Você está na página 1de 42

Mecânica dos solos II

Prospecção geotécnica – Métodos Mecânicos

Prof. Msc. Rivaildo da Silva Filho


INTRODUÇÃO

❖Na aula passada, vimos que as investigações do subsolo são de extrema


importância para a execução de fundações adequadas de edificações com
qualquer porte.
❖Vimos também que existem métodos específicos para o reconhecimento deste
subsolo, seja por métodos indiretos ou diretos: manuais e mecânicos, todos eles
com procedimentos regidos por normas técnicas da ABNT.
❖Na aula passada vimos os métodos diretos manuais: Poços de sondagem,
Trincheiras de sondagem e Percussão à trado.
❖Na aula de hoje veremos os métodos diretos mecânicos: Sondagem à percussão
com lavagem, Sondagem rotativa e sondagens especiais.
SONDAGEM À PERCUSSÃO COM LAVAGEM
(SPT)

❖Baseado na norma NBR 6484:2020 – Solo –


Sondagem de simples reconhecimentos
com SPT – Método de ensaio, este método
têm os seguintes objetivos:
1. Determinar os tipos de solos em suas
respectivas profundidades de ocorrência;
2. Determinar a Posição do Nível D’água;
3. Obter os índices de resistência à
penetração ( 𝑵𝑺𝑷𝑻 ) a cada metro de
profundidade.
SEQUÊNCIA DE EXECUÇÃO DO ENSAIO SPT
1. Locação do furo com determinação de uma
cota de referência (RN).

2. Execução do furo, inicialmente com o trado


(primeiro metro), e os metros seguintes por
meio de lavagem a percussão.

3. Instalação do tubo de revestimento.


Fonte: Canal da engenharia. Disponível em
<https://canaldaengenharia.com.br/>. Acesso em 10 de dezembro
4. Ensaio de penetração, para determinação do de 2020.
índice 𝑵𝑺𝑷𝑻 e retirada de amostra
(amostrador).
PARTES CONSITUIENTES DO
EQUIPAMENTO SPT
PASSO A PASSO DO ENSAIO SPT

1. Após a definição do local a ser realizado o


ensaio, utiliza-se nesse ponto um trado
manual ou uma cavadeira manual para retirar
o primeiro metro de solo.
PASSO A PASSO DO ENSAIO SPT

2. Após a perfuração do primeiro metro, deve ser


instalada a torre (tripé) com todos os
equipamentos, inclusive o tubo de
revestimento, e inserida a haste no furo, com a
cabeça de bater na extremidade superior e o
amostrador na extremidade inferior da haste.
3. Depois o martelo de bater deve ser
posicionado, de maneira que sua guia esteja
alinhada com o eixo central da haste.
PASSO A PASSO DO ENSAIO SPT

4. Após o correto posicionamento do martelo de


bater, inicia-se o ensaio a partir da aplicação
de sucessivos golpes do martelo (65,0 kg)
sobre a cabeça de bater, com uma queda de
75,0 cm. Esse processo pode ser realizado
manualmente ou com auxílio de um motor.
PASSO A PASSO DO ENSAIO SPT

4. Os golpes devem ser aplicados e


contabilizados até atingir os 15,0
cm iniciais de perfuração, depois
30,0 cm, depois 45,0 cm, sempre
registrando a quantidade de
golpes necessárias para perfurar
cada camada adicional de 15,0 cm.
5. Para o ensaio SPT o índice 𝑵𝑺𝑷𝑻 se
refere a quantidade de golpes
necessária para perfurar os 30,0
cm finais, nesse caso nota-se o
valor e retira-se a amostra do
amostrador.
PASSO A PASSO DO ENSAIO SPT

6. Após a remoção da haste e do


amostrador, a perfuração deve ser
continuada utilizando um trado
helicoidal, até atingir 2,0 m de
profundidade.
7. Ao atingir a cota 2,0 m, repete-se
o processo de aplicação dos golpes
para os 45,0 cm abaixo dessa cota.
8. Verifica-se o 𝑵𝑺𝑷𝑻 e retira-se a
amostra, esse processo é repetido
até atingir a profundidade
desejada para o ensaio.
RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO - 𝑵𝑺𝑷𝑻
PERFURAÇÃO COM CIRCULAÇÃO DE ÁGUA

❖Eventualmente pode ser necessária a utilização


de água para facilitar o processo de perfuração,
isso ocorrerá quando:
✓Encontrado o nível do lençol freático
✓Durante a utilização do trado helicoidal o
avanço for inferior à 50,0 mm (5,0 cm) após 10
minutos.
✓Durante a cravação com o martelo de bater, não
se observar nenhum avanço após aplicação de 5
golpes sucessivos.
PEÇAS QUE COMPÕEM O ENSAIO DE SPT

Lâmina de lavagem
PEÇAS QUE COMPÕEM O ENSAIO DE SPT

Amostrador tipo Raymond de 50,8 mm


MONTAGEM DO ENSAIO DE SPT
PERFURAÇÃO COM CIRCULAÇÃO DE ÁGUA
CRITÉRIOS DE PARALISAÇÃO DO ENSAIO

❖A cravação é interrompida antes


do 45,0 cm de penetração,
quando:
✓Em qualquer dos segmentos de
15,0 cm, o número de golpes
ultrapassar 30.
✓Um total de 50 golpes tiver sido
aplicado durante a cravação.
✓Não for observado avanço durante
a aplicação de 5 golpes sucessivos.
CRITÉRIOS DE PARALISAÇÃO DO ENSAIO

➢Nesse último caso, deve ser


utilizada a circulação de água,
durante 30 minutos, anotando os
avanços a cada 10 minutos.
➢A sondagem é encerrada quando
obtiver valores inferiores a 50,0
mm (5,0 cm) em cada período de
10 minutos ou quando não houver
avanço.
CRITÉRIOS DE PARALISAÇÃO DA
CIRCULAÇÃO DE ÁGUA

➢A Perfuração por circulação de água deve ser utilizada até:


✓Quando em 3 metros sucessivos, obter 30 golpes para penetração dos 15,0 cm
iniciais.
✓Quando em 4 metros sucessivos, obter 50 golpes para penetração dos 30,0 cm
iniciais.
✓Quando em 5 metros sucessivos, obter 50 golpes para penetração dos 45,0 cm.
➢Caso ainda seja necessário continuar, deve-se realizar durante 30 minutos e a
paralização ocorre se houver avanços inferiores à 5,0 cm durante 10 minutos.
➢Se mesmo assim, ainda necessite continuar, passa-se para o método de
sondagem rotativa.
EXEMPLO DE PLANILHA DO ENSAIO

NÚMERO DE GOLPES
PROFUNDIDADE
(m) 15,0 cm
15,0 cm iniciais 15,0 cm finais
intermediários
1 – 1,45 2 4 7
2 – 2,45 3 5 9
3 – 3,45 4 7 12
4 – 4,45 2 2 4
5 – 5,45 3 7 10
MODELO DE RELATÓRIO DE ENSAIO SPT
EXAME TÁCTIL-VISUAL DO SOLO ESCAVADO
APLICAÇÕES DO SPT

➢Identificação do tipo de solo (compacidade e consistência).

➢Previsão da capacidade de carga de fundações superficiais e profundas.

➢Previsão de recalques de fundações.

➢Correlações com diversas propriedades dos solos.


CORRELAÇÕES NA NORMA NBR 6484:2020
CORRELAÇÕES NA NORMA NBR 6484:2020
SONDAGENS ROTATIVAS

❖São empregadas na perfuração


de rochas, matacões e solos de
alta resistência.
❖Tem como principal objetivo a
obtenção de testemunhos
(amostras de rochas) para
identificação das
descontinuidades do maciço
rochoso, mas permite ainda a
realização de ensaios “in situ”.
SONDAGENS ROTATIVAS
SONDAGENS ROTATIVAS

❖Uso de conjunto
motomecanizado;
❖Rotação + Penetração do
barrilete com coroa;
❖Retirada de amostras de
rochas (testemunhos)
❖Amostrador apresenta coroa
de aço com pequenos
diamantes encrustados (coroa
diamantada)
DETALHES DA SONDA ROTATIVA
TESTEMUNHOS DE SONDAGEM ROTATIVA
SONDAGENS ESPECIAIS -ENSAIO DE PENETRAÇÃO COM CONE (CPT)

❖Os ensaios de cone com medida de


poropressão são utilizados para a
determinação estratigráfica de perfis de
solos, avaliação de propriedades dos
materiais investigados e previsão da
capacidade de carga de fundações.
❖No Brasil, sua metodologia é normatizada
pela NBR 12069/91 – Solo – Ensaio de
penetração de cone in situ (CPT).
PROCEDIMENTO DO CPT

❖O ensaio de cone é bastante simples, consistindo na cravação no terreno


de uma ponteira cônica (60º de ápice) a uma velocidade constante de 20
mm/s.
❖A seção transversal do cone é de 10 cm² e a área da luva de atrito lateral é
de 150 cm².
❖A resistência de ponta é medida através de uma célula de carga. Um
conjunto de hastes metálicas transmite a força de cravação da máquina
ao cone. Dentro das hastes, passa-se o cabo de alimentação do cone. A
resistência de ponta é obtida continuamente e os valores
correspondentes podem ser registrados em gráficos, simultaneamente à
realização do ensaio.
PROCEDIMENTO DO CPT

❖ Durante a penetração, as forças medidas pela ponta (qc) e pelo atrito


lateral (fs) variam em função das propriedades dos materiais
atravessados. Os registros de qc e fs são monitorados continuamente e
digitalizados em intervalos típicos de 10, 25 e 50mm.
❖Com base nas medidas de resistência de ponta (qc) e atrito lateral (fs),
calcula-se a razão de atrito Rf = fs/qc. O conhecimento da resistência à
penetração de ponta do cone qc e da relação de atrito Rf permite a
determinação do tipo de solo, através de análises do ábaco de
ROBERTSON (1983 e 1986).
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS - ÁBACO DE ROBERTSON
MODELO DE GRÁFICO GERADO PELO CPT
PROCEDIMENTO DO CPT
PROCEDIMENTO DO CPT

❖ Ao contrário do SPT, não são


adequados para solos
arenosos muito duros. Por
outro lado, são extremamente
recomendados para solos
moles (argilas).
❖Quando o equipamento
possui medição de
poropressão, chamamos o
cone de piezocone e o ensaio
passa a se chamar CPTU.
VANTAGENS DO CPT

❖ As características do solo são obtidas por correlações.


❖Ensaio que minimiza as perturbações no solo (variação do estado de
tensões, choques e vibrações).
❖Representa melhor o comportamento de estacas de fundação.
❖Independe do operador.
DESVANTAGENS DO CPT

❖Não coleta amostras para inspeção visual.


❖Necessita de equipamentos especiais.
❖Dificuldade para transportar o equipamento em regiões de difícil
acesso.
❖Não consegue penetrar em camadas muito densas e com a presença
de pedregulhos e matacões.
❖Maior custo quando comparado a ensaios típicos, tais como o SPT.
SONDAGENS ESPECIAIS - ENSAIO PRESSIOMÉTRICO

❖É utilizado para determinação “in situ” de


características de deformabilidade e resistência d0s
solos.
❖Consiste na instalação de uma sonda cilíndrica de
borracha em um pré-furo feito no solo.
❖A sonda expande com a injeção de água
pressurizada, medindo-se a variação de volume
consoante com a pressão aplicada. Fornece a tensão
horizontal, o coeficiente de empuxo, o módulo de
young, o módulo de cisalhamento e a resistência não
drenada. É pouco empregado no Brasil.
SONDAGENS ESPECIAIS - ENSAIO TORSIOMÉTRICO

❖É caracterizado pelo ensaio de PALHETA,


tradicionalmente empregado para a
determinação da resistência ao
cisalhamento não drenada nos solos moles.
❖Utiliza uma palheta de seção cruciforme
que, cravada em argilas saturadas, de
consistência mole, é submetida ao torque
necessário para cisalhar o solo por rotação,
em condição não drenada. É necessário,
portanto, o conhecimento prévio da
natureza do solo onde será feito o ensaio.
Também é pouco utilizado no Brasil.
DÚVIDAS

rivaildofilho@fiponline.edu.br

Você também pode gostar