada abaixo, sem distinção de solo:


MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE TENSÃO ADMISSÍVEL EM FUNDAÇÕES RASAS

NSPT médio das cotas em que o bulbo de tensões irá atingir:

Assim, determina-se o esforço admissível no solo a partir da seguinte


expressão:
DETERMINAÇÃO DO BULBO DE TENSÕES

 Pelos resultados obtidos de experimentos e simulações computacionais, percebeu-se que quanto


maior for a dimensão da fundação, maior a massa de solo afetada pelo bulbo de tensões, logo, maior
será sua profundidade.

 Chegou-se à conclusão que a profundidade do bulbo de tensões é Z= α⋅B, onde B é a menor


dimensão da fundação considerada, conforme ilustrado na figura abaixo. Os valores de α são
apresentados na tabela:

Forma da fundação α
Circular ou quadrada 2,0
Retangular 3,0
Radier 3,0
Sapata corrida 4,0
MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE TENSÃO ADMISSÍVEL EM FUNDAÇÕES RASAS

Supondo que a cota de assentamento das sapatas está 1 metro


abaixo do nível do solo e que trata-se de uma sapata quadrada 1 x 1
m. Estime a tensão admissível do solo e o esforço admissível:

Fonte: Alto Qi (2022)

Fonte: Alto Qi (2022)


MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE TENSÃO ADMISSÍVEL EM FUNDAÇÕES RASAS

Verificação geotécnica por meio do pré-dimensionamento das sapatas

Nº da Nº do Carga Dimensões Área Bulbo NSPT Tensão Esforço Verificação


Sapata Pilar (kN) da sapata da de médio admissível admissível
(m x m) sapata Tensões (MPa) (kN)
(m²) (m)
MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE TENSÃO ADMISSÍVEL EM FUNDAÇÕES RASAS

 Prova de carga em placa:

 Além da forma teórica para o cálculo de


capacidade de carga, também temos o método
experimental, por meio de provas de carga em
placa, realizadas na etapa de projeto de
fundação;
 Esse ensaio, regulamentado pela NBR
6489/2019, consiste na instalação de uma
placa na mesma cota de base das sapatas, e
aplicação de carga, em estágios, com medida
Fonte: Geoax engenharia (20--)
simultânea de recalques;
 Utilizada em solos homogêneos.
MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE TENSÃO ADMISSÍVEL EM FUNDAÇÕES RASAS

 Prova de carga em placa:

 Da prova de carga obtemos uma curva tensão


x recalque, conforme exemplo mostrado na
figura ao lado.
INTERSECÇÃO DE BULBOS DE TENSÕES

 Espraiamento:

 Outra análise geotécnica fundamental para verificar a viabilidade da utilização de


sapatas no projeto em estudo é o espraiamento:
 Dimensão da área de espraiamento = B + 2Z.tgθ

 Onde
 B = Dimensão do lado da área de espraiamento (m);
 Z = Profundidade do bulbo de tensões (m);
 θ = ângulo de espraiamento (dependerá do solo).
INTERSECÇÃO DE BULBOS DE TENSÕES

 Exemplo:

 Distância entre os eixos da área de espraimanento, na direção do encontro entre as


sapatas - E (m)

• 𝐷𝑖𝑚1 ′ = Dimensão da área de espraiamento da sapata 1, na direção do encontro entre as


sapatas;
• 𝐷𝑖𝑚2 ′ = Dimensão da área de espraiamento da sapata 2, na direção do encontro entre as
sapatas;
INTERSECÇÃO DE BULBOS DE TENSÕES

 Exemplo:

 Se E (m) > D (m), há intersecção:

• Onde:
• D - Distância entre os eixos das áreas das sapatas (m)
INTERSECÇÃO DE BULBOS DE TENSÕES

 Exemplo:

 Considere as sapatas abaixo S1 (1x1 m), S2 (1,1 x 1,1m), S3 (0,7 x 0,7 m) e S4


(0,9 x 0,9 m), assentadas sobre areia pura (θ = 40º), verifique se há intersecção
entre os bulbos de tensão das sapatas S1 e S2:
 Dimensão da área de espraiamento = B + 2Z.tgθ
OUTROS CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DA FUNDAÇÃO

 Capacidade de carga;
 Execução abaixo do nível da água;
 Verificar se a execução causa vibração e se pode ser causada essa vibração no
local;
 NSPT do impenetrável (considerar o maior NSPT que a estaca terá que
atravessar:
 NSPT de estrangulamento de fuste ou sobreconsumo de concreto (para
algumas fundações, o menor NSPT que terá que ser atravessado);
 Verificar se o local tem acessibilidade para equipamentos (para alguns casos
verificar também se o solo superficial suporta grandes equipamentos);
 Profundidade máxima;
 Produtividade (é importante verificar também se na região é usado o tipo de
fundação que se deseja;
 Execução das fundações na presença de matacões.
EXEMPLO DE LAUDO DE SONDAGEM
EXERCÍCIO

 Requisitos para usar uma estaca pré-moldada de concreto


Pré-fabricada de Requisitos da
Considere o laudo de Características
concreto construção
sondagem anterior e uma
construção na região central Capacidade de carga (kN) 196,13 – 882,6 200 - 800 Aplicável
da cidade, na qual se emprega Pode executar abaixo do
uma edificação de 5 Sim Sim Aplicável
N.A.
pavimentos, com pilares que Causa vibração Sim Não Não aplicável
transferem carga ao solo que NSPT do impenetrável 15 - 35 51 Não aplicável
vão de 200 kN até 800 kN. É
Necessita ter acessibilidade
possível usar estacas pré- Sim Não tem Não aplicável
para equipamentos
moldadas de concreto como
fundação? 56
Profundidade máxima (m) 12* Aplicável

Produtividade (m/dia) 50 Variável Aplicável


Pode Executar quando tem Não tem
Não Aplicável
matacões matações
REFERÊNCIAS

 Ensaio de SPT – Como é feito?


https://www.youtube.com/watch?v=kObR7PoxGx8
REFERÊNCIAS
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo – Sondagem de simples
reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.28 p.
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8036: Programação de sondagens de
simples reconhecimento do solos para fundações de edifícios - procedimento. Rio de Janeiro: ABNT,
1983.3 p.
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6489: Solo - prova de carga estática
em fundação direta. Rio de Janeiro: ABNT, 2019.11 p.
 CINTRA, J. C.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Fundações Diretas Projeto Geotécnico. São Paulo:
Oficina de Textos, 2011.
 HACHICH, W.; FALCONI F.; SAES J.; FROTA R.; CARVALHO C.; NIYAMA S. Fundações - Teoria
e Prática. ABMS/ABEF, Editora PINI, 1998.
REFERÊNCIAS
 JÚNIOR, Antonio Naresi. Como calcular a tensão admissivel no solo. < https://sites.google.com/site/naresi1968/368-
como-calcular-a-tens%C3%A3o-admissivel-no-solo> Acesso em: 15 de agosto de 2022.
 LONGO, Felipe Luiz. Como obter a pressão admissível a partir do SPT. Disponível em: <
https://suporte.altoqi.com.br/hc/pt-br/articles/360004276094-Como-obter-a-press%C3%A3o-admiss%C3%ADvel-a-partir-
do-SPT> Acesso em: 15 de agosto de 2022.
 OLIVEIRA, D. A. Notas de aula – Fundações e estruturas de contenção. Universidade Federal Rural do Semi-Árido.
Caraúbas-RN, 2019.
 ROCHA, Melina Freitas. Notas de aula - Índices Físico. Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Goiás, 20--.
 SPERNAU, Wilson. Notas de aula – Estruturas de fundações. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SC,
1998.
 TORRES GEOTECNIA. Sondagem à percussão (SPT). Disponível em: < http://www.torresgeotecnia.com.br/portfolio-
view/sondagem-a-percussao-spt-2/ > Acesso em: 15 de agosto de 2022.
 VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações Profundas. Vol 2. Rio de Janeiro: COPEE – UFRJ, 2002.
 VELLOSO D. A.; LOPES. F. R. Fundações - Critérios de projeto - Investigação do subsolo - Fundações superficiais.
CAM0789 - FUNDAÇÕES E ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

Obrigado pela atenção!


wilkerfernandescg2011@gmail.com

Caraúbas/RN

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