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1.

Ensaios de campo: SPT, SPT-T, CPT e Ensaio da


Palheta (VaneTest)

Quando se pretende executar qualquer obra de Engenharia Civil, o


conhecimento das condições do subsolo é de extrema importância.
A definição do tipo de solo e a espessura de cada camada são
informações valiosas para garantir a segurança das obras, uma vez
que estas estarão apoiadas sobre o solo, transmitindo sua carga por
meio das fundações. O reconhecimento do subsolo, bem como a
determinação de suas propriedades geotécnicas podem ser realizadas
por meio de investigações geotécnicas de campo. Mesmo que na
maioria dos casos é necessária a utilização de correlações empíricas
para converter os resultados obtidos por estes ensaios em propriedades
adequadas para o projeto, a realidade é que os parâmetros obtidos por
eles são os mais representativos da heterogeneidade que podemos ter
dos materiais prospectados.

Dito isto, neste capítulo você irá conhecer alguns dos métodos
de investigação do subsolo mais empregados atualmente, todos
realizados em campo, compreendendo sua finalidade e possíveis
interpretações de resultados.

1.1 SPT

O ensaio de investigação do subsolo mais popular e econômico é o


Standard Penetration Test (SPT). Ele permite a estimativa da densidade
de solos granulares e da consistência de solos coesivos por meio da
mensuração da resistência dinâmica com o auxílio de um simples
reconhecimento feito por sondagem (SCHNAID; ODEBRECHT, 2012, p. 22).

Este ensaio, padronizado pela NBR 6484 (ABNT, 2001), consiste na


cravação de um amostrador padrão, com 5 cm de diâmetro externo,
devido a golpes aplicados pela queda de um martelo padronizado de
65 kg a uma altura de 75 cm. O NSPT é o número de golpes equivalente

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ao necessário para o avanço de 30 cm do amostrador, após terem sidos
avançados 15 cm inicialmente, representativo da camada de solo na qual
se fez a cravação. O esquema do ensaio é mostrado na Figura 1.

Figura 1 – Esquema do ensaio SPT

Fonte: Costa Branco (2017).

Segundo a NBR 8036 (ABNT, 1983), existe um número mínino de


sondagens que devem ser feitas dependendo da área em planta da
edificação a ser construída. Os critérios são os seguintes:
a. Até 200 m²: 2 sondagens.
b. Até 1200 m²: 1 sondagem a cada 200 m².
c. Entre 200 e 400 m²: 3 sondagens.
d. Entre 1200 e 2400 m²: 1 sondagem a cada 200 m², até 1200 m²,
mais 1 sondagem a cada 400 m² para o restante.
e. Acima de 2400 m²: número de sondagens definido para
cada projeto.

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Segundo Schnaid e Odebrecht (2012, p. 22), as vantagens do uso do
SPT são a simplicidade do método e do equipamento, o baixo custo
de execução e a obtenção de valores que podem ser relacionados
diretamente com alguns parâmetros empíricos de projeto. Além dos
valores de resistência e coleta de amostras para cada camada, este
ensaio também indica a profundidade do nível freático.

Os equipamentos necessários para o ensaio, segundo a NBR 6484


(ABNT, 2001), são (Figura 2):
a. Tripé: é a estrutura que estabiliza e auxilia o ensaio durante sua
execução. Pode ser mecânico ou manual, possuindo uma roldana
onde o cabo que sustenta o martelo é guiado.
b. Martelo: possui massa fixa padronizada de 65 kg, podendo ser
prismático ou cilíndrico. Possui um pino guia na face inferior que
deve estar perpendicular à superfície a ser cravada.
c. Cabeça de bater: elemento de aço que recebe diretamente o
impacto causado pela queda do martelo, deve ter 83 mm de
diâmetro, 90 mm de altura e massa de 3,5 kg.
d. Bica: também chamada de trépano de lavagem, permite a
injeção de água no furo quando o solo se mostrar resistente ao
trado manual ou quando o nível d’água é encontrado, permite o
recolhimento da água para prosseguimento do ensaio.
e. Tubo de revestimento: elementos de aço que protegem as hastes
e o amostrador das paredes do furo, com diâmetro interno de
63 a 76 mm.
f. Hastes: são tubos metálicos retilíneos acoplados com roscas ou
luvas que partem da cabeça de bater até o topo do amostrador,
transferindo a energia do golpe para a cravação, com diâmetro
interno de 25 mm e massa de 3,23 kg/m.
g. Amostrador: com diâmetros externo e interno de 50,8 mm e 34,9 mm,
respectivamente, é formado por uma cabeça com orifícios para saída
de ar e água, um corpo bipartido e um bico de aço temperado.

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Figura 2 – Equipamento SPT

Cabo

Martelo 65 kg

Pino guia
Cabeça
de bater

Bica

2 ½”

Tubo de revestimento

Luva

1”

Haste

Amostrador

Fonte: Schnaid e Odebrecht (2012, p. 24).

Para a execução do ensaio, primeiramente escava-se o furo com o


auxílio de um trado concha ou heicoidal até a profundidade de 1 metro.
Apóia-se o equipamento com o amostrador no fundo deste furo e
marca-se na haste três segmentos de 15 cm, sendo seguido da aplicação
dos golpes até o amostrador atingir os 45 cm de cravação. Recolhe-se a
amostra de solo de dentro do amostrador e em seguida, com o auxílio
de um trado concha ou helicoidal, a escavação do furo é avançada até
se atingir o novo metro para a repetição dos procedimentos anteriores.
Para cada metro de profundidade, anota-se o número necessário para
a cravação de cada segmento, por exemplo, 4/15, 10/15, 14/15. O NSPT
será a soma do número de golpes para a cravação dos últimos 30 cm, no
caso do exemplo anterior, NSPT = 10 + 14 = 24. Assim, é possível inferir a

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resistência e obter amostras de solo para cada metro de sondagem, até
a profundidade exigida em projeto, traçando o perfil do subsolo, como
mostra o relatório da Figura 3. Vale ressaltar que o NSPT de cada metro
é o referente ao número de golpes dos 45 cm antes de alcançar este
metro. Por exemplo, após a perfuração até 1 metro com o trado, o NSPT
dos 45 cm de cravação seguintes, equivalendo à profundidade de 1,45 m
será referente ao NSPT da profundidade de 2 metros.

Figura 3 – Exemplo de relatório de SPT

Fonte: acervo da autora.

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Ainda segundo a norma NBR 6484 (ABNT, 2011), o ensaio é
finalizado quando:

a. O número total de golpes para a cravação dos 15 cm iniciais for de


30 ao longo de 3 metros seguidos.

b. O número total de golpes para a cravação dos 30 cm iniciais for de


50 ao longo de 4 metros seguidos.

c. O número total de golpes para a cravação dos 45 cm iniciais for de


50 em 5 metros sucessivos.

d. O avanço do amostrador for menor que 50 mm após 10 minutos


de injeção de água.

e. Até atingir a profundidade estabelecida em projeto.

Caso o solo seja muito mole, pode ser que apenas um golpe do martelo
seja suficiente para avançar o amostrador mais que os 15 cm iniciais.
Assim, adota-se o número de golpes como 1/30, equivalendo a 30 cm
de cravação apenas com um golpe. De forma contrária, quando o solo
é muito resistente, necessitando de mais de 30 golpes (limite para que
não haja danos ao equipamento) para que o amostrador avance 15 cm.
Neste caso, anota-se o resultado como 30/15, por exemplo (SCHNAID;
ODEBRECHT, 2012, p. 27).

Segundo a NBR 7250 (ABNT, 1982), os solos podem ser classificados de


acordo com o valor de resistência NSPT, conforme a Tabela 1.

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Tabela 1 – Classificação dos solos segundo o NSPT

Solo NSPT Classificação


<4 Fofa
5–8 Pouco Compacta
Areia e silte arenoso 9 – 18 Medianamente Compacta
19 – 40 Compacta
> 40 Muito Compacta
<2 Muito Mole
3–5 Mole
Argila e silte argiloso 6 – 10 Média
11 – 19 Rija
> 19 Dura
Fonte: ABNT (1982).

ASSIMILE

O valor de NSPT de cada camada é igual à soma do número


de golpes necessários para a cravação do amostrador nos
útimos 30 cm. Os golpes dos primeiros 15 cm não são
levados em consideração no valor final do ensaio de cada
camada, uma vez que pode haver “embuchamento” do solo
dentro do amostrador neste trecho.

1.2 SPT-T

O ensaio de SPT pode estar associado com medidas de torque, passando


a ser denominado de ensaio SPT-T. Este procedimento, desenvolvido
por Ranzini em 1988, consiste na aplicação de um torque por meio
de um torquímetro instalado na parte superior da haste (Figura 4),
possibililtando a rotação do amostrador já cravado no solo (SCHNAID;
ODEBRECHT, 2012, p. 28).

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