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RAQUEL

Enquadramento teórico

Biodiversidade

conjunto das diferentes espécies de seres vivos existentes no nosso planeta, que vivem numa
determinada região e em diferentes ambientes. Este conceito inclui a diversidade de ecossistemas, a
diversidade de espécies e a diversidade genética encontrada numa determinada área.

Importância da biodiversidade

Essencial para o equilíbrio do ambiente, possuindo valor ético, científico e estético, constituindo a
maior riqueza do nosso planeta.

A sua perda e a destruição do meio ambiente têm um impacto direto nas nossas vidas facilitando o
aparecimento de doenças, entre outros.

Proteção da biodiversidade

Para alertar a população para importância da conservação da diversidade biológica foi proclamado
pelas Nações Unidas o dia 22 de maio como Dia Internacional da Biodiversidade.

Fatores antropogénicos na biodiversidade

Homem através das suas atividades interfere na dinâmica dos ecossistemas. A sua destruição
desenfreada leva a que possa ocorrer a sexta grande extinção, visto que desde 1600 até a atualidade
já ocorreu a extinção de mais de mil espécies conhecidas pela ciência.

São exemplos de fatores antropogénicos:

- Atividade agrícola

- Atividade mineira;

- Atividade industrial;

- Desenvolvimento de infraestruturas;

- Urbanização

Daremos agora particular destaque há atividade agrícola, nomeadamente na introdução de espécies


invasoras.

Plantas Invasoras

as plantas invasoras são plantas não-nativas que causam impactos negativos a nível ambiental,
económico e social.

Frequentemente as plantas invasoras apresentam as seguintes características:

- Apresentam uma dispersão superior à das espécies nativas, crescendo mais rapidamente que estas;

- Competem com as espécies nativas pelos recursos disponíveis;

- Produzem elevado número de sementes, viáveis por longos períodos de tempo;


- Nos locais em que se instalam não existe os seus inimigos naturais sendo impossível manter o
equilibro populacional como nas regiões de origem;

- Reproduzem-se vegetativamente (partes da planta dá origem a novos indivíduos)

Uma das plantas invasoras mais conhecidas é a acácia, fixemo-nos agora nela.

Estudo

Acácia

Acácias são uma espécie originária da Austrália que têm climas temperados e húmidos. No entanto,
são uma espécie que se consegue adaptar com facilidade a outros climas.

A acácia é uma planta lenhosa, da família das leguminosas, com folhas pinuladas e ramos de flores
brancas ou amarelas, existindo diversos géneros.

As espécies mais comuns são: Acácia negra (Acacia mearnsii), Acácia australiana (Acacia
melanoxylon), Acácia mimosa (Acacia dealbata) e Acácia mangium (Acacia mangium).

A acácia mais agressiva é a mimosa (Acacia dealbata), pela sua taxa de germinação elevada e pela
elevada produção de sementes que se espalham rapidamente, através de regatos de água.

Disseminação na Europa

A acácia possuía uma madeira bastante apreciada, sendo levadas por navegadores franceses e
britânicos, que as disseminaram pelas colónias desses países e mais tarde foram trazidas para a
Europa.

Chegada a Portugal

Em 1977, as espécies de acácias mais disseminadas já ocupavam um total de 2500 hectares como
dominantes e 95000 hectares como dominadas ou dispersas.

A espécie já pode ser encontrada em quase todo o país, tanto que por várias pessoas já é
considerada como parte da identidade do nosso território. É o caso da mimosa, que nas décadas de
1970 e 1980 serviu de tema para uma festa de celebração da primavera em Viana do Castelo,
chamada “Festa da Mimosa”, que se tornou um ponto turístico da região.

Combate às Acácias

O comportamento invasivo das acácias foi rapidamente notado, o que levou à criação de leis em
1937 que visavam impedir a propagação da espécie.

As primeiras ações de controlo ocorreram em 1962. No final deste século, foi criado um Decreto-Lei
que classificou 8 tipos de acácias como invasoras, proibindo o seu cultivo e exploração económica.
Também foi instituído um plano nacional de controlo/erradicação que não obteve sucesso.

Por isso, existe quem defenda que seria mais sensato procurar maneiras de coexistir com esta
espécie, em vez de insistir em tentativas de erradicação pouco promissoras.
RODRIGO

Foram realizados também vários projetos para tentar abrandar a disseminação das acácias. Um
deles foi o projeto “Forest Invaders”, que pretendia ensinar jovens acerca dos ecossistemas florestais
e da sua invasão por espécies de seres vivos exóticos através de palestras, atividades práticas, entre
outras.

Potencial das acácias

As acácias possuem vantagens que poderiam ser exploradas. Revelam oportunidades de amestração
dessas espécies, como por exemplo para a produção de papel. Atualmente, o bio carvão é produzido
exclusivamente a partir da acácia, sendo uma forma de aproveitar o potencial destas.

No entanto, é necessário fazer estratégias de gestão adequadas à situação, de forma a não tornar as
acácias num problema ainda maior.

Soluções para o Problema

A solução mais óbvia seria o uso de herbicidas e o corte das acácias. No entanto, isto seria só uma
solução provisória, visto que mesmo que as acácias sejam cortadas, as sementes iam germinar.

A melhor solução é impedir a invasão das acácias em locais que ainda não foram invadidos pela
espécie e dificultar a disseminação desta invasora.

Outras ideias incluem a introdução de predadores naturais das acácias em Portugal, esta ideia foi
testada no combate à acácia-de-espigas (Acacia longifolia), uma espécie do nosso território. Para
isso, foram libertados em várias zonas do território português exemplares de insetos que colocam
ovos nas gemas vegetativas das plantas, impedindo a formação de flores e, consequentemente, de
frutos e sementes, travando a propagação da espécie.

Esta operação foi bem-sucedida, mas, é necessário ser-se muito cuidadoso porque pode originar uma
nova espécie invasora.

Existe ainda uma solução usada frequentemente em campanhas térreas, que consiste em fazer uma
incisão em anel, contínuo, à volta do tronco, à altura desejada, cortando a casca (floema e tecidos
exteriores). Ao remover toda a casca, desde o anel de incisão até ao solo, impede-se o rebentamento
de novas acácias a partir da antiga.

Esta solução permite que a acácia seque e seguidamente acabe por morrer.

Perigos

Alergias

As acácias libertam grandes quantidades de pólen, que pode ser levado pelo vento para muito longe.
Assim todas as pessoas acabam por respirá-lo e algumas têm reações alérgicas. Que ocorrem quando
o sistema imunitário confunde o pólen com um invasor, originando uma reação química em que são
libertados anticorpos que atacam provocando os sintomas referidos. (Couto, 2020)
Efeito das Acácias nos Ecossistemas Ribeirinhos

Estas plantas invasoras que se encontram nas margens dos rios possuem características diferentes
das nativas, podendo levar à “alteração das características da matéria orgânica, da quantidade de
água e da concentração de nutrientes na água, com consequências nas comunidades e processos
aquáticos”, comprometendo o fornecimento de água de boa qualidade, entre outros componentes
dos rios.

Influência das Acácias nos Incêndios

Quando as acácias ardem, muitas sementes que estavam no solo germinam rapidamente formando
povoamentos de alta densidade, mais densos do que os anteriores.

Esta planta produz também uma grande quantidade de material combustível, altamente inflamável,
que se acumula no solo da floresta, logo as suas raízes ardem por dias consecutivos sendo esta
planta mais difícil de parar o fogo do que plantas nativas da região.

Acácias Penacova

Realizamos uma entrevista ao Comandante dos Bombeiros que trabalha em conjunto com o
Departamento da Proteção Civil da Câmara de Penacova, como podem ver aqui apresentado . Onde
conseguimos retirar a seguinte informação:

As paisagens penacovenses, se recuarmos alguns séculos, séculos onde predominam Loureiros,


Carvalhos, Castanheiros e Laurissilvas, analisaremos que são completamente diferentes das atuais.
Fomos completamente invadidos e as paisagens apenas retratam eucaliptos e acácias,
principalmente das espécies da Acácia Negra, Australiana, Acácia Amarela e a Acácia Mangium,
reduzindo o número de plantas nativas na região, como é o caso do Pinheiro e do Carvalho.

As acácias, devido a no nosso concelho serem utilizadas para lenha de aquecimento, são vistas de
forma positiva para a economia. Mas estas trazem graves consequências, alterando os habitats
naturais, através da competição, predação e transmissão de doenças. O seu impacto no território
inclui também a alteração do comportamento dos incêndios, bem como das cadeias alimentares.

Em Penacova, a mancha florestal torna-se, por vezes, quase impenetrável e contínua, o que provoca
um elevado número de incêndios, como os que ocorreram em outubro de 2017.

A nossa região, também é gravemente afetada a nível do Rio Mondego, que devido ao número de
acácias alterou a sua quantidade de água e nutrientes, tal como de matéria orgânica.

O seu combate é difícil pois a sua proliferação é muito rápida e intensa e a grande maioria dos
proprietários de terrenos onde crescem acácias não têm disponibilidade para o combate eficaz.

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