Você está na página 1de 47

TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES I

Aula 12 – Fundações
Reconhecimento de solo

Professor: TIAGO FERREIRA CAMPOS NETO

Rio Verde – GO
2017
1. Introdução

• Para projetar e executar qualquer tipo de fundação é preciso conhecer


as características gerais e perfil do subsolo da obra.

1.1. Terrenos de fundação


• Solos podem ser residuais, transportados, orgânicos etc.
Tipo de terreno Dimensões
Bloco de rocha Ø > 1.000 mm
Matacão 200 mm < Ø < 1.000 mm
Pedra de mão 60 mm < Ø < 200 mm
Pedregulho 2 mm < Ø < 60 mm
Areia 0,06 mm < Ø < 2 mm
Silte 0,002 mm < Ø < 0,06 mm
Argila Ø < 0,002 mm
1.2. Fatores que influenciam os métodos de prospecção
• Tipo, porte e valor da obra;
• Finalidade da prospecção (o que se deseja determinar);
• Disponibilidade de equipamentos, tempo disponível e verba (custo
gira em torno de 0,5 a 1,0% do valor da obra);
• Topografia e geologia do local;
• Observação das estruturas já construídas.
Investigação insuficiente = superdimensionamento

1.3. Objetivos da investigação do subsolo


• Determinação da extensão, profundidade, espessura e tipologia de
cada camada de solo;
• Determinação da consistência de cada camada;
• Informações sobre a ocorrência de água (profundidade do lençol
freático e suas variações).
2. Métodos de exploração do subsolo

2.1. Poço ou trincheira de exploração (ABNT NBR 9604:2016)


• Definição: Poço ou trincheira com dimensões variáveis que permita o
acesso de um observador, com o objetivo de inspecionar as camadas
e retirar amostras deformadas ou indeformadas;
• Custo elevado;
• Exige escoramento e drenagem da água.

2.1.1. Condições específicas


• A seção transversal mínima deve ser 1,0 m de lado no caso de poço
quadrado ou de 1,2 m de diâmetro no caso de poço circular. No caso
de trincheiras é exigida largura mínima de 1,0 m;
• Ao redor da área de escavação deve ser aberto um sulco para
drenagem, a fim de se evitar a entrada de água no poço;
• Em escavações abaixo do nível d’água indica-se o uso de bombas,
encamisamento do poço ou execução de poços auxiliares para
rebaixamento do lençol.
2.1. Poço ou trincheira de exploração (ABNT NBR 9604:2016)

2.1.2. Coleta de amostras


• As amostras devem ser coletadas a cada metro escavado, quando em
material homogêneo. Se ocorrer mudanças do tipo de material
escavado no transcurso de 1,0 m, devem ser coletadas tantas
amostras quantos forem os diferentes tipos de materiais.

2.1.3. Motivos para parar ou concluir o serviço


• Quando atingir a profundidade prevista pela programação dos
trabalhos;
• Quando houver insegurança para a continuidade dos trabalhos;
• Quando ocorrer infiltração acentuada de água que torne pouco
produtiva a escavação e não for imprescindível sua continuidade;
• Quando ocorrer, no fundo do poço, material não escavável por
processos manuais.
2.2. Sondagem à trado (ABNT NBR 9603:2015)

2.2.1. Equipamentos
• Trado escavadeira;
• 15,0 m de haste;
• Luvas;
• Medidor de nível d’água;
• Recipientes para amostras;
• Ferramentas gerais para
operação do equipamento.
2.2. Sondagem à trado (ABNT NBR 9603:2015)

2.2.2. Execução da sondagem


• Limpeza de uma área circular de 2,0 metros de diâmetro em torno do
furo a ser realizado;
• Avanço da sondagem com trado escavadeira;
• Retirada de amostras a cada
metro de profundidade ou tantas
amostras quantos forem os tipos
de solos;
• Atingindo o lençol freático, seu
nível deve ser anotado.
2.2. Sondagem à trado (ABNT NBR 9603:2015)

2.2.3. Motivos para parar ou concluir a sondagem


• Quando atingir a profundidade especificada na programação;
• Quando atingir limite de 15,0 metros de profundidade;
• Quando ocorrer desmoronamento da parede do furo;
• Quando o avanço do trado for inferior a 5,0 cm em 10,0 minutos de
operação contínua;
• Quando for necessário atingir
nível abaixo do impenetrável, pode-se
substituí-lo por trado mecânico helicoidal
e tentar cortar o terreno;
• Caso não seja possível penetrar o solo,
deve ser feito outro furo a 3,0 metros
de distância para tentar perfurar o solo
novamente.
2.2. Sondagem à trado (ABNT NBR 9603:2015)

2.2.4. Apresentação dos resultados


• Nome da obra, proprietário, data e identificação do sondador;
• Identificação, cota e localização dos furos;
• Diâmetros da sondagem;
• Tipo e profundidade das amostras coletadas;
• Motivo das paralisações;
• Medidas de nível d’água com data, hora e profundidade;
• Ilustrações com perfis do solo traçados e a classificação dos materiais
atravessados.
2.3. Sondagem rotativa (DNER-PRO 102/97)
• Quando uma sondagem alcança uma camada de rocha ou quando no
curso de uma perfuração as ferramentas das sondagens à percussão
encontram solo de alta resistência, blocos ou matacões de natureza
rochosa, é necessário recorrer às sondagens rotativas.

2.3.1. Principais equipamentos


• Elevador giratório;
• Broca tipo fresa;
• Revestimentos;
• Caixa para testemunho;
• Sonda rotativa com avanço manual, mecânico ou hidráulico;
• Conjunto bomba-motor;
• Hastes de perfuração.
2.3. Sondagem rotativa (DNER-PRO 102/97)

2.3.2. Execução da sondagem


• Instalação da sonda rotativa sobre uma plataforma a fim de se
conseguir manter uma pressão constante sobre o equipamento de
corte;
• Acoplamento da composição haste-coroa na sonda;
• Injeção de água no furo através das hastes e introdução nas hastes
de movimentos rotativos e, subsequente, avanço na direção do furo.

2.3.3. Amostragem
• Conforme sondagem à percussão;
• Contínua e total;
• Amostras acondicionadas em caixas conforme apresentado no anexo
B – DNER-PRO 102/97).
2.3. Sondagem rotativa (DNER-PRO 102/97)

2.3.4. Apresentação dos resultados


• Idem sondagem à trado;
• Classificação litológica (mineralogia e textura);
• Grau de fraturamento (número de fragmentos por metro).

2.3.5. Grau de fraturamento


• Deve ser definido para determinação da qualidade real da rocha
perfurada;
• RQD (Rock Quality Designation)

RQD = Ʃ dos comprim. dos pedaços recuperados com tam. sup. à 10,0 cm x 100
Comprimento total do avanço do amostrador
2.3. Sondagem rotativa (DNER-PRO 102/97)
2.3.5. Grau de fraturamento
2.4. Sondagem por penetração estática de cone (ABNT NBR
12069:1991) – Cancelada em 2015
• O ensaio CPT consiste na cravação estática lenta de um cone
mecânico ou elétrico que armazena em um computador os dados a
cada 20 cm;
• O cone é penetrado a uma velocidade de 2 cm/s;
• O próprio sistema captura os índices e faz o registro contínuo dos
dados ao longo da profundidade;
• O método fornece a resistência de ponta (Qc), a resistência de atrito
lateral (Fs) e a correlação entre os dois (Fr, em %).

2.4.1. Equipamento
• Equipamento hidráulico ou elétrico com caminhão e ponteira de
cravação;
• Computador.
2.4. Sondagem por penetração estática de cone (ABNT NBR
12069:1991) – Cancelada em 2015

2.4.2. Execução da sondagem


• Posiciona-se a ponteira de cravação de maneira vertical;
• Com a ponteira cravada no solo, o sistema captura os índices com
penetração com velocidade constante;
• O valor dos componentes de resistência são registrados a, no mínimo,
20 cm de avanço da ponteira;
• Deve ser observada a profundidade em que se encontra a ponteira a
cada novo registro.

2.4.3. Amostragem
• Não são retiradas amostras nesse tipo de sondagem.
2.4. Sondagem por penetração estática de cone (ABNT NBR
12069:1991) – Cancelada em 2015

2.4.4. Apresentação dos resultados


• Descrição dos trabalhos;
• Descrição da aparelhagem;
• Resultado de aferição do sistema de medição dos esforços;
• Planta de locação dos furos contendo dados planialtimétricos;
• Gráfico dos valores dos componentes de resistência em função da
profundidade.
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Test (ABNT NBR
6484:2001)
• Perfuração e cravação dinâmica de amostrador-padrão, a cada metro,
resultando na determinação do tipo de solo e de um índice de
resistência, bem como da observação do nível do lençol freático.

2.5.1. Vantagens
• Custo relativamente baixo (aproximadamente R$500,00 por furo);
• Facilidade de execução e possibilidade de trabalho em locais de difícil
acesso;
• Permite a coleta de amostras do terreno;
• Permite a medição da resistência à penetração, fornecendo índices
sobre a compacidade dos solos;
• Permite a determinação da ocorrência de lençol freático;
• A perfuração pode ser manual ou elétrica.
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.2. Principais equipamentos


• Torre com roldana ou guincho motorizado;
• Tubos de revestimento de 1,0 a 2,0 m com diâmetro interno de 63,5
mm;
• Composição de cravação: hastes de 25,0 mm acopladas por roscas e
luvas;
• Trado-concha ou cavadeira;
• Trado helicoidal que permita abertura de furo com no mínimo 56,0 mm
de diâmetro para entrada do amostrador-padrão;
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.2. Principais equipamentos


• Trépano de lavagem com diâmetro de 25,0 mm;
• Amostrador-padrão com diâmetro de 50,8 ± 2,0 mm;
• Cabeça de bater que recebe o impacto do martelo (diâmetro: 83,0 ±
5,0 mm / altura: 90,0 ± 5,0 mm / massa: 3,5 a 4,5 kg);
• Martelo de 65 kg;
• Equipamentos gerais: baldinho para esgotar furo, medidor de nível
d’água, recipientes para amostras, bomba d’água motorizada e
ferramentas gerais.
Trépano
Cabeça de bater e
sapata
Amostrador-padrão
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.3. Execução da sondagem


I. Uso da cavadeira – até 1,0 m de profundidade
• Sondagem iniciada com emprego da cavadeira manual até 1,0 m de
profundidade e colocação do primeiro segmento de revestimento com
sapata cortante;
II. Uso do trado helicoidal – perfuração inferior a 50 mm após 10 min
• Nas operações subsequentes, intercaladas com às de ensaio e
amostragem, utiliza-se o trado helicoidal até atingir o nível do lençol
(nas operações com trado não é permitido o uso de golpes do
martelo);
• O trado é considerado inoperante quando a perfuração for inferior a
50,0 mm após 10 minutos de operação. Então, passa-se para o
método de perfuração por circulação de água (lavagem);
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.3. Execução da sondagem


III. Uso do trépano – após trado helicoidal
• A lavagem é realizada utilizando-se o trépano como ferramenta de
escavação;
• O material escavado é removido através da circulação de água
realizada pela bomba d’água motorizada;
• À medida em que se aproxima da cota de ensaio e amostragem,
recomenda-se que a altura do martelo seja gradativamente reduzida;
• A 20,0 cm da cota de ensaio deve-se parar a perfuração, limpar os
detritos no fundo do furo para assim avançar e intercalar com a
perfuração.
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.3. Execução da sondagem


IV. Requisitos gerais
• Durante a operação de perfuração, devem ser anotadas as
profundidades das transições de camadas detectadas por exame tátil-
visual e da mudança de coloração dos materiais;
• Durante todas as operações de perfuração, deve-se manter o nível
d’água no interior do furo, em cota igual ou superior ao do nível do
lençol freático;
• Antes de retirar a composição de perfuração deve ser feita uma marca
na haste à altura da boca do revestimento para que seja medida, com
erro máximo de 1,0 cm, a profundidade em que se irá apoiar o
amostrador no ensaio e amostragem.
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.4. Amostragem e SPT


I. No primeiro metro de profundidade
• Deve ser recolhida uma amostra pela cavadeira durante a perfuração
até 1,0 m de profundidade;
II. Nos metros seguintes – preparação do ensaio de SPT
• A cada metro de perfuração devem ser colhidas amostras por meio do
amostrador-padrão com execução de SPT;
• O amostrador deve descer livremente no furo até se apoiar
suavemente no solo do fundo do furo;
• Assim que estiver apoiado, coloca-se a cabeça de bater e usando o
tubo de revestimento como referência, marca-se na haste, com giz,
um segmento de 45,0 cm dividido em três trechos de 15,0 cm;
• Apoia-se o martelo na cabeça e verifica-se eventuais penetrações do
amostrador no solo;
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.4. Amostragem e SPT


III. Nos metros seguintes – o ensaio de SPT
• Não havendo penetração igual ou maior que 45,0 cm, prossegue-se à
cravação por meio de impactos até completar os 45,0 cm. O martelo
deve cair a uma altura de 75,0 cm e o número de golpes necessários
para cravação de cada segmento de 15,0 cm deve ser anotado;
• Na prática, o número de golpes registrado refere-se ao número para
uma penetração imediatamente superior a 15,0 cm. A seguir, anota-se
o número de golpes até a penetração ultrapassar 30,0 cm e por fim os
45,0 cm. O registro é feito da seguinte forma: 3/17 – 4/16 – 5/15;
• Quando a cravação atingir 45,0 cm, o índice de resistência à
penetração (N) é expresso como a soma do número de golpes para
cravação do segundo e terceiro trechos de cravação.
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.4. Amostragem e SPT


IV. Quando interromper o ensaio de SPT
• Em qualquer dos três segmentos de 15,0 c, o número de golpes
ultrapassar 30;
• Um total de 50 golpes tiver sido aplicado durante toda a cravação dos
45,0 cm;
• Não se observar avanço do amostrador durante a aplicação de
cincogolpes sucessivos do martelo.
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.5. Observação do nível d’água


• Devem ser feitas leituras a cada 5 minutos durante 15 minutos no
mínimo após a limpeza do furo;
• Depois de concluída a sondagem, retirado o revestimento e
decorridas no mínimo 12 horas, deve ser medida a profundidade total
do furo e a posição do nível d’água.
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)
2.5.6. Índices de consistência e grau de compacidade (Anexo A)
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.7. Fatores que influenciam na obtenção do índice de resistência à


penetração
• Variação da energia de cravação (altura do martelo e atrito);
• Má limpeza do furo;
• Desmoronamento das paredes do furo;
• Descuido na contagem do número de golpes e na medida da
penetração;
• Estado de conservação do amostrador;
• Uso de hastes de diferentes pesos.
2.5. Sondagem à Percussão – Standart Penetration Teste (ABNT
NBR 6484:2001)

2.5.8. Apresentação dos resultados


• Nome do proprietário, endereço e natureza da obra;
• Especificação e identificação do método e equipamentos empregados;
• Total perfurado em metros;
• Nome e assinatura do RT pelo trabalho perante o CREA;
• Planta de locação dos furos de sondagem;
• Identificação do RN adotado;
• Perfis individuais de cada furo de sondagem (laudo de sondagem).
3. Bibliografia
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e
execução de fundações. Rio de Janeiro, 2014.
______. NBR 6484: Solo – Sondagens de simples reconhecimento com SPT –
Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2001.
______. NBR 9603: Sondagem a trado. Rio de Janeiro, 2015.
______. NBR 9604: Abertura de poço e trincheira de inspeção em solo com
retirada de amostras deformadas e indeformadas. Rio de Janeiro, 2016.
______. NBR 12069: Solo – Ensaio de penetração de cone in situ (CPT). Rio de
Janeiro, 1991.
CAMPOS, M. T. P. Fundações. Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
Goiânia, 2013.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-PRO 102:
Sondagem de reconhecimento pelo método rotativo. Brasília, 1997.
GIONGO, J. S. Projeto estrutural de sapatas isoladas. Escola de Engenharia
de São Carlos. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.

Você também pode gostar